Ensinoescritaargumentativa Cassiano 2023
Ensinoescritaargumentativa Cassiano 2023
Ensinoescritaargumentativa Cassiano 2023
NATAL/RN
2023
IONARA ARAÚJO CASSIANO
NATAL/RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -
CCHLA
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Profa. Dr(a). Sulemi Fabiano Campos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
Presidente da Banca
______________________________________
Profa. Dr(a). Alana Driziê Gonzatti dos Santos
Membro interno
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
______________________________________
Profa. Dr(a). Silvia Augusta de Barros Albert Bachur
Examinadora Externa
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC
AGRADECIMENTOS
Guimarães Rosa, em um de seus dizeres que mais me encantam e me movem, disse certa
vez que “quem elegeu a busca não pode recusar a travessia” e, como toda busca significativa,
cursar o PROFLETRAS exigiu abdicações, renúncias, sacrifícios. No entanto, durante todo
período de curso, eu tinha ciência de que os percalços encontrados faziam parte de um processo,
e todos foram enfrentados com êxito – graças a tantos que me deram suporte, foram apoio e
incentivo. Por isso, tendo chegado aqui, eu sou só gratidão!
Agradeço a Deus, que sempre se mostrou luz e guia em minha vida, mostrando-me em
pequenos e grandiosos detalhes que eu não estava sozinha em nenhuma das escolhas que me
trouxeram ao lugar onde me encontro hoje. Obrigada por me permitir sonhar e realizar sonhos
tão grandiosos!
Agradeço aos meus pais, Iracilda Araújo Cassiano e José Cassiano Filho, que sempre
investiram na minha educação e na dos meus irmãos, acreditando que estavam nos oferecendo
o melhor enquanto abdicavam de muitos desejos pessoais. Obrigada por confiarem em mim e
por apoiarem a cada passo que dei em minha vida acadêmica.
Agradeço ao meu amigo, amor e companheiro de todas as horas, Arlem Nelo, por
partilhar desse sonho, por se empolgar e vibrar comigo a cada avanço durante a escrita deste
trabalho, por me incentivar tantas vezes, pelos sorrisos e pelos abraços acalentadores. Obrigada
por tornar essa empreitada mais leve e satisfatória.
Agradeço à minha irmã Idayane Cassiano, a minha prima Sâmara Cassiano e as minhas
amigas Isabella Miranda, Jéssica Rodrigues e Joelma Andrade, que de forma singular, me
orgulham e me motivam a alçar voos maiores e mais altos. Obrigada por sempre torcerem pelo
meu sucesso profissional e pessoal.
Agradeço às professoras Ana Lúcia Tinoco Cabral e Silvia Albert pelas valiosas
contribuições na banca de qualificação desta dissertação. Obrigada pela leitura atenta que
fizeram do meu trabalho e pela generosidade em tanto partilhar conosco.
E por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram, em maior ou menor grau, direta
ou indiretamente para a realização deste sonho. Meu muito obrigada a cada um que fez parte
dessa conquista!
A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que
ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.
(Arthur Schopenhauer)
RESUMO
Discussions regarding the importance of Digital Information and Communication Technologies—in the
Brazilian educational scenery - have long transpired, as have debates on the writing competence of Basic
Education students. Taking into account the need for reading and composition writing—especially
argumentative ones - during the latter years of Basic Schooling, in addition to the new teaching format
imposed by the COVID-19 pandemic, we undertook this research directed by three guiding questions,
those being: i) which pedagogical strategies can help on the remote teaching of argumentative writing?; ii)
how can Digital Information and Communication Technologies (DICT) be used to assist in teaching,
considering the remote context?; And iii) how to systematize teaching strategies in a pedagogical notebook
so as to help different teachers reflect and structure teaching methods for argumentative writing,
considering the use of DICT in remote teaching? In order to answer the mentioned questions, we
determined as the general research goal indicating strategies for argumentative writing productions with
middle school students using Digital Information and Communication Technologies in a remote teaching
context; and as specific goals: a) specify some of the tools used in the remote teaching context that would
be useful for teaching composition writing; b) propose the work with argumentative writing based on
strategies adaptable to a remote teaching context; c) plan pedagogical strategies for teaching argumentative
writing and transform those strategies in a pedagogical notebook which would be able to assist faculty in
this area of research, work, or both. As a theoretical framework, we enumerate Geraldi (2013), Koch
(2016), and Marcuschi (2008) to discourse on what a text is, its individualities, and conceptions; Koch,
Elias (2011) and Cabral (2011, 2013) to address argumentation and argumentative writing; Palomanes
(2019) to present some of the strategies that can be used as the foundation for teaching composition
writing; Martins (2020) to depict the remote teaching context imposed by the COVID-19 pandemic; and
Bacich and Moran (2018) to reflect on the importance of using digital technologies as tools in education.
Through the systematized interventive proposal, we intend to develop a pedagogical notebook for
Portuguese teachers, aiming at providing critical elements to their instruction concerning teaching
argumentative writing during the fundamental levels of schooling, converged with the use of DICT,
envisioning its use within the context of remote teaching.
1 INTRODUÇÃO
O homem se utiliza da linguagem (em toda ou qualquer uma de suas formas) desde
o seu nascimento e continua a fazê-lo por toda sua vida, seja para comunicar uma
necessidade, expressar um sentimento, reclamar algum direito, compartilhar informações
ou construir conhecimento. Dizemos, por isso, que o homem é um ser essencialmente
social, como pontua Geraldi ao dizer que
1
Doravante TDIC.
18
que lidar com isso durante um período relativamente curto, mas não foi assim e passamos
mais de dois anos em meio a uma pandemia.
Passados os primeiros dias de isolamento, percebendo que seria necessário manter
ao menos o distanciamento social por um período maior e que isso implicaria na
manutenção da suspensão das aulas presenciais, educadores de todo o país se
mobilizavam, de forma individual e coletiva, para tentar um novo formato de aulas.
No primeiro momento, muitos professores descobriram e revelaram a dificuldade
em realizar as atividades de forma remota e distante do espaço físico da escola,
principalmente quando iniciaram as gravações de áudios e vídeos ou quando notaram a
necessidade de fazer uso de aplicativos para edição dos mesmos; sem contar que muitos
outros aplicativos ou plataformas digitais foram utilizadas como meio para manter o
contato com os alunos (que sentiam a ausência da imagem e presença física do professor)
enquanto a grande maioria dos docentes por escolas de todo o país possuíam alguma
limitação com o uso das tecnologias, além da timidez. Foram muitas as dificuldades
encontradas nesse período, mas nenhuma seria motivação suficiente para estagnar o
trabalho dos profissionais da educação.
O incômodo pelo formato das aulas, a inquietação pelo que não poderia ser feito,
a insegurança pelo que estava por vir, o medo de um vírus, a incerteza sobre os dias à
frente e tantas outras emoções fizeram parte da rotina durante algum tempo, mas a certeza
de que não poderíamos ficar parados era perceptível a cada encontro, conversa ou reunião
realizada pela classe.
A pandemia nos forçou a repensar a escola e o formato de educação que
defendemos e precisamos enquanto sociedade. Ela nos mudou de lugar, alterou algumas
de nossas concepções teórico-metodológicas, ressignificou nossa função frente aos
alunos, pais e família e modificou nossa rotina de estudo, de ensino e de aprendizagem.
Só não alterou a importância que sabemos ser inerente à educação.
Sempre falamos na transformação da escola, que precisamos repensar novos
modelos, que o ensino precisa levar em conta a realidade dos discentes e eis que a
pandemia nos obrigou a mudar. A partir de então, a cultura digital se coloca como
promotora da busca e compartilhamento de saberes, mas exige competências e
comportamentos adicionais ao que antes tínhamos na prática de ensino tradicional.
Nesse novo contexto, não há como dissociar o ensino e a aprendizagem do uso
das TDIC. Isso é um fato. Ainda mais considerando o que é endossado pela Base Nacional
20
2
Doravante BNCC.
21
3
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
22
Dentro desse percurso formativo, algumas etapas podem levar mais ou menos
tempo para serem implementadas pelos docentes e/ou aceitas pelos alunos. Por isso, ao
escolher um recurso digital para utilizar de forma síncrona com a turma, por exemplo,
algumas variáveis como a qualidade da internet podem interferir na aplicação da
estratégia de ensino selecionada; pode ser que alguns profissionais sejam mais bem-
sucedidos no desenvolvimento de certa atividade do que outros e pode ser que os
discentes se identifiquem mais com um determinado tipo de atividade do que com outro.
A tecnologia digital, por seu grande poder de alcance – uma das tantas facilidades
que ela pode oferecer – se configura como uma grande aposta no meio educacional e o
desenvolvimento de tecnologias dessa natureza nos remete à necessidade que a escola
tem de estar atenta e aberta às mudanças que a inserção da sociedade no mundo digital
exige para a socialização das novas gerações.
É bem verdade que nem todos os estudantes brasileiros têm acesso à internet ou a
um aparelho eletrônico que tornasse viável a utilização de recursos digitais no processo
de ensino e aprendizagem de forma integral e exclusiva; mas não há como negar que a
tecnologia digital possibilita que a aprendizagem ocorra de forma mais dinâmica,
interativa, colaborativa e personalizada.
Num momento de inúmeras particularidades em que normas tiveram que ser
refeitas e prioridades precisaram ser revistas e reordenadas, quem é professor sabe que de
nada adianta projetos e métodos educacionais divinos e maravilhosos, mas distantes da
realidade. Não é viável obrigar professores e alunos a fazerem algo sem oferecer suporte
necessário para isso, assim como não é viável propor um modelo de aula num ritmo que
não atenda a necessidade de todos. A sala de aula e as necessidades do aluno (online, por
meio de telas) é que devem determinar como as aulas serão conduzidas e quais estratégias
poderão ser utilizadas para os fins estabelecidos e, por isso, é indispensável ser flexível,
adaptável, e isso nunca ficou tão nítido no âmbito educacional.
De acordo com Lilian Bacich, na obra Ensino Híbrido, “A educação sempre foi
misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias,
públicos” (BACICH, 2015, p. 27) e, por isso, “Podemos ensinar e aprender de inúmeras
formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços” (BACICH, 2015, p. 27) –
exatamente o que passou a ser requisitado pela nova modalidade de ensino, a qual
reconfigurou o modo de ler, escrever, ensinar, aprender, pensar e viver da sociedade
contemporânea.
23
Até então, as atividades realizadas de forma autônoma pelo aluno ou com auxílio
da família e sem a presença e condução do professor eram apenas as atividades
extraclasse, como trabalhos ou tarefas de casa. A partir desse momento, as atividades
escolares de modo geral passaram a ser desenvolvidas fora da estrutura física da escola e
com o acompanhamento da família. Mas ainda assim o professor estava presente, fosse
por meio do conteúdo escolhido no planejamento, da seleção de estratégias para o
desenvolvimento de cada atividade ou dos recursos propostos e/ou indicados para sua
realização.
O envio de atividades a serem realizadas em casa por meio de material impresso
foi a primeira das medidas a serem tomadas para a manutenção do vínculo entre aluno,
escola e família nas redes de ensino. No entanto, essa proposta era deficiente no quesito
contato/ aproximação entre aluno e professor, uma vez que na maioria dos casos eram os
responsáveis que se dirigiam até a escola para pegar e devolver as atividades, sem a
presença dos alunos.
24
Uma possível forma de preencher a lacuna deixada pelo isolamento social seria
aceitar o novo, o diferente, o incerto e fazer inúmeras tentativas utilizando recursos
digitais (aplicativos, plataformas, ferramentas). Foi uma experiência desafiadora em
diversos momentos por vários fatores, mas possibilitou que os docentes de modo geral
percebessem as infinitas oportunidades de avanço que o ambiente virtual trouxe para o
campo da educação, desde potencializar a autonomia dos estudantes, flexibilizar o tempo
e horários de estudo, expandir as ferramentas disponibilizadas na web e até mesmo a
dinamicidade das aulas.
Surge certa resistência por parte de alguns e grande angústia por parte de outros
em detrimento do desenvolvimento limitado de competências e habilidades que o
professor necessitaria dominar para enfrentar os desafios que são próprios da docência e
os que emergem da cultura digital, elementos estruturantes do fazer pedagógico na
atualidade.
As TDIC não são apresentadas de forma satisfatória, como auxiliares no processo
de ensino e aprendizagem, durante a formação básica de professores brasileiros nem
tampouco são apresentadas em formações continuadas de forma a sanar as lacunas
encontradas em sua utilização. No entanto, as tecnologias digitais precisam ser estudadas
e compreendidas, já que “os mais diversos contextos escolares precisam discutir e se
apropriar dessas tecnologias para que os alunos também incorporem em suas vidas as
inúmeras possibilidades oferecidas por equipamentos e aplicativos” (COSCARELLI,
2016, p. 11).
Recursos digitais com diferentes objetivos foram apresentados aos docentes,
durante o período de ensino remoto, ou encontrados e compartilhados por eles mesmos
com o intuito de potencializar a formação do professor que atuaria frente a uma pandemia
que limitava e até mesmo excluía o contato físico entre os atores do processo de ensino e
aprendizagem.
Nesse processo de ensinar e aprender no Ensino Remoto, os papeis de docentes e
discentes sofrem grandes alterações. O docente, por um lado, torna-se o mediador no
processo de construção do conhecimento, passa a ser aquele que propõe atividades,
reflexões, interações e não mais atua com detentor de todo o saber; e o estudante, por sua
vez, torna-se protagonista do seu processo de aprendizagem e, portanto, um sujeito
proativo e colaborativo no processo de construção de novos saberes.
25
Como ponto de partida para a apresentação dessa temática, pensamos ser relevante
e necessário levantar alguns questionamentos iniciais, quais sejam i) por que escrevemos?
ii) para quem escrevemos? iii) por que precisamos e buscamos aprender a escrever de
forma proficiente? iv) que estratégias podem ser úteis no ensino da escrita?
Mas, afinal de contas, é mesmo necessário que se ensine a escrever? É consenso
que a escrita é uma prática relevante socialmente, ainda mais se observarmos a quantidade
de fazeres que ela nos permite realizar – informar, advertir, protestar, influenciar outros
a mudarem pensamentos, sentimentos ou crenças; estabelecer relações com outras
pessoas; expressar sentimento em relação a nós mesmos e a outros; exercitar a
imaginação, construir, compartilhar conhecimento, entre outros.
A escrita é a forma pela qual cada escritor enfrenta a realidade ao seu redor,
buscando compreender e explicar o mundo no qual se encontra. É, essencialmente,
interação e, por isso, requer habilidade de seu produtor na sistematização do projeto de
dizer.
Por isso, formar pessoas capazes de se expressar por meio de uma escrita coerente
e socialmente relevante é papel desafiador para o professor na atualidade e muitos são os
caminhos possíveis de serem percorridos nesse processo. Todo indivíduo deveria ser
competente no que diz respeito a compreender e a se fazer entender por meio de textos
escritos e a inquietação relacionada a essa dificuldade é que nos direciona em busca de
estratégias que possam facilitar o processo de ensino da escrita no ambiente escolar, afinal
de contas, “cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem de modo adequado nas
diferentes situações comunicativas” (COELHO; PALOMANES, 2019, p. 63), o que,
obviamente, inclui a escrita.
Nossa ideia é apontar caminhos possíveis para o ensino de uma escrita que
considere por que escrevemos, que considere a existência de um outro para quem
escrevemos e que resgate as motivações por que buscamos aprender a escrever. Buscamos
nos apoiar em teóricos estudiosos para discorrer sobre a temática ao mesmo tempo em
que apontaremos estratégias que acreditamos ser válidas em auxiliar no processo de
ensino da produção textual, especialmente os de visada argumentativa, dentro do contexto
de ensino remoto.
32
O diretor mencionado no início desta sessão produz um discurso que tem o que
dizer (tornar conhecida a decisão da empresa de demitir alguns funcionários), tem uma
razão para dizer o que se tem a dizer (a principal delas é tornar conhecido aos
funcionários uma decisão que impactará na empresa e em alguns deles de forma direta);
mas ele também tem para quem dizer o que se tem a dizer, e só por isso seu discurso
possui sentido (no caso, os funcionários da empresa que serão afetados pela decisão);
somado a isso, o autor do discurso precisa se constituir como tal, enquanto sujeito que diz
o que diz para quem diz (ele é o diretor e, por isso, espera-se que esse anúncio venha por
meio dele); e por fim, antes de publicá-lo, ele precisa escolher as estratégias para realizar
o que precisa (anotar em algum lugar, escolher a ordem das informações apresentadas, os
detalhes acerca do assunto, a linguagem utilizada, o quanto de informação será
compartilhada, quando o anúncio será dado, entre outras coisas).
A adolescente do exemplo também tem o que dizer (o porquê de ela merecer fazer
parte do elenco); tem uma razão para dizer o que se tem a dizer (o seu desejo de ocupar
o papel principal em uma encenação do grupo de teatro escolar); e tem para quem dizer
o que se tem a dizer – do contrário, seu texto não teria condições de alcançar o objetivo
pretendido – (uma banca responsável por julgar os comentários enviados com a intenção
de serem selecionados para a ocupação do papel em destaque); mas não pode ficar de fora
a necessidade de se escolher (bem) as estratégias para realizar o que precisa ser feito (há
a indicação de que precisa ser um comentário criativo e a jovem, enquanto escrevente,
deve estar atenta ao uso correto das regras de ortografia para se fazer entender
corretamente, precisa considerar quem são seus interlocutores e usar a variedade da língua
adequada a isso, precisa verificar se o texto informa o que é solicitado e, por fim, se está
sendo clara e objetiva o suficiente, entre outras questões).
Diante da fuga de seu cachorro de estimação, o dono escreve um post e o espalha
nas redes sociais informando do acontecido (o que dizer) como forma de pedir ajuda para
34
encontrar o animal (uma razão para dizer o que se tem a dizer), objetivando alcançar
quem puder dar informações sobre o animal - amigos, familiares, colegas de trabalho,
amigos dos amigos, conhecidos e até desconhecidos (para quem dizer o que se tem a
dizer) e não deve fazer isso de qualquer forma. Precisa escolher (boas) estratégias para
ser bem-sucedido (de que forma localizar o dono, caso o bicho seja encontrado, quanto
de informação é importante divulgar, escolher a ordem das informações apresentadas, os
detalhes acerca do assunto, a linguagem utilizada, entre outras coisas).
Em todos os exemplos mencionados, a escrita se faz presente, para além disso, ela
se faz importante. Importante para comunicar, para partilhar informações, para externar
sentimentos, emoções, necessidades, desejos e aspirações.
Escrever, por isso, está longe de ser uma tarefa simples, mas é uma habilidade
que, se bem exercitada, pode ser desenvolvida de forma eficiente e eficaz em todos os
níveis de ensino e em qualquer etapa da vida.
O ensino da escrita, considerando essa premissa, precisa levar em consideração
não apenas o que o texto pretende informar, mas também o objetivo de determinada
informação ter sido sistematizada por alguém. Isso nos leva a pensar, repensar e destacar
o ensino da escrita nos anos finais do ensino fundamental, período no qual professores
exigem dos alunos competências para a produção de textos que muitas vezes não lhes são
comuns e, por isso, a grande maioria não se sentem preparados. Essa, entre outras
questões, tem sido apontada com uma deficiência no processo de ensino e aprendizagem
que dificulta esse trabalho de diferentes formas e a parte maior dessa responsabilidade
acaba recaindo sobre os professores de língua portuguesa, já que são eles que orientam e
conduzem de forma mais ativa o ensino da língua e os usos que fazemos da linguagem.
Antunes (2003, p.15) relembra-nos que “o ensino da língua portuguesa também
não pode afastar-se desses propósitos cívicos de tornar as pessoas cada vez mais críticas,
mais participantes e atuantes política e socialmente”, posto que escrever é se comunicar,
é uma forma de deixar claras nossas opiniões, vontades e posicionamentos. É um meio
de se constituir sujeito ativo, crítico e participativo em decisões individuais e coletivas.
As funções da escrita, de tão numerosas e relevantes que são, acabam por
atravessar os muros da escola e se fazer notar em contextos e ambientes distintos, visto
que nós aprendemos a escrever não somente para informar, mas principalmente para
atuarmos socialmente na melhoria da sociedade e do mundo no qual existimos, na
construção de um novo discurso, de novos sujeitos, de uma nova sociedade. Tudo isso
35
Ninguém escreve “do nada” ou “para nada”, caso contrário, não haveria uma
orientação discursiva e / textual a se seguir no momento de produção. A atividade de
escrita “supõe que alguém selecionou alguma coisa a ser dita a um outro alguém, com
quem pretendeu interagir, em vista de algum objetivo” (ANTUNES, 2003, p. 45),
configurando-se, desse modo, como uma atividade dialógica por meio da qual se
manifestam pensamentos, informações, intenções ou sentimentos.
Quem escreve, escreve para alguém e estabelece o outro como referência e
parâmetro das decisões que toma acerca do que dizer, do quanto dizer e de que forma
deverá fazê-lo, pois a atividade de interação precisa considerar o outro lado do processo
interativo a fim de que seu texto seja útil, relevante, significativo.
Para Marcuschi:
da maioria dos meus ouvintes, suas crenças mais fortes, o quanto de informação sobre o
assunto eles possuem, quais os tipos de argumentos mais facilmente internalizados por
eles, dentre outros aspectos. Tudo isso trago para mostrar o quanto nosso discurso é
direcionado pelo para quem escrevemos.
Geraldi (2013, p. 195) pontua que “só na medida em que há razões para construir
relações interlocutivas é que se dá a formulação de textos”. Sob esse ponto de vista, o
interlocutor é tido como elemento essencial na construção textual, seja ela qual for, uma
vez que o para quem se escreve determina algumas das variáveis que estão imbricadas na
escrita de um texto, como, por exemplo, o uso social e a função interativa dele. Essa é
uma questão que muito se tem criticado nas aulas de Língua Portuguesa: o processo de
escrita tem sido tomado, muitas vezes, como um exercício descontextualizado e que
conduz a prática de escrita de forma desorganizada e precária, diminuindo sua relevância.
“A função mais importante da língua não é a informacional e sim a de inserir os
indivíduos em contextos sócio-históricos e permitir que se entendam”. (MARCUSCHI,
2008, p. 67). A interação (e a presença de um interlocutor) rege e direciona em muito a
organização e planejamento de um texto – motivo pelo qual o para quem se escreve não
pode ter sua importância reduzida. Por outro lado, esse não é o único aspecto que tem
limitado o ensino e a aprendizagem efetivos da produção textual. Por vezes, a redução da
língua portuguesa à ortografia e a regras gramaticais tem roubado o foco nas aulas de
produção de textos e muitos acreditam que escrever sem erros de ortografia é o suficiente
para que tenhamos escritores proficientes.
Sobre a escola recai parte da responsabilidade referente a essa questão, já que esta
tem aferido demasiada importância ao ensino e domínio da ortografia, da análise
morfológica e sintática, como se isso garantisse a competência de escrever bons textos.
Não raro, vemos, partindo até mesmo de professores, afirmações de que os alunos “não
sabem escrever” devido à constatação de erros de ortografia em um texto e, embora tal
competência não possa ser deixada de lado por um escritor, também esta não deve basear
o ideal de escrita. É, de fato, parte importante de um texto. Antunes pontua essas questões
e compactua de pensamento semelhante ao nosso quando diz que
quanto de informação compartilharemos a cada ato de fala, por quais escolhas lexicais
faremos para dizer o que queremos e precisamos dizer. Não há como produzir um texto
sem determinar um interlocutor.
O aluno, além de possuir a necessidade e o conhecimento para efetivamente
realizar seu projeto de dizer requer que exista alguém para quem ele direcionará seu texto.
Durante as aulas de produção textual, se o intuito do professor é formar escritores capazes
de se utilizar da linguagem (especialmente a escrita) em situações diversas de atuação,
precisa apresentar propostas que tenham ancoragem na vida e cotidiano do discente, o
que pode ser exercitado na escrita coletiva de uma carta reivindicando melhorias para a
sala de aula, na solicitação escrita de permissão para uma aula-passeio, no comentário
que exige a expressão e defesa de ponto de vista sobre determinado assunto ou ainda no
compartilhamento de informações necessárias à comunidade da qual fazem parte.
O destinatário do texto orientará escolhas textuais e linguísticas no momento da
produção escrita por nossos alunos. Tanto que, ao escrever uma carta de solicitação a ser
enviada a um órgão público esperamos que esta seja redigida de modo respeitoso, claro e
compreensível, fazendo uso de palavras apropriadas e evitando gírias ou expressões com
sentido dúbio, uma vez que o texto será lido por alguém com quem não possuímos relação
informal; do mesmo modo, ao partilhar e/ou contestar pontos de vista em meio a um
debate em sala de aula esperamos que sejam postos em evidência ideias que se
concatenem de forma adequada, pensamento linear sobre a assunto a cada turno de fala,
seleção adequada de palavras para esse momento, de modo a garantir que os presentes
compreendam o assunto posto e as opiniões socializadas. O interlocutor do nosso texto é
em grande medida responsável pelas escolhas que fazemos enquanto escritores.
Um destinatário real torna o processo de ensino e aprendizagem muito mais
tangível, interessante e significativo desde o planejamento do texto até a sua finalização
e é, ainda mais por isso, necessário que o aluno veja utilidade para o trabalho
desenvolvido.
Após refletir e discorrer acerca de características essenciais ao processo de escrita,
tais como a seleção do que dizer, a motivação por traz do que dizemos e determinação de
quem será o destinatário de nosso texto, julgamos ser necessário apontar estratégias que
possam guiar as ações pedagógicas do professor de língua portuguesa a fim de que
melhorias sejam propostas e práticas docentes possam ser ressignificadas. Disso tratará a
seção seguinte.
40
“É difícil aprender-se qualquer coisa que não nos pareça significativa e, por
alguma razão, necessária”. (COELHO; PALOMANES, 2019, p. 17). Isso vale para as
mais diversas áreas da vida. E sendo isto verdade, pensemos: Como nossos alunos
poderiam se sentir motivados ou estimulados a aprenderem a escrever de forma
proficiente, se isto não lhes for benéfico de alguma forma? Se não suprir ou representar
nenhuma necessidade, por que eles dedicariam tempo e esforço no aprendizado de
competências linguísticas para uma escrita relevante? De que modo eles se sentiriam
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem quando não há nada, para eles,
explicitamente significativo, do ponto de vista deles? Essas indagações reiteram que o
aprender a escrever de forma sistematizada, planejada e eficiente requer, desde o início,
que o produtor perceba a necessidade de se fazer presente nas relações sociais por meio
de um código escrito.
Saber que novas aptidões comunicativas são impostas e exigidas a todo momento
desperta-nos para a necessidade de estar aberto a aprender, mas antes, precisamos nos
desfazer de alguns antigos e, por muitos, cristalizados, mitos, como o de que escrever
bem é um dom; ou que todo escritor possui muito tempo; que o bom escritor não pode
errar; entre outros.
A arte da escrita não deve ser vista como um dom, precisa ser encarada como uma
atividade que requer prática. Obviamente, há dias em que a nossa criatividade está mais
aflorada e as ideias surgem com mais rapidez ou nós conseguimos sistematizá-las melhor,
mas isso não se configura como o único caminho possível para um escritor nem mesmo
como um dom. Produzir textos escritos, pressupõe, por vezes, ajustes, escolhas, revisões
e mudanças durante todo o processo de produção, a qualquer momento em que se faça
necessário, porque só se aprende a escrever, escrevendo. Parece redundante, é verdade,
mas trata-se da realidade.
Combater a ingênua ideia de que escrever bem é escrever sem erros de ortografia
também deve estar entre nossas atribuições enquanto professores. Não há quem não esteja
sujeito ao erro e, no processo criativo, errar é ter a chance de refazer o que intencionamos
inicialmente de forma melhor orientada. Algumas competências comunicativas, como
apontam Coelho e Palomanes (2019), por não serem inerentes ao ser humano, precisam
41
(e podem) ser aprendidas, entre elas, a competência para a escrita de textos, que envolve
questões concernentes à textualidade e aos critérios que definem seu funcionamento como
atividade comunicativa. Os autores destacam também a competência para autoria, em que
alguém precisa, pode e quer dizer alguma coisa tornando-se assim o autor de um dizer.
Ambas as competências mencionadas acima, quando bem desenvolvidas, favorecem uma
escrita leve, estimulante e socialmente significativa.
Cientes de que nos referimos a um processo extenso, concordamos com Lima &
Cabral quando dizem que:
podemos citar a dificuldade em tecer um planejamento sobre o que vai defender e acerca
do que vai argumentar, bem como desenvolver ideias depois que estas são geradas, ou
quais critérios utilizar na seleção de informações a respeito do assunto em pauta, ou até
mesmo a limitação, em muitos casos, de conhecimento linguístico que possibilitam a
materialização do discurso pretendido.
Planejar o que dizer passa, necessariamente, por ter o que dizer e, se falta a
informação, se faltam as ideias, vão faltar as palavras, pois não há conhecimento
linguístico que seja capaz de suprir a deficiência do não ter o que dizer, como bem nos
lembra Irandé Antunes ao pontuar que “pobreza de repertório, falta de informação, não
ter o que dizer não são problemas que se solucionam com regras de gramática nem com
exercícios de análise sintática” (ANTUNES, 2003, p. 70). Não acreditamos, porém, que
esta seja a problemática dos alunos para os quais lecionamos. Ideias não lhes faltam. A
grande questão é o desenvolvimento dessas ideias depois de geradas para, então,
transformá-las em um texto.
A geração de ideias, necessárias durante o processo de escrita, está
indissociavelmente vinculada ao processo de ler já que a atividade de leitura favorece a
ampliação de repertórios de informação e é por meio dela que podemos incorporar novos
saberes acerca das coisas, das pessoas e do mundo. A título de exemplo, uma aula de
geografia ou de história podem ser uma oportunidade para aquisição de informações que
podem vir a servir, posteriormente, como argumento em um outro contexto. Desse modo,
para que se escreva bem, é necessário ler bem, ler com frequência e, assim conhecer o
objeto sobre o qual se fala.
Vale uma ressalva neste ponto da discussão: ao mesmo tempo em que o ato de ler
amplia nosso repertório informacional, não podemos conceber que toda e qualquer leitura
feita possa ser considerada significativa para o processo de escrita. Isto porque a produção
de determinado texto requer conhecimentos de determinada ordem e aí entra a
importância da mediação do professor, que deve direcionar a busca por materiais que
sejam pertinentes e necessários ao desenvolvimento de temas específicos.
Sendo assim, pontuamos até aqui duas estratégias que devem fazer parte do
processo de ensino da produção textual até o momento: o aluno precisa 1) se sentir
motivado a escrever (pelos mais diversos motivos) e 2) desenvolver ideias sobre o
assunto que será tema de sua escrita (o que pode ser feito por meio de leituras, debates
e pesquisas individuais ou coletivas).
43
4 A ESCRITA ARGUMENTATIVA
4
Doravante BNCC.
48
argumentação. Isso significa reconhecer também que a argumentação é uma prática que
pode (e deve) ser aprimorada.
O quão convincente pode ser (ou será) nosso discurso vai depender das inter-
relações sociais envolvidas e da capacidade do enunciador de saber escolher o gênero e o
estilo adequados a cada situação. Essas escolhas sempre serão significativas - em maior
ou menor grau - dentro do projeto comunicativo de cada indivíduo. “A par daquilo que
efetivamente é dito, há o modo como o que se diz é dito: a enunciação deixa no enunciado
marcas que indicam (“mostram”) a que título o enunciado é proferido” (KOCH, 2000, p.
14) Eis a importância do ensinar a produzir o texto argumentativo de maneira sistemática,
clara, objetiva e assistida pelo professor, sendoa forma que construímos nosso discurso
que determinará o alcance dos objetivos propostos.
É sabido que entre o discurso e o texto está o gênero, como prática social e prática
textual-discursiva, operando como ponte entre o discurso e o texto, ao passo que segue
uma determinada configuração (MARCUSHI, 2008). Não há, portanto, como se pensar
no texto sem associá-lo a um gênero textual, uma vez que é a apropriação dos gêneros o
mecanismo que nos permite a socialização e a inserção prática nas atividades
comunicativas humanas. Pode-se dizer, inclusive, que os gêneros textuais são nossa forma
de inserção, ação e controle social no dia a dia. Tudo depende do quanto de domínio
possuímos sobre eles.
Para Elias “parece ser consensual que, para ser bem-sucedido, o enunciador deve
apropriar-se das várias habilidades de estruturação do discurso” (ELIAS, 2011, p. 119),
o que pressupõe conhecimento acerca das diferentes características que um texto pode
adotar. Ainda segundo a autora, tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre
num ou noutro gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros
textuais é importante. De modo particular, pensamos ser quase impossível pensar e
projetar o ensino da produção de textos sem passar pelo conceito de gêneros textuais,
ainda que esse não seja o único ou principal foco de nosso trabalho.
Podemos, mediante o uso das palavras, produzir encantamento e verdade e
sabemos que um texto pode ser reescrito de diferentes formas objetivando atender a tipos
diferentes de leitor (KOCH, 2018) e não somente isso. Quando a intenção é construir um
texto argumentativo (ao qual nossas pesquisas priorizam), por exemplo, outros fatores
devem ser levados em consideração, quantidade e tipo de conhecimento prévio de seus
leitores sobre a temática em foco, propósito e situação comunicativa, contexto de
50
circulação e relação com outros textos que envolvam o mesmo assunto. Todas essas
variáveis perpassam o conceito e a funcionalidade do gênero textual.
Em geral, argumentamos para convencer nosso ouvinte a pensar como nós, a
mudar de opinião, a defender uma causa específica, a fazer escolhas e diante da enorme
relevância do domínio da escrita em contextos sociais, estratégias para a construção da
escrita argumentativa precisa contemplar / passar pelo conceito de gêneros textuais, a fim
de preparar os alunos para uma atuação segura e assertiva mediante diferentes tipos de
texto, quando isto se fizer necessário.
Dadas as diferenças de extensão e forma, o texto argumentativo é um dos mais
presentes nas nossas vidas e um dos que mais praticamos, já que aparece em redações
escolares, em notícias, em postagens para blogs ou redes sociais em geral e até mesmo
em conversas informais. Antunes, partindo de tal prerrogativa, afirma que “as diferenças
formais que os textos exigem decorrem das diferentes funções que esses textos têm a
cumprir” (ANTUNES, 2003, p. 63) e isso pode ser comprovado ao observarmos, por
exemplo, como se articula a fala de um candidato à presidência da república em meio a
um debate ou durante conversas com seus prováveis eleitores.
A prática discursiva, ao se fazer presente nessas situações, ajusta-se a elas e
cumpre o papel fundamental de transmitir informações a diversos públicos, de modo a
orientar sentidos múltiplos a respeito de acontecimentos, de pessoas, de lugares. A
informação compartilhada passa pelo olhar daqueles que a proferem por meio de
discursos, é selecionada e organizada, de maneira a ser capaz não só de informar, mas
também de formar opiniões e persuadir milhões de pessoas.
Para um candidato ao cargo de presidente da república (ou a outro cargo de
reconhecida relevância social), falar em público – e para o público – é uma das principais
tarefas a serem desempenhadas. Transmitir uma mensagem de forma clara e ter um
discurso capaz de convencer e engajar os eleitores pode ter um peso determinante no êxito
ou no fracasso nas urnas durante a corrida eleitoral, o que passa pelo proferimento de
discursos planejados. Sobre isso, sabemos que:
Com efeito, os discursos dos políticos são marcados por seleções linguísticas que
orientam o eleitor a vê-los com credibilidade, isto é, as informações são organizadas de
modo a dar evidência de competências e habilidades necessárias a quem busca ocupar o
cargo almejado. O texto, então, não é resultante de um amontado de palavras soltas,
desconexas; antes, requer um projeto de dizer constituído em uma dada situação
comunicativa, para alguém específico, com certa finalidade e de determinado modo
dentre tanto outros possíveis (KOCH, 2018).
Não apenas discursos para grandes públicos se utilizam da argumentação ou se
preocupam com escolhas lexicais para alcançar seu público. Diariamente somos
solicitados a produzir textos e argumentar em contextos diversos, o que justifica o
enfoque dado por nós à seção seguinte.
respeitar e seguir as mesmas regras. Tal qual, a produção de um texto não é uma atividade
unilateral, mas coletiva e que envolve decisões conjuntas. Esse conjunto de características
reafirmam o conceito defendido por muitos autores que veem a produção textual como
uma atividade interativa (KOCH; ELIAS, 2021).
Essa concepção concebe a existência de um Eu que considera a existência de um
Outro no momento de planejamento e escrita para que possa delimitar o quanto de
informação será compartilhada e de que tipo será; o quanto de conhecimento prévio o
interlocutor possui sobre o assunto, quais as estratégias que utilizará para garantir que a
mensagem contida em seu texto será compreendida pelo seu leitor; dentre outras questões.
As autoras supracitadas defendem que a linguagem é essencialmente interação e
que seu uso é regido pela intenção daquele que dela se utiliza, porque,
5
Doravante BNCC.
54
6
Doravante PROFLETRAS.
61
6. O CADERNO PEDAGÓGICO
reescrita. Por esse motivo, apostamos que o uso de estratégias adequadas no ensino da
escrita, especialmente da escrita argumentativa, contribui significativamente para o
crescimento de competências e habilidades relacionados ao escrever de nossos aluno, de
modo que nossa proposta interventiva tem base em referências como Marcuschi (2008),
que pontua a importância de ter clara a definição de texto e sujeitos, bem como nas
estratégias que Koch (2021) e Cabral (2016, 2018, 2020) apontam para o ensino da
argumentação.
Nos propusemos a sistematizar um guia prático para professores da educação
básica – a proposta de intervenção requisitada pelo PROFLETRAS – utilizando pesquisas
bibliográficas que foram responsáveis por indicar os caminhos a serem percorridos e as
bagagens necessárias durante o processo ao mesmo tempo em que apreendemos sugestões
tanto de estratégias quanto de atividades, as quais foram compiladas em um material
destacável que intenciona auxiliar na prática docente de professores de produção textual
e que pode ser usado em diferentes modalidades de ensino.
Em meio a algumas das muitas leituras que fizemos, nos deparamos com uma fala
bastante assertiva de Roxane Rojo que exprime bem as alterações pelas quais a sociedade
passa: “surgem novas formas de ser, de se comportar, de discursar, de se relacionar, de se
informar, de aprender. Novos tempos, novas tecnologias, novos textos, novas
linguagens.” (ROJO, 2015, p. 116). Se tantas mudanças ocorrem em tantos aspectos de
nossas vidas, é de se esperar que as demandas sociais sejam refletidas nos/pelos currículos
escolares e por isso, recebe lugar especial no material que sistematizamos em forma de
caderno pedagógico as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), uma
vez que o caderno foi pensamento prioritariamente para o ensino remoto.
Especialistas e professores concordam que o principal objetivo do ensino de
língua portuguesa deve ser ampliar a competência comunicativa dos alunos, o que
mantém estreita relação com a produção e utilização de diferentes gêneros textuais em
situações interativas distintas. Enquanto pesquisadores, pensar na materialização dessa
projeção consiste em planejar ações que possam se concretizar levando em consideração
a realidade da educação e dos educadores brasileiros.
Quando temos essas variáveis em mente, percebemos que muitas das vezes há
necessidade de orientar o caminhar de alguns professores a esse respeito, e por isso,
pensamos em um material que pudesse guiar a prática pedagógica destes, haja vista que
muitos estão ainda em processo de adaptação com as tantas mudanças tecnológicas que o
65
cenário social nos impõe constantemente. Admitimos, portanto, assim como Palomanes
(2019, p. 111) que “(...) a sabedoria do professor está em conjugar os antigos métodos
com as novas tecnologias”, de modo que não se espera dos educadores que modifiquem
completa ou radicalmente sua prática pedagógica, mas que melhorem e potencializem seu
fazer docente com a incorporação de atividades e ferramentas sugeridas neste trabalho.
Salientamos que nossa intenção com essa proposta de trabalho não concebe o
ensino de estratégias de forma engessada ou presa a um gênero textual em específico, mas
sim na compreensão do que é argumentar e de que formas podemos fazer uso de
argumentos respeitando as normas linguísticas e sociais vigentes na sociedade da qual
fazemos parte.
A educação que acontece por meio do ensino remoto tem se apresentado como um
grande desafio, mas antes de tudo como uma grande possibilidade. Ou melhor, muitas
possibilidades Sendo elas de crescimento pessoal e profissional, possibilidade de
construção de um perfil diferente de aluno e de professor, possibilidade de diferentes
formas de atuação, possibilidade de diferentes formas de acesso ao conhecimento; e nós,
enquanto docentes, estivemos diante da necessidade de enfrentar o desconhecido e
aprender a conviver com a mudança de forma permanente, pois ela é a única certeza que
temos.
Sabendo que transformações têm ocorrido em todos os âmbitos, incorporando
inúmeras tecnologias às mais diversas áreas da vida, não seria possível excluir a área
educacional desse contexto de mudanças. Logo, repensar formas de conduzir o ensino do
texto escrito no novo ambiente de ensino-aprendizagem – o digital – demanda atenção,
tempo, estratégias, planejamento e ações direcionadas a partir de períodos de observação
e avaliação dentro do fazer pedagógico.
Encontrar e criar estratégias para compreender e nos adaptar ao novo cenário
imposto à educação nos últimos anos não foi fácil, mas foi uma prática que acabou por se
tornar comum à grande maioria dos profissionais da área educacional. Perpassando
praticamente todas as estratégias utilizadas encontramos as Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação, contudo, esbarramos muitas vezes no fato de que grande
parte dos docentes não se sentiam preparados acerca de como se portar no ambiente
66
virtual ou no que diz respeito a como utilizar das ferramentas digitais; ainda outros
profissionais tinham dificuldade em fazer adaptações das aulas que costumavam dar em
formato presencial para aplicá-las no ensino remoto.
Pensando nessa nova realidade imposta que nos apresenta infinitas possibilidades
para anos à frente, e sabendo que o ensino remoto será uma realidade por muito tempo,
esboçamos ainda um material que tem como finalidade guiar a prática de professores no
âmbito da produção de textos com visada argumentativa.
Destinado ao PROFLETRAS, o caderno sistematizado como produto final deste
processo de pesquisa intenciona servir como suporte e apoio para atividades pedagógicas
a serem desenvolvidas no ensino remoto e apresentará propostas de trabalho com o auxílio
e presença das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. Qual instrumento
didático, objetiva possibilitar ao seu leitor acesso a conhecimentos sistematizados e
partilhados que visam contribuir para o aprofundamento da teoria e prática em suas
respectivas áreas de atuação.
Habilidades e competências enumeradas na BNCC e que dizem respeito ao ensino
brasileiro norteiam a elaboração de objetivos e atividades do caderno em anexo. Dentre
as dez competências gerais, três se destacam e merecem atenção especial por se ligarem
diretamente às áreas de pesquisa desse trabalho. A 4ª competência pontua que o aluno
deve
Inicialmente, notamos que era preciso identificar uma problemática que nos
inquietasse e que fosse, a nosso ver, possível de ser resolvida. Elegemos então, a partir
de observações em sala de aula e de resultados de avaliações a nível nacional, a
dificuldade que existe no ensino e aprendizagem de textos com visada argumentativa,
especialmente se isso precisa acontecer dentro de um contexto redimensionado, como tem
sido com o ensino remoto.
A partir daí, traçamos um caminho de pesquisa por meio do esboço de um projeto
que intenciona apresentar as possíveis razões para o problema em evidência, ao passo que
busca também apontar estratégias para a resolução do mesmo. Isto feito, após refletir
acerca das informações encontradas, seguimos pesquisando. Nesse momento, passamos
a idealizar um material a ser sistematizado em forma de um caderno pedagógico que
funcionará como um guia prático para professores de língua portuguesa, especialmente
os que trabalham diretamente com ensino de produção textual nos anos finais do ensino
fundamental. O material dialoga com os objetivos e competências estabelecidos pela
BNCC (2018) para o ensino e a aprendizagem da produção textual, abordando atividades
e sugerindo recursos digitais para alunos dos anos finais do fundamental.
Mesmo sendo voltado para a produção textual, o material aborda em alguma
medida a leitura de diferentes gêneros, tendo em vista que leitura e produção textual são
duas faces da mesma moeda e não se pode excluir uma em detrimento da outra no
processo de ensino e aprendizagem da produção textual. As atividades foram elaboradas
com base no conceito de plano de texto proposto por Cabral (2016, 2018) e nas estratégias
69
Colega professor,
Sabemos bem como é difícil o ensino da língua materna, sobretudo quando há
tantas variáveis envolvidas, como se deu quando uma pandemia chegou ao país. Métodos,
teorias, atividades e planejamento desde sempre foram objetos de atenção e preocupação
dos professores, mas, devido à pandemia da Covid-19 que chegou ao Brasil em 2020,
essas atribuições ganharam ainda mais peso e diferentes contornos. Ensinar ganhou novas
definições, atuar enquanto professor foi uma tarefa que precisou ser reinventada e o
desejo de realizar um trabalho pautado na aprendizagem significativa nos fez, inúmeras
vezes, mergulhar em pesquisas e produções que pudessem subsidiar nossa prática.
Essas observações aliadas a pesquisas feitas durante o Mestrado Profissional em
Letras – PROFLETRAS - e às nossas vivências enquanto professoras de língua
portuguesa possibilitou a elaboração deste caderno pedagógico, que traz para o âmbito
escolar estratégias de ensino da escrita argumentativa considerando o contexto remoto de
ensino. A definição de escrita e concepções adjacentes (KOCH, 2016), o ensino da
argumentação (KOCH, ELIAS, 2021) e a utilização de tecnologias digitais (BACICH,
MORAN, 2018) são temas basilares do material que você tem em mãos.
Com a elaboração desde caderno, desejamos contribuir com vocês, colegas de
profissão, na tarefa de desenvolver e/ou ampliar as competências e habilidades dos alunos
dos anos finais do ensino fundamental no que diz respeito à escrita, especialmente a
argumentativa. Pretendemos com isso, ajudar na formação de alunos proficientes quanto
à capacidade de se expressarem por meio da escrita em diferentes situações
comunicativas. Nesse sentido, compartilharemos estratégias de ensino e atividades
baseadas em diferentes gêneros textuais que servirão como exemplo (mas podem ser
adaptadas por vocês, sempre que julgarem apropriado ou necessário).
Para tanto, o caderno estará organizado em unidades e subdividido em módulos,
que objetivam facilitar a identificação de cada etapa do percurso proposto. Cada unidade
contém objetivos, materiais (textos, vídeos, charges), atividades (enunciados propostos),
sugestão de recursos tecnológicos (inclusive com indicações de acesso e orientações)
passíveis de serem utilizados e tempo previsto para realização de cada atividade.
E então? Prontos para se aventurar no universo digital e colocar em prática nossas
sugestões?
Vamos lá!
Ionara Cassiano
72
Contextualização da proposta
A escrita existe nas práticas sociais com muitas funções, como informar, registrar,
convencer ou materializar pensamentos e por isso possui uma intenção. Escrevemos
principalmente como forma de estabelecer comunicação com um interlocutor e fazemos
isso de diferentes formas a depender de quem seja esse outro, da situação comunicativa
na qual estejamos inseridos e até mesmo do objetivo de nossa escrita.
Muitos dos usos que fazemos da escrita podem ser (e são) aprendidos e apreendidos de
forma espontânea, com nossos parentes, amigos e vizinhos, na rua, no comércio, na igreja
ou em casa. Outras formas mais complexas, contudo, precisam ser ensinados (e
aprendidos) na escola.
A fim de estimular e promover a prática de escrita de textos com visada
argumentativa, especialmente com alunos dos anos finais do ensino fundamental,
desenvolvemos este material contendo algumas estratégias e atividades que, acreditamos,
podem auxiliar professores no ensino da produção textual considerando, de forma
particular, que as aulas sejam desenvolvidas no ensino remoto.
Base teórico-metodológica
7
Doravante BNCC.
73
produção textual; Martins (2020) apresenta o contexto de aulas remotas posto pela
pandemia da Covid-19 e Bacich e Moran (2018) apoiam as discussões em torno da
reflexão sobre a importância do uso das ferramentas tecnológicas digitais na educação
Intencionamos que o material funcione orientando os docentes em relação a sua
prática, tendo em vista o ensino remoto, os objetivos e competências da BNCC (2018)
para o ensino e a aprendizagem da produção textual, abordando atividades e sugerindo
recursos digitais para alunos dos anos finais do fundamental.
Privilegiamos nesse trabalho, o eixo produção textual, o trabalho com gêneros
textuais e multissemióticos; seguindo objetivos e competências recomendados pela
BNCC (2018), voltadas para os anos finais do ensino fundamental, mas abordaremos em
alguma medida a leitura de diferentes gêneros, tendo em vista que leitura e produção
textual são duas faces da mesma moeda.
Seguiremos, a partir de agora, apresentando as estratégias e atividades,
descrevendo seus objetivos e sugerindo formas de conduzi-las no formato remoto de
ensino.
SUMÁRIO
UNIDADE I – Planejamento e projeto de dizer
Módulo 1 – Situação de comunicação
Objetivos
Tempo estimado de aulas
Atividades
Sugestão de recursos tecnológicos a serem utilizados
Objetivos
Tempo estimado de aulas
Atividades
Sugestão de recursos tecnológicos a serem utilizados
8
Para mais informações consultar os livros Ler e compreender, de Ingedore Villaça Koch e
Vanda Maria Elias (2018) e Práticas de leitura e escrita na escola: construindo textos e
reconstruindo sentidos, de Regina Celi M. Pereira (2014).
9
Para mais informações consultar os livros A coerência textual, de Ingedore Villaça Koch
(2015) e Produção textual, análise de gêneros e compreensão, de Luiz Antônio Marcuschi
(2008).
10
Para mais informações consultar os livros A coerência textual, de Ingedore Villaça Koch
(2015) e Produção textual, análise de gêneros e compreensão, de Luiz Antônio Marcuschi
(2008).
11
A definição adotada neste trabalho se ancora nos conceitos encontrados nos sites a seguir:
https://www.dicio.com.br/outrem/ e
https://www.google.com/search?q=outrem+significado&oq=&aqs=chrome.0.69i59j69i57j0i512
l8.1414j1j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8
76
A fim de dar suporte teórico a nossas propostas, a concepção de gênero adotada nesse trabalho se baseia
nos estudos Marcuschi (2008), que concebe os gêneros textuais como sendo os textos que encontramos
em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por
composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados, de modo que se
tratam de formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas. O autor
defende a ideia de que toda manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em algum
gênero textual, o que justifica a importância de seu ensino.
Atividades
Tempo estimado de aulas13: 01 aula de 50 minutos
12
Para mais informações consultar os livros Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. De Luiz Antônio Marcuschi (2008) e Textualidade – noções básicas e implicações
pedagógicas, de Irandé Antunes (2017).
13
O tempo sugerido para o desenvolvimento das atividades aqui listadas considera, inicialmente,
os momentos de encontro síncrono entre professor e aluno, contudo, é possível que o professor
flexibilize os tempos sugeridos de acordo com sua realidade.
77
Google Meet
Atividades
1º momento: Após breve discussão com a turma acerca da importância de se comunicar
por meio de textos bem articulados e claros, sugerimos compartilhar três situações que
nortearão o primeiro momento de escrita individual dos alunos, quais sejam:
1. Um aluno da turma de 9º ano, ficou responsável por passar em todas as turmas de
concluintes avisando acerca de uma reunião que tratará de assuntos pertinentes ao
evento de formatura. Ele deve deixar todos cientes de quando será a reunião, qual
será o assunto principal, em que horário acontecerá e onde será realizada.
14
O tutorial do recurso tecnológico sugerido neste módulo pode ser acessado por meio do
QRcode acima ou no link a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE .
78
Cada aluno deve escolher uma das simulações acima e ocupar o papel do aluno da
turma concluinte, da adolescente ou do dono do cachorro, respectivamente, a fim de
produzir o texto requerido em cada circunstância.
A Base Nacional Comum Curricular (2018) entende que diferentes formatos e gêneros
textuais fazem parte da vida das pessoas e que, por isso, devem ser explorados também
em sala de aula. Sendo assim, é impossível discorrer sobre o ensino de língua
portuguesa (ainda mais no que diz respeito à produção textual) e não falar sobe gêneros
textuais. Neste momento da aula, você professor, deverá inserir e/ou relembrar o
conceito de gênero textual como prática social de linguagem, uma vez que essa
característica dos gêneros muito influencia na estrutura e forma de apresentação dos
textos produzidos.
A atividade de produção sugerida aqui pode ser desenvolvida por meio de um Mural
virtual – o Padlet, o qual permite criação de textos de forma individual num ambiente
coletivo de modo a facilitar a socialização posterior dos escritos de toda a turma.
15
Tutoriais de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem
ser acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet) e https://youtu.be/ShjdtgfL_ek (Padlet).
16
Para mais informações consultar os livros A inter-ação pela linguagem, de Ingedore Villaça
Koch (2000), Ensino de produção textual, de Fábio André Coelho e Roza Palomanes (2019) e Os
sentidos do texto, de Mônica Cavalcante (2021).
80
Atividades
1º momento: Sugerimos, para iniciar a discussão acerca de um assunto de conhecimento
geral - educação pública brasileira - a leitura do texto a seguir.
Segue o texto:
Texto: A educação brasileira em desenvolvimento17
De acordo com dados do IBGE, o Brasil está entre os dez países com as maiores
economias do mundo. Porém, a educação brasileira é um desafio, principalmente a de
ensino público. Essas precisam resolver problemas como de estrutura, longas distancias
e violência, já que a qualidade das escolas brasileiras está muito distante do ensino
aplicado pelos países desenvolvidos.
A precariedade da educação pública se deve aos maus investimentos na estrutura
das escolas. Essas não recebem tanto apoio do governo quando se trata de manutenção e
consertos. Os alunos, muitas vezes, perdem aulas devido à alagamentos, falta de luz e
materiais em péssimas condições. Esse fato pode causar falta de concentração e menor
rendimento do aluno.
A baixa qualidade do ensino também se deve à violência física e verbal nos
colégios. Muitos professores se recusam a dar aulas pela baixa remuneração, pelo
comportamento agressivo e pelas ameaças feitas por alunos. Devido à tal fato muitas
vezes os jovens ficam sem aprender o conteúdo, atrasando as matérias. Com professores
se recusando a ensinar, a educação pública fica casa vez mais comprometida.
Um outro fator para o baixo rendimento dos alunos é a longa jornada até as
instituições de ensino. Crianças e adolescentes que moram longe têm que acordar bem
mais cedo para chegar à escola no horário correto. Esse contribui para o
comprometimento do metabolismo do aluno, deixando-o com mais dificuldade de
aprendizado.
Para que o Brasil se torne um país desenvolvido, o governo deve investir na
educação pública de qualidade para o Estado. Com tais aplicações melhoraríamos a
infraestrutura e os materiais da sala de aula, além de aumentar o salário dos professores e
a construção de novas instituições. Assim estaríamos melhorando o ensino das nossas
crianças, avançando para o desenvolvimento.
17
Disponível em: https://projetoredacaonota1000.com.br/tema-o-ensino-publico-no-brasil-
dificuldades-e-desafios-t2292.html . Acesso em: 16 jun. 2022.
81
2º momento: Após a leitura, alguns questionamentos podem ser levantados antes que o
conceito de tema seja compartilhado, tais como: qual o tema do texto que acabamos de
ler? Para você, o quão importante ou significativo é esse assunto? Qual a sua experiência
com a educação pública brasileira?
Neste momento deixe um tempo aberto para comentários sobre o assunto a fim de
aproximá-los do tema de modo que possam expressar seus pensamentos de forma
ordenada.
3º momento: Assistir a um vídeo sobre Fake News 18e conduzir uma discussão baseada
em perguntas, como: qual é o assunto em evidência no vídeo? O assunto abordado pode
ser considerado polêmico? Por quê? É produzido por quem? Onde? Para quem? A que
gênero textual pertence? Qual a finalidade dele?
18
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=tJMdof1yYAw&t=1s. Acesso em 03
nov.2022.
82
Atividades
1º momento: Assistir vídeo “Como as desigualdades afetam a educação no Brasil?”20
Essa atividade também pode acontecer por meio do Google Meet, conduzida pelo
professor, que espelha sua tela e torna possível que todos os alunos assistam ao mesmo
tempo o vídeo sugerido.
2º momento: Após assistirem ao vídeo sugerido, você poderá perguntar: qual a temática
predominante no vídeo? Há no documentário falas de duas pessoas. Quem são elas? Por
que estão falando sobre esse assunto? Faz diferença o cargo que eles ocupam
profissionalmente na hora de se posicionarem sobre esse assunto em específico?
Justifique. Quais os pontos de vista apresentados sobre a educação pública brasileira? Em
19
Tutoriais de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem
ser acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet) e https://youtu.be/ypkUh57KCDk (Socrative).
20
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Faz6GzDiP-8. Acesso em 16 jun. 2022.
83
que medida você concorda ou discorda deles? E por quê? Que estratégias de
argumentação ele usa para mostrar isso?
3º momento: Leitura e análise da charge 21abaixo de forma coletiva
Quando levantada a discussão sobre a charge acima, peça para que os alunos se atentem
não só à linguagem verbal utilizada, mas também à linguagem visual, já que nesse
gênero textual, as imagens reforçam os argumentos contidos de forma implícita.
Google Meet
21
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/brasil-ainda-sem-senso-
escolar/ Acesso em 16 de jun. de 2022.
22
Tutorial de como baixar e utilizar o recurso tecnológico sugerido neste módulo pode ser
acessado por meio do QRcode acima ou no link a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet).
84
Atividade
1º momento: Apresentar um slide com questionamentos relativos à maior idade penal
brasileira, tais como: qual a maior idade penal estabelecida no Brasil? É uma idade
apropriada? Com base em quais critérios/ informações você respondeu à pergunta
anterior? A maior idade penal em vigor atualmente atende às necessidades da população
brasileira? Por quê? Em que aspectos sociais essa escolha interfere? O que você acha de
reduzir essa idade para 16 anos, como alguns debates recentes propõem? Por quê? Em
que medida essa redução seria benéfica? Poderia, por outro lado, trazer algum prejuízo?
Qual seria?
23
Disponível em: https://epoca.oglobo.globo.com/ideias/noticia/2015/04/favor-da-reducao-da-
maioridade-penal.html . Acesso em 07 out. 2022.
85
tramitação no Congresso Nacional, permitindo ampliar o debate sobre essa questão tão
delicada e polêmica.
Concordo com o parecer da CCJ da Câmara. A redução da imputabilidade penal,
hoje fixada em 18 anos pelo Artigo 228 da Constituição, pode ser alterada por emenda à
Carta, uma vez que não está entre os direitos e garantias individuais elencados no Artigo
5o, esses, sim, imutáveis.
Superada a questão da constitucionalidade, trata-se, agora, de discutir o mérito da
proposta. Deverão os delitos cometidos por jovens entre 16 e 18 anos, independentemente
de sua gravidade, do grau de discernimento e periculosidade de seus autores, serem
sancionados tão somente pelas medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), entre as quais a internação por no máximo três anos? Ou será
preciso buscar uma maior correspondência entre as condições do delito e a gravidade das
punições?
Faz um ano, um jovem brasiliense matou sua namorada com um tiro no rosto,
pretextando ciúmes. Filmou o assassinato com o celular, compartilhou as imagens nas
redes sociais e ocultou o cadáver. Faltava apenas um dia para ele completar 18 anos. Preso
no dia seguinte, foi julgado com base no ECA e será posto em liberdade quando completar
21 anos, sem que nada conste em sua folha de antecedentes. Caso o crime tivesse ocorrido
um dia depois, já aos 18 anos, não escaparia de uma condenação com base no Código
Penal por homicídio muitas vezes qualificado. Poderia permanecer no cárcere por 30
anos.
Fatos como esse, ainda que felizmente não sejam frequentes, exigem maior
adequação do sistema penal aos dias de hoje. Por que, então, a redução para 16 anos? A
partir dos 16 anos, o jovem vota se quiser, seu testemunho é aceito em juízo e pode ser
emancipado, inclusive sem consentimento dos pais, se tiver economia própria. O Direito
brasileiro reconhece, assim, que a partir dos 16 anos o adolescente tem condições de
assumir a responsabilidade pelos seus atos.
Por isso é legítimo o debate que se abre agora: redução pura e simples da idade-limite
para a aplicação da lei penal para os 16 anos (nos termos da proposta da Câmara dos
Deputados) ou a redução da maioridade penal apenas em casos de excepcional gravidade,
conforme emenda que apresentei ao Senado.
Reconheço os riscos de legislar sob o clamor público e, justamente por isso, apresentei,
ainda em 2012, quando o assunto não estava estampado nas manchetes, uma PEC que
oferece um “caminho do meio” a essa discussão. Minha proposta mantém a regra geral
da imputabilidade aos 18 anos, mas permite sua redução em casos excepcionais, mediante
uma criteriosa análise do juiz e do Ministério Público, perante a Vara da Infância e da
Juventude. Chamo essa análise de “incidente de desconsideração da inimputabilidade
penal”. Dessa maneira, diante de uma denúncia envolvendo um menor de 18 e maior de
16 anos, que tenha cometido uma infração capaz de ser enquadrada como crime hediondo
ou múltipla reincidência de lesão corporal grave e roubo qualificado, o juiz fará, a partir
de um pedido do promotor de justiça, uma avaliação, mediante exames criteriosos e
laudos técnicos de especialistas, do grau de discernimento sobre o caráter ilícito do seu
ato. Em caso afirmativo, o juiz da Infância e da Juventude poderia decretar a sua
imputabilidade e aplicar a ele a lei penal. Condenado, o menor, acima de 16 anos, somente
poderia cumprir a sentença em estabelecimento especial, criado especificamente para o
cumprimento de penas por esse tipo de criminoso juvenil, isolado dos demais presos
comuns.
Trata-se de uma solução intermediária e prudente, pois reconhece, a um só tempo,
a evolução da sociedade moderna e um problema efetivo de criminalidade envolvendo
86
menores. Minha PEC não foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado
por uma escassa maioria, o que revela quanto o Legislativo está dividido. Alguns
senadores e eu recorremos ao Plenário, onde minha PEC ainda será apreciada, desde que
o presidente Renan Calheiros cumpra seu compromisso de submetê-la à votação. Apesar
do calor da emoção, não podemos admitir que argumentos radicalizados impeçam o
debate. Dizer que a redução da maioridade penal afronta garantias fundamentais e
cláusulas pétreas é interpretar a Constituição com visão limitada, fugindo ao debate pela
saída mais conveniente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, é uma lei justa e generosa, ainda
largamente ignorada em suas medidas de proteção e promoção. Mesmo quanto às sanções
previstas no estatuto, antes de se chegar à internação, há uma série de outras menos
severas, como a advertência, a prestação de serviços à comunidade e a liberdade assistida,
que são frequentemente ignoradas, passando-se diretamente à privação de liberdade,
mesmo em casos em que isso não se justifica. Os poderes públicos, inclusive o Judiciário,
estão em dívida com a sociedade por conta da inobservância do estatuto em sua
integralidade.
Reconheço que a punição não é o único remédio para a violência cometida pelos
jovens. Evidentemente, políticas sociais, educação, prevenção, assistência social são
medidas que, se aplicadas no universo da população jovem, terão o condão, efetivamente,
de reduzir a violência. Mas, em determinados casos, é preciso uma punição mais eficaz
do que aquelas preconizadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
24
Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/pagina-373.html . Acesso em 07 out. 2022.
87
responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Agora não podemos esperar que
adolescentes sejam capturados pelo crime para, então, querer fazer mau uso da lei. Para
fazer o bom uso do ECA é necessário dinheiro, competência e vontade.
Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser
responsabilizado. Mas reduzir a idade penal, além de ineficiente para atacar o problema,
desqualifica a discussão. Isso é muito comum quando acontecem crimes que chocam a
opinião pública, o que não respeita a dor das vítimas e não reflete o tema seriamente.
Problemas complexos não serão superados por abordagens simplórias e imediatistas.
Precisamos de inteligência, orçamento e, sobretudo, um projeto ético e político de
sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos jovens não precisam ir
para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva lá. A decisão agora é nossa: se
queremos construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas.
[Fonte: CEDECA-CE - Artigos - 21/11/2003].
Google Meet
25
Tutorial de como baixar e utilizar o recurso tecnológico sugerido neste módulo pode ser
acessado por meio do QRcode abaixo ou no link a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet).
26
Para mais informações consultar o livro Ensino de produção textual, de Fábio André Coelho
e Roza Palomanes (2019).
88
Atividades28
1º momento: Comece a aula compartilhando em um slide a manchete abaixo.
Peça que os alunos, em dupla (eles podem fazer de forma paralela à aula uma
chamada de áudio ou de vídeo pelo WhatsApp, por exemplo) analisem os seguintes
aspectos: o que a manchete apresenta como tema? Como esse tema é apresentado? Há
ideia de certeza em relação ao acontecimento mencionado? Quais recursos linguísticos
são responsáveis por esse efeito de sentido?
Dê um tempo para a realização da atividade e socialize as respostas da turma
aproveitando para corrigir ou redirecionar os olhares deles de modo que percebam a
presença de um ponto de vista sinalizado por meio de modalizadores (sem utilizar ainda
essa nomenclatura).
27
Para mais informações consultar o livro Argumentação e linguagem, de Ingedore Villaça
Koch (1999).
28
A proposta apresentada nesse módulo tomou como referência algumas sugestões econtradas no
site na Nova Escola, mais especificamente no link a seguir -
https://novaescola.org.br/conteudo/6203/gramatica-com-textos-9-ano-modalizadores-do-
discurso. Acessado em 22 de nov. 2022.
89
Espera-se que os alunos identifiquem como sendo o tema “os gastos necessários
para a erradicação da pobreza no Brasil” e que notem o uso do futuro do pretérito – teria
- como indicativo de dúvidas sobre a realização da ação; enquanto o uso do advérbio mais
dá a ideia de que o que se gasta hoje não é suficiente. Além disso, deixa claro que é preciso
colocar um valor extra para alcançar o objetivo.
Para terminar essa primeira parte e iniciar as produções escritas, proponha a
reescrita da manchete pedindo que os alunos busquem alternativas para substituir a ideia
de possibilidade por uma ideia de certeza. Dê um tempo para a realização da atividade e,
em seguida, peça que os alunos apresentem suas proposições.
Possibilidades de respostas
Brasil gastará mais R$21,3 bi para erradicar a pobreza.
Brasil terá de gastar mais R$21,3 bi para erradicar a pobreza.
Peça que os alunos identifiquem nelas as marcas do juízo de valor deixadas por
quem escreve o texto. Dê um tempo para que façam suas análises e anotações. Em
seguida, inicie a correção e chame a atenção para a expressão com atraso, colocada na
primeira manchete, que aparece para mostrar o viés que o enunciador quer dar ao texto.
Peça que a classe observe também o papel do adjetivo polêmico usado na segunda
manchete para mostrar um julgamento a respeito do pênalti que deu a vitória ao
Corinthians.
Após a análise das manchetes, explique aos alunos que, ao produzirmos um texto oral
ou escrito, usamos expressões que podem sugerir o nosso ponto de vista - reforçando-
o ou atenuando-o. Essas expressões são chamadas de expressões modalizadoras. Elas
podem ser constituías por verbos, advérbios, adjuntos adverbiais, adjetivos etc.
90
"A modalização diz respeito à expressão das intenções e pontos de vista do enunciador.
É por intermédio da modalização que o enunciador inscreve no enunciado seus
julgamentos e opiniões sobre o conteúdo do que diz/escreve, fornecendo ao interlocutor
pistas ou instruções de reconhecimento do efeito de sentido que pretende produzir. (...)
a) É possível que chova no Carnaval. (Suposição)
b) É necessário que chova no Carnaval. (Necessidade)
c) Vai chover no Carnaval. (Certeza)"
AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
Possibilidade de resposta
91
4º momento: Explique aos alunos que eles vão ler um texto que começa com a palavra
infelizmente. Pergunte a eles o que essa palavra sugere e ouça o que eles têm a dizer.
Peça que construam períodos em que a palavra infelizmente seja utilizada e que montem
coletivamente um mural virtual no Padlet com as possibilidades por eles sugeridas. Em
seguida, entregue o texto à classe. Segue o texto:
29
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm2211201012.htm . Acesso em
22 de nov. 2022.
92
Jairo Bouer
INFELIZMENTE, em menos de um mês tenho que voltar ao tema da violência
gratuita, face aos incidentes que aconteceram em plena avenida Paulista, quando um
grupo de quatro menores e um garoto de 19, todos de classe média e teoricamente
"educados", agrediram outros jovens.
A coluna está sendo escrita um dia após os agressores terem sido liberados pelas
autoridades responsáveis. Há indícios (segundo a própria polícia) de que a motivação para
alguns dos ataques no dia 14 tenha sido a homofobia.
A defesa alega que não houve homofobia, mas uma simples briga de jovens, talvez
motivada por um suposto flerte de um dos garotos que foi agredido. Os agredidos e outras
testemunhas negam que houve qualquer tipo de contato anterior e dizem que os agressores
já chegaram batendo.
Vamos supor que houve uma briga que nasceu de uma cantada. Desde quando a
forma de se reagir a qualquer tipo de cantada, vindo ela de homens ou de mulheres, é uma
agressão brutal? Cinco garotos atacando um jovem sozinho é uma simples briga? Na
melhor das hipóteses, é pura covardia. Na pior, é um ato preconceituoso e bárbaro.
Não dá para admitir tal comportamento como sendo natural, um rito de passagem,
agressividade normal de meninos, necessidade de afirmação frente ao grupo e falta de
limites colocados pelos pais, entre outras alegações. É uma selvageria inadmissível e, para
isso, existe lei, julgamento e eventuais responsabilizações.
Tendo a achar que a melhor maneira de aprender é trabalhar aquilo que é sensível.
Assim, que tal colocar alguém que não sabe lidar com sua própria agressividade em um
trabalho comunitário com vítimas de violência contra a mulher, de preconceito e de
homofobia? Talvez, no contato com aquilo que incomoda, a gente cresça e aprenda a ser
um adulto melhor.
Promova uma discussão coletiva sobre o tema e pergunte: o que acharam do texto?
O que pensam sobre a violência juvenil? Qual a visão apresentada no texto sobre a
violência juvenil?
testemunhas que aparecem no mesmo parágrafo. Eles negam que houve qualquer tipo de
contato anterior e dizem que os agressores já chegaram batendo. Chame a atenção da
classe para a assertividade presente nessas frases.
No quarto parágrafo, o autor do texto parte da suposição lançada pela defesa dos
agressores e a problematiza. Isso é reforçado por meio dos adjetivos: agressão brutal,
simples briga. Na afirmação seguinte, a adjetivação também se apresenta: pura covardia,
ato preconceituoso e bárbaro.
No quinto parágrafo, analise a expressão inicial - não dá para admitir tal
comportamento - e as palavras inadmissível e eventuais. A palavra inadmissível poderia
ser tirada do texto sem prejuízo à mensagem. Sua presença, no entanto, marca o
posicionamento de repulsa do enunciador. O uso da palavra eventuais associada a
responsabilizações evita a condenação sem provas e remete, indiretamente, à instância
legal.
No último parágrafo, o enunciador mostra uma possível via de punição. Ele,
entretanto, atenua o caráter de verdade de sua proposta ao usar as expressões Tendo a
achar que e Talvez, no contato com aquilo que incomoda, a gente cresça e aprenda a ser
um adulto melhor.
Reforce com os alunos a importância de identificar a presença de diferentes
modalizadores e seus efeitos de sentido dentro de um texto, uma vez que eles demarcam
o viés que o autor quer dar ao texto.
Sugestão de recurso tecnológico a ser utilizado nesta aula: Google Meet, Padlet.30
Observação:
Para esta aula, é preciso um conhecimento prévio de conjunções. Caso seus alunos não
possuam, há a possibilidade de abordar previamente o conceito com eles antes de
trabalhar a função das conjunções no texto.
30
Tutoriais de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem
ser acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet) e https://youtu.be/ShjdtgfL_ek (Padlet).
31
Para mais informações consultar os livros A inter-ação pela linguagem, de Ingedore Villaça
Koch (2000), Escrever e argumentar, de Ingedore Villaça Koch (2021) e Leitura e produção
textual, de Vanilda Salton Köche (2014).
95
Atividades32
1º momento: Sugerimos que esta aula seja iniciada com um questionamento, que pode ser
compartilhado com a turma por meio de um slide ou um mural virtual como o Padlet,
acerca de como se “amarram” ideias? Apresente a proposta de atividade da aula, dizendo
que ao defender opiniões são necessárias “amarras” que enlacem os argumentos para um
fim traçado previamente. Diga que, para isso, é importante planejar o discurso e conhecer
os elementos linguísticos que se utiliza para conectar os argumentos. Explique que a
proposta da aula é descobrir quais são esses elementos responsáveis por “amarrar” as
ideias dentro do texto.
Compartilhe, em seguida, um slide contendo os escritos abaixo:
32
A proposta apresentada nesse módulo tomou como referência algumas sugestões encontradas
no site na Nova Escola, mais especificamente no link a seguir: https://novaescola.org.br/planos-
de-aula/fundamental/9ano/lingua-portuguesa/a-funcao-dos-operadores-
argumentativos/4036?gclid=Cj0KCQiAgribBhDkARIsAASA5buyzHAbfrziVnxOmOvrFPMrk
nlCHKTDmlHOdzTBiAfer0uP7BcTfIcaArwJEALw_wcB. Acessado em 12 de novembro de
2022.
96
são colocados no texto? Algum elemento linguístico foi usado? (Os argumentos e a
conclusão são colocados lado a lado, sem o auxílio de conectivos); como o locutor
encadeia os argumentos? (Os argumentos são encadeados por justaposição). Depois,
pergunte se é possível organizar o enunciado relacionando as ideias com auxílio de
elementos linguísticos; convide-os ao exercício da reorganização utilizando conectivos e
dê um tempo para que façam isso.
Possibilidade de respostas
“O boné pode ser usado em sala de aula, pois não atrapalha a aprendizagem, visto que é
apenas um adereço. Se as meninas usam tiaras e laços, os meninos usam boné. Portanto,
o boné não pode ser proibido.”
“O boné pode ser usado em sala de aula porque não atrapalha a aprendizagem, visto que
é um adereço. Assim como as meninas usam tiaras e laços, os meninos usam boné. Dessa
forma, o boné não pode ser proibido.”
“O boné pode ser usado em sala de aula, visto que não atrapalha a aprendizagem, pois é
um adereço somente. As meninas usam tiaras e laços, mas os meninos usam boné. Sendo
assim, o boné não pode ser proibido.”
2º momento: Apresente, num slide, os seguintes enunciados para iniciar esta aula:
Observação:
Você pode disponibilizar outras conjunções, de modo que nem todas sejam utilizadas.
O objetivo desta etapa é direcionar o olhar do aluno apresentando um recorte de
possibilidades a fim de exercitar a capacidade de escolha deles.
Dia da mentira33
Você já caiu em alguma brincadeirinha do Dia da Mentira? Sim? A prática de contar
mentiras, por mais bizarras que sejam, em um dia específico, é algo muito comum entre
crianças. ____________________, os adultos também parecem adorar tal data para
inventar uma lorota aqui ou acolá. Quer um exemplo? Em 1957, a respeitadíssima rede
33
Disponível em: https://acessaber.com.br/atividades/atividade-para-completar-com-conjuncao-
1o-ano-do-ensino-medio/. Acessado em 19 de jan. 2023.
98
de televisão britânica BBC mostrou uma matéria sobre determinadas árvores na Suíça
que produziam macarrão. Você acreditaria nisso?
De fato, o Dia da Mentira surgiu no século XVI, na França, e foi fruto de um grande mal-
entendido.
Até tal século, os franceses seguiam o calendário Juliano. Conforme o mesmo, a
comemoração do Ano Novo ocorreria no primeiro dia de Abril. Em 1564, o rei Carlos IX
estabeleceu que a França deveria seguir o calendário Gregoriano, no qual o novo ano se
inicia no primeiro dia de janeiro.
Alguns franceses não aceitaram essa mudança. ____________________, naquela época
as notícias andavam lentamente, ______________________ não havia meios de
comunicação. ______________________, muitas pessoas sequer ficaram sabendo da
alteração estabelecida pelo rei. _______________________, continuaram a comemorar
o Ano Novo no dia primeiro de Abril.
Essas pessoas começaram a ser alvo de muitas brincadeiras, chacotas
___________________ piadas dos franceses bem-informados. A partir daí, a data se
consolidou ___________________ o dia reservado às maiores mentiras e peripécias.
Possibilidade de resposta
Dia da mentira
Você já caiu em alguma brincadeirinha do Dia da Mentira? Sim? A prática de
contar mentiras, por mais bizarras que sejam, em um dia específico, é algo muito comum
entre crianças. No entanto, os adultos também parecem adorar tal data para inventar uma
lorota aqui ou acolá. Quer um exemplo? Em 1957, a respeitadíssima rede de televisão
britânica BBC mostrou uma matéria sobre determinadas árvores na Suíça que produziam
macarrão. Você acreditaria nisso?
De fato, o Dia da Mentira surgiu no século XVI, na França, e foi fruto de um
grande mal-entendido.
Até tal século, os franceses seguiam o calendário Juliano. Conforme o mesmo, a
comemoração do Ano Novo ocorreria no primeiro dia de Abril. Em 1564, o rei Carlos IX
estabeleceu que a França deveria seguir o calendário Gregoriano, no qual o novo ano se
inicia no primeiro dia de janeiro.
Alguns franceses não aceitaram essa mudança. Além disso, naquela época as
notícias andavam lentamente, pois não havia meios de comunicação. Dessa forma,
muitas pessoas sequer ficaram sabendo da alteração estabelecida pelo rei. Assim,
continuaram a comemorar o Ano Novo no dia primeiro de Abril.
Essas pessoas começaram a ser alvo de muitas brincadeiras, chacotas e piadas dos
franceses bem-informados. A partir daí, a data se consolidou como o dia reservado às
maiores mentiras e peripécias.
99
Peça para que os alunos leiam seus textos com as respectivas sugestões a fim de
compararem e observarem a lógica estabelecida por cada um ao passo que respondem
questões como: há, nele, coesão e coerência? Há progressão textual entre as etapas?
Como os alunos não tiveram contato prévio com o texto, o trabalho de preenchimento
de lacunas será feito com base na intuição de falante da língua. É provável que
apareçam sugestões semelhantes entre as duplas e essa é uma excelente oportunidade
para provocar nos alunos a reflexão sobre a escolha das palavras e sua influência na
lógica do texto.
3º momento: Compartilhe com a turma o texto a seguir para que observem como as
conjunções são responsáveis pelo encadeamento de ideias em um texto, ao mesmo tempo
em que é também responsável pelos sentidos construídos.
Editorial
O perigo da intolerância religiosa34
Tendência à convivência pacífica entre credos diferentes no Brasil tem sido cada
vez mais posta em xeque, de uma forma que as autoridades não podem ignorar. A
tolerância religiosa no Brasil nunca foi pura e simplesmente uma medida imposta por
decreto. É, antes disso, um aspecto cultural. Por um lado, foi preciso incluir na
Constituição um artigo resguardando a liberdade de culto e proteção contra a
discriminação, porque tais garantias não seriam naturais; por outro, a convivência entre
credos distintos foi facilitada pela formação do povo. A miscigenação e a intimidade entre
a casa-grande e a senzala resultaram em mecanismos de acomodação, como o sincretismo
que uniu religiões aparentemente tão diferentes quanto o catolicismo e o candomblé. Na
Bahia, por exemplo, eles se misturaram.
No entanto, a tendência à convivência pacífica tem sido cada vez mais posta em
xeque, e de uma forma que as autoridades não podem fazer vista grossa. A série de
reportagens publicada pelo GLOBO semana passada mostra que os fiéis da umbanda e
do candomblé — 600 mil pelo Censo 2010 — foram vítimas de 22 das 53 denúncias de
intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência, de janeiro a 11 de julho deste ano. Além disso, um estudo da PUC-Rio
registrou que, num grupo de 840 terreiros, 430 foram alvo de discriminação, sendo 57%
dos casos em locais públicos.
Os ataques vão de manifestações de preconceito na escola e no trabalho a ofensas
pessoais, ameaças, danificação de imagens e até a destruição de terreiros. A mãe de santo
34
Disponível em: https://oglobo.globo.com/opiniao/o-perigo-da-intolerancia-religiosa-
13622751. Acessado em 12 de nov. 2022.
100
Conceição de Lissá, em Duque de Caxias, viu seu terreiro ser atacado oito vezes nos
últimos oito anos. Em pelo menos um episódio, fanáticos usaram gasolina para atear fogo
no quarto dos artigos usados nas cerimônias. Ou seja, além da humilhação e do dano
moral, a integridade física dos fiéis está em risco.
A intolerância, por si só, já é inaceitável. Seja contra orientação sexual, etnia ou
crença. Trata-se de um comportamento criminoso que deve ser punido como manda a lei.
Felizmente, não chegamos aqui ao ponto de outros países em que grupos se organizam
para manifestar publicamente o ódio a homossexuais, negros ou estrangeiros. Mas é
melhor não pagar para ver. Adeptos dos cultos afro-brasileiros não só denunciam como
organizam sua legítima reação em passeatas contra a intolerância religiosa. Contam com
o apoio na sociedade e de representantes de outros credos, com quem têm em comum a
convicção de que o respeito à fé alheia é sagrado.
Se a sociedade se mobiliza, mas obrigações ainda tem o poder público, que deve
ficar atento e ser ágil nas investigações. Caso a intolerância não seja punida
exemplarmente, fiéis movidos pela absurda presunção de
superioridade poderão se sentir encorajados a prosseguir, porque, afinal, estariam agindo
“em nome de Deus". E é justamente assim que pensam radicais responsáveis por guerras
milenares e terrorismo pelo mundo afora.
Dê um tempo para que os alunos realizem uma primeira leitura de modo individual
e, em seguida, faça a leitura do texto enquanto todos acompanham. Feito isso, lance
alguns desafios por meio de “pistas” a serem encontradas dentro do próprio texto. Solicite,
por exemplo, que encontrem no
1º parágrafo
i) Uma palavra que indica negação de afirmação sobre o fato de a tolerância religiosa
ser resultado de um decreto. (nunca)
i) Palavras que introduzem duas ideias que se opõem entre si: necessidade de leis
para resguardar a liberdade de culto e o sincretismo facilitado pela formação do
povo brasileiro. (por um lado/ por outro lado)
ii) Palavras que estabelecem uma relação de comparação entre religiões distintas.
(tão…quanto)
3º parágrafo
i) Palavra que insere um argumento mais fraco, sugerindo que há outros mais fortes
em relação aos ataques violentos que destroem elementos religiosos. (pelo menos)
101
O objetivo dessa atividade é identificar, por meio da produção escrita, o domínio que
os alunos possuem, até então, da construção do texto argumentativo para que, a partir
daí o professor saiba identificar os aspectos que merecem mais ou menos atenção, já
que o erro fornece informações sobre o que se sabe e o que ainda não se sabe.
Sugestão de recursos tecnológicos a serem utilizados nesta aula: Google Meet, Padlet
e Mentimeter.35
O plano de texto auxilia o produtor na organização da textualidade (Cabral, 2018) e elementos como
parágrafos, título e subtítulo, sinais de pontuação, conectores e organizadores textuais são alguns dos
recursos capazes de marcar um plano de texto. Planejar um texto passa por pensar em todos esses
Módulo 1 e–esta
elementos O gênero carta
unidade se argumentativa
concentrará em aplicar as noções de plano de texto ao planejar a escrita de
uma carta argumentativa e de um comentário com viés argumentativo.
Objetivos:
- Apresentar a estrutura do gênero textual carta argumentativa;
- Solicitar a produção textual do gênero carta argumentativa;
- Orientar o processo de escrita, revisar e publicar cartas produzidas em ambiente
apropriado para isso.
Tempo estimado de aulas: 04 aulas de 50 minutos cada
35
Tutoriais de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem
ser acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet), https://youtu.be/ShjdtgfL_ek (Padlet) e https://youtu.be/3m73am9LjFw
(Mentimeter).
103
NOTA:
As cartas, em geral, “apresentam variados tipos de comunicação,
como notícias familiares, pedidos de informações,
agradecimentos, cobranças, prestação de contas. Embora
rotuladas como cartas, têm propósitos e intenções de natureza
diversa, circulam em contextos e com funções comunicativas
distintas (Santos, 2020, p. 110)
36
Para mais informações e sugestões de como trabalhar com o gênero carta argumentativa,
consulte as obras Leitura e produção textual, gêneros textuais do argumentar e expor, de Köche
(2014), Leitura e produção de textos na alfabetização, de Ana Carolina Perrusi Brandão (2005)
e Gêneros textuais e ensino, de Dionísio; Machado e Bezerra (2010).
104
Revisão e reescrita:
Os alunos precisam ter em mente que a versão final de sua carta será entregue
a um destinatário real e que elementos como pontuação, acentuação, ortografia,
concordâncias nominal e verbal, além da estrutura própria de uma carta são itens que
merecem atenção e dos quais dependem, em muito, a boa compreensão do seu leitor.
Essa etapa serve também para aprimorar a coerência e a coesão do texto e, para tanto,
precisam realizar eliminações, substituições, acréscimos e inversões cuidando para que
haja articulação entre as ideias apresentadas. Dê tempo para que reescrevam a carta
após alterações necessárias apontadas, auxilie-os sanando eventuais dúvidas e
relembrando-lhes dos aspectos acima mencionados.
Atividades 37
1º momento: Converse com a turma sobre a finalidade e utilização de cartas como meio
de comunicação atualmente, mostre que existem cartas de tipos diversos servindo a
finalidades distintas e destaque que cartas como as que serão estudadas nesta aula fazem
37
A proposta apresentada nesse módulo tomou como referência algumas sugestões encontradas
no site na Nova Escola, mais especificamente as contidas no link a seguir
https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/4ano/lingua-portuguesa/carta-de-
reclamacao-uma-carta-
argumentativa/2909?gclid=CjwKCAiAuOieBhAIEiwAgjCvcpiyBPXqOQQfZkiHIxvd1k2u00c
D-W1Fzr9FVb23g_vUjiEWKkcp_xoCfzgQAvD_BwE . Acessado em 18 de outubro de 2022.
105
CARTA 1
Boa Pessoa, 28 de agosto de 2018
CARTA 2
BOA Pessoa, 28 de agosto de 2018.
CARTA 3
Brasília, 22 de agosto de 2018.
Senhores,
Venho por meio desta carta reclamar da cobrança indevida de chamadas telefônica
não realizadas. Há 3 meses atrás, contratei os serviços dessa empresa de telefonia. No
contrato, estava descrito que pagaria o valor de 82 reais mensais por um pacote de
serviços que incluía chamadas locais ilimitadas e 30 minutos de ligações interurbanas.
No entanto, consta em minha fatura a cobrança de valores relativos a ligações
interurbanas que nunca realizei. Existem 3 chamadas para números de telefones
pertencentes à cidade de Coari, no Amazonas e outras 5 para a cidade de Apiaca, no
Espírito Santo. Elas somam um total de 178 reais a mais em minha fatura.
Não há nenhuma possibilidade de terem sido realizadas essas ligações pelos
seguintes motivos. Primeiramente, não conheço ninguém que more nessas cidades. Todos
os meus parentes moram em Brasília com exceção de meu avô que mora no Ceará e nem
telefone fixo ele possui. Em segundo lugar, em minha casa somente moram duas pessoas:
eu e meu filho. Trabalho o dia todo e ele estuda pela manhã e faz curso à tarde. Portanto,
não temos tanto tempo para gastar em uma ligação. Uma delas, feita para a cidade de
Apiaca, durou cerca de 3 horas. Por fim, gostaria de destacar que os horários em que
foram feitas as ligações não correspondem à nossa rotina. As chamadas para Apiaca
foram feitas pela manhã, horário em que não há ninguém em casa. E aqueles referentes à
Coari foram feitas após as 2 horas da manhã, momento em que estamos em pleno sono
profundo.
Diante dessa situação, peço que considerem a exigência como indevida e que
sejam tomadas providências no sentido de cobrar somente o valor devido de 82 reais.
Sem mais considerações, assino a presente carta
Maria Mharta Mercedez.
109
CARTA 4
Brasília, 22 de agosto de 2018.
Senhores,
Eu venho por meio desta carta reclamar da cobrança indevida de ligações
telefônicas que eu não realizei. Há 3 meses atrás, eu contratei os serviços dessa empresa
de telefonia. No contrato, estava descrito que eu pagaria o valor de 82 reais mensais por
um pacote de serviços que incluía ligações locais ilimitadas e 30 minutos de ligações
interurbanas.
No entanto, consta em minha fatura a cobrança de valores relativos a ligações
interurbanas que eu nunca realizei. Existem 3 ligações para números de telefones
pertencentes à cidade de Coari, no Amazonas e outras 5 ligações para a cidade de Apiaca,
no Espírito Santo. Elas somam um total de 178 reais a mais em minha fatura.
Não há nenhuma possibilidade de terem sido realizadas essas ligações pelos
seguintes motivos. Primeiramente, eu não conheço ninguém que more nessas cidades.
Todos os meus parentes moram em Brasília com exceção de meu avô que mora no Ceará
e nem telefone fixo meu avô possui. Em segundo lugar, em minha casa somente moram
duas pessoas: eu e meu filho. Eu trabalho o dia todo e meu filho estuda pela manhã e meu
filho faz curso à tarde. Portanto, não temos tanto tempo para ser gasto em uma ligação.
Uma dessas ligações, ligação feita para a cidade de Apiaca, durou cerca de 3 horas. Por
fim, gostaria de destacar que os horários em que foram feitas as ligações não
correspondem à nossa rotina. As chamadas para Apiaca foram feitas pela manhã, horário
em que não há ninguém em casa. E as ligações referentes à Coari foram feitas após as 2
horas da manhã, momento em que estamos em pleno sono profundo.
Diante dessa situação, eu peço que considerem a cobrança como indevida e que
sejam tomadas providências no sentido de cobrar somente o valor devido de 82 reais.
Sem mais considerações, assino a presente carta
Maria Mharta Mercedez.
110
Lembre-os, ao final desta aula, de que cartas de reclamação possuem uma solicitação
fundamentada com argumentação e que argumentar é apresentar fatos, ideias, razões e
provas que comprovem uma afirmação ou justifiquem um pedido.
Esclareça que a carta será escrita em três etapas: a primeira consiste em planejá-
la; em seguida, vem a textualização das ideias e, por último, a revisão do que foi escrito
para que as cartas possam, então, ser publicadas ou entregues ao seu destinatário.
É importante deixar claro desde o início quais serão os critérios de avaliação para
que eles os levem em consideração no momento de planejamento e escrita.
Compare com o planejamento de uma viagem ou de uma festa, a título de
exemplo. Mostre que o planejamento permite que as pessoas possam prever quando será
o melhor momento para viajar, a duração aproximada da viagem, quanto gastarão, quais
os lugares a visitar, onde e como será a hospedagem. De maneira semelhante, o
planejamento permite aos organizadores de uma festa prever quanto de comida e bebida
serão necessárias para servir a quantidade de convidados presentes, quantos garçons
devem ser contratados, quanto tempo durará o evento, entre outras coisas. O planejamento
permite que a viagem, assim como a festa, ocorra da melhor forma possível e com
ocorrência mínima de imprevistos.
Lembre aos seus alunos de que o planejamento de um texto permite que o escritor
consiga direcionar sua produção sem esquecer informações importantes e facilita que
eles atinjam os objetivos pretendidos.
A escrita pode ser feita, inicialmente, em um caderno, mas os alunos devem enviar seus
textos para o professor por meio do Google Docs, uma ferramenta que permite o acesso
a um mesmo arquivo por pessoas que estejam em diferentes lugares. Por meio dessa
ferramenta o professor pode, inclusive, fazer comentários sobre a escrita dos alunos.
112
3º momento: É o momento de revisão dos textos produzidos e nós sugerimos que você,
professor, relembre os alunos dos critérios estabelecidos para avaliação do trabalho feito.
Esclareça que durante a leitura que será feita das cartas produzidas por eles você
observará e levará em consideração os seguintes critérios avaliação: 1) se o assunto
motivador da escrita ficou claro, 2) se o destinatário foi escolhido adequadamente (é
alguém que pode, de fato, solucionar o problema registrado na carta?), 3) se a linguagem
empregada e o tratamento estão adequados ao destinatário (tratamento mais ou menos
formal)? 4) se os argumentos utilizados para convencer o destinatário a resolver o
problema apresentado são suficientes, 5) se fez solicitações possíveis de serem atendidas
e capazes de sanar o problema, 6) se lembrou de utilizar elementos próprios de uma carta
como data, local, saudação e 7) se demonstrou domínio da utilização de recursos
linguísticos na construção de uma carta coerente, coesa e argumentativamente orientada.
4º momento: Depois da carta finalizada, procure saber como seria possível encaminhar
de verdade a carta aos responsáveis e faça isso.
113
5º momento: Para finalizar o bloco de aulas sobre a carta argumentativa (de reclamação),
converse com a turma sobre a experiência de escrever uma carta como a que fizeram.
Pergunte-lhes o que acharam da atividade? Qual a importância de uma carta de
reclamação? O que aprenderam com essas aulas que classificam como tendo sido o mais
importante? Destaque nesse momento que, embora encerre-se o ciclo de aulas sobre a
carta de reclamação, as cartas que eles produziram serão enviadas a seus respectivos
destinatários e podem ser respondidas. Assim, eles devem esperar e monitorar as
respostas dos destinatários a fim de saber se os objetivos da carta produzida foram
alcançados.
Sugestão de recursos tecnológicos a serem utilizados nesta aula: Google Meet, Google
Docs e WhatsApp38.
38
Tutorial de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem ser
acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet), https://youtu.be/qumPQRAhnQM (Google Docs) e
https://youtu.be/1pwWsessgYk (WhatsApp).
114
NOTA:
O comentário é um texto que existe em detrimento de outros que já apareceram
antes, seja um vídeo, uma reportagem ou até mesmo outro comentário e precisa retomar
o tema inicial, mas pode se utilizar de outras fontes para apoiar o que se propõe a defender.
O comentário sugere um conhecimento de causa por parte do comentarista e sem
um referencial confiável ou dados concretos, corre o perigo de cair no vazio. É, por isso,
importante atentar para a veracidade do que lemos e publicamos por meio de comentários,
uma vez que a internet tem se configurado como um espaço de veiculação de informações
de todos os tipos.
Por tratar-se de um texto de posicionamento, é apropriado que ele estabeleça
conexão entre o texto-fonte e os argumentos que serão utilizados para sustentar o
posicionamento adotado. Vale salientar que é escrito por um cidadão virtual, mas não
anônimo, que deve se responsabilizar pelo dito e, embora seja um texto curto, deve
apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão (não necessariamente em parágrafos
distintos).
39
Para mais informações sobre o gênero, consulte a obra Leitura e produção textual, gêneros
textuais do argumentar e expor, de Köche (2014).
115
Revisão e reescrita:
Os alunos precisam ter em mente que a versão final de seu comentário será publicada
em um ambiente cujos leitores são reais e possuem níveis de instrução distintos.
Ressalte que elementos como pontuação, acentuação, ortografia, concordâncias
nominal e verbal são itens que merecem atenção e dos quais dependem, em muito, a
boa compreensão do seu leitor, mas para além disso, as ideias necessitam estar bem
entrelaçadas e ordenadas, uma vez que a linguagem utilizada e a forma de exposição
dos argumentos influenciam na compreensão e no quanto o comentário será bem
aceito em seu meio de circulação.
Atividades
1º momento: Pergunte à turma onde podemos encontrar o gênero “comentário”. Espera-
se que citem redes sociais virtuais, rádio e/ou TV. Questione qual o objetivo de
realizarmos comentários e pergunte que assuntos podem ser motivo de comentários.
116
Espera-se que a turma cite que o comentário é uma forma bastante recorrente de
transmitir opinião e que estes podem ser feitos nas mais diversas esferas de atuação social,
inclusive nas redes sociais. Conduza a discussão para que a turma perceba a importância
de ter acesso a um espaço de fala como o que a internet proporciona ao mesmo tempo em
que se faz imprescindível fazer uso desse espaço de forma consciente. Comentar é uma
tarefa séria que exige um fundamento informativo e um senso observador e ético por parte
do comentarista. Aproveite para destacar os elementos constitutivos de um comentário,
como assunto, quem escreve, para que e para quem escreve, em que veículo / lugar de
circulação pode ser visto ou publicado.
Em seguida, apresente recortes que contenham comentários feitos na internet com
objetivos distintos e com escritas diferentes, como no exemplo a seguir, em que uma
mulher aparece, por meio de um vídeo, fazendo um desabafo acerca do fato de estar sem
babá e das demandas que isso implica.
Figura 2 – Desabafo sobre estar sem babá40
40
Fonte: Instagram @paraibafeminina (2022) - https://www.instagram.com/p/CmW5Arrp2sK/.
41
Fonte: Instagram @paraibafeminina (2022) - https://www.instagram.com/p/CmW5Arrp2sK/.
117
A empresária que aparece no vídeo mencionado acima acaba por receber inúmeras
críticas e julgamentos até mesmo de outras mulheres. Comentários feitos com o intuito
de menosprezar e ridicularizar a mulher pouco se preocupam com a linguagem utilizada
ou com presença de argumentos, uma vez que não há intenção de convencer outrem, mas
somente destilar frustrações pessoais e/ou atacar a autora do vídeo a troco de nada.
Entretanto, há quem tenha usado o espaço do post para sair em defesa da empresária,
como é possível observar nos comentários a seguir.
Figura 4 – Comentários sobre o vídeo da figura 242
42
Fonte: Instagram @paraibafeminina (2022) - https://www.instagram.com/p/CmW5Arrp2sK/.
118
Você, professor, deve ser mediador de uma discussão cujo objetivo é levar os alunos a
refletir sobre como os comentários reproduzem juízos de valor perpetuados pela
sociedade. Redirecione a discussão, nesse momento, para dar destaque ao viés
argumentativo que os comentários podem ter e destaque a importância da presença de
argumentos bem escolhidos (ou efeitos da ausência deles) ao passo que aproveita para
acrescentar informações sobre a posição assumida pelo autor e a relevância disso, bem
como o alcance desse gênero textual, entre outros detalhes que julgar necessário, a
depender de seu público-alvo nesta aula.
43
Fonte: Instagram @midianinja - https://www.instagram.com/p/CnCr9qypwo9/.
119
Apresente alguns comentários que foram publicados no mesmo post e peça que façam
uma avaliação de qual comentário julgam ser mais apropriado para ser publicado em uma
página de rede social.
Figura 6 – Comentário sobre o post da figura 4
44
Fonte: Instagram @midianinja - https://www.instagram.com/p/CnCr9qypwo9/
45
Fonte: Instagram @midianinja - https://www.instagram.com/p/CnCr9qypwo9/
120
Pergunte: Os textos são iguais? O que esses textos têm em comum? O que há de diferente
entre os textos? Qual/quais textos seriam ideais para serem compartilhados em meio a
uma discussão sobre o assunto em evidência? Algum desses textos poderia ser
aprimorado? Que melhoria poderia ser feita nesse texto? Quando escolherem o texto ideal
para ser compartilhado, questionem por que acham que esse seria melhor que o outro e
permita que possam concluir que a linguagem utilizada e a forma de exposição dos
argumentos influencia na compreensão e no quanto o comentário será bem aceito em seu
meio de circulação.
Lembre aos seus alunos de que o planejamento de um texto permite que o escritor
consiga direcionar sua produção sem esquecer informações importantes e facilita que
eles atinjam os objetivos pretendidos.
VALE LEMBRAR:
“A seleção lexical é uma das mais importantes estratégias para uma boa argumentação.
É preciso, pois, muito cuidado na escolha do vocábulo que deve ser adequado, tanto
com relação ao tema que se vai desenvolver, como quanto ao destinatário, aos
propósitos do enunciador e a toda a situação comunicativa” (KOCH, 2021, p.32).
Mostre aos alunos que o uso de palavras chulas e xingamentos demonstra,
normalmente, uma pobreza argumentativa e, por isso, quem intenciona ser levado a
sério, deve evitar termos desse tipo.
Destaque, se ainda não o tiver feito, que embora seja um texto curto, o comentário deve
apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão, o que inclui fazer referência entre
o texto-fonte e os argumentos por eles escolhidos. Espera-se também que a retomada
do assunto seja seguida logicamente da expressão de um ponto de vista baseado em
argumentos.
A primeira versão dos escritos, ou o rascunho, pode ser escrita no Google Docs
para que seja compartilhada e o professor possa fazer a primeira leitura e dar algumas
sugestões para melhorar os textos. Em seguida, os textos produzidos deverão passar pelas
etapas de revisão e reescrita antes de publicados.
3º momento: É o momento de revisão dos textos produzidos e nós sugerimos que você,
professor, relembre-os dos critérios estabelecidos para avaliação do trabalho feito.
Esclareça que durante a leitura que será feita dos comentários produzidos por eles você
observará e levará em consideração os seguintes critérios de avaliação: 1) se houve
retomada explícita do texto-fonte, 2) se o comentário apresenta introdução,
desenvolvimento e conclusão, 3) se a forma de se comunicar está adequada ao destinatário
e ao ambiente de comunicação (tratamento mais ou menos formal)? 4) se os argumentos
utilizados para convencer o leitor foram suficientes? 5) se demonstrou domínio da
122
Peça que leiam o comentário que acompanha o texto deles e que realizem as alterações
que julgarem necessárias.
4º momento: Depois do comentário ter sido revisado e reescrito, a versão final pode ser
publicada em mural virtual como o Padlet para que sejam socializadas as produções dos
alunos entre eles, inicialmente. O professor cria um post com o texto-fonte e os alunos
acessam a opção comentar na publicação inicial de forma simples, prática e,
relativamente, rápida.
5º momento: Para finalizar o bloco de aulas sobre o comentário com viés argumentativo
na web, converse com a turma sobre a experiência de escrever um comentário da forma
como fizeram, planejando, pensando nos objetivos e efeitos do mesmo e levando em
consideração o ambiente de veiculação. Pergunte-lhes o que acharam da atividade? O que
julgam ter sido o aprendizado mais importante com essas aulas? E destaque nesse
momento que, embora encerre-se o ciclo de aulas sobre o comentário com viés
argumentativo na web, a todo momento eles são (e continuarão a ser) solicitados a fazer
novos comentários sobre diferentes assuntos e tendo diferentes leitores, o que implica
dizer que precisam estar atentos e preparados para bem utilizarem a linguagem em favor
da boa comunicação.
123
46
Tutoriais de como baixar e utilizar os recursos tecnológicos sugeridos neste módulo podem
ser acessados por meio dos QRcodes acima ou nos links a seguir - https://youtu.be/Q1dep4pl-kE
(Google Meet), https://youtu.be/qumPQRAhnQM (Google Docs) e https://youtu.be/ShjdtgfL_ek
(Padlet).
124
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por vezes, o novo e o inesperado podem ser negativos, e diante dos desafios
impostos pela pandemia da Covid-19, constantes mudanças fizeram-se necessárias dentro
e fora das salas de aula. O novo assustou professores e alunos. O cenário pandêmico
exigiu celeridade nas adaptações em vários setores da educação, dentre elas:
modernização do ensino, novos equipamentos, novas ideias e propostas para o fazer
pedagógico.
Nesse sentido, algumas inquietações surgiram devido à complexidade de saberes
e fazeres intrínsecos ao processo de ensino e aprendizagem, especialmente de produção
textual, durante o período pandêmico pelo qual passamos. Direcionaram nossa pesquisa
os seguintes questionamentos: i) como ensinar a escrita de textos argumentativos no
ensino remoto? ii) como as TDIC podem ser usadas para auxiliar no processo de ensino
considerando o ensino remoto? e iii) como sistematizar estratégias de ensino em um
caderno pedagógico para serem utilizadas como ferramenta a auxiliar no ensino remoto?
Sabemos, como professores de língua portuguesa, que “Toda educação
verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para
o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades
pessoais – que podem estar relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e
busca de informação, ao exercício da reflexão.” (PALOMANES, 2019, p. 112). No
entanto, entre os anos de 2020 e 2021 atravessamos uma pandemia que acelerou todo o
processo, inclusive o que não estava bom, deixando marcas fortes e visíveis no âmbito
educacional, como por exemplo, a defasagem em relação ao nível de aprendizagem dos
alunos nos diferentes níveis de ensino.
Desse período, surgiu através de um incômodo e de uma necessidade, a ideia de
produzir um material que pudesse servir de apoio à prática docente de diversos
professores e que fosse voltado ao ensino da produção de textos no ensino remoto. Foi
preciso, para tanto, ressignificar os papéis, o tempo e o lugar de atuação do professor e
do aluno, uma vez que a pandemia nos apresentou o ensino remoto como alternativa mais
viável para a manutenção de nossas atividades profissionais e pedagógicas.
Ainda carregamos muito de uma formação que ensinou ao professor a repassar
informações e conduzir o processo de ensino e aprendizagem acreditando que todos os
alunos aprendem da mesma forma. Nesse modelo, o aluno é visto como um indivíduo que
125
Para fazer educação nesse cenário, é preciso, portanto, que tenhamos em mente
duas mudanças necessárias: de um lado, o poder público precisa dar suporte físico e
estrutural a docentes e discentes, as escolas precisam ter condições no que diz respeito a
espaço, recursos tecnológicos, acesso à internet e formação adequada para professores;
de outro, é imprescindível que o docente assuma uma postura de quem está em busca de
mudanças no fazer pedagógico, que se arrisca e que concebe erros e acertos como
intrínsecos ao processo de ensino e aprendizagem.
Sabemos que construir ações metodológicas inovadoras ou repensar as já
existentes podem, em muito, contribuir com o professor em sala de aula e esse é
exatamente o objetivo deste trabalho. Nesse contexto, compreender o cenário que envolve
os impactos da pandemia é fundamental para se construir estratégias de intervenção no
âmbito educacional e é um dos caminhos para a realização de novas pesquisas, sejam em
relação às novas formas do agir docente ou em relação ao novo papel assumido pelo
aluno.
A realização de pesquisas nessa área fomenta o surgimento de novas ou
semelhantes constatações e amplia as possibilidades de atuação do profissional que
precisa se adaptar a novas realidades constantemente. Entendemos, contudo, que além da
realização de pesquisas como essas, é ainda mais importante que as informações
compiladas neste material cheguem aos professores do ensino fundamental, visto que são
o público-alvo de nosso trabalho.
Esperamos, a partir das reflexões feitas aqui, que ações intencionais e constantes
sejam empreendidas na construção do ideal de educação que vislumbramos, a começar
pela aplicação dos conhecimentos aqui abordados a fim de que nossos alunos tenham o
desenvolvimento pleno das capacidades de uso da linguagem, mas também, e sobretudo,
pelo desenvolvimento de novas formas de fazer dos próprios professores.
127
REFERÊNCIAS
CUNHA, Ari. Brasil ainda sem censo escolar. Correio braziliense, Brasília, 01 de
fevereiro de 2018. Blog do Ari Cunha. Disponível em:
<https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/brasil-ainda-sem-senso-escolar/>
Acesso em: 16 junho 2022.
BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora:
uma abordagem teórico-prática - Porto Alegre: Penso, 2018. xxii, p.238.
BETTEGA, Maria Helena Silva. A educação continuada na era digital. 2. ed. São
Paulo: Cortez, Coleção questões da nossa época; v. 18, 2010.
BOUER, Jairo. Brutalidade não pode ser reação a cantada. Folha de São Paulo, 2010.
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm2211201012.htm>.
Acesso em 22 nov. 2022.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Estrer Calland de Sousa. Leitura e produção
de textos na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, p.144, 2005.
CARVALHO, Alexandre Tomas Tolentino de. Plano de aula: Planejando uma carta de
reclamação. Disponível em <https://novaescola.org.br/planos-de-
aula/fundamental/4ano/lingua-portuguesa/planejando-uma-carta-de-reclamacao/4495>.
Acesso em 12 de nov. 2022.
CARVALHO, Alexandre Tomas Tolentino de. Plano de aula: Carta de reclamação: uma
carta argumentativa. Disponível em <https://novaescola.org.br/planos-de-
aula/fundamental/4ano/lingua-portuguesa/carta-de-reclamacao-uma-carta-
argumentativa/2909>. Acesso em 12 nov. 2022.
CARVALHO, Alexandre Tomas Tolentino de. Textos produzidos para fins didáticos.
Disponível em <https://nova-escola-
producao.s3.amazonaws.com/5Q8aarpJRr3p7ymXSuHe3Wd49ZYmyyqnmVvhMJYru
bFMmAnh9kSvPPT9BpWE/atividade-para-impressao-cartas-lpo4-01sqa03.pdf>.
Acesso em: 12 de nov. 2022.
COSCARELLI, Carla Viana. Tecnologias para aprender. 1. ed. São Paulo: Parábola
Editorial. Linguagens e tecnologias; 3, p.192, 2016.
ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed., 13ª reimpressão.
São Paulo: Contexto, 2018.
ELIAS, Vanda Maria. Ensino da língua portuguesa: oralidade, escrita e leitura. São
Paulo: Contexto, 2011.
129
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 5ª ed. São Paulo: Editora WMF
Martins Fontes. Coleção linguagem,2013.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10. ed., 6ª
reimpressão. São Paulo: Contexto, 2020.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 18.
ed., 4ª reimpressão .São Paulo: Contexto, 2015.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A inter-ação pela linguagem. 5. ed. São Paulo:
Contexto, 2000.
KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fogali.
Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. 6. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2014.
Maikon.biz. Fake News: Não faça parte dessa mentira! YouTube, 25 de agosto de
2019. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=tJMdof1yYAw&t=1s>.
Acesso em 03 nov. 2022.
MÍDIA NINJA. Anielle Franco apresentou a Simone Tabet uma série de propostas
para inclusão de servidores públicos negros no governo, 05 de janeiro de 2023.
Instagram. Disponível em <https://www.instagram.com/p/CnCr9qypwo9/>. Acesso em
06 jan. 2023.
PARAÍBA FEMININA. Empresária faz desabafo emocionante sobre estar sem babá,
19 de dezembro de 2022. Instagram. Disponível em
<https://www.instagram.com/p/CmW5Arrp2sK/>. Acesso em 05 jan. 2023.
SCORCE, Carol. Verdade ou mito? Saiba mais sobre as vacinas contra a covid-19. Nova
Escola, 06 de fevereiro de 2021. Disponível em
<https://box.novaescola.org.br/etapa/3/educacao-fundamental-2/caixa/242/vacinas-e-
131