Antônia Silene Da Silva

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FACULDADE DO MACIÇO DE BATURITÉ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO


FUNDAMENTAL

ANTÔNIA SILENE DA SILVA

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL


DESAFIOS E POSSIBILIDADES

FORTALEZA
2024
ANTÔNIA SILENE DA SILVA

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL


DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Educação infantil e Ensino fundamental
da Faculdade do Maciço de Baturité - FMB como
requisito parcial a obtenção do título de bacharel
em Educação Infantil e Ensino fundamental.

Orientador (a): Especialista Diana pereira de Sousa

CIDADE
2024
3

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL


DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Antônia Silene da Silva1, Diana Pereira de Sousa2

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo geral analisar a formação continuada de professores na
educação infantil, enfocando os desafios e as possibilidades para a melhoria do ensino e da
aprendizagem das crianças. Para isso, foi utilizada uma metodologia que empregou uma revisão
bibliográfica qualitativa descritiva, envolvendo buscas abrangentes em bases de dados
eletrônicas como Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center), além de
buscas manuais em revistas especializadas e análise de referências cruzadas, a fim de identificar
estudos relevantes publicados entre 2013 e 2023, em português, inglês ou espanhol, que
abordassem essa temática. Os resultados mostraram que os professores reconhecem a
importância da formação continuada para a melhoria de sua prática pedagógica, mas enfrentam
dificuldades de acesso, infraestrutura, tempo e apoio institucional. As possibilidades de
formação continuada se manifestam na valorização do saber docente, na construção coletiva de
conhecimentos, no estímulo à reflexão crítica e na articulação entre teoria e prática. O trabalho
conclui que a formação continuada de professores na educação infantil precisa ser entendida
como um processo permanente, dialógico e contextualizado, que promova o desenvolvimento
profissional e pessoal dos educadores e a qualidade da educação oferecida às crianças.

Palavras-chave: Formação continuada. Professores. Educação infantil.

ABSTRACT

This work has the general objective of analyzing the continuing training of teachers in early
childhood education, focusing on the challenges and possibilities for improving teaching and
learning for children. For this, a methodology was used that employed a descriptive qualitative
bibliographic review, involving comprehensive searches in electronic databases such as
Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center), as well as manual searches
in specialized journals and cross-reference analysis, in order to identify relevant studies
published between 2013 and 2023, in Portuguese, English or Spanish, that addressed this topic.
The results showed that teachers recognize the importance of continued training to improve
their pedagogical practice, but face difficulties in access, infrastructure, time and institutional
support. The possibilities for continued training are manifested in the valorization of teaching
knowledge, in the collective construction of knowledge, in the encouragement of critical
reflection and in the articulation between theory and practice. The work concludes that the
continuing training of teachers in early childhood education needs to be understood as a
permanent, dialogical and contextualized process, which promotes the professional and
personal development of educators and the quality of education offered to children.

Keywords: Continuing training. Teachers. Child education.

1
Formação. Local de trabalho. E-mail. [email protected]
2
Orientador. Especialista em Neuropsicopedagogia e Psicopedagogia, Geógrafa, Cejap Pacajus pela
Seduc: [email protected]
4

1 INTRODUÇÃO

A educação infantil é uma etapa fundamental para o desenvolvimento integral das


crianças, pois envolve aspectos cognitivos, afetivos, sociais e culturais. Nesse sentido, a
formação continuada dos professores que atuam nessa modalidade de ensino é essencial para
garantir uma prática pedagógica de qualidade, que respeite as especificidades e os direitos das
crianças. No entanto, essa formação enfrenta diversos desafios e possibilidades no contexto
educacional brasileiro, que serão abordados neste trabalho.
Um dos aspectos relevantes para a formação continuada de professores na educação
infantil é a música, que pode ser utilizada como um recurso didático para favorecer a
aprendizagem de crianças nos anos iniciais. De acordo com Brito (2003), a música contribui
para o desenvolvimento da linguagem, da memória, da concentração, da criatividade, da
expressão, da socialização e da sensibilidade das crianças, além de proporcionar momentos de
prazer, diversão e interação. Nesse sentido, a formação musical dos professores pode ampliar
as possibilidades de trabalhar a música de forma integrada aos demais conteúdos curriculares,
valorizando a cultura e a identidade das crianças.
Outro tema importante para a formação continuada de professores na educação infantil
é a questão das relações étnico-raciais, que devem ser abordadas desde cedo na escola, visando
à promoção da diversidade, do respeito e da cidadania. Segundo Gomes (2005), o professor tem
um papel fundamental na construção de uma educação antirracista, que reconheça e valorize as
diferentes manifestações culturais, históricas e sociais dos grupos étnicos que compõem a
sociedade brasileira. Para isso, é preciso que o professor se forme continuamente, buscando
conhecimentos e metodologias que possibilitem um trabalho crítico e reflexivo sobre as
questões raciais na educação infantil.
Por fim, outro assunto relevante para a formação continuada de professores na educação
infantil é o uso de jogos como atividades pedagógicas, que podem estimular o desenvolvimento
cognitivo, afetivo, social e motor das crianças. Conforme Kishimoto (1994), os jogos são
formas naturais e espontâneas de expressão e aprendizagem das crianças, que possibilitam a
construção de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, de forma lúdica e significativa.
Assim, a formação dos professores deve contemplar o conhecimento teórico e prático sobre os
jogos, bem como sua aplicação nas diferentes áreas do conhecimento, respeitando as
características e os interesses das crianças.
5

Diante do exposto, este trabalho tem como pergunta problema: Como a formação
continuada de professores na educação infantil pode contribuir para a qualidade do ensino e da
aprendizagem das crianças? A hipótese é que a formação continuada de professores na
educação infantil pode contribuir para a qualidade do ensino e da aprendizagem das crianças,
desde que seja realizada de forma sistemática, reflexiva, contextualizada e participativa,
abordando temas relevantes para a prática pedagógica, como a música, as relações étnico-
raciais e os jogos.
O objetivo geral deste trabalho é analisar a formação continuada de professores na
educação infantil, enfocando os desafios e as possibilidades para a melhoria do ensino e da
aprendizagem das crianças. Os objetivos específicos são: a) Identificar as concepções e as
práticas de formação continuada de professores na educação infantil; b) Avaliar os impactos da
formação continuada de professores na educação infantil sobre o ensino e a aprendizagem das
crianças e c) Verificar como a música, as relações étnico-raciais e os jogos são abordados na
formação continuada de professores na educação infantil.
A justificativa deste trabalho se baseia nos seguintes aspectos: profissional, social e
acadêmico. Do ponto de vista profissional, este trabalho é relevante para a minha formação
como professor de educação infantil, pois me permite ampliar os meus conhecimentos teóricos
e práticos sobre temas essenciais para a minha prática pedagógica, como a música, as relações
étnico-raciais e os jogos. Além disso, este trabalho me possibilita refletir sobre a importância e
os desafios da formação continuada como um processo permanente de aperfeiçoamento
profissional e pessoal.
Do ponto de vista social, este trabalho é importante para a sociedade, pois contribui para
a valorização da educação infantil como uma etapa fundamental para o desenvolvimento
integral das crianças, que merece um ensino de qualidade, que respeite os seus direitos, suas
especificidades e sua diversidade. Nesse sentido, este trabalho visa à promoção de uma
educação infantil mais humanizadora, inclusiva, democrática e transformadora.
Em relação ao aspect acadêmico, este trabalho é significativo para a área de educação,
pois aporta novas informações e reflexões sobre a formação continuada de professores na
educação infantil, um tema ainda pouco explorado na literatura científica, mas de grande
relevância para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem das crianças. Dessa
forma, este trabalho pretende colaborar para o avanço do conhecimento científico e para o
debate acadêmico sobre a formação continuada de professores na educação infantil.
6

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A música na aprendizagem de crianças nos anos iniciais

A música é uma poderosa ferramenta pedagógica na educação infantil. Ela auxilia no


desenvolvimento de habilidades como linguagem, coordenação motora, memória, criatividade
e socialização. Cantar, dançar e tocar instrumentos musicais cria momentos lúdicos que
estimulam o aprendizado de forma prazerosa e engajadora para as crianças.
Desta forma, a música é uma forma de expressão artística, cultural e afetiva que
acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos. Ela está presente em todas as
sociedades e manifestações, seja como forma de comunicação, de entretenimento, de
celebração ou de protesto. A música também faz parte da vida das crianças, que desde cedo
demonstram interesse e curiosidade pelos sons, ritmos, melodias e canções que ouvem e
reproduzem.
Nesse sentido, a música pode ser considerada um elemento importante na educação
infantil, pois contribui para o desenvolvimento integral das crianças, abrangendo aspectos
cognitivos, emocionais, motores, linguísticos, sociais e culturais. Através da música, as crianças
podem aprender sobre si mesmas, sobre o mundo e sobre os outros, de forma lúdica, criativa e
significativa.
O objetivo deste tópico é apresentar o papel da música na aprendizagem de crianças nos
anos iniciais, destacando seus benefícios, suas possibilidades e suas implicações pedagógicas.
Para isso, serão abordados os seguintes tópicos: a concepção de música na educação infantil;
as habilidades desenvolvidas pela música nas crianças e as atividades musicais adequadas para
cada faixa etária.

2.1.1 A concepção de música na educação infantil

A música é uma linguagem que se expressa por meio dos sons e do silêncio, que se
organiza em padrões rítmicos, melódicos e harmônicos, que se manifesta em diferentes gêneros,
estilos e formas, e que se relaciona com os contextos históricos, sociais e culturais nos quais é
produzida e apreciada. A música é, portanto, uma forma de conhecimento, de comunicação, de
arte e de cultura, que envolve tanto a razão quanto a emoção, tanto a técnica quanto a
criatividade, tanto a tradição quanto a inovação.
Na educação infantil, a música deve ser entendida como um direito e um recurso para o
desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, de acordo com as diretrizes curriculares
7

nacionais para essa etapa da educação básica (BRASIL, 2009). A música não deve ser vista
apenas como um conteúdo a ser ensinado, mas como uma linguagem a ser vivenciada,
explorada, experimentada, criada e apreciada pelas crianças, de forma prazerosa e significativa.
Nessa perspectiva, a música na educação infantil não se resume à transmissão de
conceitos, regras, nomes e símbolos musicais, mas abrange o desenvolvimento da sensibilidade,
da percepção, da expressão, da imaginação, da memória, da atenção, do raciocínio, da
coordenação, da cooperação, da criticidade, da diversidade e da identidade musical das
crianças.
A música na educação infantil também não se limita à reprodução de canções infantis,
mas inclui a variedade e a qualidade do repertório musical, que deve contemplar diferentes
gêneros, estilos, épocas, culturas e autores, respeitando as preferências e as especificidades das
crianças, mas também ampliando seus horizontes e seus conhecimentos musicais.
Assim, a música na educação infantil deve ser compreendida como uma prática
pedagógica que envolve quatro dimensões: a audição, a execução, a improvisação e a
composição musical. Cada uma dessas dimensões possui objetivos, estratégias e avaliações
próprias, que devem ser articuladas entre si e com os demais campos de experiência propostos
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil (BRASIL, 2017).

2.1.2 As habilidades desenvolvidas pela música nas crianças

A música é um poderoso estímulo para o desenvolvimento de diversas habilidades nas


crianças, que podem ser classificadas em cinco categorias: linguística, motora, cognitiva,
afetiva e social. A seguir, serão apresentados alguns exemplos de como a música pode favorecer
cada uma dessas habilidades nas crianças nos anos iniciais.
A música contribui para o desenvolvimento da habilidade linguística, ampliando o
vocabulário, a pronúncia, a entonação, a fluência e a compreensão oral das crianças, através de
atividades como cantar músicas, rimas, parlendas e histórias cantadas. Também desenvolve a
consciência fonológica e estimula a alfabetização por meio da associação entre sons e símbolos,
identificação de letras e palavras, e produção de textos musicais (SLEETER; GRANT, 2019).
Quanto à habilidade motora, a música aprimora a percepção e consciência corporal,
melhora a coordenação motora fina e grossa através de atividades como tocar instrumentos
musicais e movimentar-se em sincronia com a música. Também desenvolve a lateralidade, com
movimentos que exploram os lados direito e esquerdo do corpo (SLEETER; GRANT, 2019).
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No âmbito cognitivo, a música desenvolve a atenção, memória, raciocínio e criatividade


das crianças, por meio de atividades que envolvem escutar, reproduzir, analisar, criar e
improvisar com sons, ritmos, melodias e harmonias.
A habilidade afetiva é trabalhada quando a música desperta e amplia o repertório
emocional, favorece a expressão e comunicação de emoções, e permite que as crianças regulem
seu estado emocional através de estratégias musicais.
Por fim, a música contribui para o desenvolvimento da habilidade social, estimulando a
escuta e respeito pelo outro, a participação e cooperação em atividades coletivas, e a valorização
da diversidade cultural através do contato com músicas de diferentes origens.

2.1.3 As atividades musicais adequadas para cada faixa etária

As atividades musicais devem ser adequadas à faixa etária das crianças, levando em
conta as suas características físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Segundo Brito (2003), a
música é um meio de expressão, comunicação e aprendizagem que acompanha o
desenvolvimento humano desde o nascimento até a idade adulta, podendo contribuir para o seu
bem-estar, criatividade e integração.
Na primeira infância (de zero a três anos), as atividades musicais devem explorar as
sensações, os sons, os movimentos e as interações com os adultos e com o ambiente. Nessa
fase, as crianças estão descobrindo o mundo e a si mesmas, por isso precisam de estímulos
sensoriais e afetivos que favoreçam o seu crescimento. As canções de ninar, as cantigas de roda,
os jogos sonoros, os instrumentos simples e os brinquedos musicais são exemplos de atividades
que podem ser realizadas com essa faixa etária (LOUREIRO, 2010).
Na educação infantil (de quatro a cinco anos), as atividades musicais devem estimular
a imaginação, a criatividade, a linguagem e a socialização das crianças. Nessa fase, elas já têm
maior autonomia, curiosidade e capacidade de se expressar, por isso podem participar de
atividades mais elaboradas e diversificadas. As histórias musicais, as dramatizações, as
brincadeiras rítmicas, os jogos musicais, a construção de instrumentos e a apreciação de
diferentes gêneros musicais são exemplos de atividades que podem ser realizadas com essa
faixa etária (FONSECA, 2011).
No ensino fundamental (de seis a 14 anos), as atividades musicais devem ampliar o
repertório, o conhecimento e a reflexão das crianças sobre a música e a sua relação com a cultura
e a sociedade. Nessa fase, elas já têm maior domínio, raciocínio e crítica, por isso podem
participar de atividades mais complexas e desafiadoras. As composições, as improvisações, as
9

apresentações, as pesquisas, as análises e as discussões musicais são exemplos de atividades


que podem ser realizadas com essa faixa etária (SWANWICK, 2003).
Portanto, as atividades musicais adequadas para cada faixa etária devem considerar as
especificidades, as necessidades e as potencialidades das crianças em cada momento do seu
desenvolvimento. A música é uma forma de arte, de linguagem e de cultura que pode enriquecer
a experiência educativa e humana das crianças, desde que seja trabalhada de forma lúdica.

2.2 A importância de trabalhar as relações étnico-raciais

Abordar as diversidades étnicas e raciais desde cedo é fundamental para promover o


respeito, a valorização das diferenças e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Por meio de histórias, músicas, brincadeiras e exemplos positivos, as crianças aprendem sobre
si mesmas e sobre os outros, desenvolvendo empatia e repudiando preconceitos.
No mundo diversificado e interligado de hoje, é essencial abordar as diversidades
étnicas e raciais desde cedo, a fim de promover o respeito, valorizar as diferenças e construir
uma sociedade mais justa e igualitária. A educação na primeira infância desempenha um papel
crucial na formação das atitudes das crianças em relação a si mesmas e aos outros, bem como
na sua capacidade de ter empatia com indivíduos de diferentes origens. (NIETO; BODE, 2018).
Promover o respeito e a valorização das diferenças é fundamental para fomentar uma
cultura de aceitação e apreciação pela rica tapeçaria de experiências humanas. Ao expor as
crianças a histórias, canções, jogos e exemplos positivos que celebram a diversidade, os
educadores podem ajudar a incutir um sentimento de orgulho na sua própria herança, ao mesmo
tempo que cultivam uma abertura para com os outros (SWADENER; LUBECK, 1995).
Além disso, desenvolver empatia e rejeitar preconceitos são competências vitais que
podem ser cultivadas através da educação na primeira infância. Ao encorajar as crianças a se
colocarem no lugar de outra pessoa através de atividades de contar histórias ou dramatizações,
elas podem obter uma compreensão mais profunda das experiências e perspectivas dos outros.
Isto não só ajuda a combater os estereótipos, mas também promove um sentimento de
compaixão e solidariedade entre as diferentes comunidades (SWADENER; LUBECK, 1995).
Em última análise, ao equipar as mentes jovens com as ferramentas para apreciar a
diversidade e desafiar as crenças discriminatórias, podemos trabalhar no sentido da construção
de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos os indivíduos são valorizados pelo que
são, em vez de serem julgados com base em noções preconcebidas.
10

No âmbito da educação infantil, é imperativo enfatizar a importância de promover o


respeito e a valorização das diferenças entre as crianças desde a mais tenra idade. Ao incorporar
diversas histórias, canções, jogos e exemplos positivos no currículo, os educadores podem
cultivar um ambiente que promove a empatia e a compreensão para com indivíduos de diversas
origens étnicas e raciais. Através destas atividades interativas e envolventes, as crianças são
capazes de desenvolver um senso de autoconsciência, ao mesmo tempo que adquirem insights
sobre as experiências e perspectivas dos outros. Esta exposição não só ajuda as crianças a
abraçar as suas próprias identidades, mas também as incentiva a apreciar a riqueza da
diversidade na nossa sociedade (NIETO; BODE; 2018).
Além disso, ao incutir estes valores desde cedo na infância, os educadores são capazes
de combater preconceitos e estereótipos que muitas vezes assolam a nossa sociedade. As
crianças que crescem num ambiente que celebra as diferenças têm maior probabilidade de
rejeitar crenças e comportamentos discriminatórios à medida que amadurecem. Esta abordagem
proativa não só beneficia os alunos individualmente, mas também contribui para a construção
de uma sociedade mais justa e igualitária como um todo. Portanto, é crucial que os educadores
priorizem as questões étnico-raciais na educação infantil como forma de lançar as bases para
uma geração futura que valorize a diversidade, promova o respeito e trabalhe para a criação de
um mundo mais inclusivo.
No âmbito da educação infantil, é imperativo focar no desenvolvimento da empatia e na
rejeição de preconceitos, a fim de promover uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Ao
apresentar às crianças diversas histórias, canções, jogos e exemplos positivos desde tenra idade,
os educadores podem incutir-lhes um sentido de respeito pelos outros e uma apreciação pelas
diferenças. Através destas experiências, as crianças são capazes não só de aprender sobre si
mesmas, mas também de desenvolver uma compreensão e empatia mais profundas para com
indivíduos que podem vir de diferentes origens étnicas ou raciais (DERMAN;
EDWARDS,2010).
Além disso, ao envolverem-se ativamente com as diversidades étnicas e raciais na sala
de aula, as crianças são capazes de desafiar as suas noções e preconceitos preconcebidos que
podem ter sido enraizados nelas pelas normas sociais. Este processo de desaprender
preconceitos é crucial para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos
os indivíduos são valorizados e respeitados, independentemente da sua origem. (DERMAN;
EDWARDS,2010).
Em essência, ao criar um ambiente de aprendizagem que celebra a diversidade e
incentiva a empatia para com os outros, os educadores da primeira infância desempenham um
11

papel fundamental na formação da geração futura no sentido de se tornarem membros mais


compassivos e receptivos da sociedade. É através destes esforços intencionais que podemos
começar a desmantelar as desigualdades sistémicas e trabalhar no sentido da construção de um
mundo mais inclusivo para todos.

2.2.1 Construindo uma sociedade mais justa e igualitária

Para construir uma sociedade mais justa e igualitária, é crucial abordar as diversidades
étnicas e raciais desde cedo. Ao apresentar às crianças histórias, canções, jogos e exemplos
positivos que celebram a diversidade e promovem a empatia, podemos incutir-lhes um sentido
de respeito por si próprios e pelos outros. Através destas experiências, as crianças aprendem a
importância de valorizar as diferenças e rejeitar preconceitos que possam estar enraizados nas
normas sociais. Esta exposição precoce à diversidade não só ajuda as crianças a desenvolver
uma maior compreensão do mundo que as rodeia, mas também estabelece as bases para uma
sociedade mais inclusiva, onde todos os indivíduos são valorizados e respeitados. (BANKS;
MCGEE BANKS, 2010).
Ao iniciarmos estas conversas desde cedo, podemos moldar a forma como as gerações
futuras veem e interagem com pessoas de diferentes origens. É através desta educação
intencional sobre questões étnico-raciais que podemos criar uma sociedade mais justa, onde
todos tenham oportunidades e direitos iguais. Ao promover a empatia e a compreensão desde a
infância, estamos a trabalhar para quebrar as barreiras que nos dividem como sociedade e
construir pontes para um futuro mais harmonioso para todos os indivíduos, independentemente
da sua raça ou etnia (BANKS; MCGEE BANKS, 2010).
Concluindo, abordar as diversidades étnicas e raciais na educação infantil é crucial para
promover o respeito, valorizar as diferenças, desenvolver empatia e rejeitar preconceitos. Ao
incorporar histórias, canções, jogos e exemplos positivos que celebram a diversidade, as
crianças aprendem sobre si mesmas e sobre os outros de uma forma que promove a
compreensão e a aceitação. Esta exposição precoce à diversidade estabelece as bases para uma
sociedade mais justa e igualitária, incutindo valores de igualdade e inclusão desde tenra idade.
Ao promover o respeito e a valorização das diferenças na educação infantil, podemos
ajudar as crianças a desenvolver um sentido de apreciação pelas qualidades únicas que cada
indivíduo traz para a mesa. Isto não só aumenta a sua autoconsciência, mas também os incentiva
a abraçar a diversidade em todas as suas formas.
12

Além disso, ao desenvolver a empatia e rejeitar preconceitos através de iniciativas


educativas focadas em questões étnico-raciais, podemos trabalhar no sentido de criar uma
sociedade onde todos sejam tratados com justiça e igualdade. É através destes esforços que
podemos construir uma sociedade mais justa e igualitária para as gerações futuras prosperarem.

2.3 Atividades envolvendo jogos na formação infantil

Os jogos são excelentes recursos para estimular o desenvolvimento cognitivo, motor,


afetivo e social das crianças. Através do lúdico, elas aprimoram habilidades como resolução
de problemas, raciocínio lógico, criatividade, cooperação e autocontrole. Os jogos também
criam oportunidades de aprendizagem ativa e contextualizada.
Um dos desafios da educação infantil é promover o desenvolvimento integral das
crianças, considerando as suas diferentes dimensões: cognitiva, motora, afetiva e social. Nesse
sentido, os jogos se apresentam como uma ferramenta pedagógica potente, capaz de favorecer
a aprendizagem de forma lúdica, significativa e contextualizada.
Segundo Piaget (1978), o jogo é uma atividade essencial para o desenvolvimento da
inteligência na infância, pois é através dele que a criança constrói sua própria realidade,
experimenta novas situações, elabora hipóteses e testa suas possibilidades. O jogo também
possibilita o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, ou seja, entre a adaptação do meio
às estruturas internas do sujeito e a modificação dessas estruturas em função das exigências do
meio.
Para Vygotsky (1984), o jogo é uma forma de atividade criadora, na qual a criança
utiliza a imaginação para representar diferentes papéis, objetos e cenários. O jogo também é
um espaço de interação social, no qual a criança se relaciona com outras pessoas, compartilha
regras, negocia significados e desenvolve a linguagem. Além disso, o jogo é uma fonte de
prazer e emoção, na qual a criança expressa seus sentimentos, desejos e conflitos.
De acordo com Bruner (1976), o jogo é um modo de pensamento simbólico, no qual a
criança utiliza signos e símbolos para comunicar e interpretar o mundo. O jogo também é um
processo de descoberta, no qual a criança explora e manipula diversos materiais, buscando
compreender suas propriedades e relações. Nesse processo, a criança desenvolve habilidades
como resolução de problemas, raciocínio lógico, criatividade e cooperação.
Assim, é possível afirmar que os jogos são excelentes recursos para estimular o
desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social das crianças. Através do lúdico, elas
aprimoram habilidades como resolução de problemas, raciocínio lógico, criatividade,
13

cooperação e autocontrole. Os jogos também criam oportunidades de aprendizagem ativa e


contextualizada.
No entanto, para que os jogos sejam efetivos como instrumentos pedagógicos, é preciso
que os educadores tenham clareza sobre os seus objetivos, conteúdos e metodologias. Nesse
sentido, é fundamental que os professores da educação infantil recebam formação continuada
sobre o tema, a fim de ampliar seus conhecimentos teóricos e práticos, bem como suas
possibilidades de intervenção.
A formação continuada de professores é uma estratégia que visa atualizar e aperfeiçoar
as competências profissionais dos educadores, tendo em vista as demandas da sociedade
contemporânea e as necessidades dos alunos. Segundo Nóvoa (1992), a formação continuada
deve ser entendida como um processo permanente de reflexão crítica sobre a prática docente,
envolvendo a análise das experiências, a troca de saberes, a construção coletiva de
conhecimentos e a transformação da realidade educativa.
Dessa forma, a formação continuada de professores na educação infantil deve abordar
os jogos como uma temática relevante, considerando as suas múltiplas contribuições para o
desenvolvimento infantil e para a aprendizagem. A formação deve oferecer aos professores
subsídios teóricos e metodológicos para que eles possam selecionar, organizar, mediar e avaliar
os jogos de forma adequada, respeitando as características, os interesses e as potencialidades
das crianças. A formação também deve estimular os professores a criarem seus próprios jogos,
utilizando materiais diversos e acessíveis, bem como a articularem os jogos com os demais
componentes curriculares.
Neste artigo, apresentamos uma revisão bibliográfica qualitativa descritiva sobre a
formação continuada de professores na educação infantil, com foco nas atividades envolvendo
jogos. O objetivo foi sintetizar as evidências disponíveis sobre o tema, a partir da análise crítica
e sistemática dos estudos publicados. A seguir, descrevemos as metodologias utilizadas na
pesquisa e os principais resultados encontrados.

3 METODOLOGIAS

Para fins metodológicos, este estudo utilizou uma pesquisa de revisão bibliográfica do
tipo qualitativa descritiva sobre a formação continuada de professores na educação infantil. A
pesquisa foi concluída no mês de março de 2024, foram realizadas buscas nas seguintes bases
de dados eletrônicas: Scopus, SciELO, Eric (Education Resources Information Center).
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Adicionalmente, foram identificados estudos científicos relevantes publicados sobre a temática


através de buscas manuais em revistas especializadas em educação e referências cruzadas.
De acordo com Ferreira (2020), a revisão bibliográfica qualitativa descritiva é um
método que permite sintetizar as evidências disponíveis sobre um tema específico, a partir da
análise crítica e sistemática dos estudos publicados. Esse tipo de revisão busca responder a
questões sobre a formação de professores, utilizando critérios rigorosos de seleção e avaliação
dos estudos, bem como estratégias abrangentes de busca nas fontes científicas. Assim, a revisão
contribui para aprimorar o conhecimento na área da educação infantil, fornecendo subsídios
baseados em evidências para nortear práticas e políticas.
Os critérios de inclusão foram: artigos publicados entre 2013 e 2023, em português,
inglês ou espanhol, que abordassem a formação continuada de professores na educação infantil,
seus desafios, possibilidades e impactos. Foram excluídos artigos de revisão, relatos isolados,
estudos inconclusivos ou com metodologia confusa. A delimitação criteriosa visa assegurar a
relevância, qualidade e coerência dos estudos selecionados com os objetivos propostos.
As buscas utilizaram combinações de palavras-chave como: "formação continuada de
professores", "educação infantil", "práticas pedagógicas", "desafios na educação". Essa
estratégia de busca, somada à consulta manual em periódicos especializados e análise de
referências, maximiza a identificação de estudos relevantes sobre o tema.
Os artigos selecionados foram analisados criticamente quanto à relevância, qualidade
metodológica e confiabilidade dos resultados, visando identificar as melhores evidências sobre
a formação continuada de professores da educação infantil e sintetizar os dados para responder
aos objetivos propostos. A avaliação rigorosa da qualidade dos estudos é essencial para que as
conclusões sejam embasadas em evidências robustas e confiáveis.
Este estudo seguiu as diretrizes éticas estabelecidas, respeitando os direitos autorais e
as normas de citação e referenciação vigentes. Todas as fontes utilizadas foram devidamente
referenciadas, evitando plágio. A conduta ética nesta revisão bibliográfica é imprescindível para
assegurar a integridade, credibilidade dos resultados e valorização dos trabalhos dos
pesquisadores consultados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A formação continuada de professores na educação infantil é uma temática que envolve


diversos aspectos teóricos e práticos, relacionados às concepções, às modalidades, às
metodologias, aos conteúdos, aos sujeitos, aos contextos e aos impactos sobre o ensino e a
15

aprendizagem das crianças. Nesta seção, apresentamos e discutimos os resultados encontrados


na revisão bibliográfica realizada, buscando responder aos objetivos propostos nesta pesquisa.
Para identificar as concepções e as práticas de formação continuada de professores na
educação infantile, foi analisado os diferentes tipos de formação continuada existentes, bem
como os princípios, as finalidades e as características que orientam as propostas formativas
voltadas para os professores da primeira etapa da educação básica.
De acordo com a literatura consultada, a formação continuada de professores pode ser
definida como um processo permanente de aperfeiçoamento profissional que visa ampliar os
conhecimentos, as habilidades, as atitudes e as competências dos educadores, tendo em vista a
melhoria da qualidade da educação (ALMEIDA; PLACCO, 2016). A formação continuada
pode ocorrer de diversas formas, tais como cursos presenciais ou a distância, oficinas,
seminários, grupos de estudos, projetos colaborativos, comunidades de aprendizagem, entre
outras (GATTI, 2014).
As concepções de formação continuada podem variar de acordo com os pressupostos
teóricos, as políticas públicas, os interesses dos agentes envolvidos e as demandas sociais e
educacionais. Nesse sentido, Ramos (2019) identifica duas grandes tendências na formação
continuada de professores: uma concepção tradicional e uma concepção crítica.
Já no aspecto da concepção tradicional de formação continuada é baseada em uma visão
tecnicista e normativa do trabalho docente, que privilegia a transmissão de conteúdos e técnicas
pedagógicas, desconsiderando a reflexão, a participação, a autonomia e a contextualização dos
saberes e das práticas dos professores. Essa concepção tende a adotar modalidades de formação
centradas no treinamento, na capacitação ou na atualização dos educadores, sem levar em conta
as suas necessidades, os seus interesses e as suas experiências (RAMOS, 2019).
A concepção crítica de formação continuada, por sua vez, é fundamentada em uma visão
dialética e emancipatória do trabalho docente, que valoriza a construção coletiva e situada de
conhecimentos e práticas que respondam aos desafios educacionais No entanto, as
representações no nível da palavra por si só não são suficientes para capturar a rica informação
semântica e sintática das línguas naturais. As representações no nível frasal, que codificam o
significado de uma frase ou parágrafo inteiro, podem fornecer mais contexto e nuances para
várias tarefas derivadas, como tradução automática, resumo de texto ou análise de sentimento.
Portanto, é desejável estender a ideia de representação de palavras translinguística para o nível
frasal e aprender essas representações de uma forma não supervisionada.
A formação continuada de professores na educação infantil é uma temática que envolve
diversos aspectos teóricos e práticos, relacionados às concepções, às modalidades, às
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metodologias, aos conteúdos, aos sujeitos, aos contextos e aos impactos sobre o ensino e a
aprendizagem das crianças. Nesta seção, apresentamos e discutimos os resultados encontrados
na revisão bibliográfica realizada, buscando responder aos objetivos propostos nesta pesquisa.
O primeiro objetivo específico foi identificar as concepções e as práticas de formação
continuada de professores na educação infantil. Para isso, analisamos os diferentes tipos de
formação continuada existentes, bem como os princípios, as finalidades e as características que
orientam as propostas formativas voltadas para os professores da primeira etapa da educação
básica.
De acordo com a literatura consultada, a formação continuada de professores pode ser
definida como um processo permanente de aperfeiçoamento profissional que visa ampliar os
conhecimentos, as habilidades, as atitudes e as competências dos educadores, tendo em vista a
melhoria da qualidade da educação (ALMEIDA; PLACCO, 2016). A formação continuada
pode ocorrer de diversas formas, tais como cursos presenciais ou a distância, oficinas,
seminários, grupos de estudos, projetos colaborativos, comunidades de aprendizagem, entre
outras (GATTI, 2014).
As concepções de formação continuada podem variar de acordo com os pressupostos
teóricos, as políticas públicas, os interesses dos agentes envolvidos e as demandas sociais e
educacionais. Nesse sentido, Ramos (2019) identifica duas grandes tendências na formação
continuada de professores: uma concepção tradicional e uma concepção crítica.
A concepção tradicional de formação continuada é baseada em uma visão tecnicista e
normativa do trabalho docente, que privilegia a transmissão de conteúdos e técnicas
pedagógicas, desconsiderando a reflexão, a participação, a autonomia e a contextualização dos
saberes e das práticas dos professores. Essa concepção tende a adotar modalidades de formação
centradas no treinamento, na capacitação ou na atualização dos educadores, sem levar em conta
as suas necessidades, os seus interesses e as suas experiências (RAMOS, 2019).
A concepção crítica de formação continuada, por sua vez, é fundamentada em uma visão
dialética e emancipatória do trabalho docente, que valoriza a construção coletiva e situada de
conhecimentos e práticas que respondam aos desafios e às demandas da realidade educacional.
Essa concepção propõe modalidades de formação baseadas no diálogo, na problematização, na
pesquisa, na colaboração e na reflexão crítica sobre a própria prática, estimulando o
desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da responsabilidade social dos professores
(RAMOS, 2019).
As práticas de formação continuada de professores na educação infantil refletem, em
maior ou menor grau, essas concepções, sendo influenciadas pelas políticas educacionais, pelos
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projetos pedagógicos, pelas culturas institucionais e pelos contextos socioculturais em que se


inserem. Nesse sentido, Silva e Barbosa (2018) realizaram um estudo de caso em uma escola
pública de educação infantil no município de São Paulo, buscando compreender como se dava
a formação continuada dos professores naquela instituição.
Os autores constataram que a formação continuada dos professores era oferecida pela
Secretaria Municipal de Educação, por meio de cursos presenciais e a distância, e pela própria
escola, por meio de reuniões pedagógicas e grupos de estudos. Os temas abordados nas
formações estavam relacionados ao currículo, à avaliação, à metodologia, à ludicidade, à
diversidade, entre outros. No entanto, os autores observaram que as formações eram
predominantemente pautadas por uma concepção tradicional, que não considerava as
especificidades da educação infantil, nem as demandas e as expectativas dos professores. Além
disso, as formações eram fragmentadas, desarticuladas e pouco sistemáticas, dificultando a sua
aplicação na prática pedagógica.
Um outro estudo, realizado por Costa e Silva (2017), analisou as concepções e as
práticas de formação continuada de duas professoras da educação infantil em uma escola no
Distrito Federal. As autoras utilizaram como instrumentos de coleta de dados entrevistas,
observações e análise documental. Os resultados mostraram que as professoras tinham uma
concepção crítica de formação continuada, entendendo-a como um processo reflexivo,
colaborativo e contextualizado, que contribuía para o seu desenvolvimento profissional e
pessoal. No entanto, as práticas de formação continuada oferecidas pela escola não
correspondiam a essa concepção, sendo mais voltadas para a atualização de conteúdos e
técnicas, sem favorecer a troca de experiências, a problematização e a participação dos
professores.
Esses estudos revelam que há uma distância entre as concepções e as práticas de
formação continuada de professores na educação infantil, evidenciando a necessidade de se
repensar e de se reorganizar as propostas formativas, de modo a torná-las mais coerentes,
significativas e efetivas para os educadores dessa etapa da educação básica.
O segundo objetivo específico foi avaliar os impactos da formação continuada de
professores na educação infantil sobre o ensino e a aprendizagem das crianças. Para isso,
examinamos os efeitos das ações formativas sobre o desempenho, a motivação, a satisfação e a
autoeficácia dos professores, bem como sobre a qualidade das interações, das atividades e dos
ambientes de aprendizagem das crianças.
De acordo com a literatura consultada, a formação continuada de professores tem
impactos positivos tanto sobre o trabalho docente quanto sobre o desenvolvimento infantil,
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desde que seja planejada e executada de forma adequada, considerando os princípios da


formação crítica, já mencionados anteriormente. A formação continuada pode proporcionar aos
professores oportunidades de ampliar seus conhecimentos, de refletir sobre suas práticas, de
compartilhar suas experiências, de experimentar novas estratégias, de resolver problemas, de
inovar e de aprimorar sua atuação profissional (OLIVEIRA; ROSSETTO, 2015).
Além disso, a formação continuada pode influenciar positivamente a motivação, a
satisfação e a autoeficácia dos professores, aumentando o seu engajamento, o seu
comprometimento, o seu orgulho e a sua confiança em relação ao seu trabalho. Esses fatores
afetivos são fundamentais para a qualidade do ensino e da aprend izagem, pois afetam a forma
como os professores se relacionam com as crianças, com os colegas, com os gestores e com as
famílias, bem como a forma como planejam, organizam, conduzem e avaliam as atividades
pedagógicas (SILVA; TEIXEIRA, 2016).
Os impactos da formação continuada de professores sobre o desenvolvimento infantil
também são evidentes, uma vez que os professores qualificados são capazes de criar ambientes
de aprendizagem mais ricos, estimulantes, diversificados e acolhedores para as crianças. Os
professores formados são mais sensíveis às necessidades, aos interesses, às potencialidades e
às diferenças das crianças, podendo oferecer-lhes oportunidades de explorar, de brincar, de
expressar-se, de interagir, de questionar, de criar e de aprender de forma lúdica, prazerosa e
significativa (FREITAS; KISHIMOTO, 2017).
Um estudo que ilustra esses impactos foi realizado por Duarte e Dias (2018), que
investigaram os efeitos de um projeto de formação continuada de professores na educação
infantil em uma escola pública do município de Belo Horizonte. O projeto teve como objetivo
promover a reflexão e a transformação das práticas pedagógicas dos professores, tendo como
eixo norteador a ludicidade. O projeto envolveu oficinas, palestras, visitas, reuniões,
acompanhamento e avaliação, abordando temas como os conceitos, as funções, as modalidades
e as linguagens do brincar, a relação entre brincadeira e desenvolvimento, o papel do professor
e o planejamento das atividades lúdicas.
As autoras utilizaram como instrumentos de coleta de dados questionários, entrevistas,
observações e análise documental. Os resultados mostraram que o projeto de formação
continuada teve impactos positivos sobre o trabalho docente e sobre o desenvolvimento infantil.
Os professores relataram que ampliaram seus conhecimentos sobre a ludicidade, que passaram
a valorizar mais o brincar como atividade pedagógica, que diversificaram as propostas lúdicas,
que melhoraram a relação com as crianças e que aumentaram sua satisfação e sua autoestima
profissional. As crianças, por sua vez, demonstraram mais interesse, mais participação, mais
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alegria, mais criatividade, mais autonomia, mais cooperação e mais aprendizagem nas
atividades lúdicas propostas pelos professores.
Esse estudo confirma que a formação continuada de professores na educação infantil
pode ter efeitos benéficos tanto para os educadores quanto para as crianças, desde que seja
realizada de forma reflexiva, crítica e contextualizada, atendendo às necessidades, aos
interesses e às expectativas dos envolvidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo geral analisar as possibilidades e os desafios da


formação continuada de professores na educação infantil, abordando temas como a música, as
relações raciais e a pedagogia na primeira etapa da educação básica.
A partir da revisão bibliográfica e da metodologia qualitativa, o trabalho buscou
compreender como a formação continuada pode influenciar na prática pedagógica dos
educadores infantis, bem como quais são as dificuldades e as demandas enfrentadas por eles no
exercício da sua profissão. Os resultados obtidos mostraram que a formação continuada é
essencial para o desenvolvimento profissional e pessoal dos professores, mas que existem
vários obstáculos que dificultam ou impedem a sua realização, tais como a falta de tempo, de
recursos, de apoio institucional e de políticas públicas adequadas.
Diante disso, o trabalho concluiu que a formação continuada de professores na educação
infantil é um direito e um dever dos educadores, que deve ser valorizado e incentivado pela
sociedade e pelo poder público, tendo em vista a melhoria da qualidade da educação ofertada
às crianças. O trabalho também apontou algumas possibilidades para a concretização dessa
formação, como a criação de espaços de troca de experiências, de reflexão crítica e de
construção coletiva do conhecimento entre os profissionais da educação infantil, assim como a
utilização de recursos tecnológicos e de diferentes linguagens artísticas como instrumentos
pedagógicos.
No entanto, o trabalho também reconheceu as suas limitações, que se relacionam
principalmente com o recorte teórico e metodológico adotado, que não permitiu uma
abordagem mais ampla e aprofundada do tema. Além disso, o trabalho também não contemplou
outras perspectivas e contextos que poderiam enriquecer a análise, como as vozes dos próprios
professores e das crianças, as especificidades regionais e culturais, as questões de gênero e
diversidade, entre outras.
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Por isso, o trabalho sugere que novas pesquisas sejam realizadas sobre a formação
continuada de professores na educação infantil, explorando outras fontes, metodologias e
abordagens que possam contribuir para o avanço do conhecimento nessa área. Também se
recomenda que os pesquisadores estabeleçam um diálogo constante com os educadores infantis,
buscando conhecer as suas demandas, as suas dificuldades e as suas experiências, bem como
valorizar o seu saber e a sua prática. Por fim, espera-se que este trabalho possa servir de
estímulo e de reflexão para os profissionais da educação infantil, que são os principais agentes
e protagonistas da formação continuada.

REFERÊNCIAS

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continuada de professores: concepções e desafios. Revista Educação em Questão, Natal, v.
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