Direito de Família

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DIREITO DE FAMÍLIA

1ª NDA
ASSUNTOS:
 Introdução ao Direito de Família;
 As famílias na legislação contemporânea;
 Do casamento;
 União estável;
 União de fato, união estável e concubinato;
 Relação de parentesco;
 Filiação;
 Poder familiar;
 Proteção dos filhos;
 Filiação socioafetiva;
 Alimentos;
 Bem de família;
 Guarda, tutela e curatela.

Introdução ao Direito de Família

Apresentação
O Direito de Família é um dos ramos do Direito Privado que tem uma das mais importantes
influências dos valores constitucionais positivados na Carta Magna de 1988, a partir das
transformações sociais reconhecidas pelo Direito, no final do século XX e início do século XXI. Essa
matéria é composta pela regulação das relações familiares e princípios que regem uniões, adoções,
parentescos, alimentos e outros assuntos relacionados a esse importante núcleo social.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer a evolução histórica do conceito de
família, estudar o tratamento constitucional conferido a esse elemento e os princípios norteadores
desse ramo do Direito, além de compreender como a Suprema Corte vem interpretando o alcance
do núcleo familiar.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer a importância constitucional conferida à família.
 Analisar os princípios de Direito de Família.
 Avaliar o entendimento da Suprema Corte sobre o alcance do conceito de família.

Desafio
Pablo, estudante de Medicina, conhece Lucas, estudante de Música, em uma festa
universitária. O casal, após alguns anos de convivência mútua, contínua e amparada no afeto entre
os dois, decide realizar a declaração de união estável.
Pablo e Lucas procuram seu conselho como advogado de Direito de Família. Nesse sentido,
responda aos seguintes questionamentos:
1) Foi acertada a interpretação dada pelo cartório sobre o artigo 1.723 CC/02 com base no
entendimento atual do STF?

2) Qual é a justificativa para o reconhecimento da união homoafetiva no sistema constitucional


brasileiro?

Infográfico
O Direito de Família, hoje, abriga relações baseadas no afeto, independente dos laços de
procriação, abrangendo uniões homoafetivas, tutela, curatela e adoção no seio do núcleo familiar
ocidental. Contudo, nem sempre foi assim.
Neste Infográfico, você vai observar como o conceito de Direito de Família evoluiu da
antiguidade até os tempos pós-modernos.
Conteúdo do Livro
O conceito de Direito de Família encontra-se em constante transformação, sendo os
movimentos históricos e sociais a força motriz para o reconhecimento de novas modalidades
jurídicas presentes em nosso ordenamento.
No capítulo Introdução ao Direito de Família, da obra Legislação civil aplicada III, você vai
estudar os valores constitucionais e sua influência no novo Direito de Família, os princípios que
regem esse ramo e o alargamento do conceito de família cristalizado pelo Supremo Tribunal
Federal.

Na prática
Na Prática, sendo um ramo do Direito Privado, prevalece nas relações familiares
a autorregulação das relações afetivas, não havendo regras duras, sobre como devem se portar as
pessoas umas com as outras ou mesmo sobre as regras internas de cada lar.
No entanto, devem ser obedecidas algumas condutas de respeito mútuo que tornam
civilizados os seres humanos. Esses princípios variam com os tempos a partir das rupturas de
conceitos sociais antiquados ou indesejáveis, de acordo com as evoluções no pensamento de
igualdade de gêneros e orientações sexuais.
Esse foi o caso em pauta julgado do STF, em que houve tentativa de desqualificação para fins
de herança entre unidades familiares homossexuais em relação às unidades heterossexuais.
Na Prática, observe um trecho do caso mencionado:

O Direito de Família é um constante devir, de modo que jamais será escrito em pedra. No
entanto, o papel do Estado de difundir boas práticas cristalizadas nos grupos sociais educados a
partir da legislação é um modo eficiente de comunicar à sociedade mudanças de comportamento
necessárias para que, mesmo no século XXI, algumas relações familiares deixem o paradigma
do pater familias e de relações tóxicas baseadas no poder familiar e passem a ser direcionadas pelo
imprescindível princípio do afeto, sabiamente eleito na Constituição do Brasil como o fio condutor da
família brasileira que a sociedade deseja.

As famílias na legislação contemporânea


Apresentação
O estudo de todo ramo do Direito exige o conhecimento prévio de alguns de seus
fundamentos, bem como a compreensão e a aplicação da legislação contemporânea relativa ao
tema estudado. O Direito de Família não é diferente, sendo necessário ressaltar que a sua
codificação não se restringe a um único diploma legal, pois regula as relações entre cônjuges, pais e
filhos, trata de direitos e obrigações entre os membros familiares, define institutos e estabelece
efeitos jurídicos de diversas relações familiares, dentre outros temas.
Nesta Unidade de aprendizagem, você conhecerá a natureza jurídica do Direito de Família,
podendo reconhecer também quais são as principais legislações contemporâneas que tratam dessa
matéria. Por fim, saberá quais são os princípios específicos do Direito de Família.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir a natureza jurídica do Direito de Família.
 Relacionar o Direito de Família com a legislação atual.
 Descrever os princípios do Direito de Família.

Desafio
As diversas subdivisões do Direito brasileiro podem ser enquadradas em dois ramos: o direito
público, que tem o seu enfoque na relação Estado-cidadão, e o direito privado, que tem como objeto
a regulação das relações entre particulares. A partir dessa divisão, é possível reconhecer a natureza
jurídica de todos os ramos do Direito, se pertencem ao direito público ou ao direito privado.
Nesse sentido, tente inserir-se na situação hipotética a seguir:

Considerando a natureza jurídica do Direito de Família, como você, juiz responsável pelo caso,
julgaria essa ação? Justifique sua resposta.

Infográfico
Os princípios desempenham um importante papel nos sistemas jurídicos
contemporâneos. Cada ramo do Direito tem princípios específicos que são importantes para a
interpretação da lei e de sua aplicação no caso concreto, além de serem trilhos para a construção de
novas legislações.
Neste Infográfico, você conhecerá os principais princípios que norteiam o Direito de Família.
Dica do Professor
O princípio da dignidade humana expressa um dos direitos fundamentais mais universais,
sendo também um dos mais centrais do Direito. A sua aplicabilidade perpassa, basicamente, todos
os âmbitos do Direito, o que inclui o Direito de Família. A amplitude desse princípio permite pensá-lo
a partir de diversos âmbitos, inclusive com vistas a novas formulações.
Na Dica do Professor, você irá conhecer os princípios do Direito de Família e as leis que os
fundamentam.

Na prática
O Direito de Família e a legislação de Direito de Família mudam com o passar do tempo. A
legislação vigente de cada período e sua aplicabilidade no caso concreto é um dos temas do Direito
de Família.
Veja, em Na prática, uma situação hipotética em que as alterações legislativas geraram
efeitos relevantes no direito das partes envolvidas em um processo judicial.

Do casamento
Apresentação
O casamento é a primeira instituição formadora de unidades familiares em relação ao
Direito. Torna, em um primeiro momento, uniões de fato entre pessoas do sexo oposto em relações
reconhecidas pelo Estado, e, com sua evolução, passa a ter conotações econômicas ou
de status, para chegar ao seu estágio atual de reconhecimento de união afetuosa entre duas
pessoas, independentemente do sexo dos nubentes, como se presencia neste início de século XXI.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito de casamento e o seu
procedimento legal, bem como a dicotomia da instituição casamento religioso e civil e os efeitos
patrimoniais do regime de bens.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:


 Identificar o conceito de casamento e seu procedimento legal.
 Diferenciar o casamento religioso do casamento civil.
 Analisar os efeitos patrimoniais do regime de bens.

Desafio
Imagine que você está vivendo no ano de 1993 e é procurado por Fabiana e Eduarda, na
qualidade de advogado de confiança, para consulta jurídica.
Neste Desafio, conheça a história delas.
A partir desse contexto de fato e de direito, responda às seguintes perguntas:
1. À época dos fatos, qual é a legislação aplicável ao casamento?

2. Há possibilidade jurídica que ampare o casamento entre pessoas do mesmo sexo nesse
momento? Por quê?

Infográfico
O casamento civil e o casamento religioso disputaram historicamente o centro da legalidade
do ritual de formação de unidades familiares. Hoje, o casamento civil é a principal forma de
reconhecimento da união entre duas pessoas por parte do Estado. Contudo, nem sempre foi assim.
Neste Infográfico, você vai conhecer aspectos de cada espécie de ritual, de acordo com seu
momento de proeminência legal.

Dica do Professor
O casamento é um ritual formal, sendo precedido pelo processo de habilitação dos nubentes
como pressuposto de validade jurídica, tanto em sua modalidade civil como em sua modalidade
religiosa.
Para saber mais sobre o processo de habilitação, suas etapas e sua importância para
validação do reconhecimento do casamento pelo Estado, acompanhe esta Dica do Professor.

Na prática
Na Prática, hoje, o casamento deixou de ser reconhecido apenas em relação às uniões entre
homens e mulheres, para ser reconhecido em relação à união de quaisquer pessoas,
independentemente do sexo, de acordo com orientação do Superior Tribunal de Justiça. A
seguir, confira.

Nesse julgado, o Superior Tribunal de Justiça utiliza-se, para o reconhecimento do casamento


entre pessoas do mesmo sexo, o conceito desenvolvido pelo Supremo Tribunal Federal em
relação à união estável homoafetiva, de modo que houve reconhecimento do alargamento do
conceito de família e, como consequência, do conceito de casamento por parte da
jurisprudência brasileira, a partir das irradiações da Constituição Federal de 1988 ao Código
Civil de 2002.
União estável
Apresentação
O Direito de Família contemporâneo vem passando por inúmeras transformações, sendo
completamente revisitado em seus conceitos e categorias do Estado Liberal ao Estado Democrático
de Direito. As cogitações jurídicas em torno das relações familiares e seus efeitos jurídicos hoje são
orientadas por novas tendências, como a constitucionalização (artigos nº 226 e seguintes da
Constituição Federal de 1988), (re)personalização, despatrimonialização e funcionalização da
família, valorizando-se a socioafetividade e o resguardo à dignidade dos seus membros.
Abandona-se a visão singular da entidade familiar assentada unicamente no matrimônio para
proteger a pluralidade e a composição da família em várias formatos, quais sejam: família
matrimonial, informal (uniões estáveis), monoparental, anaparental, reconstituída, unipessoal,
paralela, eudemonista, entre outros, pois o tema não para de evoluir.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a evolução da temática da união
estável, como ela surgiu e seu reconhecimento jurídico como entidade familiar legítima, além das
mutações e do amadurecimento jurídico do assunto, visando a constituir direitos e deveres entre os
companheiros, sendo hoje equiparada ao casamento.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar aspectos históricos e constitucionais na união estável.
 Listar as principais características da união estável.
 Descrever os direitos, deveres e reflexos patrimoniais decorrentes da união estável.

Desafio
Os critérios para reconhecer a união estável têm ligação íntima com a evolução da sociedade,
que vai se modificando nos valores que elege. Uma dessas características é o patrimônio envolvido
na relação. Os critérios para reconhecer a união estável têm ligação íntima com a evolução da
sociedade, que vai se modificando nos valores que elege. Uma dessas características é o
patrimônio envolvido na relação.
Considerando os requisitos exigidos pela doutrina, lei e jurisprudência para configurar a união estável (ou não)
e seus efeitos patrimoniais, direcione a decisão sobre os direitos evolvidos, considerando:

a) Quais são os requisitos exigidos para que tal relação seja reconhecida como união estável?
b) A relação será reconhecida como união estável ou namoro qualificado? O que muda em relação aos direitos
entre eles?
c) O fato de Mariana ter engravidado no final da relação não traria o requisito da affectio maritalis com o
objetivo de constituir família, já que está presente a prole, para respaldar o direito de Mariana de ver
reconhecida como estável tal união e obter o direito à partilha e alimentos com base nessa alegação?

Infográfico
São detalhes importantes em matéria de reflexos patrimoniais na união estável: definir o
regime aplicável e a meação nesse regime (e regras que dizem quais bens estão incluídos ou
excluídos da comunhão) e o direito do companheiro à herança.
Neste Infográfico, confira os efeitos patrimoniais na união estável, especialmente para fixar
regras e entendimentos sobre a meação e a herança, aplicadas a cada regime de bens.
Conteúdo do Livro
Família é uma instituição que vem passando por profundas transformações socioculturais ao
longo do tempo. Tais transformações ocorrem em diversos âmbitos, e a compreensão acerca do
conceito de família, que outrora era singular, baseada apenas no casamento/família
matrimonializada, passa a ser plural, e hoje existem várias formas de legitimar entidades familiares,
cuja tutela é reconhecida pelo Direito.
A primeira das formas de família para além do matrimônio a receber consagração e proteção
jurídica é a união estável, devido à existência no mundo da vida, das uniões de fato, que passam a
se constituir sem oficialização documental, mas com todos os elementos fáticos de constituição
familiar.
O Direito, como produto da vida social, passa a ter que enfrentar tais situações e dar uma
resposta à sociedade. Tal caminho, porém, passa por uma longa trajetória até encontrar a
maturidade legislativa, jurisprudencial e doutrinária dos dias atuais.
O capítulo União estável, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, traz as mais
contemporâneas tendências sobre o instituto da união estável. Estude os principais elementos que
permitem compreender o instituto jurídico da união estável e suas implicações jurídicas,
especialmente no que toca aos reflexos patrimoniais dessa figura.
Para tanto, analisaremos suas modificações históricas e seu amadurecimento como forma de
constituição familiar ao longo do tempo, as determinações e mudanças constitucionais do tema e
suas características, no intuito de compreender os direitos e deveres que envolvem a relação
jurídica entre companheiros.

Dica do Professor
Para assegurar os direitos e prevenir responsabilidades nas matérias relativas às uniões de
fato, pode-se lançar mão de um importante instrumento para fins de prova da existência da união,
sua natureza (se é relação eventual de namoro ou efetiva união estável) e estabelecer regime de
bens que será adotado pelos companheiros, pois no silêncio de ambos se adotará o regime legal da
comunhão universal de bens, no artigo nº 1.725, CCB.
Embora esse documento não seja por si só um elemento comprobatório da presença ou não
de união estável, é altamente auxiliar nessa conclusão, aliado a outros requisitos que deverão ser
analisados em conjunto. A união estável acontece no mundo dos fatos e, nesse sentido, é
importante que os companheiros se preocupem em oficializar algumas questões, evitando
problemas futuros, pois no casamento a segurança é maior devido à necessidade de celebrar o
pacto pré-nupcial.
Nesta Dica do Professor, conheça esse contrato, sua utilidade e objetivos e suas condições
de validade e possibilidade de retroatividade de suas normas.

Na prática
A matéria da união estável putativa se dá se um dos companheiros não pôde ter ciência da
outra relação mantida pelo seu par. A união estável só pode ser reconhecida entre pessoas
desimpedidas, pelo princípio da monogamia, que orienta o sistema jurídico pátrio, porém existem
casos nos quais se deve considerar a boa-fé de um dos companheiros.
Este Na Prática traz um caso baseado num julgamento do TJ-RS em que, estando presente a
boa-fé, pelo fato de o conjunto probatório dos autos demonstrar que o companheiro, que seria na
realidade concubino, não podia ter ciência da relação mantida pelo outro, e estando igualmente
comprovados outros requisitos para configurar união estável, como affectio maritalis, publicidade,
estabilidade (continuidade), devido a provas documentais e testemunhais produzidas, poderá ser
reconhecida judicialmente a união estável putativa.
União de fato, união estável e concubinato
Apresentação
As modalidades de unidade familiar e seus efeitos jurídicos foram significativamente
ampliadas pela Constituição Federal de 1988, quando identificou a união estável como equiparável
ao casamento e o reconhecimento dos filhos de relações extraconjugais em paridade com os filhos
havidos dentro do casamento, além de novos avanços realizados pela jurisprudência.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a união de fato e suas modalidades
consequentes, união estável e concubinato. Vai conhecer, também, a conversão da união estável
em casamento, hipóteses de dissolução, deveres recíprocos entre os companheiros e as principais
decisões do Supremo Tribunal Federal a respeito dessas modalidades de relacionamento.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Compreender os conceitos e distinções entre união de fato, união estável e concubinato.
 Analisar os direitos e deveres dos companheiros e possibilidades de dissolução.
 Identificar as hipóteses de conversão da união estável em casamento e os precedentes do Supremo
Tribunal Federal sobre essa modalidade de união e concubinato.
Desafio
João e Maria residem juntos há vinte anos. Em seu relacionamento, eles têm notoriedade na
comunidade local, onde criam seus dois filhos, Sandi e Neto. Após celebrar seu aniversário de
namoro, Maria decide propor a João que convertam sua união de fato em casamento.
João esconde o fato de que é casado com Roberta há cinco anos, na capital do Estado, onde
trabalha três dias por semana. Com ela, tem um filho recém-nascido. Ele, então, procura por
você, na qualidade de seu advogado, para responder aos questionamentos a seguir.

Neste Desafio, reflita sobre as perguntas em relação à situação de João.


1. É possível que João converta a sua união de fato com Maria em casamento?
2. O casamento de João com Roberta é válido?
3. Hoje, qual é a natureza da união de fato entre João e Maria?
Infográfico
A união de fato, a união estável e o concubinato, juntamente com a figura do casamento, configuram
as modalidades de unidade familiar reconhecidas no ordenamento jurídico brasileiro após a
Constituição Federal de 1988 e constantes no Código Civil de 2002.
Acompanhe, no Infográfico, cada uma dessas modalidades e suas principais características.
eúdo do Livro
A união de fato, a união estável e o concubinato são modalidades de unidade familiar reconhecidas
em nossa legislação, com peculiariedades inerentes a cada uma dessas figuras legais.
No capítulo União de fato, união estável e concubinato, da obra Legislação civil aplicada III, base
teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre conceitos, deveres recíprocos
entre os companheiros e distinções entre essas modalidades de relacionamento afetivo.
Dica do Professor
A união de fato, a união estável e o concubinato são modalidades de unidade familiar e de
relacionamento afetivo passíveis de dissolução em nosso ordenamento jurídico.
Nesta Dica do Professor, compreenda as particularidades de cada modalidade nesse momento de
ruptura.
Na prática
Em que pese parte da doutrina brasileira entenda que as relações concubinatórias possam vir a se
tornar parte integrante do conceito de união estável, a partir do alargamento do conceito, realizado
pelo Supremo Tribunal Federal sobre o tema "orientação sexual", retira-se o óbice ao
reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Na Prática, há o entendimento clássico de que não é possível o reconhecimento de duas ou mais
uniões estáveis concomitantes em nosso ordenamento jurídico, tal como sustentado pelo Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul na seguinte decisão:
Dessa forma, prevalece, ainda, em nossa jurisprudência, a visão legalista e moral em relação
à existência de convício extraconjugal, em que pese hajam movimentos sociais de fato que
propaguem modalidades alternativas de relacionamento afetivo como o poliamor (relação
afetiva sem restrições ao número de participantes), relacionamentos abertos (sem restrições
a relações fora do relacionamento principal) e outras figuras debatidas dentro do âmbito
fático, antropológico e sociológico. Relação de parentesco
Apresentação
As relações de parentesco são uma extensão da entidade familiar, sendo, portanto, irradiadas pelos
avanços decorrentes da constitucionalização do direito de família após 1988 e das novas decisões
judiciais envolvendo o tema.
Nessa Unidade de Aprendizado, você vai estudar o conceito de parentesco e sua leitura
constitucional, bem como as classificações sobre esse conceito e as simetrias existentes entre
parentes naturais e por afinidade.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer o conceito de parentesco e sua leitura constitucional.
 Analisar a classificação em linhas e graus das relações de parentesco.
 Aplicar as simetrias existentes entre parentes naturais e por afinidade.
Desafio
Marcos, irmão de João, este companheiro de Luana, é bastante apegado à Nataniel, filho de João e
Luana.
Ao final da relação de João e Luana, a guarda de Nataniel é deixada aos cuidados da mãe, que,
segundo as leis civis, não possui qualquer relação de parentesco com Marcos.
Por possuir relação próxima com seu sobrinho, Marcos gostaria de ter reestabelecida sua
convivência com ele, porém encontra resistência por parte de Luana.
Você, na qualidade de conselheiro jurídico de Marcos, é procurado para responder aos seguintes
questionamentos (segundo os ensinamentos de Maria Berenice Dias):
1. Há relação de parentesco entre Luana e Marcos?
2. Há relação de parentesco entre Marcos e Nataniel? Caso afirmativo, qual a linha e o grau de
parentesco entre os dois?
3. Há possibilidade jurídica de que Marcos busque direito de visitação à Nataniel?
Infográfico
Os vínculos de parentesco podem se dar por afinidade, por consanguineidade e por laços
puramente legais, definindo o âmbito de inter-relações entre pessoas dentro do contexto familiar em
sentido amplo.
Nesse infográfico, você vai ver as classificações de parentesco e suas repercussões legais entre os
envolvidos.
eúdo do Livro
As relações de parentesco estabelecem as relações jurídicas entre pessoas do mesmo tronco
familiar ou até mesmo pertencentes a outras linhas de ancestralidade a partir de relações de
afinidade.
No capítulo Relação de parentesco, da obra Legislação civil aplicada III, você vai estudar os
conceitos de parentesco, sua contagem e as repercussões das relações familiares entre seus
membros.
Dica do Professor
As relações de parentesco consanguíneas ou por afinidade, civis ou por afeto são contadas em
linhas e graus de parentesco.
Nesta Dica do Professor, você vai estudar a contagem dessas linhas retas ou colaterais e as
diferentes formas de relação e posicionamento do parente-referência.
Exercícios
1.
Assinale a resposta que completa a lacuna da fras seguinte. A união de estável gera ao
companheiro parentesco por _________ em relação aos familiares do outro companheiro:
A.
Ius soli.

B.
Ius sanguinis.

C.
Afinidade.

D.
Afetividade.

E.
Filiação.
.
O casamento entre os nubentes torna um nubente parente dos parentes do outro:
A.
Colaterais.

B.
Consanguíneos.

C.
Não os torna parentes.

D.
Por filiação.

E.
Por afinidade.

2 de 5 perguntas
3.
Assinale a resposta que completa a lacuna da frase seguinte. A relação de parentesco entre
irmãos é de ___________ grau.
A.
Primeiro.

B.
Segundo.

C.
Terceiro.

D.
Quarto.

E.
Quinto
4.
A contagem de parentesco entre parentes ascendentes e descendentes é realizada em:
A.
Linha reta.

B.
Linha colateral.

C.
Linha transversal.

D.
Linha tangencial.

E.
Linha paralela.
5.
Assinale a resposta que completa a lacuna da frase seguinte. O final da relação de casamento
ou união estável _____________ as relações por afinidade em linha reta.
A.
Cessa.

B.
Extingue.

C.
Suspende.

D.
Prescreve.

E.
Mantém.
Na prática
Na prática, é necessário averiguar o instituto jurídico aplicável para se definir as relações de
parentesco e seus efeitos. Apesar de, após 1988 e o advento do Código Civil de 2002, não haver
dúvidas sobre a equiparação entre filhos adotivos e naturais, houve períodos em que a legislação
não seguia a mesma lógica.
Tal foi o caso que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul enfrentou quando resolveu sobre a
aplicação do parentesco em relação à pretensão sucessória no caso que segue:
Nesse caso, não há equiparação entre os filhos adotivos e naturais em relação aos terceiros
que não figuram as posições de adotante e adotado. Desse modo, a filiação da adotada é
estranha ao parentesco por afinidade constituído entre ela e a família adotiva. Filiação
Apresentação
Seja bem-vindo!
A filiação é a relação existente entre os genitores e a prole, em regra, e entre os pais e filhos por
afinidade de modo geral, uma vez que, após a Constituição de 1988, houve a predileção de laços
afetivos em face da verdade biológica e a negação da distinção de filhos de diferentes
naturezas (filiação natural, legítima, legitimada, adotiva, etc.).
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as classificações de filiação, sua pertinência na
família após a Constituição de 1988, as características da filiação dentro e fora do matrimônio e as
possibilidades de reconhecimento e impugnação de paternidade.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Analisar o conceito e as classificações da filiação.
 Avaliar as distinções entre filhos havidos dentro e fora do matrimônio.
 Identificar as características do reconhecimento de paternidade.
Desafio
Fábio, filho de Maria e de José, ao completar 18 anos passa a perceber que não tem nenhum traço
parecido com os de seu pai.
Ao questionar sua mãe sobre isso, descobre que é fruto de um relacionamento extraconjugal
de Maria, o qual jamais abalou a relação entre José e ela. Ambos resolveram esquecer o caso
durante a criação de Fábio, para que não houvesse confusão sobre a legitimidade dele dentro da
unidade familiar constituída pelo casamento deles. Contudo, Fábio decide contatar o Ministério
Público para buscar a verdade biológica sobre suas origens.
Neste Desafio, como consultor do Ministério Público, responda aos seguintes questionamentos:
1. Para o Direito, Fábio é filho legítimo de Maria e José?
2. É possível que Fábio impugne a condição de pai de José?
3. Qual é o meio cabível para buscar o pai biológico de Fábio?
Infográfico
A filiação pode ser classificada em diversas modalidades, em que pese essas classificações não
encontrarem efeitos jurídicos após a Constituição de 1988.
Observe, no Infográfico a seguir, as classificações históricas e presentes de filiação em nosso
ordenamento jurídico.
A filiação pode ser classificada em diversas modalidades, em que pese essas classificações não
encontrarem efeitos jurídicos após a Constituição de 1988.
Observe, no Infográfico a seguir, as classificações históricas e presentes de filiação em nosso
ordenamento jurídico.
A filiação pode ser classificada em diversas modalidades, em que pese essas classificações não
encontrarem efeitos jurídicos após a Constituição de 1988.
Observe, no Infográfico a seguir, as classificações históricas e presentes de filiação em nosso
ordenamento jurídico.
Exer
cícios
1.
Marque a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir.

A filiação define a relação entre filhos e pais a partir do vínculo __________, conforme a
Constituição Federal de 1988.
A.
legítimo.

B.
legitimado.

C.
de afinidade.

D.
de afetividade.

E.
espúrio.
2.
Marque a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir.

A prole constante do casamento presume-se:


A.
legítima.

B.
legitimada.

C.
espúria.

D.
adotiva.

E.
ilegítima.
3.
Marque a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir.

Sobre a filiação extramatrimonial, em relação aos filhos havidos durante o casamento,


___________.

A.
Não têm distinção.

B.
têm vantagens alimentares.

C.
têm vantagens sucessórias.

D.
têm desvantagens alimentares.

E.
têm desvantagens sucessórias.

3 de 5 pergunta
4.
Marque a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir.

O reconhecimento de paternidade constitui verdade:


A.
biológica.

B.
afetiva.

C.
declarada.

D.
presumida.

E.
material.
5.
Marque a alternativa que completa corretamente a sentença a seguir.

Nos termos do Código civil de 2002, a impugnação ao reconhecimento de paternidade pode


ser realizada em até ____________ após a maioridade do menor reconhecido.
A.
dois anos.

B.
quatro anos.

C.
cinco anos.

D.
dez meses.

E.
quinze meses.

Na prática
O fio condutor das relações familiares, após a Constituição Federal de 1988, é a afetividade. Sendo
assim, a verdade biológica tem importância, porém é secundária.
Esse foi o motivo da apelação tentada por um pai registral contra resultado de ação de investigação
de paternidade, conforme o seguinte exemplo. A apelação foi negada, uma vez que foi constatado
que não havia vínculo afetivo com a filha, sendo respeitada a vontade desta pelo reconhecimento da
paternidade biológica, a qual prosperou perante a Corte ao resolver esse dilema.
Pod
er familiar
Apresentação
Ao longo da história, houve intensas modificações nas relações estabelecidas entre pais e filhos.
Inicialmente, na tradição romana, os filhos se sujeitavam praticamente de forma integral à autoridade
paterna; em casos de conflitos domésticos, preponderava a vontade do pai.
Com o passar dos séculos, houve um intenso desenvolvimento do direito em direção à proteção dos
filhos e à igualdade de tratamento entre os pais, de sorte que homens e mulheres passaram a ter,
perante o direito, os mesmos direitos e deveres.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá a evolução histórica do "pátrio poder", previsto no
Código Civil de 1916 ao "poder familiar", disciplinado no Código Civil de 2002. Além disso, você
identificará as principais características do poder familiar a partir do estudo da sua disciplina legal
específica e da interpretação dos julgados do Superior Tribunal de Justiça.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Analisar o conceito e a natureza do poder familiar na atualidade.
 Identificar a titularidade do poder familiar e a sua relação com os filhos.
 Definir a extinção, a suspensão e a perda.
Desafio
O poder familiar é um instituto importante no Direito de família contemporâneo. Ele regula as
relações entre os pais e os filhos, com o objetivo de permitir um crescimento sadio de crianças e
adolescentes.
Acerca disso, confira o caso a seguir.
Nest
e Desafio, Marcos e Manuela recorreram a você para verem a possibilidade de você viabilizar
juridicamente o casamento dela com Pedro. Nessa condição, como você os orientaria, à luz da
legislação brasileira, sobre a possibilidade de Manuela, embora com 16 anos, contrair núpcias sem o
consentimento da mãe? Conteúdo do Livro
O poder familiar envolve o estudo das relações entre os pais e os filhos no Direito brasileiro.
Segundo a Constituição Federal, em seu art. 227, é dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Portanto, no estudo do
poder familiar, são valorizados os princípios constitucionais, com o objetivo de oferecer proteção
para todos os membros da família, em especial às crianças.
No capítulo Poder familiar, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você analisará o conceito
e a natureza do poder familiar na atualidade e identificará a titularidade do poder familiar e a sua
relação com os filhos. Por fim, conhecerá as definições de extinção, suspensão e perda.
Boa leitura.
Dica do Professor
As pessoas têm o direito de realizar sozinhas as suas escolhas, de acordo com os seus interesses,
na medida em que são consideradas capazes pelo Direito. Portanto, o poder familiar não foi
idealizado para ser perene.
Com efeito, na medida em que os adolescentes crescem, o direito vai reconhecendo a sua
autonomia. Por isso, o advento da maioridade é a causa mais corriqueira de extinção do poder
familiar. Contudo, a lei brasileira aponta outras causas de extinção do poder familiar, a saber: a
morte dos pais ou do filho, a emancipação, a adoção e a existência de decisão judicial.
Nesta Dica do Professor, você conhecerá as causas previstas do Código Civil para a extinção do
poder familiar.
Exercícios
1.
O poder familiar regula as relações entre pais e filhos. Contudo, ele não está vocacionado
para durar para sempre; ele é temporário, como regra.
Com base nessas informações, marque o item que contém a hipótese em que o poder familiar
permanece.
A.
Diante da contratação do menor na qualidade de aprendiz.

B.
Em face do falecimento do pai e da mãe.

C.
Em face do falecimento do filho.

D.
Diante da emancipação do menor.

E.
Após o advento da maioridade do filho.
Exercícios
2.
A perda do poder familiar é a sanção mais grave imposta aos pais e ocorre por meio de ato
judicial. Por tal razão, o Código Civil disciplina as hipóteses de perda do poder familiar,
delimitando a atuação do juiz. O poder familiar deve ser mantido, salvo diante de situações
graves que representem grave risco à segurança do menor.
A seguir, entre as situações apresentadas, marque a que é tolerada pelo
ordenamento quando realizada pelos pais.
A.
Alienação de bens dos filhos.

B.
Castigo imoderado aos filhos.

C.
Deixar os filhos em abandono.

D.
Prática de atos contrários à moral e aos bons costumes.

E.
Entrega irregular dos filhos a terceiros para adoção.
3.
No Direito brasileiro, por força da isonomia constitucionalmente garantida, compete a ambos
os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar. O seu
exercício se justifica pela proteção dos filhos.
Qual dos seguintes atos é exemplo típico do exercício do poder familiar?
A.
Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem, zelando pelo interesse de seu filho.

B.
Nomear-lhes tutor, apenas por instrumento público, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar.

C.
Exercer a guarda dos filhos, a qual de regra no direito brasileiro é atribuída de forma unilateral ao pai
que demonstre melhores condições de educar o filho.

D.
Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro
estado, pois o menor tem autonomia para viver em outro município.

E.
Representação judicial e extrajudicialmente dos filhos até os 14 (quatorze) anos, nos atos da vida
civil, e assisti-los após essa idade até aos 21 anos, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento.

3 de
4.
O poder familiar, no Direito contemporâneo, é exercido por ambos os pais, em igualdade de
direitos e de obrigações perante os filhos. Segundo o Código Civil, a interferência do Estado
nas relações de família ocorre de forma excepcional. Um exemplo ocorre quando os pais
divergem quanto ao exercício do poder familiar, hipótese em que qualquer deles pode
recorrer ao juiz para solução do desacordo.
A respeito do poder familiar e de seu exercício, é correto afirmar que:
A.
na hipótese de o filho não ser reconhecido pelo pai, ficará sob poder familiar exclusivo da mãe.

B.
a sentença que pronuncia o divórcio dos pais deve deliberar, necessariamente, sobre qual dos pais
tem melhores condições de exercer o poder familiar, a fim de lhe outorgá-lo com exclusividade.

C.
o poder familiar exercido pelos pais biológicos é mais amplo do que aquele exercido pelos pais
adotivos, quando deferida regularmente a adoção.

D.
o fato de ambos os pais, após o divórcio, serem tidos como aptos para exercer em conjunto o poder
familiar, inviabiliza o pedido de alimentos em favor do menor.

E.
quando os pais são casados, ambos exercem o poder familiar. Diferentemente, se os pais são
solteiros, o poder familiar é exercido apenas pela mãe.

4d
5.
Como observado, houve uma sensível evolução do instituto do poder familiar. Sob o regime
do Código Civil de 1916, utilizava-se a expressão de origem romana pátrio poder. Segundo o
regramento do Código Civil de 1916, é correto afirmar:
A.
Durante o casamento, exerce o pátrio poder o marido, como chefe da família, e, na falta ou
impedimento seu, a mulher.
B.
Homens e mulheres desenvolviam em igualdade de direitos e deveres o pátrio poder.

C.
A atuação do pai, inclusive diante de castigos imoderados ao filho, não podia ser censurada por um
juiz, logo não gerava consequências jurídicas.

D.
Não se extinguia o pátrio poder pela emancipação, porquanto se imaginava que menor emancipado
ainda teria suficiente maturidade.

E.
Dissolvido o casamento pela morte de um dos cônjuges, o pátrio poder era extinto.

Na prática
Segundo o Código Civil Brasileiro, o poder familiar é extinto quando os filhos atingem a maioridade,
mas isso não significa que o filho perde a pensão tão logo complete 18 anos, pois se tratam de
institutos jurídicos distintos. Dessa forma, assim como filhos menores podem postular alimentos aos
seus pais, também os filhos maiores têm esse direito. Contudo, na análise dos casos, o direito
diferencia os pressupostos para a concessão de pensão alimentícia diante da maioridade dos filhos.
Com efeito, não existe, no Direito brasileiro, limite etário para o recebimento da pensão alimentícia.
O Código Civil prescreve que os parentes, os cônjuges ou os companheiros podem pedir uns aos
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Neste Na Prática, você conhecerá como a jurisprudência considera que o fato de o poder familiar ser
extinto não ocasiona a extinção da pensão alimentícia.
Proteção dos filhos
Apresentação
A proteção dos filhos, no ordenamento jurídico brasileiro, integra um conjunto de leis especiais e
medidas protetivas destinadas às crianças e aos adolescentes. No âmbito do Direito de Família,
quando um casal se separa, divorcia-se ou dissolve a união estável, o poder familiar com os filhos
permanece, ou seja, a responsabilidade parental não é extinta a partir da dissolução do convívio
marital.
Por acompanhar o movimento da sociedade, o Direito nacional e internacional garantem que a tutela
aos menores é absolutamente prioritária. Desde a Doutrina da Proteção Integral — que, além de
atestar essa prioridade, incentiva a paternidade responsável e leva em conta o melhor interesse das
crianças — até convenções internacionais e a legislação nacional, como o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a intenção de tais diplomas é garantir, por lei, o desenvolvimento pleno das crianças
até a idade adulta.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai identificar as noções gerais e históricas sobre a proteção
dos filhos e entender suas principais características e a alienação parental.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar as noções gerais e históricas sobre a proteção dos filhos.
 Descrever as principais características da proteção dos filhos.
 Definir a alienação parental.
Desafio
O Estatuto da Criança e do Adolescente, juntamente com a Constituição Federal de 1988, define
crianças e adolescentes como sujeitos de direito, ou seja, os filhos não são coisas ou objetos. O
princípio do melhor interesse dos menores deve ser sempre respeitado, ainda que haja a separação
conjugal de seus pais.
Acompanhe:
Roberto e Bianca estavam vivendo em união estável havia oito anos. Os dois têm dois filhos: um
menino, Bernardo, de nove anos, e uma menina, Sofia, de 14. Não suportando mais a convivência
conjugal, Bianca busca você, advogado, para propor ação judicial de dissolução de união estável,
juntamente com pedidos de estabelecimento de guarda dos menores e prestação de alimentos.
A partir do contexto exposto e da legislação pertinente, responda as questões a seguir:
a) Qual será o tipo de guarda a ser buscada na ação judicial?
b) Bianca suspeita de que, talvez, Roberto não queira a guarda dos filhos. Explique para a sua
cliente o que pode acontecer nessa hipótese.
c) Explique a Bianca o que pode acontecer, depois da decretação da guarda, caso haja
descumprimento do acordo referente à convivência familiar com os filhos.
Infográfico
A normatização de medidas que visem à proteção integral da pessoa dos filhos é fundamental para
que se possa garanti-las. Quando essas medidas estão ausentes ou são descumpridas, os
dispositivos que tutelam a proteção das crianças e dos adolescentes podem ser evocados para que
essa proteção se dê de maneira eficaz.
No Infográfico a seguir, você conhecerá os principais diplomas que versam sobre a proteção e a
garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes no ordenamento brasileiro.
prática
Atualmente, um dos maiores desafios das varas de família no Brasil é a constatação de atos de
alienação parental, os quais precisam de análise técnica especializada a fim de se obter o difícil
diagnóstico e pôr em prática o tratamento proposto pelo Direito. A prática da alienação parental se
dá mediante a programação mental de uma criança por um de seus genitores para que ela passe a
enxergar e a idealizar o outro genitor de maneira negativa, nutrindo e manifestando, a partir daí,
sentimentos de ódio e rejeição por ele.
Neste Na Prática, você vai acompanhar um caso real de alienação parental detectada em um
processo de divórcio litigioso, bem como vai conhecer quais medidas foram decretadas.

Filiação socioafetiva
Apresentação
No Brasil, a filiação pode ser biológica ou socioafetiva. A filiação biológica decorre de laços
genéticos, enquanto a filiação socioafetiva
é decorrente de vínculos afetivos, formalizados juridicamente por meio do instituto da adoção.
A adoção é o ato judicial por meio do qual se estabelecem vínculos de família com o indivíduo que é
estranho a esse contexto, formando-se um liame legal de filiação civil, ou seja, um grau de
parestesco de 1º grau em linha reta. Há tempos existente no ordenamento jurídico brasileiro, a
adoção passou por um longo percurso histórico até consolidar-se na configuração vigente,
considerando como principal marco legal o advento da Constituição Federal de 1988, que equiparou
os então filhos legítimos e ilegítimos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer a natureza jurídica da filiação socioafetiva, sua
evolução legislativa e os procedimentos para sua efetivação legal.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Descrever os aspectos históricos e a natureza jurídica
da filiação socioafetiva.
 Explicar a evolução legislativa que regulamenta
a filiação socioafetiva.
 Esquematizar o procedimento da filiação socioafetiva
no quadro legislativo atual.
Desafio
A adoção somente poderá ocorrer se forem atendidos os requisitos legais, especialmente no que se
refere à capacidade e à aptidão do adotante, nos termos da Lei nº 8.069/90.

Diant
e dessa situação, como advogado, explique se é possível atender à pretensão de Jane e sua família.
Infográfico
Os procedimentos para a adoção estão previstos na Lei nº 8.069/90, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, que deve obrigatoriamente seguir um trâmite judicial. Os requisitos ali dispostos são
imprescindíveis para que, além de assegurar os direitos da criança e do adolescente, a adoção seja
legalmente efetivada e possa surtir plenos efeitos.
Veja, neste Infográfico, como são organizados os procedimentos judiciais para a adoção.
prática
Na maior parte dos casos, a adoção é de crianças e adolescentes, entretanto, é possível também a
adoção de adultos, que deve seguir os mesmo trâmites legais dispostos no Estatuto da Criança e do
Adolescente. Há também a chamada adoção unilateral, caracterizada pela adoção, por um cônjuge,
do filho do outro.
Veja, neste Na Prática, uma situação que une a adoção de adultos e a adoção unilateral, motivada,
sobretudo, pela relação de afeto e afinidade.
Alim
entos
Apresentação
Os alimentos dizem respeito à dignidade da pessoa humana e podem ser considerados a
materialização do mínimo existencial. São conceituados na doutrina como aquelas prestações
devidas para satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo próprio
trabalho. Os alimentos consistem em um direito fundamental da personalidade, destinados a
assegurar a integridade psíquica. Têm a função de assegurar a vida humana.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a reconhecer os antecedentes e as noções gerais
dos alimentos, como a visão histórica e a natureza jurídica. Além disso, vai estudar detalhadamente
as principais características dos alimentos, que são: a solidariedade, a inalienabilidade, a
irrenunciabilidade, a transmissibilidade, a irrepetibilidade e a incompensabilidade. Ainda, você
aprenderá o procedimento da ação de alimentos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer os antecedentes e noções gerais dos alimentos.
 Listar as principais características dos alimentos.
 Descrever o procedimento da ação de alimentos.
Desafio
Os alimentos oferecidos pelos pais aos filhos menores são de suma importância, pois eles são
incapazes de proverem o seu próprio sustento.
Imagine a situação em que você, como advogado, é procurado pela mãe de uma criança para
ingressar com ação de alimentos. A mãe passa a informação de que o pai não trabalha, porém os
avós paternos da criança têm vultuosa aposentadoria.
Considerando a falta de capacidade do pai e a situação financeira dos avós paternos, a ação de
alimentos poderia ser ingressada diretamente em relação aos avós paternos para eles respondam
pela obrigação?
Infográfico
A palavra alimentos é amplamente utilizada no Direito de Família para traduzir aquela prestação que
é destinada a quem não tem condições de prover a si mesmo. Contudo, não é interpretada de
maneira puramente literal, sendo, portanto, interpretada de maneira abrangente e subjetiva, estando
inserido no conceito de alimento tudo que é imprescindível à sobrevivência digna, como a saúde, a
educação, o lazer, a moradia, a alimentação, o vestuário e outros de que o indivíduo necessitar.
Em se tratando de obrigação de caráter alimentício, o Código Civil traz o binômio alimentar, que é a
observância de dois parâmetros dogmáticos para avaliar a fixação alimentícia. É a partir deles que é
verificada a necessidade do alimentado e a possibilidade do alimentado. Além disso, ambos
são analisados de maneira indissociável.
Confira, no Infográfico, o que corresponde à palavra alimentos no contexto do Direito de Família,
com um comparativo do binômio alimentar.
do Professor
A obrigação alimentar decorre do parentesco entre pais e filhos. Já a obrigação entre cônjuges e
companheiros é conhecida pela doutrina como assistência alimentar, já que estes não podem ser
tratados como parentes. Os alimentos concedidos aos ex-cônjuges e aos ex-companheiros divergem
em algumas questões dos alimentos pagos dos pais aos filhos.
Nesta Dica do Professor, você vai identificar essas principais diferenças e, ainda, comparar a
diferença entre os alimentos transitórios e os alimentos compensatórios.
A obrigação alimentar decorre do parentesco entre pais e filhos. Já a obrigação entre cônjuges e
companheiros é conhecida pela doutrina como assistência alimentar, já que estes não podem ser
tratados como parentes. Os alimentos concedidos aos ex-cônjuges e aos ex-companheiros divergem
em algumas questões dos alimentos pagos dos pais aos filhos.
Nesta Dica do Professor, você vai identificar essas principais diferenças e, ainda, comparar a
diferença entre os alimentos transitórios e os alimentos compensatórios.
Na prática
Conforme dispõe a Constituição Federal, os pais devem assistir, criar e educar os filhos menores.
Independentemente de o filho residir ou não na mesma casa que o pai, este deverá suprir suas
necessidades de subsistência. Em se tratando de decisão que fixa valor para a prestação
alimentícia, a sua mudança somente pode ocorrer mediante ação revisional de alimentos, em
que deverá ser provada mudança na condição financeira de quem fornece os alimentos, como
aumento ou diminuição salarial, ou ainda, na de quem os recebe, como, por exemplo, um filho que
ingressou em uma faculdade particular.
Confira, Na Prática, um exemplo em que houve a diminuição da capacidade financeira.
de família
Apresentação
Seja bem-vindo!
O bem de família é o imóvel e o conjunto de bens móveis que compõem o ambiente de
desenvolvimento da pessoa humana no seio familiar, ou seja, corresponde ao abrigo do cidadão
brasileiro e, portanto, é protegido no ordenamento jurídico brasileiro pelo Código Civil de 2002 e
pela Lei 8.009/90.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito de bem de família, a amplitude de sua
proteção, suas exceções, o poder/dever de administrá-lo e suas causas de extinção. Ainda, você
verá o tratamento dado ao instituto pelo Supremo Tribunal Federal.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir o conceito de bem de família.
 Avaliar as causas extintivas, o poder/dever de administração e os limites do bem de família.
 Analisar o posicionamento do STF sobre o bem de família.
Desafio
Você, na qualidade de advogado, foi procurado por João para auxiliá-lo no seu caso. A
seguir, conheça sua história.

Baseando-se nesse cenário, responda:


1. O apartamento de João e Maria é considerado bem de família, mesmo que Hansel e Graetel
residam fora do lar do casal? Explique.
2. À luz do Direito à Moradia, previsto na Constituição Federal de 1998, e em se tratando de imóvel
único do casal, é possível a penhora desse bem, conforme o entendimento do STF? Explique.
Infográfico
O bem de família é protegido pelo ordenamento jurídico brasileiro em regimes distintos previstos
no Código Civil de 2002 e na Lei 8.009/90.
No Infográfico a seguir, você verá as principais distinções e repercussões práticas desses dois
regimes.
do Professor
O bem de família é um instituto legal regido por duas legislações, sendo elas o Código Civil de
2002 e a Lei n.º 8.009/90, havendo discussões doutrinárias acerca de uma proteção mais adequada
pela última em relação à primeira, apesar de se tratar de lei mais nova.
Nesta Dica do Professor, você vai analisar a extensão da proteção do bem de família nos dois
diplomas, bem como os detalhes necessários para o registro do bem de família, de acordo com a Lei
de Registros Públicos.
Na prática
Jaqueline, solteira, 23 anos, é diagnosticada como acumuladora. Certa vez, adquiriu bens da Loja
Enner, no cartão oferecido pelo estabelecimento, no valor de R$ 4.000,00.
Após o vencimento da fatura, Jaqueline recebeu em seu apartamento notificação de cobrança da
loja, sem dar-lhe muita importância, pois sabia que não tinha condições de pagar a dívida contraída
por estar desempregada.
Decorridos alguns meses, ela recebeu notificação judicial para que apresentasse sua defesa em
relação à execução da dívida que arrolava sua única casa como sujeita à penhora para a satisfação
dos créditos das Lojas Enner.
Confira, Na Prática, qual o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça referente ao
caso de Jaqueline.

Guar
da, tutela e curatela
Apresentação
Guarda, tutela e curatela dizem respeito aos institutos assistencialistas, que têm caráter
predominantemente protetivo, com base na solidariedade familiar. A Lei nº 13.146/2015 do Estatuto
da Pessoa com Deficiência trouxe grandes mudanças estruturais e funcionais no que diz respeito à
ultrapassada teoria das incapacidades.
A guarda, que trata do interesse do menor com autoridades parentais, é ligada ao direito de visita e
da relação do casamento dos pais. A tutela diz respeito à proteção do incapaz, necessariamente um
menor, em que é denominado tutor para cuidar e representar seus interesses. A curatela é um
instituto assistencialista que busca a representação do incapaz maior de idade que, com algum tipo
de deficiência, seja relativamente incapaz.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os três institutos, os principais conceitos
que permeiam cada um, as suas espécies, as regulamentações, as sanções e as suspensões. Ao
final da Unidade, você vai estar apto a aplicar todos os conceitos aqui trazidos à sua vida pessoal e
profissional.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir o conceito de guarda.
 Explicar o conceito de tutela.
 Compreender o conceito de curatela.
Desafio
A curatela é o instituto de proteção referente ao maior de 18 anos e incapaz. Tem como
objetivo suprir a incapacidade, temporária ou permanente, para prática de determinados atos.
Ressalte-se que só faz sentido falar em curatela para indivíduos maiores de idade, já que os
menores estão sujeitos ao poder familiar, ou, quando inexistente, à tutela. A curatela dá ao curador o
poder de administrar os bens do interditado e de praticar determinados atos.

Ness
e contexto, responda ao curador se ele poderá levar as filhas da amiga na viagem, ou seja, se a
autoridade do curador se estende também às filhas.
Infográfico
A doutrina estabelece os institutos assistencialistas, que são: a guarda, a tutela e a curatela. Eles
são determinados pelo legislador com a intenção predominantemente protetiva, ou seja, oferecem
proteção àquele que necessita. Nesse caso, trata-se de menores de 18 anos e de indivíduos
maiores de idade, porém incapazes.
Neste Infográfico, veja o organograma dos institutos assistencialistas e um comparativo entre
guarda, tutela e curatela.
do Professor
Desde 2015, no Brasil, está em vigor a Lei nº 13.146/2015, que trata das pessoas com deficiência.
Essa legislação tem 127 artigos e alterou consideravelmente o que se entendia por teoria da
incapacidade no Código Civil. O Estatuto da Pessoa com Deficiência veio para estabelecer a
autonomia e a autodeterminação da pessoa com deficiência.
Nesse contexto, as disposições em relação à pessoa com deficiência vieram com intuito de adequar
as opções valorativas básicas no que se refere a indivíduos com deficiência. O estudo estabeleceu
dois modelos jurídicos possíveis para a abordagem da deficiência: sem curatela e com curatela.
Nesta Dica do Professor, identifique as principais mudanças na lei e compreenda os modelos
jurídicos para a abordagem da deficiência.
Na prática
Tanto a guarda, como a tutela e a curatela têm como base preservar o melhor interesse da criança,
do adolescente ou do incapaz. Em se tratando de guarda, independentemente de qual for o regime,
se unilateral ou compartilhada, é dever de quem a detém resguardar por todos os direitos do menor
e garantir-lhe o convívio com as pessoas que tenha vínculo afetivo.
Conheça, Na Prática, um exemplo de caso em que um parente teve garantido o direito de visita ao
menor.

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