Combate Incêndio Cbmerj

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Manual Básico de Bombeiro Militar

CAPÍTULO 10
TÉCNICA E MANEABILIDADE EM COMBATE A INCÊNDIO

10. ESTUDO DA COMBUSTÃO


10.1. Constituição e propriedades da matéria

Para que possamos ter a perfeita compreensão dos efeitos e do desenvolvimento da


combustão é preciso entender primeiramente a constituição física e química da matéria que é
formada por partículas de tamanho extremamente reduzido, chamadas de átomos.

O átomo é constituído por três tipos de partículas basicamente – os elétrons que


possuem carga negativa têm uma massa muito pequena se comparado aos outros tipos de
partículas do átomo, eles se localizam em uma camada que se situa ao redor do átomo,
chamada eletrosfera. O átomo ainda possui um núcleo, onde se localizam os prótons que são
partículas de carga positiva e os nêutrons que não possuem carga.

Apesar dos nêutrons não possuírem carga, os mesmos possuem um papel de grande
relevância na estrutura do átomo como uma espécie de “estabilizador” do núcleo, já que na
natureza partículas de mesma carga se repelem entre sim, logo, sem os nêutrons, o núcleo não
seria estável, pois os prótons não conseguiriam manter, sozinhos, a estabilidade do núcleo do
átomo.

Elétron

Próton
Nêutron

Fig. – Átomo de Rutherford

Normalmente para formar a matéria, os átomos buscam cominar-se entre si ou com


outros átomos, buscando uma estabilidade maior, quanto estes elementos se combinam, são
formadas as moléculas.

Fig. – Molécula da água


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10.1.1. Os estados físicos da matéria

A matéria pode se apresentar em três estados físicos – sólido, líquido e gasoso. Neste
momento faremos uma breve análise de cada um deles levando em conta três aspectos: a
força de ligação entre as moléculas, a forma e a compressibilidade. É de vital importância o
entendimento destes fatores já que os mesmos influenciam diretamente no desenvolvimento
do fenômeno da combustão.

No estado sólido existe uma força de interação relativamente muito forte entre as
moléculas, de forma que a compressibilidade torna-se quase inexistente e, por conseguinte,
quando a matéria encontra-se neste estado, sua forma é fixa. Temos como exemplo: o carvão,
o papel e a madeira.

No caso do estado líquido a força de interação, se comparada com os sólidos, é menor


e em função disso a sua forma é variável e apresenta um pequeno grau de compressibilidade,
estas características fazem com que possamos fazer o transbordo de entre recipientes de
volumes e estrutura diferentes, já que o material irá adaptar-se a este novo receptáculo.
Temos como exemplo: a água, a gasolina e o diesel.

Já no estado gasoso, a força de interação entre as moléculas é relativamente muito


pequena, de forma que o gás é um material que ocupa todo o volume de seu receptáculo e é
altamente compressível, temos o exemplo do Gás Natural Veicula (GNV) onde se comprime
vários metros cúbicos de gás em um cilindro de dimensões muito reduzidas. Como exemplo,
temos: GNV, oxigênio e hidrogênio.

TABELA 1 – ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA

Estado físico Forma Energia de interação relativa Compressibilidade

Sólido Fixa Grande Quase inexistente


Líquido Variável Média Pouco compressível
Gasoso Variável Pequena Muito compressível
Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br

Com este breve estudo podemos perceber que a matéria se comporta de formas
diferentes dependendo de alguns fatores, na tabela acima, por exemplo, temos um resumo
superficial, porém elucidativo de como o estado físico pode interferir sensivelmente neste
comportamento.
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10.1.2. O fenômeno da combustão

O fogo pode ser definido com o resultado de uma reação química entre combustível e
comburente. A reação de combustão pode ser entendida como uma reação oxidante
exotérmica: oxidante por ser uma reação química que consome oxigênio (O2) e, exotérmica
porque libera calor durante a reação (DRYSDALE, 1998).

Importante frisar que a luz produzida pela combustão recebe a denominação de


chama e é normalmente conceituada como a parte visível da combustão, embora esta
assertiva não uma regra já que há materiais que ao entrarem em combustão não apresentam
uma chama visível.

O conceito de incêndio está relacionado ao fogo que foge ao controle do homem e,


uma vez que haja esta perda do controle este incêndio provoca danos ao patrimônio e aos
seres humanos, este tipo de evento recebe também a denominação de sinistro.

A temperatura atingida neste tipo de reação é alta em função da incapacidade dos


mecanismos de transferência de energia – condução, convecção e radiação, de dispersar
rapidamente a energia liberada. Em função disso este processo é considerado rápido e
praticamente adiabático (CUOGUI, 2006).

Ao observar-se o fogo em madeira, por exemplo, comumente tem-se a idéia errônea


de que aquele material está queimando diretamente por assim dizer. Na verdade, no caso da
madeira, assim como em todos os materiais
orgânicos (materiais que contém o elemento
carbono em sua composição) o que se inflama
na verdade são os gases ou vapores liberados
por eles quando aquecidos, ou seja,
normalmente ocorre um pré-aquecimento
daquele material até a temperatura que o
mesmo comece a liberar gases para que então
a combustão se inicie, dependendo desta
temperatura aquela reação iniciada será
Fig. generalização do incêndio – fonte: autossustentável ou não.
Explosion Fumées - Embrasemente

A esta regra sobre materiais orgânicos faz-se uma exceção ao carvão, em sua forma
mineral ou vegetal, pois a combustão no mesmo se processa através de uma reação superficial
com o oxigênio – incandescência.

Pode-se fazer uma relação da periculosidade do material com a temperatura na qual o


mesmo começa a liberar gases combustíveis, ou seja, quanto mais baixa a temperatura para
ocorrer essa liberação, mais suscetível à combustão ele é, logo possui maior periculosidade e
requer, portanto, maiores cuidados em seu manuseio.
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Como dito anteriormente, a maior parte das reações de combustão se dão na fase
gasosa. Caso o combustível seja líquido ele evapora e, em contato com o oxigênio e com a
energia de ativação, ele se inflama. Na maior parte dos sólidos a combustão está relacionada
com a queima de gases (combustão flamejante) que se originam da destilação dos
constituintes voláteis do material sólido (pirólise).

A combustão (fogo), portanto, não pode existir sem combustível e comburente. O


oxigênio é o comburente responsável por 99,9% das combustões e está contido no ar que
respiramos que tem em sua composição aproximadamente: 78% de nitrogênio, 21% de
oxigênio e 1% de outros gases.

Em resumo, pode-se afirmar o seguinte (ENB, 2006):

 Combustível: substância que reage no seio de um gás;


 Comburente: corpo gasoso ou atmosfera que envolve o combustível e que com ele
reage na combustão.

Na figura 3, podemos vislumbrar o fenômeno da combustão de uma maneira genérica.


No esquema em questão existe a ocorrência de uma chama inicial, esta começa a destilação
do combustível sólido (pirólise), desta forma existe uma liberação de gases pelo combustível e,
então, estes gases, em contato com o oxigênio, vão sendo aquecidos até o ponto de entrarem
em ignição, gerando reações exotérmicas que irão retroalimentar o processo.

O FENÔMENO DA COMBUSTÃO

Oxigênio
Combustível sólido
(comburente)

.
Chama Inicial Pirólise

Gases combustíveis

Mistura inflamável

Ignição

Reação de
Calor Chamas
combustão
Fig. – O fenômeno da combustão (Fonte: MELHADO, 1990)
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10.1.3. Triângulo do fogo

Na busca do entendimento dos fatores necessários para que houvesse a combustão,


durante muito tempo acreditou-se que apenas três elementos seriam necessários:
combustível, comburente e energia de ativação.

Para tanto se buscou uma forma didática para disseminar este conceito, daí foi criado
o triângulo do fogo, aproveitando a forma geométrica para a associação dos três elementos
básicos para a combustão. Como apresentado na figura 5.

Fig. – Triângulo do fogo

10.1.4. Tetraedro do fogo

Com o decorrer dos avanços científicos observou-se que além dos três fatores
anteriormente expostos, para a ocorrência da combustão era necessária a presença de um
quarto elemento: a reação em cadeia.

Com a reação química da combustão ocorre a formação de radicais livres que contém
uma elevada quantidade de energia e, desta forma, estes elementos reagem com outras
moléculas formando mais radicais livres e assim sucessivamente, de forma a expandir a
combustão.

Temos, por exemplo, o caso da combustão do hidrogênio em que suas moléculas, em


função do calor, dividem-se dando origem a radicais livre de hidrogênio (H0) que, por sua vez,
combinam-se com uma molécula de oxigênio, originando assim outro radical livre (OH0),
propagando-se desta forma a reação de combustão (ENB, 2006).
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Com a constatação da existência da


reação em cadeia obtemos, portanto, mais uma
face em nossa representação didática do fogo e
a esta figura denominamos de tetraedro do
fogo.

É importante observarmos que


independente da representação que haja em
relação ao fenômeno da combustão, o que deve
ficar claro é que se for retirado do processo
Fig. – Tetraedro do fogo
qualquer um dos elementos que a compõe – combustível, comburente, energia de ativação e
reação em cadeia – a mesma será interrompida, na verdade os métodos de extinção de
incêndio baseiam-se exatamente na supressão destes componentes da combustão, a seguir
faremos uma análise de cada um destes elementos.

10.1.4.1. Energia de ativação

Quando falamos em energia de ativação da combustão, nos referimos ao componente


energético capaz de fazer com que a temperatura do combustível aumente para que haja
então a liberação dos gases que sofrerão a queima, a esta energia denominamos calor.

Durante muito tempo associou-se o calor diretamente ao conceito de agente ígneo


(chama), com o avanço nos estudos a este respeito, verificou-se que esta associação nem
sempre ocorre na prática. A energia de ativação pode ser qualquer elemento que faça com
que o combustível, independentemente de seu estado físico, desprenda gases combustíveis.

TABELA 2 – PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO

Tipo de fonte Origem Exemplos

Resistência Aquecedor elétrico


Elétrica Arco voltaico (faísca) Cabo de alta tensão quebrado em contato com solo
Eletricidade estática Descarga entre extintor e terra após esvaziamento
Fricção Contato não lubrificado entre peças metálicas
Mecânica
Compressão Compressão de um gás em um cilindro
Superfícies quentes Placa de um fogão
Térmica
Radiação Exposição intensa e continuada ao sol
Química Química Limalha de ferro + óleo / algodão + óleo
Fonte: ENB, 2006.
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Não devemos menosprezar, portanto a energia calorífica acumulada em maquinários


industriais, fogões ou equipamentos que acumulem calor, pois estas fontes podem ser capazes
de iniciar um incêndio. Deve ficar claro, portanto, que uma fonte de calor não se resume a
chama.

A tabela 3 traz a informação das principais fontes de calor capazes de dar início a um
incêndio.

TABELA 3 – ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DE ALGUMAS FONTES DE CALOR


Fonte de calor Temperatura (oC)
Vela 700 – 1400
A 15 cm da chama da vela 200
Arco elétrico 4000
Chama do álcool 1200 – 1700
Chama de fósforo 1500
Chama de gás 1000 – 1500
Cigarro 300 – 400
Fósforo 800
Lâmpada 170 – 200
Madeira queimando 1000 – 1400
Oxi-acetileno 2000 – 3000
Fonte: Tactical firefighting, Paul Grimwood

Em resumo, podemos dizer que o calor em uma reação de combustão é responsável


por (CBMDF, 2006):

 Produzir vapores combustíveis em materiais sólidos e líquidos (pirólise);

 Causa a ignição do material combustível (sólido, líquido ou gasoso); e

 Promover o crescimento e propagação das chamas, pela manutenção de um


ciclo contínuo de produção de vapor de combustível e de energia para a
ignição deste material.

10.1.4.1.1. Efeitos físico-químicos do calor

O calor é uma forma de energia que altera a temperatura e é gerada pela


transformação de outras formas de energia. A energia de ativação está intimamente ligada à
temperatura, proporcionando o seu aumento. O calor gerado irá produzir efeitos físicos e
químicos nos corpos e efeitos fisiológicos nos seres vivos. Como os que vemos a seguir:
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Aumento/Diminuição da Temperatura -
O aumento ou diminuição da temperatura
acontece em função do calor, que é uma
forma de energia transferida de um corpo
de maior temperatura para um de menor
temperatura. Este fenômeno desenvolve-
se com maior rapidez nos corpos
considerados bons condutores de calor e
mais lentamente nos corpos considerados
maus condutores.
Fig. – dilatação linear
Dilatação/Contração Térmica - É o
fenômeno pelo qual os corpos aumentam
ou diminuem suas dimensões conforme o
aumento ou diminuição de temperatura.
A dilatação/contração pode ser linear,
quando apenas uma dimensão tem
aumentos consideráveis; superficial,
quando duas dimensões têm aumentos
consideráveis; e volumétrica, quando as
três dimensões têm aumentos
Fig. – dilatação superficial consideráveis.

Cada material tem seu coeficiente de


dilatação térmica, ou seja, dilatam mais
ou menos dependendo da matéria. Este
fator pode acarretar alguns problemas,
como por exemplo, uma viga de 10 m
exposta a um aumento de temperatura
na ordem 700º C. Com esse aumento de
temperatura, o ferro, dentro da viga,
aumentará seu comprimento em 84 mm,
aproximadamente, e o concreto, apenas
em 42 mm.
Fig. – dilatação volumétrica

Sendo assim, o ferro tende a deslocar-se no concreto, perdendo a sua capacidade de


sustentabilidade, para a qual foi projetado.

A compreensão destas características do comportamento dos materiais é fundamental


quando executamos as atividades de combate a incêndios, já que se as estruturas sofrem
dilatação quando aquecidas, sofrem contração quando resfriadas, de forma que a utilização da
água deve ser feita racionalmente para que não gere um colapso na estrutura do local
sinistrado.
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10.1.4.1.2. Efeitos fisiológicos da combustão

Faz-se necessário, ainda que neste momento de forma superficial, uma breve
explanação no sentido de alertar aos bombeiros militares quanto aos principais efeitos que a
combustão pode causar aos seres humanos.

O calor, por si só, pode promover


mudanças nos ambientes em que esteja
atuando, como é decorrente da combustão e
esta consome comburente, uma das primeiras
implicações é a deficiência de oxigênio no local,
especialmente se este for fechado.

A elevação da temperatura, por outro


lado, é um fator de extrema importância a ser Fig.– efeitos fisiológicos do calor
abordado e compreendido no caso de
incêndios, pois torna o ar no ambiente não
adequado para a respiração sem a devida proteção, podendo inclusive, em casos extremos
onde haja a negligência do uso de equipamento necessário, gerar queimaduras em vias aéreas
que podem até levar à morte.

A fadiga em decorrência da exposição ao calor é um fator importante a ser levado em


consideração para as atividades de bombeiro já que este processo de desgaste é
potencializado por estes fatores adversos.

A combustão gera também a fumaça e esta carreia muitas partículas em sua


composição, algumas partículas são irritantes, mas existem aquelas que podem ser fatais ao
bombeiro que venha a inalá-las, a penetração destas no organismo dependem de seu
tamanho.

Um fator fundamental a ser compreendido pelo bombeiro é o relacionado à presença


de gases nocivos que são produzidos pela combustão. Em um incêndio existe principalmente a
produção gases tóxicos – que reagem com células e tecidos prejudicando o carreamento de
oxigênio no organismo, e de gases asfixiantes – que deslocam o oxigênio do ambiente,
diminuindo a concentração deste gás e trazendo risco a vida.

Baseados nestes conhecimentos percebemos que de forma alguma o equipamento de


proteção respiratória (EPR) deve ser ignorado em caso de incêndio, pois além dos gases
presentes no sinistro serem nocivos ou até mesmo letais, muitos deles são inodoros e
incolores o que não permite que o bombeiro, utilizando seus próprios sentidos, possa
identificá-los ou quantificá-los.

Os principais gases produzidos em um incêndio são o monóxido de carbono (CO),


dióxido de carbono (CO2), dióxido de nitrogênio (NO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2),
ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl) e amônia (NH3). (CBMDF, 2006).
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Discorreremos a seguir, de forma sucinta, a respeito das características destes


produtos:

i) Monóxido de Carbono (CO) – é o principal agente causador de mortes nos


incêndios, inodoro e incolor. Possui uma densidade próxima a do ar atmosférico.
Uma fumaça mais escura normalmente é um indício de combustão incompleta de
materiais e este processo produz altas concentrações de CO. Este gás possui uma
afinidade maior que a do oxigênio em relação à hemoglobina (responsável pelo
transporte do O2 para as células e tecidos), na ordem de 200 a 300 vezes, de forma
que o monóxido de carbono, uma vez combinado com ela, impede que a mesma
possa se ligar ao oxigênio, fazendo uma asfixia química no indivíduo e, muitas
vezes, o levando à morte. Concentrações de um milésimo (1/1000) de 1% de
monóxido de carbono no ar já produzem sintomas de envenenamento e
concentrações em torno de 4% são letais em 50% da população exposta por menos
de 30 minutos (MARZZOCO, 1985).

ii) Dióxido de Carbono (CO2) – Gás predominantemente asfixiante que tem como
principal característica a capacidade de deslocar o oxigênio do ambiente,
diminuindo a concentração deste no local. Esse é mais um fator importante da
utilização de EPR autônomo, já que desta forma consumiremos um ar respirável
independente da atmosfera ambiente. Importante ressaltar neste momento que
Segundo WICKHAM ( 2003, apud CIPOLATTI, 2014), “o dióxido de carbono é tóxico,
causa danos e morte, interferindo nas funções do sistema nervoso central. Afirma
que este gás é letal em concentrações muito abaixo das utilizadas nos sistemas de
extinção de incêndios por inundação total, e apresenta, ainda, os efeitos da
exposição humana a diferentes concentrações e durações, destacando-se: 6% de
CO2, durante 1 a 2 minutos, causam distúrbios visuais e auditivos; 10 a 15% de CO2,
durante um minuto, causam tonturas, sonolência, espasmos musculares e
inconsciência, e; 17 a 30% de CO2, em menos de um minuto, causa perda de
coordenação motora, inconsciência, convulsões, podendo levar ao coma e à
morte”.

iii) Ácido Cianídrico (HCN) – É o gás mais tóxico contido na fumaça, quando inalado
pode levar o indivíduo a morte em poucos segundos, pois sua toxidade é vinte
vezes maior que a do monóxido de carbono. Após entrar no organismo o ácido
associa-se com a hemoglobina do sangue, impedindo que estas façam o transporte
de oxigênio, através das hemácias, para os tecidos do corpo, matando a pessoa por
asfixia química.

iv) Ácido Clorídrico – Forma-se nos incêndios em ambientes que contenham materiais
que possua cloro em sua composição, como o PVC. A inalação deste composto é
corrosiva para o trato respiratório superior e pode causar necrose do epitélio
bronquial, além de ser irritante para os olhos, membranas de mucosas e pele.
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v) Acroleína – A acroleína produz irritação do trato respiratório, aumenta a resistência


das vias aéreas e diminui a freqüência respiratória. Exposições ao vapor de
acroleína, em concentrações baixas como 10 PPM, podem levar a edema pulmonar
e morte. A inalação pode também causar uma reação asmática em indivíduos
sensíveis.

vi) Amônia – A amônia é um agente irritante e o efeito principal e mais imediato da


sua exposição é queimaduras na pele, olhos e trato respiratório. A inalação pode
levar à morte.

Como pudemos perceber existe uma grande gama de perigos ocultos na fumaça
gerada em um incêndio e estes não podem ser percebidos utilizando apenas nossos sentidos,
portanto temos na utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) a única forma
segura de atuarmos. O EPI em si, especialmente nos primeiros contatos, pode dar a impressão
de ser um agente dificultador na execução do socorro, por eventualmente restringir a
movimentação, ou diminuir tato ou visibilidade, mas com o treinamento e a adaptação correta
percebe-se que é perfeitamente possível o desenvolvimento de todas as atividades de
bombeiro utilizando os equipamentos de proteção individual e que na verdade, não se pode
executar, de forma segura, qualquer atividade de socorro desprovido deles.

Abaixo será apresentada uma tabela contendo os efeitos dos principais gases
presentes na fumaça:

TABELA 4 – EFEITOS DE ALGUNS GASES SOBRE O ORGANISMO


Gás Origem Efeitos toxicológicos
Dióxido de carbono (CO2) Produto comum em combustão Não é tóxico, diminui
o oxigênio respirável
Monóxido de carbono (CO) Produto comum em combustão Veneno asfixiante
Óxidos de nitrogênio Combustão de materiais à base de Irritante respiratório
(NO2eNO) nitrato, celulose e têxtil
Ácido cianídrico (HCN) Nylon (poliamida), poliuretano, Veneno asfixiante
poliacrilonitrila, borracha, seda
Ácido sulfúrico (H2S) Compostos contendo enxofre, óleo Tóxico, com cheiro
cru, lã repugnante
Ácido clorídrico (HCl) Cloreto de polivinil, alguns materiais Irritante respiratório
retardantes ao fogo
Ácido bromídrico (HBr) Alguns materiais retardantes ao fogo Irritante respiratório
Ácido fluorídrico (HF) Polímeros que contenham flúor Tóxico e irritante
Dióxido de Enxofre (SO2) Materiais que contenham enxofre Irritante muito forte
Isocianatos Polímeros de poliuretanos Irritante respiratório
Acroleína e outros aldeídos Produto comum em combustão Irritante respiratório
Amônia (NH4) Borracha, seda, nylon, normalmente Irritante
em baixa concentração em incêndios
em edifícios
Hidrocarbonetos aromáticos Produtos comuns na combustão cancerígeno
(benzeno e derivados)
Fonte: Tactical firefighting, 2003
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Cabe aqui uma importante observação quanto ao consumo de leite em casos de


intoxicação, já que o senso comum normalmente recomenda o consumo deste alimento em
casos que o indivíduo venha a se intoxicar de alguma forma.

Na verdade, como alimento, o leite possui muitas qualidades, porém não há qualquer
tipo de estudo que comprove sua eficácia como desintoxicante, de forma que não deve ser
utilizado com este fim.

Para os casos de intoxicação profissional o indivíduo deve ser conduzido ao hospital


com o objetivo de ser devidamente examinado e, uma vez detectado algum tipo de
intoxicação, receber a prescrição correta do medicamento adequado e assim fazer um
tratamento eficaz.

10.1.4.2. Comburente

O comburente, também conhecido como agente oxidante, é a substância que reage


com os gases emitidos durante a pirólise dos combustíveis. Na maior parte das combustões
ocorridas o oxigênio será o comburente, até mesmo pelo fato do mesmo estar disponível em
abundância na atmosfera terrestre.

A concentração de oxigênio encontrada no ar é próxima a 21%, nestas condições


teremos uma combustão plena dos materiais, porém, como já visto anteriormente, o processo
de queima consome oxigênio, desta forma, especialmente em locais fechados, o fogo faz com
que a concentração do comburente vá diminuindo e esta redução afeta diretamente a
combustão. Pois quanto maior for a concentração de oxigênio mais rápida será a combustão, o
contrário também é verdadeiro pois na medida que a concentração de O2 diminui, a
combustão fica mais lenta.

Normalmente para uma atmosfera que possua menos de 15% de oxigênio, não mais
haverá chamas no local já que estas não perduram abaixo desta concentração. Importante
frisar que esta ausência de chamas se dá em função da diminuição do oxigênio e que o
ambiente, mesmo sem chamas, permanece extremamente aquecido, o que exige dos
bombeiros muita cautela no acesso a esses locais para prevenir a entrada de ar e, por
conseguinte de O2, o que poderia causar um fenômeno que estudaremos mais adiante
chamado Backdraft.

Os combustíveis sólidos podem continuar em combustão, sem a emissão de chamas,


com concentrações de até 6% de oxigênio. Ressaltamos ainda que existem combustíveis que
liberam oxigênio durante sua queima, tais como: a celulose, a pólvora, os nitratos, os
cromatos, os materiais pirotécnicos, dentre outros. De forma que percebemos que a
concentração mínima necessária para a combustão depende do combustível que está inserido
no processo.

Além do oxigênio, outros gases podem comportar-se como comburentes para


determinados combustíveis. O hidrogênio queima na presença de cloro, os metais leves (lítio,
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sódio, potássio, magnésio, etc.) queimam na presença de vapor d´água e o cobre na presença
do vapor de enxofre. O magnésio e o titânio, em particular e se finamente divididos, podem
queimar em uma atmosfera de gases normalmente inertes, como o dióxido de carbono e o
hidrogênio (ENB, 2006).

Estudos demonstram que o próprio Nomex – composto presente nas roupas de


proteção contra incêndio – pode até mesmo entrar em combustão na presença de altas
concentrações de oxigênio, o que exige dos bombeiros um cuidado especial nos combates em
locais onde essa conjuntura pode se apresentar tais como hospitais e indústrias.

Observamos, portanto, que o estudo dos comburentes nos fornece informações que
demonstram a complexidade da atividade de combate a incêndio, tendo em vista termos
observado que mesmo materiais considerados inertes ou até mesmo agentes extintores de
incêndio, podem, em situações especiais, comportarem-se como iniciadores ou até mesmo
catalisadores do processo de combustão.

10.1.4.3. Combustíveis
Podemos entender combustível como sendo toda substância capaz de queimar,
servindo de campo de propagação do fogo. Para efeito prático, as substâncias foram divididas
em combustíveis e incombustíveis, tendo como parâmetro a temperatura de 1000 0C para essa
divisão. De forma que classificamos as substâncias combustíveis quando queimam a uma
temperatura de até 1000 0C, e as substâncias incombustíveis, acima de 1000 0C. Ressaltamos o
fato de que, teoricamente, todas as substâncias podem entrar em combustão (queimar).

Os combustíveis podem estar nos estados sólido, líquido e gasoso e cada um destes
estados apresenta propriedades físico-químicas bastante diferentes o que dificulta o
estabelecimento de regras de forma absoluta, porém algumas características podem ser
sistematizadas e estudadas, como veremos a seguir (ENB, 2006):

 Condutividade térmica;
 Estado de divisão;
 Densidade;
 Miscibilidade (líquidos);
 Pontos notáveis da combustão; e
 Tendência para liberar vapores (líquidos).

10.1.4.3.1. Condutividade térmica

A condutividade térmica está relacionada diretamente com a capacidade de uma


substância conduzir calor. Em geral os materiais combustíveis maus condutores de calor –
madeira, por exemplo – queimam com mais facilidade que os materiais bons condutores de
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calor – como os metais. Esse fato se deve à acumulação de calor em uma pequena zona, no
caso dos materiais maus condutores, fazendo com que a temperatura local se eleve mais
facilmente e estes então liberem gases combustíveis que, em contato com a energia de
ativação, podem inflamar-se. Já nos bons condutores, o calor é distribuído por todo material,
fazendo com que a temperatura se eleve mais lentamente.

Outro fator importante com relação a esta característica das substâncias é a inércia
térmica que se traduz na capacidade de absorção térmica da superfície do elemento, ou seja,
quanto maior for a inércia térmica de um material, mais tempo ele leva para absorver o calor e
também para liberá-lo. Os materiais com elevada inércia térmica são desejáveis, desde que
não se ignizem ou se aqueçam rapidamente (GEWAIN et al.,2003).

No caso de um incêndio em um edifício, por exemplo, a proteção térmica retarda a


troca de calor entre o ambiente em chamas e o aço. Quando o incêndio entra na fase de
decaimento e o sentido da troca de calor é alterado, ou seja, a temperatura do incêndio é
menor que a do aço, a inércia térmica da proteção retarda a diminuição da temperatura do
aço. Desta forma, os perfis continuam aquecidos mesmo depois do término do incêndio
(MOUÇO, 2006).

10.1.4.3.2. Estado de divisão

O estado de divisão pode ser definido como sendo a área disponível para a queima,
quanto mais finamente dividido esteja um combustível mais facilmente entrará em
combustão, ou seja, quanto maior for sua relação superfície versus massa, mais facilidade terá
este matéria para entrar em ignição.

Podemos tomar como exemplo o caso do diesel que, caso esteja dentro de um
recipiente como um balde e dele aproximarmos a chama de um fósforo, o mesmo terá grande
dificuldade de alcançar a ignição – na maior parte das vezes não irá alcançá-la. Porém se for
atirado em forma de spray (particulado) para esta chama, o mesmo entrará em ignição com
facilidade.

Para demonstrar ainda mais a importância deste fator nas atividades de bombeiro,
dependendo do estado de divisão de um material, até mesmo aqueles considerados como
inofensivos quanto à possibilidade de entrar em ignição podem representar grande perigo, é o
caso, por exemplo, de um armazém de farinha de trigo que naturalmente terá uma certa
quantidade deste produto em suspensão no ambiente, por ser um pó e estar disperso no ar, a
farinha de trigo poderá tornar o ambiente explosivo, em função da grande relação superfície-
massa do material e da quantidade de mesmo disperso naquela atmosfera.

10.1.4.3.3. Densidade

A densidade de um material pode ser definida pelo quociente entre a massa de uma
determinada substância e o volume que ele ocupa. Por exemplo, a água no estado líquido a
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250C tem uma densidade aproximada de 1 g/mL, de forma que 1 kg de água ocupa o volume
de 1 litro.
O entendimento desta propriedade é fundamental tendo em vista que dependendo da
densidade de um material o mesmo vai apresentar determinados comportamentos. Vejamos o
exemplo da gasolina, que em seu estado líquido é menos denso que a água e, além disso, não
é solúvel em água flutuando assim em sua superfície, de forma que a extinção de incêndios
envolvendo gasolina e utilizando a água como agente extintor, poderá propagar o incêndio.

Durante muitos anos observamos que em incêndios em veículos, depois de extintas as


chamas, utilizava-se a técnica de alagamento do tanque do auto sinistrado com água com o
intuito de suprimir o risco de retorno do incêndio já que dentro do tanque haveria uma
quantidade de gasolina e esta poderia entrar novamente em ignição. Esta é uma ação
incorreta, pois em primeiro lugar a gasolina, como vimos, não irá se dissolver na água e, além
disso, o transbordamento deste tanque de combustível irá promover o carreamento da
gasolina pela água de forma a aumentar a superfície de contato da gasolina em relação ao
ambiente – já que a mesma flutuará na água – e ainda levará este combustível para outros
locais além daquele delimitado pelo socorro, como bueiros e galerias.

Ainda no caso do alagamento do tanque de combustível, poder-se-ia buscar uma


justificativa para a ação dizendo que a mesma teria o objetivo de fazer a retirada dos gases do
combustível que estaria dentro do tanque para evitar uma explosão. Entendemos, porém, que
a própria abertura do tanque iria expor os gases combustíveis ao oxigênio e até mesmo a
possibilidade do contato com alguma fagulha proveniente do incêndio, sem contar com o risco
do transbordamento exposto anteriormente, de forma que entendemos que o resfriamento
do auto sinistrado com o tanque de combustível ainda fechado seja a melhor forma de evitar
explosão ou incêndio.

Esta propriedade é igualmente importante para os gases, temos como exemplos o gás
liquefeito de petróleo (GLP) e o gás natural veicular (GNV), o primeiro é mais denso que o ar,
de forma que no caso de vazamento, o mesmo irá se depositar nas partes inferiores do
ambiente que estiver ocupando. Já o GNV, que é menos denso que o ar, tenderá a se depositar
nas partes superiores do ambiente ou, se dissipará para a atmosfera, caso haja aberturas para
isso além de casos que o vazamento ocorra em locais abertos como postos de abastecimento.

10.1.4.3.4. Miscibilidade
A miscibilidade está relacionada à mistura de duas substâncias, caso elas sejam
insolúveis entre si teremos a formação de diferentes fases. Esta é uma propriedade de grande
importância, tendo em vista o fato de que a mistura de duas substâncias que individualmente
possam não apresentar um risco significativo, uma vez misturadas, pode resultar em um novo
composto extremamente perigoso.

É o caso da mistura do nitrato de amônia com o óleo diesel que, uma vez misturados,
potencializam seus riscos formando uma substância explosiva chamada ANFO – acrônimo do
inglês Ammonium Nitrate / Fuel Oil.
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10.1.4.3.5. Pontos notáveis da combustão


Você já parou para pensar no porquê de ao colocarmos, por exemplo, um fósforo em
chamas em contato com gasolina a mesma entra imediatamente em combustão e o mesmo
não ocorre se pusermos esse fósforo em contato com uma tábua de madeira? Ou ainda no
porquê do carvão em uma churrasqueira, algumas vezes, em contato com uma fonte ígnea se
inflamar e ao ser retirada essa fonte o mesmo não conseguir manter a combustão e se apagar?

Na verdade, como já visto anteriormente, na combustão o que se inflama são os gases


combustíveis desprendidos pelo material quando este é aquecido (pirólise). De forma que cada
material possui temperaturas específicas ligadas à liberação destes gases, a estas
temperaturas denominamos pontos notáveis da combustão.

O conhecimento destas propriedades é importante na medida em que podemos fazer


uma relação entre a periculosidade ligada ao risco de inflamabilidade de determinado material
e os valores relativos referentes aos seus pontos notáveis da combustão. Discorreremos a
seguir a respeito de cada um deles:

i) Ponto de fulgor – É a temperatura


mínima na qual o corpo combustível
começa a desprender vapores, que se
incendeiam em contato com uma
fonte de calor, entretanto, ao
retirarmos esta fonte, a chama não se
mantém devido à insuficiência da 1º momento 2º momento 3º momento
quantidade de vapores. Fig. – ponto de fulgor

ii) Ponto de combustão ou inflamação –


É a temperatura mínima na qual o
corpo combustível começa a
desprender vapores, que se
incendeiam em contato com uma fonte
de calor, e mantêm-se queimando,
1º momento 2º momento 3º momento
mesmo com a retirada desta fonte.
Fig. – ponto de combustão

iii) Ponto de ignição – É a temperatura na


qual os gases desprendidos do
combustível entram em combustão
apenas pelo contato com o oxigênio do
ar, independentemente de qualquer
contato com uma fonte de calor. 1º momento 2º momento
Fig. – ponto de ignição
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TABELA 5 – TEMPERATURAS CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS COMBUSTÍVEIS


Substância Ponto de Fulgor (0C) Ponto de combustão (0C) Ponto de ignição (0C)
Pinho 225 265 280
Madeira dura ~245 ~270 ~290
Papel 230 - 230
Polietileno 340 - 350
Gasolina -40 -20 227
Gasóleo 90 104 330
Petróleo 30 43 250 a 450
Óleo lubrificante 157 177 230
Etanol 13 - 370
Butano -60 - 430
Etileno - - 490 a 540
Fonte: ENB, 2006

10.1.4.3.6. Tendência para liberar vapores (combustíveis líquidos)


A norma portuguesa NP-1936 (1983) traz uma categorização quanto à tendência de
um combustível líquido para liberar vapores, ou seja, são elencadas três categorias levando em
conta o ponto de fulgor, vejamos a seguir:

 1ª categoria – possuem ponto de fulgor inferior a 210C. Implica dizer que estas
substâncias liberam vapores a temperatura ambiente.

 2ª categoria – substâncias com ponto de fulgor maior ou igual a 210C e inferior a


550C. Podem liberar calor independentemente da presença de uma fonte de calor.

 3ª categoria – ponto de fulgor maior ou igual a 550C. Essas substâncias só liberam


vapores quando submetidas à fonte de calor.

TABELA 6 – PONTOS DE FULGOR DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS


Categoria Combustível Ponto de fulgor (0C)
Éter de petróleo -45
Gasolina -45 a -20
1ª categoria Acetona -12
Benzeno -11
Álcool a 800 10
Aguarrás 34
2ª categoria Aguardente 36 a 54
Petróleo 45 a 48
3ª categoria Gasóleo 65 a 72
Óleo de travões 82 a 118
Óleos lubrificantes 175 a 220
Fonte: ENB, 2006
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Ainda dentro deste contexto temos como assunto importante a classificação quanto
ao líquido inflamável e líquido combustível, neste manual adotaremos a definição dada pela
Norma Regulamentadora nº 20, do Ministério do Trabalho em Emprego:

i) Líquido inflamável – todo produto que possua ponto de fulgor inferior a 700C e
pressão de vapor absoluta que não exceda 2,8 kgf/cm, a 37,70C. A pressão de vapor
depende do líquido e das temperaturas (do líquido e do ambiente), quanto maior
for a pressão de vapor, mais volátil é o líquido.

ii) Líquido combustível – todo produto que possua ponto de fulgor igual ou superior a
700C e inferior a 93,30C.

10.1.4.4. Limites de inflamabilidade (ou explosividade)

Para haver combustão não basta apenas que uma quantidade qualquer de combustível
misturada ao comburente entre em contato com uma fonte de calor, na verdade essa mistura
deve conter uma porcentagem mínima ou máxima de combustível e essas quantidades são
definidas pelo limite inferior (LII) e superior de inflamabilidade (LSI).

O LII e o LSI correspondem respectivamente às frações volumétricas (ou percentual


em volume) mínimas e máximas de combustível em uma mistura comburente que quando
submetida a uma fonte de ignição provoca uma combustão auto-sustentada (GLASSMAN,
2001).

De forma simplifica, estes conceitos de limites de inflamabilidade estabelecem que


uma mistura ar-combustível somente será inflamável quando sua composição, em termos de
quantidade de combustível, estiver dentro do intervalo de inflamabilidade (IIN), cujos
extremos são definidos pelo limite inferior e superior de inflamabilidade do combustível
investigado (SHELDON, 1984; CROWL e LOUVAR, 2002).

Exemplo de Limites de inflamabilidade


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O intervalo de inflamabilidade varia de substância para substância, como podemos


observar na tabela abaixo.

TABELA 7 – LIMITES DE INFLAMABILIDADE DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS


Limites de inflamabilidade
Combustível
LII (%) LSI (%)
Hidrogênio 4,0 75,0
Monóxido de carbono 12,5 74,0
Metano 5,0 15,0
Etano 3,0 12,4
Propano 2,1 9,5
Etanol 3,3 19,0
Acetileno 2,5 100
Benzeno 1,3 7,9
Fonte: An introducion to fire dynamics , Douglas Drysdale

10.1.5. Velocidade da Combustão

A velocidade de uma combustão depende de vários fatores, sendo mais rápido tanto
quanto:

 Maior o grau de divisão do combustível;


 Mais inflamável for o combustível;
 Maior a quantidade de combustível exposta ao comburente;
 Maior a renovação de comburente.

Quanto à velocidade, a combustão pode ser classificada em quatro tipos: lenta, viva,
deflagração ou explosão.

i) Lenta – Ocorre quando se produz uma temperatura inferior a 5000C, este tipo
de combustão não provoca liberação de energia luminosa. Ex.: oxidação de
metal, ferrugem, respiração, etc.
ii) Viva – Ocorre quando a reação química de oxidação libera energia luminosa
(fogo) e calor. A mistura dos gases inflamados com o ar dá origem à chama. A
velocidade da queima é sensivelmente menor que a da deflagração. Ex.:
Queima de materiais comuns diversos.
iii) Deflagração – É uma combustão muito rápida, porém inferior à velocidade do
som (340 m/s). Ex.: a queima de pólvora.
iv) Explosão – Nesse caso a combustão tem velocidade superior à velocidade do
som (340 m/s), para tanto a mistura deve se encontrar numa proporção
específica (mistura explosiva ou detonante) em determinado ambiente. Este
tipo de combustão provoca um aumento de temperatura ou pressão ou ambas
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no ambiente que ocorre. Há também formação de ondas de choque em função


do deslocamento do ar. Ex.: Explosões de gás de cozinha, dinamite, etc.

10.1.6. Produtos da Combustão

As combustões produzem uma série de produtos provenientes da reação do


combustível com o comburente. Esses produtos podem ser visíveis ou não. Entre eles temos: a
fumaça, a chama, o calor e gases.

i) A fumaça – É um dos produtos da combustão, o resultado de uma combustão


incompleta, na qual pequenas partículas sólidas se tornam visíveis. A fumaça varia de
cor, conforme o tipo de combustão, como vemos a seguir:
a. Fumaça de cor branca – indica que a combustão é mais completa, com
rápido consumo de combustível e boa quantidade de comburente;
b. Fumaça de cor negra – combustão que se desenvolve em altas
temperaturas, porém com deficiência de comburente, como exemplo
temos a combustão de plásticos;
c. Fumaça amarela, roxa ou violeta – presença de gases altamente tóxicos.

ii) A chama – São os gases incandescentes, visíveis ao redor da superfície do material em


combustão.

iii) Calor – É a energia liberada pela combustão, que propicia o aumento de temperatura
e dá continuidade à combustão.

iv) Gases – Resultam da modificação química do combustível, associada com o


comburente. A combustão produz, entre outros, monóxido de carbono (CO), dióxido
de carbono (CO2) e o ácido cianídrico (HCN).

Normalmente a unidade usada para identificar a concentração dos gases em determinado


local é a parte por milhão (ppm). Uma parte por milhão corresponde, por exemplo a um
mililitro cúbico em cada metro cúbico, pois cada metro cúbico corresponde a um milhão de
mililitros.

Em percentagem, uma ppm é equivalente a 0,0001 % do volume total, ou seja, 1% é


equivalente a 10 000 ppm. Vejamos na tabela 8 a toxicidade de alguns gases provenientes da
combustão.
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TABELA 8 – TOXICIDADE, EM PPM, DE VÁRIOS GASES DE COMBUSTÃO E


SEUS PROVÁVEIS MATERIAIS DE ORIGEM
Substância Admissível por Perigosos em Mortal Origem
várias horas meia hora
Dióxido de Todos os materiais
1000 a 1500 3500 a 4000 60000 a 70000
carbono, CO2 orgânicos
Monóxido de Todos os materiais
100 1500 a 2000 10000
carbono, CO orgânicos
Vapores nitrosos, Celulóide e
10 a 40 100 a 150 200 a 700
NO/NO2 brinquedos
Ácido cianídrico, Lã, seda e alguns
15 100 180 a 270
HCN plásticos
Materiais
Ácido clorídrico,
10 1000 a 2000 1300 a 2000 sintéticos como o
HCL
PVC
Materiais
Ácido sulfídrico,
20 300 1000 orgânicos com
H2S
enxofre
Em sistemas de
Amoníaco, NH3 100 500 2500 a 5000
refrigeração
Materiais à base
Cloro, Cl2 0,35 a 1,0 40 a 60 1000
de cloro
Materiais à base
Fosgênio, COCl2 1,0 25 50
de cloro
Fonte: ENB, 2006

10.2. ESTUDO DO INCÊNDIO

10.2.1. Classes de incêndio

Visando obter maior eficiência nas ações de combate a incêndio, tornando-as mais
objetivas e seguras com o emprego do agente extintor correto, os incêndios foram
classificados de acordo com o material combustível neles envolvidos. Essa classificação foi
elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association), uma associação norte-americana
que serve de referência para muitas instituições no mundo, e foi recepcionada pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

A seguir veremos as principais características de cada uma delas, especialmente


quanto à composição e à forma como os mesmos desenvolvem sua combustão. Essas
informações são de fundamental importância para a atividade de combate a incêndio.
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10.2.1.1. Classe A

São incêndios que envolvem combustíveis sólidos


comuns (geralmente de natureza orgânica), como
madeira, papel, borracha, plástico, dentre outros. Têm
como características queimar em razão do seu volume
(queimam em superfície e profundidade) e deixar
resíduos fibrosos (cinzas).

O método de extinção mais eficiente para este tipo de combustível é o resfriamento


com água, apesar de existirem pós para a extinção deste tipo de incêndio. Espuma também
pode ser utilizada, apesar de não obterem a mesma eficácia.

TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES PARA CLASSE A


Agente extintor Adequação conforme o INMETRO
Água Sim
Espuma mecânica Sim
Pó para extinção de incêndio Sim, desde que do tipo ABC
Gás carbônico Sim, desde que seja no início
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios

10.2.1.2. Classe B

São incêndios envolvendo líquidos inflamáveis,


graxas e gases combustíveis. Caracterizam-se por não
deixarem resíduos e queimarem apenas na superfície
exposta (queimam só em superfície ).

Os métodos de extinção mais eficientes para este


tipo de combustível são o abafamento com espuma e a
quebra da reação em cadeia com uso de pó para extinção de incêndios.

TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES PARA CLASSE B


Agente extintor Adequação conforme o INMETRO
Água Não recomendável, espalha o fogo
Espuma mecânica Sim
Pó para extinção de incêndio Sim
Gás carbônico Sim, cuidado para não espalhar o combustível
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios
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10.2.1.3. Classe C

Qualquer incêndio envolvendo combustíveis


energizados. Alguns combustíveis energizados (aqueles
que não possuem algum tipo de armazenador de energia)
podem se tornar classe A ou B, se forem desligados da
rede elétrica.

Caso não seja possível cortar a energia, deve ser


usado preferencialmente um agente extintor que não seja condutor elétrico. Caso isso não
seja possível, devem-se adotar os cuidados necessários para combater com algum agente com
baixa condutividade elétrica.

TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES PARA CLASSE C


Agente extintor Adequação conforme o INMETRO
Água Não
Espuma mecânica Não
Pó para extinção de incêndio Sim
Gás carbônico Sim
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios

10.2.1.4. Classe D

Incêndios resultantes da combustão de metais


pirofóricos. Esses combustíveis são caracterizados pela
queima em altas temperaturas e por reagirem com
alguns agentes extintores (principalmente a água).

O combate deste tipo de combustível requer


uma análise das características específicas do material
que está em combustão. Em alguns casos a utilização
de água nestes metais irá agravar o quadro do incêndio em função de causar reações
violentas.

TABELA – ADEQUAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES PARA CLASSE D


Agente extintor Adequação conforme o INMETRO
Água Não
Espuma mecânica Não
Pó para extinção de incêndio Sim
Gás carbônico Sim
Areia Sim
Limalha de ferro fundido Sim
Fonte: NR-23 Proteção contra incêndios
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Esses materiais não são encontrados em abundância no que se diz respeito a


edificações. Normalmente observa-se uma maior concentração dos mesmos no ramo
industrial. A seguir apresentaremos uma lista de metais deste tipo com suas principais
aplicações.

TABELA – EXEMPLOS DE ALGUNS METAIS E SUAS PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES


Agente extintor Adequação conforme o INMETRO
- ligas de estanho;
Antimônio - revestimentos de cabos, moldes, soldaduras e tubos; e
- fogos de artifício, fulminantes e balas tracejantes.
- lubrificantes (graxas) de alto desempenho; e
Lítio
- baterias.
- flashes fotográficos;
Magnésio - artefatos pirotécnicos e bombas incendiárias; e
- construção de aviões, mísseis e foguetes.
- fertilizantes (sais de potássio);
- medicamentos e sabões (carbonato de potássio – K2CO3);
Potássio
- fotografia (brometo de potássio – KBr); e
- explosivos (nitrato de potássio – KNO3).
- fabricação de células fotoelétricas;
- câmeras de TV e máquinas xerográficas;
- baterias solares e retificadores;
Selênio - banhos fotográficos;
- vulcanização da borracha;
- fabricação de retificadores de selênio; e
- fabricação de hidrocarbonetos provenientes do petróleo.
sódio - iluminação pública
- componente de liga para alumínio, molibdênio e manganês;
- componente de liga para ferro e outros metais;
Titânio - fabricação de aviões, mísseis e naves espaciais;
- próteses ósseas e implantes dentários; e
- tintas.
- ligas de latão para soldas;
- tipografia;
- baterias e soldas;
Zinco
- produção de peças fundidas sob pressão;
- indústria automobilística, de equipamentos elétricos e outras; e
- revestimento (galvanização) de peças de aço.
- reatores nucleares;
- indústrias químicas;
Zircônio - confecção de ímãs supercondutores;
- indústria de cerâmica e vidro; e
- laboratórios.

Fonte: CBMDF, 2006


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10.2.1.5. Classe E

Esta é uma classificação usada na Europa e Oceania para definir a classe que contém o
incêndio em materiais radioativos.

Para o combate a esta classe nós adotamos as orientações contidas nas normas
emitidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). As orientações para o combate
prevêem a utilização de água, porém devem existir os mecanismos e estruturas capazes de
confinar este resíduo.

O incêndio em materiais radioativos está relacionado à classe 7 de produtos perigosos,


portanto devemos compreender as características e peculiaridades para que o bombeiro faça
o combate em segurança. Mais informações a respeito destes materiais serão fornecidas neste
manual ao estudarmos a parte de produtos perigosos.

10.2.1.6. Classe K

Esta classificação não é adotada oficialmente no


Brasil. A NFPA (norma americana) inclui óleos e gorduras
de cozinha nesta classe de incêndio. A letra ”K” utilizada
faz menção à cozinha em inglês Kitchen.

O objetivo desta classificação é enfatizar os riscos


e a necessidade da prevenção de incêndios deste tipo. O
combate se faz da mesma forma que os de incêndios de
Classe B.

10.2.2. Proporções do incêndio

Para que uma atividade desenvolvida possa ser corretamente analisada e melhorada, é
necessário que esta seja, dentro da medida do possível, medida através de indicadores. Pois
não basta que saibamos o número de incêndios para os quais os socorros tenham sido
acionados, precisa-se identificar também a proporção dos mesmos. Com esse intuito foi criada
a classificação dos incêndios quanto à proporção, de forma a nos orientar principalmente
quanto ao acionamento de recursos para a resposta aos sinistros. A seguir descreveremos cada
uma delas:

i) Incêndio Incipiente ou Princípio de Incêndio: Evento de mínimas proporções e para


o qual é suficiente a utilização de um ou mais aparelhos extintores portáteis.
ii) Pequeno Incêndio: Evento cujas proporções exigem emprego de pessoal e material
especializado, sendo extinto com facilidade e sem apresentar perigo iminente de
propagação.
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iii) Médio Incêndio: Evento em que a área atingida e a sua intensidade exigem a
utilização de meios e materiais equivalentes a um socorro básico de incêndio (que
conforme o Art. 62 da Lei 250/79 - Organização Básica é composto por: 01 Auto-
Bomba (AB) ou 01 Auto-Bomba para Inflamável (ABI), de 01 Auto-Bomba Tanque
(ABT) ou 01 Auto-Tanque (AT) e de 01 Auto-Busca e Salvamento (ABS)),
apresentando perigo iminente de propagação.
iv) Grande Incêndio: Evento cujas proporções apresentam uma propagação crescente,
necessitando do emprego efetivo de mais de um socorro básico para a sua
extinção.
v) Extraordinário: Incêndio oriundo de abalos sísmicos, vulcões, bombardeios e
similares, abrangendo quarteirões. Necessita para a sua extinção do emprego de
vários socorros de bombeiros, mais o apoio do Sistema de Defesa Civil.

10.2.3. Causas do incêndio

É de enorme interesse para a Corporação saber a origem dos incêndios quer para fins
legais, quer para fins estatísticos e prevencionistas. Daí a importância de se preservar o local
do incêndio, procurando não destruir possíveis provas nas operações de combate e rescaldo.
Dessa forma, os peritos do CPPT (Centro de Prova e Perícias Técnicas) ou da perícia da Polícia
Judiciária poderão determinar com maior facilidade a causa do incêndio.

As causas de incêndios no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro são


classificadas do seguinte modo:

ii) Causas naturais: Quando o incêndio é originado em razão dos fenômenos da


natureza, que agem por si só, completamente independentes da vontade humana.
iii) Causas artificiais: Quando o incêndio irrompe pela ação direta do homem, ou
poderia por ele ser evitado, tomando-se as devidas medidas de precaução (atos
inseguros ou condições de insegurança). Esses atos ou condições são:
a. Acidentais - Quando o incêndio é proveniente do descuido do homem,
muito embora ele não tenha intenção de provocar o acidente. Esta é a
causa da maioria dos incêndios.
b. Propositais - Quando o incêndio tem origem criminosa, ou seja, houve a
intenção de alguém provocar o incêndio.

10.2.4. Propagação do incêndio

A propagação do incêndio se deve a vários fatores, sendo o de maior importância para


o nosso estudo, o fato de um corpo em combustão liberar grande quantidade de calor e,
somado a isto, o fato de que dois ou mais corpos em temperaturas diferentes tenderem a
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entrar em equilíbrio térmico, acontecendo uma transferência de calor do corpo de maior


temperatura para o de temperatura mais baixa.

Há que se considerar ainda o fato de que normalmente, caso exista combustível


disponível, basta que haja a presença da energia de ativação para que seja iniciado ou
propagado um incêndio, já que o comburente (oxigênio) está disponível em abundância na
natureza.

Esses fatos têm grande relevância na forma de propagação do incêndio, que pode
ocorrer de quatro formas, como vemos a seguir:

 Condução

É a transferência de calor diretamente no interior de


um corpo ou através de corpos em contato. Esta
transferência é feita de molécula a molécula sem que haja
transporte de matéria de uma região para outra. É o
processo pelo qual o calor se propaga da chama para a mão,
através da barra de ferro ou, no caso de um incêndio em
edifício, a propagação do incêndio acontecerá pela
condução do calor pela estrutura metálica, vigas, etc.
Fig.: Condução

 Convecção

É a transferência do calor geralmente no sentido


ascedente, realizada pelo deslocamento de massas líquidas
ou gasosas aquecidas. Esta transferência se processa em
decorrência da diferença de densidade dos fluidos ou pela
capacidade de escoamento dos líquidos, que ocorre com a
absorção ou perda de calor. Em edificações verticalizadas
essa é a principal forma de propagação, fazendo a
comunicação do calor pelo interior da edificação através
das escadas, condutos de ventilação, poço dos elevadores,
Fig.: Convecção etc.
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 Irradiação

É a transmissão do calor por meio de ondas caloríficas, sob a forma de radiação, que se
propagam em todas as direções através do espaço sem a necessidade de suporte material. A
intensidade com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui, proporcionalmente, de
acordo com a distância do corpo e a fonte irradiadora. A irradiação, como luz, passa por corpos
transparentes como o vidro e fica bloqueada em corpos opacos como a parede. Ex: O calor
propagado de um prédio para outro sem ligação física.

Fig.: Irradiação

 Projeção

É o deslocamento ou queda de objetos (essencialmente os sólidos) em combustão,


podendo provocar outro foco de incêndio. Ex.: janela de madeira de um edifício que cai, em
chamas, sobre uma loja ou, ainda, em um incêndio florestal, um tronco que rola do alto de um
morro em chamas, até um local mais baixo e não incendiado.

Fig.: Projeção
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10.2.5. Fases do incêndio

Para se fazer combate usando táticas e ferramentas adequadas, é necessário que o


bombeiro tenha a compreensão das diferentes fases do incêndio, desta forma as decisões
serão adequado às necessidades e o sinistro será debelado com eficiência.

Um incêndio é uma combustão (fogo) sem controle no espaço e no tempo. De uma


forma simples, um incêndio, abandonado a si mesmo, depois da sua fase inicial, entra em
combustão livre até se verificar o decaimento das chamas.

O desenvolvimento de um incêndio depende de muitos fatores de tal forma que, no


Corpo de Bombeiros, é usual dizer-se que não há dois incêndios iguais. Porém, é normal
sucederem-se as seguintes fases no desenvolvimento de um incêndio (ENB, 2006):

10.2.5.1. Fase inicial ou eclosão

A Fase inicial ou eclosão, é a fase em que o combustível e comburente no ambiente


são abundantes, ocorre um aumento gradual da temperatura da chama, ao mesmo tempo que
são liberados o vapor d´água e gases como o dióxido de carbono, monóxido de carbono,
dentre outros. Nesta fase o incêndio fica limitado ao foco inicial e suas proximidades.

Fig.: Fase inicial – Fonte: ENB,2006


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10.2.5.2. Queima livre ou propagação

A Fase de queima livre ou propagação, em que existe uma elevada produção de


chamas atingindo-se a temperatura máxima devido, não só à quantidade de oxigênio existente
ainda no ar e que alimenta a combustão, como também aos vapores quentes que estão sendo
produzidos e se elevam.

Também chamada de estágio de queima livre ou estável, é nela que o incêndio torna-se
mais forte, usando mais e mais oxigênio e combustível. Nessa fase, sua temperatura
continuará se elevando acima de 800 ºC, o que já foi provado em testes reais de incêndio em
ambientes fechados (KARLSSON e QUINTIERE, 1999).

Fig.: Queima livre – Fonte: ENB,2006

Num incêndio ao ar livre, segue-se então a fase de declínio das chamas até se verificar a
extinção, por ausência de combustível.

Já em um local fechado o fenômeno será mais complexo, pois da fase de combustão


livre o incêndio pode evoluir para três situações distintas (ENB, 2006):

a) Declínio das chamas (como num incêndio ao ar livre) – quando o espaço for ventilado e o
calor puder ser liberado para o exterior;

b) Flashover (ou Combustão generalizada) – Caso o calor não possa ser liberado para o
exterior, porém exista uma renovação de ar no local do incêndio;
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c) Asfixia – se não existir renovação de ar no local do incêndio, sendo notório o decaimento


das chamas apesar da temperatura se manter com valores muito elevados. A quantidade
de oxigênio existente é baixa, dando origem à incandescência, isto é, à formação de
brasas. Contudo, a quantidade de gases liberados na combustão é máxima,
nomeadamente o monóxido de carbono, existindo sérios riscos de Backdraft (ou explosão
de fumaça), se a ventilação do local não for corretamente efetuada.

Fig.: evolução de um incêndio em um espaço fechado – Fonte: ENB,2006

10.2.5.2.1 Flashover ou combustão generalizada


Na medida em que o incêndio vai se desenvolvendo e que a combustão acontece, mais
gases vão sendo liberados dos combustíveis daquele ambiente. Gradualmente vai
acontecendo o aumento da temperatura no local.

O calor gerado, desde que encontre dificuldade de se dissipar, aumenta naturalmente


a temperatura dos corpos e principalmente dos gases dispersos naquele local, até o ponto
destes atingirem temperaturas muito elevadas e assim entrarem em combustão
simultaneamente, a esse fenômeno denominamos flashover ou combustão generalizada.

O período de tempo compreendido entre o início do incêndio e a combustão


generalizada depende da admissão de ar e do potencial calorífico do combustível. Em termos
práticos, tendo em vista a segurança dos bombeiros, indica-se um período médio de 15
minutos. A partir desse momento a temperatura no local é uniforme e a radiação sobre as
paredes atinge o seu valor máximo.

Após o flashover ocorre o que denominamos de combustão contínua que tem a


característica de manter uma temperatura constante e uma máxima liberação de calor no
ambiente, até entrar na fase de declínio das chamas.
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Fig.: Flashover – Fonte: ENB,2006

10.2.5.2.2 Backdraft ou explosão de fumaça


Na medida em que o incêndio vai acontecendo, a combustão vai consumindo o
oxigênio disponível no ambiente. Contudo, isso não quer dizer que a temperatura
necessariamente vá diminuir na mesma proporção.

Com isso, podemos chegar ao momento em que haja combustível disponível no local –
especialmente gases presentes na fumaça como o monóxido de carbono – e temperatura
elevada, mas não haja oxigênio suficiente para manter a combustão acontecendo.

Suponhamos baseados nas informações supracitadas, que seja feito um


arrombamento de uma grande janela por um bombeiro para combater o incêndio no local.
Podemos observar que neste momento irá ocorrer bruscamente a entrada de oxigênio no
local, extinguindo o único impedimento para a continuidade do incêndio, de forma que há
uma explosão da fumaça, o que chamamos de backdraft.

Portanto o fenômeno do backdraft pode ser evitado se for feita uma ventilação correta no
local e ainda se forem tomados os devidos cuidados por parte dos bombeiros no momento do
acesso ao local do incêndio.

Fig.: backdraft – Fonte: ENB,2006


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10.2.5.3. Declínio das chamas

Essa fase ocorre nos momentos em que o incêndio já consumiu a maior parte do
oxigênio e combustível presente no ambiente. Dessa forma as chamas tendem a diminuir. Em
concentrações abaixo de 16% ocorre a extinção das chamas, permanecendo apenas brasas.

Todo cuidado deve ser tomado quanto ao combate e acesso ao local durante essa fase
pelos motivos expostos anteriormente quanto ao risco da ocorrência do backdraft, portanto
apesar de ser uma fase de declínio das chamas os perigos são muito consideráveis.

Contudo, devemos compreender que por estar em fase de declínio, o incêndio tenderá
a cada vez mais apresentar apenas focos de chamas, a permanência dele dependerá tão
somente do combustível e comburente disponível, ainda que em condições mínimas, no local.

Fig.: gráfico temperatura versus tempo das fases de um


Incêndio – Fonte: tactical firefighting, Paul Grimwood

10.2.5.4. Combustão oculta

O desenvolvimento de uma combustão sem envolver uma chama como, por exemplo,
um cigarro ou materiais domésticos, tal como forros de mobílias contendo algodão ou espuma
de poliuretano, é bastante comum. Uma pilha de fragmentos de madeira, serragem ou carvão
pode arder durante semanas ou meses sem a libertação efetiva de uma chama (ENB, 2006).

Temos este tipo de combustão, normalmente em materiais porosos, onde em seu


interior formam compostos de carbono quando aquecidos. Em função da baixa condutividade
térmica destes materiais, o calor resultante fica retido no seu interior garantindo, assim, a
temperatura necessária para a continuação da combustão.
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10.2.6. Métodos de extinção do incêndio

A extinção de um incêndio corresponde sempre em extinguir a combustão pela


eliminação ou neutralização de pelo menos um dos elementos essenciais da combustão,
representados pelo tetraedro do fogo. Para tanto faremos a abordagem de quatro métodos
teóricos de extinção do incêndio:

 Isolamento;
 Abafamento;
 Resfriamento;
 Inibição da reação em cadeia.

10.2.6.1. Isolamento

Este método de extinção de incêndio consiste na separação entre o combustível e a


fonte de energia (calor) ou entre aquele e o ambiente incendiado. É um método muito eficaz,
porém complexo de ser executado, devido a vários fatores, como: o tamanho e peso do
material combustível e ainda a via de escape desse material. É também muito utilizado no
combate indireto a incêndios florestais por meio da construção de aceiros, que se processa
removendo-se a vegetação em torno do fogo.

No caso de incêndios em materiais líquidos ou gasosos, o próprio fechamento de


válvulas para impedir o derramamento ou escapamento do material é uma forma de aplicar o
método do isolamento.

Fig.: Exemplo de extinção por Isolamento – Fonte: ENB,2006


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10.2.6.2. Abafamento

Método de extinção de incêndio que consiste na redução da concentração do


comburente (Oxigênio) para valores próximos a 14% na maior parte dos casos e 6% se houver
brasas, tornando a mistura pobre, ou a eliminação total do contato do combustível com o
comburente (Oxigênio).

Na verdade podemos dividir este método em duas possibilidades diferentes, que são:

 Asfixia – quando não há qualquer ação exterior, de forma que a diminuição do


comburente resulta exclusivamente do seu consumo pela combustão, não
havendo neste caso uma renovação do ar daquele ambiente.
 Abafamento – quando a diminuição do comburente resulta de uma ação
exterior.

O abafamento é conseguido principalmente com a inserção de um gás inerte,


diminuindo a concentração do comburente ou cobrindo as chamas com um material, que
possua um ponto elevado de combustão, impedindo que este faça parte da combustão. Temos
como exemplo a utilização de uma tampa metálica agindo em uma lixeira ou a utilização de
espuma, química ou mecânica, em um recipiente contendo líquido inflamável.

Fig.: Exemplo de extinção por abafamento – Fonte: ENB,2006


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10.2.6.3. Resfriamento

Método de extinção de incêndio que consiste no arrefecimento do combustível, ou


seja, na diminuição da temperatura deste, de forma que a mesma se torne inferior ao ponto
de combustão.

Este é o método mais utilizado para o combate ao incêndio, sendo necessário um


agente extintor com grande capacidade de absorção de calor e elevado ponto de combustão.
Como exemplo temos a água que é o agente extintor mais utilizado.

Importante frisar que mesmo que na maior parte das vezes, este método seja
associado ao uso de água, a ventilação tática também pode ser encarada como resfriamento,
já que, além de escoar a fumaça do local, também remove o calor do ambiente.

Fig.:Exemplo de extinção por resfriamento – Fonte: ENB,2006

10.2.6.4. Inibição

A inibição ou ruptura da reação em cadeia consiste em impedir a transmissão de


energia (calor) de uma partícula do combustível para outra limitando, assim, a formação de
radicais livres e/ou consumindo-os à medida que se formam (ENB, 2006).
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O pó químico é um exemplo de agente extintor que atua desta forma, ele se


decompõe em radicais livres que, ao combinarem-se com aqueles produzidos no processo de
combustão, os elimina e inibe a reação em cadeia.

Importante salientar o fato de que este método de extinção deve sempre ser
acompanhado de um dos anteriores, já que caso façamos a ruptura da reação em cadeia e
ainda haja a presença dos três lados do triângulo do fogo, muito provavelmente teremos uma
reignição.

Fig.:Exemplo de extinção por inibição – Fonte: ENB,2006

10.2.7. Agentes extintores de incêndio

Agente extintor é o nome dado ao produto que é empregado para se realizar o


combate a incêndios. Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira específica
sobre a combustão, debelando o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já
citados.

Os agentes extintores devem ser utilizados de forma criteriosa, observando-se a sua


correta utilização e o tipo de classe de incêndio, tentando, sempre que possível, minimizar os
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efeitos danosos do próprio agente extintor sobre os materiais e equipamentos não atingidos
pelo incêndio.

Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo e um
bom rendimento operacional. Além dos estudados normalmente, é importante fazer uma
citação a dois: terra e areia, estes agentes são usados conforme sua disponibilidade, muitas
vezes como meio de fortuna, e agem por abafamento. A terra pode ter ainda um importante
papel quando nos referimos a incêndios florestais.

Os agentes extintores certificados no Brasil e que serão abordados neste manual são:

 Água - NBR 11.715;


 Espuma mecânica - NBR 11.751;
 Pós para extinção de incêndio - NBR 10.721; e
 Gás carbônico - NBR 11.716.

As normas citadas acima se referem apenas ao emprego desses agentes em aparelhos


extintores de incêndio.

10.2.7.1. Água

É o agente extintor mais utilizado na eliminação de incêndios, devido ao seu baixo


custo e à sua abundância. Ela atua na extinção principalmente por resfriamento, devido ao seu
alto calor específico, fazendo com que ela absorva uma grande quantidade de calor para
pouco incremento na sua temperatura.

A água, quando utilizada em jato neblinado ou pulverizada, terá um maior poder de


arrefecimento, tendo em vista que a sua capacidade de absorver calor é diretamente
proporcional à área superficial de contato, sendo que, por vezes, é necessária a utilização de
jatos compactos, a fim de vencer grandes distâncias.

Secundariamente, a água atua por abafamento, em decorrência de a água ser


transformada em vapor, aumenta assim seu volume em cerca de 1700 vezes, deslocando o
volume de comburente (oxigênio) que envolve a combustão, tornando assim a mistura pobre.

Ela apresenta excelente resultado no combate a incêndios da Classe A, podendo ser


usada também na Classe B, desde que de forma criteriosa, e também na Classe C, com
algumas indicações e restrições.

Os maiores inconvenientes de sua utilização no combate a incêndios são os danos


causados por ela ainda no combate, especialmente no caso do uso de jatos compactos. Além
da corrosão causada por ela, mesmo após a extinção do incêndio.
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10.2.7.1.1 Aditivos
A água é também utilizada com aditivos. Estes são substâncias sólidas ou líquidas em
concentrações inferiores a 6%, que se adicionam de modo a obter-se uma maior eficácia
extintora (ENB, 2006). A classificação dos aditivos é feita da seguinte forma:

i) Aditivos espalhantes – são substâncias que diminuem a tensão superficial da água


reduzindo o ângulo de contato destas com a superfície do material em chamas.
Estes produtos proporcionam o espalhamento completo da água sobre a superfície
combatida aumentando a absorção e principalmente penetração deste agente
extintor. (Vargas, 2006)

ii) Aditivos molhantes – permitem um contato mais eficaz e durável com o


combustível ao aumentar a tensão superficial da água e, conseqüentemente,
retardar a sua evaporação (Vargas, 2006), dessa forma fazendo com que a água
permaneça mais tempo sobre o material e possibilitando uma maior absorção da
mesma, e conseqüentemente resultando em uma melhor absorção calorífica e, em
um resfriamento mais eficaz.

iii) Aditivos emulsores – também atuam sobre a tensão superficial da água criando
bolhas estáveis. Destaca-se neste tipo de aditivo um emulsor em particular
chamado de Agente Formador de Filme Flutuante (AFFF) também utilizado na
produção de espumas, como será referido adiante.

iv) Aditivos viscosificantes – têm a característica de aumentar a viscosidade da água


promovendo uma maior aderência às superfícies verticais. Em função deste
aumento de viscosidade são gerados alguns inconvenientes no uso destes aditivos
como uma menor capacidade de penetração, maiores perdas por fricção nas
mangueiras, problemas de limpeza do local após a extinção, dentre outros. Devido
a isto, estes aditivos têm uma indicação para utilização maior em incêndios
florestais nos quais não se verificam problemas tais como os de limpeza após o
incêndio.

v) Aditivos opacificantes – aumentam o poder refrigerante da água porque diminuem


a passagem do calor aos materiais vizinhos, por radiação, através da água. São
tipicamente empregues em incêndios florestais, em conjunto com os
viscosificantes. (ENB, 2006)

Além destes existem outros aditivos, sem ação extintora, que são os anticongelantes e
os anticorrosivos.
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10.2.7.2. Espuma

No caso dos incêndios, especialmente em líquidos derivados do petróleo, a água não


se apresenta como uma boa alternativa para o combate, principalmente em função de sua
maior densidade em relação a esses líquidos. Desta forma buscou-se uma solução para este
problema, tendo na utilização da espuma uma excelente opção.

As espumas líquidas se assemelham a bolhas. São sistemas constituídos por uma fase
contínua líquida (na superfície) e uma gasosa (no interior), apresentando uma estrutura
formada pelo agrupamento de várias células (bolhas) originadas a partir da introdução de
agentes tensoativos e ar na água (CBMDF, 2006).

As espumas apresentam uma densidade muito menor que a da água, de forma que ao
ser utilizada para o combate a incêndios, ela espalha-se sobre a superfície do material,
isolando o mesmo do contato com o oxigênio, este princípio é o que a torna tão eficiente no
combate aos incêndios da classe B.

Possuem restrições ao uso em incêndios da classe C em função da mesma ter em sua


composição a água, desta forma a espuma é também um condutor de eletricidades o que
justifica tal restrição.

A espuma mecânica utilizada nos combates a incêndios é formada por uma mistura de
água com uma pequena porcentagem (1% a 6%) de concentrado gerador de espuma
(surfactante) e entrada forçada de ar. Essa mistura, ao ser submetida a uma turbulência,
produz um aumento de volume da solução formando a espuma.

Existem diferentes agentes espumíferos que geram uma diversidade de tipos de


espumas que terão aplicabilidades diversas em função do coeficiente de expansão e face aos
diferentes tipos de combustíveis.

Estes agentes podem ser classificados da seguinte forma (ENB, 2006):

 Agentes sintéticos AFFF – É o agente que gera o tipo de espuma mais eficiente
para o combate a incêndio, conhecido como AFFF (aqueous film-forming foam
– espuma formadora de filme aquoso), agem como os emulsores clássicos
formando uma camada de espuma que isola a superfície do combustível e,
para, além disso, uma película aquosa que flutua à superfície dos
hidrocarbonetos líquidos (p. ex., gasolina), opondo-se à emissão de vapores. A
estanqueidade é melhorada devido à película aquosa formada que dificulta a
reinflamação do combustível. O concentrado AFFF é eficiente no combate a
incêndios de hidrocarbonetos derivados de petróleo, tais como gasolina e
diesel. “Porém, em combustíveis polares, como o álcool, o concentrado AFFF
deve ter, em sua composição, a presença de uma substância denominada de
polissacarídeo, a qual evitará o ataque do álcool à espuma” (CBMDF, 2006);
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 Agentes proteicos – misturados com água, em porcentagens de 3 a 6%,


originam espumas com coeficientes de expansão da ordem de oito. A espuma
obtida apresenta boa elasticidade, resistência mecânica e capacidade de
retenção de água. Este tipo de espuma é denso e viscoso e possui elevada
estabilidade e resistência ao calor, além de ser biodegradável. É destruída por
líquidos polares como os alcoóis, éteres e acetona. É compatível com os pós
químicos dos tipos B e C;

 Agentes fluorproteicos – concentrados que vêm substituindo os proteicos. Têm


uma eficácia reforçada baseada na fluidez (baixa viscosidade) e resistência à
contaminação, garantem uma boa cobertura e estanqueidade e impedem a
passagem de vapores nos hidrocarbonetos líquidos. Possuem boa resistência
ao fogo e à reignição. Muitas podem ser utilizadas em conjunto com os pós
químicos, pois são compatíveis com eles. São igualmente destruídas por
líquidos polares;

 Agentes sintéticos ordinários – em baixa expansão têm uma velocidade de


decantação lenta e boa fluidez. Podem, também, ser usados em média e alta
expansão, mas com características inferiores. A sua impermeabilidade é baixa,
em particular em média e alta expansão, além disso, possuem pouca
resistência ao calor que é compensada pela grande capacidade de produção.
Em caso de reacendimento verifica-se a destruição rápida destas espumas.
Não podem ser usadas em líquidos polares;

 Agentes polivalentes – destinam-se a ser usados em líquidos polares, podendo


também ser utilizados nos não polares. Em relação aos hidrocarbonetos, estas
espumas têm características idênticas aos emulsores ordinários.

Os líquidos geradores de espuma (LGE) são encontrados disponíveis no mercado em


porcentagens que vão de 1 a 6%, esse é o indicativo da mistura que deve ser feita para a
produção da solução ideal.

Para exemplificar este processo, tomemos como exemplo a viatura AGE-001 do


CBMERJ que possui um reservatório de 6.000 litros de LGE, digamos que ele esteja abastecido
com o AFFF 6% e nós queiramos saber quanto de solução de espuma poderá ser produzido
com esta quantidade de LGE:

 Capacidade do AGE-001 = 6.000 litros


 Concentração de espuma AFFF = 6%

Total de solução de espuma?

Logo:
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- Para 6 litros de espuma AFFF 6%, temos 94 litros de água 100 litros de
solução de espuma.

- Sendo assim, para 6.000 litros de espuma AFFF 6%, tem-se 94.000 litros de
água e 100.000 litros de solução de espuma.

Resposta: O AGE 001 abastecido com espuma AFFF 6% proporcionará


100.000 litros de solução de espuma.

Por último, cabe uma abordagem a respeito da aplicação da espuma no combate a


incêndio, já que este agente extintor possui algumas peculiaridades com respeito ao seu uso
no combate. Quanto à aplicação, portanto temos a direta e a indireta:

i) Aplicação direta – consiste em atirar diretamente a espuma sobre as superfícies


incendiadas, este tipo de aplicação é bastante restrito já que a espuma utilizada
deve ser resistente à destruição por contato direto com as chamas;

Fig.:O AFFF forma uma película aquosa que flutua sobre a superfície do
combustível restringindo a evaporação do mesmo. – Fonte: ENB,2006

Fig.:Aplicação direta – Fonte: CBMERJ


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ii) Aplicação indireta – é o método ideal de aplicação, consiste em projetar a espuma


em um anteparo (como uma parede) ou no chão, à frente do combustível que está
queimando, de forma a evitar o contato violento da espuma com a chama direta.

Fig.:Aplicação indireta – Fonte: CBMERJ

10.2.7.3. Pós químicos

É um agente extintor formado por um grupo de finíssimas partículas sólidas. Tem


como característica não ser abrasivo, não ser tóxico, mas pode provocar asfixia se inalado em
excesso, não conduz corrente elétrica.

Possui o inconveniente de contaminar o ambiente, sujando-o, dificultando a


visualização e podendo ainda danificar equipamentos elétricos e eletrônicos. Deve-se evitar
sua utilização em ambientes que possuam esses equipamentos em seu interior. Atua por
abafamento e na quebra da reação em cadeia.

A sua eficácia depende principalmente da dimensão dos grãos, dos aditivos, da


resistência à compactação e do equipamento utilizado.

Classificam-se segundo as classes de fogos que extinguem (ENB, 2006):

 Pó BC – é composto, em geral, o bicarbonato de sódio misturado com outros


produtos, como estearato de zinco ou silicone que melhoram as suas
características. Têm um poder extintor 4,5 vezes superior ao do CO2. Possuem
o inconveniente de impregnar equipamentos elétricos deixando resíduos
corrosivos de difícil remoção, o que constitui uma desvantagem com relação
ao CO2;

 Pó ABC (polivalente) – foram adotados para estender a ação deste tipo de


agente extintor à classe A e são constituídos com base em compostos de
amoníaco. São utilizados nos incêndios das classes A, B e C. com relação aos
incêndios da classe A, no caso de permanecer as brasas que poderão ativar
novo incêndio, atuam por asfixia e isolamento, fundindo-se e formando uma
substância vítrea que envolve o combustível e o isola do ar como se fosse um
verniz;
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 Pós especiais para fogos da classe D – são específicos de um dado metal


reativo ou família de metais. Sendo à base de grafite e alguns cloretos e
carbonetos específicos. São ineficazes em incêndios de outras classes e são
utilizados, em geral, nas indústrias aeronáutica e nuclear.

Informação muito importante em relação a estes agentes extintores é que os pós ABC
e BC são incompatíveis, de forma que, caso haja a substituição de uma carga BC por outra do
tipo ABC o extintor deve ser cuidadosamente esvaziado e limpo. Caso contrário, poderá
ocorrer entre os dois tipos de pó uma reação química com liberação de CO2 e outros gases que
pode provocar a explosão do equipamento extintor.

10.2.7.4. Gases inertes: dióxido de carbono e nitrogênio

O dióxido de carbono é um gás armazenado sob alta pressão, inodoro, incolor, uma
vez e meia mais pesado que o ar, não tóxico, porém Por outro lado, a partir de uma
concentração de 9% por volume, o CO2 causa inconsciência e até a morte por asfixia, o que
impõe restrições ao seu uso em ambientes fechados ou ainda com a presença de seres
humanos.

Não conduz corrente elétrica, nem suja o ambiente em que é utilizado, uma vez que se
dissipa rapidamente quando aplicado, desta forma se torna muito eficaz para a utilização em
equipamentos sensíveis a resíduos e umidade, como equipamentos de informática.

Atua principalmente por abafamento devido à sua rápida expansão, deslocando ou


diluindo assim o volume de comburente da superfície do combustível.

O gás carbônico atua de forma secundária por resfriamento, pois no seu aumento de
volume, da passagem do estado líquido para o gasoso, absorve uma grande quantidade de
calor, diminuindo assim a sua temperatura em aproximadamente 700C.

O Dióxido de Carbono apresenta melhor resultado no combate a incêndios das Classes


B e C. Na Classe A apaga somente na superfície em função do baixo poder de penetração no
material que o mesmo possui e da baixa capacidade de resfriamento, se comparado à água,
por exemplo.

Existem metais de elementos químicos como sódio, potássio, magnésio, titânio,


zircônio e os hidretos metálicos que têm a característica de decompor o gás carbônico, sendo
ineficaz a sua utilização nesses casos. Esses elementos são chamados de materiais
combustíveis, tratados especificamente nos casos de incêndios classe D (CBMDF, 2006).

Importante perceber também, quanto ao uso do CO2, é que o mesmo se torna ineficaz
quando aplicado em Incêndios envolvendo agentes oxidantes, como o nitrato de celulose ou o
permanganato de potássio, que contêm oxigênio em sua estrutura, já que nestes casos o
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próprio combustível traz em sua própria estrutura o comburente que necessita para a
combustão.

O nitrogênio é um gás inerte que atua por abafamento. É bastante utilizado no


processo de inertização de atmosferas, que consiste em utilizá-lo para substituir os gases
combustíveis presentes na atmosfera do ambiente que se deseja inertizar.

Normalmente não é utilizado diretamente como agente extintor, porém é utilizado


amplamente como gás propelente nos extintores de incêndio, o que justifica a importância
desta breve abordagem.

Pode ser aplicado da mesma forma que o dióxido de carbono, porém cabe ressaltar
que alguns metais como o lítio e o titânio, queimam violentamente na presença de nitrogênio.

10.2.7.5. Halons
O halon é num composto químico orgânico constituído por átomos de carbono e
hidrogênio, onde um ou mais átomos de hidrogênio são substituídos por um átomo de bromo
e a outro halogênio. Os mais utilizados são o Halon 1211 (bromoclorodifluormetano) e o Halon
1301 (bromotrifluormetano).

São usados como agentes extintores de incêndios, porém contribuem ativamente para
a destruição da camada de ozônio, sendo até dez vezes mais perigosos do que os
clorofluorocarbonetos (CFC).

Os níveis de halon na atmosfera aumentam cerca de 25% ao ano, especialmente em


função da realização de testes de equipamentos para combate a incêndios. O seu uso em
extintores de incêndios foi proibido em janeiro de 1994.

Este agente extintor possui restrições de uso em incêndios próximos de gêneros


alimentícios. Além do que devemos estar atentos no seu uso pelo fato dos mesmos serem
solúveis em alguns hidrocarbonetos.

Após a aplicação de halons, deve ser sempre efetuada a ventilação do local, já que
apresenta alta toxicidade em concentrações elevadas bem como na fumaça e gases liberados
pelo mesmo.

A substituição dos compostos, designados por halons, como agentes extintores tem
sido objeto de diferentes estudos. As normas NFPA 2001 e ISO 14520 foram elaboradas com o
objetivo de proceder à normalização dos compostos alternativos. Assim, as atuais alternativas
aos halons podem ser classificadas em dois grandes grupos (ENB, 2006):

 1.º – atuam, predominantemente, por inibição (ruptura da reação em cadeia),


assim como os halons;
 2.º – atuam por abafamento (limitação do comburente).
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O primeiro grupo é formado pelos agentes constituídos essencialmente por carbono,


hidrogênio e flúor, que são menos agressivos. O bromo foi eliminado e, em alguns casos, o
cloro também. A substituição dos halons convencionais por estes compostos implica em
poucas modificações nos sistemas de combate ao incêndio.

O segundo grupo é constituído por agentes extintores compostos por gases naturais
combinados em proporções específicas, nomeadamente o Inergen (IG-541) – composto por
50% N2; 42% Ar; 8% CO2, Argonit (IG-01) – composto por 50% N2; 50% Ar e Argonfire (IG-55) –
100% Ar, não considerado como agente extintor efetivo. Estes agentes implicam um
investimento mais elevado devido às pressões envolvidas no seu armazenamento (ENB, 2006).

10.3. Viaturas de Combate a Incêndio e Salvamento do CBMERJ


Para que iniciemos o estudo sobre as viaturas que compõem a frota do CBMERJ, é
necessário que aprendamos alguns conhecimentos de física.

10.3.1. Estudo dos Fluidos


Os fluidos estão presentes em nosso cotidiano. Nós os respiramos e os bebemos além
de possuirmos um fluído vital em nosso sistema circulatório. Em nossos carros existem fluidos
nos pneus, no tanque de gasolina, no radiador, nas câmaras de combustão interna do motor,
no sistema de exaustão, na bateria, no sistema de ar condicionado, no sistema de lubrificação
e no sistema de direção. Por isso precisamos observar melhor o que a física pode nos ensinar a
respeito dos fluidos.

Fluido é qualquer substância que possui a capacidade de escoar, e esta propriedade é


justificada pela sua adaptabilidade ao contorno de qualquer recipiente que o contém.

Classificamos como fluidos os líquidos e os gases. Você


pode se espantar com esta classificação, mas eles se diferem dos
sólidos, que tem uma formação molecular tridimensional
completamente rígida comumente chamada de rede cristalina.
Sendo assim os gases e líquidos possuem ligações
intermoleculares mais fracas diminuindo a coesão que permite
uma estrutura mais maleável sem forma definida.
Fig.:- Rede Cristalina
449
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O que difere os gases dos líquidos, mas não os desclassifica como fluidos, é uma
propriedade física denominada compressibilidade, já que os gases possuem interações
moleculares mais fracas podendo comprimir-se e expandir-se no interior de qualquer
recipiente.

Fig. - Diferenças de estruturas moleculares nos diferentes estados físicos

Para estudarmos os fluidos, algumas grandezas físicas essenciais devem ser


compreendidas para que desenvolvamos conhecimento técnico no combate a incêndios e
também para que se conheça o princípio de funcionamento do corpo de bombas de uma
viatura no CBMERJ.

10.3.1.1. Pressão

É uma grandeza escalar que mensura a ação de uma ou mais forças sobre uma
determinada área, sendo calculada matematicamente pela fórmula:

P = F/A

Onde:
P é a pressão;
F é a componente da Força aplicada perpendicular ao plano de apoio;
A é a área de aplicação da força.

Para líquidos, a pressão pode ser escrita como:

P = µ.g.h

Onde:
450
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

P é a pressão em um ponto específico ou a diferença entre a pressão inicial e final


do sistema;
µ é a densidade do líquido;
g é a aceleração gravitacional;
h é a profundidade do ponto dentro do líquido.

No sistema internacional de medidas utiliza-se o Pascal (Pa) como medida padrão,


porém nas viaturas os manômetros possuem outros padrões de medidas como Bar e PSI (libra
por polegada quadrada).

Taxa de conversão: 1 bar = 1,02 kgf/cm2 = 14,5 psi

Podemos aplicar essas duas fórmulas no cotidiano de operação de viaturas de


incêndio, conforme os exemplos a seguir:

Exemplo 1: Uma edificação encontra-se em chamas no 3° andar e torna-se necessário a


pressurização do sistema preventivo do prédio através de um hidrante de recalque – que fica
localizado no solo na região de passeio, fora do prédio, e tem comunicação com toda a
canalização preventiva, portanto pode-se oferecer água para que se debele o incêndio no
andar sinistrado – com uma viatura de incêndio básica (ABT). Qual seria a pressão mínima para
vencer a altura de três andares e conseguir combater este incêndio?

Dados:
 A altura aproximada de três andares de uma edificação é de 10 metros.
 µágua= 1,0.10³ Kg/m³
 g = 10 m/s²

Solução:
Sabemos que,
P = µ.g.h
P = 1,0.10³ . 10 .10
P = 1 . 105 Pascal = 1 atm = 1 Bar = 14,5 PSI

A solução nos demonstra que a cada 10 metros de coluna de água devemos


acrescentar 01 bar de pressão quando operarmos o corpo de bombas de uma viatura de
incêndio, para que assim possamos definitivamente debelar o incêndio.

Exemplo 02: Ao trabalharmos com uma APM (Auto Plataforma Mecânica) antes de se iniciar as
operações com o cesto é necessário um procedimento de ESTABILIZAÇÃO que consiste em
pressionar as quatro sapatas da referida viatura contra o solo a fim de que se faça totalmente
o erguimento dos seus pneus e desta forma obtenha-se um ambiente seguro para se realizar
um salvamento e/ou combate a incêndio, como mostra a figura abaixo:
451
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Sapatas

Calço de Madeira

Supondo que cada sapata desta viatura exerça um força média de 130.000 N no solo e
que as áreas de contato das sapatas e dos calços de madeira sejam, respectivamente de 0,2 m²
e 0,5 m², calcule a pressão realizada no solo por essa viatura com a utilização dos calços e
também sem a utilização dos mesmos.

Resposta:
Pressão SEM os calços de madeira  P1 = F/A
P1 = 130.000 / 0,2
P1 = 650.000 Pa

Pressão COM os calços de madeira  P2 = F/A


P2 = 130.000 / 0,4
P2 = 325.000 Pa

Ao analisarmos as duas respostas, notamos nitidamente que a pressão exercida sem os


calços de madeira é maior que a pressão exercida com eles (P1<P2), justificando a necessidade
da utilização destes calços de madeira sob as sapatas da viatura, pois eles reduzem
consideravelmente a pressão sobre o solo, fazendo com que se garanta maior estabilidade e
menor risco de acidentes como, por exemplo, o afundamento das sapatas durante uma
operação de bombeiro militar.
452
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10.3.1.2. Vazão

Vazão é o volume de determinado fluido que passa por uma seção de um conduto livre
ou forçado, por unidade de tempo. A vazão é uma Taxa de Escoamento, ou seja, a quantidade
de material transportado por unidade de tempo. Podemos determinar a vazão pela seguinte
fórmula:

Q = A.v

Onde:
Q é a vazão;
A é a área da seção transversal do conduto;
v é a velocidade com que o fluido passa pelo conduto.

Examinando a fórmula supracitada percebemos que, aumentando a área da seção


transversal do conduto conseqüentemente tem-se um aumento de vazão. Na prática de
combate a incêndios, ao utilizarmos uma mangueira de 1 ½“ e posteriormente uma de 2 ½“
nota-se visivelmente que teremos uma maior saída de água em determinado tempo nesta
mangueira do que naquela, comprovando assim a teoria da vazão.

10.3.2. Estruturas e Fenômenos


Após esta explanação de conceitos físicos somos capazes de analisar algumas
estruturas e fenômenos pertencentes às viaturas de combate à incêndio do CBMERJ.

10.3.2.1. Bombas Hidráulicas

Este é sem dúvida o componente principal do corpo de bombas de qualquer viatura de


combate a incêndio no CBMERJ, sendo responsável por impelir o nosso principal agente
extintor (água) sob alta pressão a fim de debelar incêndios com maior eficácia e eficiência.

As bombas hidráulicas são Máquinas Hidráulicas Geradoras, isto é, máquinas que


recebem energia potencial (força motriz de um motor ou turbina), e transformam parte desta
potência em energia cinética (movimento) e energia de pressão (força), cedendo estas duas
energias ao fluído bombeado de forma a recirculá-lo ou transportá-lo de um ponto a outro.

Portanto, o uso de bombas hidráulicas ocorre sempre que há necessidade de


aumentar-se a pressão de trabalho de uma substância líquida contida em um sistema, ou a
velocidade de escoamento (vazão), ou ambas.
453
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Possuímos no mercado atualmente uma grande variedade de bombas hidráulicas


tornando-se necessária uma classificação, adotamos para tanto dois grandes, são eles: Bombas
de Deslocamento Não-Positivo ou Hidrodinâmicas e Bombas de Deslocamento Positivo ou
Volumétricas ou Hidrostáticas.

i) Bombas de Deslocamento Não-Positivo ou Hidrodinâmicas: O deslocamento do


fluído ocorre em conseqüência da rotação de um eixo no qual é acoplado um disco
(rotor, impulsor) dotado de pás (palhetas, hélice), o qual recebe o fluído pelo seu
centro e o expulsa pela periferia, pela ação da força centrífuga, daí o seu nome mais
usual. Essas bombas têm prejuízo em seu funcionamento quando há resistência de
deslocamento do fluido, não sendo conveniente que se realize a escorva com as
mesmas. É a pressão de descarga que determina o quanto de fluído que será liberado.

Fig. – Bombas centrífugas

ii) Bombas de Deslocamento Positivo ou Volumétricas ou Hidrostáticas: São bombas


que fornecem uma quantidade fixa de fluido a cada rotação ou ciclo, ou seja, o fluído,
de forma sucessiva, ocupa e desocupa espaços no interior da bomba, com volumes
conhecidos garantindo uma vazão constante (situação ideal). Essas bombas são mais
indicadas que as bombas hidrodinâmicas para a realização de sucção (escorva1), pois o
ganho de vazão e pressão não tem alterações bruscas quando há resistência ao
deslocamento do fluído. Temos como exemplos: Bombas de pistão, bombas de
palhetas, bombas de engrenagens, bombas de diafragma, bombas de membrana,
bombas helicoidais.

Fig.– Bomba de engrenagens

1
Escorva é a eliminação de ar existente no interior da bomba hidráulica e da tubulação de admissão
(sucção)
454
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Fig. – Bomba de palhetas

No CBMERJ as viaturas de incêndio possuem duas bombas de trabalho, uma que vai
aumentar a pressão e a vazão da água que se encontra no tanque da viatura ou de um
manancial (Bomba hidrodinâmica) e outra que ficará responsável pela retirada de ar da
tubulação de admissão (sucção) a fim de construir uma coluna de água que alimentará o corpo
de bombas.

10.3.2.2. Fenômenos Hidráulicos


A hidráulica aplicada, disciplina obrigatória no currículo de algumas engenharias, têm
como um de seus focos principais o estudo aprofundado dos fenômenos hidráulicos os quais
devem ser controlados a fim de evitar possíveis acidentes e garantir um maior aproveitamento
de todos os componentes pertencentes a um sistema hidráulico. Como as viaturas de combate
a incêndio são consideradas, sob as doutrinas da hidráulica aplicada, também um sistema
hidráulico, torna-se obrigatório o estudo de alguns fenômenos, a saber:

i) Golpe de Aríete – O Golpe de aríete define-se como uma variação abrupta na


pressão causada por uma alteração brusca de velocidade do fluido que passa por um
conduto. O caso mais clássico de golpe de aríete é o fechamento súbito de válvulas em
um sistema hidráulico, pois ao realizar essa manobra o fluxo do fluido é interrompido
repentinamente gerando um aumento exagerado de pressão inicialmente no ponto
onde ocorreu o fechamento e logo em seguida terá reflexos em todo o sistema,
gerando deformidades e até o rompimento de tubulações, além de avarias nos
dispositivos instalados (Ex: bombas hidráulicas). Durante um combate a incêndio isso
pode ocorrer por inúmeras vezes, quando, por exemplo, o chefe da primeira linha em
um ABT fecha totalmente o esguicho sem mandar que o seu ajudante avise ao
operador da viatura que irá fechá-lo (com o comando de “Auto Linha” ou “Auto
Bomba”) e essa atitude pode danificar permanentemente o corpo de bombas podendo
até gerar acidentes graves. Podemos visualizar o que acontece na prática com a figura
abaixo:
455
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Válvula fechada – água calma

Válvula aberta – água em movimento

Fig.Fig. – Bomba
– Bomba de de palhetas
palhetas

Válvula fecha – golpe de aríete

ii) Vórtice – Esse fenômeno pode ser descrito como um escoamento giratório onde as
linhas de corrente apresentam um padrão em espiral. Ao considerarmos um tanque de
água podemos notar que o vórtice é gerado mais facilmente quando aquele está com
seu nível baixo e passamos a oferecer ao sistema hidráulico água e ar, prejudicando a
formação da coluna d`água. Por isso torna-se obrigatória a implementação de
manobras de abastecimento de uma viatura de incêndio quando o seu tanque chega a
¼ de sua capacidade.
456
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10.3.2.3. Processo de Transmissão de Força nas Viaturas


Para que o corpo de bombas de uma viatura inicie seu trabalho é necessário que haja
uma transmissão do movimento gerado no motor de combustão interna do veículo para a
bomba principal. Esse processo pode ocorrer de duas formas, a saber:

i) Bomba de Acionamento por Eixo Cardã2 (BAC)

A conexão é feita no eixo carda do veículo.

Transmissão completa do torque oriundo do motor do chassi.


Como a transmissão do torque é completa, o sistema de transmissão3 do
veículo permanece imóvel durante a operação com o corpo de bombas.
Características Portanto é IMPOSSÍVEL se deslocar com o veículo e utilizar o corpo de
bombas simultaneamente.
Como a transferência do torque é total, essas viaturas possuem um maior
ganho de pressão e vazão nas operações de bombeiro militar.
Torna-se necessário o acionamento da marcha de maior velocidade da caixa
de câmbio4.

2
O eixo cardã (também conhecido como cardan ou cardão) é um componente do sistema de transmissão de um veículo,
responsável pela transmissão do torque oriundo do motor para as rodas. Muito utilizado em veículos com motor dianteiro e
tração traseira ou 4x4 e em algumas motocicletas

3
O sistema de transmissão automotiva é o responsável por transmitir a força, rotação e torque, produzidos pelo motor, até as
rodas, antes, passando pelo sistema de embreagem, caixa de câmbio, diferencial e semi-eixos.
4
Uma caixa de marchas ou caixa de mudança de velocidades ou caixa de câmbio de um automóvel tem como principal objetivo
desmultiplicar a rotação do motor oferecendo maior torque ou velocidade, dependendo da necessidade do motorista ao conduzir
o veículo, para o sistema de transmissão do veículo. Além de possibilitar a mudança de sentido de rotação do eixo do motor
(marcha-à-ré).
457
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ii) Bomba de Tomada de Força (BTF)

A conexão é feita na caixa de câmbio.

Transmissão parcial do torque oriundo do motor do chassi.


Como a transmissão do torque é parcial, o sistema de transmissão pode
também se utilizado durante a operação com o corpo de bombas. Portanto é
Características PERMITIDO se deslocar com o veículo e utilizar o corpo de bombas
simultaneamente.
Como a transferência do torque é parcial, essas viaturas possuem um menor
ganho de pressão e vazão nas operações de bombeiro militar.
É desnecessário o acionamento de qualquer marcha da caixa de câmbio.

10.3.3. Viaturas de Combate a Incêndio e Salvamento no


CBMERJ
A partir deste tópico iremos classificar as diversas viaturas que compõem a frota
operacional do CBMERJ explicitando suas principais características. Vale ressaltar que todas as
viaturas obedecem a normas nacionais (NBR 14096) e internacionais (NFPA 1911) no tocante a
sua construção e características de funcionamento.
458
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10.3.3.1. Auto Bomba Tanque (ABT)


É a viatura de combate a incêndio mais utilizada na corporação. São empregadas
diretamente no combate em função de possuir um tanque com grande capacidade de água e
uma poderosa bomba de incêndio.

i) Características:
 Cabine dupla;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão mínima de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de até 6000L de água.

ii) Guarnição

A guarnição completa do ABT é composta da seguinte maneira:

 Condutor/operador (01) – elemento responsável por conduzir a viatura até o local


de socorro e operar o corpo de bomba no combate ao incêndio. No caso do ABT,
deverá ser, obrigatoriamente, do quadro de condutor e operador de viaturas
(QBMP/02).
 Chefe da guarnição (01) – elemento responsável pela guarnição, ele deverá
conhecer de forma técnica todos os elementos da guarnição, empregando-os da
melhor maneira para atender a tática empregada pelo comandante de operações e,
ainda, providenciar para que todos os dados relevantes sejam anotados e
entregues ao comandante de operações, a fim de que, posteriormente, seja feito
um relatório sobre a ocorrência (quesito). Essa função é realizada por Sargentos
QBMP/00, e deve ser o mais antigo da guarnição, exceção do condutor e do
encarregado de hidrante.
 Auxiliar da guarnição (01) – elemento responsável por auxiliar o chefe da guarnição
no que for necessário. Essa função é realizada por Sargentos QBMP/00.
 Chefe de linha (03) – elemento responsável pela linha de mangueira. Atua
diretamente no combate a incêndio, sob as determinações do chefe da guarnição e
das ordens e tática do comandante de operações. Essa função é realizada por cabos
ou soldados da QBMP/00.
 Ajudante de linha (03) – elemento responsável por ajudar o chefe de linha na
operação de combate a incêndio no que for necessário. Essa função é realizada por
soldados da QBMP/00.
 Encarregado de hidrante (01) – elemento responsável por providenciar junto ao
local de socorro ou nos arredores deste, mananciais de água para prover o combate
a incêndio, se for necessário. Essa função é realizada por qualquer militar da
QBMP/09. O encarregado de hidrante só integrará o ABT, se na unidade não houver
AR.
459
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Observação - Por necessidade de serviço, está autorizado pela Nota EMG/CH – 256/2003, que
o ABT tenha uma guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/operador; 01 chefe da
guarnição; 01 auxiliar de guarnição; 02 chefes de linha; 02 ajudantes de linha; 01 encarregado
de hidrante. Tal situação ocorrerá quando a unidade só possuir uma viatura de combate a
incêndio. Quando essa não for a única viatura empregada para o combate de incêndio, a
guarnição terá no mínimo: 01 condutor/operador; 01 chefe da guarnição; 01 chefe de linha; 01
ajudante de linha; 01 encarregado de hidrante.

10.3.3.2. Auto Bomba para Inflamável (ABI)


Viatura de grande porte que possui, além do tanque de água, um reservatório de
líquido gerador de espuma, sendo utilizada para combater incêndios em inflamáveis.

i) Características:
 Cabine dupla;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão mínima de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de 3.000L de água;
 Reservatório de líquido gerador de espuma.

ii) Guarnição
A guarnição completa do ABI é igual à guarnição completa do ABT, já mencionada.

Observação - Por necessidade de serviço, está autorizado pela Nota EMG/CH – 256/2003, que
o ABI tenha uma guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/operador; 01 chefe da
guarnição; 01 auxiliar de guarnição; 02 chefes de linha; 02 ajudantes de linha; 01 encarregado
de hidrante.

10.3.3.3. Auto Tanque (AT)


Inicialmente, os AT possuíam somente a missão de abastecimento porque possuíam
uma bomba com acionamento por um motor independente (moto bomba) que não tinha
grande potência. Atualmente essas viaturas possuem a mesma estrutura robusta dos ABT
sendo capazes também de combater incêndios com um ótimo ganho de pressão e vazão.

i) Características:
 Cabine dupla;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão mínima de 750 GLP
(galões por minuto);
460
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;


 Tanque com capacidade de 5.000L de água.

ii) Guarnição

A guarnição completa do AT é similar à guarnição completa do ABT, diferenciando-se


por só haver 01 chefe e 01 ajudante de linha, tendo em vista, que a bomba de incêndio portátil
que vai acoplada só possui uma boca expulsora e a sua vazão só é suficiente para alimentar
uma linha direta.

Observação – Por necessidade de serviço, está autorizado pela Nota EMG/CH – 256/2003, que
o AT tenha uma guarnição composta com o mínimo de: 01 condutor/operador; 01 chefe da
guarnição; 01 chefe de linha; 01 ajudante de linha, desde que não seja a única viatura de
combate a incêndio na unidade.

10.3.3.4. Auto Cavalo Mecânico (ACM) Conjugado a Tanque


Reboque (TR)
Tanque com capacidade superior a 30.000 litros de água. É utilizado no apoio de
grandes operações, como médios e grandes incêndios, onde o consumo de água poderá ser
muito grande.

i) Características:
 ACM de cabine simples;
 Bomba de incêndio independente (uma bomba portátil);
 Não possui compartimentos para acondicionar os equipamentos operacionais;
 Reservatório superior a 30.000 L;
 Bomba portátil com uma boca expulsora.

ii) Guarnição

A guarnição completa do ATR é composta por apenas 01 (um) motorista.


461
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10.3.3.5. Auto Busca e Salvamento Leve (ABSL)


Esta viatura é responsável por carregar todos os materiais de salvamento no socorro.

i) Características:
 Cabine simples;
 Compartimento para acondicionar equipamentos operacionais.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.3.3.6. Auto Rápido (AR)


Viatura de pequeno porte, responsável por transportar os materiais de abastecimento
(ou de salvamento). No local de incêndio fica a cargo de encarregado de hidrante, a fim de
proceder à busca por pontos de abastecimentos de água na localidade, conforme
determinações do comandante de socorro. Esta viatura também é utilizada em destacamentos
eventualmente como ABSL (Auto Busca e Salvamento Leve).

i) Características:
 Cabine dupla;
 Os equipamentos operacionais são acondicionados na caçamba.

ii) Guarnição

A guarnição completa do AR é composta por um motorista ou precário e um


encarregado de hidrante. O Comandante de Operações também é transportado pelo AR.

Observação: Quando a unidade operacional não possuir AR, os materiais de abastecimento


serão acondicionados no AUTOBOMBA desta unidade, sendo o encarregado de hidrante
transportado por tal viatura.

10.3.3.7. Auto Plataforma Mecânica (APM)


Viatura de suma importância em combates à incêndios e salvamentos em edificações
de cotas elevadas, proporcionando à guarnição uma posição privilegiada para combater as
chamas.

i) Características:
 Cabine simples;
 Pode possuir ou não bomba de incêndio;
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CBMERJ
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 Possui canalização de água até o “cesto” para a criação de uma coluna d´água e
combate em alturas elevadas;
 Não possui reservatório de água.

ii) Guarnição

Composta por 01 (um) motorista e um operador, podendo este acumular a função de


motorista.

10.3.3.8. Auto Escada Mecânica (AEM)


Assim como a Autoplataforma Mecânica, é de suma importância em combates a
incêndios em edificações de cotas elevadas, levando a guarnição a ter uma posição privilegiada
para combater as chamas.

i) Características:
 Cabine simples;
 Não possui bomba de combate à incêndio, sendo necessária a utilização de uma
viatura autobomba para realizar o combate, servido de suporte para a AEM.

ii) Guarnição

Composta por 01 (um) motorista e um operador, podendo este acumular a função de


motorista.

10.3.3.9. Auto Serviço Tático de Abastecimento (ASTA)


Viatura destinada ao serviço tático de abastecimento em incêndios. Essa viatura é de
suma importância nos médios e grandes incêndios.

i) Características:
 Cabine simples;
 Possui compartimentos para os materiais operacionais.

ii) Guarnição

Composta por um motorista e dois encarregados de hidrante treinados pelo


Grupamento Tático de Suprimento de Água para Incêndio.
463
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10.3.3.10. Auto Bomba Salvamento (ABS)


Viatura híbrida que além de possuir materiais de salvamento possui um corpo de
bomba para debelar incêndios.

i) Características:
 Cabine dupla;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão abaixo de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de 2.000L de água.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.3.3.11. Auto Bomba Salvamento Guincho (ABSG)


Viatura híbrida que além de possuir materiais de salvamento e um corpo de bomba
para debelar incêndios, traz em sua estrutura um guincho.

i) Características:
 Cabine dupla;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão abaixo de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de 2.000L de água;
 Possui um guincho.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.3.3.12. Auto Bomba (AB)


Viatura que possui grande mobilidade, com um tanque de grande capacidade, boa
capacidade de combate a incêndios e um sistema de autoproteção para ser utilizado
preferencialmente em incêndios florestais.

i) Características:
 Cabine dupla;
464
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 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão abaixo de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de 4.000L de água.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.3.3.13. Auto Tático de Emergência (ATE)


Viatura híbrida que possui em sua estrutura características para combate à incêndio,
salvamento e atendimento pré-hospitalar.

i) Características:
 Cabine simples;
 Bomba de incêndio acionada pelo motor de tração com vazão abaixo de 750 GLP
(galões por minuto);
 Compartimentos para acondicionar equipamentos operacionais;
 Tanque com capacidade de até 1.000L de água.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.3.3.14. Auto Bomba Plataforma (ABP)


Veículo multifuncional de médio porte e dotado de cabine dupla, é destinado ao
transporte de pessoal e materiais operacionais. Possui recursos próprios para salvamento,
torre de iluminação, corpo de bomba, tanque com capacidade de armazenar até 1.600 litros
465
CBMERJ
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de água e plataforma articulada de acionamento hidráulico com alcance vertical de 30 metros.


Sua característica compacta e multifuncional confere autossuficiência e rapidez para combate
a incêndios de pequeno e médio porte, bem como para as operações de salvamento diversas.
É ideal para acessar logradouros mais estreitos que inviabilizam a utilização de um número
maior de viaturas, algo muito comum no dia-a-dia da Corporação. Empregada nos serviços de
salvamento e combate a incêndio.

i) Características:
 Cabine simples;
 Possui uma bomba de incêndio;
 Possui um tanque com capacidade de 1.600L.

ii) Guarnição

A guarnição será definida pelo comandante de socorro.

10.4. Equipamentos de Combate a Incêndio

10.4.1. Equipamento de proteção individual (EPI)


Segundo a Norma Regulamentadora nº 06 do Ministério do Trabalho, Equipamento de
Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho.

A seleção destes equipamentos deve ser bastante criteriosa, tendo em vista o fato de
afetarem diretamente o próprio desempenho do militar. Segundo Roberge (2008, p.135 apud
BELTRAME, 2010,p.12) “o uso impróprio do EPI pode impactar de forma negativa o
trabalhador em seu desempenho, segurança, conforto físico e emocional, comunicação e
audição”.
466
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

No caso das atividades de combate a incêndio, os EPIs têm a finalidade de reduzir ou


evitar lesões ou ainda eventuais perdas de vidas de bombeiros militares. A proteção individual
deve ser sempre uma das primeiras preocupações nas ações de resposta, para que os militares
envolvidos não venham a se tornar, desnecessariamente, novas vítimas.

Os Equipamentos de Proteção Individual têm a finalidade de proteger, essencialmente:

 Cabeça;
 Olhos;
 Tronco;
 Membros inferiores e superiores;
 Sistema respiratório.

Dessa forma passaremos a fazer a exposição dos principais EPI utilizados nas atividades
ligadas a combate a incêndio, de forma que possamos entender sua finalidade e principais
características.

10.4.1.1. Capacete para combate a incêndio

Capacete com desenho específico para proteger a cabeça do militar em situações de


combate a incêndios, evitando lesões em uma das principais partes do corpo humano, fazendo
com que o bombeiro possa ficar impossibilitado de prosseguir na atividade.

i) Capacete Hércules HBF-092 – Confeccionado em termo-plástico ou fiberglass


especial na sua parte externa, com refletivos anti-chama, carcaça interna de termo-
plástico, carneira com catraca para regulagem e fitas de apoio na cabeça, cobertura
interna e protetor de nuca em tecido de feltro especial e/ou tecido de fibra anti-
chama nomex, tira jugular para ajuste e visor em policarbonato com ajuste (Fig.99).

Fig.:Capacete HBF-092

ii) Capacete Gallet F1SF – casco confeccionado em poliamida de alta temperatura,


possui almofada de absorção de choque de poliuretano com lã e camada de
aramida. Cinto articulável e tira para o queixo, confeccionadas em aramida, couro,
467
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Manual Básico de Bombeiro Militar

poliamida e policarbonato, além de proteção para a nuca em lã resistente ao fogo,


nomex e tecido aluminizado.

Fig.:Capacete Gallet F1SF

Os capacetes de bombeiro devem conter uma série de características que os permite


serem utilizados neste tipo de atividade. São projetados para atender aos seguintes requisitos
de segurança:

a) Proteção total da cabeça


b) Isolamento elétrico
c) Resistência aos impactos
d) Resistência às penetrações
e) Resistência à chama e ao calor
f) Baixo peso
g) Boa visibilidade
h) Proteção dos olhos
i) Estabilidade térmica
j) Baixa absorção de água
k) Reflexibilidade

10.4.1.2. Balaclava

Tem a finalidade de propiciar proteção à cabeça e pescoço do


bombeiro, além de oferecer certo conforto por ser maleável,
confeccionado em tecido plano ou malha em nomex e/ou aramida e/ou
aramida/carbono ou aramida ou tecido com aplicação retardante
antichama, aluminizado ou não, com abertura total da face ou abertura só
dos olhos ou abertura só dos olhos dividida.

Fig.:Balaclava
468
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.1.3. Roupa de aproximação

Este equipamento de proteção individual tem a finalidade de proteger o bombeiro


militar das temperaturas elevadas que ele enfrentará em um combate a incêndio, no CBMERJ
contamos com dois tipos diferentes de roupas de aproximação: o conjunto (calça e jaqueta) e
a capa de aproximação. Discorreremos sobre cada um deles a seguir:

i) Conjunto calça e jaqueta – confeccionado em


tecido antichama NOMEX, com forração interna
de mantas térmicas, que oferecem proteção
contra fogo. As costuras são duplas e feitas com
linhas especiais. Possui desenho que permite o
fácil deslocamento do usuário. As mangas
cobrem todo o comprimento do braço do
usuário. As calças possuem reforços nos joelhos.
A jaqueta possui reforços nos cotovelos e bolsos
tipo fole de grandes dimensões, que suportam
grande quantidade de peso. A gola da jaqueta é
do tipo olímpica de proteção total ao pescoço.
(fig. 99). Estas roupas de proteção dividem-se
basicamente em três partes: externa – Feita com
materiais resistentes e fitas reflexivas; barreira Fig.:conjunto calça e
jaqueta
de Vapor – Isolante entre duas camadas (externa
e interna) serve para evitar a passagem de líquidos ou vapores da parte externa
para a parte interna; Interna – É o forro, geralmente, feito de algodão ou lã para
não irritar a pele.

ii) Capa de aproximação – confeccionada em


aramida, meta aramida e tecido antichama.
Possui desenho que permite o fácil deslocamento
do usuário. As mangas cobrem todo o
comprimento do braço do usuário. Quanto ao
comprimento longitudinal esta capa alcança a
altura os joelhos do militar. Trata-se de uma
roupa de proteção para combate a incêndio
estrutural, utilizada exclusivamente para
combate a aproximação ao fogo. Não pode ser
utilizada para contato com fogo contínuo. Não é
própria para atendimento a eventos com
produtos perigosos, apesar e proteger o usuário
Fig.:capa de aproximação
469
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

de salpicos ocasionais de químicos líquidos ou inflamáveis. Esta roupa de proteção


divide-se basicamente em três partes: externa – Feita com materiais resistentes e
fitas reflexivas; barreira de Vapor – Isolante entre duas camadas (externa e interna)
serve para evitar a passagem de líquidos ou vapores da parte externa para a parte
interna; Interna – É o forro, feito de 95% de meta aramida e 5% de aramida.

10.4.1.4. Luvas para combate a incêndio

Luvas confeccionadas em lona especial com


revestimento térmico impermeável. Possuem desenho que
facilita a colocação e a retirada da luva. A palma da mão
apresenta camada de kevlar trançada, para oferecer
proteção superior ao calor e à abrasão. Especialmente
desenvolvidas para atuarem em situações de combate a
incêndio. (fig. 99)

As luvas de combate a incêndio atendem aos


seguintes requisitos: Fig.:luvas para CI

a) Resistência mecânica;
b) Não impedir a destreza;
c) Não inibir o tato;
d) Proteção térmica;
e) Capacidade para atuar sob severa exposição de água.

10.4.1.5. Botas para combate a incêndio

Especialmente desenvolvidas para dar proteção aos


membros inferiores do usuário em situação de combate a
incêndios, possui isolamento elétrico para tensões até 600
Volts. São confeccionadas em borracha vulcanizada, com
espuma térmica e forro térmico. Possuem biqueiras e
palmilhas de aço, têm alta estanqueidade, estilo Bunker
com 350 mm mínimos de altura. A parte frontal do cano
possui uma proteção de tíbia, confeccionada em borracha,
possuindo dimensões aproximadas de 117 mm de altura e
65 mm de largura. Borda superior do cano é dotada de
duas alças para facilitar o calçamento. As alças ficam
dispostas uma em cada lateral no cano e possuem largura
aproximada de 80 mm. Com acabamento de borracha
Fig.:botas para CI
retardante a chamas e altamente resistente. Área dos pés é
inteiramente cercada pelo isolante de espuma de PU.
470
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Possui sola com desenho antiderrapante, retardante a chamas, resistente a escorregamento e


a abrasão.

10.4.1.6. Equipamentos de proteção respiratória

Os equipamentos de proteção respiratória (EPR) têm a finalidade principal de proteger


o trato respiratório dos bombeiros. Em função da alta possibilidade de atuação em atmosferas
nocivas nos atendimentos a emergências, este tipo de proteção torna-se fundamental para a
execução das atividades e socorros que envolvam:

a) Combate a incêndios;
b) Socorros em espaços confinados;
c) Salvamentos em poços;
d) Necessidade de transpor passagem subterrânea;
e) Acidentes com produtos perigosos;
f) Ou qualquer outro socorro que possa apresentar uma atmosfera nociva.

Quanto à classificação dos EPR, temos basicamente dois tipos de equipamentos: os


dependentes da atmosfera ambiente e os independentes da atmosfera ambiente, a seguir
faremos uma breve descrição dos mesmos:

i) Equipamentos dependentes da atmosfera ambiente – são os equipamentos


purificadores de ar, ou seja, refere-se à proteção por filtros, sejam eles mecânicos,
químicos ou combinados. Eles possuem esta classificação já que dependem do ar
presente no local, na verdade a utilização deste tipo de EPR pressupõe algumas
necessidades, a saber: o ambiente não pode ser eficiente de oxigênio; devemos
conhecer o contaminante presente no local; a concentração do contaminante deve
ser conhecida e a atmosfera não pode ter a classificação IPVS (imediatamente
perigosa à vida ou à saúde – onde a concentração do contaminante é mais alta que
o valor IPVS estabelecido na ficha do produto). É importante destacarmos que este
tipo de equipamento, por medida de segurança, não deve1 ser usado por
bombeiros nas atividades descritas acima já que os locais de emergência podem ser
muito dinâmicos em seus riscos, não permitindo a estabilidade necessária para a
utilização de EPR deste tipo.

1
é permitida a utilização, porém, para os bombeiros que são especializados em emergências com
produtos perigosos, para o atendimento aos sinistros deste tipo.
471
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

ii) Equipamentos independentes da atmosfera ambiente – são os equipamentos de


adução de ar, ou seja, não dependem do ar presente no local, de forma que não é
preciso ao militar que está prestando o socorro apurar os aspectos necessários à
utilização das máscaras de filtro. O ar respirado é fornecido ao usuário,
basicamente, por linhas de ar ou de cilindros autônomos, fornecendo sempre ar de
boa qualidade para o socorrista. Na verdade, o EPR autônomo é equipamento mais
utilizado pelo Corpo de Bombeiros em suas atividades de combate a incêndio e
salvamento, em função da praticidade e segurança oferecida pelo mesmo,
discorreremos mais sobre ele mais adiante.

10.4.1.6.1. Equipamento de proteção respiratória autônomo

O equipamento de proteção respiratória mais utilizado pelo Corpo de Bombeiros é o


EPR autônomo de circuito aberto de fluxo de demanda com pressão positiva, por isso faz-se
necessário uma abordagem mais detalhada de seu funcionamento, limitações e utilizações.

A começar pela própria descrição do nome, analisemos cada parte. Trata-se de um EPR
autônomo, pois não há ligação do equipamento com bateria de cilindros ou gerador externo,
na verdade todo o ar que o bombeiro tem para utilizar está comprimido dentro do cilindro.

Quanto a ser de circuito aberto, ele recebe esta classificação em função de


desprezarmos todo o ar exalado para a atmosfera, ou seja, ao expirarmos o ar este é liberado
para a atmosfera através de uma válvula de exalação.

Em relação ao fluxo de demanda, temos que o ar é liberado para o usuário na medida


em que este faz uma inspiração, ou seja, o ar vai sendo liberado de acordo com as
necessidades do bombeiro e não continuamente, desta forma temos um aumento da
autonomia do equipamento já que não há desperdício de ar respirável.

Em relação à pressão positiva, este tipo de aparelho, por uma questão de segurança,
mantém uma pressão levemente acima da pressão atmosférica dentro da máscara facial, de
forma que, caso haja algum dano na máscara que permita a passagem do ar, este ira fluir na
direção de dentro para fora da peça facial e não ao contrário, de forma a proteger o bombeiro
de possíveis contaminações.

Os equipamentos de proteção respiratória autônomo possuem uma série de


vantagens quanto à sua utilização, tais como:

a) Fornecimento de ar independente da atmosfera ambiente;


b) Facilidade de recarga dos cilindros, podendo ocorrer até no local do sinistro; e
c) Facilidade de conservação.
472
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

1 – peça facial
2 – válvula de exalação
3 – fiel da máscara
4 – conexão da válvula de demanda
5 – tirantes da máscara
6 – válvula de demanda
7 – mangueira de média pressão
8 – mangueira de alta pressão
9 – manômetro e alarme sonoro
10 – tirantes do cilindro
11 – suporte dorsal
12 – válvula redutora de pressão
13 – registro
14 – cilindro de alta pressão

Fig.:EPR autônomo –
fonte: ENB, 2006

O EPR autônomo constituído basicamente pela peça facial, cilindro de alta pressão,
suporte dorsal, manômetros, regulador de pressão e alerta sonoro.

10.4.1.6.1.1.Autonomia respiratória

A autonomia respiratória deste tipo de equipamento depende tanto da reserva de ar


comprimido existente no cilindro quanto de fatores como o grau de exigência física da
atividade que está sendo realizada – quanto mais intensa a atividade, maior o consumo de ar –
e do próprio condicionamento físico do militar que está fazendo uso do mesmo, já que quanto
melhor a condição física do militar menor a demanda de oxigênio do mesmo e, portanto,
maior a autonomia do EPR.

Para determinar a autonomia convencionou-se, universalmente, que 40 l/min é o


débito médio de ar respirado por um bombeiro em trabalho pesado, o qual corresponde,
aproximadamente, ao esforço despendido em uma caminhada sem obstáculos durante 4 km
com um EPR autônomo às costas. A autonomia pode ser dividida em: Autonomia efetiva e
Autonomia de trabalho (ENB, 2006).
473
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

i) Autonomia efetiva – é o período de tempo correspondente à quantidade de ar


contida no cilindro. Se conhecermos a capacidade do cilindro em litros, a pressão
indicada no manômetro e o consumo médio de ar respirado podemos determinar a
autonomia efetiva.

TABELA – CÁLCULO DA AUTONOMIA EFETIVA

Capacidade o cilindro em L x pressão indicada no manômetro = autonomia efetiva


40 l/min

(I) (II) (III)

6 l x 300 bar = 45 min 6 l x 200 bar = 30 min (4x4)*l x 200 bar = 40 min
40 l/min 40 l/min 40 l/min

Autonomia efetiva = 45 min Autonomia efetiva = 30 min Autonomia efetiva = 40 min


*conjunto de dois cilindros
Fonte: ENB, 2006

ii) Autonomia de trabalho – este é o período de tempo para trabalho em minutos,


para chegar a este valor devemos subtrair da autonomia efetiva, a reserva de ar do
aparelho – cerca de dez minutos.

TABELA – CÁLCULO DA AUTONOMIA DE TRABALHO

A autonomia de trabalho é igual à autonomia efetiva menos


a duração da reserva de ar

1 6 litros a 300 bar: 45 minutos efetivos – 10 min de reserva = 35 min de trabalho

2 6 litros a 200 bar: 30 minutos efetivos – 10 min de reserva = 20 min de trabalho

3 (4+4) litros a 200 bar: 40 minutos efetivos – 10 min de reserva = 30 min de trabalho

Fonte: ENB, 2006


474
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.1.6.1.2. Limitações

Por mais que seja fundamental e indispensável, a utilização do EPR para as


emergências que ofereçam risco de uma atmosfera nociva, este equipamento traz consigo a
imposição de algumas limitações ao seu usuário. Seguiremos a classificação e exposição de
limitações proposta pela ENB:

Quanto às limitações do equipamento destacam-se as seguintes:

a) Visibilidade limitada – a máscara reduz a visão periférica e em caso de


embaçamento pode reduzir quase que totalmente a visão do usuário;
b) Capacidade diminuída de comunicação – a masca prejudica de forma sensível a
comunicação verbal;
c) Aumento do peso – dependendo do modelo utilizado, o equipamento e proteção
respiratória entre 11 e 16kg;
d) Diminuição da mobilidade – o aumento do peso e o efeito aprisionante o suporte
dorsal e os tirantes de fixação reduzem a mobilidade do bombeiro;
e) Condição do aparelho – pequenas fugas de ar resultam em uma diminuição da
autonomia o equipamento em função das perdas;
f) Pressão do cilindro antes da utilização – se o cilindro não estiver totalmente
carregado (cheio), o tempo de funcionamento (autonomia) será proporcionalmente
reduzido.

Além das preocupações relacionadas às limitações do equipamento, devemos atentar


para as limitações do próprio bombeiro, destacamos as seguintes:

a) Condição física – se o bombeiro estiver com um condicionamento físico deficiente,


o ar contido no cilindro será consumido mais rapidamente, diminuindo a
autonomia;
b) Características faciais – apesar de o equipamento ser projetado para atender os
usuários de uma forma genérica, os contornos da face do usuário podem afetar em
um melhor ou pior ajuste da máscara;
c) Grau de esforço físico – quanto maior o esforço para realizar uma atividade, maior
o consumo de ar;
d) Estabilidade emocional – quanto maior o grau de emoção que um bombeiro tenha,
maior será sua cadência respiratória, logo, maior o consumo de ar;
e) Autoconfiança – a confiança do bombeiro em suas habilidades e no equipamento
terá sempre um efeito positivo na utilização do EPR;
f) Treino – quanto maior for o nível de treinamento do bombeiro, melhor será a
utilização do equipamento e maior será a autonomia conseguida por ele. Por isso o
treinamento deve ser constante.
475
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.1.6.1.3. Equipagem

Com relação ao método de equipagem do EPR, descreveremos o mais largamente


utilizado no CBMERJ que é o de colocação por cima da cabeça do usuário. Importante ressaltar
que o treinamento é indispensável já que a destreza na colocação do equipamento se
reverterá em uma ação de resposta mais rápida. Entendemos que o tempo de equipagem não
deva ser superior há 01 (um) minuto. Seguiremos então à descrição dos passos:

1º) Verificar a carga do cilindro;


2º) Colocar o equipamento no chão com as válvulas do cilindro voltadas para frente
(para o lado oposto ao do operador);
3º) Afrouxar todos os tirantes;
4º) Pegue o suporte dorsal ou o cilindro com as mãos, uma de cada lado;
5º) Levantar o equipamento acima da cabeça, passando os cotovelos por dentro das
alças;
6º) Segurar as alças com as mãos, deixando o equipamento escorregar para as costas;
7º) Fazer a conexão do tirante peitoral (se houver);
8º) Ajustar as correias de sustentação;
9º) Fazer a conexão e ajuste do cinto abdominal, de forma que o EPR fique bem
ajustado à cintura;
10º) Abrir a válvula do cilindro para verificar possíveis danos ao sistema e a
estanqueidade;
11º) Fazer o fechamento da válvula e observar se há perda sensível de carga (mais de
10 bar/minuto);
12º) Pendurar a máscara facial no pescoço, utilizando a alça da mesma;
13º) Abrir os tirantes (aranha) da mesma;
14º) Encaixá-la no rosto, começando pelo queixo e indo até a parte superior da cabeça;
15º) Ajustar os tirantes de baixo para cima, dois a dois;
16º) Testar a estanqueidade da máscara – teste de vedação;
17º) Fazer a conexão da válvula de demanda à peça facial.

Veja nas fotos a seguir a sequência para a equipagem:


476
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2 3 4 5

6 7 8 9

10 11 12 13

14 15 16 17
477
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Para a retirada do equipamento de respiração autônoma devemos seguir os seguintes


passos:

1º) Afrouxar as presilhas da peça facial;


2º) Fazer a interrupção do fluxo de ar na válvula de demanda;
3º) Retirar a peça facial;
4º) Desconectar a válvula de demanda da máscara (FIG.);
5º) Soltar o tirante abdominal;
6º) Afrouxar os tirantes das alças do EPR;
7º) Segurar a alça do lado esquerdo e retirar a alça do lado direito;
8º) Retirar o equipamento autônomo do ombro apoiando o mesmo cuidadosamente
ao solo.

1 2 3

4 5 6

7 8
478
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Importante!!

Há situações em que, pelo tamanho reduzido do acesso, não é possível fazer a


entrada com o EPR nas costas, desta forma fazemos retirada do equipamento – sem
retirar a peça facial – seguindo os passos acima descritos da letra “e” à letra “h” de
forma a fazermos a passagem do EPR separada do corpo do usuário, possibilitando o
acesso, conforme a seqüência de figuras abaixo:

10.4.1.6.1.4. Conservação e manutenção periódica

Após a utilização, deve ser feita a conservação do que se resume em limpeza e


verificação da integridade de todos os tirantes, cilindro, suporte dorsal, válvulas, bem como da
máscara facial. Não deve ser utilizado qualquer tipo de solvente para este tipo de limpeza,
apenas água e sabão neutro, não podemos utilizar detergentes.

Além da conservação, como a utilização do equipamento normalmente ocorre em


ambientes adversos, faz-se necessário uma manutenção realizada por pessoal especializado, a
fim de que sejam verificados possíveis defeitos no equipamento.

Além disso, devemos observar que os cilindros utilizados devem passar por retestes
para que sua utilização ocorra dentro das normas de segurança, para tanto aplica-se a seguinte
periodicidade:

 Para cilindros de aço – o reteste deve ser realizado a cada 05 anos e pode ser
utilizado enquanto passar no reteste.
 Para cilindros de composite – o reteste deve ser feito a cada 03 anos e deve
ser descartado com 15 anos de uso.

10.4.2. Aparelhos extintores

Aparelhos extintores são aparelhos que contêm um agente extintor que pode ser
projetado e dirigido sobre um incêndio pela ação de uma pressão interna, pressão essa, que
pode ser fornecida por compressão prévia (sistema pressurizado) ou pelo auxílio de um gás
auxiliar, chamado de gás propelente (sistema a pressurizar, entrando em desuso).

Esses equipamentos foram concebidos para serem utilizados no estágio inicial das
ações de combate a incêndio. A potencialidade máxima dos extintores é alcançada quando são
utilizados com técnica adequada para os objetivos propostos.
479
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

São transportados em todas as viaturas operacionais, sendo encontrados também nas


edificações e estabelecimentos que estejam de acordo com as normas contidas no Código de
Segurança Contra Incêndio e Pânico - COSCIP.

O êxito no emprego dos aparelhos extintores de incêndio depende dos seguintes


fatores basicamente:

 Aplicação correta do agente extintor para o tipo de combustível (sólido ou


líquido) e sua composição química;
 Manutenção periódica adequada e eficiente;
 O bombeiro-militar deverá possuir conhecimentos específicos de
maneabilidade do equipamento e técnicas de combate a incêndio.

Normalmente, esses aparelhos extintores são chamados pelo nome do agente extintor
neles contido e apresentam características próprias, apesar de possuírem detalhes de acordo
com cada fabricante.

10.4.2.1. Classificação dos extintores


Conforme a NBR 11.715, os extintores de incêndio podem ser classificados quanto a:

i) Mobilidade do extintor

 Portáteis – esta classificação refere-se a todos os aparelhos extintores que


podem ser transportados manualmente, sua massa total não deve ultrapassar
20 kg.
 Não portáteis (Sobre rodas) – são os aparelhos extintores com massa superior
a 20 kg, não permitem o transporte manual e por isso são montados sobre
rodas para que possam ser deslocados por uma única pessoa.

ii) Pressurização

 Direta (pressurizados) – são os extintores que estão permanentemente


pressurizados, caracterizam-se pelo emprego de somente um recipiente para o
agente extintor e o gás expelente.
 Indireta (a pressurizar) – são os extintores que são pressurizados na ocasião do
uso, caracterizam-se pelo emprego de um recipiente para o agente extintor e
um cilindro com gás expelente.

10.4.2.2. Principais tipos de extintores

Existem vário tipos de aparelhos extintores de incêndio, porém, neste material, iremos
privilegiar as informações relacionadas aos tipos mais comuns encontrados em locais públicos,
de reunião de público e em edificações em geral.
480
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

 Identificação dos aparelhos extintores portáteis – A identificação dos extintores


portáteis é feita pelo rótulo de identificação, que está colado no corpo dos
extintores portáteis e traz o tipo de agente extintor, a capacidade, o(s) tipo(s) de
classe(s) para a(s) qual (ais) o extintor portátil é indicado e o fabricante.

Fig.: Rótulo extintor

 Sistema de segurança – Todo extintor possui dois sistemas de segurança, o lacre,


que tem a finalidade de demonstrar que o extintor ainda não foi utilizado, e o pino
de segurança, que trava o gatilho do extintor, impossibilitando que o extintor seja
utilizado acidentalmente.

Lacre
Pino de
Segurança

Fig.: sistema de segurança

i) Aparelho extintor portátil de água pressurizado – Com capacidade variável


dependendo do fabricante, sendo o mais comum o de 10L, alcance médio do
jato de 10 m, utilização em incêndios classe A, tempo de descarga aproximada
de 60 segundos e cilindro de baixa pressão. Tem como princípio de
funcionamento a pressão interna maior que externa, sendo assim ao se
acionar o gatilho a água é expelida.
481
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar
2 5
1 7
1 – Mangueira
6 3 2 – Esguicho
3 – Alça para transporte
4 – Cilindro
5 – Gatilho
6 – Manômetro
7 – Pino de segurança

Extintor AP

ii) Extintor de incêndio portátil de espuma mecânica – Com capacidade variável


dependendo do fabricante, sendo o mais comum o de 9L da mistura de água e
de LGE (líquido gerador de espuma), alcance médio do jato de 5 m, utilização
em incêndios classe A e B, tempo de descarga aproximada de 60 segundos e
cilindro de baixa pressão. O seu funcionamento é devido a mistura de água e
LGE já pressurizado, que ao ser expelido pelo acionamento do gatilho, passa
pelo esguicho aerador, onde ocorrem um turbilhonamento, formando assim a
espuma.
8 6
7 1 – Mangueira
1 3 2 – Esguicho aerador
3 – Alça para transporte
4 – Cilindro
5 – Tubo sifão (internamente)
6 – Gatilho
5 7 – Manômetro
8 – Pino de segurança

2
4

Extintor Espuma
mecânica

iii) Extintor de incêndio portátil de pó químico seco (PQS) – Com capacidade


variável dependendo do fabricante, sendo o mais comum o de 8kg, alcance
médio do jato de 5 m, utilização em incêndios Classes B e C, e também da
Classe D, quando utilizado pó químico especial. O tempo de descarga é de,
aproximadamente, 20 segundos e o cilindro de baixa pressão. O seu
funcionamento baseia-se no pó que está sob pressão, que expelido, quando
acionamos o gatilho. Existem extintores de pó eficazes para as classes A, B e C.
482
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2
1 6 1 – Mangueira
8
2 – Esguicho
3 3 – Alça para transporte
7 4 – Cilindro
5 – Tubo sifão (internamente)
6 – Gatilho
7 – Manômetro
5 8 – Pino de segurança

4
Extintor PQS

iv) Extintor de incêndio portátil de gás carbônico (CO2) – Com capacidade


variável dependendo do fabricante, sendo o mais comum o de 8kg, alcance
médio do jato de 2,5 m, utilização em incêndios classe B e C. O tempo de
descarga aproximada de 30 segundos e cilindro de alta pressão. O seu
funcionamento é devido ao gás que está armazenado sob alta pressão, que é
liberado quando acionado o gatilho.

1 – Mangueira
4 2 – Gatilho
1 2 3 – Alça para transporte
4 – Pino de segurança
7
3 5 – Tubo sifão (internamente)
6 – Cilindro
7 – Punho
8 – Difusor
8
5

6
Extintor CO2
483
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.3. Bombas de incêndio

São máquinas hidráulicas destinadas a aspirar, comprimir ou recalcar a água com a


pressão necessária ao serviço de extinção de incêndios.

São empregadas, também, para esgotar a água de locais inundados, a fim de facilitar
os trabalhos de proteção e salvamento.

Não podemos classificar uma bomba isoladamente como a melhor, para cada situação
haverá uma que apresentará determinadas características que a torne mais adequada, por
exemplo, a bomba Rosenbauer é muito potente, porém é muito pesada e grande, nos casos
onde há a disponibilidade de energia, uma bomba elétrica seria bem mais apropriada e prática.
Para utilizarmos a água de uma cisterna, a bomba submersível é mais indicada, desse modo
devemos pensar nas condições que o meio nos impõe e pensar qual das bombas atende
melhor as nossas necessidades.

10.4.3.1. Classificação das bombas de incêndio

As bombas de incêndio podem ser classificadas sob diversos aspectos, para a nossa
abordagem adotaremos as classificações quanto ao funcionamento, à fonte de energia, ao
transporte e à potência.

10.4.3.1.1. Quanto ao funcionamento

a) Bombas de pistão – É o princípio de funcionamento das bombas costais utilizadas


em incêndios florestais.
b) Bombas centrífugas – são as mais utilizadas no CBMERJ e nas instalações fixas de
diversas edificações (residenciais, comerciais, industriais, etc).
c) Bombas de engrenagens – Também chamadas de rotativas de engrenagens. São
bombas utilizadas para realizar escorva, por realizar a retirada de ar, é também
utilizada para sistemas que necessitam de grande pressurização, como o sistema
das plataformas e escadas mecânicas.

10.4.3.1.2. Quanto à fonte de energia

a) Manual – a fonte de energia é a própria força física do operador, tendo como


exemplo a bomba costal.
b) Motor a explosão – movida pela força motriz gerada por um motor à explosão,
tendo como exemplo as autobombas.
c) Elétrica – utiliza a eletricidade para seu funcionamento.
484
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.3.1.3. Quanto ao transporte

a) Portátil – aquela que pode ser transportada pelos próprios operadores.


b) Automóvel (autobomba) – quando a mesma é parte integrante de uma viatura
automotor.
c) Reboque – quando está montada sobre um reboque, possibilitando o rebocamento
ao ser atrelada a uma viatura automotora.
d) Marítima – quando transportada em embarcações.

10.4.3.1.4. Quanto à potência

a) Bomba de pequena potência – apresenta vazão de até 900 litros/minuto.


b) Bomba de média potência – possui vazão de 901 a 2.235 litros/minuto.
c) Bomba de grande potência – tem vazão acima de 2.235 litros/minuto.

10.4.3.2. Funcionamento das bombas de incêndio


Neste momento faremos a descrição do funcionamento dos vários tipos de bombas de
incêndio, evidenciando suas principais características.

10.4.3.2.1. Bomba de pistão

Com o movimento do pistão no interior do cilindro, no


sentido da aspiração, a válvula de admissão é aberta e o ar extraído
do corpo da bomba e do mangote. Devido à pressão atmosférica, a
água penetra no corpo da bomba. Invertendo o movimento do
pistão, a válvula de admissão é fechada e a água existente no corpo
de bomba é comprimida, sendo expelida para o exterior através da
válvula de expulsão. As bombas de incêndio deste tipo são,
geralmente, formadas de duas ou mais bombas conjugadas, com
movimentos alternados, possuindo câmaras de aspiração e de Fig.:bomba de pistão
compressão, com dispositivos para manter o vácuo e o jato
contínuo.

10.4.3.2.2. Bomba de engrenagens (ou rotativa de engrenagem)

Com o movimento de duas engrenagens de grandes


dentes engrazados no interior do corpo de bomba, sendo uma
delas motriz, o ar é retirado pelos intervalos dos dentes de cada
engrenagem, que sobem, lateralmente, e não pode retornar pelo
485
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

centro em virtude dos mesmos intervalos descerem ocupados pelos dentes da outra. Extraído
o ar da parte inferior do corpo de bomba, chamada câmara de admissão e do mangote, a água
penetra na bomba, sendo arrastada para a parte superior, chamada câmara de expulsão, onde
é comprimida saindo para as mangueiras. O vácuo e o jato são contínuos sem necessidade de
dispositivos especiais. Encontra-se em desuso na Corporação, sendo utilizada somente nos
dispositivos de escorva.

10.4.3.2.3. Bomba de palhetas

O rotor possui palhetas móveis que se deslocam de


acordo com a força centrifuga, fazendo com que as palhetas
deslizem até a parede da câmara, realizando o arrasto da água e
de ar, por isso o eixo do rotor não é alinhado com o eixo da
carcaça. Pelo fato de contar com o deslocamento das palhetas
para realizar a pressurização do sistema, deve estar sempre
lubrificada para evitar o mal funcionamento da bomba. Similar a
bomba centrífuga, a admissão da água se realiza pelo centro e é
expulsa pela parte superior. É uma bomba muito utilizada para
escorva.
Fig.:bomba de palhetas

10.4.3.2.4. Bomba centrífuga

Com o movimento do rotor dentro do corpo de bomba,


constituído por uma caixa circular, a água que chega ao centro é
projetada sobre as palhetas e pela ação da força centrífuga,
arremessada com violência para a periferia escapando com
pressão pelo tubo de saída. Quanto maior for a velocidade do
rotor, maior será a pressão da água expelida. As bombas
centrífugas das viaturas do CBMERJ necessitam de um dispositivo
auxiliar, para fazer o vácuo no início do funcionamento, quando a
água não chega, espontaneamente, ao corpo de bomba.
Fig.:bomba centrífuga

10.4.3.3. Manutenção de motobombas

Seguem agora as instruções relacionadas às motobombas, indicando as partes e


procedimentos a serem executados.

a) Óleo do motor – Remover a tampa do reservatório, realizar a drenagem completa,


adicionar óleo limpo recomendado pelo fabricante até a marca indicativa.
486
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

b) Filtro de ar – Lavar em solvente não inflamável, deixar que o mesmo seque


completamente, saturar em óleo de motor limpo e espremer para que saia o
excesso.
c) Vela de ignição – Limpar qualquer sujeira utilizando uma escova de aço,
inspecionar visualmente a vela e descartá-la em caso de desgaste.
d) Carburador – Ligar o motor e deixar atingir a temperatura usual de trabalho, com o
motor em marcha lenta girar o parafuso da mistura para produzir uma rotação mais
alta.
e) Copo de sedimentos e filtro de combustível – Fechar a válvula de combustível e
retirar o copo de sedimentos, para a limpeza do copo utilize solvente não
inflamável, realizar a instalação do anel de vedação e o copo de sedimentos com o
torque especificado. Drenar o combustível e remover o tanque de combustível,
desconectar o combustível e remover o filtro de combustível, realizar o filtro com
solvente, enxaguar e limpar o tanque caso necessário, colocar o anel de vedação no
filtro e instalá-lo.
f) Folga de hélice – Remover os parafusos com flange, as porcas, a carcaça da bomba
e a tampa da hélice, meça a profundidade da tampa da ventoinha e a altura das pás
da hélice e ajuste as distâncias de acordo com o recomendado.

10.4.3.4. Procedimento para estabelecimento de motobombas

Neste momento descreveremos características e procedimentos para o


estabelecimento de três bombas para combate a incêndios: Rosembauer-Fox, motobomba
autoescorvante e motobomba submersível com mangote e centrífuga.

10.4.3.4.1. Bomba Rosenbauer-fox

a) Especificações técnicas da Rosenbauer - Fox

Fig.:bomba Rosenbauer - Fox


487
CBMERJ
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TABELA – ESPECIFICAÇÕES DA ROSENBAUER-FOX


Motor
Tipo de motor BMW – 2 cilindros – 4 tempos
Cilindradas 1.170 cm3
Potência 66 HP a 4.500 rpm
Capacidade do reservatório de combustível 20 litros
Bomba de água
Tipo de bomba Centrífuga autoescorvante
Diâmetro de admissão 4”
Diâmetro de expulsão 2½“
Vazão máxima 2.000 litros/min
Vazão 1.600 litros/min a 10 bar
Escorva
Sucção máxima 9 metros
Tempo de escorva 20 segundos para 7,5 m.c.a.
Fonte: Manual do fabricante

b) Procedimentos para a operação da Rosenbauer-Fox

1. Verificar o óleo do motor (se necessário completar).

2. Verificar o combustível (se necessário completar).


488
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

3. Adaptar o mangote em hidrantes ou cisterna.

4. Adaptar e ajustar o mangote na boca de admissão da bomba, verificar a


vedação.

5. Utilizar o mangote com o ralo que possui válvula de retenção em poços,


cisternas e outros.
489
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

6. Ajuste a alavanca de aceleração e com as alavancas de engrenagem do corpo de


bomba e escorva na posição “0” gire a chave de ignição sem dá partida até
acender a luz do painel e faça um barulho (clique).

7. Gire a chave até dar a partida no motor.

8. Coloque a alavanca de engrenagem do corpo de bomba na posição “1” ativando


a mesma.
490
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

9. Coloque a alavanca de escorva na posição “1”, para fazer a escorva e desfazendo


depois de concluído o processo, voltando para posição “0”.

10. Ao término das operações, desfaça a corpo de bomba colocando a alavanca do


mesmo na posição “0”, desacelere e desligue na chave e em seguida
desconecte o material de abastecimento.

10.4.3.4.2. Motobomba autoescorvante

a) Especificações técnicas da motobomba Honda WB30X

Fig.:motobomba Honda WB30X


491
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

TABELA – ESPECIFICAÇÕES DA HONDA WB30X


Motor
Tipo de motor GX160K1 – 4 tempos
Cilindradas 270 cm3
Potência 7,9 HP a 3.600 rpm
Capacidade do reservatório de combustível 5,3 litros
Bomba de água
Tipo de bomba Centrífuga autoescorvante
Diâmetro de admissão 3”
Diâmetro de expulsão 3“
Pressão máxima 2,68 bar
Vazão 1.100 litros/min
Escorva
Sucção máxima 8 metros
Tempo de escorva 150 segundos para 5 m.c.a.
Fonte: Manual do fabricante

b) Procedimentos para a operação da motobomba Honda WB30X

1. Verificar o óleo do motor (se necessário completar).

2. Verificar o combustível (se necessário completar).


492
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

3. Adaptar o mangote na boca de admissão da bomba, atentando para o anel de


borracha.

4. Introduzir o ralo no ponto de captação.

5. Adapte a mangueira na boca de expulsão.


493
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

6. Retire a tampa do reservatório localizado acima das bocas de admissão e


expulsão e encha com água.

7. Tampe o reservatório.
494
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

8. Ligue a bomba (on).

9. Abra a válvula do combustível.

10. Ajuste o afogador.


495
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

11. Verifique a aceleração.

12. Puxe a manopla, retirando a folga, até que o motor entre em funcionamento.

13. Acelere e aguarde a escorva automática.


496
CBMERJ
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14. Para desligar a bomba coloque a chave em off, retirando o mangote da ligação
e mangueiras, abrindo a válvula de escoamento do reservatório e deixando
toda a água escorrer, a seguir recoloque a tampa.

Importante!!

Ao término das operações, especialmente quando a bomba não vier a ser utilizada
em um curto período de tempo, deve-se fechar a válvula de combustível com a bomba
em funcionamento, até que o motor desligue sozinho, indicando que todo o combustível
foi queimado, a fim de evitar danos ao mesmo por resíduo de combustível.

10.4.3.4.3. Motobomba submersível com mangote e centrífuga

a) Especificações técnicas da motobomba YAMAHA MZ 175R

Fig.:motobomba Yamaha MZ 175R

TABELA 99 – ESPECIFICAÇÕES DA YAMAHA MZ 175R


Motor
Tipo de motor MZ 175 – 4 tempos
Cilindradas 171 cm3
Potência 5,5 HP a 4.000 rpm
Capacidade do reservatório de combustível 4,5 litros
Bomba de água
Tipo de bomba centrífuga
Diâmetro de admissão Não aplicável
Diâmetro de expulsão 2½“
Pressão máxima 1,72 bar
Vazão 420 litros/min
Escorva
Sucção máxima Não aplicável
Tempo de escorva Não aplicável
Fonte: Manual do fabricante
497
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

b) Procedimentos para a operação da bomba submersível com mangote e centrífuga

1. Verificar o óleo do motor (se necessário completar).

2. Verificar o combustível (se necessário completar).

3. Verificar comandos de velas, se necessário ajustar.


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CBMERJ
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4. Adaptar o rabicho na boca de admissão da bomba.

5. Colocando o eixo e centrífuga na cisterna e outros utilizando uma corda guia,


lembrar que a mangueira de 2 ½” já fica adaptada na boca de expulsão da
bomba.

6. Abra a válvula de combustível.


499
CBMERJ
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7. Verifique a aceleração.

8. Ajuste o afogador.

9. Ligue a bomba (on).


500
CBMERJ
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10. Puxe a corda do rotor até que ele entre em funcionamento.

11. Acelere e aguarde a escorva automática.

12. Para desligar a bomba coloque a chave em off, retirando as mangueiras da


ligação. Retire o eixo e a centrífuga do fundo do ponto de captação e deixe
toda a água escorrer do material.

Importante!!

Ao término das operações, especialmente quando a bomba não vier a ser utilizada
em um curto período de tempo, deve-se fechar a válvula de combustível com a bomba
em funcionamento, até que o motor desligue sozinho, indicando que todo o combustível
foi queimado, a fim de evitar danos ao mesmo por resíduo de combustível.
501
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

10.4.4. Hidrantes

Os hidrantes são pontos de tomada de água onde há uma (simples) ou duas (duplo)
saídas contendo válvulas angulares com seus respectivos dispositivos. Este tipo de recurso é de
suma importância para as atividades de combate a incêndio.

10.4.4.1. Hidrante de coluna

Aparelho instalado no Sistema de Abastecimento Público de Água permitindo a


adaptação das bombas e mangueiras para o serviço de extinção de incêndio, tendo suas
características embasadas na NBR 5.667 – Hidrante de Coluna – Parte 01.

10.4.4.1.1. Características construtivas

Os hidrantes de coluna apresentam as seguintes características construtivas:

 Entrada de Água: 100 mm


 Saídas de Água:
- 2 ½ " = 63mm, 5 fios;
- 4" = 100mm, 4 fios.
 Massa do Hidrante: 91 Kg
 Material Empregado:
- Bujão ou cinta de metal: latão fundido;
- Corpo e tampão: ferro fundido.
 Pintura: tinta esmalte vermelho;
 Pressão Máxima de Serviço: 10kgf/cm2
 Acessórios:
- Curva dessimétrica com flanges (100 mm), massa =32 Kg
- Registro com flanges
 Diâmetro = 75 mm, massa = 22 Kg
 Diâmetro = 100 mm, massa = 29 Kg
- Tubo flange-bolsa (Peça de Extremidade)
 Diâmetro = 75 mm, massa = 9 Kg
 Componentes do Registro:
- Luva de pistão: Fixa a chave de registro ao pistão do registro;
- Pistão ou haste rosqueada: Abre e fecha a comporta para a passagem
da água;
- Sobreposta: Sustentação e guia da haste, pressiona a gaxeta no
interior da posta;
- Posta: Ligada à sobreposta, possui uma ranhura que permitirá encaixar
a gaxeta;
502
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

- Gaxeta: Cordão encerado que evita vazamento na parte superior da


posta;
- Arruela: Evita o vazamento da parte inferior da posta e a apoia no
sobre salto da haste;
- Castanha: Responsável pela fixação da haste à comporta;
- Comporta: Permite a passagem da água para o hidrante;
- Castelo: Compartimento com uma fenda para receber a comporta
(subdividida em castelo e carcaça).
 Corpo do Registro: o corpo do registro é formado com a união do castelo e da
carcaça e sua função é proteger seus componentes internos.

Corpo
Tampão
Cinta de Metal

Tampa da Caixa de Registro


Curva de 90º de 100 mm F/F

Registro

Tubo de 100 mm Flange/Bolsa

Fig.:– Hidrante de coluna

10.4.4.1.2. Manutenção do hidrante de coluna

Descreveremos a seguir a manutenção relativa ao hidrante de coluna, explicitando o


primeiro, segundo e terceiro escalões desta manutenção:

i) Manutenção de 1º escalão

a) Descarga: Abre-se o registro do hidrante a fim de eliminar lixo e impurezas


da tubulação que possam vir a obstruir o caminho e atrapalhar a operação.
b) Limpeza: Retira-se o lixo da caixa de registro e do hidrante.
c) Aplicação de lubrificantes: Lubrificam-se as juntas com graxa.
d) Pintura: Pinta-se o hidrante nas cores estabelecidas.
503
CBMERJ
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ii) Manutenção de 2º escalão

a) Colocação de tampões: Colocam-se os tampões nas expedições que não os


tem mais.
b) Descobrimento de registro: Escava-se a calçada que vem a estar cobrindo o
registro para permitir o acesso ao mesmo.
c) Colocação de registro: Coloca-se a caixa de registro.
d) Substituição do hidrante: Substitui o hidrante que esteja danificado.
e) Remanejamento de hidrante: Desloca-se o hidrante para um local mais
adequado.

iii) Manutenção de 3º escalão

a) Instalação de hidrante: Instala-se o hidrante de forma completa no local


desejado.
b) Substituição de gaxeta: Troca-se a gaxeta avariada por uma em bom estado.
c) Substituição do registro: Após cessar o abastecimento para o hidrante em
questão, é feita a troca do registro com problema.
d) Remanejamento do encanamento: Remaneja-se o encanamento para obter
uma maior eficiência.

10.4.4.1.3. Possíveis defeitos, causas e reparos

A seguir apresentaremos uma tabela com os principais defeitos apresentados por este
tipo de hidrante, descrevendo ainda suas causa e os reparos a serem realizados:

TABELA – DEFEITOS, CAUSAS E REPAROS EM HIDRANTES DE COLUNA


Defeito Causa Reparo
Dar descarga no hidrante
Detritos na fenda de encaixe da
para a limpeza da comporta
comporta (na carcaça)
e carcaça
Vazamento pelas bocas Substituição da castanha, ou
Castanha quebrada ou solta do
expulsoras pancadas suaves sobre
pistão
pistão para arriar a comporta
Substituição do registro (ou
Ranhura na Comporta
comporta)
Tampão quebrado Abalroamento do tampão Substituição do tampão
Cinta de metal (Bujão) Abalroamento sobre a cinta de Substituição da cinta de
amassada ou quebrada metal metal ou hidrante (material:
504
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

cinta de metal e parafusos)


Tampão não rosqueia até Parte interna do tampão no Limpeza com escova de aço
fim na cinta de metal estado ferruginoso e aplicação de lubrificante
Hidrante desbotado Exposição ao tempo Pintura
Perfurar local para
Caixa de registro soterrada Soterramento descobrimento de caixa e
registro.
Caixa de registro Sujeiras no interior da caixa de
Limpeza
internamente com detritos registro
Uso da chave de registro
Esmerilhar pistão; troca do
Pistão roliço inapropriada ou mau uso da
registro ou troca de pistão
chave de registro
Vazamento no Pistão, Troca de gaxeta;Troca do
Gaxeta gasta.
Sobre posta e Posta registro
Arruela(s) gasta(s) ou falta de Colocação ou troca de
Vazamento nas juntas
arruela(s) arruela(s) na(s) junta(s)
Base do hidrante quebrado Pancada Troca do hidrante
Comporta arriada (pistão Encaixe do pistão na
desencaixado da compota), castanha ou comporta, ou
Voltas sem fim no pistão
castanha e/ou comporta substituição da castanha
quebrada e/ou comporta
Colocação da caixa de
Registro descoberto Sem caixas de registro
registro
Hidrante ou Caixa de
Remanejamento do hidrante
Registro em local Obras
ou caixa de registro.
inapropriado
Instalação a rede de
Hidrante plantado no chão
abastecimento público (só a
(não instalado a rede de Má instalação do hidrante.
Nova CEDAE); Recolhimento
abastecimento publica)
do Hidrante.
Cavar no entorno do
hidrante, verificar tubos,
curva e conexões, caso
Hidrante abalroado Tombado, caído, inclinado
necessário troca das mesmas
e colocar o hidrante na
posição vertical.
Fonte: GTSAI/CBMERJ

10.4.4.1.4. Cálculo da vazão em hidrante de coluna

Visando a praticidade do método de calculo de vazão, elaboramos a tabela de


conversão DISTÂNCIA x VAZÃO, onde para uma dada boca expulsora (2 ½ " ou 4”) com a
correspondente distância do jato, temos como determinar a vazão Q em litros/min.
505
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

i) No caso da lâmina d’água ocupar toda a seção da boca expulsora

a) Deverá ser conectado à tomada d'água de 2 ½ ", um tubo de


aproximadamente 40 cm de comprimento com mesmo diâmetro;
b) Deverá ser procedida a descarga no hidrante;
c) Deverá ser medida a distância horizontal entre o ponto de saída e o ponto
onde a água toca primeiro o solo;
d) Esta medida deverá ser convertida em vazão (l/min) de acordo com a tabela
A.

40 cm

X cm

Fig. 99 – esquema de medição

ii) No caso da lâmina d’água ocupar parcialmente a seção da boca expulsora

a) Avaliar a altura da lamina de água na boca expulsora.


Exemplo:
Se for ocupada somente a metade da altura da boca expulsora do
hidrante, será de 50% ou 0,50;
b) De posse do valor, consultar a tabela nº B para obter o fator de
multiplicação correspondente;
c) Depois faça os mesmos procedimentos do item “i” como se a lâmina de
água ocupasse toda a seção, consultando a tabela A;
d) Por ultimo multiplique o fator de multiplicação pela vazão encontrada nos
itens anteriores (b e c), para se ter a vazão do hidrante que ocupa
parcialmente a seção da boca expulsora.
506
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

H
D

H/D = X

Fig. – esquema de medição

TABELA A – PREENCHIMENTO TOTAL


Distância do jato Vazão (litos/min) Vazão (litos/min)
(em metros) S=2½“ S=4“
0,20 127,20 325,60
0,25 159,00 407,00
0,30 190,80 488,40
0,35 222,60 569,80
0,40 254,40 651,20
0,45 286,20 732,60
0,50 318,00 814,00
0,55 349,80 895,40
0,60 381,60 976,80
0,65 413,40 1058,20
0,70 445,20 1139,60
0,75 477,00 1221,00
0,80 508,80 1302,40
0,85 540,60 1383,80
0,90 572,40 1465,20
0,95 604,20 1546,60
1,00 636,00 1628,00
1,20 763,20 1953,60
1,40 890,40 2279,20
1,60 1017,60 2604,80
1,80 1144,80 2930,40
2,00 1272,00 3256,00

Fonte: GTSAI - CBMERJ


507
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

TABELA B – PREENCHIMENTO PARCIAL


H/D (Altura da lâmina d’ água / Diâmetro) FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
em %
0,95 0,981
0,90 0,948
0,85 0,905
0,80 0,857
0,75 0,805
0,70 0,747
0,65 0,688
0,60 0,627
0,55 0,564
0,50 0,500
Fonte: GTSAI - CBMERJ

A confrontação do método exposto com a realidade foi comprovada através da


seguinte forma:

Com um tanque de capacidade conhecida, cronometramos o tempo de enchimento do


mesmo tendo como fonte a boca de 2 ½ ” de um hidrante de coluna cuja distância do jato foi
medida. Sendo constatado erro na faixa de 10%, para menos, o que não compromete
operação, visto surgir, assim, um ganho na vazão real do aparelho.

Existem outros métodos para cálculo de vazão, como exemplo, o uso do pitômetro e
do hidrômetro; porém, nem sempre, esses equipamentos existem ou estão disponíveis nas
unidades operacionais.

10.4.4.2. Hidrante de recalque

Dispositivo localizado no logradouro público com o objetivo de fazer o recalque da


água da rede de hidrantes ou captar água da Reserva Técnica de Incêndio. Suas características
terão como base a NBR13714 - Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos para Combate a
Incêndio.

A captação dos recursos hídricos existentes na reserva técnica de incêndio (RTI) e do


reservatório superior poderá ser realizada com a conexão das viaturas de incêndio no hidrante
de recalque (HR). Se o HR possuir válvula de retenção ou estiver com defeito, o militar deverá
deslocar-se até a caixa de incêndio do primeiro andar retirar a redução 2½” rosca fêmea grossa
para 1½`` storz substituí-la por uma adaptação de 2½rosca fêmea grossa para 2½” storz e
proceder ao abastecimento.

Também chamado de hidrante de passeio por estar normalmente nas vias de


circulação.
508
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig.:– hidrante de recalque

10.4.4.3. Legislação sobre Hidrantes

Faz-se necessária, neste momento, uma breve explanação a respeito dos aspectos
ligados aos hidrantes.

i) DECRETO 22872 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1996 - APROVA O REGULAMENTO


DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO
SANITÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A CARGO DAS
CONCESSIONÁRIAS OU PERMISSIONÁRIAS.

Art. 3º - Compete às CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS de


prestação de serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário
operar, manter e executar reparos e modificações nas canalizações e instalações dos
serviços públicos de Água e esgoto sanitário, bem como fazer obras e serviços
necessários à sua ampliação e melhoria de acordo com os termos da concessão ou da
permissão, na área objeto destas.

Art. 11 - Os agentes habilitados do Corpo de Bombeiros poderão, em


caso de incêndio, operar os registros e hidrantes da rede distribuidora.

§ 1º - O Corpo de Bombeiros comunicará, obrigatoriamente, às


CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS, em (vinte e quatro) 24 horas, as operações
efetuadas nos termos deste artigo.

§ 2º - As CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS fornecerão ao


Corpo de Bombeiros informações sobre a rede distribuidora e o regime de
abastecimento.
509
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

§ 3º - As CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS, de acordo com as


necessidades do Corpo de Bombeiros, dotarão os logradouros públicos, que dispõem
de rede distribuidora, dos hidrantes necessários.

Art. 123 - Serão punidas com multas, independentemente de


intimação, as seguintes infrações, cujos valores serão previamente aprovados pelo
PODER CONCEDENTE.

I - intervenção de qualquer modo nas instalações do serviço público


de água ou de esgoto sanitário;

ii) DECRETO 897 DE 21 DE SETEMBRO DE 1976 – CÓDIGO DE SEGURANÇA


CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO.

Art. 21 - Os hidrantes serão assinalados na planta de situação,


exigindo-se um numero que será determinado de acordo com a área a ser
urbanizada ou com a extensão do estabelecimento, obedecendo-se ao critério de 1
(um) hidrante do tipo coluna, no máximo, para a distância útil de 90m (noventa
metros) do eixo da fachada de cada edificação ou eixo da fachada de cada edificação
ou de eixo de cada lote.

Art. 22 - A critério do Corpo de Bombeiros, poderá ser exigido o


hidrante nas áreas de grande estabelecimentos.

Art. 23 - Nos logradouros públicos a instalação de hidrantes compete


ao órgão que opera e mantém o sistema de abastecimento d’água da localidade.

Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros, através de suas Seção e


Subseções de Hidrantes, fará, anualmente junto a cada órgão de que trata este
artigo, a previsão de hidrantes a serem instalados no ano seguintes.

10.4.5. Fenômenos hídricos


O conhecimento a respeito dos principais fenômenos hídricos é de suma importância
para as atividades de bombeiro militar, neste manual serão abordados o Golpe de aríete e a
Cavitação.

10.4.5.1. Golpe de aríete


Na hidráulica e conseqüentemente nas operações de bombeiro militar, há diversos
fenômenos complicadores, destacando-se como um dos mais perigosos, o Golpe de Aríete.

Resumidamente, o fenômeno ocorre em tubulações nas quais existe o fluxo de um


líquido e acontece um fechamento abrupto da expedição ou das válvulas, causando refluxo do
líquido e conseqüentemente ondas de pressão que podem danificar todo o sistema.
510
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

A intensidade do golpe varia conforme os seguintes fatores:

 Velocidade: Quanto maior for a velocidade do líquido na tubulação, mais


intenso será o golpe;
 Comprimento: Quanto maior for o comprimento da linha, mais intenso será o
golpe;
 Formas da Tubulação: As curvas aumentam a possibilidade do golpe,
principalmente em curvas próximas a expedição;
 Tempo: Quanto mais abrupto for fechamento da válvula, mais intenso será o
golpe.

Há diversas formas de evitar ou minimizar o golpe, com este propósito, a indústria


desenvolveu equipamentos como: volante de inércia, chaminés de equilíbrio, by-pass e
válvulas de alívio. Nas operações de bombeiro militar é importante aumentar o tempo de
fechamento do esguicho, do divisor e das válvulas das auto-bombas.

A não observância dos procedimentos adequados pode causar, imediatamente ou


posteriormente, a rachadura ou o rompimento da bomba, desempatamento ou rompimento
de tubulações e mangueiras, trepidação e barulho.

10.4.5.2. Cavitação

10.4.5.2.1. Pressão de vapor


Para entender o fenômeno da cavitação, é necessário conhecer alguns conceitos
físicos sobre os estados da matéria e sua variação perante o aumento e diminuição da pressão
e da temperatura.

A pressão de vapor de um fluido a uma determinada temperatura é aquela em que há


equilíbrio entre as fases liquida e vapor. Como ilustrado na figura 4.1, este equilíbrio ocorre
somente em uma linha (linha líquido-vapor) e se estende desde o ponto-triplo até o ponto
crítico. Fora desta linha, uma das fases tem mais estabilidade.

Observando o gráfico, visualizamos que quanto maior for a sua pressão de vapor, mais
volátil será o líquido, e conseqüentemente menor será sua temperatura de ebulição.
511
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig.:– pressão de vapor

10.4.5.2.2. Fenômeno da cavitação

Durante o fluxo do líquido na tubulação, pode ocorrer uma diminuição da pressão


estática local (devido a perdas de carga, velocidade do fluido e características da bomba) a tal
ponto que se torna igual ou menor do que a pressão de vapor do fluido, assim haverá
formação de bolhas de vapor (cavidades) os quais desaparecerão com o aumento da pressão
durante o escoamento. Este processo de formação, crescimento e colapso das bolhas é
chamado de cavitação.

Estas bolhas de vapor desaparecem bruscamente, retornando a fase líquida, ao


alcançar áreas de alta pressão em seu percurso através da bomba, geralmente no rotor. Como
esta mudança de fase é rápida, o líquido atinge a superfície do rotor em alta velocidade,
produzindo ondas de alta pressão em áreas reduzidas.

Figura – Cavitação em uma bomba. Fonte: Manual de


Treinamento da KSB Bombas Hidráulicas
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10.4.5.2.3. Conseqüências da cavitação


Os efeitos da cavitação dependem da duração e intensidade do fenômeno,
propriedades do líquido e resistência do material da bomba à erosão por cavitação.
Dependendo da força do fenômeno, ocorrerá trepidação, perda de rendimento, ruídos e
danificação da bomba.

Figura – conseqüências da cavitação

10.4.6. Geoprocessamento e plano de gerenciamento


operacional de recursos hídricos
O geoprocessamento é o processamento de dados georreferenciados, utilizando
programas de computador para acessar informações cartográficas (mapas, cartas topográficas
e plantas) em conjunto com informações diversas adicionadas ao programa.

Considerando a necessidade de agregar as informações sobre os recursos hídricos


pertencentes a cada GBM e para a criação de um banco de dados unificado, proporcionando a
facilitação de acesso a estes dados e maior segurança para as informações armazenadas, o
GTSAI firmou uma parceria com o Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (LAGEOP/UFRJ) para criação de um banco de dados unificado e
georrefenciado.

A ferramenta resultante dessa parceria foi chamada de Plano de Gerenciamento


Operacional de Recursos Hídricos (PGORH) e permitiu a universalização das informações e o
acesso dos dados em tempo real

O PGORH é uma plataforma web que utiliza o Google Maps API –


(ApplicationProgramming Interface), como base de dados, o que torna o sistema
multiplataforma, e com abrangência em todo o estado do Rio de Janeiro. Um sistema
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multiplataforma opera através de um navegador, independente do sistema operacional


utilizado (SILVA e MARINO, 2011).

Os dados que compõem o PGORH são originados do cadastramento das fichas antigas
e da busca que cada quartel realizou dentro de sua jurisdição por hidrantes de coluna e outros
pontos de captação de água. Esta nova procura teve como objetivo relacionar possíveis locais
de incêndio (indústrias, escolas, depósitos, edificações multifamiliares e hospitais) com a
proximidade dos recursos hídricos disponíveis.

A visualização dos recursos hídricos de um determinado endereço tem como


parâmetro o raio de 300 metros de atuação de um hidrante de coluna, conforme descrito no
item 5.3.3 da NBR 12218 - Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público
– Procedimento.

A Fig. constitui um exemplo de operação utilizando PGORH. Foi simulado um incêndio


na Rua Presidente Becker no bairro de Icaraí e todos os pontos de abastecimento de água no
raio de 300 metros foram identificados. Caso não houvesse recursos hídricos neste raio de
atuação, o raio seria aumentado até que fosse encontrado algum ponto de abastecimento de
água. Simultaneamente, é possível observar todas as informações dos hidrantes de coluna
(endereço, vazão, coordenadas geográficas, situação do hidrante, quartel responsável e etc).
Na Fig. são evidenciados os dados referentes ao hidrante de coluna com código “1” indicado
na Fig., por exemplo.

Figura – Exemplo de operação do PGORH: “Consulta de todos os hidrantes de coluna


existentes no raio de 300 metros do endereço Rua Presidente Becker – Icaraí”.
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Figura – Informações correspondentes ao hidrante de coluna 1

10.4.7. Materiais de abastecimento

Conjunto de peças, ferramentas, aparelhos, encanamentos, dispositivos e apetrechos


em geral de que se utilizam os bombeiros para aduzir a água de uma fonte ou ponto de
captação qualquer até as bocas de admissão das bombas de incêndio do Corpo de Bombeiros.

Esses materiais, quando não fazem parte do equipamento individual do Bombeiro,


permanecem nas viaturas operacionais, acondicionados em gavetas, caixas ou suportes.

i) Adaptação – Peça metálica de formato cilíndrico


usada para unir dutos com extremidades de conexão
diferentes e de mesmo diâmetro.

ii) Aparelho de registro – Tubo metálico em formato


de "T", que possui na base do seguimento1ºvertical
momento 2º momento 3º momento
uma boca com rosca fêmea grossa de 2½” de
diâmetro e nas extremidades do seguimento
horizontal, duas saídas de 2 ½” , dotadas de válvulas
e de rosca macho grossa. A finalidade desse
1º momento 2º momento
aparelho é, quando acoplado ao hidrante
subterrâneo, permitir que o mesmo funcione
semelhante a um hidrante de coluna.
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iii) Arruela de borracha – Artefato de borracha em forma anelar, cuja função é atuar
imprensada entre a conexão de duas peças hidráulicas, impedindo assim o
vazamento da água ou entrada de ar no sistema.

iv) Chave de coluna – Ferramenta confeccionada em


ferro fundido, cujo formato é o de uma haste
provida de curvaturas do tipo meia lua nas
extremidades, ambas possuindo ressalto interno e
medindo, respectivamente 2 ½” e 4". Sua finalidade
é auxiliar no rosqueamento dos tampões dos
hidrantes de coluna.

v) Chave de hidrante tipo disco – Ferramenta em


formato de "T" confeccionada em ferro fundido na
base da haste vertical, em conjunto circular móvel
com encaixes do tipo seção quadrada para vários
tamanhos.

vi) Chave de hidrante tipo saia – Ferramenta em


1º momento 2º momento 3º momento
formato de "T" confeccionada em ferro fundido,
possuindo na extremidade da haste vertical maciço,
provido de cavidade quadrada na base circular.

1º momento 2º momento
vii) Chave de mangote – Ferramenta metálica com
formato semelhante a uma interrogação, possuindo
um orifício circular na extremidade de cada
curvatura, a qual mede 2½”, 4" , 4½”, 5" ou 6". Sua
utilização se dá nas operações de conexão ou
desconexão de mangotes.

viii) Chave de mangueira – Material típico de


estabelecimento que é comum também nas
operações de abastecimento. É uma ferramenta
que se constitui de uma haste de ferro provida na
extremidade de uma curvatura do tipo meia lua de
1½” e 2½” com ressalto interno. Seu uso se dá nas
operações de conexão de mangueiras dotadas de
junta storz.
516
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ix) Chave de unha – Ferramenta de pequeno porte


confeccionada em ferro fundido, cujo formato
descreve um "T", sendo que na extremidade da
haste vertical possui uma "boca" quadrada que
pode ter várias medidas e que é posicionada
lateralmente ao restante do conjunto. Sua
finalidade é remover ou apertar os parafusos e
porcas nos hidrantes subterrâneos.

x) Chaveta – Consiste de uma ferramenta metálica


pequena, em formato de "T", a qual, na base da
haste vertical possui um cone maciço provido de
cavidade quadrada. Sua finalidade é abrir e fechar
as válvulas do aparelho de registro.

xi) Coletor – Conexão tubular mecânica em forma de


1º momento 2º momento 3º momento
"Y" provida de duas entradas de 2½” e de uma saída
de 2½”. Sua função é aumentar a vazão da linha
principal, através do aproveitamento da água
captada em dois pontos diferentes.

1º momento 2º momento

xii) Colher de pedreiro – Ferramenta confeccionada em


lâmina de ferro, com formato de uma pequena pá
triangular provida de cabo em "L" revestido de
madeira. Sua utilização acontece na limpeza das
caixas dos hidrantes de fachada ou subterrâneos e
nas dos registros dos hidrantes de coluna.

xiii) Luva de registro – Peça que consiste de pequeno


maciço tronco piramidal em ferro fundido,
possuindo na face da base uma cavidade do mesmo
formato. Sua função é ampliar a seção do pistão do
registro do hidrante quando este não se encaixa
devidamente à chave de registro. Embora
semelhante à luva de manobra, difere desta por ser
menor.
517
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xiv) Macete de borracha – Consiste num martelo de


borracha maciça e cabo de madeira. Sua finalidade
é auxiliar no acoplamento das conexões de
mangotes.

xv) Mangote – Tubo flexível de plástico ou lona de


mangueira em espiral de aço, com extremidades
com junta do tipo storz ou dotadas de rosca grossa,
interna ou externa, providas de munhões. Seu
comprimento varia, regularmente, de 3 a 6m e seu
diâmetro pode ser de 2/ ½”, 4", 5" ou 6". Seu
emprego se dá na ligação entre o ponto de captação
e a unidade propulsora.
xvi) Mangotinho – Tubo flexível de borracha, reforçado
para resistir a pressões elevadas e dotado de
esguicho próprio. Geralmente é pré-conectado à
bomba de incêndio e utilizado em pequenos focos.

xvii) Mangueira – Duto flexível, revestido internamente


com borracha, com juntas storz nas extremidades,
1º momento 2º momento 3º momento
destinado para transportar água do ponto de
abastecimento até o local em que deva ser utilizada.
Nas operações de abastecimento são utilizadas
mangueiras de 2 ½”.
1º momento 2º momento

xviii) Protetores de mangueira – Destina-se a permitir o


trânsito de veículos sobre as mangueiras,
constituindo-se de um par de rampas articuladas,
deixando a mangueira acondicionada na reentrância
central, protegida do peso dos veículos.

xix) Ralo com válvula de retenção – Peça metálica


adaptável ao mangote, de formato cilíndrico dotado
de rosca fêmea grossa na parte superior, tendo por
dentro um ressalto circular, no qual se assenta um
tampão interno móvel. Atualmente, as válvulas de
retenção já vêm providas de gradeamento que
funciona como ralo. Sua função é reter a coluna
d'água no interior do mangote.
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xx) Ralo de mangote – Peça confeccionada em tela


metálica de corpo cilíndrico, possuindo na
extremidade superior rosca fêmea de vários
diâmetros, que se adapta ao mangote ou à válvula
de retenção. Sua função é proteger o corpo da
bomba durante a sucção de água, contra a entrada
de granulados e detritos do sistema.

xxi) Redução – Peça metálica de formato cilíndrico com


extremidades dotadas de rosca, interna ou externa,
grossa ou fina, ou junta storz, cuja finalidade é unir
dutos com extremidade de conexões de diâmetros
diferentes e demais características iguais ou
diferentes.
xxii) Saca tampão – Ferramenta confeccionada em ferro,
que se constitui de uma haste soldada ao centro da
parte externa de um semicírculo de 2½”, o qual
possui, em suas extremidades, pequenas cavidades
que se encaixam aos munhões dos tampões dos
hidrantes subterrâneos ou de fachada.
1º momento 2º momento 3º momento
xxiii) Tampão – Peça metálica em formato de tampa
circular provida de munhões e de rosca fêmea grossa
de 1½”, 2½” ou 4", para os casos de vedação dos
bocais dos hidrantes subterrâneos e de bocas
admissoras das viaturas, ou ainda, confeccionado em
ferro e provido de cavidades externas com diâmetro
de 2½” e 4" para os casos de vedação das bocas dos
hidrantes de coluna.

xxiv) União duplo-fêmea – - Peça metálica de formato


cilíndrico de 2½” de diâmetro, com extremidades
móveis providas de munhões e de rosca fêmea
grossa. Sua utilização ocorre na conexão entre
dutos providos de conexões dotadas de rosca grossa
de 2 ½”.

10.4.8. União duplo-macho – Peça metálica de formato


cilíndrico de 2½” de diâmetro, com extremidades móveis
providas de munhões ou ainda inteiriça, com anel
sextavado ao centro e rosca macho grossa. Sua utilização
se dá na conexão entre dutos providos de extremidades
de conexões dotadas de rosca fêmea grossa de 2½”.

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