Fresa
Fresa
Fresa
por
Eduardo Sperotto
ii
Eduardo Sperotto
Comissão de Avaliação:
iii
Aos meus pais, Vera e Cláudio.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. André João de Souza, pelos ensinamentos que garantiram a execução
deste trabalho e ao apoio no meu desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal.
À Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pelo ensino gratuito e de alta
qualidade.
À minha família, por todo apoio e incentivo para alcançar meus objetivos, principalmente
minha mãe Vera.
v
Sperotto, Eduardo. Efeitos dos parâmetros de corte sobre as forças de usinagem geradas no
fresamento frontal de aços inoxidáveis: uma revisão. 2021. 19 fls. Trabalho de Conclusão do
Curso em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.
RESUMO
Os aços inoxidáveis são ligas ferrosas resistentes à corrosão devido ao seu alto teor de cromo, e
são amplamente utilizadas em ambientes agressivos em alta temperaturas. Essas ligas possuem
grande importância e utilidade para diversos setores industriais e tecnológicos devido às suas
propriedades físico-químicas, principalmente a anticorrosiva. Portanto, a análise das forças
geradas no fresamento de aços inoxidáveis é fundamental para o controle e a otimização do
processo. Entretanto, o alto custo deste material exige uma adequada estruturação dos
experimentos e pesquisas a respeito. Desse modo, o planejamento experimental de Box-Behnken
possibilita trabalhar simultaneamente com um conjunto de fatores que visam demonstrar as
variáveis controláveis de entrada que mais influenciam uma determinada variável de resposta do
processo. Nessa perspectiva, uma revisão da literatura foi realizada acerca da influência dos
parâmetros de corte sobre as forças de usinagem no fresamento frontal de aços inoxidáveis,
demonstrando que o avanço por dente e a profundidade de corte influenciam fortemente essas
forças.
vi
Sperotto, Eduardo. Cutting parameters effects on the machining forces generated in the front
milling of stainless steels: a review. 2021. 19 p. Mechanical Engineering End of Course
Monography, Federal University of Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.
ABSTRACT
Stainless steels are ferrous alloys resistant to corrosion due to their high chromium content, and
they are widely used in aggressive environments at high temperatures. These alloys have great
importance and utility for several industrial and technological sectors due to their physical and
chemical properties, especially the anti-corrosion. Therefore, the analysis of the forces generated
in stainless steel milling is fundamental for process control and optimization. However, the high
cost of this material demands an adequate structuring of the experiments and researches about it.
Thereby, the Box-Behnken experimental design makes it possible to work simultaneously with a
set of factors that aim to highlight the controllable input variables that most influence a given
process response variable. In this perspective, a literature review was carried out about the
influence of the cutting parameters on the machining forces in the front milling of stainless steels,
demonstrating that the feed per tooth and the axial depth of cut strongly influence these forces.
vii
NOMENCLATURA
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 FUNDAMENTAÇÃO ........................................................................................................ 2
2.1 O Processo de Fresamento ............................................................................................ 2
2.2 Os Aços Inoxidáveis ..................................................................................................... 4
2.3 A Usinabilidade dos Aços Inoxidáveis .......................................................................... 6
2.4 As Forças de Usinagem ................................................................................................ 7
2.5 Box-Behnken Design.................................................................................................... 9
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 14
5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 15
ix
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO
com fresa de topo (usinagem de rasgos) é comum a presença dos movimentos concordante e
discordante de forma simultânea, denominado de corte combinado, estes movimentos relacionam
a rotação com o avanço da fresa em relação à peça [Diniz et al., 2013; Klocke, 2011].
Kiswanto et al. (2014) citam que uma superfície de alta qualidade é obtida em fresamento
através da seleção adequada dos parâmetros de corte. Dessa forma, em fresamento frontal, dados
empíricos sugerem que o diâmetro efetivo da fresa (𝑑𝑒 ) seja de 20 a 50% maior que a largura de
corte (𝑎𝑒 ) devido ao fato que o choque fresa-peça não deve ocorrer com espessura de corte próxima
de zero (ℎ ≅ 0) em decorrência da formação de cavacos muito finos com alto valor de pressão
específica de corte (𝐾𝑠 ).
Para Diniz et al. (2013), os principais fatores a serem levados em conta com relação ao
desgaste da ferramenta são a profundidade de corte e as variações de temperatura e esforços
mecânicos. Entretanto, para obter um bom acabamento, as grandezas fundamentais do processo
de fresamento são a velocidade de corte (𝑣𝑐 ), a velocidade de avanço (𝑣𝑓 ) e a profundidade de
corte (𝑎𝑝 ), ilustradas na Figura 2 e descritas a seguir.
𝜋 ∙ 𝑑𝑒 [𝑚𝑚] ∙ 𝑛[𝑟𝑝𝑚]
𝑣𝑐 [𝑚⁄𝑚𝑖𝑛] = (1)
1000
Os aços inoxidáveis são ligas à base de ferro contendo pelo menos 10,5% de cromo
(indispensável para a formação de um filme passivo que previne corrosões atmosféricas leves a
moderadas) e são divididos em cinco classes em função da sua microestrutura: ferríticos,
martensíticos, austeníticos, endurecíveis por precipitação e duplex. Na seleção, os fatores mais
importantes são a resistência à corrosão e às propriedades mecânicas para determinada faixa de
temperatura [Washko e Aggen, 1990]. Estes aços possuem excelente resistência à corrosão e à
oxidação devido a ação passivadora de cromo e níquel, que forma um filme superficial de óxido
aderente e estável, protegendo contra ambientes corrosivos [Mariano et al., 2007].
O Diagrama de Schaeffler, presente na Figura 3, determina a classificação da estrutura de
um aço inoxidável a partir da intersecção do eixo das abscissas (referente ao cromo equivalente)
com o eixo das ordenadas (níquel equivalente), calculados a partir das Equações (3) e (4),
respectivamente.
Os aços inoxidáveis ferríticos (FSS) são definidos como ligas 𝐹𝑒-𝐶𝑟 contendo de 11 a 26% em
massa de cromo e teor de carbono abaixo de 0,1%. Em temperatura ambiente, são formados por
uma matriz ferrítica (α), com estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC). Além do
carbono, o nitrogênio também está presente na composição, e contribuem para a estabilização da
fase austenita. Os FSS não contêm níquel, o que torna seu custo mais baixo e mais estável do que
os aços inoxidáveis austeníticos, sendo principalmente aplicados na fabricação de utensílios
domésticos, revestimentos internos e tubulações de soluções aquosas contendo cloretos ou água
do mar [Labiapari et al., 2015].
Nos aços inoxináveis martensíticos (MSS), o carbono está em uma concentração que
permite a transformação de ferrita em austenita em altas temperaturas e durante o resfriamento a
5
austenita se transforma em martensita, sendo uma fase rica em carbono, frágil e muito dura. A alta
dureza do material promove uma alta resistência ao desgaste. Destaca-se que estes materiais
passam a ser resistentes à corrosão somente depois da têmpera [Carbó, 2008]. Os MSS possuem
boa resistência à corrosão e oxidação, devido à ação passivante do cromo e níquel. São utilizados
principalmente em indústrias de petróleo [Mariano, 2007].
Os aços inoxidáveis austeníticos (ASS) são formados pela adição de níquel ou manganês,
possuem estrutura cúbica de face centrada (CFC). Com isso, ocorre a expansão da região da fase
gama (austenita), suprimindo a formação de ferrita alfa. Assim, com um mínimo de 8% de níquel
pode-se obter uma estrutura austenítica estável à temperatura ambiente. Devido sua alta
porcentagem de cromo e níquel, são os aços inoxidáveis mais resistentes à corrosão dos grupos
dos aços inoxidáveis. Essa classe não sofre nenhuma transformação durante o tratamento térmico,
mas podem ser significativamente endurecidos por trabalho a frio. Além disso, a substituição do
níquel pelo manganês traz algumas vantagens econômicas, afetando pouco sua resistência a
corrosão [Diniz et al., 2013]. Os ASS representam a maior parcela de todo o aço inoxidável
produzido, sendo que em temperatura ambiente, possuem baixo limite de escoamento e elevada
ductilidade. Suas principais aplicações são nos setores de indústrias químicas, alimentícias, refino
de petróleo e em diversos casos em que é necessária uma boa resistência à corrosão, facilidade de
limpeza e boas características de fabricação [Camargo, 2008].
Os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação foram desenvolvidos a partir da
necessidade da indústria aeroespacial de utilizar aços com resistência mecânica e à corrosão em
temperaturas mais elevadas, superiores aos dos aços inoxidáveis tradicionais [Bressan, 2008]. As
composições são cuidadosamente balanceadas para produzirem um endurecimento por meio da
transformação da austenita em martensita e posterior precipitação, via tratamento térmico de
envelhecimento [Peckner et al., 1977].
O aço inoxidável duplex (DSS) é formado principalmente por ferro, cromo, níquel e outros
elementos em menor porcentagem. As duas fases constituintes são formadas por uma estrutura
ferrítica (CCC) e outra austenítica (CFC), geralmente em proporções equivalentes [IMOA, 2014;
Solomon e Devine, 1979]. Dentre as principais vantagens na sua utilização, tem-se: elevado limite
de escoamento, baixo coeficiente de expansão térmica, alta resistência à corrosão (com
possibilidade de aumento pela adição de molibdênio), e a alternativa de realizar tratamento térmico
(o que aumenta a sua resistência mecânica). As aplicações de ligas de DSS estão em contínua
expansão, sendo utilizadas em oleodutos, em usos estruturais na terra ou no mar, em tratamento
de água, leite e produtos químicos, além de indústrias de celulose, digestores, válvulas e tanques
de navios petroleiros. O DSS mais utilizado nessas aplicações é o standard DSS 2205 [Nomani,
2014; Olsson e Snis, 2007].
Uma das equações mais utilizadas na comparação da resistência à corrosão por pite diz
respeito ao equivalente de resistência a pite (𝑃𝑅𝐸), que é calculado a partir da composição química
do material (Equação 5) [Senatore et al., 2007]. A Figura 4 apresenta dados comparativos de
propriedades mecânicas de diferentes classes de aços inoxidáveis.
De acordo com a Associação Brasileira do Aço Inoxidável [ABINOX, 2021], uma das
grandes vantagens do aço inoxidável é a sua reciclabilidade, ou seja, a característica de poder ser
reciclado inúmeras vezes sem perder as suas propriedades. No caso do Brasil, aproximadamente
30% de todo o aço produzido é proveniente de sucata. Sendo assim, vale destacar que as taxas de
crescimento do consumo do aço inoxidável apresentaram níveis muito expressivos e a sua
produção mundial cresce em média 5,9% ao ano desde 2010, conforme demonstrado na Figura 5.
6
Figura 5 – Produção mundial do aço inoxidável, em milhões de toneladas, entre 2010 e 2019.
sua alta dureza, exigindo um maior esforço e corte [Diniz et al., 2013]. Ademais, DSS possuem
baixa usinabilidade devido à sua alta taxa de endurecimento por deformação, o que causa um alto
grau de encruamento, sendo que o baixo teor de enxofre dificulta a quebra do cavaco, o tornando
abrasivo e prejudicial à ferramenta [IMOA, 2014].
Dados da fabricante finlandesa de aços inoxidáveis Outokumpu (2018) mostram
comparativamente a usinabilidade de diferentes ligas de aços inoxidáveis com ferramentas de aço
rápido e metal duro. As ligas DSS 2304, 2205 possuem uma baixa usinabilidade em comparação
com o ASS 316L. Além disso, o lean DSS 2101 apresenta a melhor usinabilidade e o super DSS
2507 a pior em comparação com as demais ligas, como mostra a Figura 6.
De acordo com Ribeiro et al. (2006), a força ativa pode ser expressa como a resultante das
componentes 𝐹𝑎𝑝 , 𝐹𝑐 e 𝐹𝑓 no fresamento, já que o ângulo de contato da ferramenta com a peça (𝜑)
varia constantemente no processo. Por outro lado, a resultante da força ativa também pode ser
obtida mais facilmente pela análise vetorial das componentes 𝐹𝑥 e 𝐹𝑦 , conforme Equação (7). Já a
força passiva 𝐹𝑝 representa a projeção da força de usinagem em um plano perpendicular ao plano
de trabalho e que não contribui para a potência de usinagem, pois é perpendicular aos movimentos
de corte e de avanço, coincidindo com a força exercida no eixo z, como mostra a Equação (8).
Entretanto, 𝐹𝑝 é responsável pela deflexão elástica da peça e da ferramenta durante o corte e
consequente variação das tolerâncias de forma e dimensionais. Assim, a força de usinagem 𝐹𝑢
pode ser determinada a partir da soma vetorial das suas componentes ativa 𝐹𝑡 e passiva 𝐹𝑝
(Equação 9).
𝐹𝑝 = 𝐹𝑧 (8)
𝐹𝑢 = √𝐹𝑝 2 + 𝐹𝑡 2 (9)
Sória (2016) cita que as três componentes da força de usinagem (𝐹𝑢 ) podem ser
determinadas a partir da área da seção transversal de corte [𝑎𝑝 ∙ 𝑓𝑧 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜑)] em função do ângulo
de contato (𝜑) e das pressões específicas de corte nas três direções (𝐾𝑠𝑟 , 𝐾𝑠𝑡 e 𝐾𝑠𝑎 ). Dessa maneira,
obtêm-se as forças radial (𝐹𝑟 ), tangencial (𝐹𝑡 ) e axial (𝐹𝑎 ) através das Equações (10), (11) e (12).
Nessa perspectiva, tanto a resultante da soma vetorial das forças nas direções ortogonais 𝑥,
𝑦 e 𝑧 como a resultante da soma vetorial nas direções radial, tangencial e axial representam a força
de usinagem, conforme mostra a Equação (13). A Figura 8 ilustra a decomposição das forças
ortogonais na direção radial, tangencial e axial.
Figura 8 – Decomposição das forças ortogonais nas direções radial, tangencial e axial
variáveis em três níveis: alto (+1), central (0) e baixo (-1); a partir disso, geram-se combinações
aleatórias. Através do ponto central, a repetitividade do experimento é testada de forma aleatória
por “𝑟” vezes [Hackenhaar, 2016]. Esse projeto é de segunda ordem com base em experimentos
fatoriais incompletos de três níveis. Uma das vantagens é que esta técnica não contém combinações
para as quais todos os fatores encontram-se simultaneamente em seus níveis mais altos ou mais
baixos, ou seja, evitam experimentos em condições extrema para os quais podem ocorrer
resultados insatisfatórios [Ferreira et al., 2007]. Deste modo, o número de execuções (𝑁)
requeridas no BDD é definido pela Equação (14). A Figura 9 ilustra de que maneira é distribuído
o conjunto de fatores em torno do ponto central.
𝑁 = 2𝑘 ∙ (𝑘 − 1) + 𝑟 (14)
Figura 10 – Variação da força de corte (𝐹𝑐 ) com o incremento dos parâmetros de entrada:
(a) rotação (𝑛), (b) velocidade de avanço (𝑣𝑓 ); (c) profundidade de corte (𝑎𝑝 ).
Gonzaga (2019) realizou uma análise através do método BBD sobre a influência da
aplicação de métodos alternativos de lubrirrefrigeração nas forças de usinagem (resultante 𝐹𝑢 e
ativa 𝐹𝑎 ) geradas durante o fresamento frontal do ASS 304. Foram avaliados três métodos
lubrirrefrigerantes: mínima quantidade de lubrificante refrigerado (MQCL), quantidade reduzida
de lubrificante (RQL) e usinagem a seco. Os resultados da ANOVA para um intervalo de confiança
de 95% mostraram que as forças não sofreram influência dos métodos lubrirrefrigerantes, sendo o
a profundidade axial de corte o único parâmetro significativo. Além disso, constatou que o maior
e o menor valor para 𝐹𝑢 foi observado quando aplicou-se o maior e o menor nível de 𝑎𝑝 ,
respectivamente. A Figura 11 apresenta os gráficos dos efeitos principais da variação do meio
lubrirrefrigerante, da profundidade de corte e da velocidade de corte sobre a força de usinagem e
e sobre a força ativa. Nota-se que o efeito linear da profundidade de corte influencia quase que
exclusivamente no comportamento das forças e que a velocidade de corte não apresenta nenhuma
influência significativa nos resultados obtidos.
(a) (b)
(a) (b)
Garcia (2019) avaliou as forças de usinagem 𝐹𝑢 no fresamento frontal a seco das ligas
DSS 2205 e lean DSS 2101 através do método BBD. No experimento, os fatores controláveis do
processo 𝑣𝑐 , 𝑓𝑧 e 𝑎𝑝 foram aleatorizadas e constatou-se que os menores valores de força para ambos
os materiais foram verificados na combinação 𝑣𝑐 = 95 m/min, 𝑓𝑧 = 0,05 mm/dente e 𝑎𝑝 = 0,2 mm
(menor área da seção transversal de corte), enquanto os maiores valores de força foram obtidos na
combinação de 𝑣𝑐 = 95 m/min, 𝑓𝑧 = 0,2 mm/dente e 𝑎𝑝 = 0,6 mm (maior área da seção de corte).
Com isso, demonstrou-se a grande influência dos parâmetros 𝑓𝑧 e 𝑎𝑝 sobre os esforços de corte.
Notou-se também que as parcelas dinâmicas da força de usinagem (∆𝐹𝑢 ) sempre foram menores
que as parcelas estáticas (𝜇𝐹𝑢 ), demonstrando que a usinagem ocorreu sempre em regime estável.
No decorrer do estudo, o autor comparou os dados experimentais com o modelo de regressão linear
múltipla proposto via análise estatística. Nesse contexto, observou-se que a ∆𝐹𝑢 do DSS 2205
apresentou maior desvio-padrão (𝑠) dos dados em relação ao lean DSS 2101, provavelmente
devido à menor usinabilidade do primeiro (maior dispersão dos valores). Entretanto, para os dois
2
materiais, os coeficientes de determinação (𝑅2 ) e de determinação ajustado (𝑅𝑎𝑗𝑢 ) foram
semelhantes e acima de 70%, indicando que os modelos propostos são eficientes para a aplicação
nas condições testadas. A Figura 13 demonstra graficamente a comparação entre os dados
experimentados com os estimados de 𝜇𝐹𝑢 e ∆𝐹𝑢 , nas quais as retas em vermelho representam o
modelo de regressão linear múltipla e os pontos em azul, os dados experimentais.
13
Figura 13 – Comparação entre os dados experimentais com os dados estimados das parcelas
estáticas e dinâmicas das forças de usinagem no fresamento frontal do DSS
Figura 15 – Vibrações de baixa frequência “A4” geradas com: (a) 𝑟𝜀 = 0,8 mm; (b) variação de
𝑎𝑝 com n = 3600 rpm e 𝐿𝐻 = 60 mm.
(a) (b)
4 CONCLUSÃO
Nesse trabalho realizou-se uma revisão bibliográfica acerca dos sinais da força de usinagem
no fresamento frontal de aços inoxidáveis. Além disso, avaliou-se um crescente acréscimo na
produção desse material, com aplicabilidade em inúmeros setores industriais. Com base na
literatura, as investigações sobre o comportamento dos aços inoxidáveis são fundamentais para o
desenvolvimento da tecnologia, pois requerem uma pesquisa intensiva no campo da otimização
dos parâmetros de usinagem para promover uma ótima qualidade superficial, capaz de aumentar a
vida útil da peça ou componente em serviço.
Através do experimento de Box-Behnken (BBD) e da análise de variância (ANOVA),
atesta-se que o avanço por dente (𝑓𝑧 ) é a variável de entrada mais significativa nas forças de
usinagem. Ademais, a combinação adequada de 𝑓𝑧 com níveis apropriados de velocidade de corte
(𝑣𝑐 ) e profundidade de corte (𝑎𝑝 ) propicia a atenuação das forças no processo de fresamento. Na
análise, constatou-se um aumento praticamente proporcional da vibração em baixas frequências
da força de usinagem com o aumento de 𝑎𝑝 no fresamento frontal dos aços inoxidáveis. Notou-se
ainda que o incremento dos parâmetros 𝑓𝑧 e 𝑎𝑝 resultam em um aumento da área da seção de corte,
promovendo um aumento considerável da força de usinagem (𝐹𝑢 ).A partir dos sinais apresentados
de 𝐹𝑢 no fresamento frontal dos aços inoxidáveis, demonstrou-se que a usinagem ocorre em um
regime estável quando 𝜇𝐹𝑢 > ∆𝐹𝑢 e quando o corte é realizado em regime instável, podem ocorrer
vibrações que afetam a qualidade da superfície usinada e o desempenho da ferramenta de corte.
15
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