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INTRODUÇÃO
Discutir sobre essa temática é muito importante para a inclusão da minoria social
(surdos) no ensino da escrita em português dentro do processo educacional, para que
assim, apesar de não poderem ouvir, consigam usufruir do direito a uma educação de
qualidade.
METODOLOGIA
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aos anos de 1995 a 2023, utilizando os seguintes descritores: inclusão; escrita; língua
portuguesa; educação; surdos. A partir dos consecutivos critérios de inclusão: i)
Abordagem do tema da aquisição da linguagem escrita do português aos surdos e ii) Os
problemas encontrados no processo de ensino e aprendizagem da modalidade escrita da
língua portuguesa; iii) Dos subsequentes critérios de exclusão: a luta dos tradutores–
intérpretes de LIBRAS ao incluir os alunos surdos nas aulas de Língua Portuguesa,
dentro da pandemia da COVID-19; a inclusão de estudantes deficientes auditivos nas
universidades e o processo de aquisição da língua inglesa dos surdos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1 Por exemplo, no português há um conjunto de conectivos que, por vezes, "são apresentados por uma
expressão facial, ou são incorporados a um sinal na sequência gramatical da frase proferida em libras."
(CHAVES e ROSA, 2014, p.18).
2 E tal discussão se faz ainda mais relevante quando pensado sobre a Lei nº 10.436, de 24 de abril de
2002, decretando que a libras não poderá substituir o português em sua modalidade de escrita, muito
embora pessoas surdas possam utilizar das libras, o que acarretaria em um bilinguismo. A respeito de tal
lei, desta maneira é apresentada: “[...] Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais
estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da
Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais -
PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá
substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.” (BRASIL, 2002)
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visual, por exemplo, os sinais, através dos quais as sentenças, das mais simples às mais
complexas, são expressadas. Por conseguinte, o português será, na maioria das vezes, a
segunda língua da pessoa surda, apreendida de forma mais técnica e não de modo
natural - tal como a língua materna tende a se desenvolver - nas vivências do indivíduo,
isto é, no ambiente em que o sujeito está inserido, sendo um deles, o familiar3.
Muito embora alguma determinada língua esteja presente na vida do sujeito
desde a sua infância, essa condição não isenta a possibilidade de haver inacessibilidade
do indivíduo em aprender a desenvolver o ato da comunicação a partir de sua própria
língua materna - quem dirá a sua segunda. No caso de uma criança surda que é cuidada
por pessoas não-surdas, pode acontecer de haver dificuldades no ensino e
aprendizagem, já que as pessoas surdas, desde cedo, segundo Tervoort (1961), vão
utilizar seu corpo como meio de comunicação quando enunciar algo 4; enquanto aqueles
ao seu redor dispõem de um sistema comunicacional regido por regras gramaticais
próprias.
Dessa forma, levando em consideração o primeiro contato da pessoa surda com
sua primeira língua, vale refletir sobre o processo de alfabetização da língua portuguesa
em sua modalidade escrita. Neste caso, há um procedimento de aquisição de uma outra
língua - de modo que o indivíduo terá de aprender do início todo um novo arcabouço
linguístico -, que o fará ser bilíngue. Não obstante, a aprendizagem dessa nova língua
para a pessoa surda, vai ser semelhante ao modo como se aprende uma língua
estrangeira, que vai ser de forma mais técnica e menos fluida, isto é, natural 5. No
entanto, é apenas depois da alfabetização de sua primeira língua, que deve haver a
aprendizagem de sua segunda língua6, tendo de haver prioridade em se ensinar e
3 “É costume identificar a “língua materna” com a primeira língua, e nisto a língua falada pela mãe,
fazendo aí a suposição de poder haver uma outra, a estrangeira, segunda; e também com a língua
nacional, implicando desta forma uma identificação do falante através da língua que sustenta a unificação
subentendida no conceito de nação. Se adotarmos estas definições podemos inferir que a qualificativa
“materna” presente na expressão se refere à primeira língua. Outro significativo para a criança quer à
nação-mãe à qual todo e qualquer falante deve sua filiação.” (LEITE, 1995, p. 65)
4 Ou seja, “muito embora o mundo ao seu redor possua um sofisticado sistema de comunicação ou,
segundo ele, uma língua convencional, a criança surda usa seu corpo como primeira ferramenta de
comunicação” (SILVA, 2005, p. 26).
5 “A aquisição da linguagem apresenta-se como uma questão fundamental na Teoria Linguística e no
estudo da cognição humana. O estudo da aquisição da linguagem visa a explicar de que modo o ser
humano parte de um estado no qual não possui qualquer forma de expressão verbal e, naturalmente, ou
seja, sem a necessidade de aprendizagem formal, incorpora a língua de sua comunidade nos primeiros
anos de vida, adquirindo um modo de expressão e de interação social dela dependente.” (CORREA, 1999,
p. 335).
6 “Considera-se aqui que a alfabetização e a aquisição de uma segunda língua envolvem processos
diferentes, principalmente quando se trata de línguas de modalidades diferentes. Qualquer estudo sobre a
aquisição da leitura e escrita em uma L2 pressupõe que os alunos estejam alfabetizados na forma escrita
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aprender sua língua materna, pois “quanto mais tardio o contato com a aquisição da
língua de sinais, mais dificuldades estarão presentes no processo de ensino-
aprendizagem.” (CHAVES e ROSA, 2014, p. 22).
Tempos atrás as pessoas surdas ficavam isoladas em suas casas, resguardadas
pelas famílias e até mesmo excluídas da sociedade por serem tidos incapazes de
aprender e socializar. Atualmente, nota-se que o número de alunos com surdez - ou até
mesmo outras deficiências - está aumentando no ambiente escolar. E quebrando
paradigmas, esses alunos chegam às escolas mostrando toda sua capacidade de aprender
da mesma forma que uma pessoa ouvinte é capaz.
No entanto, mesmo demonstrando toda sua potencialidade na aprendizagem,
quando a pessoa surda entra na escola, ela se depara com uma estrutura educacional que
não a inclui, por exemplo, professores que não estão preparados para ensinar a esta
pessoa, tal como ensina aos ouvintes e pessoas que, desde cedo, praticam o português
em sua modalidade de escrita.
Por vez, a discussão aqui se direciona ao fornecimento de um espaço de
aprendizagem comum para todos (as), onde se possa oferecer uma variedade de
atividades educacionais, pedagógicas, em todos os níveis possíveis, levando em
consideração a igualdade de condições com os demais. Mas a escola não pode arcar
com todo o compromisso sozinha, pois é notório suas dificuldades. Para que seja
possível uma educação inclusiva, é preciso pensar e dialogar com as políticas públicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, tendo tomado como base argumentativa os dados bibliográficos
recolhidos para a composição deste trabalho, nossa intenção foi fornecer uma discussão
acerca do ensino da língua portuguesa em sua modalidade de escrita, visando pensar as
situações que tornam possíveis, também, a aprendizagem da mesma por parte de
pessoas surdas. Desse modo, nossa pesquisa teve como preocupação central reflexões
acerca da inclusão de pessoas surdas nesta modalidade de ensino. Para isso, foi
indispensável pensarmos sobre alguns dos diferentes modos de se comunicar, por
exemplo, a oralidade, a escrita, a libras, o bilinguismo, etc. Portanto, atribuímos total
relevância a tais discussões desenvolvidas, por enxergarmos a necessidade de
da L1. Portanto, somente após as crianças surdas estarem alfabetizadas na escrita das LIBRAS, sugere-se
iniciar a aquisição formal da língua portuguesa, nesse caso, a segunda língua das crianças.” (QUADROS,
2006, p. 9)
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compreensão dessas diversas formas de se efetivar a linguagem, para que se torne
possível um educar e aprender inclusivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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