Contabilidade Aplicada
Contabilidade Aplicada
Contabilidade Aplicada
SUMÁRIO
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Unidade I - Escrituração Comercial e Fiscal
A escrituração contábil e fiscal de uma empresa é exigida:
Pela legislação comercial, tendo em vista o interesse dos proprietários da
empresa e de terceiros que com ela se relacionam; e
Pela legislação fiscal, particularmente a do Imposto de Renda, segundo a
qual a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real (ou seja, que
paga o imposto com base nos seus resultados efetivos) devem manter
escrituração com observância das leis comerciais e fiscais. Essa escrituração
deve abranger todas as operações realizadas pela empresa, os resultados
apurados em atividades no território nacional, bem como os lucros,
rendimentos e ganhos de capitais auferidos no exterior.
LIVROS COMERCIAIS
A escrituração comercial deve seguir ordem uniforme, com a utilização de livros
e papéis adequados, cujos números e espécie ficam a critério da empresa.
Livro Diário
O livro Diário é o registro básico de toda a escrituração contábil. Nele devem
ser lançados, dia a dia, todos os atos ou operações da atividade que
modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa
jurídica.
Esse livro deve ser:
Encadernado com folhas numeradas seguidamente e conter,
respectivamente, no anverso da primeira e no verso da última folha numerada,
os termos de abertura e de encerramento;
b.2) pode ser substituído pelo livro Registro de Entradas, adotado para
atendimento da legislação do ICMS/IPI, podendo a empresa, ainda,
alternativamente, criar modelos próprios que satisfaçam às necessidades de
seu negócio, inclusive substituindo o livro por fichas numeradas;
Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur), no qual devem ser:
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AUTENTICAÇÃO DE LIVROS
Os livros mencionados sujeitos a autenticação devem conter termos de
abertura e de encerramento e ser autenticados:
pelas Juntas Comerciais ou pelas repartições encarregadas do Registro do
Comércio, no caso de empresa mercantil. Pelo Registro Civil de Pessoas
Jurídicas ou pelo Cartório de Registro de Títulos e Documentos onde se
acharem arquivados os atos constitutivos da pessoa jurídica, no caso de
sociedade civil.
Os livros podem ser autenticados antes ou depois de serem escriturados. Para
fins do Imposto de Renda, é aceita a escrituração do livro Diário autenticado
em data posterior ao movimento das operações nele lançadas, desde que o
registro e a autenticação tenham sido promovidas até a data prevista para a
entrega tempestiva da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica do
correspondente ano-calendário (atualmente, substituída pela Declaração de
Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ).
Essa orientação alcança, também, o conjunto de fichas ou folhas soltas ou de
formulários impressos eletronicamente e os livros auxiliares adotados para
efeito de individualização de operações lançadas englobadamente no Diário
Geral.
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existentes no término de cada ano-calendário;
Todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração
dos livros referidos nas letras "a" e "b".
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
A escrituração contábil das pessoas jurídicas deve ficar sob a responsabilidade
de contabilista legalmente habilitado nos termos da legislação específica. A
habilitação profissional pressupõe, além da formação escolar, o registro no
CRC.
As demonstrações contábeis obrigatórias devem ser assinadas pelos sócios ou
administradores e pelo contabilista responsável pela escrituração.
Desde que legalmente habilitado para o exercício profissional, o titular de
empresa individual, o sócio, o acionista ou o diretor da sociedade podem
assinar as demonstrações contábeis da empresa, também na qualidade de
contabilista, e assumir a responsabilidade pela escrituração.
Pode-se definir a Contabilidade como uma ciência social que estuda e pratica
as funções de controle e de registro relativas aos atos e fatos da Administração
e da Economia.
Mais especificamente, trata-se do estudo e do controle do patrimônio das
empresas. Isso é feito por meio dos registros contábeis dos fatos e das
respectivas demonstrações dos resultados produzidos. Exemplo típico de
demonstração é o Balanço Patrimonial.
Na Contabilidade, o objeto é sempre o patrimônio da entidade, definido como
um conjunto de bens, direitos e obrigações para com terceiros, pertencente a
essa entidade.
Portanto: O objetivo científico da contabilidade manifesta-se na correta
apresentação do patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas
mutações; Na prática, a aplicação da Contabilidade na empresa tem por
finalidade fornecer aos usuários informações sobre aspectos de natureza
econômica, financeira e física do patrimônio e suas mutações. Isso
compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos
expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios.
Conceitualmente, a Contabilidade é aplicável a pessoas físicas ou jurídicas,
independentemente da finalidade ou da atividade destas. Mas é claro que, na
prática, sua aplicação é muito mais voltada para empresas, sobretudo por
exigências da legislação comercial e fiscal.
Conceito de Patrimônio:
Numa linguagem bem simples, podemos dizer que o patrimônio é tudo o que a
empresa possui. Trata-se, na verdade, do conjunto de bens, direitos e
obrigações, assim entendidos:
Bens: estoques de mercadorias, móveis e utensílios de uso da empresa,
suas instalações, prédios, galpões, veículos etc.;
Direitos: valores a receber (de clientes ou não), como por exemplo, as
duplicatas a receber;
Obrigações: dívidas da empresa, por exemplo, com seus fornecedores
(aqueles de quem ela adquire mercadorias), tributos devidos, aluguel a ser
pago, água, energia elétrica e telefone já consumidos, mas ainda a pagar etc.
Princípio da Entidade
O princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade
e afirma a autonomia patrimonial, ou seja, a necessidade da diferenciação de
um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes,
independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins
lucrativos.
Simplificando: segundo esse princípio, o patrimônio da empresa (entidade) não
se confunde com os dos seus sócios ou proprietários. Assim, a Contabilidade
da empresa registra somente os atos e fatos ocorridos que se refiram ao
patrimônio da empresa, e não os relacionados com o patrimônio de seus
sócios.
Exemplificando: na prática, comprova-se a eficácia do princípio da entidade
pelo fato de que a empresa apresenta sua declaração de Imposto de Renda e
seus sócios apresentam cada um, sua própria declaração.
Vale sublinhar: o princípio da entidade fundamenta-se na autonomia do
patrimônio a ela pertencente. Essa autonomia significa que o patrimônio de
uma entidade jamais pode confundir se com o dos seus sócios ou proprietários.
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Princípio da Competência
O princípio da competência consiste no fato de que as receitas e as despesas
devem ser incluídas na apuração do resultado da empresa do período em que
ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem,
independentemente de recebimento ou pagamento.
Exemplificando:
Numa venda feita em agosto para recebimento em setembro, a receita de
venda deverá ser contabilizada no mês de agosto;
O aluguel do mês de agosto, que será pago somente em setembro, deve ser
contabilizado como despesa do mês de agosto. Pelo exemplo acima, constata-
se que: Uma receita é considerada realizada no momento em que os bens ou
serviços são fornecidos pela empresa a seu cliente, independentemente do
recebimento, pela empresa, do valor correspondente à venda;
Uma despesa é considerada incorrida no momento em que ocorra o consumo
de bens ou a utilização de serviços, independentemente do pagamento, pela
empresa, do valor devido.
Princípio da Prudência
O princípio contábil da prudência, essencialmente, determina a adoção do
menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo.
Sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para o registro
contábil. Isto, é claro, refletirá diretamente no Patrimônio Líquido da empresa.
Desse modo, a aplicação do princípio da prudência resulta na obtenção do
menor Patrimônio Líquido, entre aqueles possíveis diante de procedimentos
alternativos de avaliação de fatos contabilizáveis.
Esse princípio tem por objetivo não registrar antecipadamente nenhum lucro e,
de outro lado, registrar todas as despesas e perdas que forem possíveis. Ou
seja: nunca permitir que a Contabilidade da empresa indique a existência de
lucros que possam estar superestimados pela adoção de um critério, entre dois
ou mais possíveis, que eventualmente venha a não corresponder à realidade.
A aplicação do princípio da prudência não deve, todavia, levar a excessos ou a
situações classificáveis como manipulações de resultado. Ao contrário, a
aplicação desse princípio deve garantir a inexistência de valores artificiais, de
interesse de determinadas pessoas, especialmente administradores e
controladores, aspecto muito importante sobretudo nas companhias abertas.
A correta aplicação do princípio da prudência visa impedir que prevaleçam, na
escrituração contábil, juízos puramente pessoais ou outros interesses.
Princípio da Continuidade
A continuidade das atividades da empresa dá-se, presumivelmente, por tempo
indefinido (salvo exceções).
Assim, pelo princípio da continuidade, a empresa deve ser considerada como
um organismo em movimento constante e contínuo de produção, venda,
compra, consumo, investimento etc. É a "entidade em marcha", a qual deve
concretizar seus objetivos continuamente.
Como a empresa terá atividades por um período indefinido, os bens serão
sempre avaliados pelo custo de aquisição (custo histórico), e não pelo valor
que poderá ser obtido quando forem vendidos.
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Princípio do Registro pelo Valor Original
Na sua essência, esse princípio determina que os componentes do patrimônio
devem ser registrados pelos valores originais das transações, ou seja, pelo
valor de aquisição (valor de entrada dos bens, direitos e obrigações).
Da aplicação do princípio do registro pelo valor original resulta que:
A avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos
valores de entrada;
O bem, o direito ou a obrigação, uma vez integrados ao patrimônio, não
poderão ter seus valores alterados;
O valor original será mantido enquanto o componente permanecer como
parte do patrimônio, inclusive na saída deste.
Princípio da oportunidade
O princípio da oportunidade é a base indispensável para que as informações
sobre o patrimônio da entidade, referentes a determinado período, sejam de
fato confiáveis.
Em síntese, é o fundamento da "representação fiel" pela informação.
Traduzindo: a informação produzida pela Contabilidade deve espelhar com
precisão e objetividade as transações e os eventos a que concerne.
Para tanto, o princípio determina que as mudanças nos ativos e no passivo, ou
seja, todas as variações sofridas pelo patrimônio da empresa sejam
contabilizadas logo que ocorrerem, ainda que seus valores sejam apenas
razoavelmente estimados e que a respectiva documentação seja
posteriormente complementada.
Portanto desde que devidamente estimável, deve ser feito o registro das
variações patrimoniais, ainda que somente exista razoável certeza da
ocorrência.
É por isso que são feitas as chamadas "provisões" – por exemplo, a provisão
para créditos de liquidação duvidosa, por meio da qual é reconhecida uma
perda que provavelmente a empresa terá por não receber parte de seus
créditos (geralmente decorrentes de vendas a prazo).
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constante de poder aquisitivo. Por consequência, sua expressão formal deve
ser ajustada a fim de que permaneçam substantivamente corretos, isto é,
segundo as transações originais, os valores dos componentes patrimoniais e,
em decorrência, o Patrimônio Líquido.
Observa-se, também, que esse princípio é consequência lógica do princípio do
registro pelo valor original, pois preceitua o ajuste formal dos valores fixados
segundo este, buscando a manutenção do valor original, sem que isso implique
qualquer reavaliação do patrimonial.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Bens e Direitos Obrigações com terceiros
Patrimônio Líquido
Utilizando números: suponhamos que, na data de levantamento do balanço, a
empresa tenha 1.000 de bens e direitos e deva 700 (obrigações com terceiros).
Consequentemente, o valor do Patrimônio Líquido será 300 e o balanço,
resumidamente, terá a seguinte configuração:
ATIVO PASSIVO
Bens e Direitos 1.000 Obrigações com terceiros 700
Patrimônio Líquido 300
Total do Ativo 1.000 Total do Passivo 1.000
É fácil concluir então que, se a empresa tiver um montante de obrigações maior
do que o de bens e direitos, seu Patrimônio Líquido será negativo. Essa
situação, obviamente desfavorável, também é conhecida como "passivo a
descoberto" porque a soma de tudo o que a empresa possui é inferior ao valor
que ela deve a terceiros.
Ou seja: conceitualmente, mesmo que a empresa venda todos os seus bens e
receba tudo o que tem direito não terá como pagar suas dívidas com terceiros.
Exemplificando: vamos supor que, na data de levantamento do balanço, a
empresa tenha 800 de bens e direitos e deva 900 (obrigações com terceiros).
Neste caso, o valor do Patrimônio Líquido será de – 100 e o balanço terá a
seguinte configuração:
ATIVO PASSIVO
Bens e Direitos 800 Obrigações com terceiros 900
Patrimônio Líquido (100)
Total do Ativo 800 Total do Passivo 800
O balanço Patrimonial é formado por contas, como veremos a seguir. A
finalidade da
conta é a representação de fatos e valores.
As demonstrações contábeis são compostas de contas patrimoniais e de
resultado. As
contas patrimoniais são agrupadas no balanço; as contas de resultado, na
Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE).
Ao longo do período (normalmente um ano), as contas vão recebendo valores
(a débito
e/ou a crédito) por meio dos lançamentos contábeis, cuja execução será
focalizada nos
próximos módulos. No balanço, as contas são agrupadas com a indicação do
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saldo destas na
data do levantamento (geralmente em 31 de dezembro).
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
ATIVO PERMANENTE
Investimentos
Ativo Imobilizado
Intangível
Ativo Diferido
PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
RESULTADOS DE EXERCÍCIOS
FUTUROS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
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Reservas de Capital
Ajustes de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados
Os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, e que
não se destinem à manutenção da atividade da empresa (por exemplo: imóveis
adquiridos pela empresa mas não destinados ao uso);
No Ativo Imobilizado
Os bens destinados à manutenção das atividades da empresa (por exemplo:
móveis e utensílios de uso da empresa, suas instalações, maquinários, prédios,
galpões, veículos.); Os direitos de propriedade industrial ou comercial (por
exemplo: marcas e patentes); Intangível
Aqui serão classificados os bens incorpóreos. Serão classificados no Ativo
Permanente Intangível os direitos que tenham objeto bens incorpóreos
destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido.
No Ativo Diferido
As aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do
resultado de mais de um exercício social (por exemplo: despesas que a
empresa tenha antes de entrar em atividade – os chamados "gastos pré-
operacionais").
Classificação das contas nos grupos do Passivo
No Passivo as contas são classificadas do seguinte modo:
Passivo Circulante: as obrigações da empresa, inclusive financiamentos para
aquisição de bens e direitos do Ativo Permanente, cujo vencimento ocorrerá no
exercício seguinte (aqui se incluem dívidas com fornecedores de mercadorias),
matérias-primas etc., tributos a pagar, aluguel a ser pago, água, energia
elétrica e telefone a pagar etc.);
Passivo Exigível a Longo Prazo: as obrigações da empresa, inclusive
financiamentos para aquisição de bens e direitos do Ativo Permanente, cujo
vencimento ocorrerá após o término do exercício seguinte;
Resultado de Exercícios Futuros: as receitas de exercícios futuros, diminuídas
dos custos e despesas a elas correspondentes;
Patrimônio Líquido: as contas Capital Social, Reservas de capital, Reservas de
Lucros e Prejuízos Acumulados.
CONCEITUAÇÃO
O Plano de Contas é, na essência, um guia que norteia os trabalhos contábeis
de registro de fatos e atos inerentes à empresa e serve de parâmetro para a
elaboração das demonstrações financeiras (ou demonstrações contábeis).
O Plano tem por finalidade principal estabelecer normas de conduta para o
registro das operações da organização e, na sua montagem, devem ser
levados em conta três objetivos fundamentais:
Atender às necessidades de informação da administração da empresa;
Observar o formato compatível com os princípios de contabilidade e com a
norma legal que regula a elaboração do balanço patrimonial e das demais
demonstrações contábeis (ou seja, a Lei nº. 6.404/76).
Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos à
empresa (fornecedores, bancos, Fisco, auditoria externa) e, particularmente, às
regras da legislação do Imposto de Renda. Na prática, essa adaptação é feita
quase que automaticamente, adotando-se um Plano de Contas que, embora
atenda às exigências internas da empresa, não seja excessivamente
"diferente" dos modelos usualmente utilizados.
O Plano de Contas é o instrumento que o profissional consulta quando
vai fazer um lançamento contábil, pois indica qual conta deve ser
debitada e qual conta deve ser creditada.
O Plano de Contas, genericamente tido como um simples elenco de
contas, constitui na verdade um conjunto de normas do qual deve fazer
parte, ainda, a descrição do funcionamento de cada conta – o chamado
Manual de Contas, com comentários e indicações gerais sobre a
aplicação e ouso de cada uma das contas (para que serve, o que deve
conter e outras informações sobre critérios gerais de contabilização). Há
empresas que, de fato, adotam esse critério, mas muitas outras se
limitam ao elenco de contas, tal como aqui faremos levando em
consideração os limites de aplicação prática deste Curso.
Débito e Crédito
Mas, o que deve ser lançado a débito e o que deve ser lançado a crédito? Ao
contabilizarmos determinado fato, como podemos saber qual conta deve ser
debitada e qual deve ser creditada?
As respostas a essas questões são sempre as mesmas, na essência. Em cada
lançamento contábil:
Debita-se a "entrada" ou a "aquisição de direito";
Credita-se a "saída" ou a "obrigação assumida".
Portanto: cada fato a ser contabilizado dá origem a uma "entrada" ou
"aquisição de direito" (DÈBITO) e, ao mesmo tempo, a uma "saída" ou
"obrigação" (CRÈDITO).
Exemplificando: se a empresa efetua um depósito bancário em dinheiro, temos
que:
Entrou dinheiro no banco;
Saiu dinheiro do "caixa" mantido pela empresa em seu poder.
Consequentemente, o lançamento contábil conterá um débito na conta que
representa o banco e um crédito na conta que representa o numerário em
poder da empresa, atualmente denomina-se "Caixa".
Desse modo, o lançamento que representa o depósito bancário terá a seguinte
configuração:
Débito Bancos Conta Movimento
Crédito Caixa
A conta devedora sempre é a primeira a ser citada no lançamento. Em seguida,
menciona-se a conta credora.
Usualmente, identifica-se a conta credora pela letra "a" (minúscula), o que
significa que o lançamento acima não precisaria conter as indicações "débito" e
"crédito" para sabermos qual conta está sendo debitada e qual está sendo
creditada. Ele poderia conter apenas as seguintes indicações:
BANCOS CONTA MOVIMENTO
a CAIXA
Outro exemplo: se, num outro momento, a empresa efetua um saque no banco
para fins de manutenção de seu Caixa, temos que:
Entrou dinheiro no caixa mantido pela empresa;
Saiu dinheiro do banco.
Consequentemente, o lançamento contábil conterá um débito na conta que
representa o numerário em poder da empresa (caixa) e um crédito na conta
que representa o banco. Assim:
CAIXA a BANCOS CONTA MOVIMENTO
Fórmulas (ou modalidades) de lançamento
No dia-a-dia das empresas ocorrem operações simples (como o pagamento de
uma despesa de correio) e outras bem mais complexas, que envolvem
lançamentos mais sofisticados (por exemplo: pagamento, com juros, de
duplicata, parte em dinheiro e parte mediante emissão de cheque).
Para registrar qualquer fato contábil existem quatro fórmulas (ou modalidades)
de lançamentos, conforme a seguir explanado.
Lançamento de 1ª fórmula: caracteriza-se pela simplicidade. Requer uma conta
devedora e uma conta credora e pode ser assim representada (no exemplo, o
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pagamento de duplicata de fornecedor, no prazo, por meio de cheque):
Débito: Fornecedores 100,00
Crédito: Bancos Conta Movimento 100,00
Lançamento de 2ª fórmula: modalidade de lançamento de complexidade
intermediária,
que requer uma conta devedora e duas ou mais credoras, como se observa
abaixo (recebimento, em moeda corrente, de duplicata em atraso), acrescida
de juros de mora):
Débito: Caixa 320,00
Crédito: Duplicatas a Receber 300,00
Crédito: Juros Ativos 20,00 320,00
Lançamento de 3ª fórmula: igualmente de complexidade intermediária, esta
fórmula requer duas ou mais contas devedoras e apenas uma credora, como
segue (pagamento de fornecedor por meio de cheque, feito após vencimento e,
portanto, com juros de mora):
Débito: Fornecedores 200,00
Débito: Juros passivos 10,00 210,00
Crédito: Bancos Conta Movimento 210,00
Lançamento de 4ª fórmula: menos usual e mais complexa do que as anteriores,
requer duas ou mais contas devedoras e duas ou mais contas credoras, como
se vê no seguinte exemplo (pagamento de duplicata, em atraso, com incidência
de juros de mora, sendo parte em moeda corrente e parte em cheque):
Débito: Fornecedores 320,00
Débito: Juros Passivos 10,00 330,00
Crédito: Caixa 200,00
Crédito: Bancos Conta Movimento 130,00 330,00
O lançamento que contém duas ou mais contas a débito ou a crédito
(lançamentos de 2ª e de 3ª fórmulas), pode ser também assim apresentado:
CAIXA 320,00
a Diversos
a DUPLICATAS A RECEBER 300,00
a JUROS ATIVOS 20,00 320,00
Diversos a BANCOS CONTA MOVIMENTO 210,00
FORNECEDORES 200,00
JUROS PASSIVOS 10,00 210,00
Composição do lançamento contábil
Vimos até aqui como se fez um lançamento contábil no que se refere ao seu
aspecto principal, que é a correta indicação da(s) conta(s) devedora(s) e da(s)
credora(s).
Mas, para estar completo, o lançamento deve conter:
Conta(s) devedora(s);
Conta(s) credora(s);
Histórico (que é a descrição do fato registrado);
Valor (es); e Data.
Exemplo: vejamos como pode ser feito, integralmente, o lançamento relativo ao
pagamento da duplicata emitida pelo fornecedor Comercial "X" Ltda., no prazo,
por meio de cheque no valor de
R$ 1.000,00, do Banco "Y" S/A:
Débito: FORNECEDORES
Crédito: BANCOS CONTA MOVIMENTO
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Pagamento da duplicata nº. 123, de comercial "X" Ltda.,
Por meio do cheque nº. 102, do Banco "Y" S/A 1.000,00
Fortaleza, 15 de julho de 2009
LANÇAMENTOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE LIMITADA
Por ocasião da constituição das sociedades por quotas de responsabilidade
limitada, primeiramente deve ser efetuado o lançamento de subscrição de
capital para, em seguida, efetuar-se o lançamento de integralização, ainda que
a subscrição e a integralização ocorram simultaneamente.
É oportuno lembrar que:
Capital subscrito: é o valor total do compromisso de contribuição firmado pelos
sócios (em dinheiro ou em bens), por meio de contrato social, na formação do
capital da sociedade; e Capital integralizado ou realizado: é a parte ou o total
do capital subscrito já recebido pela sociedade:
Débito: CAPITAL A INTEGRALIZAR
Crédito: CAPITAL SUBSCRITO
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