W-Nov-Mestrando Alcides Macucule ACIPOL
W-Nov-Mestrando Alcides Macucule ACIPOL
W-Nov-Mestrando Alcides Macucule ACIPOL
Mestrando
Alcides MAcucule
O país assiste igualmente ao crescimento das suas vias de circulação rodoviária que é de
louvar, o que se reflecte na fácil e intensa movimentação de pessoas e bens com recorrência aos
transportes rodoviários.
O problema é que este movimento, nem sempre é/ou foi acompanhado por uma rigorosa
e criteriosa definição de políticas públicas implementadas de forma integrada visando elevar a
qualidade cívica, moral e educacional que deve ser característica dos condutores, passageiros,
peões e público em geral.
O Código de Estrada aborda questões sobre segurança viária de forma muito generalista.
As questões principais focadas residem essencialmente nas questões a volta da habilitação legal
para conduzir, nas inspecções médico - sanitárias dos condutores, na responsabilidade civil dos
condutores e proprietários de veículos, bem como todo o arcabouço do processo e
responsabilidade criminal em caso de acidentes de viação.
De acordo com Romão et al. (2008), as principais fontes de dados sobre os acidentes de
viação em Moçambique são a Polícia de Trânsito, o Ministério da Saúde, o INAV e o Hospital
Central de Maputo (o maior hospital público do país).
O fenómeno da sinistralidade rodoviária tem merecido nos últimos anos uma especial
atenção por parte das entidades competentes e, apesar de todo o esforço efetuado no
desenvolvimento de políticas nacionais e internacionais com vista ao combate deste grave
problema, o fenómeno persiste. O número de vítimas mortais resultantes dos acidentes de
viação continua ainda em valores demasiadamente preocupantes e inaceitáveis (Who, 2004,
p.1). Em março de 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou e lançou um
programa com vista a fornecer um quadro de linhas de referência para os países e as
comunidades sobre como aumentar os mecanismos para salvar vidas nas estradas em todo o
mundo. O programa veio a ser conhecido como a “Década de Ação para a Segurança
Rodoviária 2011-2020” (Who, 2004, p.1).
Africana tem a mais elevada taxa de mortalidade rodoviária estimada, de 26,6 por 100
000 habitantes, relativamente à taxa mundial de 17,4. No entanto, a Região é a menos
motorizada, com 46,6 veículos por 1000 habitantes, em comparação com 510,3 veículos por
1000 habitantes na Região Europeia. Em termos de números absolutos de mortes e veículos, a
África está sobre representada em termos do número de mortes por acidentes rodoviários que
ocorrem nas suas estradas, relativamente à sua frota de veículos: contribui com 20% de todas as
mortes por acidentes rodoviários a nível mundial, mas tem apenas 2,3% dos veículos do mundo.
(OMS, 2015, p.2)
Para Moreira (2007), aos jovens investigadores surgem normalmente duas questões:
Deste modo, importa não só que o problema em causa seja objecto de intervenções
técnicas especializadas, mas também a criação e manutenção de níveis elevados de segurança
rodoviária pela criação de medidas prioritárias na agenda política, devendo merecer particular
atenção não só dos Ministérios dos Transportes Comunicações, do Interior, das Obras Públicas
e Habitação, como também dos Ministérios da Educação e Cultura, da Saúde, Coordenação
Ambiental e da Justiça.
Pode-se considerar ainda que, no período em analise, (2018 a 2022), o País registou um
acidente de grandes proporções, ocorrido na EN1, Distrito da Manhiça, Posto Administrativo
de Maluana, Povoado de Tavira que matou, de imediato, 14 pessoas e outras três morreram a
caminho ou nas unidades sanitária, totalizando 17 óbitos. No dia 17 de Julho de 2022, cinco
pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas na sequência de um acidente de viação ocorrido
na EN1, no distrito da Manhiça, envolvendo uma carrinha de transporte de passageiros e uma
viatura particular.
Deste modo, o presente estudo é oportuno, visto que os acidentes de trânsito estão a ser
progressivamente compreendidos como um problema de saúde pública e de grande relevância
merecedor de acções de mitigação do INATRO.
1.3. Justificativa
Quanto ao âmbito académico, importa com esta pesquisa, assegurar que a sociedade
académica “se torne ativo e responsável, capaz de contribuir para o desenvolvimento e o bem-
estar da mesma. Condições necessárias para segurança das interações no sistema rodoviário,
devendo promover a autonomia da sociedade académica de referências “intelectuais e
culturais” que lhes permita “desenvolver o espírito crítico a iniciativa e pensamento livre.
1.4. Objectivos
Foi com base nesta premissa que o objectivo geral de investigação do presente trabalho
que foi elaborado é:
a) Geral
― Analisar as medidas de segurança adoptadas pelo INATRO para mitigar a
sinistralidade rodoviária na EN1 no troço Maluana-Palmeira no período de 2019 a 2022.
b) Específicos
― Identificar as medidas de segurança adoptadas pelo INATRO para mitigar a
sinistralidade rodoviária na EN1, no troço Maluana-Palmeira;
― Descrever as medidas segurança adoptadas pelo INATRO para mitigar a
sinistralidade rodoviária na EN1, no troço Maluana-Palmeira;
― Avaliar o cumprimento das medidas segurança adoptadas pelo INATRO para
mitigar a sinistralidade rodoviária na EN1, no troço Maluana-Palmeira.
Deste modo, as perguntas de investigação que foram elaboradas para este trabalho foram
as seguintes:
Para tal, considera-se que os acidentes rodoviários são tradicionalmente, vistos como o
resultado da interacção de vários factores do sistema rodoviário (o homem, o veículo e a via).
”A doutrina tem sido unânime em referir que os acidentes são o resultado da conjugação destes
três elementos” (Isaque, 2002, p.16).
O estudo tem como unidade espacial de análise o Distrito da Manhiça, que se localiza
na região centro e litoral da Província de Maputo e, é atravessado pela Estrada Nacional nº1,
principal via de comunicação com outras regiões do País.
1
Parte do teatro onde representam os actores "palco", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha],
2008-2021, https://dicionario.priberam.org/palco [consultado em 10-02-2023].
1.10. Estrutura do estudo
Para o alcance dos objectivos propostos no estudo, está estruturado em cinco capítulos,
os seguintes: capítulo I: A introdução que integra a contextualização do problema, a
justificativa, o problema, os objectivos (geral e específicos), questões de pesquisa e estrutura do
estudo. No capítulo II: apresenta os fundamentos teóricos e a teoria resultantes de outras
pesquisas anteriores que abordaram a temáticas que servirão como bases de seguimento para
que este projecto não seja descontextualizada.
Para o Jornal Noticia (2022), ao nível do troço Maluana a Manhiça, local do nosso
estudo, são visíveis os vestígios que especifiquem a sinistralidade nestes locais. De salientar
que a prática de excesso de velocidade ou velocidade inadequada é causadora de cerca de um
terço dos acidentes mortais neste local.
Por tanto, uma observação ao contexto dos valores entre o ano de 2018 e 2022, permite
constatar que ocorreu um aumento das principais variáveis de sinistralidade rodoviária. O
número de acidentes com vítimas no troço Maluan- Manhiça teve um destaque com o acidente
que vitimou cerca de 32 vitimas e outro que uma semana depois resultou em 18 mortos.
a) Atropelamento
Ramos (2008) diz que o atropelamento resulta de um choque entre uma viatura em
movimento e um peão ou animal. Também, o atropelamento é descrito como “colisão de
veículo motorizado com pessoa a pé ou conduzindo animal ou veículo não motorizado, na área
da via destinada ao trânsito de veículos” (Anuário Estatístico das Rodovias Federais do Brasil,
2009, p. 20).
Assim, o atropelamento é descrito como um embate provocado por uma viatura contra
uma pessoa ou um animal na via pública, e pode produzir danos humanos ou materiais. Peão é
aquela pessoa que caminha a pé numa via de comunicação. Para Seco, Macedo e Costa (2008,
pp. 6-7) “os peões são, de todos os utentes das estradas, os mais vulneráveis…” e constituídos
por grupos heterogêneos pois, não possuem o mesmo tipo de comportamento, caráter, atitude e
desempenho na via pública, existem peões tidos de normais e outros com limitações que
exigem especial atenção para a sua proteção e segurança na via pública.
Para Mota (2014), a segurança pública, pressupõe a garantia dos direitos e liberdades
dos homens e agrega vários sub-campos de atuação, como a segurança rodoviária, cuja ação é
assegurar a fluidez da circulação de pessoas e bens.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) o País registou 1 038 acidentes
em 2020 e 1 027 em 2021. Todas as províncias da região Sul, bem como Sofala e Nampula
registaram maior frequência de acidentes em 2020 e 2021. Em 2021, Maputo Cidade registou
mais acidentes, seguida pelas províncias de Gaza e Inhambane, no entanto, as províncias de
Niassa e Tete apresentaram menor registo de acidentes com 31 e 22 registos respetivamente
houve um aumento da taxa de acidentes dentro de localidades. Os Itinerários Complementares e
Principais continuaram a ser as vias mais perigosas em caso de acidente. A maioria dos
acidentes ocorreram em vias consideradas em bom estado de conservação.
― Via de Comunicação
― O Homem
Para Meirinhos (2011), o factor humano é o mais relevante do sistema rodoviário, pela
participação activa do seu actor. “A este factor é reconhecida a capacidade de monitorar e
controlar os restantes factores para que o conjunto funcione de forma equilibrada”
A interação entre condutor e estrada está diversas vezes condicionada por fatores
humanos, isto é, erros psicológicos, de perceção e cognitivos associados assim a um aumento
da probabilidade de ocorrência acidentes rodoviários.
― O Veículo
“Um veículo deve possuir boas condições de funcionamento, devendo ter todos os seus
elementos de segurança desde os elementos de segurança activo, que compreendem as rodas, a
direcção, a suspensão, os travões, as luzes, e os limpa vidros, que em condições normais
permitem corrigir os possíveis erros humanos, bem como os seus elementos de segurança
passivo como o cinto de segurança, o sistema de retenção, o air bag, a rigidez de estrutura, que
destinam a atenuar as consequências de um acidente e a proteger os seus utilizadores” (Isaque,
2015, p.19).
― Teoria Sociológica,
― Teoria Comportamental
― Teoria de Prevenção Geral.
A Teoria Sociológica, cujo precursor foram Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber,
dedicaram parte do seu tempo a procura de esclarecimentos que justificavam as diferenças e
desigualdades sociais em curso na sua época, influenciadas pela revolução industrial na
Inglaterra entre 1760-1840.
Martins (2008) considera dois elementos para a prática de uma infração: a) a criação da
motivação e b) a disponibilidade de alvos adequados para o efeito.
Gil (2008) define metodologia como um caminho para se chegar a determinado fim.
E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados
para se atingir o conhecimento.
Desta feita, a utilização de métodos mistos para a presente pesquisa se prende com a
constante evolução que a sinistralidade rodoviária vem ganhando, aliado ao facto de
evolução e sofisticação das tecnologias e maquinas. Assim, espera-se seguir uma
metodologia que não só de resposta a problemas complexos, como alie as preferências de
investigação multidisciplinar.
3.2. População-alvo
Gil (2008) assegura que existem dois tipos de amostra, sendo: a probabilística e não
probabilística, incluindo as devidas ramificações. Portanto, por se tratar de uma pesquisa
mista, é evidente que a amostra não probabilística do tipo intencional é aquela que melhor se
adequa para o alcance dos objectivos da pesquisa.
― Descrição da Amostra
Para este trabalho, propõe-se uma amostra de cinco (5) membros da Policia de Transito,
cinco (05) agentes do INATRO e sete (08) sujeitos constituídos por dois (02) elementos das
autoridades locais da zona de Maluana, dois (02) ficais de associações de transporte na Província
de Maputo e três (04) motoristas condutores de veículos ligeiros e pesados.
A escolha dos agentes de INATRO e da PT prende-se com o facto de serem estes que
trabalham dias a dias nas estradas e servem destes como suas fontes informação sobre a
ocorrência de sinistros.
Nesta secção, trata-se das técnicas e instrumentos de recolha de dados, que serão
utilizadas na pesquisa.
― Pesquisa bibliográfica
Gil (2008, p.50) define pesquisa bibliográfica ʺcomo aquela desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicosʺ.
Por tanto, a pesquisa bibliográfica será útil para a materialização do trabalho, na
medida em que vai permitir o cruzamento das informações sobre as medidas adoptados pelo
INATRO e PT na metigacao da sinistralidade rodoviária ao longo da Estrada Nacional N1.
― Pesquisa Documental
O presente estudo vai optar pela pesquisa documental uma vez que facultar
conhecimentos sólidos com base nas teorias de autores que mais se identificam com o
estudo. Esta técnica perspectiva em ajudar na obtenção de informações sobre analise das
Medidas de Segurança Adoptadas Pelo Instituto Nacional de Transporte Rodoviário Para
Mitigação de Sinistralidade Rodoviária na Estrada Nacional. Serão consultados relatórios,
jornais e revistas do período em análise do INATRO e PT na Província do Maputo.
― Entrevista
Vai ser aplicado neste estudo a entrevista semi - estruturada, pois surge como a mais
ideal para a recolha de informação de forma mais abrangente devido a liberdade e
oportunidade de acréscimo de possíveis questões decorrentes da interacção entre o
pesquisador e o entrevistado.
Deste modo, a entrevista semi - estruturada vai ser constituída por perguntas abertas
sobre Medidas de Segurança Adoptadas Pelo Instituto Nacional de Transporte Rodoviário Para
Mitigação de Sinistralidade Rodoviária na Estrada Nacional Numero. A aplicação desta técnica
na recolha de dados abraça o estudo de Marconi e Lakatos (2003, p.190), ao definir entrevista
como sendo:
…um momento de encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa de natureza profissional.
É um procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de dados ou para ajudar no
diagnóstico ou no tratamento de um problema.
― Guião de Entrevista
Para Flick (2013), é um instrumento de recolha de dados usado para designar uma
série de questões que o pesquisador elabora e anota numa situação de interacção com o
entrevistado ou na sua ausência.
A entrevista, compreende uma série de perguntas ordenadas, das mais simples às mais
complexas que possibilitem uma única interpretação, respeitando o nível de conhecimento
do informante, este tipo de entrevista é também denominada não dirigida quando o
entrevistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema em estudo.
Após a aprovação do projecto, vão ser elaborados apêndices, constituído por guião de
entrevista que poderão ser submetidos a Direcção provincial do INATRO E DA PT, ao de
associação do transporte na Província de Maputo.
Ribas e Fonseca (2008) entendem que “o anonimato pode contribuir para garantir
uma participação livre e sincera dos informantes”. Em relação a confidencialidade, deve-se
garantir que os dados recolhidos foram conservados numa pasta de uso exclusivo.
Antes da sua execução, a pesquisa vai ser submetida em projecto a Supervisão, para a
sua avaliação e aprovação, bem como a credenciação pela Coordenação do Mestrado na
ACIPOL.
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