Teorias - Da - Historia - II - Aula - 9 - Marx
Teorias - Da - Historia - II - Aula - 9 - Marx
Teorias - Da - Historia - II - Aula - 9 - Marx
A HISTORIOGRAFIA SEGUNDO
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KARL MARX (1818-1883)
META
Caracterizar o pensamento historiográfico de Karl Marx.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
elencar e explicar os principais aspectos do pensamento historiográfico de Karl Marx.
Karl Marx.
(Fontes: http://www.fflch.usp.br)
Teorias da História II
INTRODUÇÃO
Vamos, na aula de hoje, examinar a ideia de história do filósofo Karl
Heinrich Marx. Como base para a exposição, usaremos trechos das seguintes
obras do autor: A Sagrada Família (1845), escrita em parceria com o seu
“fiel escudeiro”, o pensador Friedrich Engels (1820-1895); A Ideologia
Alemã, escrita em 1845 e 1846 com Engels; Contribuição à Crítica da
Economia Política (1859); e, finalmente, excertos do famoso Manifesto do
Partido Comunista, escrito pelos dois e publicado em 1848. Esses são os
fundamentos textuais da exposição que faremos hoje.
Ao examinar a noção de história de Marx e Engels, é preciso considerar que
os dois não foram historiadores profissionais. Nem Marx nem Engels foram pro-
fessores acadêmicos. Eles foram, sobretudo, militantes políticos, homens da ação.
Por outro lado, é preciso considerar que Marx, diferentemente de
Augusto Comte, por exemplo, não formulou uma doutrina sistemática da
história. Sua preocupação central foi o Capitalismo. O seu propósito era
explicar para depois liquidar o sistema capitalista.
Os textos de Marx e Engels que abordam a história foram reunidos
num volume:
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. História. Organização de Florestan
Fernandes. São Paulo: Ática, 1989.
Consultar ainda sobre o homem e a obra:
FROMM, Eric. Conceito marxista do homem. 7. ed. Rio de Janeiro:
Zahar; GIROUD, Françoise. Jenny Marx ou mulher do diabo. São Paulo:
Record, [2000] (edição original de 1992).
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A historiografia segundo Karl Marx (1818-1883)
Aula
O mundo ideal reflete o mundo social, diz Marx. As ideias, assim sendo,
não são autônomas. Não podem ser explicadas por si mesmas. A fonte das
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Teorias da História II
ideias está no mundo social. É a sua chave explicativa, sua razão de ser, o
princípio da sua inteligibilidade...
Tome, como exemplo, o Panteão da religião grega antiga. Ou a Mitolo-
gia. Como entender – à luz do materialismo de Marx – tais fatos históricos?
A mitologia grega está ligada à sociedade grega da época. Ela reflete aquela
sociedade. Não se pode entender a mitologia sem apelar para o contexto
social onde ela está inserida, imersa. O social explica o ideal. A infraestrutura
explica a superestrutura.
Tomemos outro exemplo: como, à luz de Marx, encarar as ideias no
Brasil Colonial? Na visão materialista, essas ideias nada mais são do que a
expressão, no plano intelectual, de aspectos da vida material da Colônia.
Nessa perspectiva, o pensamento dos jesuítas, por exemplo, está ligado
ao choque de interesses vigentes no meio social da época. Dito de outro
modo: o entendimento das ideias está no contexto da vida prática, nos
fatores objetivos. (Leiam, sobre isto, o texto: CHAUÍ, Marilena. O que é
ideologia. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. 125p.)
O mundo das ideias está diretamente ligado ao mundo das condições
materiais da vida, à produção concreta da vida prática. O mundo das ideias,
ou seja, do Direito, da Religião, da Filosofia, da Política, nada mais é do
que um “reflexo” do processo da vida material. Assim sendo, as ideias são
explicáveis pela vida prática, e não o contrário. Nesse sentido, por exemplo,
a ideologia religiosa diz que Deus criou o homem e o mundo. Na verdade
– diz Marx – foram os homens que criaram os deuses. Na ideologia, a
religiosidade aparece invertida como numa câmara escura. O criador com-
parece na condição de criatura. E mais, as ideias dominantes, numa dada
sociedade, são as ideias da classe dominante. São as “ilusões” dessa classe
sobre si mesma: ilusões úteis, funcionais à classe dominante.
Vejamos algumas “ilusões” vigentes no sistema capitalista. “Todos são
iguais perante a lei”, diz a Constituição Brasileira. Todavia, você acha que
um João Ninguém é tratado, pelo Sistema Judiciário Brasileiro, do mesmo
modo que um alto empresário? Marx diria que tal igualdade não passa de
engodo, de uma farsa. É uma ilusão construída pela classe mandante com
o fito de manter sua dominação sob disfarce... Que você acha disso? Con-
corda com Karl Marx?
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A historiografia segundo Karl Marx (1818-1883)
Aula
A TELEOLOGIA DA HISTÓRIA
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Teorias da História II
TEXTO BÁSICO
MARX, Karl. Concepção materialista da história. In: GARDINER,
Patrick (Org.) Teorias da história. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1984. p. 155-169.
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A historiografia segundo Karl Marx (1818-1883)
Aula
ATIVIDADES
1. Em que consiste a base efetiva da sociedade no entender de Karl Marx?
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2. Como ele encara as distintas formas de consciência?
3. Como idéias dominantes numa sociedade contribuem para a dominação
de classe?
4. Filosoficamente falando, por que Karl Marx é materialista?
5. Como Karl Marx explica a dinâmica das sociedades?
6. Por que Marx crê que a superação do capitalismo é inevitável?
CONCLUSÃO
RESUMO
Nesta nossa penúltima aula, estudamos Karl Marx, teórico e militante
político bastante influente por sua teoria historiográfica, mas que não foi
um historiador profissional. Marx postula ser preciso deixar de lado a abor-
dagem idealista de Hegel e escrever a historiografia sob uma orientação
materialista. A chave de entendimento de uma dada sociedade não está nas
ideias, mas nas “condições materiais da vida”, nos “modos de produção”.
Explicar a história por meio de forças espirituais, conforme Marx, é iludir-
se tal como os agentes históricos que viveram à época. A fonte das ideias
está no mundo social, ou seja, o mundo ideal reflete o mundo social. Não
se pode entender as ideias sem apelar para o contexto social onde elas
estão inseridas, imersas. Para Marx, a mudança histórica ocorre quando as
“relações de produção” e “forças produtivas” entram em choque. Desse
conflito, emerge um “novo modo de produção”. Todo modo de produção
traz em seu bojo os elementos de sua destruição. Por fim, Marx acredita
também que a história tem um sentido, se encaminha numa direção, segue
uma meta. Desta forma, o modo de produção capitalista, como os outros,
está fadado à superação dando espaço à emergência de um novo modo de
produção: a “sociedade sem classes”, o comunismo.
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Teorias da História II
REFERÊNCIAS
BOURDÉ, Guy; MARTIN, H. O marxismo e a história. As escolas
históricas. Lisboa: Europa / América, [1990]. p. 153-176.
HADDOCK, B. A. Materialismo Histórico. Uma introdução ao pensa-
mento histórico. Lisboa: Gradiva, 1989. p. 169-188.
HUGUES, Warrington, M. Karl Marx. Cinquenta grandes pensadores
da história. São Paulo: Contexto, 2002. p. 245-255.
SHAW, William H. Materialismo Histórico. In: BOTTOMORE, Tom (Ed.).
Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 259-263.
VILAR, Pierre. História Marxista, história em construção. In: LE GOFF,
Jacques; NORA, Pierre (Org.). História: novos problemas. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1979. p. 146-178.
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