Camila de Almeida Rocha
Camila de Almeida Rocha
Camila de Almeida Rocha
PUC-SP
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2008
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Mestrado em Fonoaudiologia
São Paulo
2008
DEDICO
Aos meus pais, Antônio e Silvia, cujo amor, respeito e sabedoria guiam e
inesgotável.
À Profª. Drª. Ingrid Gielow, por quem tenho profunda admiração e com quem
Ao Prof. Dr. Luiz Celso Vilanova, por aceitar o convite e contribuir na pesquisa.
linguagem.
À Profª. Me. Mari Ivone Misorelli, que esteve presente desde o começo da
pela confiança em mim depositada nestes anos, e com quem tenho o privilégio
Aos meus tios(as) e primos(as), que compreenderam quando não pude estar
minha vida.
escrita.
Aos amigos Murilo Stiaque, Gustavo Perin, Pedro Franzini e Filipe Fuzaro,
liberdade.
docente.
profunda gratidão.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
_______________________________________________________________
Com lágrimas nos olhos, afirmo que você me tornou uma fonoaudióloga
apaixonada pela clínica, pela vida e pelo ser humano. Serei eternamente grata
Ao meu amor e amigo Felipe Hirota, que por todos esses anos esteve presente
clínica e à arte.
Todo ato humano ocorre na linguagem. Toda criação na linguagem
origem ao humano. Por isso, toda ação humana tem sentido ético.
Maturana e Varela
Resumo
ABSTRACT
The (central) auditory processing is the efficiency and effectiveness with which
the central auditory nervous system processes the sounds, from its reception to
its interpretation. Perceptual, cognitive and linguistic mechanisms have an
influence on recognizing, decoding and interpreting the information heard.
Because it consists of a cerebral activity, it is able to link the acoustic signal to
its linguistic meaning. This highly complex process of neural pathways can be
affected by several conditions inherent to its development and suffered
illnesses. Therefore, the assessment of (central) auditory processing and all the
segments through which it evolves represent a challenge to the professional
involved. The Neuroscience contributes to the area of (central) auditory
processing, once it attempts to comprehend the nervous system and its
development. Given the necessity of definition and guidance on the practical
care of human communication disorders, which includes the (central) auditory
processing disorder – (C)APD, incorporated to this new paradigm of
Neurosciences, it is considered relevant to investigate the concepts and the
context of this expanding field. Objective: To prepare the speech of the
collective subject starting from the central ideas presented by a group of
speech-language pathologist/audiologist. Method: this research counts with the
participation of eight speech-language pathologist/audiologists who work in the
field of evaluation and/or therapy of (central) auditory processing. They have
been interviewed about six central themes: auditory processing (theme 1),
(central) auditory processing disorder (theme 2), hearing and language (theme
3), perception (theme 4), set of tests and standardization (theme 5) and
differential diagnosis (theme 6). The qualitative method has been used based
on the Collective Subject Speech of Lefèvre. The interviews have been
recorded and then transcribed. Result: After the construction of speech from
key expressions of each subject, central ideas have been identified. In relation
to theme 1: "processes: take place from the ear to the brain", "what we do with
what we hear" and "expanding area". In relation to theme 2: "nomenclature",
"difficulty in one or more of the hearing skills", "related or not to other disorders",
"impacts X compensation”. In relation to theme 3: "to see the subject as a
whole", "hearing: sensation and language: symbolism”, "hearing: the preferable
way to the oral language", "Hearing: a significant way to the language
development" and "deaf: damage in the development of oral language". In
relation to theme 4: "the entrance of any sensory information" and "internal
representation of feelings. In relation to theme 5: "selection of tests and
procedures", "established rules" and "standardization in Brazil". In relation to
theme 6: "to differentiate diseases with the same symptoms (comorbidities) and
"multidisciplinary team". Conclusion: the assembling of the six proposed
themes have been organized in a single speech as if only one speech-language
pathologist/audiologist were talking about (central) auditory processing and its
implications.
Keywords: hearing, auditory perception, hearing disorders.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA....................................................................................................iv
AGRADECIMENTOS...........................................................................................v
RESUMO.............................................................................................................x
ABSTRACT.........................................................................................................xi
LISTA DE QUADROS.......................................................................................xiv
GLOSSÁRIO.....................................................................................................xvi
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................01
2. OBJETIVO.....................................................................................................07
3. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................08
3.1) Processamento Auditivo (Central)..........................................................08
A) Definição e caracterização...............................................................08
B) Processamento Auditivo (Central): uma atividade cerebral.............10
C) Neurociência e Processamento Auditivo (Central)...........................15
D) Terminologia do Processamento Auditivo (Central).........................22
3.2) Transtorno do Processamento Auditivo (Central)..................................24
A) Definição e caracterização...............................................................24
B) Etiologia do Transtorno do Processamento Auditivo (Central).........29
C) Terminologia: Transtorno de Processamento X Transtorno do
Processamento Auditivo (Central).....................................................................30
3.3) Considerações sobre termos e conceitos científicos.............................31
3.4) Processamento Auditivo (Central), Linguagem, Aprendizagem e
Plasticidade Cerebral.........................................................................................35
A) Funcionamentos cerebrais...............................................................35
B) Linguagem........................................................................................38
C) Aprendizagem..................................................................................45
3.5) Avaliação Comportamental do Processamento Auditivo (Central).........48
A) O papel do avaliador........................................................................55
B) Bateria de testes, padronizações e procedimentos..........................59
C) Exames eletrofisiólogicos e técnicas por imagem............................66
D) Interpretação da avaliação...............................................................70
3.6) Diagnóstico do Processamento Auditivo (Central).................................74
4. MÉTODO.......................................................................................................78
4.1) Estudo piloto...........................................................................................78
A) Amostra............................................................................................78
B) Procedimento...................................................................................78
C) Análise e resultado...........................................................................79
4.2) Etapa experimental.................................................................................79
A) Casuística.........................................................................................79
B) Coleta de dados...............................................................................80
C) Qualificação da amostra...................................................................81
D) Descrição da amostra......................................................................81
E) Caracterização da amostra..............................................................82
5. ANÁLISE DOS DADOS.................................................................................82
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................85
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...... ..................................................................149
8. CONCLUSÃO..............................................................................................151
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................153
ANEXOS
LISTA DE QUADROS
(Central).............................................................................................................81
utilizadas..........................................................................................................127
tema Padronização..........................................................................................134
tema Problemas/Críticas..................................................................................136
Quadro 14 - Expressões-Chave da Idéia Central e dos Discursos Únicos, por
ECH: Expressões-chave
ECOchG: Eletrococleografia
MEEG: Magnetoencefalografia
Competitiva Ipsilateral
partes do mundo. Por essa razão, pesquisas acerca do tema são fundamentais
comprometida.
Nesta fase inicial, Myklebust (1954) teve cuidado com o uso dos termos
diagnóstico correto dos diferentes tipos de problemas que uma criança pode
que ouviam, tanto com as palavras, quanto com sons ambientais, sendo
ao uso dos testes centrais para detectar problemas auditivos em crianças com
Para Hartmann (1998), o processo pelo qual um som físico se torna uma
tais testes estão sujeitos a críticas, pois ainda podem falhar na identificação
dos tipos de transtornos. Demandam que os avaliadores tenham ciência de
procedimentos clínicos.
comunicação?
central?
Para Quirós e D’Elia (1973), medir a audição é algo mais do que saber
2. OBJETIVO
material coletado.
3. REVISÃO DA LITERATURA
A) Definição e caracterização
trajeto do sinal acústico, desde a sua detecção até a sua análise lingüística. Em
outras palavras, ilustra o caminho seguido, desde a recepção auditiva até a sua
auditiva.
percepção dos sons, mecanismos usados para propiciar uma mensagem mais
/d/);
ocorre o desenvolvimento das áreas secundárias; dos cinco aos oito anos,
campo inter-relacional.
não pode ser compreendida como uma entidade abstrata, mas como uma
da informação auditiva.
longo desse trajeto aferente, denominado de lemnisco lateral, muitas fibras são
partir desse ponto que ocorrem muitas conexões auditivas para as várias áreas
sons intensos, que têm aferência na via auditiva, e a via olivo-coclear são dois
ambientes com ruído de fundo, mas o papel desse sistema ainda não é muito
distintas.
ocorre pela vibração mecânica dos ossículos até a cóclea, onde será
por uma série de núcleos, até chegar ao córtex cerebral (Lent, 2004).
e, para garantir que essa conexão seja eficiente, cada axônio é revestido por
uma camada isolante de lipídio chamada mielina. Este lipídio, de cor branca, é
desenvolvimento.
desenvolvimento do sujeito.
sistema sensorial tem que cumprir três tarefas: 1ª) a energia do estímulo
muito mais do que esses cinco sentidos, como a detecção de alterações sutis
Para Chielle (2004) cada vez que um estímulo (input) ativar um dos
neurônios da rede, toda a rede será ativada, para então, ser organizada uma
toda percepção sensorial, consiste em: uma fase analítica inicial, em que os
sistemas sensoriais por duas características: uma delas é que possui estágios
2000).
vai além dos limites estruturais dos sistemas sensoriais, envolvendo outras
PA(C) pode ser concebido como um processo inconsciente e, para que seja
percepção auditiva pode abordá-la, pelo menos, por duas maneiras: uma sob a
(Machado, 1992).
auditivo (central)”, por envolver sistema nervoso auditivo central (SNAC), com a
(central), cujo procedimento pode ser utilizado pelas diferentes faixas etárias.
A) Definição e caracterização
palavras, tal distúrbio ocorre quando o indivíduo não é capaz de usar o sinal
a vários fatores e, principalmente, porque que este tipo de transtorno não pode
ser um rótulo para uma entidade única, mas sim uma descrição de déficits
sensoriais.
Isto significa dizer que alguma alteração ou disfunção, em algum estágio desse
e relações estabelecidas com este meio, visto que o SNAC não está
e Musiek, foi definido que o termo TPAC, até então adotado, seria substituído
linguagem e memória. Para Pereira et al. (2002), tal transtorno pode afetar,
acústicos.
do transtorno e do funcionamento.
- Manifestações
brasileira.
Santos e Navas (2002) referiram-se à etiologia dos TPA(C): infecções
uma condição de ruído constante junto com a informação sonora, o que pode
2002).
transtornos, não pode ser elencado como o fator resultante destes. Portanto, a
do sujeito.
(Richard, 2007).
sinônimos.
saúde, e cada uma delas faz questão de que sua contribuição se reflita na
uma determinada área clínica não pode ser também especialista em questões
terminologia.
Os trabalhos sobre terminologia são consideravelmente complexos,
Medicina, e a formação dos profissionais que atuam nessa área tem diferentes
sistemas de uso desses termos. Os termos devem ser considerados como uma
todos que necessitem, não somente aos profissionais que atuam com os
difícil do que definir um termo para explicar uma “coisa”. Por exemplo, a
palavra disorder (traduzida para o português como transtorno ou distúrbio) é
termos.
3.4) Processamento Auditivo (Central), Linguagem, Aprendizagem e
Plasticidade Cerebral
A) Funcionamentos cerebrais
já a plasticidade cerebral é entendida mais como uma reação do que uma ação
(Muszkat, 2005).
aprendizagem. Sendo assim, para que uma criança possa ter todo seu
aprendizagem eficientes.
estrutura do meio não pode especificar suas mudanças, mas sim desencadeá-
B) Linguagem
e Damásio, 1992).
limites aos tipos de sentenças com significado que podem ser construídas nos
por si só, representam uma pressão seletiva das regiões dos lobos frontais,
por sua vez, responder a um sinal lingüístico requer muito mais que integração
formular uma resposta (Richard, 2007). Para esse autor, problemas de PA(C)
exemplo, ouvir uma língua estrangeira sem ter conhecimento prévio sobre ela.
sinal acústico.
- Linguagem oral
- Linguagem e Audição
de linguagem, Pereira et al. (2002) consideraram que, aos três anos de idade,
seletiva para escuta dicótica (ouvir dois sons diferentes, um em cada orelha)
está pronta a partir dos sete anos de idade; por volta dos oito anos ainda está
crianças na faixa etária entre oito e dez anos, com e sem dificuldades
aprendizagem da leitura/escrita.
Webster (1995) enfatizou que não existe um limite que marque onde
linguagem.
escolares, são distúrbios que se relacionam ao PA(C), mas para Pereira et al.
são sinônimos.
palavras (sem significado), sendo o nível mais alto de sua avaliação, deste
a avaliação.
(Richard, 2007).
C) Aprendizagem
cerebral.
mínimas.
interação da criança com o seu meio ambiente, o que inclui o ambiente em sala
capacidades sensoriais. Dessa forma, tanto para uma perda sensorial, quanto
verifiquem em que medida cada distúrbio está contribuindo para o prejuízo total
Myklebust, 1983).
3.5) Avaliação Comportamental do Processamento Auditivo (Central)
maiores que nas ciências exatas, sendo qualquer tipo de avaliação uma
indicação, uma proposta, mas nunca oferece uma decisão definitiva, sempre
e de sua família.
comunicação humana.
situações. Para isso, os testes devem ser selecionados com cuidado, em uma
receptiva ou expressiva.
2000).
SNAC, sendo que a aplicação de um único teste pode não detectar uma lesão.
fisiopatologia do SNAC.
função auditiva periférica que inclui audiometria tonal liminar, IPRF, limiar de
bateria de testes que avaliam funções do tronco encefálico e cérebro, com uso
auditivas.
A) O papel do avaliador
autor, que o problema torna-se difícil, pois acredita que a ciência não pode
cognição.
do sujeito. Para estes estudiosos, existem inúmeros fatores que devem ser
científica rigorosa.
variabilidade nos seus procedimentos é muito grande, que vai desde a escolha
do material até a forma de registro das respostas. Portanto, os dados obtidos
e estratégias.
B) Bateria de testes, padronizações e procedimentos
auditiva, deve ser norteada tanto ao fato científico e técnico do teste (enquanto
cada uma dessas etapas, e deixar um registro documentado para que se crie
Para Bellis (2003), a avaliação deve ser realizada com a consciência sobre o
relacionados com a idade, e dados normativos devem ser obtidos entre onze e
doze anos, quando a maturação das vias auditivas centrais atinge a do adulto.
binaural.
queixas trazidas pelo paciente. A lista dos tipos de medidas disponíveis para se
intensidade e duração;
em ambas as orelhas;
extrínseca do sinal de fala e avaliam uma orelha de cada vez; são eles: Fala
encefálico.
encefálico.
com perda auditiva periférica de grau leve a moderado, já que perda auditiva
periférica associada à perda auditiva central pode trazer implicações profundas
TPA(C), variando em idade entre sete a treze anos. Foram aplicados sete
testes da bateria de testes do PA(C): TFB, MLD, TFF, TCS (time compressed
speech) - que seria teste de fala comprimida - TDD, TSSW e PPS. Concluíram
que os testes TFB e MLD são os mais indicados para avaliar uma criança que
série do ensino fundamental de três escolas do ensino público, entre oito anos
como sugerida pela ASHA (1996). Foram usados quatro testes da bateria de
testes de PA(C) recomendados pela ASHA (1996) que são: Pitch Pattern
processing disorders), que seria uma triagem para avaliar TPA(C) criado por
TPA(C).
serem aplicados, não muito mais que o SCAN que demorou 20 minutos. Desta
forma, os autores recomendaram que todos os quatro testes podem ser usados
1997).
(ibidem):
- Potenciais Precoces
- Potenciais Rápidos
estado de alerta;
de alta sensibilidade;
- Potenciais Lentos
alvo; a idade mínima para se aplicar o teste é por volta dos sete anos de
auditivo cognitivo.
Os potenciais evocados auditivos são indicadores sensíveis da
• Primários:
integração binaural;
• Secundários:
contralaterais.
em cinco subperfis, ampliado por Alvarez & Caetano (1998) a partir de Ferre
(processamento de linguagem).
organização ao indicar os objetos que formam uma classe, mas pode ser
(2000), foram resumidas em quatro títulos: triagem de PA(C), que serviria para
- Relatório ou laudo
Vale lembrar que a distinção entre relatório e laudo é muito tênue e gera
Lefèvre (2003).
piloto.
A) Amostra
O estudo piloto foi realizado com cinco fonoaudiólogas que atuam com
B) Procedimento
seus discursos orais. Por essa razão, para a etapa experimental, foi utilizado o
orais.
1. Processamento Auditivo
3. Audição e Linguagem
4. Percepção
6. Diagnóstico Diferencial
A) Casuística
questão.
B) Coleta de dados
branco A4, sendo que estas folhas seguiam a ordem dos seis temas centrais
através da expressão “Escreva o que vem à sua cabeça quando você lê esses
seis temas”. Cada profissional tinha o tempo que desejasse para escrever
relacionados aos temas. Após isso, era pedido para a fonoaudióloga discorrer
C) Qualificação da amostra
D) Descrição da amostra
anos.
(Central)
verbal.
isso, fez-se uma leitura dos conteúdos das entrevistas. Em seguida, foi
realizada uma segunda leitura para localizar, extrair e agrupar trechos dos
Diferencial.
com a literatura. Ao final, foi construído, para essa amostra, um único DSC
para cada tema central, como se houvesse apenas uma fonoaudióloga falando.
dos DSCs. Tais discursos únicos também foram inseridos nos quadros pelas
corroborando em parte ao que apresentam Katz et al. (1992), pois, para estes
“bagagem” de experiências.
Quadro 4 - Expressões-chave das Idéias Centrais e do Discurso Único, por entrevistada, sobre o tema Processamento Auditivo
Amos Processos: desde orelha externa O que fazemos com o que Área em expansão Discurso único – Processos:
tra até o cérebro ouvimos receber até programar uma
ICs e
DU
resposta
IC1 IC2 IC3 DU1
E1 O que fazemos com o que escutamos
E2 É difícil falar em PA sem falar em
processo, por isso eu fiquei com
dificuldade pra escrever
É tudo o que ocorre desde o momento
que a gente tem a detecção de um sinal,
até que a gente tenha a análise desse
sinal e a suas representações mentais
em relação a esse sinal;
Correlações e relações muito estreitas
com o mecanismo de atenção, memória
e linguagem
E3 É utilizar a percepção auditiva para
todas as informações que chegam por
esse canal sensorial
E4 O que você faz com o que você ouve
Como você seleciona, como que você
armazena, o que este estimulo
representa pra você
E5 Aquilo que se faz com o que se ouve É tudo aquilo que a gente faz com as
informações ouvidas até uma resposta
E6 Vem logo à cabeça habilidades auditivas
Percurso desde a orelha externa até o
cérebro, até o tronco encafálico
É como a sua orelha está conversando
com o seu cérebro
E7 É uma área dentro da Fonoaudiologia
que tem crescido muito... as pessoas
que estão estudando estão percebendo
a importância de poder ter um bom
diagnóstico,de fazer uma intervenção
baseada nos dados de processamento
E8 É a capacidade de analisar e interpretar Está em estudo ainda... a gente está
as informações sonoras buscando mais informações
É tudo o que a gente é capaz de fazer
através do sistema auditivo central
Vale salientar que “percepção auditiva” é diferente de “percepção dos
Musiek e Jerger, 2000; Alvarez et al., 2000; Pereira et al., 2002). Portanto,
percepção deve ser entendida como um nível mais alto do que a sensação,
Para Phlips (2007), um termo é muito mais do que seu significado, ele é
Ajuriaguerra (sem data), uma atividade mental não deve ser entendida
puramente pela sua anatomia, mas sim por suas condições relacionais, ou
desde a detecção até a sua análise lingüística (Lasky e Katz, 1983). Nesta
amostra, apenas três das oito fonoaudiólogas se referiram à expressão (E1, E4
informação auditiva.
processos, o trajeto pelo qual um som físico se torna uma percepção na mente,
IC 3: Área em expansão.
DSC 3: É uma área dentro da Fonoaudiologia que tem crescido muito. As
pessoas que estão estudando estão percebendo a importância de poder
ter um bom diagnóstico, de fazer uma intervenção baseada nos dados de
processamento. É a base de toda a aprendizagem e muito importante
dentro das questões de linguagem.
lembrar que, desde a década de 50, o PA(C) vem sendo tema de estudo e
up, que seria a análise da transformação do sinal acústico através do SNAP até
lingüística (Richard, 2007). Assim como pontua Chielle (2004) que a entrada de
um estímulo (input), ativa toda a rede neuronal para ser organizada uma
comportamentos (top-down).
Aquino e Araújo (2002) e Bellis (2003) e/ou Ohlweiler (2006). Também não foi
hemisférica (Aquino e Araújo, 2002). Nem quanto aos trajetos das vias aferente
Únicos, respectivamente.
Impactos X Compensações.
vários conceitos.
Quadro 5 - Expressões-Chave das Idéias Centrais, por entrevistada, sobre o tema Desordem do Processamento Auditivo
(Central)
Nomenclatura Dificuldade em uma ou mais das Associado ou não a outros transtornos Impactos
habilidades auditivas/específica da X
Amos
ICs
E2 Transtorno e/ou Dificuldade em uma ou mais das Não existe na literatura de processamento... Pessoa que não tem uma queixa... e ele tem
distúrbio habilidades auditivas, sejam quais forem de primário e secundário. Mas quando a distúrbio de processamento, só que está
ASHA coloca que é um distúrbio da compensando na vida
modalidade auditiva, esse seria o primário. Também tem uma questão de temporalidade e
Mas quando ela coloca que pode estar de uso
associada, na realidade existe um secundário Também tem uma conotação social...
E7 Desordem Desordem específica dentro da Pode coexistir com vários outros quadros
modalidade auditiva
E8 Desordem
IC 1: Nomenclatura
TPA(C) deve-se a vários fatores, principalmente porque não pode ser um rótulo
(2005), à CIF e à CID-10, e outro seria quanto ao uso do termo desordem como
auditivas”, cinco das oito entrevistas (E2, E3, E5, E6 e E7) salientaram em
córtex cerebral.
encontro das idéias e conceitos dos autores Sloan (1991); Pereira e Schochat
(1997); Katz e Tillery (1997); Jerger e Musiek (2000); assim como considera a
modalidade auditiva.
por TPA(C) uma disfunção dentro da modalidade auditiva, mas que pode
Para responder a tal colocação, foi preciso recorrer aos autores Jerger e
habilidades auditivas.
IC 4: Impactos X Compensações
DSC 4: Tem a questão do impacto. Pode-se fazer uma avaliação numa
pessoa que não tem uma queixa ou uma dificuldade no seu meio social,
acadêmico de desenvolvimento ou mesmo de manutenção de suas
funções, pensando num adulto, e ele tem distúrbio de processamento, só
que está compensando na vida. Então acho que o distúrbio também tem
uma questão de temporalidade e de uso. Uma dificuldade em uma ou
mais habilidades desde que representem impactos na vida social, e
acadêmica que é a preocupação maior hoje. Então criança que está tendo
dificuldade na escola, na aquisição de linguagem ou o adulto que está
com dificuldade no seu ambiente de trabalho, que não consegue ouvir em
situações de ruído e está sempre exposto a essas situações, aí causar
impactos, portanto também tem essa conotação social. É uma disfunção.
Então muitos dos sujeitos podem não ter o funcionamento adequado,
mas vivem bem, não tem esses impactos. E aí coloque a questão do
primário e secundário, que está nesta questão de distúrbio, que não
existe na nossa área, mas historicamente eu aprendi isso em algum lugar,
mas não existe na literatura de processamento essa discussão, de
primário e secundário. Mas quando a ASHA coloca que é um distúrbio
predominantemente da modalidade auditiva esse seria o primário. Mas
quando ela coloca que pode estar associada .... na realidade existe um
secundário. Podem ser associados, causados por outros distúrbios.
cruciais acerca dos impactos que o TPA(C) pode causar ou não na vida do
temporalidade e uso.
desta forma, como considerado por Chermak e Musiek (1997), não pode ser
DU 1: Manifestações diversas
Então é importantíssimo um diagnóstico de processamento, um
diagnóstico fechado. Eu posso ter a desordem do processamento
auditivo em vários níveis, de várias formas e com comportamentos
diferentes. E eu acho que o sofrimento seria menor se a gente pudesse
enxergar de uma forma diferente essa desordem do processamento
auditivo.
considera o TPA(C) como qualquer outra atividade mental, que pode resultar
(Alvarez et al., 2000; Santos e Navas, 2002; Pereira et al., 2002). Quanto às
2001; WHO, 1992). Vale mencionar, quanto ao CID-10, que sua classificação
do funcionamento.
Quadro 6 – Expressões-Chave dos Discursos Únicos, por entrevistada, sobre o tema Desordem do Processamento Auditivo
(Central)
Manifestações diversas Uso distúrbio por acreditar na CIF e Hoje temos como medir o que está Existem vários conceitos
Amos na CID-10 desorganizado
DUs
tra
DU1 DU2 DU3 DU4
E2
E3
E4 Hoje tem como medir e tem como
explicar o que está desorganizado e
porque está desorganizado
PA nada mais é do que a gente já fazia
antigamente, mas não tinha nome
específico
E5
E6 Eu não utilizo desordem, eu utilizo
transtorno por acreditar no CIF e no CID
E7
E8 Existem vários conceitos, mas a gente
tem que buscar alguns que ficam mais
presentes
DU 3: Hoje temos como medir o que está desorganizado
Hoje meios para medir isso, para mensurar isso, então para a gente
explicar o que é desordem é o que não está funcionando muito bem.
Antigamente a gente tinha crianças que também tinham, indivíduos que
também tinham esse tipo de problema, mas a gente ainda não tinha como
mensurar. Hoje a gente tem como medir e tem como explicar o que está
desorganizado e porque está desorganizado. Porque o processamento
nada mais é do que o que a gente já fazia antigamente, mas não tinha
nome específico ou mecanismo para estar explicando melhor.
que o SNAC conduz a informação auditiva até o cérebro (ASHA, 2005), o que,
1983). Mas vale frisar que não basta apenas modificar os métodos já utilizados,
tem que buscar alguns que ficam mais presentes”, não se posiciona perante
Únicos, respectivamente.
do tipo: “aqui eu tive que pensar um pouquinho”; “né”; pausas e risos; o que
discursos orais, mesmo com o auxílio do material escrito. Acredita-se que isto
terminologia.
pois visa somente os aspectos destinados como objeto de estudo para esta
Ver o sujeito como um Audição: sensação e Audição: via preferencial Audição: via importante Surdo: Prejuízo no
Amos todo Linguagem: expressão para a linguagem oral para o desenvolvimento desenvolvimento da
ICs
uma maneira mais ampla que as demais, pois mencionou que “a linguagem é
não levar em conta que a linguagem, como uma atividade cerebral altamente
(Webster, 1995).
estar atento para ouvir; o que corrobora Izquierdo (2004). Portanto, pensando
em PA(C), este pode ser concebido como funcionamento que envolve “ouvir e
escutar”.
dos distúrbios auditivos de origem central, tal como também pontuam Carvallo
dos sons (Boothroyd, 1986; Bellis, 1996; Pereira et al., 2004). Para Lent (2004),
al., 2002).
Vale frisar que cabe à audição detectar diferentes sons (Kandel et al.,
avaliação do PA(C).
1991).
gestual.
1995). Aqui, fica subentendido que o termo PA(C) não é sinônimo de “audição”.
Para as entrevistas os termos foram negligenciados e um foi substituído pelo
outro.
atividades cerebrais.
mencionadas anteriormente.
Dizer que existe uma relação entre os termos PA(C) e linguagem, não
sinal lingüístico (linguagem), pois receber um sinal auditivo requer uma simples
repetição do que foi ouvido, com o mínimo para não interpretar o seu
surdos, que têm, como a primeira língua, a língua de sinais. Foi possível
linguagem.
complementar esta referência, é possível dizer que o som de fala pode ou não
significado.
e cultural, que estarão, por sua vez, também afetados pelo déficit auditivo.
impostas por deficiências auditivas, ainda mais acentuadas para aqueles que
ativa na sociedade.
tra
DU1 DU2 DU3 DU4
E1
E2
E4
E7
E8. Isto mostra uma dificuldade na conceituação dos termos, pois as idéias
diferentes.
psíquicas para a efetiva comunicação verbal. Mas quando o enfoque está além
DU 2: Comunicação efetiva
A comunicação efetiva, né. A inter-relação entre a condição do indivíduo
de estabelecer comunicação é a interdependência entre audição e
linguagem. Não. Não dá, pra separar, né?
dentro, segundo a autora, dos limites normais. Pode-se dizer que a autora
2001).
DU 3: Terminologia
Acredito que o trabalho que você está fazendo vai nos ajudar muito a falar
uma língua só, que eu acho que é isso que deve falar. Um protocolo
único. Porque às vezes têm pessoas, eu também me considero nessas
pessoas, mesmo tendo a experiência, a nossa literatura não está
acompanhando o que está sendo evoluído. Então, o processamento
auditivo podemos imaginar... ele é novo ou não é novo?! Ele é uma coisa
antiga, mas o conhecimento tem que ser tão renovado a cada momento,
porque ele muda tanto... e a gente tem tantas dúvidas... e eu ainda tenho
tanta dúvida, 10 anos que estou nisso... dúvida, dúvida... e cada vez me
maravilho mais quando as pessoas falam que eu tenho que fazer isso,
porque acho que ainda eu tenho que aprender muito. Processamento
auditivo não é fácil e não resolve todos os problemas. Mas temos que
falar a mesma linguagem, que não estamos falando. A padronização não
está existindo.
pesquisa em questão: “acredito que o trabalho que você está fazendo vai nos
ajudar muito a falar uma língua só, que eu acho que é isso que deve falar. Um
Testes e Padronização).
Termos referem-se às palavras individuais ou expressões e devem ser
termos e deve ser compreendida como uma questão de definição científica; por
entre outros.
DU 4: Avaliação de PA(C)
Eu acho que avaliação de processamento nos dá uma ferramenta
importante para avaliar aspectos comuns à audição e à linguagem. Ela
reúne processos que são comuns a esses sistemas auditivo e lingüístico,
portanto, ela é uma avaliação muito fonoaudiológica específica e une a
fono com a audiologia.
quanto ao significado do código lingüístico. Isto não significa dizer que são
reflexão lingüística.
Tema 4 – PERCEPÇÃO
Apareceu nos discursos de cinco das oito fonoaudiólogas (E1, E3, E4,
visto que a percepção inicia quando uma forma qualquer de energia incide
sensação, portanto, não pode ser considerada apenas como a entrada. Ela é a
(Lent, 2004).
Por isso também pode ser entendida como um processo
outros, funcionam como “filtros” da percepção (por isso, ela é seletiva), nem
importante.
escuta dicótica, citada por Pereira et al. (2002) e que segue etapas de
Entrada de qualquer informação sensorial Representação interna das sensações Série de comparações
ICs e
Amos
DU
Problemas/Críticas.
Quadro 10 - Bateria de testes e Padronização da avaliação do PA(C) mais
utilizadas
Amostra Pereira e Auditec Musiek Kumabe Keith “a
Schochat of Saint própria
Louis padroniza
ção”
E1 X X
E2 X X X
E4 X X X
E5 X X
E6 X X
E7 X
E8 X X
Total 6 5 1 1 1 1
– Poucos testes.
adequados para cada faixa etária, visto que, dependendo desta, são mais ou
menos testes.
escolha dos testes como decisão do fonoaudiólogo, este deve ter a consciência
binaural, tal como mencionou a entrevistada E7. Segundo ASHA (2005), Smith
e Strick (2001), a escolha dos testes deve ser criteriosa, individualizada e com
E1 É importante a gente saber aplicar, mas A gente tem um monte... ao mesmo tempo é o que
cansativo para o paciente. você faz com eles ... então é aquela sensação
assim...eu começo a dar tiro no escuro, se acertar,
acertou, que sorte
E3
E4 Temos poucos testes... vejo que estamos
caminhando nessa bateria, mas tem gente que não
acha necessário
E8
As entrevistadas E2 e E6 enfatizaram em seus discursos “conjunto de
testes do PA(C). Tal afirmação vai ao encontro do que Baran e Musiek (2001)
os dados normativos.
desde ordem genética até de desenvolvimento e, muitas vezes, não podem ser
Entretanto, Musiek e Lee (2001) fazem uma ressalva de que estes testes
também estão sujeitos a erros e interpretações inadequadas. Segundo Smith e
Strick (2001), cada teste vem com o seu próprio conjunto de qualidades e
afetar a função auditiva central (Baran e Musiek, 2001). Entretanto, não é viável
condições podem alterar as respostas dadas pelo sujeito e colocar “em xeque”
sua versatilidade plástica perante cada tarefa auditiva que lhe é proposta
PA(C).
DU 1: Vários testes
Bateria de testes... a gente tem de monte... rs... ao mesmo tempo é o que
você faz com eles. Então é aquela sensação assim, eu começo a dar tiro
no escuro... se acertar, acertou... que sorte! Se não acertar vou ficar
dando tiro pra tudo quanto é lado.
DU 2: Poucos testes
Não é porque a gente tem uma bateria de testes que vai diagnosticar que
é a única coisa... a salvação da lavoura...Então eu acho que a bateria ela é
importante para um diagnóstico, mas não é única. Vem sendo falado que
faltam testes pra gente. Temos poucos testes, alguns testes até deixaram
de ser utilizados porque eles não foram bem elaborados, viu que não
tinha nem sensibilidade, não tinha o porquê de fazer. Então eu vejo que
estamos caminhando nessa bateria, mas tem gente que não acha
necessário.
entrevistadas E1, E3, E4, E5, E7 e E8 não fizeram considerações sobre o tema
Central
tra
Idéia
IC1
E1
E2 Tanto a gente tem uma padronização de testes... que teriam um
padrão, que todo mundo usa os mesmos testes
E3
E4
E5
E6 É a regra que eu vou seguir... então eu coloquei aqui, regras
fixadas
Comparação dos protocolos
E7
E8
IC 1: Regras fixadas
DSC 1: Tanto a gente tem uma padronização de testes, então a bateria
tem padronização de testes que teriam um padrão, que todo mundo usa
os mesmos testes. Outra questão que eu pensei quando li a palavra
padronização é a padronização do referencial do padrão de normalidade e
padronização do método de aplicação. Isso é um padrão de método.
Quanto à padrão de normalidade e quanto à padrão de procedimento, que
estão ligados, você vai ter um padrão de normalidade pra aquele método
de padrão que foi testado, alguém testou ou que você testou. Quanto à
padronização de uma bateria acho que isso é algo que será sempre
variável e vai estar relacionado à idade, às queixas do indivíduo que se
está avaliando, experiência que você tem com algum protocolo de teste
diferente de outro protocolo. Eu não posso fazer um protocolo se eu não
tiver uma padronização. Porque é a regra que eu vou seguir. Quando eu
aplico uma bateria, um protocolo, eu tenho que ter que instrumento eu
vou comparar. Para saber se essa bateria que eu fiz está adequada ou
não. Então eu coloquei aqui, regras fixadas. Então talvez você não ache
uma padronização, mas padrão de normalidade, padrão de referência pra
cada procedimento, segundo o padrão daquele procedimento também, eu
acho que isso é fundamental.
testes.
Brasil. A única entrevistada que não fez considerações sobre o tema foi a E6.
sete fonoaudiólogas.
stra
Idéia
IC1
E1 Padronização no Brasil
E4 Padronização no Brasil
Poucos testes no mercado
E5 No Brasil, segue-se a padronização americana
Escassez de pesquisas na área
E6
E7 Exames realizados para a mesma faixa etária, mas com padrão de
normalidade diferente
Diagnóstico: variedade de padrões de normalidade
IC 1: Padronização no Brasil
DSC 1: A gente tem problemas na padronização. Tem problemas
metodológicos de pesquisa, na realidade. São poucos testes que temos
mais de 100 sujeitos envolvidos... então é pouco. Tem problema com
algumas gravações. Também tem que rever o próprio protocolo de teste.
Temos problemas com a divulgação de resultados de pesquisa. Pessoas
que utilizam padronizações segundo pesquisas que fizeram no seu centro
de pesquisa, na sua universidade e que isso não é acessível a outras
pessoas. O que eu acho que é uma questão ética importante aí. Na
medida que é comercializado o procedimento, e esse procedimento ou
vários procedimentos têm normas. Se por ventura, ao longo do tempo,
digamos 10 anos, seja mudada essa norma, se esses autores mudam
essa norma, teria que haver uma comunicação de alguma forma, muito
ampla sobre essa modificação de norma. Dificuldade de encontrar uma
literatura publicada com base e eu poder visualizar pesquisa realizada.
Entendo que não é fácil, não é uma crítica a ninguém em particular.
Temos dificuldade no financiamento de pesquisa para fazer estudo de
normalidade. Mas acredito que as pessoas que estão ligadas às
universidades federais e estaduais são pessoas que têm mais
disponibilidade de fazer esse tipo de investigação de pesquisa de
normalidade. Nós podemos discordar que os tipos de distúrbio de
processamento auditivo, agora a gente não pode discordar que ele tem ou
não tem distúrbio. Você achar que ele tem e eu achar que não tem. Nós
temos que chegar no mesmo consenso. E isso é um problema
relacionado à normatização, relacionado ao pensamento das pessoas de
conceito teórico que tem por detrás do que significa esse processamento
auditivo, para os laudos de avaliação de processamento e reflete muito
profissionalmente, reflete no mercado de trabalho, entra em discrédito
por outros profissionais porque não vão conseguir entender essas
diferenças. Eu acho até que pode haver algumas diferenças de
padronização e você use um referencial, como um exame de laboratório,
onde você tem uma medição de glicose e está do lado a referência tal
segundo fulano, agora eles estão colocando tudo assim. O pessoal não
tem padronização também no relatório. Então eu acho isso um problema
grave que precisa ser resolvido de uma forma científica, ética e
profissional e que daqui a pouco vai repercutir. Temos mais de 10 anos
de testes de processamento aplicados e não há modificação com relação
a isso. Na realidade se mantém. As pessoas estão preocupadas com a
reabilitação, mas o diagnóstico tem muito mais problemas que
repercutem profissionalmente do que o processo de reabilitação em si.
prática clínica.
eficientes de tratamento.
secundário, DU 2 – Relatório/laudo.
IC 1: Diferenciar patologias com os mesmos sintomas (comorbidades)
DSC 1: Ele é importante principalmente no caso de queixas mais
complexas, de indivíduos que muitas vezes fazem processamento, faz a
terapia e não melhora. Coloco em primeiro lugar a dificuldade dele para
que seja tratada primeiro e não só o processamento. Eu vejo que a
Fonoaudiologia tem que entrar em diagnóstico diferencial de dislexia, de
distúrbio de leitura e escrita, de qualquer alteração que envolva
linguagem, principalmente nos aspectos auditivos. É muito importante
para a análise de cada caso e para os encaminhamentos necessários.
Então através do diferencial que a gente vai ver quais os rumos que vão
ser tomados. É você diferenciar patologias que têm a mesma
sintomatologia, que têm comportamentos similares. Quando você fica
com dúvida, eu acho que você tem que fazer um diagnóstico diferencial.
Na medida em que existem comorbidades. Então a gente tem que ter
conhecimento de outras áreas de desenvolvimento infantil e áreas de
processamento visual, tátil-cinestésico, neurológico, para que a gente
possa estar detectando sinais e sintomas de outras patologias para a
gente também poder excluir ou complementar ou buscar avaliações
complementares. Não que a gente vá fazer diagnóstico de outras áreas,
mas sim poder colocar a nossa avaliação dentro de um processo global.
Conhecer um indivíduo globalmente, concebê-lo de forma mais ampla
para localizar a nossa avaliação de forma mais específica dentro de um
processo que é grande. Então a gente não pode reduzir o nosso olhar
puramente ao processamento auditivo, para que a gente possa fazer um
diagnóstico diferencial. Estabelecer comorbidades ou não.
objetivos possíveis.
Quadro 14 - Expressões-Chave das Idéias Centrais e dos Discursos Únicos, por entrevistada, sobre o tema Diagnóstico Diferencial
Amo
DUs
Musiek, 1997; Bellis, 2003; ASHA, 2005), desempenho superior a dois desvio-
lingüística.
IC 2: Equipe multidisciplinar
DSC 2: A gente não pode trabalhar sozinho, tem que trabalhar em
conjunto. Diagnóstico diferencial não é só a fono que vai fazer. Então se o
paciente chega e você achar que você dá conta, você está equivocado.
Você não vai auxiliar aquela criança de fato ser compreendida com toda a
gama de variáveis que existem dentro de um quadro. Então, quer dizer, eu
estou vendo um sintoma, uma manifestação. Mas se eu tiver informações
de outros segmentos, fica muito difícil ficar tranqüila. Atendendo a
criança sabendo que estou trabalhando estes aspectos, mas que os
outros estão minimamente garantidos... de percepção... enfim, é sempre
um processo. Precisa fazer um diagnóstico diferencial e é o que eu
procuro junto com os profissionais: psicopedagogo, psicólogo, neuro,
pra ver o que está pegando mais no aluno, na criança, pois geralmente é a
criança, a população que nos procura. O que está sendo mais pedido dele
ali.
Para Smith e Strick (2001) uma equipe de profissionais deve utilizar uma
(Rose, 2006).
(2007) e Ajuriagüerra (sem data), o SNC pode ser compreendido como uma
entidade dinâmica, sendo que sua base é, de certa maneira, fixa, pois funciona
relacional, e não anatômico. Por isso, segundo Banai e Kraus (2007), o TPA(C)
até o cérebro (Guida et al., 2007). Para Richard (2007), como o estímulo
SNAP até o lobo temporal auditivo, principalmente giro de Heschl, devem ser
bem delineadas pelo avaliador, pois começa a ficar mais difícil no nível do
justificar os encaminhamentos.
encontram preservadas.
E2.
sentem dificuldade em fazê-lo; por isso salienta o hábito da leitura, como forma
(CENTRAL)
sensorial”
das sensações”
conceitos;
metodológicos de pesquisa
mesma sintomatologia”
coletivo a partir dos depoimentos das fonoaudiólogas, segue uma “carta” final
2008.
2(1):61-62, 2004.
AQUINO, A.M.C.M & ARAÚJO, M.S. Vias auditivas periférica e central.
p.219-221, 1954.
BOOTHROYD, A. The sense of hearing. In: Speech acoustics and
de Aprendizagem, 1996.
disorder and attention deficit hyperactivity disorder. In: CHERMAK & MUSIEK.
1992.
Desorders New Perspectives. Singular Publishing Group Inc: San Diego, 1997.
2005.
Alegre, 1990.
177-181, 2007.
York, 1998.
2008).
Processing: A Transdisciplinary View. Mosby Year Book Inc: St. Louis, 1992.
Transdisciplinary View. Mosby Year Book Inc: St. Louis, 1992. p. 81-91.
novo enfoque em pesquisa qualitativa. 8ª. Ed. Educs: Rio Grande do Sul, 2003.
Aranha Ricardo. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Ed.
York, 1954.
dizer. In: RODRIGUES, C.; TOMITCH, L.M.B. [et al.]. Linguagem e Cérebro
Artmed, 2006.
Preto, 2005.
Artmed, 2006.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, ____________________________________________________________
___________________________
Assinatura do Participante
Anexo 3
Prezado(a) Senhor(a):
Em um segundo momento, será feita uma gravação em MP3, sendo que o(a)
___________________________________
Participante