AlineHoracioDaCosta DISSERT
AlineHoracioDaCosta DISSERT
AlineHoracioDaCosta DISSERT
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA
2016
Natal – RN
Brasil
Aline Horácio da Costa
2016
Natal – RN
Brasil
AGRADECIMENTOS
A principal característica para que uma produção seja considerada sustentável é assumir que a
natureza é finita, evitando-se desta forma o crescimento sem limites. A busca da
sustentabilidade na carcinicultura tem sido uma preocupação constante dos órgãos ambientais.
A utilização de probióticos tem sido atualmente apontada como uma eficiente forma de
tratamento da matéria orgânica presente na coluna d’água e no solo dos viveiros,
possibilitando a minimização da utilização de água nos cultivos, que é um dos requisitos
fundamentais para tornar a carcinicultura ambientalmente responsável. Os probióticos
também atuam como produto natural na profilaxia das enfermidades, promovendo um melhor
crescimento dos organismos aquáticos cultiváveis. Dessa forma, a primeira parte desta
pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois probióticos comerciais, de diferentes
composições, sobre o potencial zootécnico e resistência a estresse de larvas e pós-larvas da
espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala comercial. A segunda parte investigou as
práticas de manejo adotadas pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande
do Norte, caracterizando-se também os aspectos sociais e ambientais da carcinicultura
percebidos por esses produtores. Na primeira fase, os cultivos da espécie Litopenaeus
vannamei tiveram início na fase larval (náuplio V), com duração de 18 dias, quando foram
submetidos a dois tratamentos: P1 - probiótico um; P2 - probiótico dois. As unidades
experimentais consistiram em seis tanques de 15.000 L, com três repetições para cada
tratamento. Os probióticos foram aplicados diariamente conforme recomendação dos
fabricantes, sendo os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio dissolvido
monitorados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios maiores (p < 0,05)
para comprimento (em PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (em PL 5) e percentual de
metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento; as demais variáveis não diferiram. As
sobrevivências finais foram 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2,
respectivamente. Observou-se que o probiótico 2 foi mais efetivo na melhoria dos parâmetros
bióticos. Na segunda fase, foram realizadas 27 entrevistas através de formulários semi-
estruturados, com produtores do litoral Sul do Rio Grande do Norte. Constatou-se que 85,2%
dos produtores são homens, com baixa taxa de analfabetismo (3,7%), com renda de 2 a 5
salários mínimos (44,4%) e que 22,2% têm a carcinicultura como principal fonte de renda.
Verificou-se que menos de 50% receberam assistência técnica no último ano e poucas são as
medidas de biossegurança adotadas pelos mesmos. Com relação às boas práticas de manejo
recomendadas pela Associação Brasileira de Produtores de Camarão (ABCC), apenas 11,1%
dos carcinicultores fazem uso de probióticos e essa variável não possui relação com a renda
mensal familiar ou ainda com as taxas de sobrevivência obtidas nos cultivos. Práticas de
manejo como fertilização da água e calagem do solo, assim como questionamentos sobre a
problemática ambiental também não apresentaram relação com a escolaridade, havendo um
manejo homogêneo entre os entrevistados. As micro propriedades produtoras de camarão,
representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte, apontam a necessidade de
orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica para que possam implementar
boas práticas de manejo, de forma a se adequar à carcinicultura responsável recomendada pela
ABCC.
The main feature for a production to be considered sustainable is to assume that nature is
finite, avoiding thus the unlimited growth. The search of the sustainability in shrimp farming
has been a constant preoccupation of environmental agencies. The use of probiotics have been
currently appointed as an efficient means of treating of the organic matter in the water column
and ponds soil, allowing to minimize the use of water in farming, which is one of the
fundamental requirements to make shrimp farming environmentally responsible. Probiotics
also act as a natural product for prophylaxis of diseases, promoting better growth of the
cultivable aquatic organisms. Thus, the first part of this research had purpose to evaluate the
effects of two commercial probiotics, which different compositions, on the zootecnical
potential and resistance to stress of larvae and post-larvae of the species Litopenaeus
vannamei in commercial scale. The second part investigated management practices adopted
by micro producers of shrimp in the southern coast Rio Grande do Norte, also characterize the
social and environmental aspects of shrimp farming perceived by these producers. In the first
phase, In the first phase, the cultivates of the species Litopenaeus vannamei began in the
larval stage (nauplius V), with duration of 18 days, this time submitted for two treatments: P1
- probiotic one; P2 - two probiotic. The experimental units consisted of six tanks of 15,000 L,
and each treatment had three repetitions. The probiotics were applied daily as recommended
by the manufacturers, and the parameters salinity, temperature, pH and dissolved oxygen
monitored. The post-larvae submitted to P2 had higher mean values (p <0.05) in length (in PL
1 and PL 5), wet and dry weights (PL 5) and metamorphosis percentage (90%) when
compared to the other treatment; the other variables did not differ. The final survivals were
56.4% and 64.9% for postlarvae submitted to P1 and P2, respectively. It was observed that the
probiotic 2 more effective in the improvement of the biotic parameters. In the second phase,
27 interviews were conducted through of semistructured questionnaires, with producers of
the South coast of Rio Grande do Norte. It was found that 85.2% of the producers are men,
with low illiteracy rate (3.7%), earning 2 to 5 minimum wages (44.4%) and 22.2% have
shrimp farming as main source of income. It was found that less than 50% received technical
assistance in the last year and few are the biosecurity measures adopted by them. With regard
to good management practices recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers
(ABCC), only 11.1% of shrimp farmers make to use of probiotics and this variable has no
relationship with the monthly family income or with survival rates obtained in cultivation.
Management practices such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the
environmental problems also not associated with schooling, with a homogeneous
management among interviewed. The micro properties producers of shrimp, representative of
the region of the South coast of Rio Grande do Norte, point the need of guidance and support
of the government and appropriate technical assistance to enable them to implement good
management practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.
INTRODUÇÃO GERAL 12
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 19
METODOLOGIA GERAL 20
CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DE PROBIÓTICOS SOBRE PARÂMETROS DE 27
DESEMPENHO DE PÓS-LARVAS DE Litopenaeus vannamei
RESUMO 28
ABSTRACT 28
INTRODUÇÃO 29
MATERIAL E MÉTODOS 30
RESULTADOS 35
DISCUSSÃO 37
CONCLUSÕES 39
REFERÊNCIAS 40
Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de 37
experimento.
Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade 32
de ração (g) por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L.
vannamei em cultivo comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela
empresa.
Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo 33
com manejo alimentar adotado pela empresa.
Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água 34
observados nesse estudo.
36
Tabela 4. Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos
aplicados.
37
Tabela 5. Percentuais de sobrevivência final e de pós-larvas submetidas ao
teste de estresse por choque salino em PL 10.
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA 44
CARCINICULTURA NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL
RESUMO 45
ABSTRACT 46
INTRODUÇÃO 46
METODOLOGIA 48
RESULTADOS 49
DISCUSSÃO 58
CONCLUSÕES 62
REFERÊNCIAS 63
Figura 1. Faixa etária dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
Figura 2. Escolaridade dos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio 49
Grande do Norte.
Figura 3. Principais fontes de renda listadas pelos micro produtores de 50
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro produtores de camarão do 50
litoral Sul do Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado
no Brasil no ano de 2015.
Figura 5. Motivos pelos quais os micro produtores de camarão do litoral Sul 53
do Rio Grande do Norte não fazem uso de probióticos nos cultivos.
Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de cultivo realizado em micro 53
propriedades produtoras de camarão localizadas no litoral Sul do Rio Grande
do Norte.
Figura 7. Sobrevivência dos cultivos realizados em micro propriedades 54
produtoras de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 8. Doenças que apareceram nas fazendas de micro produtores de 56
camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do 57
Rio Grande do Norte como necessários para melhorar a atividade de
carcinicultura na região.
Tabela 1. Manejo adotado em micro proriedades produtoras de camarão 51
localizadas no litoral Sul do Rio Grande do Norte.
Tabela 2. Frequências relativas (%) e valor-p do teste Exato de Fisher de 57
associação entre a variável escolaridade e variáveis relacionadas ao manejo
empregado e questão ambiental; entre a variável uso de probiótico e renda
mensal da família e percentual de sobrevivência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 65
REFERÊNCIAS GERAIS 66
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista 72
APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido 77
12
INTRODUÇÃO GERAL
A pesca extrativista no mundo se mantém nos mesmos níveis a alguns anos, enquanto
a aquicultura é o segmento da produção de alimentos de origem animal com o crescimento
mais rápido (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION [FAO], 2012). A aquicultura
“tem permitido a redução do extrativismo e da pesca predatória, transferindo parte do esforço
da mão-de-obra para o cultivo de organismos aquáticos, repercutindo positivamente na
preservação de diversos ecossistemas” (OSTRENSKY et. al., 2002, p. 103). Em 2007, a
captura mundial de pescado foi de 90,8 milhões de toneladas e alcançou os 91,3 milhões de
toneladas em 2012. No entanto, a produção aquícola mundial atingiu a marca dos 49,9
milhões de toneladas em 2007 e em 2012 aumentou para 66,6 milhões de toneladas, mas se
acrescentarmos aqui a produção de plantas aquáticas, esse número sobe para 91,3 milhões de
toneladas, igualando-se à captura (FAO, 2014). Com uma taxa média anual de 6,2% no
período compreendido entre 2000-2012, a aquicultura é uma atividade econômica importante
em muitos países (BALCÁZAR et al., 2006).
O Brasil apresenta vantagens excepcionais para o desenvolvimento da aquicultura
pelas condições naturais, como clima e geografia favoráveis e diversificados e rica
biodiversidade. Este potencial está relacionado à costa marítima de aproximadamente 8,5 mil
quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km2 e à sua dimensão
territorial de, aproximadamente, 13% da água doce do planeta (ROCHA et al., 2013;
ASSOCIACAO CULTURAL E EDUCACIONAL BRASIL [ACEB], 2014). Dessa forma, o
Ministério da Pesca e Aquicultura tem como objetivo incentivar a produção nacional para que
o Brasil alcance a expectativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) de se tornar, em 2030, um dos maiores produtores do mundo, com 20
milhões de toneladas de pescado por ano. Atualmente, o Brasil está na 17ª posição no ranking
mundial na produção de pescados em cativeiro e a 19ª na produção total de pescados (ACEB,
2014).
Como se trata de um país diversificado, cada região tem suas características no que se
refere à produção de espécies. Na Região Norte, destaca-se a produção dos peixes como o
tambaqui e o pirarucu. No Sudeste, o cultivo da tilápia fortalece a aquicultura. No Sul, os
principais são as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. No Centro-Oeste, predominam o
tambaqui, o pacu e os pintados. Já na Região Nordeste, o cultivo da tilápia e do camarão
marinho são os protagonistas (ACEB, 2014), sendo este último uma atividade do agronegócio
brasileiro de maior representatividade no Nordeste (SANTOS et al., 2009).
13
A carcinicultura marinha no Brasil deu seus primeiros passos na década de 1970 com a
produção de algumas espécies de camarões peneídeos: Marsupenaeus japonicus, Litopenaeus
schmitti, Farfantepenaeus subtilis, F. brasiliensis e F. paulensis. No entanto, apenas na
década de 90, a fase comercial da carcinocultura obteve destaque com a espécie exótica de
camarão marinho Litopenaeus vannamei (SANTOS, 2009). Alguns fatores foram essenciais
para o sucesso do cultivo, como seu rápido crescimento, altas taxas de produtividade e
rentabilidade, rusticidade e a capacidade de desenvolver-se em uma ampla faixa de variação
de salinidade (5 a 55 ppt) unidos à facilidade de nutrição e manejo nas mais diversas
condições fazem com que esta espécie seja a mais cultivada no Brasil e no mundo (FAO,
2008; SANTOS et al., 2009).
Com tantas vantagens assim, o crescimento da carcinicultura brasileira se deu de
forma exponencial e de modo semelhante ao dos países do sudeste asiático; “sem
ordenamento adequado, sem regulamentação, com forte incentivo governamental e geração de
impactos ambientais e sociais graves” (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE
E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS [IBAMA], 2005, p. 8). Mesmo com as
experiências dos países asiáticos, o Brasil tomou um rumo semelhante, não se deteve a olhar o
passado e a construir um futuro diferente; não catastrófico (IBAMA, 2005). Isso porque o
nosso sistema capitalista foi alicerçado numa racionalidade econômica guiada pela
maximização do lucro e do excedente econômico a curto prazo, resultando em uma série de
consequências na degradação dos ecossistemas, os quais são suporte físico e vital de todo o
sistema produtivo (LEFF, 2000).
A carcinicultura, enquanto atividade dirigida por essa racionalidade econômica, tem
gerado diversos impactos ambientais e sociais. Dentre eles temos as consequências ecológicas
da conversão de ecossistemas naturais, particularmente de manguezais, para a construção de
viveiros de camarão, a salinização de lençóis freáticos e de terras agriculturáveis, a utilização
da farinha de peixe em rações de camarão, a poluição de águas costeiras devido aos efluentes
dos viveiros e conflitos sociais em áreas costeiras (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006),
além da grave introdução de espécies exóticas, causando impactos ao ecossistema e à pesca
em geral (BARBIERI; MELO, 2006). Diante da deterioração ambiental, combinada com a
introdução de patógenos e grandes surtos de doenças, resultando em severas perdas
econômicas (BONDAD-REANTASO et al., 2005) em todo o mundo é que a sustentabilidade
dessa atividade tem sido fortemente questionada.
Quando se fala em sustentabilidade, “dificilmente um princípio ou uma causa tenha
adquirido tanta adesão e consenso, em escala planetária, quanto à necessidade de que o
desenvolvimento se dê de forma sustentável” (ASSAD; BURSZTYN, 2000, p. 35) e é em
14
beneficamente o animal hospedeiro por melhorar seu balanço microbiano intestinal”. Em uma
redefinição, adaptada para a aquicultura, os probióticos são “células microbianas
administradas de tal modo a entrar no trato gastrointestinal, sendo mantidas vivas, com o
objetivo de melhorar a saúde" (GATESOUPE,1999). Essas células podem proteger seu
hospedeiro de patógenos pela produção de metabólitos que inibem a colonização ou o
crescimento de outros microrganismos ou pela competição por recursos como nutrientes ou
espaço (VINE; LEUKES; KAISER, 2006).
A definição de probiótico para ambientes aquáticos necessita ser modificada, pois os
organismos aquáticos estabelecem uma intrínseca relação com o ambiente externo, quando
comparados com os animais terrestres (KESARCODI-WATSON et al., 2008). Verschuere et
al. (2000) sugeriu a definição
zootécnico dos camarões em relação ao grupo controle; sem probiótico (VENKAT; SAHU;
JAIN, 2004). Em outro estudo, um isolado bacteriano composto de B. subtilis, extraído do
intestino do camarão, foi administrado na ração para juvenis de M. rosenbergii e verificou-se
que as propriedades probióticas desse isolado levaram a aumento do ganho de peso, consumo
de ração, conversão alimentar e sobrevivência desses animais (KEYSAMI;
MOHAMMADPOUR; SAAD, 2012).
O uso de probióticos também tem sido especialmente associado a melhorias na
qualidade da água (WANG; LI; LIN, 2008; SHAILENDER, 2012), como a remoção de
matéria orgânica (SUHENDRA et al., 1997). Esses estudiosos observaram que o uso rotineiro
de probióticos em cultivos de camarão em West Java resultavam em redução do acúmulo de
matéria orgânica, melhorando a qualidade da água e as condições ambientais. O uso de
Bacillus sp. melhorou a qualidade da água, as taxas de sobrevivência e de crescimento e a
saúde de juvenis de Penaeus monodon, além de reduzir o patógeno vibrios (DALMIN et al.,
2001). O uso de probióticos comerciais no cultivo de L. vannamei reduziu as concentrações
de nitrogênio e fósforo e aumentou os rendimentos de camarão (WANG; XU; XIA, 2005).
Wang e He (2009) também reportaram que a aplicação de probióticos comerciais na água no
cultivo de L. vannamei diminuiram significativamente as concentrações de nitrogênio total e
carbono orgânico total do sedimento, sendo observados também a redução de fósforo total e
fósforo inorgânico total em certos períodos do cultivo. Em um recente estudo, observou-se
redução significativa das concentrações de amônia e nitrato quando comparados o uso de
probióticos com o grupo controle no cultivo da mesma espécie. (RAHIMAN et al., 2010).
O uso de probióticos também tem sido reportado em larvicultura de camarão e os
principais objetivos incluem melhorar o crescimento, a sobrevivência e a atividade enzimática
digestiva (GUO et al., 2009; ZHOU; WANG; LI, 2009). A alta taxa de sobrevivência e o
melhor crescimento de larvas do camarão branco indiano, Fenneropenaeus indicus, foram
observados no grupo que receberam alimento enriquecido com probiótico comercial (ZIAEI-
NEJAD et al., 2006). A aplicação do probiótico B. coagulans SC8168 como aditivo na água
aumentou significativamente a taxa de sobrevivência de larvas e a atividade de enzimas
digestivas em L. vannamei (ZHOU; WANG; LI, 2009). Resultados benéficos também foram
encontrados utilizando-se probióticos comerciais em cultivos de larvas e pós larvas de M.
rosenbergii, apresentando aumento na sobrevivência (SHAILENDER, 2012). Liu et al. (2010)
observaram que a administração do probiótico B. subtilis E20 na larvicultura de L. vannamei
resultou no desenvolvimento larval acelerado e em aumento da taxa de sobrevivência larval.
Portanto, o uso de probióticos vem atraindo um grande interesse na indústria da
aquicultura (TINH et al., 2008). Nesse contexto e diante dos problemas de produção
18
enfrentados pela carcinicultura, como a ocorrência dos surtos de doenças, foi que a ABCC
(2012) recomendou o uso desses suplementos tanto na fase de larvicultura como de engorda.
Pela gama diversificada de probióticos disponível no mercado para os carcinicultores
(AKHTER et al., 2015) torna-se fundamental a realização de estudos que examinem a eficácia
do uso de probióticos na larvicultura de espécies comerciais de camarão.
Dessa forma, a primeira parte da pesquisa teve como objetivo avaliar os efeitos de dois
probióticos comerciais de diferentes composições sobre o potencial zootécnico e a resistência
a estresse de larvas e pós-larvas da espécie Litopenaeus vannamei cultivadas em escala
comercial. A segunda parte investigou as práticas de manejo adotadas pelos micro produtores
de camarão do litoral Sul do Rio Grande do Norte, caracterizando-se também os aspectos
sociais e ambientais da carcinicultura percebidos por esses produtores.
19
METODOLOGIA GERAL
Fase experimental
O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial
de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do
Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de
náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias.
Procedimento Experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as unidades experimentais
consistiram em 6 tanques de 15.000 L. Foram aplicados dois tratamentos, que consistiu em
dois tipos de probióticos comerciais com composições distintas, com três repetições cada. O
tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico comercial Epicin G2 (Epicore
Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus subtilis, B. licheniformis,
Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No tratamento com o P2,
foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura Ltda, Ceará-Mirim,
21
Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo
alimentar adotado pela empresa.
Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)
1 N5 -
2 Z1 -
3 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
4 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
5 Z3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
6 M1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
7 M2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
8 M3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250
(Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2
(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150
(Inve),
13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3
(Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)
14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)
17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)
18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)
Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
23
Parâmetros físico-químicos
A salinidade (ppt), temperatura (oC) e oxigênio dissolvido (mg.L-1) foram controlados
diariamente, sendo verificados às 07:00 e 17:00 h, enquanto o pH foi medido nos estágios de
Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições
ideais para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003;
NUNES e ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de
refratômetro (pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de
oxímetro (Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific).
Desempenho Zootécnico
O comprimento total foi mensurado nos estágios PL 1, PL 5 e PL 10 relacionados ao 1º,
5º e 10º dia após início da metamorfose das larvas do tanque ao primeiro estágio de pós-larva,
em papel milimetrado, sendo para isto coletados aleatoriamente 30 indivíduos de cada
unidade experimental. Para a determinação do peso úmido e seco, nos estágios acima citados,
as pós-larvas foram retiradas aleatoriamente com a ajuda de um bécker, na quantidade de 10
amostras de 15 PL´s de cada unidade experimental. No laboratório, as PL´s foram secas em
papel filtro e embaladas em papéis alumínio pré-pesados e, em seguida, pesadas em balança
analítica de precisão (AY220, Shimadzu) para a obtenção do peso úmido. Posteriormente,
foram levadas à estufa de circulação forçada, onde foram submetidas por 24 h à temperatura
de 60 oC e, depois, novamente pesadas para obtenção do peso seco.
Ao final do experimento, foram mensurados o ganho de peso (1) (KURESHY and
DAVIS, 2002), a taxa de crescimento específico (2) (TCE) (WU and DONG, 2002) e o
percentual de sobrevivência final (3) (adaptado de SILVA et al., 2009):
24
Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três
caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de 145
ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do número
total de animais a partir das médias obtidas.
Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos,
aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de
natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o animal
se encontrava.
Análise Estatística
Todos os dados foram inicialmente submetidos aos testes de normalidade (Komolgorov-
Smirnov), homocedasticidade (Levene) e independência (gráfico dos resíduos x ordem de
coleta). Para as variáveis que não apresentaram violações sérias dos pressupostos exigidos foi
aplicado o teste t de Student (paramétrico). Para as variáveis que tiveram problemas nesse
diagnóstico, U de Mann-Whitney, qui-quadrado (χ²) e teste exato de Fisher (não-
25
paramétricos) foram utilizados. Em todos os testes, o nível de significância adotado foi 0,05 e
o software utilizado foi o MINITAB 17. A sobrevivência final foi analisada descritivamente.
4 RESUMO
5 O objetivo do trabalho foi a avaliação da diferença entre o tratamento com o probiótico 1 (P1)
6 em relação ao tratamento com o probiótico 2 (P2) no cultivo larval de Litopenaeus vannamei,
7 estes foram cultivados por 18 dias. O tratamento com o P1 consistiu na adição do probiótico
8 comercial Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados Unidos) contendo Bacillus
9 subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus e Saccharomyces cerevisiae. No
10 tratamento com o P2, foi utilizado o probiótico comercial ProBacyl (Bern&Roc Aquacultura
11 Ltda, Ceará-Mirim, Brasil) com uma mistura de B. subtilis, B. licheniformis, Pediococcus
12 acidilactici e bactérias probióticas (total). As unidades experimentais consistiram em seis
13 tanques de 15.000 L, e cada tratamento contou com três repetições. Os probióticos foram
14 aplicados diariamente na água, avaliando-se o potencial zootécnico e resistência a estresse
15 iônico de larvas e pós-larvas (PL). Os parâmetros salinidade, temperatura, pH e oxigênio
16 dissolvido foram controlados. As pós-larvas submetidas ao P2 apresentaram valores médios
17 maiores (p < 0,05) para comprimento (PL 1 e PL 5), pesos úmido e seco (PL 5) e percentual de
18 metamorfose (90%) em relação ao outro tratamento, as demais variáveis não diferiram. A
19 sobrevivência final foi de 56,4% e 64,9% para pós-larvas submetidas ao P1 e ao P2,
20 respectivamente. Dessa forma, o probiótico 2 apresentou melhores resultados que o P1 para
21 o cultivo de L. vannamei em sistema de larvicultura comercial em algumas fases de
22 desenvolvimento.
23 Palavras-chave: Litopenaeus vannamei; performance de crescimento; sobrevivência
24
25
29 ABSTRACT
30 The objective of the search was evaluation of the difference between treatment with the
31 probiotic 1 (P1) in relation when treatment with probiotic 2 (P2) in the larvae cultivation of
32 the Litopenaeus vannamei, these were culture for 18 days. The treatment with P1 consisted in
33 the addition of the commercial probiotic Epicin G2 (Epicore Networks Eastampton, Estados
34 Unidos) containing Bacillus subtilis, B. licheniformis, Lactobacillus acidophilus, B. pumilus and
35 Saccharomyces cerevisiae. In the treatment with P2, was utilized commercial probiotic ProBacyl
29
98 MATERIAL E MÉTODOS
99
100 O estudo foi realizado na Larvi Aquicultura e Projetos LTDA, um laboratório comercial
101 de produção de pós-larvas de camarão localizado no município de Macau, Rio Grande do
102 Norte. A espécie utilizada no experimento foi o camarão marinho L. vannamei, nas fases de
103 náuplio V até pós-larva 10 (PL 10), com duração de 18 dias.
104
105 Povoamento dos tanques
31
141 (Tabelas 1 e 2). Os náuplios de Artemia (Mackay) congelados e vivos foram ofertados,
142 respectivamente, de Z 3 a PL 1 e de PL 2 a PL 8.
143
144 Tabela 1. Quantidade de náuplios Artemia ofertados por indivíduo, quantidade de ração (g)
145 por tanque e frequência de arraçoamento em cada estágio de L. vannamei em cultivo
146 comercial, de acordo com manejo alimentar adotado pela empresa.
Frequência de
Náuplios de Quantidade de
Dia Estágio arraçoamento/
Artemia/indivíduo ração/tanque (g)
dia
1 N5 - - -
2 Z1 - - -
3 Z2 - 24 4x
4 Z2 - 40 4x
5 Z3 2 78 6x
6 M1 17 87 6x
7 M2 17 128 8x
8 M3 27 168 8x
9 PL 1 27 184 8x
10 PL 2 28 286 11 x
11 PL 3 28 319 11 x
12 PL 4 28 363 11 x
13 PL 5 40 385 11 x
14 PL 6 40 450 10 x
15 PL 7 28 480 10 x
16 PL 8 28 500 10 x
17 PL 9 - 660 12 x
18 PL 10 - 684 12 x
147 Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
148 g = grama; N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
149
150
33
151 Tabela 2. Rações ofertadas em cada estágio, em cultivo comercial, de acordo com manejo
152 alimentar adotado pela empresa.
Dia Estágio Ração ofertada (Fabricante)
1 N5 -
2 Z1 -
3 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
4 Z2 Royal Caviar 5 - 50 (Bernaqua), LZ < 50 (Zeigler), Car 1 (Inve),
Minipro 0 (Maripro as)
5 Z3 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),
Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
6 M1 Royal Caviar 50 - 100 (Bernaqua), LHF 1 (Epicore), LZ < 100 (Zeigler),
Minipro 1 (Maripro as), CD 2 (Inve)
7 M2 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
8 M3 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
9 PL 1 Royal Caviar 100 - 200 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150
(Zeigler), Minipro 1 (Maripro as), CD 3 (Inve)
10 PL 2 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 100 - 150 (Zeigler),
Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
11 PL 3 Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore), LZ 150 - 250 (Zeigler),
Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
12 PL 4 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 2 (Epicore),
LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as), PL 150 (Inve),
13 PL 5 Epibal 300 (Epicore), Sea Food 200 - 300 (Bernaqua), LHF 3 (Epicore),
LZ 150 - 250 (Zeigler), Minipro 2 (Maripro as)
14 PL 6 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
15 PL 7 Epibal 300 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve)
16 PL 8 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Minipro 3 (Maripro as)
17 PL 9 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), PL 300 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua)
18 PL 10 Epibal 500 (Epicore), LZ 250 - 450 (Zeigler), Flake (Mackay), S-PAK
2/5 (Inve), Sea Food 300 - 500 (Bernaqua), Minipro 3 (Maripro as)
153 Fonte: Larvi Aquicultura e Projetos LTDA
154 N = Náuplio; Z = Protozoea; M = Misis; PL = Pós-larva
155
159 Protozoea 1, Misis 1, PL 1, PL 5 e PL 10. Os valores médios estão dentro das condições ideais
160 para o cultivo de L. vannamei (VAN WKY and SCARPA, 1999; KUBITZA, 2003; NUNES e
161 ANDREATTA, 2011) (Tabela 3). A salinidade foi monitorada através de refratômetro
162 (pHep5, Hanna instruments), a temperatura e o oxigênio dissolvido através de oxímetro
163 (Handy Polaris, OxyGuard) e o pH com pHmetro (STX-3, Vee Gee Scientific).
164
165 Tabela 3. Médias e desvios-padrão para os parâmetros físico-químicos da água observados
166 nesse estudo.
Tratamentos
Parâmetros
Probiótico 1 Probiótico 2
Salinidade (ppt) 32,79 ± 1,21 32,85 ± 1,34
Temperatura (°C) 29,18 ± 0,64 29,41 ± 0,58
pH 7,65 ± 0,23 7,69 ± 0,26
Oxigênio dissolvido (mg L-1) 6,59 ± 0,60 6,52 ± 0,65
167
182
183 Em que: Ln = Logaritmo neperiano; Pi = Peso inicial; Pf = Peso final; t = tempo de
184 experimento.
35
185
186 Em que: Ni = Número de larvas povoadas no início do experimento; Nf = Número de
187 pós-larvas estimadas no final do experimento.
188
189 Para determinar Nf, a população de cada unidade experimental foi concentrada em três
190 caixas de 500 L cada. Após homogeneização, foram coletadas quatro amostras de água de
191 145 ml e contadas as pós-larvas presentes. Posteriormente, realizou-se uma estimativa do
192 número total de animais a partir das médias obtidas.
193 Para calcular o percentual de metamorfose, foram coletados 50 indivíduos,
194 aleatoriamente, de cada tanque no 9º e 10º dia de cultivo, avaliando-se assim o perfil de
195 natação e a anatomia externa para determinar o estágio de desenvolvimento no qual o
196 animal se encontrava.
197
214 RESULTADOS
215
219 do que as tratadas com o probiótico 1 (teste t de Student, p < 0,05). No estágio PL 10 (décimo
220 oitavo dia de experimento), não houve diferença estatística entre os tratamentos (teste t de
221 Student, p > 0,05).
222
223 Tabela 4: Desempenho zootécnico observado nas pós-larvas nos tratamentos aplicados.
Tratamentos
Probiótico 1 Probiótico 2
Comprimento total (mm)
PL 1 4,66 ± 0,58a 4,83 ± 0,52b
PL 5 6,02 ± 0,67a 6,22 ± 0,58b
PL 10 8,13 ± 0,68a 8,00 ± 0,86a
Peso úmido (mg)
PL 1 5,46 ± 1,42a 6,29 ± 3,99a
PL 5 10,08 ± 1,80a 12,20 ± 4,88b
PL 10 27,55 ± 4,15a 27,56 ± 5,62a
Ganho de peso úmido (mg) 22,72 ± 3,90a 21,27 ± 6,16a
TCE (peso úmido) % dia-1 9,80 ± 1,49a 8,69 ± 2,26a
Peso seco (mg)
PL 1 0,91 ± 0,37a 0,89 ± 0,38a
PL 5 1,91 ± 0,49a 2,33 ± 0,60b
PL 10 6,41 ± 0,89a 6,57 ± 1,34a
Ganho de peso seco (mg) 5,64 ± 0,88a 5,68 ± 1,19a
TCE (peso seco) % dia-1 12,11 ± 2,16a 11,63 ± 2,57a
224 *PL: pós-larva.
225 Letras diferentes sobrescritas indicam diferença significativa ao nível de 5% entre os tratamentos.
226
227 Animais dos estágios PL 1 e PL 10 não diferiram entre os tratamentos para os valores
228 médios de peso úmido (respectivamente, testes t de Student e U de Mann-Whitney, p > 0,05).
229 Já em estágio PL 5 houve diferença entre os tratamentos (teste t de Student, p < 0,05). Em
230 relação ao peso seco, o resultado foi o mesmo (Tabela 4).
231 Os valores médios de ganho de peso úmido e seco (Tabela 4) não apresentaram
232 diferenças entre os dois tratamentos (teste t de Student, p > 0,05) e em relação à TCE, os
233 valores médios encontrados (Tabela 4) também não diferiram entre os tratamentos aplicados
234 (teste t de Student, p > 0,05).
235 Os percentuais de metamorfose (Figura 1) encontrados no nono dia de experimento
236 não diferiram entre os tratamentos (teste Qui-quadrado χ², p > 0,05). No entanto, no décimo
237 dia, o percentual encontrado nas unidades experimentais que receberam o probiótico 2 (90%)
238 foi significativamente superior ao apresentado nas unidades que receberam o probiótico 1
239 (78%) (teste Qui-quadrado χ², p < 0,05). Vale ressaltar que o intervalo de 95% de confiança
37
240 para essa diferença é [3,8%;20,2%] e a chance de a larva virar pós-larva no décimo dia de
241 experimento utilizando o probiótico 2 é 2,5 vezes maior do que utilizando o probiótico 1.
242
(b)
100%
(a) 90,0%
90%
(a) (a) 78,0%
80%
69,3% 71,3%
70%
Pecentual de Pl's
60%
Probiótico 1
50%
Probiótico 2
40%
30%
20%
10%
0%
9º dia 10º dia
243
244 Figura 1. Percentuais de metamorfose encontrados no 9º e 10º dia de experimento.
245 Letras diferentes sobre as barras indicam diferenças significativas ao nível de 5% através do
246 teste Qui-quadrado (χ²).
247
262 DISCUSSÃO
263
38
264 Segundo Luo et al., apud LUIS-VILLASEÑOR et al. (2012), a microbiota interna dos
265 animais aquáticos cultivados está relacionada e é influenciada pela comunidade bacteriana
266 presente no ambiente de cultivo, interferindo totalmente na nutrição, imunidade e resistência
267 à doenças. Dessa forma, para que os organismos aquáticos permaneçam saudáveis,
268 repercutindo positivamente na produção, é necessário um propício ambiente de cultivo, que
269 pode ser conseguido através da adição de bactérias benéficas, como exemplo.
270 NIMRAT et al. (2012) investigaram os efeitos de diferentes composições de Bacillus spp.
271 sobre o crescimento e sobrevivência de estágios larvais e pós-larvais de L. vannamei. No
272 estágio pós-larval, todos os tratamentos com probióticos apresentaram melhores resultados
273 que o grupo controle (sem adição de probiótico). Esses autores também observaram
274 diferenças, entre os próprios tratamentos probióticos utilizados, para os valores de peso
275 final, comprimento final e percentuais de ganho de peso e comprimento, diferindo dos dados
276 obtidos nesse experimento que mostrou diferenças em animais apenas em PL 1 e PL 5.
277 ZIAEI-NEJAD et al. (2006) relataram que nem o peso úmido nem a sobrevivência do camarão
278 Fenneropenaeus indicus, nas fases de misis 1 a PL 14, diferiam (p > 0,05) entre os dois
279 tratamentos utilizados (probiótico comercial adicionado na água ou na alimentação, através
280 de artêmia enriquecida), embora ambos tenham sido superiores aos do grupo controle.
281 RENGPIPAT et al. (1998) também verificaram que pós-larvas de Penaeus monodon
282 alimentados com dietas contendo probióticos Bacillus sp. não diferiram no crescimento e
283 sobrevivência entre os três tratamentos probióticos utilizados, mas os valores encontrados
284 nesses tratamentos foram superiores aos do grupo controle. Em outro estudo com camarões
285 de água doce, pós-larvas de Macrobrachium rosenbergii que foram alimentadas com dietas
286 suplementadas com L. acidophilus, L. sporogenes e L. sporogenes não apresentaram diferença (p
287 > 0,05) para ganho de peso e taxa de crescimento específico entre os tratamentos probióticos
288 (VENKAT et al., 2004).
289 NIMRAT et al. (2011) observaram que o crescimento e as taxas de crescimento
290 específico e de sobrevivência em pós-larvas (PL 1 a PL 21) do camarão branco não diferiram
291 entre alguns tratamentos probióticos utilizados no experimento, assim como o observado em
292 nosso estudo, quando a taxa de crescimento específico, o comprimento final, o peso final e os
293 ganhos de peso não diferiram entre os tratamentos utilizados. Em outro estudo, juvenis de L.
294 vannamei alimentados com dietas suplementadas com Bacillus subtilis, cepas L10 and G1,
295 também não apresentaram diferenças (p > 0,05) para os valores médios de peso final, ganho
296 de peso e taxa de crescimento específico (ZOKAEIFAR et al., 2012).
297 A taxa de desenvolvimento larval está intrinsicamente relacionada à metamorfose e no
298 estudo realizado por LUIS-VILLASEÑOR et al. (2011), a taxa de desenvolvimento larval de L.
39
299 vannamei não diferiu significativamente (p > 0,05) entre os dois tratamentos com adição de
300 probióticos comerciais, sendo um deles utilizado nesse estudo; o probiótico 1. O mesmo pode
301 ser observado no nosso estudo para o nono dia de cultivo, não havendo diferença estatística
302 (p > 0,05) entre os percentuais de metamorfose encontrados. No entanto, no mesmo estudo,
303 corroborando com o nosso resultado para o décimo dia, larvas submetidas aos tratamentos
304 com quatro cepas isoladas de Bacillus apresentaram diferença (p > 0,05) para a taxa de
305 desenvolvimento larval entre os tratamentos (LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011), ou seja,
306 algumas bactérias probióticas podem propiciar melhores taxas de desenvolvimento larval do
307 que outras, o que para uma larvicultura em escala comercial é de grande importância.
308 Estudos realizados por GUO et al. (2009), determinaram que o uso de B. fusiformis aumentou
309 a sobrevivência e acelerou a metamorfose de larvas de P. monodon e L. vannamei.
310 Com relação à sobrevivência, o percentual obtido nos tanques que receberam o
311 probiótico 2 foi semelhante ao encontrado no estudo realizado por CASTEX et al. (2009). Eles
312 apresentaram taxa de sobrevivência final de 64% para tanques que receberam dieta
313 suplementada com cepas de P. acidilactici (espécie contida apenas no probiótico 2) no cultivo
314 de L. stylirostris. Em resultados similares aos encontrados no nosso estudo, larvas de L.
315 vannamei submetidas ao probiótico Bacillus YC5-2 apresentaram sobrevivência de 67%,
316 seguida de, aproximadamente, 57% para aquelas submetidas ao probiótico comercial Alibio
317 (LUIS-VILLASEÑOR et al., 2011).
318 O teste de estresse é bastante utilizado pelos laboratórios comerciais e consiste numa
319 ferramenta útil durante o processo produtivo, pois possui a capacidade de distinguir pós-
320 larvas saudáveis de outras debilitadas. A capacidade osmorregulatória de larvas de
321 camarões peneídeos é limitada, diferentemente da dos juvenis e adultos, e a habilidade para
322 tolerar baixas salinidades se desenvolve somente após a metamorfose para pós-larva e
323 aumenta com idade (SAMOCHA et al., 1998). Portanto, essas podem ter sido as causas das
324 mortalidades nos estágios larvais e nos pós-larvais PL 1 e PL 5. No estudo realizado por
325 BUGLIONE et al. (2008), as pós-larvas de L. vannamei que tiveram alimentação suplementada
326 por L. plantarum apresentaram 87,86% de sobrevivência após teste de estresse salino em PL
327 20, sendo o percentual observado inferior aos encontrados nesse estudo. LIU et al. (2010)
328 afirmaram que a utilização de probióticos melhora a resistência ao estresse tanto em peixes
329 quanto em camarões, em especial L. vannamei.
330
331 CONCLUSÃO
332
40
341 REFERÊNCIAS
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440 349–353.
441 ZIAEI-NEJAD, S.; REZAEI, M. H.; TAKAMI, G. A.; LOVETT, D. L.; MIRVAGHEFI, A.;
442 SHAKOURI, M. 2006 The effect of Bacillus spp. bacteria used as probiotics on digestive
443 enzyme activity, survival and growth in the Indian white shrimp Fenneropenaeus indicus.
444 Aquaculture 252(2–4): 516–524.
445 ZOKAEIFAR, H.; BALCÁZAR, J. L.; SAAD, C. R.; KAMARUDIN, M. S.; SIJAM, K.;
446 ARSHAD, A.; NEJAT, N. 2012 Effects of Bacillus subtilis on the growth performance,
447 digestive enzymes, immune gene expression and disease resistance of white shrimp,
448 Litopenaeus vannamei. Fish and Shellfish Immunology 33(4): 683–689.
44
Resumo
Abstract
The seeking for sustainability in shrimp farming has been a constant concern by
producers. Thus, in order to evaluate the interaction of shrimp micro producers in the
Southern coast of Rio Grande do Norte with the environmental responsibility standards
recommended by the Brazilian Association of Shrimp Farmers (ABCC), questionnaires
were applied in order to characterize the management practices, check over socials and
environmental aspects perceived by the producers according to each activity. For this
purpose, we interviewed 27 producers, from which 85.2% were men, with low illiteracy
rate (3.7%), income from 2 to 5 minimum wages (44.4%). Among the interviewed, 22.2%
have shrimp farming as their main source of income. It was found that less than 50%
received technical assistance in the last year and few are the biosecurity measures
adopted by them. With regard to good management practices recommended by the
ABCC, 11.1% of shrimp farmers use probiotics and this variable has no link to the
monthly family income or survival rates obtained in cultivation. Management practices,
such as water fertilizing and soil liming, as well as questions about the environmental
problems were not associated with schooling, with a homogeneous management among
interviewed. The micro properties producers of shrimp representing the Southern coast of Rio
Grande do Norte point the need of guidance and support of the government and
appropriate technical assistance to enable them to implement good management
practices, in order to suit the shrimp responsible recommended by the ABCC.
Introdução
Metodologia
Área de estudo
A área de estudo abrangeu o município de Senador Georgino Avelino
(06°09’46,8” latitude Sul e 35°07’22,8” longitude Oeste) e Genipapeiro (Distrito de
Nísia Floresta - 6°05’27,6” latitude sul e 35°12’32,4” longitude oeste). A localidade foi
escolhida em função da grande quantidade de fazendas, consideradas de micro porte, de
camarão já instaladas e em operação.
Aplicação das entrevistas e análises estatísticas
O estudo foi realizado no mês de setembro de 2015 durante reuniões que
estavam ocorrendo em função do cadastramento de micro produtores de camarão do
litoral Sul pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio
Grande do Norte - IDEMA.
A pesquisa foi realizada por meio de um processo de amostragem aleatória
simples, na qual os entrevistados foram selecionados aleatoriamente de uma listagem
disponibilizada pelo IDEMA. O cálculo do tamanho da amostra resultou em 27 micro
produtores de um total de 39, o que representa 69% de toda a população em estudo.
Após explicação pública sobre a pesquisa e seus objetivos, os participantes foram
convidados a participar e, então, solicitados a assinar o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
Em seguida, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas, com a utilização de
questionários contendo perguntas sobre características socioeconômicas dos produtores,
infraestrutura da fazenda, práticas de manejo, medidas de biossegurança adotadas,
medição de parâmetros físico-químicos da água e uso de novas tecnologias de produção,
entre outras. No questionário, foram também abordadas questões específicas sobre a
problemática ambiental envolvendo os impactos da carcinicultura e a geração de lixo
durante os ciclos de cultivo.
Os dados serão apresentados através de estatística descritiva, por meio de
frequências absolutas e relativas organizadas em tabelas e gráficos, e analisados pelo
teste Exato de Fisher com relação à significância da associação observada entre
variáveis categóricas numa tabela cruzada ou de contingência. Para as variáveis com
múltiplas respostas, considerou-se cada categoria como sendo uma variável dicotômica
50
(Sim/Não) e que para realizar os testes foi necessário agrupar categorias das variáveis
escolaridade, renda mensal da família, uso de probióticos e percentual de sobrevivência
nos cultivos. Todos os testes estatísticos foram realizados com um nível de significância
0,05 e o software utilizado foi o SPSS versão 20.
Resultados
Os produtores, em sua maior parte, tinham entre 31-40 anos e 51-60 anos
(Figura 1), a maioria são do sexo masculino (85,2%) e casados (88,9%).
40
35
29,6 29,6
Superior completo 11,1
30
Percentual
25 44,4
18,5 18,5 Médio completo/incompleto
20
Escolaridade
Fundamental 40,7
15 completo/incompleto
10
3,7 Analfabeto 3,7
5
0 0 10 20 30 40 50
26 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 61 anos Percentual
anos anos anos anos ou mais
Faixa etária
Vendas 3,7
Pesca, carcinicultura e agricultura 7,4
Principal fonte de renda
0 5 10 15 20 25 30
Percentual
Figura 4. Renda mensal familiar (%) dos micro-produtores de camarão do litoral Sul do
Rio Grande do Norte em função do salário mínimo (SM) adotado no Brasil no ano de
2015.
50 44,4
40
Percentual
25,9
30 22,2
20
10 3,7 3,7
0
Até 1 SM De 1 a 2 De 2 a 5 De 5 a 10 Acima de
SM SM SM 10 SM
Renda mensal da família
52
Verificamos que 85,2% dos entrevistados que estão com os viveiros em plena
atividade, enquanto 14,8% estão parados em função de altas mortalidades nos cultivos
ou ainda por embargo pelo órgão ambiental competente. Um total de 48,1% relatou que
a família também trabalha nos cultivos, 88,9% dos entrevistados não possuem
empregados e os que têm (11,1%) não assinam a carteira de trabalho.
Em relação à analise das técnicas de produção adotadas, os resultados obtidos
encontram-se na Tabela 1.
Frequência
Questões Respostas relativa
(%)*
Como você cultiva os camarões? Viveiro escavado 100,0
Sim 11,1
Utiliza água de poço no cultivo?
Não 88,9
Faz algum tipo de tratamento na água antes
Não 100,0
de bombeá-las para os viveiros?
Sim 18,5
Faz fertilização da água?
Não 81,5
Usa disco de Secchi? Não 100,0
Sim 77,8
Faz calagem do solo?
Não 22,2
Sim 92,6
Adquire pós-larvas livres de enfermidades?
Não 7,4
Larvicultura
Onde adquire as Pl’s? 100,0
comercial
Sim 70,4
Realiza aclimatação das pós-larvas?
Não 29,6
Qual a duração da fase berçário? Não tem berçário 100,0
Não 88,9
da facilidade de encontrar no mercado
Sim 74,0
do preço
Não 26,0
Sim 51,9
da qualidade (percentual de proteína)
Não 48,1
Duas vezes 92,6
Qual a frequência da oferta de alimento/dia?
Outro 7,4
Quantas vezes faz o ajuste de ração em um Diariamente 96,3
ciclo de cultivo
Três vezes 3,7
Como fornece a ração? Bandeja 100,0
Sim 92,6
A sobra de ração é retirada?
Não 7,4
Uma vez por
18,5
semana
A cada 15 dias 48,1
Com qual frequência realiza biometrias Uma vez por
7,4
durante o cultivo? mês
Outros 11,1
Não realiza
14,8
biometria
Faz medição de quais parâmetros físico-
químicos da água?
Sim 11,1
Temperatura
Não 88,9
Sim 37,0
Salinidade
Não 63,0
Sim 3,7
pH
Não 96,3
Sim 11,1
Oxigênio dissolvido
Não 88,9
Sim 11,1
Alcalinidade
Não 88,9
Sim 3,7
Dureza
Não 96,3
Sim 3,7
Turbidez
Não 96,3
Sim 3,7
Amônia tóxica
Não 96,3
Sim 3,7
Nitrito
Não 96,3
O que faz para controlar a matéria orgânica
no fundo dos viveiros?
Sim 92,6
Retira
Não 7,4
54
Para os entrevistados que não fazem uso de probióticos (Tabela 1), os motivos
são apresentados na Figura 5.
Figura 5. Motivos pelos quais os micro Figura 6. Tempo total médio de um ciclo de
produtores de camarão do litoral Sul do Rio cultivo realizado em micro propriedades
Grande do Norte não fazem uso de produtoras de camarão localizadas no litoral
probióticos nos cultivos. Sul do Rio Grande do Norte.
(*) Percentual em relação ao total de
entrevistados que não faz uso de probióticos.
Múltiplas respostas.
50
44,4
45
100
40
62,5
80 35
Percentual*
Percentual
60 37,5 30
33,3 22,2
25
40
20
20 15 11,1
10 7,4 7,4 7,4
0
5
0
77,8
50
40
Percentual
30
20
7,4 7,4 7,4
10
0
Até 30% De 31 a 50% De 51 a 70% Mais de 70%
Sobrevivência dos cultivos
100 81,5
90
80
Percentual
70
60
50 33,3
40
30
20 7,4 3,7 11,1
3,7
10
0
Mancha NIM NHP Vibrioses Infestação Não
branca por sabem
Gregarina
Doenças*
Figura 9. Itens listados pelos micro produtores de camarão do litoral Sul do Rio Grande
do Norte como necessários para melhorar a atividade de carcinicultura na região.
(*) Múltiplas respostas.
85,2
Diminuição do custo da ração
0 20 40 60 80 100
Percentual*
De acordo com correlações realizadas (Tabela 2), e com o teste Exato de Fisher,
não há indícios de associação linear (p>0,05) entre o nível de escolaridade e todas as
variáveis ligadas ao manejo empregado pelos produtores, ou seja, o manejo independe
do grau de escolaridade do micro produtor. Para as variáveis sobre a questão ambiental,
os resultados foram semelhantes: independem da escolaridade. Ao realizar o mesmo
teste para as variáveis renda mensal da família e porcentagem de sobrevivência contra o
uso de probióticos, verificou-se que também não há evidências de associação.
Escolaridade
Até 1 0 Valor-p*
Manejo empregado Resp. 20 grau ou mais
grau
Q13 Utiliza água de poço no Sim 8,3% 13,3%
0,5863
cultivo? Não 91,7% 86,7%
Sim 16,7% 20,0%
Q15 Faz fertilização da água? 0,6121
Não 83,3% 80,0%
59
Discussão
sanitários e profiláticos. Na nossa pesquisa, pudemos observar que, no caso das micro
propriedades de produção de camarão do litoral Sul, a diminuição da densidade de
estocagem é um reflexo do surgimento das doenças que resulta em quedas na
produtividade e no lucro. Para a maioria dos produtores entrevistados, a carcinicultura já
foi a sua principal fonte de renda. Já sobre a mudança para manejos sanitários e
profiláticos citados por Scorvo Filho et al. (2010), isso ainda não aconteceu na região
estudada devido a condição financeira dos produtores e a única medida citada pelos
produtores foi a calagem do solo. Esta pratica é comumente empregada para a correção
do pH em aquicultura e consiste na adição de calcário agrícola, tanto na água quanto no
fundo dos viveiros. O uso de calcário ou cal hidratada promovera a correção do pH ou a
desinfeccção, respectivamente.
Alguns dos resultados da expansão acelerada da carcinicultura no Brasil foram a
geração de emprego e a absorção da população local com nível básico de escolaridade
(COSTA e SAMPAIO, 2004). Isso porque os empregos diretos gerados pela
carcinicultura demandam, em sua maioria, pouco grau de instrução formal, pois as
atividades desenvolvidas são basicamente de arraçoamento, monitoramento da
qualidade da água e biometria do camarão (FIGUEIRÊDO et al., 2004). Assim, de
acordo com o grau de escolaridade apresentado, observamos que a minoria possui baixo
nível de escolaridade, sendo 3,7% analfabeto e 37% concluintes do ensino médio. Tais
resultados demonstram que, ao invés de empregados, houve o fortalecimento de
empreendimentos próprios.
A comercialização de camarão no Brasil hoje envolve o mercado interno, que é
o principal mercado para diversos produtores de camarão (SCORVO FILHO et al.,
2010). Os dados apresentados demonstram que a maioria dos entrevistados escoa toda a
produção para os atravessadores, corroborando com Lopes e Baldi (2013), que ao
entrevistarem representantes do setor de aquicultura, observaram que os agentes
intermediários são componentes dessa estratégia de exploração do mercado nacional. Os
produtores de camarão marinho de Requenguela/CE também não se preocupam com a
comercialização do produto, pois existe um parceiro que garante a compra da produção
(REIS, 2008).
A comunidade de Requenguela, localizada no município de Icapuí – Ceará, é
composta por aproximadamente 35 famílias e a principal fonte de renda está na pesca da
lagosta e na aquicultura (REIS, 2008) e no nosso estudo pelos menos 37% dos
entrevistados citaram carcinicultura ou pesca como principal fonte de renda. A
61
Segundo a Lei Cortez Pereira, na sessão II, em cultivo com tanques escavados, a
produção de espécies exóticas de camarão deve obedecer aos seguintes requisitos:
Dessa forma, não fica clara a obrigatoriedade das bacias de sedimentação para os
micro produtores. Entretanto, segundo o artigo 8 da mesma lei, apenas os
empreendimentos de médio, grande e excepcional porte ficam obrigados a implantarem
bacia de sedimentação independente da densidade utilizada (RIO GRANDE DO
NORTE, 2015). Podemos inferir a necessidade dos micro produtores em realizar as
análises de água ficando assim resguardados para eventuais fiscalizações.
62
Conclusões
sucesso da produção. Embora no passado tal atividade tenha gerado muito lucro para os
produtores, observou-se que poucos possuem mais de um viveiro e quase todos têm a
carcinicultura como uma complementação da renda familiar. As micro propriedades
produtoras de camarão, representativas da região do litoral Sul do Rio Grande do Norte,
apontam a necessidade de orientação e apoio do governo e da devida assistência técnica
para que possam implementar boas práticas de manejo, de forma a se adequar à
carcinicultura responsável recomendada pela ABCC.
Referências
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS GERAIS
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ZHOU, X.; WANG, Y.; LI, W. Effect of probiotic on larvae shrimp (Penaeus
vannamei) based on water quality, survival rate and digestive enzyme activities.
Aquaculture, v. 287, n. 3–4, p. 349–353, 2009.
APÊNDICES
73
Roteiro de Entrevista
Esclarecimentos
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para
mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Caracterização
da carcinicultura no litoral Sul do Rio Grande do Norte, Brasil, e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado
possa me identificar.
Natal, ____________________________________.
Impressão
datiloscópica do
participante
Natal, _________________________________.