Distribuição Optimizada Dos Aparelhos de Corte
Distribuição Optimizada Dos Aparelhos de Corte
Distribuição Optimizada Dos Aparelhos de Corte
Julho de 2009
© Paulo Marques de Sousa, 2009
Resumo
Para obter soluções optimizadas foi utilizada uma técnica baseada em Algoritmos
Genéticos, recorrendo a métodos de Nicho, uma vez que estes permitem ultrapassar os
problemas apresentados pela rápida convergência da população dos Algoritmos Genéticos e
consequentemente a possibilidade de convergência rápida para óptimos locais incapacitando-
o de atingir o óptimo global.
iii
Abstract
With the growing world’s energy dependence, there is a need to develop computer
applications to organize and optimize better the solutions to several problems. In the ambit
of the network planning of the EDP Distribuição there is a need to make rational decisions so
that the capital management is assured.
In this sense, this dissertation presents the results of a work developed at EDP
Distribuição, with a goal of obtaining a new methodology for the location of reclosers in a
average tension network, in the sense of avoiding the decision making process in an empirical
way in regard to the allocation of the respective devices.
In order to obtain optimized solutions was used a Genetic Algorithm based technique,
more concretely the Niching method, because these allowing to overcome the problems
presented by a quick convergence of the genetic algorism population and consequently the
inability to present the global optimum, remaining the solution in the local optimum.
The following work includes the study of the actual functionality, a revision to the state of art
in regard to the problem of the optimization of the cut devices in an average tension radial
network, it includes a chapter regarding the optimization methodologies, the functioning of
the genetic algorithms and the methodology and adapted solution as well as the results
obtained.
v
Agradecimentos
Aos meus pais, pela educação e oportunidade de que me deram de poder estudar e pelo
acompanhamento ao longo da minha vida.
À Joana pelo carinho, conforto e motivação não só durante a realização desta dissertação
como ao longo de todo o curso.
À EDP Distribuição por me dar a oportunidade de desenvolver este trabalho nas suas
instalações e a todos os seus colaboradores que nunca rejeitaram qualquer tipo de ajuda, e
que me acolheram com todo o carinho. Nomeadamente à minha orientadora Eng.ª Nina
Clemente, ao Eng.º Hélder Fonseca, Eng.º Jorge Ribeiro, Eng.º Oliveira, Eng.º Quintino e
também ao Sr. Carlos por ter partilhado o seu gabinete comigo na maior parte do tempo e me
guiar no processo de integração.
Ao meu orientador Professor Dr. José Rui Ferreira pela disponibilidade, apoio e
sinceridade prestada durante a realização do trabalho.
A toda a minha família e aos meus amigos nomeadamente ao Ricardo Moreira, Luís
Moreira e Márcio Oliveira pela amizade e companheirismo ao longo do curso e em especial ao
Tiago Fernandes pela sua preciosa e fundamental ajuda no trabalho desenvolvido.
vii
Índice
Abstract............................................................................................. v
Capítulo 1 .......................................................................................... 1
Introdução ........................................................................................................ 1
1.1 Enquadramento ........................................................................................ 1
1.2 Motivação ............................................................................................... 2
1.3 Objectivos ............................................................................................... 2
1.4 Calendarização ......................................................................................... 3
1.5 Estrutura da dissertação .............................................................................. 3
Capítulo 2 .......................................................................................... 2
Levantamento dos Equipamentos e Funcionalidades Actuais ............................................ 2
2.1 Automatismo VT (voltage-time) ..................................................................... 2
2.2 Equipamentos Instalados na Rede .................................................................. 7
2.2.1 IAR (Interruptores Auto - Religadores) ............................................................. 7
2.2.2 OCR1 (Órgão de Corte de Rede – Tipo 1) .......................................................... 8
2.2.3 OCR2 (Órgão de Corte de Rede – Tipo 2) .......................................................... 9
2.2.4 DAR (Disjuntor Auto - Religador) .................................................................. 10
2.2.5 Comparação das características técnicas ....................................................... 11
2.3 Cadeia de Valor do TCMT (Telecomando de Média Tensão).................................. 12
2.3.1 Validação Técnico – Económica de TCMT ........................................................ 13
2.3.2 Validação do Local do Telecomando ............................................................. 14
Capítulo 3 ......................................................................................... 15
Estado da Arte .................................................................................................. 15
3.1 Heurística para localizar interruptores ou IARs ................................................ 16
3.1.1 Exemplo para localização de interruptores em redes radiais................................ 18
3.2 Sistema de Colónia de Formigas (Ant Colony System) ........................................ 21
3.2.1 Resultados e Análises ............................................................................... 25
3.3 Multiple – Population Genetic Algorithm (MPGA) .............................................. 27
3.4 Método Computacional ............................................................................. 29
3.5 Resultados e Análises ............................................................................... 29
Capítulo 4 .........................................................................................14
Métodos de Optimização ..................................................................................... 14
4.1 Introdução ............................................................................................. 14
4.2 Inteligência Artificial ................................................................................ 32
4.2.1 Simulated Annealing................................................................................. 32
4.2.2 Algoritmos Genéticos................................................................................ 34
4.2.3 Ant Colony Optimization ............................................................................ 35
4.2.4 Particle Swarm Optimization (PSO) ............................................................... 35
Capítulo 5 .........................................................................................30
Algoritmos Genéticos.......................................................................................... 30
5.1 Introdução ............................................................................................. 30
5.2 Implementação ....................................................................................... 38
5.3 Operações Básicas de um AG simples ............................................................ 39
5.3.1 Inicialização........................................................................................... 40
5.3.2 Cálculo da Aptidão................................................................................... 40
5.3.3 Selecção ............................................................................................... 40
5.3.4 Cruzamento (“crossover”).......................................................................... 41
5.3.5 Mutação................................................................................................ 42
5.4 Escolha dos parâmetros do AG .................................................................... 42
Capítulo 6 .........................................................................................43
Métodos de Niching ............................................................................................ 43
6.1 Introdução ............................................................................................. 43
6.2 Pré-selecção .......................................................................................... 44
6.3 Crowding .............................................................................................. 44
6.4 Deterministic Crowding ............................................................................. 45
6.5 Fitness Sharing ....................................................................................... 45
Capítulo 7 .........................................................................................47
Metodologia Implementada .................................................................................. 47
7.1 Porquê o método de Crowding? ................................................................... 47
7.2 Modelização do problema .......................................................................... 52
7.3 Resultados e Análises ............................................................................... 53
7.4 Dificuldades ........................................................................................... 56
Capítulo 8 .........................................................................................48
Conclusões e Trabalhos Futuros ............................................................................. 48
Referências .......................................................................................48
ix
Lista de figuras
Figura 2.6 – Valores de referência de órgãos de TCMT instalados na rede de EDPD[1].. ....... 11
Figura 3.1– Representação de uma rede com n nós, cargas nodais P1…Pn, n ramos com
naturezas e comprimentos distintos e com diferentes taxas de avarias[2]................. 16
Figura 3.2– Duas localizações possíveis para o interruptor automático, A e B.[2] ............... 17
Figura 3.3– Rede radial a 15KV. Esquerda: comprimentos em m. Direita: cargas médias em
KW.[2] ................................................................................................... 18
Figura 3.4– Intervalos [Esquerda, Direita] calculados para o valor da END, pela colocação
de um único interruptor num qualquer dos ramos da rede (resultados em
MWh/ano)[2]. .......................................................................................... 19
Figura 3.6– Fluxograma correspondente ao método ACS (ant colony system)[4]. ............... 22
Figura 4.2 – Estado desordenado das moléculas devido a um arrefecimento rápido. ........... 33
Figura 4.3 – Estado ordenado das moléculas devido a um arrefecimento lento. ................. 33
xi
Lista de tabelas
xiii
Capítulo 1
Introdução
1.1 Enquadramento
1
Na possibilidade de avaria de um qualquer elemento, este torna-se desnecessário/redundante para o
correcto funcionamento do sistema. É usual a referência a uma rede com redundância “N-1”, sendo N o
número de elementos que a compõem e 1 o elemento avariado.
2 Introdução
1.2 Motivação
Até ao momento, apesar de já terem sido efectuadas tentativas para que se alterassem
as metodologias, a identificação do melhor local para instalação dos aparelhos de corte
telecomandados na rede de distribuição de Média Tensão (MT) segue um modelo empírico, no
qual se adopta a “filosofia” de colocar os aparelhos sensivelmente a meio da rede de
distribuição, de tal forma que um determinado incidente a jusante do mesmo não afecte os
consumidores que estão a montante, garantindo assim que a rede não seja completamente
colocada fora de serviço contribuindo deste modo para uma maior qualidade e fiabilidade de
serviço.
O telecomando na rede de MT tem por objectivo a redução da Energia não Distribuída
(END) e do Tempo de Interrupção equivalente da Potência Instalada (TIEPI) da Rede Nacional
de Distribuição (RND), bem como, contribuir adicionalmente para o aumento da flexibilidade
da rede MT.
1.3 Objectivos
1.4 Calendarização
Numa tentativa de realizar uma correcta gestão do tempo disponível para a realização
deste trabalho, foi elaborado um esquema de calendarização, apresentado na Tabela 1.1.
• Sem religação;
• 1 RL
• 2 RL
• 1 RR
• 1 RR + 1 RL
• 1 RR + 2 RL
Como se pode constatar através da figura anterior, tendo como referência um órgão de
corte instalado na rede, na posição de fechado, a detecção de falha de tensão a montante do
mesmo, (por abertura do disjuntor ou de outro órgão de corte), provoca o envio da ordem de
abertura para o órgão, após o tempo t0 (confirmação da falha de tensão).
7
Os primeiros órgãos a serem instalados na rede de média tensão foram os IAR. Estes
destinavam-se a colocar fora de serviço troços de linhas que devido às suas características
fossem susceptíveis de ser causadoras de avarias.
O princípio de funcionamento baseia-se na função de automatismo VT descrita
anteriormente. Quando ocorre o disparo do disjuntor da linha da subestação dá-se a actuação
de uma bobine de falha de tensão e o IAR abre. Após a religação do disjuntor, um
temporizador retarda o fecho do IAR, podendo verificar-se uma de duas situações:
• Se o disjuntor da linha voltar a disparar antes do IAR fechar, existe uma avaria a
montante do IAR;
• Se o temporizador cumprir o tempo programado com a linha em tensão, o IAR
liga; ao ligar, se o disjuntor na subestação não voltar a disparar, estamos
perante um defeito fugitivo; se o disjuntor na subestação disparar, o IAR
bloqueia na posição de aberto e temos uma avaria a jusante do IAR.
As primeiras unidades instaladas não eram providas de telecomando, pelo que após um
ciclo de religações, era necessário mobilizar equipas de assistência à rede para confirmar o
estado do órgão e pesquisar avarias a jusante, caso se confirmasse o bloqueio.
8 Levantamento de Equipamentos e Funcionalidades Actuais
Figura 2.3 – OCR1 instalados na rede de MT e sinóptico mecânico de indicação de estado (aberto ou
fechado) [1].
A designação deste OCR, tipo2, difere da anterior pelo facto de este suportar correntes
de curto-circuito, possuindo características eléctricas muito semelhantes às do IAR.
Este aparelho possui uma distância entre pólos, na posição de aberto, que não lhe
confere um nível superior de isolamento, podendo em presença de sobretensões acentuadas,
verificarem-se escorvamentos entre os pólos. Necessita então de ter associado um
seccionador que garanta o corte visível, em intervenções na rede.
De referir que, estes aparelhos são hoje em dia os mais utilizados na rede de MT, no
entanto estão a ser feitos estudos de viabilidade para um novo tipo de OCR – tipo 3.
O DAR é um aparelho aéreo que funciona de forma integrada com uma protecção e uma
função de automatismo associada, e que tem a particularidade de promover um ciclo de
religações após a detecção de um defeito. O DAR, contrariamente ao IAR, não necessita de
“sentir” a ausência de tensão para abrir, mas sim, depende da protecção associada ou de
uma ordem manual ou por telecomando.
Caso o ciclo de religações de cumpra e o defeito permaneça, o DAR fica na posição de
aberto e com informação de bloqueio ao religador. Caso o defeito desapareça (defeito
fugitivo), o DAR normaliza a alimentação das cargas a jusante[1].
11
Depois de uma breve descrição de alguns dos aparelhos de corte existentes vai ser feita
uma breve comparação das suas principais características, figura 2.6:
A validação do telecomando da rede aérea de média tensão deve no entanto ir para além
de uma simples avaliação económica, sendo que esta deverá estar sempre presente. Por ser
uma análise simulada, produzirá resultados próximos do óptimo, logo a sua adequação à
realidade da rede carece de integrar outros factores. Fundamentalmente a validação do local
de inserção do órgão para telecomando deve suportar-se em cinco factores de análise:
Estado da Arte
Neste Capítulo, é feita uma pesquisa bibliográfica, onde serão abordados alguns
exemplos de aplicações já desenvolvidas sobre a localização dos aparelhos de corte
telecomandados na rede de distribuição.
Inicialmente, será dado um exemplo de um método que não necessita de recorrer a
inteligência computacional.
Seguidamente será feita uma abordagem aos métodos computacionais usando
inteligência computacional com especial ênfase para a utilização de Algoritmos Genéticos.
16 Estado da Arte
De acordo com [2], pode-se criar um modelo de decisão para uma rede radial com cargas
nodais distintas e ramos de diversos tipos e comprimentos, tal como representa a figura 3.1.
Considere-se que um aparelho de corte será sempre colocado no extremo montante de um
ramo.
“Para facilitar a notação, adopta-se a seguinte notação, para qualquer variável X(=λ,=P)
distribuída entre os pontos a e b (incluindo todas as derivações ou ramais)”:
Figura 3.1– Representação de uma rede com n nós, cargas nodais P1…Pn, n ramos com naturezas e
comprimentos distintos e com diferentes taxas de avarias[2].
A energia média anual não fornecida E0 numa rede sem interruptor é dada por:
(3.1)
(3.2)
“Portanto, a melhor localização para um interruptor será onde a diferença Es-E0 for
maximizada, dando:
(3.3)
Esta é uma expressão muito simples, a ser calculada em cada nó montante de cada ramo
da rede. Se S≈0, correspondendo a desprezar os tempos de manobra face aos tempos de
reparação, a lógica de optimização é
(3.4) que corresponde ao ponto onde o produto da taxa total de avarias da rede
após o interruptor pela carga total antes do interruptor.
O “trade-off” entre não ter um interruptor e instalar um interruptor é dado, em €/MWh,
por:
(3.5)
Se a rede radial tem características mais ou menos uniformes, tal como ser composta
totalmente por linhas aéreas, pode admitir-se que a taxa de avarias por km é constante e
igual a λ. Nesse caso, este valor pode ser posto em evidência e as taxas de avaria de cada
troço podem ser substituídas pelos respectivos comprimentos Lk. Nesta situação, a busca
resume-se ao ponto onde é máximo o produto do comprimento da rede após o interruptor
pela carga total antes do interruptor”.
Isto justifica que, em situações como as da figura seguinte, a escolha correcta localize o
interruptor na raiz das sub-árvores com cargas fracas e grandes comprimentos de linha [2].
Esta estratégia é independente dos valores das taxas de avaria e tempos de reparação.
Figura 3.3– Rede radial a 15KV. Esquerda: comprimentos em m. Direita: cargas médias em KW.[2]
19
Com a aplicação do Método de análise de Monte Carlo e o cálculo para cada ramo
Figura 3.4– Intervalos [Esquerda, Direita] calculados para o valor da END, pela colocação de um único
interruptor num qualquer dos ramos da rede (resultados em MWh/ano)[2].
Se fosse aplicado o critério TDC2 (Total Distance Criterion) a ambos os intervalos de END,
com o parâmetro α=0.5, obtinham-se os valores “colapsados” A-4.125 > B-4.114, com o
significado de que a localização em A deveria ser preferida marginalmente.
Sendo assim, que valor de trade-off deverá ser encarado para que se possa tomar a
decisão de instalar um aparelho?
Admita-se que o custo do aparelho e sua instalação tem uma incerteza traduzida por
[13000; 17000]€. Então, pode-se dividir a variação no investimento pela variação na END e
obter:
(3.6)
“Se por acaso a empresa adopta-se uma política para os investimentos em fiabilidade por
forma a estimular uma eficiência no uso do capital superior a 8000€ por MWh (ou seja, que se
deve gastar menos que 8000€ por cada MWh que se consegue reduzir de END), então a opção
de introduzir o equipamento estaria bem justificada, independentemente do jogo das
incertezas. Todavia, se o valor de trade-off de referência tiver sido fixado em 5000€, então
aparece um risco associado à decisão – por outras palavras, há uma margem para um possível
arrependimento de 1819€/MWh. Por outro lado, se a estimativa dos índices de fiabilidade e
cargas tiver sido optimista e a estimativa dos custos tiver sido conservadora, então a opção
pelo aparelho é claramente acertada. Que decidir?
Depende então da aversão ao risco. Para α=0.5(atitude neutral), o critério TDC coloca o
trade-off para a decisão de instalar bem abaixo do limiar de 5000€, portanto, a decisão será
de investir e correr os riscos [2]”.
2
Com o intuito de incluir a influência da aversão ao risco na ordenação de números difusos, Saade
propôs o critério TDC (Total Distance Criterion). No qual, para um número geral trapezoidal [a,b,c,d], o
valor “colapsado” A, dado pelo TDC é:
(3.7)
Onde αé um parâmetro relacionado com a aversão ao risco – onde se pode atribuir maior ou menor
importância pela adequada fixação do valor α no intervalo [0,1].
21
Um conceito que tem vindo a ser mais utilizado na procura da melhor localização para
instalação dos aparelhos de corte telecomandados é o sistema de Colónia de Formigas
(ACS)[3]. Esta técnica simula o comportamento de um conjunto de agentes que cooperam
para resolver um processo de optimização por meio de comunicações muito simples.
As formigas parecem conseguir encontrar o seu caminho (da colónia para uma fonte de
comida e regresso, ou ao redor de um obstáculo) com relativa facilidade usando uma
comunicação química através de ferómonas. Estas, depositam uma certa quantidade de
ferómona no seu caminho, tornando esse caminho mais desejável para outras formigas.
Início
Colocar o nº de iterações = 0
Sim
Satisfaz critério de
paragem?
Não
FIM
(3.8)
(3.9).
(3.10)
(3.11)
para q≤ q0:
(3.12)
(3.13)
Legenda:
C – índice de fiabilidade
- Avaliação da fitness
25
O método anteriormente descrito, foi testado de acordo com rede que seguidamente se
apresenta:
Os parâmetros usados para esta simulação encontram-se em [4]. Dos quais se obteve os
seguintes resultados que são importantes de referir.
Pode então, com base nos resultados obtidos, observar-se que, para uma dada
capacidade de geração distribuída a fiabilidade do sistema aumenta à medida que se
aumentam o número de aparelhos de corte instalados.
Para um mesmo número de aparelhos, pode-se constatar que quanto mais geração
distribuída existir maior será também a fiabilidade do sistema.
No caso da existência de apenas um aparelho para ser instalado, este deve colocar-se o
mais próximo possível do centro da rede, para que, e assumindo que as cargas estão
uniformemente distribuídas, seja alcançado um aumento da fiabilidade em cerca de 25%.
Aumentando o número de aparelhos disponíveis, alguns ramos tornam-se particularmente
importantes para aumentar a fiabilidade do sistema. Veja-se por exemplo o ramo entre o
barramento 47 e 48 que é um ponto crucial.
Com o método exposto (ACS) conseguiu-se provar que, tanto a localização dos aparelhos
de corte como a selecção apropriada da capacidade de geração distribuída, são ambos muito
importantes para se assegurar uma boa fiabilidade do sistema [4].
No entanto, existem algumas limitações que baixam a fiabilidade do referido método.
Por exemplo, o ACS tem alguma dependência nos pontos iniciais e uma combinação eficiente
dos diferentes parâmetros requerem algum tempo para se sintonizarem. Por sua vez, não tem
qualquer tipo de limitação ao lidar com problemas de maior dimensão devido às suas
características de procura estocástica. Pode demorar mais tempo para convergir devido à
avaliação de várias soluções potenciais, porém este tempo não é tão extenso como nos
métodos analíticos, uma vez que a eficiência computacional é relativamente insensível à
complexidade e tamanho do sistema[5].
27
Neste método utiliza-se também, para procura da localização óptima dos OCR´s, os
Algoritmos Genéticos (AG).
Segundo [5], os indivíduos que irão ser escolhidos para produzir a próxima solução são
escolhidos com base em processos de selecção, que tem pesos através dos indivíduos mais
fortes, introduzindo uma pressão selectiva na população caminhando para uma solução
óptima.
De acordo com [5], quanto maior for (pc) e (pm), melhor é o rendimento das novas
soluções em cada geração. No entanto, o melhor modelo genético é destruído facilmente e a
taxa de convergência será lenta.
O tamanho da população não pode ser muito pequeno pois pode não reter as diversas
variedades genéticas no processo de geração para geração.
Por outro lado, uma população muito extensa pode ter um número proibitivo de funções
de avaliação, abrandando o algoritmo.
28 Estado da Arte
Pobre – (pc) e (pm) elevados para aumentar a capacidade de procura dos melhores
indivíduos e fortalecer a capacidade de procura global.
• Depois de cada população concluir o seu próprio processo evolutivo e depois de várias
gerações evolutivas alguns indivíduos trocam entre cada tipo de população de
modo a evitar uma convergência prematura, mantendo a diversidade de
indivíduos em cada uma das três populações. Além disso, esta troca entre
populações aumenta o espaço de solução.
De notar que os resultados obtidos neste método são iguais aos resultados obtidos pelo
método da colónia de formigas pelo que, este apesar de introduzir uma nova variante,
dividindo a população em três sub-populações, em nada influencia o resultado final.
Portanto, todas as conclusões tiradas no método anterior são válidas para este.
Isto deve-se fundamentalmente ao facto de a função de avaliação ser a mesma nos dois
métodos.
Capítulo 4
Métodos de Optimização
4.1 Introdução
A procura do óptimo e das melhores soluções que conduzem a uma maior fiabilidade, à
maximização do investimento e dos lucros e minimização do risco constituem alguns dos
factores de maior importância no sector económico e empresarial.
Sendo assim, os Métodos de Optimização oferecem não só um cenário de
desenvolvimento sofisticado sob o ponto de vista técnico-científico com perspectivas I&D na
área da Matemática Aplicada, mas também um enquadramento para os problemas de
Engenharia em que existem requisitos de desempenho elevados. Estes colocam-se cada vez
mais à medida que o desenvolvimento tecnológico acelera e a competitividade entre
processos e produtos aumenta.
Ao permitirem formulação que envolvem directamente critérios de desempenho, bem
como restrições da mais variada natureza que traduzem o funcionamento físico dos sistemas,
os objectivos e as condições a que estão sujeitos, os paradigmas tratados nos Métodos de
Optimização revelam-se se extrema importância prática sobretudo quando inseridos num
contexto adequado.
32 Métodos de Optimização
algoritmo emprega, para isso, uma pesquisa aleatória que, por vezes, aceita vizinhos cuja
energia seja mais elevada. Ou seja, em algumas iterações, o SA aceita degradar a função de
avaliação em vez de a reduzir. Entretanto, uma característica interessante deste está
associada ao facto de a probabilidade de se aceitar um vizinho de maior energia decresce
com o tempo, o que se implementa com um parâmetro, a temperatura, que decresce ao
longo do processo iterativo [8].
No capítulo seguinte (capítulo 5) irá ser demonstrado com mais pormenor o funcionamento
dos Algoritmos Genéticos.
35
Algoritmos Genéticos
5.1 Introdução
5.2 Implementação
(cromossoma, adaptação)
(4.1)
Com x1,x2 [0,31]. As variáveis x1 e x2 podem ser codificadas cada uma como um
número binário usando 5 bits. O cromossoma de um indivíduo pode ser por exemplo:
Segundo [5], “Os AG´s têm por objectivo encontrar o óptimo, ou seja, por defeito
considera-se que se pretende maximizar a função de adaptação. Este tipo de formulação é
genérica visto que para minimizar uma função bastará multiplicar a função pretendida por -
1” .
Início
Inicialização da
população
Cálculo da aptidão
Nº máximo sim
FIM
gerações?
não
Selecção
Reprodução
Mutação
5.3.1 Inicialização
5.3.3 Selecção
Cada vez que se pretende seleccionar um indivíduo, são escolhidos dois aleatoriamente,
sendo que o que possui melhor adaptação ou fitness ganha com uma determinada
probabilidade fixa (normalmente 0,8). Este método é melhorado à medida que aumenta o
número de indivíduos no torneio.
Outro mecanismo de selecção frequentemente utilizado é o da selecção com base na
probabilidade de selecção de cada indivíduo calculada por:
(4.3)
5.3.5 Mutação
Métodos de Niching
6.1 Introdução
6.2 Pré-selecção
6.3 Crowding
que evite este problema era possível era possível melhorar o método, proibindo então a
combinação de indivíduos de diferentes picos consegue-se melhorar a performance.
Sharing pode ser implementado usando qualquer método de selecção, ainda que a
selecção stochastic remainder tenha sido a mais popular nas primeiras implementações do
método.
De notar que, fitness sharing é um método computacionalmente caro, que requer a
computação de N2 medidas de distância entre pares de indivíduos, onde N é o número de
indivíduos da população.
A maior desvantagem deste método é a necessidade de especificação do σshare que requer
o conhecimento do número de picos no espaço. Têm sido desenvolvidos procedimentos para
determinar este parâmetro, como por exemplo no trabalho de Deb & Goldberg em 1989,
porém este trabalho assume uma distribuição uniforme de pontos, o que não é real em
muitas aplicações. Um problema fundamental é: onde estão os nichos? Como decidir se dois
indivíduos estão no mesmo nicho, e se devem ter o valor das suas fitness partilhados? Para
fazer isso com precisão é necessário saber onde estão os nichos e o seu tamanho. Obviamente
não podemos conhecer os nichos previamente, caso contrário não teriamos um problema para
resolver. A abordagem inicial Goldberg & Richardson (1987) assume que se dois indivíduos
estão próximos, dentro de uma distância conhecida como raio do nicho, então os seus valores
de fitness devem ser partilhados. Desta forma é medida a distância ao longo de uma única
dimensão, o espaço de codificação de parâmetros. O valor do raio de sharing (σshare) é o
mesmo para todos os indivíduos, desta forma todos os pontos de valor devem ser
aproximadamente equidistantes (Darwe & Yao, 1995). Para estabelecer o σshare é necessário
conhecer há priori a distância entre os pontos óptimos e as suas fitness. Algo que só acontece
após o AG realizar a procura no espaço de soluções candidatas e que até então permanece
desconhecida. Estas últimas limitações implicam que este método tenda a falhar na procura
de todos os pontos óptimos caso estes não estejam equidistantes e não tiverem o mesmo
valor de fitness ou se a distância estimada entre eles estiver incorrecta. Para solucionar estes
problemas algumas alternativas podem ser adoptadas, como, por exemplo, não adoptar um
σshare fixo.
Apesar das limitações citadas anteriormente, os AGs com selecção proporcional e fitness
sharing têm tido sucesso para resolver problemas de funções multimodais [14].
Capítulo 7
Metodologia Implementada
Como foi devidamente explicado nas secções anteriores, os algoritmos genéticos (AG)
tradicionais têm uma convergência relativamente rápida, após ter sido encontrada uma boa
solução.
A rápida convergência da população limita o aparecimento de cromossomas diferentes
quando se dá o cruzamento, pois o código genético dos pais é igual. Só a mutação altera o
código genético – apenas um bit e com uma probabilidade muito baixa de tal suceder (pelas
razões apresentadas no Capítulo 5). Esta mecânica dos AG tradicionais leva a que em
problemas complexos possa ocorrer a convergência para óptimos locais.
Para ultrapassar este tipo de problemas desenvolveram-se AG com base em métodos de
nicho, nomeadamente, o algoritmo genético baseado no método determinístico de crowding.
Este método permite manter a diversidade da população, tornando possível, além da
obtenção de uma melhor solução final, a obtenção de várias outras boas soluções.
Relativamente ao AG tradicionais as diferenças situam-se nos operadores genéticos,
principalmente ao nível da selecção, e no método de inserção de um novo indivíduo na
população.
No método determinístico de crowding os indivíduos de uma população são
aleatoriamente emparelhados em n/2 pares de indivíduos, sendo n o número de indivíduos da
população. Estes pares de indivíduos (pais) são sujeitos ao operador cruzamento, seguido da
mutação, originado dois novos indivíduos (filhos). Cada um dos filhos vai competir então com
o pai mais próximo entrando o vencedor para a nova população.
49
Segundo [12], esta medida de proximidade pode ser calculada recorrendo à distância de
Hamming quando se usa directamente o cromossoma. No entanto os resultados obtidos
podem ser de pior qualidade devido a erros de substituição. Estes erros ocorrem sempre que
a distância entre pais e filhos não é correctamente avaliada, levando a que um filho substitua
um pai indevidamente.
Para melhor se observar esta situação e recorrendo exemplo descrito em [12], em que
temos uma função G(x):
x inteiro (7.1)
Como,
Assim,
Logo, o pai 00111110 deverá competir com o filho 00000001 e o pai 11000001 deverá
competir com o filho 11111110. Este exemplo comprova o que havia sido dito anteriormente,
que a distância de Hamming pode originar erros de substituição de pais por filhos.
Sendo assim:
Ainda que pequena, esta rede possui 110 ramos o que torna um pouco confuso o processo
de teste. Para uma melhor compreensão é então necessário reduzir o “alvo” para que se
possa efectuar manualmente o cálculo da Energia não Distribuída comparando-a com o valor
obtido pelo método computacional e averiguando a sua veracidade.
54 Metodologia Implementada
Sendo assim, na Figura 7.5 está representado digamos que um “esquema equivalente”:
Vai então fazer-se a análise de duas soluções, para que se compare com o método
computacional de modo a confirmar se o cálculo da END está a ser feito de forma adequada.
De relembrar que o objectivo era diminuir a END pelo que a solução corresponde ao ponto
óptimo deste exemplo.
END = λ × L × t × Pmáx × f .u =
=0,1 * L2 * t * P2 * 0,57 = 0,1 * 2,187 * 1,6667 * 317,1 * 0,57 = 65,88 kWh (7.4)
Constantes
55
Ganho (kWh) 5030 Investimento (€) Ganho END (kWh) Ganho (€) Ganho Actualizado(€)
nº OCR 1
preço/OCR 15000 0 15000
custo kWh END (€) 1,5 1 0 5030 7545 6859
tx. Cres. Cargas 3% 2 0 5181 7771 6423
tx. Actualização 10% 3 0 5336 8004 6014
4 0 5496 8245 5631
5 0 5661 8492 5273
6 0 5831 8747 4937
7 0 6006 9009 4623
8 0 6186 9279 4329
9 0 6372 9558 4053
10 0 6563 9845 3795
Σ= 15000 51938
B/C = 3,46 p.u. se >=1 é rentável
O problema, neste caso, seria se o defeito ocorre-se num dos outros ramos, algo que
traria graves problemas de abastecimento aos consumidores uma vez que toda a rede ficaria
fora de serviço. Daí, não ser adequado avaliar a inserção de um OCR na rede apenas pela sua
rentabilidade, mas também devido à carga que consegue manter em serviço após ocorrência
de uma avaria num determinado ramo.
56 Metodologia Implementada
7.4 Dificuldades
Exemplificando:
Com,
gpsize = 10; /* Population size */
gpmut = 0.0075; /* mutation prob. */
gngers = 10; /* n. of generations */
gpwin = 0.8; /* prob of best winning */
Obteve-se uma END=9,93kWh, algo que seria de extremo agrado se não fosse a solução
de cerca de 44 OCR´s, o que inviabiliza totalmente a solução.
L4
L2
L1 L5
L6
L3
L7
Nestas situações, supondo que existe um OCR em L2 e outro em L3, o programa não
consegue analisar um dos troços. Continua a procura e tenta encontrar as soluções num dos
ramos mas o outro não é analisado, deparando-se com o mesmo problema sempre que ocorra
outra situação do género.
Capítulo 8
[3] M. Dorigo & T. Stützle, “Ant Colony Optimization”, MIT Press, 2004.
[4] Lingfeng Wang & Chanan Singh, “Reliability – Constrained Optimum Placement of
Reclosers on Distributed Generators in Distribution Networks Using an Ant Colony
System Algorithm”, IEEE Transactions on Systems, MAN, and Cybernetics – Part C:
Applications and Reviews, Vol.38, No.6, Nov 2008.
[5] Zhang Li, Xu Yuqin, and Wang Zengping, “Research on Optimization of Recloser
Placement of DG – enhanced Distribution Networks”, IEEE document, Abril 2008.
[7] Felix Wu, Zheng Yen, Yunhe Hou, Yixin Ni, “Applications of AI Techniques to
Generation Planning and Investment”,IEEE document.
[8] E. Aarts e J. Korst, " Simulated Annealing and Boltzmann Machine", John Wiley, 1989.
[14] Deborah R. Carvalho & Alex A. Freitas, “Uma revisão de métodos de Niching para
Algoritmos Genéticos”, Disponível em:
http://www.utp.br/tuiuticienciaecultura/FACET/FACET%2029/PDF/Art%207.pdf,
último acesso em Maio 2009.
[15] Kenney,J. Eberhart, R.C (1995), “Particle Swarm Optimization”, IEEE document
[16]Matthew Wall, “GAlib: A C++ Library of Genetic Algorithm Components”, versão 2.4,
Ago 1996.