Antônia Silene Da Silva
Antônia Silene Da Silva
Antônia Silene Da Silva
FORTALEZA
2024
ANTÔNIA SILENE DA SILVA
CIDADE
2024
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a formação continuada de professores na
educação infantil, enfocando os desafios e as possibilidades para a melhoria do ensino e da
aprendizagem das crianças. Para isso, foi utilizada uma metodologia que empregou uma revisão
bibliográfica qualitativa descritiva, envolvendo buscas abrangentes em bases de dados
eletrônicas como Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center), além de
buscas manuais em revistas especializadas e análise de referências cruzadas, a fim de identificar
estudos relevantes publicados entre 2013 e 2023, em português, inglês ou espanhol, que
abordassem essa temática. Os resultados mostraram que os professores reconhecem a
importância da formação continuada para a melhoria de sua prática pedagógica, mas enfrentam
dificuldades de acesso, infraestrutura, tempo e apoio institucional. As possibilidades de
formação continuada se manifestam na valorização do saber docente, na construção coletiva de
conhecimentos, no estímulo à reflexão crítica e na articulação entre teoria e prática. O trabalho
conclui que a formação continuada de professores na educação infantil precisa ser entendida
como um processo permanente, dialógico e contextualizado, que promova o desenvolvimento
profissional e pessoal dos educadores e a qualidade da educação oferecida às crianças.
ABSTRACT
This work has the general objective of analyzing the continuing training of teachers in early
childhood education, focusing on the challenges and possibilities for improving teaching and
learning for children. For this, a methodology was used that employed a descriptive qualitative
bibliographic review, involving comprehensive searches in electronic databases such as
Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center), as well as manual searches
in specialized journals and cross-reference analysis, in order to identify relevant studies
published between 2013 and 2023, in Portuguese, English or Spanish, that addressed this topic.
The results showed that teachers recognize the importance of continued training to improve
their pedagogical practice, but face difficulties in access, infrastructure, time and institutional
support. The possibilities for continued training are manifested in the valorization of teaching
knowledge, in the collective construction of knowledge, in the encouragement of critical
reflection and in the articulation between theory and practice. The work concludes that the
continuing training of teachers in early childhood education needs to be understood as a
permanent, dialogical and contextualized process, which promotes the professional and
personal development of educators and the quality of education offered to children.
1
Formação. Local de trabalho. E-mail. [email protected]
2
Orientador. Especialista em Neuropsicopedagogia e Psicopedagogia, Geógrafa, Cejap Pacajus pela
Seduc: [email protected]
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1 INTRODUÇÃO
Diante do exposto, este trabalho tem como pergunta problema: Como a formação
continuada de professores na educação infantil pode contribuir para a qualidade do ensino e da
aprendizagem das crianças? A hipótese é que a formação continuada de professores na
educação infantil pode contribuir para a qualidade do ensino e da aprendizagem das crianças,
desde que seja realizada de forma sistemática, reflexiva, contextualizada e participativa,
abordando temas relevantes para a prática pedagógica, como a música, as relações étnico-
raciais e os jogos.
O objetivo geral deste trabalho é analisar a formação continuada de professores na
educação infantil, enfocando os desafios e as possibilidades para a melhoria do ensino e da
aprendizagem das crianças. Os objetivos específicos são: a) Identificar as concepções e as
práticas de formação continuada de professores na educação infantil; b) Avaliar os impactos da
formação continuada de professores na educação infantil sobre o ensino e a aprendizagem das
crianças e c) Verificar como a música, as relações étnico-raciais e os jogos são abordados na
formação continuada de professores na educação infantil.
A justificativa deste trabalho se baseia nos seguintes aspectos: profissional, social e
acadêmico. Do ponto de vista profissional, este trabalho é relevante para a minha formação
como professor de educação infantil, pois me permite ampliar os meus conhecimentos teóricos
e práticos sobre temas essenciais para a minha prática pedagógica, como a música, as relações
étnico-raciais e os jogos. Além disso, este trabalho me possibilita refletir sobre a importância e
os desafios da formação continuada como um processo permanente de aperfeiçoamento
profissional e pessoal.
Do ponto de vista social, este trabalho é importante para a sociedade, pois contribui para
a valorização da educação infantil como uma etapa fundamental para o desenvolvimento
integral das crianças, que merece um ensino de qualidade, que respeite os seus direitos, suas
especificidades e sua diversidade. Nesse sentido, este trabalho visa à promoção de uma
educação infantil mais humanizadora, inclusiva, democrática e transformadora.
Em relação ao aspect acadêmico, este trabalho é significativo para a área de educação,
pois aporta novas informações e reflexões sobre a formação continuada de professores na
educação infantil, um tema ainda pouco explorado na literatura científica, mas de grande
relevância para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem das crianças. Dessa
forma, este trabalho pretende colaborar para o avanço do conhecimento científico e para o
debate acadêmico sobre a formação continuada de professores na educação infantil.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A música na aprendizagem de crianças nos anos iniciais
A música é uma linguagem que se expressa por meio dos sons e do silêncio, que se
organiza em padrões rítmicos, melódicos e harmônicos, que se manifesta em diferentes gêneros,
estilos e formas, e que se relaciona com os contextos históricos, sociais e culturais nos quais é
produzida e apreciada. A música é, portanto, uma forma de conhecimento, de comunicação, de
arte e de cultura, que envolve tanto a razão quanto a emoção, tanto a técnica quanto a
criatividade, tanto a tradição quanto a inovação.
Na educação infantil, a música deve ser entendida como um direito e um recurso para o
desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, de acordo com as diretrizes curriculares
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nacionais para essa etapa da educação básica (BRASIL, 2009). A música não deve ser vista
apenas como um conteúdo a ser ensinado, mas como uma linguagem a ser vivenciada,
explorada, experimentada, criada e apreciada pelas crianças, de forma prazerosa e significativa.
Nessa perspectiva, a música na educação infantil não se resume à transmissão de
conceitos, regras, nomes e símbolos musicais, mas abrange o desenvolvimento da sensibilidade,
da percepção, da expressão, da imaginação, da memória, da atenção, do raciocínio, da
coordenação, da cooperação, da criticidade, da diversidade e da identidade musical das
crianças.
A música na educação infantil também não se limita à reprodução de canções infantis,
mas inclui a variedade e a qualidade do repertório musical, que deve contemplar diferentes
gêneros, estilos, épocas, culturas e autores, respeitando as preferências e as especificidades das
crianças, mas também ampliando seus horizontes e seus conhecimentos musicais.
Assim, a música na educação infantil deve ser compreendida como uma prática
pedagógica que envolve quatro dimensões: a audição, a execução, a improvisação e a
composição musical. Cada uma dessas dimensões possui objetivos, estratégias e avaliações
próprias, que devem ser articuladas entre si e com os demais campos de experiência propostos
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil (BRASIL, 2017).
As atividades musicais devem ser adequadas à faixa etária das crianças, levando em
conta as suas características físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Segundo Brito (2003), a
música é um meio de expressão, comunicação e aprendizagem que acompanha o
desenvolvimento humano desde o nascimento até a idade adulta, podendo contribuir para o seu
bem-estar, criatividade e integração.
Na primeira infância (de zero a três anos), as atividades musicais devem explorar as
sensações, os sons, os movimentos e as interações com os adultos e com o ambiente. Nessa
fase, as crianças estão descobrindo o mundo e a si mesmas, por isso precisam de estímulos
sensoriais e afetivos que favoreçam o seu crescimento. As canções de ninar, as cantigas de roda,
os jogos sonoros, os instrumentos simples e os brinquedos musicais são exemplos de atividades
que podem ser realizadas com essa faixa etária (LOUREIRO, 2010).
Na educação infantil (de quatro a cinco anos), as atividades musicais devem estimular
a imaginação, a criatividade, a linguagem e a socialização das crianças. Nessa fase, elas já têm
maior autonomia, curiosidade e capacidade de se expressar, por isso podem participar de
atividades mais elaboradas e diversificadas. As histórias musicais, as dramatizações, as
brincadeiras rítmicas, os jogos musicais, a construção de instrumentos e a apreciação de
diferentes gêneros musicais são exemplos de atividades que podem ser realizadas com essa
faixa etária (FONSECA, 2011).
No ensino fundamental (de seis a 14 anos), as atividades musicais devem ampliar o
repertório, o conhecimento e a reflexão das crianças sobre a música e a sua relação com a cultura
e a sociedade. Nessa fase, elas já têm maior domínio, raciocínio e crítica, por isso podem
participar de atividades mais complexas e desafiadoras. As composições, as improvisações, as
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Para construir uma sociedade mais justa e igualitária, é crucial abordar as diversidades
étnicas e raciais desde cedo. Ao apresentar às crianças histórias, canções, jogos e exemplos
positivos que celebram a diversidade e promovem a empatia, podemos incutir-lhes um sentido
de respeito por si próprios e pelos outros. Através destas experiências, as crianças aprendem a
importância de valorizar as diferenças e rejeitar preconceitos que possam estar enraizados nas
normas sociais. Esta exposição precoce à diversidade não só ajuda as crianças a desenvolver
uma maior compreensão do mundo que as rodeia, mas também estabelece as bases para uma
sociedade mais inclusiva, onde todos os indivíduos são valorizados e respeitados. (BANKS;
MCGEE BANKS, 2010).
Ao iniciarmos estas conversas desde cedo, podemos moldar a forma como as gerações
futuras veem e interagem com pessoas de diferentes origens. É através desta educação
intencional sobre questões étnico-raciais que podemos criar uma sociedade mais justa, onde
todos tenham oportunidades e direitos iguais. Ao promover a empatia e a compreensão desde a
infância, estamos a trabalhar para quebrar as barreiras que nos dividem como sociedade e
construir pontes para um futuro mais harmonioso para todos os indivíduos, independentemente
da sua raça ou etnia (BANKS; MCGEE BANKS, 2010).
Concluindo, abordar as diversidades étnicas e raciais na educação infantil é crucial para
promover o respeito, valorizar as diferenças, desenvolver empatia e rejeitar preconceitos. Ao
incorporar histórias, canções, jogos e exemplos positivos que celebram a diversidade, as
crianças aprendem sobre si mesmas e sobre os outros de uma forma que promove a
compreensão e a aceitação. Esta exposição precoce à diversidade estabelece as bases para uma
sociedade mais justa e igualitária, incutindo valores de igualdade e inclusão desde tenra idade.
Ao promover o respeito e a valorização das diferenças na educação infantil, podemos
ajudar as crianças a desenvolver um sentido de apreciação pelas qualidades únicas que cada
indivíduo traz para a mesa. Isto não só aumenta a sua autoconsciência, mas também os incentiva
a abraçar a diversidade em todas as suas formas.
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3 METODOLOGIAS
Para fins metodológicos, este estudo utilizou uma pesquisa de revisão bibliográfica do
tipo qualitativa descritiva sobre a formação continuada de professores na educação infantil. A
pesquisa foi concluída no mês de março de 2024, foram realizadas buscas nas seguintes bases
de dados eletrônicas: Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
metodologias, aos conteúdos, aos sujeitos, aos contextos e aos impactos sobre o ensino e a
aprendizagem das crianças. Nesta seção, apresentamos e discutimos os resultados encontrados
na revisão bibliográfica realizada, buscando responder aos objetivos propostos nesta pesquisa.
O primeiro objetivo específico foi identificar as concepções e as práticas de formação
continuada de professores na educação infantil. Para isso, analisamos os diferentes tipos de
formação continuada existentes, bem como os princípios, as finalidades e as características que
orientam as propostas formativas voltadas para os professores da primeira etapa da educação
básica.
De acordo com a literatura consultada, a formação continuada de professores pode ser
definida como um processo permanente de aperfeiçoamento profissional que visa ampliar os
conhecimentos, as habilidades, as atitudes e as competências dos educadores, tendo em vista a
melhoria da qualidade da educação (ALMEIDA; PLACCO, 2016). A formação continuada
pode ocorrer de diversas formas, tais como cursos presenciais ou a distância, oficinas,
seminários, grupos de estudos, projetos colaborativos, comunidades de aprendizagem, entre
outras (GATTI, 2014).
As concepções de formação continuada podem variar de acordo com os pressupostos
teóricos, as políticas públicas, os interesses dos agentes envolvidos e as demandas sociais e
educacionais. Nesse sentido, Ramos (2019) identifica duas grandes tendências na formação
continuada de professores: uma concepção tradicional e uma concepção crítica.
A concepção tradicional de formação continuada é baseada em uma visão tecnicista e
normativa do trabalho docente, que privilegia a transmissão de conteúdos e técnicas
pedagógicas, desconsiderando a reflexão, a participação, a autonomia e a contextualização dos
saberes e das práticas dos professores. Essa concepção tende a adotar modalidades de formação
centradas no treinamento, na capacitação ou na atualização dos educadores, sem levar em conta
as suas necessidades, os seus interesses e as suas experiências (RAMOS, 2019).
A concepção crítica de formação continuada, por sua vez, é fundamentada em uma visão
dialética e emancipatória do trabalho docente, que valoriza a construção coletiva e situada de
conhecimentos e práticas que respondam aos desafios e às demandas da realidade educacional.
Essa concepção propõe modalidades de formação baseadas no diálogo, na problematização, na
pesquisa, na colaboração e na reflexão crítica sobre a própria prática, estimulando o
desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da responsabilidade social dos professores
(RAMOS, 2019).
As práticas de formação continuada de professores na educação infantil refletem, em
maior ou menor grau, essas concepções, sendo influenciadas pelas políticas educacionais, pelos
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alegria, mais criatividade, mais autonomia, mais cooperação e mais aprendizagem nas
atividades lúdicas propostas pelos professores.
Esse estudo confirma que a formação continuada de professores na educação infantil
pode ter efeitos benéficos tanto para os educadores quanto para as crianças, desde que seja
realizada de forma reflexiva, crítica e contextualizada, atendendo às necessidades, aos
interesses e às expectativas dos envolvidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por isso, o trabalho sugere que novas pesquisas sejam realizadas sobre a formação
continuada de professores na educação infantil, explorando outras fontes, metodologias e
abordagens que possam contribuir para o avanço do conhecimento nessa área. Também se
recomenda que os pesquisadores estabeleçam um diálogo constante com os educadores infantis,
buscando conhecer as suas demandas, as suas dificuldades e as suas experiências, bem como
valorizar o seu saber e a sua prática. Por fim, espera-se que este trabalho possa servir de
estímulo e de reflexão para os profissionais da educação infantil, que são os principais agentes
e protagonistas da formação continuada.
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