Cultura de Tecidos Vegetais

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CÁCERES
CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
DISCIPLINA: Biotecnologia na agricultura

Prof: Dr. Raimundo Leonardo Lima de Oliveira

Cáceres - MT
2024
CULTURA DE TECIDOS VEGETAIS
CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA CULTURA DE TECIDOS

✓ 1838 (Schleiden e Schwann) Teoria celular e depois


teoria da totipotência;

✓ 1902 (Haberlandt) Primeiro experimento;

✓ 1957 (Skoog e Miller) Trabalho Clássico (relação


auxinas e citocininas);

✓ Dr. Agesilau Bitancourt trabalhos pioneiros no Brasil;


Cultura de Tecidos

➢ É uma técnica com grande aplicação na agricultura;

➢ Nessa técnica, pequenos fragmentos de tecido vivo, chamados


explantes, são isolados de um organismo vegetal, desinfestados e
cultivados assepticamente, por períodos indefinidos em um meio de
cultura apropriado.
➢ Consiste no cultivo de células, tecidos ou órgãos vegetais, em
condições assépticas, utilizando-se meios de cultura enriquecidos
com nutrientes minerais e orgânicos, suplementados com reguladores
de crescimento.
As diversas partes de uma planta angiosperma
Por que a cultura de tecidos vegetais?

✓ Rápida propagação comercial de novas cultivares;

✓ Normalmente não destrói a planta mãe;

✓ Fornecimento contínuo de plantas ao longo do ano;

✓ Seleção rápida para o melhoramento das culturas;

✓ Plantas livres de vírus;

✓ Gera clones verdadeiros;


➢ O objetivo é obter nova planta idêntica à original, ou seja, realizar uma
clonagem vegetal que é definida como uma propagação assexuada de
células ou organismos de modo a obter novo indivíduo.

TEORIA DA TOTIPOTÊNCIA

Potencialidade X Competente

➢ Maturidade;

➢ Estado Fisiológico;

➢ Tecido utilizado.
➢ A cultura de tecidos é comumente usada para descrever todos os
tipos de cultura in vitro de plantas.

Categorias de acordo com a organização do


crescimento in vitro:

Cultivos com crescimento Cultivos com crescimento


organizado não organizado
➢ Cultivos com crescimento organizado:
❖ Cultura de meristemas: cultura de ápices caulinares muito pequenos,
consistindo do domo meristemático apical com ou sem primórdios foliares,
com tamanho entre 0,1 mm e 0,3 mm, dependendo da espécie. Originam eixos
caulinares unipolares.
❖ Cultura de ápices caulinares ou gemas: inicia-se a partir de gemas ou brotos
de tamanho maior que os meristemas, contendo vários primórdios foliares, que
são conduzidos de forma a produzir múltiplas brotações ou multigemas.
❖ Cultura de segmentos nodais: inicia-se a partir de gemas laterais existentes nos
nós da planta, cada um tendo anexo um pequeno pedaço de tecido do ramo.
Entrenós contendo uma ou várias gemas podem ser cultivados.
❖ Cultura de raízes isoladas: cultura de raízes desconectadas da parte aérea,
resultando na produção de um sistema de raízes ramificadas.

❖ Cultura de embriões (resgate): embriões zigóticos são excisados e cultivados


para dar origem a plântulas.
➢ Cultivos com crescimento não organizado:
❖ Cultura de calos: indução do crescimento e manutenção de uma massa de
células desorganizada, a partir do crescimento descoordenado de pequenos
órgãos, pedaços de tecidos ou de células previamente cultivadas.
❖ Culturas em suspensão: cultura de populações de células individuais e
pequenos grupos de células, dispersas em meio liquido sob agitação e aeração.
❖ Cultura de protoplastos: cultura de células vegetais, sem parede celular.
❖ Cultura de anteras e pólen: cultura de anteras completas contendo micrósporos
imaturos, com o objetivo de formar embriões somáticos diretamente sobre o pólen,
ou algumas vezes por organogênese passando pela fase de calo.
❖ Cultura de pólen: culturas iniciadas de grãos de pólen que foram removidos das
anteras.
➢ O processo de desenvolvimento de uma nova plântula pode ocorrer via:

organogênese embriogênese somática

Direta/indireta
Etapas da cultura de tecidos
Princípios Básicos da Cultura de Tecidos

Explante: É qualquer segmento de tecido oriundo de uma planta para iniciar


uma cultura in vitro.

Assepsia: Conjunto de procedimentos para tornar um explante livre de


microrganismos.

Meio de Cultura: O meio de cultura deve suprir tecidos e órgãos cultivados in


vitro com nutrientes, visando a atender às condições do explante no seu
crescimento.
ASSEPSIA

➢ Conjunto de procedimentos para tornar um explante livre de microrganismos


(bactérias, fungos filamentosos, leveduras, etc).

➢ O uso de antissépticos, sejam estes bacteriostáticos ou germicidas. Esses


antissépticos podem ser antibióticos, álcoois (álcool etílico); halogênios
(hipoclorito de sódio); sais de metais pesados (bicloreto de mercúrio),
fungicidas orgânicos, etc.
➢ Em relação à vidraria e aos meios de cultura, estes devem ser esterilizados
para que se destruam todos os microrganismos, por calor seco (forno, ar
quente) ou úmido (autoclave).

➢ Pinças bisturis e demais utensílios metálicos para a manipulação do tecido


podem ser esterilizados por flambagem direta.
Meio de Cultura

✓ MS (Murashige e Skoog, 1962);

✓ B5 (Gamborg et al., 1968);

✓ WPM (Lloyd e Mc Cown, 1980);

✓ SH (Schenk e Hildebrandt, 1972); etc.


O que tem no meio de cultura?
A=C Formação de Calos

A>C Alongamento, enraizamento


A<C Multiplicação
AUXINAS

✓ AIA (ácido indolilacético) instável; fraca

✓ AIB (ácido indolbutírico) indução de raízes

✓ ANA (ácido naftalenacético) crescimento e


alongamento

✓ 2,4-D (2,4-diclorofenoxiacético) indução de


calos
CITICININAS

✓ Zeatina natural

✓ BAP (6-benzilaminopurina) grande nº de


brotos; alta taxa de multiplicação

✓ Cinetina crescimento normal

✓ 2 iP (isopenteniladenina) crescimento
normal

✓ TDZ (Tidiazuron) calos; embriogênese


somática
Giberelinas (GA3) germinação; alongamento

ABA (ácido abscísico) auxilia na embriogênese somática

Etileno inibidor; pode influenciar no desenvolvimento da


planta
TIPOS DE MICROPROPAGAÇÃO
1
✓ 1 - Cultura Nodal gema pequena

✓ 2 - Cultura Internodal
2

✓ 3 - Cultura de Gema

3
✓ 4 - Cultura de Meristema

4
ESTÁGIOS DA MICROPROPAGAÇÃO
2

1- Preparatório Planta matriz

2- Estabelecimento 3

3- Multiplicação

4- Alongamento e enraizamento
4
5 - Aclimatização

5
➢ 1. Estabelecimento de uma cultura asséptica
✓ Uma vez retirados da planta-mãe, os explantes são desinfetados com um agente
químico, geralmente hipoclorito de sódio, que é mais tarde lavado.

✓ A incubação ocorrerá a uma temperatura entre 23 e 28 °C, com iluminação


durante 12 a 14 horas diárias.

➢ 2. Multiplicação
✓ Os propágulos desenvolvidos são divididos e transferidos para um meio de
multiplicação, de maneira a se obter numerosas subculturas.
➢ 3. Preparação das plântulas para a transferência ao solo

✓ As plântulas das subculturas são transferidas para um meio de enraizamento


onde, além de desenvolver raízes, enrijecem e começam a fotossintetizar.

➢ 4. Aclimatação
✓ Transferência das plântulas, primeiro para o solo ou para algum outro substrato,
mais tarde para uma casa de vegetação.
Vantagens

✓ Produção de grande número de plantas

✓ Plantas livres de doenças

✓ Homogeneidade
Desvantagens

✓ Custos

✓ Mão-de-obra especializada

✓ Mutações

✓ Problemas: Perda do Vigor; Necrose; Oxidação e


Hiperhidricidade.
AMBIENTE E ORGANIZAÇÃO DO LABORATÓRIO

Ante-sala ambiente de recepção;

Área de lavagem e esterilização lavagem da


vidraria;

Área de meio de cultura preparo do


meio
Área para manipulação asséptica são realizadas inoculações e
transferências de material vegetal;

Área para incubação das culturas sala de


crescimento (T, U e Luz controlados);

Casa de vegetação aclimatização de


plantas produzidas in vitro.
INSTRUMENTOS E VIDRÁRIAS USADOS NO LABORATÓRIO
Aplicações da cultura de tecidos

✓ Propagação Clonal Micropropagação

Geração de variabilidade genética;


✓ Melhoramento genético Haploidia;
Hibridação somática;
Transformação genética.
✓ Limpeza clonal

✓ Banco de germoplasma

✓ Metabólitos especiais
MICROPROPAGAÇÃO DO ABACAXIZEIRO
MICROPROPAGAÇÃO DA BANANEIRA
➢ Os rizomas devem ser retirados mantendo o ápice caulinar intacto, isto é, o
rizoma deve conter parte aérea e basal. A altura ideal do rizoma deve ser de
aproximadamente 25 cm, sendo 15 cm de parte aérea e 10 cm de parte basal,
com largura de aproximadamente 15 cm na parte basal (Figura 3).
➢ A retirada do ápice caulinar, a partir do rizoma, pode ser feita, inicialmente, na
bancada do laboratório, ou em outro local adequado. Os cortes, principalmente
na parte basal do rizoma, devem ser retos, sem fatiar o tecido (Figura 4) e de
forma a não atingir o ápice caulinar, evitando-se fazer cortes “inclinados”.
➢ Conforme o tamanho do rizoma vai se reduzindo com os cortes sucessivos,
podem ser usadas facas de tamanhos variados e bem afiadas (Figura 5).
➢ A cada corte, deve-se desinfestar a faca, mergulhando-a em solução de
hipoclorito de sódio a 0,5% - 50 mL de água sanitária + 950 mL de água. Nessa
etapa, o rizoma deve ser reduzido para uma altura entre 3 cm e 4 cm, sendo
aproximadamente metade desse tamanho a parte do rizoma, e a outra, a parte
aérea (Figura 6-A), e cerca de 2 cm de diâmetro (Figura 6-B).
➢ Depois de reduzidos os rizomas, com seus ápices caulinares, eles devem ser
colocados em um recipiente com solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (50 mL
de água sanitária + 950 mL de água destilada). Recomenda-se adicionar, a essa
solução, cinco gotas de detergente comum. Geralmente, são utilizados, de cada
vez, 25 rizomas, com seus ápices caulinares (explantes), para cada litro de
solução desinfestante (Figura 7).
➢ Nessa etapa, são induzidos o crescimento e a formação de brotos ao redor do
explante, mediante a utilização de reguladores de crescimento (Figura 8-A e
B).
➢ As condições da sala de crescimento devem ser as mesmas das fases
anteriores. Essa fase pode durar de 30 a 45 dias (dependendo da
cultivar/variedade), sendo importante que as mudas atinjam uma altura
aproximada de 4 cm a 6 cm, e que ocorra formação abundante de raízes para
que as plantas possam passar à etapa de aclimatização com maior garantia de
sobrevivência (Figura 9).
➢ Os explantes ideais são mudas com parte aérea e raízes bem desenvolvidas, apresentando de 4
cm a 6 cm de altura. As mudas devem ser cuidadosamente retiradas dos frascos de cultivo,
lavadas abundantemente com água corrente até que todo o meio de cultura tenha sido retirado
(Figura 10). Após esse procedimento, as raízes devem ser podadas, deixando as mudas com
raízes de 1 cm de comprimento (Figura 11).
➢ As mudas devem ser separadas individualmente, contadas e colocadas em bandejas (Figura 12-A)
ou em caixas de isopor (Figura 12-B), até serem aclimatizadas. Nessas condições, recomenda- -se
que as mudas não permaneçam por mais de três dias, devendo ser acondicionadas em local
refrigerado.
Ao final da segunda etapa, as mudas micropropagadas da cultivar Williams
apresentam, em média, seis folhas, 18,0 cm de altura e 1,0 cm de diâmetro do
pseudocaule. Na terceira etapa, as mudas são transferidas para sacos plásticos
pretos de capacidade de 2,5 kg (Figura 15), contendo como substrato solo
profundo, composto orgânico (esterco) e casca de coco, na proporção de 3:1:1.

Permanecem sob condições de estufa por quatro semanas. Ao final da terceira


etapa, as mudas micropropagadas da cultivar Williams apresentam, em média,
10 folhas, 30,0 cm de altura e 9,0 cm de diâmetro do pseudocaule. Outra opção
seria o uso de substrato formado por 60% de solo, 30% de areia e 10% de
vermicomposto, e aclimatização das mudas em tubetes, com volume de 300 cm3
(Figura 16).
ATIVIDADE 02
1. A cultura in vitro consiste no crescimento e na multiplicação de células, tecidos, órgãos ou
parte de órgãos de uma planta sobre um meio nutritivo e em condições assépticas. Os principais
objetivos da técnica são: obtenção de uma planta idêntica à original mediante a clonagem vegetal
(propagação assexuada de células ou organismos); ou obtenção de novo indivíduo, mantendo-se
o genótipo idêntico àquele do ancestral comum.

Essa técnica da cultura in vitro de tecidos é baseada principalmente no aproveitamento de


qual propriedade das células vegetais?. Justifique sua resposta.

2. A cultura dos tecidos tornou-se uma técnica bem estabelecida para cultivar e estudar o
comportamento fisiológico de órgãos, tecidos, células, protoplastos e até organelas celulares
isolados em condições físicas e químicas controladas com precisão. A maioria das plantas com
sementes ou sem sementes não germinam no solo. Além disso, as plantas derivadas de calos
exibem uma enorme variação genética que poderia ser explorada para o desenvolvimento de
clones/variedades superiores, particularmente em espécies de plantas propagadas
vegetativamente.

Qual tecnologia que utiliza cultura de células e tecidos vegetais in vitro é associada com a
produção em grande escala a preços competitivos?. Justifique sua resposta.

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