CADERNO DE QUESTÕES DE GRAMÁTICA - CESGRANRIO-curso

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GRAMÁTICA

Caderno de Questões de Gramática –


Cesgranrio

SISTEMA DE ENSINO
GRAMÁTICA
Caderno de Questões de Gramática – Cesgranrio

Sumário
Bruno Pilastre

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Caderno de Questões de Gramática – Cesgranrio.................................................................... 4
Gabarito............................................................................................................................................ 24
GRAMÁTICA
Caderno de Questões de Gramática – Cesgranrio
Bruno Pilastre

Apresentação
Olá! Preparado(a) para resolver questões de Gramática da banca CESGRANRIO? Espe-
ro que sim!
Bom, vamos direto ao ponto: nesta breve apresentação, destacarei o padrão de abordagem
do conteúdo de Gramática nas provas mais recentes da CESGRANRIO.
O padrão geral da prova é este: as duas primeiras questões são de texto precedente; as
demais questões são de gramática (com uma questão ou outra de semântica/coesão entre
as questões de gramática). Em uma prova com 10 questões de Língua Portuguesa, por exem-
plo, 7 serão de gramática (essa é apenas uma média, ok?). Reforço que essa sequência das
questões é apenas uma constatação: analisando as provas anteriores, é assim que a prova se
estrutura. Para resolver as questões de gramática, já adianto que você não precisa ler o texto.
A questão pode ser resolvida apenas pela leitura do comando e das alternativas. Apenas em
casos excepcionais você deverá voltar ao texto para se certificar em relação aos sentidos
originais.
Os conteúdos mais abordados são estes (inclusive eles costumam aparecer nessa
sequência):
• ortografia e acentuação;
• crase;
• vírgula (pontuação);
• concordância;
• regência;
• colocação pronominal.

Bom, temos agora um panorama geral. Agora é partir para a resolução das questões.
Ah, já ia me esquecendo: o Gran Cursos oferece um ótimo espaço de diálogo entre nós: o
Fórum de Dúvidas. Nele, você pode registrar uma dúvida, um pedido de esclarecimento, uma
observação etc. Faça uso dessa ferramenta, ok? Faça também uso do espaço de Avaliação do
material, apresentando seu elogio/crítica/sugestão. Eu sempre ouço as suas demandas.
Bom, agora é praticar!
Aos trabalhos, então!
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CADERNO DE QUESTÕES DE
GRAMÁTICA – CESGRANRIO
001. (CESGRANRIO/BANCO DO BRASIL/ESCRITURÁRIO/2018) De acordo com as exigências
da norma-padrão da língua portuguesa, o verbo destacado está corretamente empregado em:
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metrópoles importante papel no desenvolvi-
mento da economia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo da hierarquia urbana.
b) Conforme o grau de influência e importância internacional, classificou-se as 50 maiores
cidades em três diferentes classes, a maior parte delas na Europa.
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a responsabilidade de motor propulsor do
desenvolvimento e a condição de lugar privilegiado para os negócios e a cultura.
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, realiza-se negócios nacionais e in-
ternacionais, além de um atendimento bastante diversificado, como jornais, teatros, cinemas,
entre outros.
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as cidades globais como verdadeiros polos
de influência internacional, devido à presença de sedes de grandes empresas transnacionais e
importantes centros de pesquisas.

Vejamos os desvios das alternativas (a), (b), (d) e (e):


a) Errada. O correto é “confere-se”, no singular, pois o núcleo do sujeito é singular (papel).
b) Errada. O correto é “classificaram-se”, no plural, pois o núcleo do sujeito é plural (cidades).
c) Certa. A forma verbal concorda com o sujeito composto.
d) Errada. O correto é “realizam-se”, no plural, pois o núcleo do sujeito é plural (negócios).
e) Errada. O correto é “consideram-se”, no plural, pois o núcleo do sujeito é plural (cidades).
Letra c.

002. (CESGRANRIO/BANCO DO BRASIL/ESCRITURÁRIO/2018) A regência do verbo desta-


cado está de acordo com as exigências da norma-padrão da língua portuguesa em:
a) Para ganhar espaço no mercado imobiliário, os bancos costumam a ampliar prazos e limites
e baratear o financiamento da casa própria.
b) O planejamento econômico é fundamental para o sucesso de um empreendimento familiar,
o que envolve ao ato de pesquisar as melhores oportunidades disponíveis.
c) Antes de se comprometer com a aquisição de um imóvel acima de sua renda, recomenda-se
ao comprador que pesquise melhores condições de mercado.
d) A inadimplência ocorre quando o cidadão não acata às cláusulas que determinam os prazos
dos empréstimos bancários.
e) Grande parte das pessoas que se candidatam a empréstimos bancários aspiram a constru-
ção da casa própria.
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A regência em (c) está correta: o verbo “recomendar” é bitransitivo (rege a preposição “a” para
objeto indireto). Em(a), o verbo “costumar” é transitivo direto (e o objeto direto será oracional),
por isso a presença da preposição é inadequada. Também é inadequada a preposição em “en-
volve” (b) e “acata” (d), pois nas ocorrências essas formas verbais são transitivas diretas. Por
fim, “aspirar” é transitivo indireto quando significa “almejar, pretender, querer” – e, nesse caso,
deveria haver crase em (e): “aspiram à construção da casa própria”.
Letra c.

003. (CESGRANRIO/BANCO DO BRASIL/ESCRITURÁRIO/2018)) O pronome destacado foi


utilizado na posição correta, segundo as exigências da norma-padrão da língua portuguesa, em:
a) Quando as carreiras tradicionais saturam-se, os futuros profissionais têm de recorrer a ou-
tras alternativas.
b) Caso os responsáveis pela limpeza urbana descuidem-se de sua tarefa, muitas doenças
transmissíveis podem proliferar.
c) As empresas têm mantido-se atentas às leis de proteção ambiental vigentes no país pode-
rão ser penalizadas.
d) Os dirigentes devem esforçar-se para que os funcionários tenham consciência de ações de
proteção ao meio ambiente.
e) Os trabalhadores das áreas rurais nunca enganaram-se a respeito da importância da agricul-
tura para a subsistência da humanidade.

a, b) Erradas. As subordinadas são fatores de atração, forçando a próclise: se saturam; se


descuidem.
c) Errada. É inadequado ênclise com particípio (nunca permitida): uma das formas corretas é
“têm-se mantido”, com o pronome enclítico ao auxiliar (porque não há fator de atração para a
próclise).
d) Certa. Pode haver ênclise em relação ao verbo no infinitivo.
e) Errada. Observamos fator de atração: o vocábulo “nunca” força a próclise: nunca se
enganaram.
Letra d.

004. (CESGRANRIO/BANCO DO BRASIL/ESCRITURÁRIO/2018) De acordo com a norma-pa-


drão da língua portuguesa, o uso do acento grave indicativo da crase é obrigatório na palavra
destacada em:
a) Os pais, inseguros na sua tarefa de educar, não percebem que falta de limites e superprote-
ção comprometem a formação dos filhos.
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b) A indisciplina nas salas de aula aumentou a partir do momento em que as mídias divulga-
ram a necessidade de dar maior liberdade aos estudantes.
c) A atenção e a motivação são condições que levam a pessoa a pensar e agir de forma satis-
fatória para desenvolver o processo de aprendizagem.
d) As famílias e as escolas encontram-se, na atualidade, frente a jovens com quem não conse-
guem estabelecer um diálogo produtivo.
e) As escolas chegaram a etapa em que os professores estão cada vez mais com dificuldade
para exercer o seu importante papel de ensinar.

Nas seguintes alternativas, NÃO há crase, pois:


a) Errada. Não há preposição, pois o verbo é transitivo direto (comprometer).
b) Errada. A locução “a partir de” não possui núcleo de gênero feminino (o núcleo é verbal)
c) Errada. Não há preposição, pois o termo “a pessoa” exerce função de objeto direto do ver-
bo “levar”.
d) Errada. Não há artigo, pois o termo “jovens” exigiria artigo no plural (se o registro fosse “fren-
te às jovens”, a crase até poderia ser aplicada).
e) Errada. A crase é obrigatória porque há preposição obrigatória (regida pelo verbo “chegar”)
e artigo definido feminino (que especifica “etapa em que os professores…, com núcleo subs-
tantivo feminino).
Letra e.

005. (CESGRANRIO/BANCO DO BRASIL/ESCRITURÁRIO/2018) De acordo com a norma-pa-


drão da língua portuguesa, a pontuação está corretamente empregada em:
a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando atendem, de forma voluntária, aos
funcionários e à comunidade em geral, pode ser definido como responsabilidade social.
b) As empresas que optam por encampar a prática da responsabilidade social, beneficiam-se
de conseguir uma melhor imagem no mercado.
c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada em campanhas publicitárias: por isso,
as empresas precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
d) A responsabilidade social explora um leque abrangente de beneficiários, envolvendo as-
sim: a qualidade de vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de impactos negativos, no
meio ambiente.
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem a ideia de que: o objetivo das empre-
sas é o lucro e a geração de empregos não a preocupação com a sociedade como um todo.

Vejamos os desvios de pontuação das alternativas incorretas:


b) Errada. A vírgula separa o sujeito de seu predicado.
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c) Errada. A vírgula separa o verbo de seu complemento.


d) Errada. O articulador coesivo “assim” deveria estar entre vírgulas (“envolvendo, assim, a qua-
lidade”); a vírgula após “trabalhadores” deveria ser substituída por conjunção aditiva; a vírgula
após “negativos” deveria se excluída.
e) Errada. Não se deve aplicar os dois-pontos após o “que”; após “empregos”, o emprego da
vírgula é necessário.
Letra a.

Projetos urbanísticos, patrimônios e conflitos


O Porto do Rio – Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Ja-
neiro foi divulgado pela Prefeitura em 2001 e concentrou diferentes projetos, visando a incen-
tivar o desenvolvimento habitacional, econômico e turístico dos bairros portuários da Saúde,
Gamboa e Santo Cristo. Em meados de 2007, quando se iniciou esse estudo sobre o Plano e
seus efeitos sociais, a Zona Portuária já passava por um rápido processo de ressignificação
perante a cidade: nos imaginários construídos pelas diferentes mídias, não era mais associada
apenas à prostituição, ao tráfico de drogas e às habitações “favelizadas”, despontando narrati-
vas que positivavam alguns de seus espaços, habitantes e “patrimônios culturais”.
Dentro do amplo território portuário, os planejadores urbanos que idealizaram o Plano Por-
to do Rio haviam concentrado investimentos simbólicos e materiais nos arredores da praça
Mauá, situada na convergência do bairro da Saúde com a avenida Rio Branco, via do Centro da
cidade ocupada por estabelecimentos financeiros e comerciais.
(GUIMARÃES, R. A utopia da pequena África. Rio de Janeiro: FGV, 2014. p. 16-7. Adaptado.)

006. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) No texto preceden-


te, no trecho “concentrou diferentes projetos” (l. 3-4), o verbo concentrar apresenta a mesma
regência do verbo destacado em:
a) O cenário atual mostra um cenário bem diferente.
b) Hoje, os bairros portuários do Rio parecem um cartão postal.
c) Agora os comerciantes confiam nesse bairro.
d) Nas lojas para turistas, sobressaem anéis e pulseiras.
e) A Zona Portuária necessitava de muitas benfeitorias.

a) Certa. No trecho em análise, o verbo “concentrar” é transitivo direto. Também é transitivo


direto o verbo “mostrar”.
b) Errada. O verbo “parecer” é predicativo.
c) Errada. O verbo “confiar” é transitivo indireto.
d) Errada. O verbo “sobressaem” é intransitivo (e “anéis e pulseiras” é sujeito).
e) Errada. O verbo “necessitava” é transitivo indireto.
Letra a.
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Serviu suas famosas bebidas para Vinicius, Carybé e Pelé


Os pedaços de coco in natura são colocados no liquidificador e triturados. O líquido resul-
tante é coado com uma peneira de palha e recolocado no aparelho, onde é batido com açúcar
e leite condensado. Ao fim, adiciona-se aguardente.
A receita de Diolino Gomes Damasceno, ditada à Folha por seu filho Otaviano, parece tri-
vial, mas a conhecida batida de coco resultante não é. Afinal, não é possível que uma bebida
qualquer tenha encantado um time formado por Jorge Amado (diabético, tomava sem açúcar),
Pierre Verger, Carybé, Mussum, João Ubaldo Ribeiro, Angela Rô Rô, Wando, Vinicius de Moraes
e Pelé (tomava dentro do carro).
Baiano nascido em 1931 na cidade de Ipecaetá, interior do estado, Diolino abriu seu primei-
ro estabelecimento em 1968, no bairro do Rio Vermelho, reduto boêmio de Salvador. Localiza-
do em uma garagem, ganhou o nome de MiniBar.
A batida de limão — feita com cachaça, suco de limão galego, mel de abelha de primeirís-
sima qualidade e açúcar refinado, segundo o escritor Ubaldo
Marques Porto Filho — chamava a atenção dos homens, mas Diolino deu por falta das mu-
lheres da época. É que elas não queriam ser vistas bebendo em público, e então arranjavam
alguém para comprar as batidas e bebiam dentro do automóvel.
Diolino bolou então o sistema de atendimento direto aos veículos, em que os garçons iam
até os carros que apenas encostavam e saíam em disparada. A novidade alavancou a fama do
bar. No auge, chegou a produzir 6.000 litros de batida por mês.
(SETO, G. Folha de S.Paulo. Caderno “Cotidiano”. 17 maio 2019, p. B2. Adaptado.)

007. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) A substituição


da expressão destacada pelo que se encontra entre colchetes está de acordo com a norma-
-padrão em:
a) Jorge Amado tomava a bebida sem açúcar. [tomavá-lhe]
b) Diolino gostava de mostrar a receita. [mostrá-la]
c) Pelé bebia no carro porque era discreto. [bebiá-lhe]
d) Wando e Rô Rô também frequentavam o bar. [frequentavam-nos]
e) O MiniBar produzia 6.000 litros por mês. [produzia-se]

a, c) Erradas. A forma pronominal “lhe” (com função de complemento indireto no âmbito ver-
bal) não pode ocorrer, porque o verbo “tomar” é transitivo direto e o verbo “beber” é intransitivo
(“no carro” é adjunto adverbial).
b) Errada. A forma pronominal “la” pode substituir o objeto direto “a receita” (note que ambos
estão no singular e são de gênero feminino).
d) Errada. A forma pronominal não pode ser “nos”, porque originalmente o termo é singu-
lar “o bar”.
e) Errada. O pronome “se” não pode substituir a forma “6.000 litros”.
Letra b.
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008. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) A concordância do


verbo destacado está de acordo com a norma-padrão em:
a) A reclamação dos clientes de Diolino chegaram aos seus ouvidos.
b) Surgiu vários motivos para que as pessoas confraternizassem com Diolino.
c) Eram os fregueses de Diolino privilegiados porque usufruíam de uma bebida especial.
d) Consumia-se bebidas dentro dos automóveis, sobretudo quando se queria o anonimato.
e) Diolino foi, em 1968, um pioneiro na arte de produzirem batidas de coco e de limão.

Vejamos os desvios das alternativas incorretas:


a) Errada. O sujeito tem núcleo singular (reclamação), o verbo também deve estar no singu-
lar (chegou).
b) Errada. O sujeito posposto tem núcleo plural (motivos), e por isso o verbo deve concordar
com o plural: surgiram.
c) Certa. Temos uma predicação nominal com sujeito plural: “os fregueses de Diolino eram
privilegiados.”
d) Errada. Nessa passiva sintética, a forma verbal deve concordar com o sujeito nucleado por
“bebidas”: consumiam-se bebidas.
e) Errada. O núcleo da estrutura infinitiva é singular (arte), por isso a flexão deve ser “produzir”.
Letra c.

009. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019). Considere a seguinte


passagem do texto precedente precedente: “Diolino bolou então o sistema de atendimento
direto aos veículos”.
Caso fosse necessário reescrevê-lo empregando alguma vírgula e mantendo o sentido original,
o resultado, de acordo com as normas pontuação, seria:
a) Diolino, bolou então o sistema de atendimento direto, aos veículos.
b) Diolino bolou então, o sistema, de atendimento direto aos veículos.
c) Diolino bolou então o sistema, de atendimento direto aos veículos.
d) Diolino bolou, então, o sistema de atendimento direto aos veículos.
e) Diolino bolou, então o sistema de atendimento direto aos veículos.

O articulador coesivo “então” poderia ser isolado por vírgulas (como na reescrita em (d)). Nas
demais alternativas, os desvios são estes:
a) Errada. A vírgula separa o sujeito de seu predicado.
b) Errada. A vírgula separa o verbo de seu complemento e o substantivo de seu modificador.
c) Errada. A vírgula separa o substantivo de seu modificador.
e) Errada. A vírgula separa o verbo de seu complemento.
Letra d.
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010. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) A palavra saíam (l.


29) contém hiato acentuado. Deve também ser acentuado o hiato de:
a) juizes
b) rainha
c) coroo
d) veem
e) suada

Note a diferença entre “juiz” (sem acento) e “juízes” (com acento). Haverá acentuação no hiato
em “juízes” quando houver sílaba após o hiato: ju-í-zes. Não se aplica acentuação em “rainha”,
“coroo”, “veem” e “suada”.
Letra a.

Beira-mar
Quase fim de longa tarde de verão. Beira do mar no Aterro do Flamengo próximo ao Morro
da Viúva, frente para o Pão de Açúcar. Com preguiça, o sol começava a esconder-se atrás dos
edifícios. Parecia resistir ao chamado da noite. Nas pedras do quebra-mar caniços de pesca
moviam-se devagar, ao lento vai e vem do calmo mar de verão. Cercados por quatro ou cinco
pescadores de trajes simples ou ordinários, e toscas sandálias de dedo.
Bermuda bege de fino brim, tênis e camisa polo de marcas célebres, Ricardo deixara o
carro em estacionamento de restaurante nas imediações. Nunca fisgara peixe ali. Olhado com
desconfiança. Intruso. Bolsa a tiracolo, balde e vara de dois metros na mão. A boa técnica
ensina que o caniço deve ter no máximo dois metros e oitenta centímetros para a chamada
pesca de molhes, nome sofisticado para quebra-mar. Ponta de agulha metálica para transmitir
à mão do pescador maior sensibilidade à fisgada do peixe. É preciso conhecimento de juiz para
enganar peixes.
A uma dezena de metros, olhos curiosos viam o intruso montar o caniço. Abriu a bolsa de
utensílios. Entre vários rolos de linha, selecionou os de espessura entre quinze e dezoito centé-
simos de milímetro, ainda fiel à boa técnica.
— Na nossa profissão vivemos sempre preocupados e tensos: abertura do mercado, sobe
e desce das cotações, situação financeira de cada país mundo afora. Poucas coisas na vida
relaxam mais do que pescaria, cheiro de mar trazido pela brisa, e a paisagem marítima — cos-
tuma confessar Ricardo na roda dos colegas da financeira onde trabalha.
(LOPES, L. Nós do Brasil. Rio de Janeiro: Ponteio, 2015. p. 101. Adaptado.)

011. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) Considere a seguin-


te passagem do texto precedente precedente: “Com preguiça, o sol começava a esconder-se
atrás dos edifícios” (l. 3-4).
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A reescritura que obedece à norma-padrão quanto à colocação pronominal é a seguinte:


a) Atrás dos edifícios, com preguiça, o sol tinha escondido-se.
b) O sol se a esconder começou com preguiça atrás dos edifícios.
c) Começaria o sol se a esconder atrás dos edifícios com preguiça.
d) Se começava o sol, com preguiça, a esconder atrás dos edifícios.
e) Com preguiça, começava o sol a se esconder atrás dos edifícios.

a) Errada. Não ocorre ênclise com formas participiais.


b) Errada. A ordem “se a esconder começou” viola frontalmente a ordem dos termos na sintaxe
do português.
c) Errada. O pronome não pode ocorrer antes da preposição.
d) Errada. O pronome não pode iniciar período.
e) Certa. A próclise ocorre pela presença da oração subordinada (além de ocorrer após a
preposição).
Letra e.

012. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) Considere a seguin-


te passagem do texto precedente precedente: “A uma dezena de metros, olhos curiosos viam
o intruso montar o caniço” (l. 21-22).
A reescritura na qual a regência do verbo destacada NÃO está de acordo com a norma-padrão é:
a) A uma dezena de metros, olhos curiosos espiavam o intruso, que montava seu caniço.
b) A uma dezena de metros, olhos curiosos observavam o intruso a montar o caniço.
c) A uma dezena de metros, olhos curiosos assistiam o intruso montar o caniço.
d) A uma dezena de metros, olhos curiosos espreitavam o intruso montando o caniço.
e) A uma dezena de metros, olhos curiosos deleitavam-se com o intruso a montar seu caniço.

Nas alternativas(a), (b), (d) e (e), a regência das formas verbais está adequada: espiar (tran-
sitivo direto); observar (transitivo direto); espreitar (transitivo direto); deleitar-se (pronominal).
Em (c), a regência é inadequada, pois o verbo “assistir”, no sentido de “presenciar” é transitivo
indireto (rege preposição “a”): “assistiam ao intruso”.
Letra c.

013. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) A concordância es-


tabelecida com o verbo destacado está de acordo com as exigências da norma-padrão da
língua portuguesa em:
a) Os caniços de pesca pode ser comprado pela internet.
b) Já não se fazem mais caniços de pesca como antigamente.
c) Haviam muitos anos que eu não levava caniços de pesca para o quebra-mar.
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d) Bastava apenas dois caniços de pesca para Ricardo.


e) O caniço dos pescadores eram os melhores da praia.

As concordâncias verbais adequadas são estas:


a) Errada. Os caniços podem.
c) Errada. Havia muitos anos (verbo “haver” existencial, impessoal).
d) Errada. Bastavam dois caniços (dois caniços bastavam).
e) Errada. O caniço era.
b) Certa. Temos uma passiva sintética com sujeito no plural (mais caniços não se fazem; mais
caniços não são feitos).
Letra b.

014. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) Em qual das altera-


ções feitas em “ainda fiel à boa técnica” (l. 25 do texto precedente precedente) o emprego do
acento de crase NÃO está de acordo com a norma-padrão?
a) ainda fiel àquela técnica
b) ainda fiel à toda técnica
c) ainda fiel à sua técnica
d) ainda fiel à velha técnica
e) ainda fiel à técnica de sempre

Vejamos o porquê de a alteração em (b) estar incorreta: a forma “toda” não aceita a presença
de artigo definido feminino. O teste é simples: verifique se é possível registrar o artigo antes
de “toda” em uma oração como “A toda mulher é bonita”; ou “A toda panela tem a sua tampa”.
Assim, a forma pronominal “toda” não pode ser antecedida de “à” (pois não pode ser antecedi-
da por artigo definido feminino).
Letra b.

015. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) Assim como ocorre


com a palavra quebra-mar (l. 5 do texto precedente precedente), emprega-se obrigatoriamente
o hífen, de acordo com o sistema ortográfico vigente, em:
a) casa-comercial
b) linha-de-passe
c) peixe-espada
d) pedra-fundamental
e) sala-de-jantar

Essa questão é cruel. Como saber se há ou não hífen nessas palavras? Segundo o Acordo Or-
tográfico de 1990, emprega-se o hífen nas palavras compostas quando os elementos “constituem
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uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio”. Com esse critério, fica difí-
cil saber que “casa comercial”, “linha de passe”, “pedra fundamental” e “sala de jantar” ocorre
SEM HÍFEN. Assim, apenas “peixe-espada” é registrado com hífen pelo Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa.
Letra c.

016. (CESGRANRIO/UNIRIO/ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO/2019) A presença ou au-


sência de acento gráfico nem sempre se repete quando uma palavra está no singular ou no plu-
ral. Quanto ao emprego do acento gráfico, a seguinte palavra se altera quando vai para o plural:
a) item
b) viúva
c) açúcar
d) fiel
e) técnica

Vamos flexionar cada uma das palavras. Assim, veremos qual se altera quando está no plural:
itens, viúvas, açúcares, fiéis, técnicas. Pronto, temos a alternativa (d) como correta: fiel (sem
acento)>fiéis (com acento).
Letra d.

Mobilidade e acessibilidade desafiam cidades

A população do mundo chegou, em 2011, à marca oficial de 7 bilhões de pessoas. Desse


total, parte cada vez maior vive nas cidades: em 2010, esse contingente superou os 50% dos
habitantes do planeta, e até 2050 prevê-se que mais de dois terços da população mundial
será urbana.
No Brasil, a população urbana já representa 84,4% do total, de acordo com o Censo 2010. É
preciso, então, que questões de mobilidade e acessibilidade urbana passem a ser discutidas.
No passado, a noção de mobilidade era estreitamente ligada ao automóvel. Hoje, como
resultado, os moradores de grande maioria das cidades brasileiras lidam diariamente com con-
gestionamentos insuportáveis, que causam enormes perdas. Isso, sem falar no alto índice de
mortes em vias urbanas do país. Depreendemos daí que a dependência do automóvel como
meio de transporte é um fator que impede a mobilidade urbana.
É importante investir em infraestrutura pedestre, cicloviária e em sistemas mais eficazes e
adequados de ônibus. Ao mesmo tempo, podemos desenvolver cidades mais acessíveis, onde
a maior parte dos serviços esteja próxima às moradias e haja opções de transporte não moto-
rizado para nos locomovermos.
(BROADUS, V. Portal Mobilize Brasil. 16 jul. 2012. Disponível em: http://www.mobilize.org.br/noticia/2419/mobili-
dade-acessibilidade-e-deficiencias-fi sicas.html. Acesso em: 9 jul. 2018. Adaptado.)
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Glossário:
Mobilidade urbana – É a facilidade de locomoção das entre as diferentes zonas de
uma cidade.
Acessibilidade urbana – É a garantia de condições às pessoas portadoras de defi ciên-
cia ou com mobilidade reduzida, para a utilização, com segurança e autonomia, dos espa-
ços públicos.

017. (CESGRANRIO/LIQUIGÁS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/2018) O grupo em que as


duas palavras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa é:
a) beleza, querozene
b) burguezia, esquisito
c) cortesia, pesquiza
d) improvizo, análise
e) represa, paralisia

Apenas “represa” e “paralisia” formam um par grafado de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa. Nas demais alternativas, temos estes desvios (mostro apenas a grafia CORRETA):
a) querosene.
b) burguesia.
c) pesquisa.
d) improviso.
Letra e.

018. (CESGRANRIO/LIQUIGÁS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/2018) A palavra destacada


está grafada de acordo com as exigências da norma-padrão da língua portuguesa em:
a) As cidades mais populosas têm estimulado, há alguns anos, novos hábitos de vida para
melhorar a mobilidade.
b) O aumento do número de carros, verificado a algum tempo, tem causado grandes transtor-
nos às populações urbanas.
c) O conceito das pessoas sobre conforto, bem-estar e sustentabilidade vai modificar-se daqui
há algumas gerações.
d) O debate sobre a questão da mobilidade urbana intensifica-se há cada dia, mas ainda está
muito longe de se esgotar.
e) Os habitantes da periferia dos grandes centros estão a tempos esperando soluções para
seus problemas de transporte.

a) Certa. O verbo “haver” denota tempo decorrido (há alguns anos) – e por isso a alternativa
está correta.
GRAMÁTICA
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Bruno Pilastre

b, e) Errada. A grafia adequada também deveria ser “há”, pois estamos diante da flexão do ver-
bo “haver” (que denota tempo decorrido).
c) Errada. A forma adequada é “a” (preposição que denota direção no tempo).
d) Errada. A forma “a” deve anteceder o pronome indefinido “cada”.
Letra a.

019. (CESGRANRIO/LIQUIGÁS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/2018) De acordo com a


norma-padrão da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase é obrigatório na pala-
vra destacada em:
a) A falta de transporte coletivo traz problemas para as pessoas que vivem na periferia.
b) O centro das cidades foi o primeiro espaço a sofrer com o aumento dos carros.
c) O automóvel acabou por se confirmar como a forma de transporte dominante.
d) Os espaços centrais passaram a ser ocupados somente nos horários de trabalho.
e) Os governos devem buscar soluções adequadas as necessidades das pessoas.

e) Certa. A crase é obrigatória porque há termo regente (adequadas “a” algo) e artigo definido
feminino (“as” necessidades). Com a junção desses termos, temos o fenômeno de crase: ade-
quadas às necessidades.
Nas demais alternativas, a crase não se aplica, pois:
a) não há preposição “a”.
b) a locução “a sofrer” tem núcleo verbal.
c) não há preposição “a”.
d) não há artigo definido feminino na perífrase “passar a ser”.
Letra e.

020. (CESGRANRIO/LIQUIGÁS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/2018) A vírgula está em-


pregada de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:
a) A acessibilidade é a possibilidade que as pessoas, têm de atingir o destino desejado.
b) A mobilidade urbana tem, forte impacto, sobre o espaço e os recursos naturais.
c) As políticas públicas, devem priorizar os meios de transporte coletivo, nas cidades.
d) Como alertam os pesquisadores, é preciso discutir estratégias de mobilidade urbana.
e) Nos últimos anos aumentou, a insatisfação das pessoas com os engarrafamentos.

d) Certa. Temos a vírgula separando uma estrutura subordinada da oração principal.


Nas demais alternativas, a vírgula é incorretamente aplicada, pois:
a) separa o sujeito de seu predicado.
b) separa o verbo (auxiliar) do predicativo do sujeito; separa o nome “impacto” de seu modifi-
cador.
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c) separa o sujeito de seu predicado.


e) separa o verbo de seu complemento.
Letra d.

O futuro das cidades


Em artigo publicado na imprensa brasileira, o representante regional para a América do Sul
do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que
um dos principais desafios da humanidade atualmente é construir centros urbanos onde haja
convivência sem discriminação.
Segundo ele, é preciso definir uma agenda urbana global porque, em 2050, 75% da popula-
ção mundial estará concentrada nas cidades e boa parte dessa população viverá constrita em
bairros marginais, sem condições mínimas de vida.
Embora a cúpula da ONU sobre moradia e urbanismo, Istambul, 1996, tenha apresentado
uma visão de cidades sustentáveis, ela fracassou ao não ter integrado uma perspectiva de di-
reitos humanos. Portanto, os compromissos assumidos na ocasião viraram letra morta.
Duas décadas mais tarde, face a uma enorme desigualdade, os direitos humanos voltam
à discussão. Desta vez, os estados têm a responsabilidade histórica de mostrar seu compro-
misso na matéria. Para atingir esse objetivo, é preciso definir normas de direitos humanos e
princípios de participação, transparência e prestação de contas, bem como não discriminação
e respeito à diversidade. Só assim seremos capazes de planejar espaços em que as pessoas
desfrutem do direito a viver sem discriminação, sejam homens, mulheres, crianças, jovens,
idosos, migrantes, indígenas, afrodescendentes, LGBTI, com deficiência e outros.
Por conseguinte, é preciso projetar cidades seguras, em que a ordem e a segurança cida-
dã convivam com a liberdade de expressão e a manifestação pacífica; e em que seja possível
convergir em atividades sociais e culturais sem suspeição ou susceptibilidade a políticas de
limpeza social.
Aproveitando o impulso, os governos da América do Sul devem assumir o compromisso de
construir as cidades do futuro onde seus povos vivam livres de penúrias e possamos exercer
nossos direitos em igualdade de condições. Só assim seremos capazes de alcançar o maior
objetivo da Agenda 2030: não deixar ninguém para trás.
(INCALCATERRA, Amerigo. 29/09/2016. ONUBR. Nações Unidas do Brasil. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/artigo-o-futu-ro-das-cidades. Acesso em: 10 fev. 2018. Adaptado.)

021. (CESGRANRIO/PETROBRAS/TÉCNICO/2018) A vírgula está empregada corre-


tamente em:
a) As grandes metrópoles que se destacaram no apoio à sustentabilidade, foram premiadas
pelo mundo inteiro.
b) É preciso que futuramente, as cidades tenham melhores condições de vida: habitação, ali-
mentação, saúde, emprego, transporte, educação.
GRAMÁTICA
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c) Não é só o território que acelera o seu processo de urbanização, mas é a própria sociedade
brasileira que se transforma cada vez mais em urbana.
d) Os estados que possuem os menores percentuais de população vivendo em áreas urbanas,
estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste.
e) Os passageiros, que dependem do transporte coletivo esperam que o futuro lhes ofereça
mais comodidade do que o presente.

Apenas em (c) a vírgula está corretamente empregada: separa oração coordenada sindética (a
vírgula precede a conjunção).
Nas demais alternativas, os erros no emprego da vírgula são estes:
a) separa o sujeito de seu predicado.
b) separa sujeito (oracional) posposto.
d) separa o sujeito de seu predicado.
e) a oração subordinada adjetiva explicativa deveria vir entre duas vírgulas (ou a vírgula única
deveria ser eliminada se a oração subordinada for restritiva).
Letra c.

Quino, o mestre da tira


Como se não fosse feito de carne e músculos, e sim de serenidade e graça – com um pou-
co de respiração –, a mão se move, e o lápis que ela segura deixa um rastro preto, um risco
que parece ser – e é – o cabelo de alguém. A mão, como se mal roçasse o papel, desenha a
testa, o nariz, a boca e dois dentes enormes. A orelha, o pescoço, um olho. Finalmente, traça
uma linha diminuta que transforma a expressão do rosto, até então oca, em um sorriso aberto.
É agosto de 2009. No estúdio de uma rádio em Buenos Aires, ao final de um programa em que
foi entrevistado, o argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, desenha Felipe, um dos perso-
nagens da sua tira Mafalda. A mão – a mão dele – não se deteve, não hesitou nem uma só vez:
uma criatura com vontade própria que, com o ritmo constante da água do mar, desenhou esse
rosto com movimentos que brotam, iguais entre si, há mais de setenta anos. Agora, em 2014,
essa dança líquida sobre o papel é algo que Quino já não faz mais. A mão responde, mas ele
já não a vê.
– Ah, você já vai, que sorte.
Alicia Colombo tem o cabelo grisalho, curto e volumoso. Usa saia e blusa muito escuras, e
uma faixa larga que ajuda a prender a roupa.
– Não, Alicia. Acabei de chegar.
– Ah – diz ela, simulando frustração. – Eu achei que você estava indo embora e disse: “Que
bom, que entrevista mais curtinha”.
São 15h30 de uma tarde de setembro em Buenos Aires. O apartamento onde Quino e sua
mulher, Alicia Colombo, vivem há anos é grande, mas não enorme; prolixo, mas não luxuoso.
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Fica no Bairro Norte, a poucos metros da avenida Santa Fé. Sobre a mesa da sala há camisas e
suéteres recém-passados, e o espaço parece pequeno, repleto de móveis: várias cadeiras, um
par de poltronas, uma mesa baixa, uma estante de livros, uma cristaleira com louças antigas.
– Você viu essas cadeiras? – pergunta Alicia. – Compramos de um senhor, o sr. Gentile.
Havia comprado todos os móveis de uma confeitaria e os vendia. Nós as cortamos um pouco,
porque eram muito altas.
Quino, 82 anos, se senta sob a luz branca que entra pela janela, onde posa para as fotos.
– Luz, luz – diz. – Como Goethe, que antes de morrer pediu: “Luz, mais luz”.
Usa um suéter escuro, jeans e os óculos de sempre, bifocais, que exageram o tamanho de
seus olhos.
– Temos uma cadeira de balanço – prossegue Alicia. – Compramos numa casa de leilões
que ficava no centro, e nós morávamos em Caballito, a 70 quadras. Como não tínhamos grana
para um frete, levamos a cadeira andando, um braço cada um.
– Caminharam 70 quadras com a cadeira de balanço pendurada no braço?
– É que era 1960, estávamos recém-casados. Sabe o que acontece? A gente não tinha grana.
Quino e Alicia Colombo estão juntos há 54 anos. Ela, doutora em Química, trabalhava na
Comissão Nacional de Energia Atômica, mas deixou o cargo porque o trajeto de ônibus a partir
de um bairro para onde se mudaram começou a demorar demais. Desde então, trabalha como
agente do marido. Quino é envolvido pela luz que entra pela janela em uma brancura irreal e faz
o cabelo crepitar sobre suas têmporas. Fala com gula sobre cinema, ópera, teatro: de tudo que
foi ver nas últimas semanas. Ao final da sessão de fotos, se levanta e caminha até o elevador
para se despedir da fotógrafa, que lhe pergunta pelo Prêmio Príncipe de Astúrias concedido a
ele em 2014, na categoria Comunicação e Humanidades.
– Eu gostaria que ele me fosse entregue por Leonor, a princesinha das Astúrias – diz.
(GUERRIERO, Leila. El País. 19 out. 2014)

022. (INÉDITA/2021) As palavras “volumoso”, “princesinha” e “curtinha” são formadas a partir


do seguinte processo morfológico:
a) derivação prefixal.
b) derivação parassintética.
c) derivação regressiva.
d) composição por justaposição.
e) derivação sufixal.

Todas as formas são formadas por derivação sufixal, como corretamente afirmado pela alter-
nativa (e) (os sufixos estão destacados): volum-oso; princes-inha; e curt-inha.
Sendo derivação sufixal, as demais alternativas estão incorretas: não é prefixal, pois há acrés-
cimo de sufixo; não pode ser parassintética, porque não há junção simultânea de prefixo e
sufixo; não é regressiva, pois há acréscimo de afixo; não é composição, pois há apenas uma
base lexical.
Letra e.
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023. (INÉDITA/2021) No excerto “uma criatura com vontade própria que, com o ritmo constan-
te da água do mar, desenhou esse rosto com movimentos que brotam, iguais entre si, há mais
de setenta anos.”, os termos em destaque podem ser classificados como, respectivamente,
a) pronome relativo; conjunção integrante
b) pronome relativo; pronome relativo
c) conjunção integrante; partícula expletiva
d) partícula expletiva; conjunção integrante
e) conjunção integrante, conjunção integrante

As duas formas são pronomes relativos, as quais integram orações subordinadas adjetivas
restritivas. O primeiro “que” retoma “criatura” e o segundo “que” retoma “movimentos”. Desse
modo, a alternativa (b) apresenta a classificação correta.
As demais alternativas ((a), (c), (d) e (e)), por apresentarem, em algum momento, uma classifi-
cação distinta, estão incorretas.
Letra b.

024. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa incorreta quanto à colocação pronominal dos ter-
mos destacados.
a) A mão responde, mas ele já não a vê.
b) Havia comprado todos os móveis de uma confeitaria e os vendia.
c) Nós as cortamos um pouco, porque eram muito altas.
d) Como não a tínhamos, optamos por esperar chegar uma nova.
e) Se levanta e caminha até o elevador para se despedir da fotógrafa

a, b, c, d) Certas. A colocação dos pronomes átonos está correta, especialmente os casos de


atração (com as formas negativas, por exemplo). e) Errada. A forma “se”, oblíqua e átona, não
pode iniciar período, deve ocorrer em ênclise (Levanta-se).
Letra e.

025. (INÉDITA/2021) Em “Sobre a mesa da sala há camisas e suéteres recém-passados”, o


verbo “haver”
a) não possui sujeito.
b) tem como sujeito “camisas e suéteres recém-passados”.
c) é transitivo indireto, tendo como complemento “camisas e suéteres recém-passados”.
d) é um verbo auxiliar.
e) denota tempo decorrido.

Na oração em análise, o verbo “há” (haver) é impessoal (não possui sujeito, como corretamen-
te afirmado pela alternativa(a)) e lexical (isto é, não é um auxiliar – e por isso a alternativa (d)
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está incorreta). A forma “camisas e suéteres recém-passados” é objeto direto desse verbo (e,
com isso, a alternativa (c) está incorreta. Por fim, no contexto em que ocorre, essa forma verbal
denota existência (o “haver existencial”, que sempre é impessoal) – e por isso a alternativa (e)
está incorreta.
Letra a.

026. (INÉDITA/2021) No trecho “Havia comprado todos os móveis de uma confeitaria”, o su-
jeito da perífrase “Havia comprado”:
a) está elíptico e concorda com um referente na primeira pessoa do singular.
b) está elíptico e concorda com um referente na terceira pessoa do singular.
c) é inexistente.
d) é explícito.
e) está posposto.

A forma “havia” está flexionada na terceira pessoa do singular e tem como referente “o sr. Gen-
tile” (b). A reescrita com o sujeito explícito seria algo como: “Ele/O sr. Gentile havia comprado
todos os móveis”. Com essa classificação, as demais alternativas torman-se inválidas ((a), (c),
(d) e (e)).
Letra b.

Legislativo já debate o fim da estabilidade


É imprescindível a modernização administrativa do Estado na sequência da reforma da
Previdência. Governo, Câmara e Senado se mobilizam na preparação de projetos, aparente-
mente convergentes, sobre reestruturação de cargos, redução do número de funções de con-
fiança, adoção de critérios de mérito nas carreiras e, também, revisão da estabilidade no em-
prego público.
Na semana passada, a Comissão de Assuntos Sociais remeteu ao plenário do Senado,
para decisão urgente, um projeto de lei complementar instituindo a avaliação periódica e obri-
gatória de desempenho para os servidores nos três Poderes.
Depois de três décadas, pretende-se regulamentar um artigo (n. 41) da Constituição. Ele
estabelece como condição obrigatória a avaliação de mérito no desempenho de servidores,
para admissão ou demissão.
Pelas projeções oficiais, no ano que vem o país deverá somar quase 12 milhões de funcio-
nários nas administrações federal, estadual e municipal — essa conta não inclui os emprega-
dos de empresas públicas e autarquias. Hoje são 6,7 milhões nas prefeituras, 3,7 milhões nos
governos estaduais e 1,2 milhão na União.
A expansão do emprego público nas últimas três décadas foi mais acentuada nos municí-
pios, por efeito da concentração de serviços de educação e saúde nas prefeituras, áreas que
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absorvem 40% da folha salarial. No conjunto, o setor público remunera seus empregados em
média 50% acima do setor privado. Não há, porém, qualquer garantia de contrapartida ao con-
tribuinte em padrão mínimo de qualidade e eficiência nos serviços (caros) que são prestados.
A maioria dos estados e municípios está em virtual falência, com excesso de pessoal ativo
em áreas intermediárias da burocracia. Os gastos com pessoal extrapolam todos os limites
legais e consomem recursos que deveriam ser destinados às atividades essenciais, como saú-
de, educação e segurança. O lobby das corporações do funcionalismo, no entanto, construiu
uma muralha jurídica que impede demissões até por inoperância no setor público.
Assim, servidores concursados, com estabilidade garantida após três anos, só perdem o
cargo mediante infindável processo administrativo ou por sentença judicial transitada em jul-
gado. A Constituição prevê ainda outra possibilidade, a da avaliação de mérito, mas até hoje
isso não foi regulamentado.
A premissa corporativa de que é inequívoca a alta qualificação do serviço público sim-
plesmente não corresponde aos fatos. Não há aferição e reconhecimento de mérito na car-
reira, por isso não se distingue o funcionário de desempenho sofrível, que custa em dobro ao
contribuinte.
É preciso cumprir a Constituição, que impõe parâmetros de produtividade e qualidade ao
funcionalismo. O Senado abriu o debate e deveria avançar, celeremente, em outros aspectos
dessa modernização, fundamental ao Estado brasileiro.
(Editorial. O Globo. 22 jul. 2019)

027. (INÉDITA/2021) Na oração “Depois de três décadas, precisa-se urgentemente de uma


regulamentação do artigo 41 da Constituição.”, o vocábulo “-se” pode ser classificado como
a) conjunção subordinativa.
b) partícula expletiva.
c) parte integrante do verbo.
d) índice de indeterminação do sujeito.
e) partícula apassivadora.

Na oração em que ocorre, o “se” é índice de indeterminação do sujeito (d). Note que verbo não
possui sujeito sintático (o “de uma regulamentação” não pode ser sujeito, pois está preposicio-
nado) e a interpretação é de indeterminação (não há referente a ser retomado). Sendo um índi-
ce de indeterminação do sujeito, as demais alternativas se tornam inválidas ((a), (b), (c), e (e)).
Letra d.

028. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa incorreta em relação à concordância verbal.


a) Não existem quaisquer garantias de contrapartida ao contribuinte em padrão mínimo de
qualidade e eficiência nos serviços que são prestados.
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b) A maioria dos estados e municípios está em virtual falência.


c) A modernização administrativa do Estado e a implementação de políticas de gestão mais
efetivas é imprescindível.
d) É preciso cumprir as normas administrativas, que impõem parâmetros de produtividade e
qualidade ao funcionalismo.
e) Governo, Câmara e Senado mobilizam forças na preparação de projetos.

c) Errada. O erro está na concordância do predicado nominal “é imprescindível”, o qual deveria


estar no plural, tendo em vista o sujeito composto “[A modernização administrativa do Estado]1
e [a implementação de políticas de gestão mais efetivas]2”: A modernização administrativa do
Estado e a implementação de políticas de gestão mais efetivas são imprescindíveis.
a, b, c, e) Certas. Nas demais alternativas, a concordância está adequada.
Letra c.

029. (INÉDITA/2021) Em relação aos usos da vírgula, assinale a alternativa em que tal sinal de
pontuação tenha sido usado para separar termos coordenados.
a) “Depois de três décadas, pretende-se regulamentar um artigo (n. 41) da Constituição.”
b) “Governo, Câmara e Senado se mobilizam na preparação de projetos […]”
c) “[…] por isso não se distingue o funcionário de desempenho sofrível, que custa em dobro ao
contribuinte.”
d) “O lobby das corporações do funcionalismo, no entanto, construiu uma muralha jurídica que
impede demissões até por inoperância no setor público.”
e) É preciso cumprir a Constituição, que impõe parâmetros de produtividade e qualidade ao
funcionalismo.

b) Certa. Temos a vírgula sendo empregada para separar termos (nominais) coordenados: [Go-
verno]1, [Câmara]2 e [Senado]3. Nas outras alternativas, a vírgula está sendo empregada para:
a) separar adjunto de grande extensão deslocado;
c) separar oração subordinada adjetiva explicativa;
d) isolar expressão intercalada (o conector coesivo “no entanto”);
e) separar oração subordinada adjetiva explicativa.
Letra b.

030. (INÉDITA/2021) Em “Na semana passada, a Comissão de Assuntos Sociais remeteu ao


plenário do Senado, para decisão urgente, um projeto de lei complementar […]”, ocorre voz ati-
va. Passando-se a oração para a voz passiva, tem-se
a) remeteu-se um projeto de lei complementar ao plenário do Senado na semana passada.
b) na semana passada, um projeto de lei complementar foi remetido pelo plenário do Senado.
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c) na semana passada, um projeto de lei complementar fora remetido pela Comissão de As-
suntos sociais ao plenário do Senado.
d) um projeto de lei complementar remetera-se na semana passada ao plenário do Senado.
e) remeteu-se um projeto de lei complementar pela Comissão de Assuntos Sociais ao plenário
do Senado na semana passada.

a) Certa. Temos uma passiva sintética (e o “se” é partícula apassivadora). O sujeito sintático
é “um projeto de lei complementar”, o objeto indireto é “ao plenário” e “na semana passada” é
adjunto adverbial.
Nas demais alternativas, temos estas inadequações:
b) o agente da passiva é formado pelo objeto indireto da ativa.
c, d) o tempo verbal é diferente do tempo da ativa (foi>fora) – e esse mesmo erro está presente
em (d) (remeteu>remetera).
e) há a reintegração do agente da passiva em uma passiva sintética, o que é impossível.
Letra a.
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GABARITO
1. c
2. c
3. d
4. e
5. a
6. a
7. b
8. c
9. d
10. a
11. e
12. c
13. b
14. b
15. c
16. d
17. e
18. a
19. e
20. d
21. c
22. e
23. b
24. e
25. a
26. b
27. d
28. c
29. b
30. a
Bruno Pilastre
Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas de Língua Portuguesa
(Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva). Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia
Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online,
atua na área de desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq: http://
lattes.cnpq.br/1396654209681297).

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