15244-Texto Do Artigo-64994-1-10-20140714

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Mayckel da Silva Barreto, Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Maria Angélica Pagliarini Waidman, Sonia Silva Marcon

A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA


NO BRASIL
A history of Public Health Policy for systemic arterial hypertension in Brazil

Mayckel da Silva Barreto1, Regina Lúcia Dalla Torre Silva2,


Maria Angélica Pagliarini Waidman3, Sonia Silva Marcon4

RESUMO ABSTRACT

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), há décadas, é um Systemic Arterial Hypertension (SAH), for decades,
dos principais problemas de saúde pública no Brasil. O has been one of the major public health problems in
objetivo do estudo foi relatar a trajetória histórica das po- Brazil. The aim of this study was to report the historical
líticas públicas brasileiras de saúde para o cuidado à HAS. trajectory of Brazilian public health policies for the care
Trata-se de uma revisão integrativa com levantamento de of SAH. This is an integrative review with a survey
artigos, realizado no mês de junho de 2011, em três bases of articles, conducted in June 2011, in three indexed
de dados indexadas: Literatura Latino-Americana e do Ca- databases: Literatura Latino-Americana em Ciências da
ribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online
Library Online (SciELO) e Medical Literature Analysis (SciELO), and Medical Literature Analysis and Retrieval
and Retrieval System Online (MEDLINE). Após a leitura System Online (MEDLINE). After reading the summaries
dos resumos dos 41 artigos localizados, verificou-se que of the 41 identified articles, available electronically in full,
apenas 14 se enquadraram nos critérios de inclusão pré- it was found that only 14 fit the pre-established inclusion
-estabelecidos. Os achados evidenciaram que o Brasil ini- criteria. From the results it became clear that Brazil began
ciou suas políticas públicas para a HAS no fim da década its public policies for hypertension in the late 1980s,
de 1980 e que modificou seu paradigma assistencial com and undertook a change in the care paradigm with the
a implementação do Sistema Único de Saúde e do Pro- implementation of the Unified Health System and the
grama Saúde da Família. No entanto, apesar de diversas Family Health Program. However, despite several public
políticas públicas terem sido instauradas, ainda é difícil policies having been introduced, the early diagnosis,
o diagnóstico precoce, tratamento e controle da HAS na treatment, and control of SAH in primary health care is
atenção primária à saúde. still difficult.

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão; Programas Nacio- KEYWORDS: Hypertension; National Health Programs;


nais de Saúde; Revisão. Review.

INTRODUÇÃO 45,9% da população idosa acima de 65 anos, no período


de 1980 a 2000, ocasionando transformações quanto à in-
O atual estágio da transição demográfica no Brasil re- cidência e à prevalência das doenças, bem como quanto
sultou em modificações na pirâmide etária da população, aos altos índices de óbitos causados pelas Doenças Crôni-
na elevação da expectativa de vida e, ainda, no aumento de cas Não Transmissíveis (DCNT).1 No ano de 2005, cerca

1
Mayckel da Silva Barreto, enfermeiro. Doutorando em Enfermagem. Docente e coordenador adjunto do Departamento de Enfermagem da Fundação Faculdade de
Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari (FAFIMAN). E-mail: [email protected]
2
Regina Lúcia Dalla Torre Silva, enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá – PR. Docente do Departamento de En-
fermagem da Universidade Estadual de Maringá
3
Maria Angélica Pagliarini Waidman, enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Esta-
dual de Maringá
4
Sonia Silva Marcon, enfermeira Doutora em Filosofia da Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá

460 Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468.


A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL

de 35 milhões de pessoas morreram por DCNT no mun- presente estudo que teve por objetivo traçar a trajetória
do.2 No Brasil, 74% das mortes ocorridas entre os anos histórica das políticas públicas de saúde no Brasil, no que
2002 e 2004 foram por essas doenças, com uma leve ten- tange aos cuidados à HAS.
dência de crescimento.3
As DCNT apresentam etiologia múltipla, longos pe- METODOLOGIA
ríodos de latência que dificultam o diagnóstico, curso
prolongado e associação a deficiências e incapacidades Estudo de revisão integrativa, que inclui a análise de
funcionais, o que culmina com a impossibilidade da com- pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de
pleta definição de sua causa. Por outro lado, os avanços decisão e para a melhoria da prática clínica, possibilitando
em pesquisa permitiram identificar fatores de risco, que a síntese do estado do conhecimento de um determinado
são classificados como não modificáveis - como o sexo, a assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que
idade e a herança genética - e os modificáveis ou compor- precisam ser preenchidas com a realização de novos es-
tamentais - como o tabagismo, sedentarismo e consumo tudos.9
de álcool e outras drogas, sendo que os fatores compor- Para sua elaboração, as seguintes etapas foram percor-
tamentais são potencializados por fatores condicionantes, ridas: estabelecimento da hipótese e objetivos da revisão
tais como socioeconômicos, culturais e ambientais.4 integrativa; determinação dos critérios de inclusão e ex-
Entre as DCNT, destacamos a Hipertensão Arterial clusão de artigos para a seleção da amostra; definição das
Sistêmica (HAS), uma patologia de natureza multifatorial, informações a serem extraídas dos artigos selecionados;
caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão análise dos resultados; e, por fim, a discussão e a apresen-
arterial (PA) e que é considerada como um dos principais tação dos resultados de forma narrativa.9
fatores de risco para o desenvolvimento de complicações Para guiar a revisão integrativa, formulou-se a seguinte
renais, doenças cardíacas e cerebrovasculares, represen- questão norteadora: No decorrer da história, quais foram
tando, portanto, altos custos médicos e socioeconômi- as políticas públicas de saúde que embasaram a assistência
cos, decorrentes principalmente das complicações que a à HAS no Brasil? Os critérios de inclusão utilizados para a
acompanham.5,6 seleção da amostra foram: artigos completos, disponíveis
Estimativas indicam uma prevalência ascendente da eletronicamente, nos idiomas português, inglês ou espa-
HAS e seu impacto nas populações será ainda mais dano- nhol, que retratassem alguma política pública, estratégia
so nos próximos anos. Em nosso país, essas estimativas ou programa de saúde, brasileiros para prevenção, acom-
apontam que 18 milhões de indivíduos são hipertensos, e panhamento e tratamento da HAS, independentemente
seus agravos vêm se apresentando como a principal causa da data de sua publicação, uma vez que se buscou rela-
de óbito desde a década de 1960. Nesse cenário, a HAS tar o percurso histórico das políticas de saúde voltadas
apresenta-se como um dos principais problemas de saúde ao hipertenso. Por sua vez, como critério de exclusão, os
pública no Brasil e no mundo, principalmente, em decor- artigos repetidos foram retirados.
rência de seu curso clínico lento, gradual e assintomático.7,8 O levantamento dos artigos foi realizado no mês de ju-
A atuação profissional na área da saúde coletiva de- nho de 2011, em três bases de dados indexadas: Literatura
monstra que, por ser uma doença com as características Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LI-
supracitadas, muitas pessoas somente descobrem a HAS LACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Medical
quando as complicações clínicas já se encontram instala- Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE).
das. Por outras vezes, não aceitam o diagnóstico e o trata- Para a busca, foram utilizados os descritores controla-
mento, por não apresentarem sintomas ou, ainda, por se dos da Biblioteca Virtual em Saúde, por meio dos Descri-
sentirem saudáveis/normotensas. Dessa forma, apesar do tores em Ciências da Saúde (DeCS), como “hipertensão”
investimento atual dos serviços públicos no atendimento e “estratégias nacionais”; “hipertensão” e “programas go-
às pessoas com HAS, percebe-se ainda uma lacuna na as- vernamentais”; e “hipertensão” e “programas nacionais
sistência ofertada, pois aumenta a cada dia a incidência/ de saúde”. Em virtude das características específicas para
prevalência dos agravos na população. o acesso em cada uma das bases de dados selecionadas,
Todas essas questões demonstram a necessidade de as estratégias utilizadas para a busca dos artigos foram
políticas públicas integradas para abordagem do proble- adaptadas, tendo sempre como eixo norteador a questão
ma. Assim, instigados pela necessidade de conhecer o previamente elaborada e os critérios de inclusão.
curso pelo qual a assistência ao hipertenso se desenvolveu Foram localizados 14 artigos completos na base de
em nosso país e pela escassez de estudos na literatura que dados MEDILINE, 25 no SciELO e 20 na LILACS, to-
relatem esses caminhos, propusemo-nos a desenvolver o dos em língua portuguesa e apenas um publicado em pe-

Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468. 461


Mayckel da Silva Barreto, Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Maria Angélica Pagliarini Waidman, Sonia Silva Marcon

riódico internacional. Após a exclusão de 18 artigos que artigos, apenas 14 se enquadravam nos critérios de inclu-
estavam disponíveis em mais de uma base de dados, foi são e respondiam à questão norteadora, sendo este o nú-
realizada a leitura dos resumos e verificou-se que dos 41 mero de artigos que compôs a amostra (Quadro 01).

Quadro 01 - Artigos localizados segundo a base de dados indexada, ano de publicação e objetivo do estudo, Maringá –
Paraná; 2011.
Base de Ano de
Título do artigo Objetivo do estudo
dados publicação

Abordar a relevância da vigilância epidemiológica


Doenças crônicas não transmissíveis no
para DCNT e comentar a adaptação brasileira da
SciELO Brasil: um desafio para a complexa tarefa 2004
proposta da OMS para a atuação sobre os fatores de
de vigilância
risco modificáveis das DCNT.

Qualidade de vida de indivíduos


Descrever o perfil epidemiológico e avaliar a
com diabetes mellitus e hipertensão
SciELO qualidade de vida dos indivíduos com DM e HAS, 2008
acompanhados por uma equipe da saúde
acompanhados por uma equipe de Saúde da Família.
da família

Identificar e classificar as necessidades de educação


Necessidades de educação em saúde dos
SciELO em saúde apresentadas pelos cuidadores de doentes 2007
cuidadores de pessoas idosas no domicílio
crônicos, baseadas na CIPE em Saúde Coletiva.

Avaliação da implantação da atenção


à hipertensão arterial pelas equipes de Avaliar a implantação da atenção à HAS pelas equipes
SciELO 2011
Saúde da Família do município do Recife de Saúde da Família do município do Recife (PE).
(PE, Brasil).

As políticas públicas de saúde no Brasil: o


Descrever a história das políticas sociais e o modo
SciELO sistema único de saúde (SUS) e a rede de 2007
como se configurou a saúde pública no Brasil.
saúde em Franca

Desenvolvimento da promoção da saúde Estudar o desenvolvimento da institucionalização da


SciELO no Brasil nos últimos vinte anos (1988- promoção da saúde no Brasil nos últimos vinte anos, 2009
2008). desde a Constituição Federal de 1988.

Mensurar a efetividade do controle da HAS,


Avaliação da efetividade do controle da
segundo a redução dos níveis de PA em hipertensos
LILACS hipertensão arterial em unidade básica de 1996
submetidos a ações programáticas para controle da
saúde
doença e identificar condições associadas à redução.

Descrever a distribuição dos indicadores referentes


Hipertensão arterial sistêmica: o que à HAS entre os pacientes cadastrados no ano de
LILACS nos dizem os sistemas brasileiros de 2004 em todo o Brasil no HIPERDIA e também 2007
cadastramentos e informações em saúde os indicadores de Controle da HAS do Pacto de
Indicadores da Atenção Básica entre 2000 e 2006.

Plano de Reorganização da Atenção


Descrever o Plano de reorganização da atenção à
à Hipertensão Arterial e ao Diabetes
LILACS HAS e ao DM e relatar os resultados da campanha 2001
Mellitus: fase de detecção de casos
nacional para a detecção de DM.
suspeitos de DM

As campanhas nacionais para detecção Analisar criticamente a magnitude das campanhas


LILACS das doenças crônicas não-transmissíveis: nacionais de detecção de casos novos de DM e de 2004
diabetes e HAS HAS.

462 Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468.


A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL

Avaliar a redução dos custos com a dispensação de


Atividade física e redução de custos por medicamentos pelo SUS para o tratamento de HAS
LILACS doenças crônicas ao Sistema Único de e DM e com internações hospitalares por estas 2010
saúde doenças, promovidas pela realização de atividade
física, na cidade de Pelotas (RS).
Avaliação da implementação do siste-
ma informatizado de cadastramento
Avaliar a implementação do HIPERDIA nos
LILACS e acompanhamento de hipertensos e 2008
municípios do estado do Rio de Janeiro.
diabéticos nos municípios do estado do
Rio de Janeiro
Identificar a qualificação de enfermeiros que prestam
Controle da hipertensão arterial na
assistência aos hipertensos e descrever ações de
MEDLINE atenção primária em saúde: uma análise 2005
controle desenvolvidas no campo da atenção primária
das práticas do enfermeiro
em saúde.

Analisar o desempenho do Programa Farmácia


Preços e disponibilidade de medica-
Popular do Brasil perante os setores, público e
MEDLINE mentos no Programa Farmácia Popular 2010
privado, em relação a: disponibilidade, preço e custo,
do Brasil
para o paciente, de medicamentos para HAS e DM.

Fonte: dados da pesquisa.

Durante a elaboração do manuscrito, percebeu-se que toda a população com ênfase na assistência básica à saú-
os documentos oficiais do Ministério da Saúde (MS) po- de. No entanto a organização das ações estava baseada
deriam constituir fonte de informações, assim foram con- na lógica dos programas de saúde, de caráter vertical e
sultados os manuais, portarias e leis, que pudessem sub- centralizado no MS, predominando as ações individuais e
sidiar o relato da história das políticas públicas de saúde medicalizantes, não impactando positivamente na morbi-
para a HAS no Brasil. mortalidade por enfermidades cardiovasculares em nível
populacional. Mesmo com uma baixa efetividade, o pro-
RESULTADOS E DISCUSSÃO grama norteou a política de prevenção e controle da HAS
por mais de dez anos, em decorrência do paradigma assis-
Pelo fato de se relatar uma trajetória histórica, fez-se tencial vigente.10
necessária a construção dos resultados de forma narrati-
va, de acordo com a sequência cronológica temporal dos Criação e implementação do SUS: Busca pela mudança do paradig-
acontecimentos. ma de assistência à saúde

Políticas públicas de saúde para HAS: Percorrendo e No fim da década de 1980, a sociedade vivenciava um
compreendendo a história processo de democratização política, superando o regime
ditatorial instaurado em 1964. Uma das consequências
Desde a década de 1970, nos países desenvolvidos, dessa redemocratização foi a criação do Sistema Único
existia a preocupação governamental com as DCNT e de Saúde (SUS) brasileiro, que levaria à busca pela mo-
seus agravos. Dessa forma, buscou-se desenvolver inicia- dificação do paradigma assistencial. Iniciava-se, também
tivas e estratégias que levassem à mudança do comporta- no Brasil, uma dicotomia complexa, na qual a conjuntura
mento da população, com vistas à redução dos fatores de da saúde retratava as contradições do país: havia um qua-
risco que desencadeavam as doenças. dro de doenças infecto-contagiosas próprias do subde-
No Brasil, a primeira tentativa de implementação de senvolvimento, e constatava-se o crescente aparecimento
uma política pública, com o objetivo de diminuir o núme- de DCNT próprias das sociedades industrializadas, o que
ro de hospitalizações e óbitos decorrentes dos agravos da seria mais um agravante para a construção do projeto da
HAS, ocorreu no final da década de 1980, por meio do Reforma Sanitária Brasileira.11
Programa de Ações Básicas de Saúde (PREV-SAÚDE). O Dois momentos históricos também contribuíram para
projeto pretendia estender a cobertura dos serviços para a construção do SUS, por representarem as ideias centrais

Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468. 463


Mayckel da Silva Barreto, Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Maria Angélica Pagliarini Waidman, Sonia Silva Marcon

de sua criação e concentrarem as necessidades e expecta- agravos, principalmente por meio da mudança no estilo
tivas da sociedade em relação à saúde. No contexto mun- de vida dos indivíduos.
dial, em 1978, ocorreu a 1ª Conferência Internacional da
Atenção Primária, que enunciou a Declaração de Alma- Portarias, programas e políticas nacionais: A HAS
Ata, destacando a determinação econômica e social da em foco
saúde e a necessidade de uma abordagem diferenciada,
para extrapolar a assistência centrada na doença. No Bra- Nos últimos anos da década de 1990 e no início dos
sil, em 1986, ocorreu a 8ª Conferência Nacional de Saú- anos 2000, a prevenção para as DCNT, em especial as
de, considerada um marco na história da saúde pública cardiovasculares, tornou-se preocupação de várias orga-
brasileira, que consagra os princípios preconizados pelo nizações internacionais, enfatizando os chamados países
Movimento da Reforma Sanitária.11 do Terceiro Mundo10. Associado a isso, o elevado número
O dever estatal de ofertar o acesso universal à saúde de hospitalizações e de óbitos decorrentes de agravos da
é legalizado na Constituição Federal de 1988 e garantido HAS levou o MS, no ano de 2001, a promulgar a Norma
mediante políticas sociais e econômicas que visem à re- Operacional da Assistência à Saúde (NOAS) 01 que esta-
dução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso beleceu, entre outras coisas, as diretrizes para a amplia-
universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, ção do acesso e da qualidade da atenção básica e definiu
proteção e recuperação da saúde.12 A criação do SUS re- o controle da HAS como sua área de atuação estratégica
presentou, portanto, um grande avanço para a sociedade, mínima.15-17
com o princípio de universalização do atendimento, tor- Ainda no ano de 2001, o MS lançou o Plano de Reor-
nando-o público e gratuito a qualquer cidadão brasileiro, ganização da Atenção à HAS e ao Diabetes mellitus (DM)
trazendo uma nova visão de assistência à saúde. em todo o país, com o intuito de minimizar a ocorrência
No início da década de 1990, mesmo após a imple- de seus agravos. Destarte, diversas ações foram imple-
mentação do SUS, havia a necessidade de suprir as lacu- mentadas nos estados e municípios, como capacitações
nas impostas pelo modelo biomédico hegemônico ainda profissionais na atenção básica; pactuação de normas e
vigente. Diante disso, após muitas relutâncias e até mesmo metas entre as três esferas da gestão de saúde; promoção
entraves governamentais, foi elaborado e implementado de atividades educativas; atenção à assistência farmacêu-
um programa que buscava a modificação do paradigma tica; e dispensação de medicamentos de uso contínuo.18
de assistência à saúde no Brasil, ou seja, uma política de Esse plano tinha ainda como objetivo a garantia do
saúde pautada na atenção básica. diagnóstico e da vinculação do paciente às Unidades Bá-
sicas de Saúde (UBS) para tratamento e acompanhamen-
Programa Saúde da Família: Tentativa de consolidação da Atenção to, promovendo assim a reestruturação e a ampliação do
Primária atendimento resolutivo e de qualidade para as pessoas
com HAS e DM na rede pública de serviços de saúde.18,19
O Programa Saúde da Família (PSF) iniciou-se em O plano reorganizacional desenvolveu também cam-
1992, com o Programa de Agentes Comunitários de panhas com indivíduos na faixa etária acima dos 40 anos
Saúde (PACS), visando implementar ações básicas custo- para o rastreamento de novos casos de HAS e DM no
efetivas em populações carentes. Posteriormente, o pro- Brasil e, uma vez confirmados os diagnósticos, esses usu-
grama evoluiu, pelo reconhecimento de seu êxito, para o ários eram cadastrados e vinculados aos serviços de saúde.
que hoje é conceituado como Estratégia Saúde da Família Essa foi a primeira iniciativa, no mundo, de realização de
(ESF) que visa à conversão do modelo assistencial do sis- uma campanha populacional massiva para o rastreamento
tema de saúde, por meio da expansão do PSF e da indução de DCNT.20
da oferta de média e alta complexidade adequada aos pre- A Campanha Nacional de Detecção de DM ocorreu
ceitos da integralidade e da qualidade da atenção.13 no período de 06 de março a 07 de abril de 2001 e a Cam-
Com o advento da ESF, a enfermagem, como inte- panha Nacional de Detecção da HAS foi realizada de 14
grante da equipe de saúde, adquiriu maior responsabili- de novembro de 2001 a 31 de janeiro de 2002. Esta última
dade com a execução de atividades no campo da aten- mobilizou a população, facilitou o acesso à informação,
ção primária, com as ações educativas e assistenciais a identificou casos suspeitos de HAS e estimulou a confir-
determinados seguimentos populacionais, entre os quais mação diagnóstica. Por outro lado, a adesão dos municí-
podemos destacar os hipertensos.14 Nessa perspectiva, pios e da população à campanha foi baixa, apesar do fato
iniciaram-se os trabalhos de educação para a saúde, com de quase doze milhões e meio de pessoas terem aferido
vistas à promoção de hábitos saudáveis e prevenção de a PA durante a campanha. Diversos motivos podem ter

464 Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468.


A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL

contribuído para a baixa adesão, incluindo a sobrecarga segundo a portaria nº 371/GM do MS de 04 de março
dos municípios que se seguiu à campanha de detecção do de 2002, foi criado o Programa Nacional de Assistência
DM; a menor repercussão da campanha de HAS entre Farmacêutica para HAS e DM, o qual garante, aos pacien-
os profissionais envolvidos nas políticas e administração tes cadastrados, uma lista de medicamentos considerados
dos serviços de saúde; e o fato de o risco atribuído à HAS essenciais. A partir dessa portaria, foi realizado um le-
já ter sido difundido em campanhas anteriores de menor vantamento municipal da distribuição de tais medicações
abrangência.20 para que fossem disponibilizadas à população, por meio
As campanhas de rastreamento da HAS e do DM cul- do HIPERDIA, ou distribuídos de forma administrativa
minaram com a criação do Sistema de Cadastramento e aos usuários cadastrados, com o objetivo de tornar mais
Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, o Sis- simples e ágil a aquisição dos medicamentos.21
HIPERDIA, mais conhecido como HIPERDIA. O siste- Buscando ampliar e melhorar os propósitos do Pro-
ma informatizado de cadastramento ocorreu em todas as grama Nacional de Assistência Farmacêutica para a HAS
unidades ambulatoriais do SUS, o que tornou possível a e DM, em 2004, o MS, em conjunto com a Fundação
descrição do perfil epidemiológico dos pacientes cadastra- Oswaldo Cruz (Fiocruz), lançou o Programa Farmácia
dos, bem como a geração de informações para os geren- Popular do Brasil (FPB), que surgiu como modalidade de
tes locais, gestores das Secretarias Municipais, Estaduais e co-pagamento e é sustentado por convênios firmados
MS. Além do cadastro, o sistema permite o acompanha- com parceiros públicos e privados sem fins lucrativos. O
mento da assistência prestada, a garantia do recebimento objetivo da FPB é distribuir de modo universal, igualitário
dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo em que, e gratuito, entre outros, os medicamentos para a HAS, em
em médio prazo, a partir do perfil epidemiológico dessa toda a extensão do território brasileiro.22
população, permitirá o desencadeamento de estratégias de O MS, no ano de 2006, por meio do Caderno de Aten-
saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, ção Básica, ressalta mais uma vez que a atenção primá-
à melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a redução ria deve conduzir atividades de promoção e prevenção
do custo social.18 da saúde, diagnóstico precoce e tratamento adequado da
Esse sistema é composto pelos subsistemas Municipal HAS. Recomenda, também, que a equipe de saúde con-
e Federal, de modo que os dados gerados nas Secretarias temple os saberes dos diferentes profissionais envolvidos
Municipais de Saúde compõem uma base nacional de in- na assistência, bem como conduza rotinas e procedimen-
formações que pode ser acessada por meio da internet, no tos que ordenem as ações de saúde da equipe, em particu-
site específico do DATASUS, órgão do MS responsável lar dos serviços organizados segundo a ESF.23
pelos sistemas informatizados, e permite a elaboração de Logo depois, por meio da portaria 687 de março de
relatórios e gráficos, a partir de bases nacional, estadual ou 2006, o MS lançou a Política Nacional de Promoção da
municipal de dados, para análise e posterior planejamento Saúde cujo objetivo foi promover a qualidade de vida e
da atuação da atenção básica voltada aos cuidados de indi- reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde, relacionados
víduos hipertensos e diabéticos.17 aos seus determinantes e condicionantes. Dessa manei-
Porém existe uma ressalva: em muitas localidades, ra, buscou incorporar e implementar ações de promoção
apesar de a implementação do plano reorganizacional ter da saúde, com ênfase na atenção básica, definindo como
ocorrido há mais dez anos, o uso do HIPERDIA, como prioridades iniciais de atuação: alimentação saudável e
uma ferramenta para a avaliação da qualidade da assistên- atividade física/práticas corporais, reiterando as políticas
cia prestada, ainda se encontra distante da realidade dos ministeriais anteriores de atuar sobre os fatores de risco
municípios, pois, embora os dados sejam produzidos no para as DCNT.4 A partir da promulgação dessa portaria,
cotidiano dos serviços, no momento do contato entre a houve um aumento no apoio técnico e financeiro à es-
equipe de saúde e paciente, é evidente que estes são ge- truturação da Rede Nacional de Promoção da Saúde. De
rados sem o devido treinamento ou supervisão e sem o 2005 a 2010, o MS repassou para as Secretarias Municipais
controle da sua fidedignidade. Ademais, a sua análise faz- e Estaduais de Saúde mais de R$ 170 milhões, destinados
se principalmente no nível federal, sem retorno aos mu- ao desenvolvimento de ações de promoção da saúde, in-
nicípios.17 cluindo as ações voltadas à saúde dos hipertensos.24
Ainda no início dos anos 2000, por mais que os res- Nesse sentido e compreendendo os desafios lançados
quícios do modelo biomédico fizessem com que um dos para os serviços de saúde e ainda a necessidade de apro-
pilares mais preponderantes do tratamento da HAS fosse fundar as ferramentas de planejamento que facilitassem
a medicalização, o acesso da população aos medicamen- e estimulassem a construção de abordagens que conside-
tos, em muitos locais, continuava difícil. Desse modo, ravam o cuidado integral e atendiam as necessidades de

Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468. 465


Mayckel da Silva Barreto, Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Maria Angélica Pagliarini Waidman, Sonia Silva Marcon

saúde da população, o MS lançou, em 2006, o manual lecimento da atenção primária como ordenadora do siste-
Diretrizes e recomendações para o cuidado integral de ma de saúde, sendo a responsável pelo acompanhamento
doenças crônicas não-transmissíveis: Promoção da saú- dos sujeitos até a alta complexidade, faz com que o enfer-
de, vigilância, prevenção e assistência, o qual recomenda meiro, além das atividades assistenciais e educativas, atue
o fortalecimento da promoção da saúde, da elaboração na gerência das equipes da ESF, direcionando sua prática
de estratégias de prevenção de agravos, da melhoria da para a intervenção na organização do processo de traba-
capacidade de mobilização social para o autocuidado e lho, gerando uma nova estratégia articulada com a equipe
da formulação de indicadores adequados à avaliação da de saúde a fim de que cada sujeito possa desempenhar seu
efetividade das ações em saúde. Nesse manual, entre as trabalho como agente de transformação.
doenças prioritárias, está a HAS e o enfoque nos seus fa- O Estado brasileiro também tem atuado no desenvol-
tores de risco.4 vimento de estudos e pesquisas relacionados às condições
Essas questões passam a integrar o acordo sanitário de vida e saúde da população em geral e de grupos que
Pacto Pela Vida, com a promulgação da portaria 399 apresentam fatores de risco para o desenvolvimento das
de 2006, que explicita a necessidade do desenvolvimen- DCNT, por meio do Departamento de Ciência e Tecnolo-
to, pelos municípios, de estratégias mais efetivas para a gia (DECIT), que realiza a Vigilância de Fatores de Risco
abordagem da HAS, vista ainda como um problema de e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefô-
saúde pública. Uma das ações propostas pelas diretrizes é nico (VIGITEL) e do Instituto Brasileiro de Geografia
a vigilância epidemiológica, com a produção de informa- e Estatística (IBGE) que realiza, anualmente, a Pesquisa
ções que subsidiem a organização do cuidado integral às Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD).
DCNT e seus fatores de risco e que levem à elaboração de Existe ainda o Inquérito Nacional de Fatores de Risco
ações que modifiquem os determinantes sociais de saúde, para Doenças Crônicas e Violências, realizado pela Se-
reduzindo a carga de doenças.4 cretária de Vigilância em Saúde do MS e pelo Instituto
O Pacto Pela Vida propõe, ainda, como forma de cui- Nacional de Câncer. Todos esses estudos são ações de vi-
dado, favorecer a autonomia de sujeitos que já desenvol- gilância e monitoramento dos principais fatores de risco
veram quadros de adoecimento. O ato de cuidar é enten- modificáveis e buscam levantar tendências e estimativas
dido como ação sanitária de atenção integral aos usuários que possibilitem conhecer a distribuição e a magnitude
dos serviços de saúde, que pressupõe a criação de víncu- das DCNT e seus agravos, sendo importantes parâmetros
los de corresponsabilidade entre o profissional de saúde e para a avaliação e gestão das políticas públicas.
aquele que busca seu saber técnico específico para o alívio
de um sofrer. Para a efetividade do cuidado aos doentes Desafios e tendências para o cuidado da HAS
crônicos, é preciso uma ação pró-ativa dos sujeitos para
a busca de comportamentos que considerem hábitos de Desde o fim da década de 1980, com a implementação
vida saudáveis e levem ao controle da doença.4 do SUS e a tentativa de reorganização do modelo assisten-
Outra importante iniciativa do governo federal foi o cial, o país já alcançou inúmeras conquistas em diversas
lançamento, em 2007, do Guia Metodológico de Avalia- áreas, com diferentes populações. No entanto, apesar de
ção e definição de Indicadores de DCNT e Rede Carmem. várias políticas públicas terem sido instauradas pelo Esta-
Esses projetos comprometeram-se com o desenvolvimen- do brasileiro, voltadas para a prevenção, diagnóstico, ma-
to, implementação e avaliação de políticas que buscassem nejo e tratamento da HAS, ainda é difícil o controle dos
a redução simultânea de fatores de risco comuns a mais fatores de risco, o diagnóstico precoce, a acessibilidade
de uma das DCNT; mobilização social e intervenções de dos usuários ao serviço, a manutenção do tratamento e
base comunitária; vigilância epidemiológica dos fatores de a diminuição dos agravos cardiovasculares e dos custos
risco; e atividades preventivas que possam contribuir com financeiros para o sistema público, uma vez que a doença
a redução das desigualdades em saúde.25 possui particularidades que dificultam o diagnóstico e a
Esse modelo, que mantém as mesmas propostas dos manutenção da terapêutica.
demais programas, visa o diagnóstico precoce e o con- O Brasil, além das dificuldades decorrentes de ser um
trole das DCNT, pressupondo uma nova organização do país em desenvolvimento, possui uma dimensão continen-
processo de trabalho das equipes, destacando a atuação tal, com diferenças significativas entre suas cinco regiões,
intersetorial como importante instrumento para as ações o que constitui empecilho importante para a implemen-
de promoção á saúde. A adoção das linhas de cuidado tação de programas, políticas e estratégias abrangentes e
como organizadoras do trabalho, com a vinculação das eficazes para o cuidado às DCNT. Dessa forma, diversas
equipes da ESF à população de sua área adscrita e o forta- estratégias são articuladas pelo MS e Secretarias Estaduais

466 Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468.


A TRAJETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NO BRASIL

e Municipais de Saúde, porém com algumas divergências REFERÊNCIAS


entre a solicitação da esfera federal e a sua aplicação nas
equipes de ESF, ocasionando a não substancial efetividade 1. Martins JJ, Albuquerque GL, Nascimento ERP, Bar-
dos programas e a sua consequente reformulação. ra DCC, Souza WGA, Pacheco WNS. Necessidades de
Diante disso, acreditamos ser necessário um olhar di- educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas no
ferenciado para a problemática, que busque uma atuação domicílio. Texto Contexto Enferm. 2007;16(2):254-62.
a partir de cada localidade, respeitando suas características
peculiares de prestar a assistência, devendo esta ser cada 2. World Health Organization. Preventing Chronic Dise-
vez mais qualificada, sistematizada e humanizada, o que ases a vital investments. Geneva: WHO; 2005.
será alcançado com a constante qualificação e motivação
dos profissionais de saúde que atuam com a população de 3. Brasil. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistê-
hipertensos. mica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério
Com base nos estudo analisados e em nossa experiên- da Saúde; 2006.
cia, observamos que há uma subnotificação dos casos de
HAS e DM e, mesmo entre aqueles que são diagnostica- 4. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes e recomendações
dos, grande parte não adere ao tratamento. Sabendo que para o cuidado integral de doenças crônicas não-transmis-
este é um dos principais desafios para o cuidado nessa síveis: Promoção da saúde, vigilância, prevenção e assis-
área, acreditamos que uma das estratégias do Estado se- tência. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.
ria o investimento maciço em educação continuada para
profissionais da saúde, subsidiando-os na busca pela pro- 5. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sociedade Brasilei-
moção da saúde e prevenção dos agravos de seus pacien- ra de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI
tes e em educação para a saúde, principalmente por meio Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol.
da mídia, para a população em geral, buscando-se atingir 2010; 95(supl. 1): 1-51.
aqueles que não têm acesso ao serviço de saúde.
Fato importante e desafiador, ainda, é a implementa- 6. Miranzi SSC, Ferreira FS, Iwamoto HH, Pereira GA,
ção de um trabalho multiprofissional e intersetorial, que Miranzi MAS. Qualidade de vida de indíduos com dia-
busque sensibilizar as pessoas com HAS e DM acerca da betes mellitus e hipertensão acompanhados por uma
existência e importância de uma gama de cuidados à saúde equipe da saúde da familia. Texto Contexto Enferm.
necessários para o efetivo controle das doenças. 2008;17(4):672-9.

CONCLUSÃO 7. Boing AC, Boing AF. Hipertensão arterial sistêmi-


ca: o que nos dizem os sistemas brasileiros de cadastra-
Os programas, estratégias e políticas de saúde voltados mentos e informações em saúde. Rev Bras Hipertens.
para a assistência ao hipertenso, formulados pela gestão fe- 2007;14(2):84-8.
deral do setor saúde, são necessários, todavia deve-se incen-
tivar a consideração das particularidades de cada local, com 8. Costa JMBS, Silva MRF, Carvalho EF. Avaliação da im-
vistas ao controle dos agravos da HAS e de outras DCNT. plantação da atenção à hipertensão arterial pelas equipes
Além disso, estudos e pesquisas abrangentes também são de Saúde da Família do município do Recife (PE, Brasil).
importantes para subsidiarem a elaboração dessas interven- Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(2):623-33.
ções. Foram encontrados poucos estudos que relatassem
a trajetória histórica das ações de saúde para o cuidado a 9. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvao CM. Revisão in-
HAS, na maioria dos casos de forma fragmentada, necessi- tegrativa: método de pesquisa para a incorporação de evi-
tando de mais estudos e revisões sistemáticas e integrativas, dências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto En-
que busquem suprimir esta lacuna no conhecimento cien- ferm. 2008;17(4): 758-64.
tífico.
Enquanto profissionais de saúde, temos a responsabili- 10. Lessa I. Doenças crônicas não transmissíveis no Bra-
dade de conhecer essas políticas, informar os usuários so- sil: um desafio para a complexa tarefa de vigilância. Ciênc
bre seus direitos e deveres e, no caso específico da HAS, Saúde Coletiva. 2004; 9(4):931-43.
estarmos atentos para o diagnóstico precoce e o desenvol-
vimento de um trabalho em equipe que ofereça um cuidado 11. Silva E, Sarreta FO, Bertani IF. As políticas públicas de
de qualidade ao indivíduo, visando a melhoria de sua saúde. saúde no Brasil: o sistema único de saúde (SUS) e a rede

Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468. 467


Mayckel da Silva Barreto, Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Maria Angélica Pagliarini Waidman, Sonia Silva Marcon

de saúde em Franca. Serv Soc Real. 2007;16(1): 81-103. mica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério
da Saúde; 2006.
12. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil.
18ª ed. São Paulo: Saraiva; 1998. 24. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde inves-
te em ações de prevenção; Brasília: Ministério da Saúde;
13. Buss PM, Carvalho, AI. Desenvolvimento da pro- 2011.
moção da saúde no Brasil nos últimos vinte anos (1988-
2008). Ciênc Saúde Coletiva. 2009; 14(6): 2305-16. 25. Brasil. Ministério da Saúde. Guia metodológico de
avaliação e definição de indicadores: doenças crônicas
14. Ximenes Neto FR, Melo JR. Controle da hiperten- não transmissíveis e Rede Carmem. Brasília: Ministério da
são arterial na atenção primária em saúde: uma análise das Saúde; 2007.
práticas do enfermeiro. Enferm Global. 2005; 4(6):1-16.

15. Sala A, Nemes Filho A, Eluf-Neto J. Avaliação da efe- Submissão: julho/2012


tividade do controle da hipertensão arterial em unidade Aprovação: setembro/2012
básica de saúde. Rev Saúde Pública. 1996; 30(2):161-7.

16. Brasil. Portaria nº 95/GM de 26 de janeiro de 2001.


Dispõe sobre Gestão Municipal de Saúde: leis, normas e
portarias atuais. Diário Oficial da União 2001; 26 jan.

17 Chazan AC, Perez EA. Avaliação da implementação


do sistema informatizado de cadastramento e acompa-
nhamento de hipertensos e diabéticos (HIPERDIA) nos
municípios do estado do Rio de Janeiro. Rev APS. 2008;
11(1):10-6.

18. Brasil. Ministério da Saúde. Plano de Reorganização


da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus:
manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília:
Ministério da Saúde; 2001.

19. Brasil. Ministério da Saúde. Plano de Reorganização


da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus:
fase de detecção de casos suspeitos de DM. Rev Saúde
Pública. 2001; 35(5):490-3.

20. Toscano CM. As campanhas nacionais para detecção


das doenças crônicas não-transmissíveis: diabetes e hiper-
tensão arterial. Ciênc Saúde Coletiva. 2004; 9(4):885-95.

21. Bielemann RM, Knuth AG, Hallal PC. Atividade física


e redução de custos por doenças crônicas ao sistema Úni-
co de saúde. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2010;15(1): 9-14.

22. Pinto CDBS, Miranda ES, Emmerick ICM, Costa NR,


Castro CGSO. Preços e disponibilidade de medicamentos
no Programa Farmácia Popular do Brasil. Rev Saúde Pú-
blica. 2010; 44(4);611-9.

23. Brasil. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistê-

468 Rev. APS. 2013 out/dez; 16(4): 460-468.

Você também pode gostar