03 O Avanço Do Cristianismo No Império Até 100 (4-6)
03 O Avanço Do Cristianismo No Império Até 100 (4-6)
03 O Avanço Do Cristianismo No Império Até 100 (4-6)
CRISTIANISMO NO
IMPÉRIO ROMANO ATÉ O
ANO 100
Paulo de Tarso – Ambiente Social
Primeiro a efetivamente pregar para o mundo gentio, dedicando
sua vida ao trabalho entre esses povos.
Dedicou-se a pregar o evangelho até os confins do Império
Romano (Rm. 11.13, 15.16).
Apesar de seu objetivo, não negligenciou seu povo, sempre
pregando primeiro nas sinagogas judaicas, antes de pregar ao
povo em geral.
Possuía três esferas sociais: judeu fariseu, educado pelo grande
mestre Gamaliel; cidadão de Tarso, principal cidade da Cicília; e
cidadão romano livre, usando de seus privilégios quando estes o
ajudavam na sua missão (At. 16.37, 25.11). Alguns estudiosos
entendem que sua cidadania veio por herança de seu pai.
Paulo de Tarso – Ambiente Social
Com base religiosa judaica e o Império Romano pacificado à força como
espaço político em que vivia, Paulo conseguiu transitar entre as cidades
pregando o evangelho e enfrentando a perseguição judia e imperial
(durante o reinado de Nero [54-68]), a rivalidade de outros sistemas de
religião, como o imperial e os cultos de mistério, e os sistemas filosóficos
de sua época.
A arqueologia é a principal ferramenta usada para datar sua vida e
escritos, pois ele afirma que Paulo estava em Corinto há 18 meses
quando Gálio se tornou procônsul. Uma inscrição em pedra descoberta
em Delfos menciona que Gálio começou seu trabalho na Ásia no 26º ano
de Cláudio (ano 51 ou 52 d.C.). Desta forma, a visita de Paulo teria
começado em 50. A partir deste marco, data-se seus escritos, viagens e
vida.
A OBRA DE PAULO
Propagador do evangelho
As publicações de Paulo
Salvação: Gentios devem adotar e seguir a Lei? Questão levantada por visita de
judaizantes a Antioquia, com autoridade de Tiago para pregar a visão deste
grupo. Resultou no Concílio de Jerusalém, que liberou os gentios da circuncisão
e exigiu apenas a abstenção de sangue, coisas sufocadas e imoralidade sexual.
Racionalismo Grego: Tentativa de um grupo de intelectualizar o cristianismo,
sustentando que havia uma diferença entre o espírito bom e a matéria má. O
elo entre o espírito puro e a matéria má é uma hierarquia de seres celestiais, à
qual pertencia Cristo e os anjos, que deveriam receber culto por estarem nessa
hierarquia (Cl. 2.8,18s). A salvação era alcançada por atos ascéticos de negação
do corpo mal e por um conhecimento (gnose) acessível somente a uma elite
religiosa. Paulo responde reafirmando a suficiência de Cristo (Cl. 1.13-20) e a
plena manifestação de Deus (Cl 1.19, 2.9).
LITERATURA PRIMITIVA
A literatura neotestamentária não foi a única
produzida pela igreja primitiva, porém é a
única considerada inspirada pelo Espírito Santo
para nos ensinar.
No entanto, sabemos que diversos textos
foram produzidos pela igreja neste período.
Alguns tinham caráter religioso (evangelhos
apócrifos, de cunho gnóstico), mas foram
descartados como heréticos pelas igrejas e
lideranças locais. Outros possuíam caráter
Iconografia de Atanásio de didático e não se aferiam potencial inspirado.
Alexandria.
LITERATURA PRIMITIVA
Os escritos desta igreja primitiva, produzidos
por homens denominados Pais da Igreja,
tinham intenções diversas, desde interpretação
das Escrituras até apologia de defesa do
cristianismo perante o Império Romano e
defesa da fé contra falsas doutrinas.
O termo “Pai da Igreja” se origina do título
“Pai” dado aos bispos no ocidente. Passou a
ser mais usado no séc. III para descrever os
defensores ortodoxos da igreja e os expoentes
de sua fé.
Martírio de Santo Inácio de Antioquia,
O estudo das obras destes grandes homens é
um dos primeiros Pais da Igreja. denominado de Patrística.
LITERATURA PRIMITIVA
Podemos dividir os Pais da Igreja em quatro tipos:
- Discípulo de João, foi bispo de Esmirna por muitos anos, antes de ser
martirizado em 155, queimado numa estaca após julgamento diante do
procônsul romano, onde disse que não poderia falar mal do Cristo a quem
tinha servido por 86 anos e que nunca lhe fizera mal.
- Conhecido por sua carta aos filipenses que lembra a carta de Paulo à
mesma igreja. Foi redigida em 110 em resposta a uma carta dos filipenses.
- Faz muitas citações diretas e indiretas do AT e do NT, além de repetir
informações recebidas de João.
- O interesse de Policarpo com a carta era exortar os filipenses a uma vida
virtuosa, às boas obras e à firmeza mesmo ao preço de morte, se
necessário, pois eles haviam sido salvos pela fé em Cristo.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
EPÍSTOLA DE BARNABÉ (OU PSEUDO-BARNABÉ)
- Escrita por outro que não o Barnabé do NT, apesar de muitos Pais da Igreja
considerarem a carta do Barnabé bíblico, foi escrita por volta de 130 por um cristão
de Alexandria.
- A carta pretendia ajudar os convertidos do paganismo a combater os grupos
judaizantes dentro da igreja. Usa os 17 primeiros capítulos para bater no assunto e
mostrar que a vida e a morte de Cristo são completamente satisfatórias para a
salvação.
- Os 4 últimos capítulos são para contrastar os dois caminhos de vida: “O Caminho
da Luz” e O” Caminho das Trevas”, relembrando os dois caminhos do Didaquê.
- Trabalha bastante a interpretação alegórica do AT, citando como exemplo os 318
servos de Abraão (Gn. 14.14) como sendo uma referência à morte de Cristo na cruz,
pois 300, em grego, tem a forma da cruz, e 18 são as duas primeiras letras do nome
de Jesus. Esta prática de interpretação, recebida de Filo de Alexandria, seria depois
organizada por Orígenes.
LITERATURA DOS PAIS APOSTÓLICOS
EPÍSTOLA A DIOGNETO
- Possivelmente enviada ao tutor homônimo do imperador Marco Aurélio, apresenta
uma defesa racional do cristianismo contra a loucura da idolatria (caps. 1-2) e
inadequação do judaísmo (3-4), mostrando o cristianismo como uma crença superior
(5-12) por suas crenças, caráter e benefícios que oferece.
- Também conhecido como Ensino dos 12 Apóstolos, foi descoberto em 1873 em uma
biblioteca de Constantinopla e publicado em 1883. É um manual de instrução
eclesiástica elaborado possivelmente antes da metade do segundo século. Alguns
chegam a datá-lo no final do primeiro século, por conta das semelhanças com as
práticas do NT.
- Possui 4 partes: A primeira seção fala dos Caminhos da Vida e da Morte de Pseudo-
Barnabé (cap. 1-6). A segunda fala sobre alguns problemas litúrgicos, como o
batismo, o jejum e a ceia (7-10). A terceira tem instruções para distinguir os falsos
profetas dos verdadeiros e como encontrar oficiais dignos, além de outros assuntos
(11-15). Por fim, trabalha a necessidade de uma vida vigilante e coerente diante da
vinda do Senhor (cap. 16).
- Detalhes interessantes do texto são o batismo triplo por imersão em água corrente
ou outra água, ou por aspersão em casos especiais (locais com pouca água) e o falso
profeta como alguém que procura alimento e acolhida sem retribuir à Igreja em
termos de inspiração espiritual.
GOVERNO DA IGREJA PRIMITIVA
Ofícios não estratificados, com uma dupla chamada: Interna, pelo Espírito
Santo para o ofício, e externa, pelo voto democrático da igreja e ordenação
pelos apóstolos. Não havia uma classe especial de sacerdotes à parte para
ministrar um sistema sacerdotal de salvação, pois tanto os oficiais da igreja
como os membros eram sacerdotes com o direito de acesso direito a Deus
através de Cristo (Ef. 2.18).
Presbítero (ou ancião): Posto mais elevado na congregação local. Há quem defenda a
separação entre este ofício e o de bispo, mas a Bíblia parece relacionar os dois termos
como sinônimos (At. 20.17, 28; Fp. 1.1; Tt. 1.5,7). O que se sabe é que esta separação
ocorreu posteriormente no seio da igreja, com o bispo adquirindo posição hierárquica
superior aos demais presbíteros da igreja local. Precisavam ter qualificações claras (1.
Tm. 3.1-7, Tt. 1.5-9) e eram responsáveis pela direção do culto e administração e
disciplina da comunidade.
O convívio entre cristãos e pagãos não foi condenado, no que não fosse
prejudicial aos princípios cristãos (1 Co. 5.10; 10.20-33). Porém, Paulo
exortou a separação total de práticas ligadas à idolatria ou imoralidade
pagãos.
A VIDA DA IGREJA PRIMITIVA
Nada que viesse a prejudicar o Corpo de Cristo deveria ser feito (1 Co. 6.12),
como impedir que pessoas se aproximassem de Cristo ou desviasse cristãos
mais fracos (1 Co. 8.13; 10.24) e evitar tudo o que não glorificasse a Deus (1
Co. 6.20; 10.31), como frequência a teatros, estádios, jogos ou templos
pagãos.
Todo cristão deveria cumprir suas obrigações cívicas, incluindo pagamento de
taxas e oração pelas autoridades. A única razão para desobediência era caso
fossem orientados a cometer atos que atentassem contra Cristo e seus
ensinamentos, por ser Deus a maior autoridade a quem deviam obediência
absoluta.
A Igreja Primitiva tinha os pobres e a classe média baixa entre seus maiores
grupos sociais, com um número menor de ricos e nobres. Ela era mais forte
nas cidades e se estendia da Espanha à Índia.
Fontes
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja
cristã. 3 ed. Trad. Israel Belo de Azevedo e Valdemar Kroker. São Paulo:
Vida Nova, 2008