Unidade 1, Cap 2
Unidade 1, Cap 2
Unidade 1, Cap 2
APRESENTAÇÃO
O Direito do Consumidor, no título que nomeou como a Defesa do Consumidor em Juízo, tratou
de disciplinar os aspectos da ação coletiva, definindo sobre direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos, tratou também da legitimidade para ajuizar as ações coletivas.
Bons estudos.
DESAFIO
Em cada uma das situações, temos um exemplo de direito coletivo em sentido amplo.
Considerando a classificação do Código de Defesa do Consumidor para tais direitos, determine
seu enquadramento justificando a escolha com fundamento legal.
INFOGRÁFICO
CONTEÚDO DO LIVRO
Boa Leitura.
DIREITO DO
CONSUMIDOR
Gustavo
Santanna
DEFESA DO
CONSUMIDOR
EM JUÍZO
INTRODUÇÃO
No que tange à defesa coletiva, o parágrafo único do artigo 81 dispõe que esta
será exercida quando se tratar de interesses ou direitos difusos, interesses ou
direitos coletivos e interesses ou direitos individuais homogêneos. Confere-
se que, por se tratar de direitos que abrangem um determinado número de
indivíduos, sua tutela judicial dar-se-á através de ações coletivas.
Ademais, em que pese o Código traga brevemente o modo como devem ser
compreendidos tais interesses ou direitos apresentados e, por consequência,
4
sua defesa em juízo, se entende necessário aprofundar os presentes
conceitos.
FIQUE
ATENTO
AS AÇÕES COLETIVAS
5
caso específico do direito difuso, o titular é a coletividade, representada
por sujeitos indeterminados e indetermináveis. São direitos que não têm
por titular uma só pessoa nem mesmo um grupo bem determinado de
pessoas, concernindo a todo o grupo social, a toda coletividade, ou mesmo
à parcela significativa dela. (NEVES, 2013, p. 367)
Por fim, o último elemento apontado pelo dispositivo legal é conexão de todos
os indivíduos que compõem a coletividade através de uma situação de fato.
Ressalta-se que este elemento trata sobre a realidade fática, e não jurídica,
referindo-se aos indivíduos que residem em uma mesma localidade, pessoas
expostas aos mesmos riscos.
6
Outro exemplo interessante trazido pela doutrina é a colocação de produtos
com alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança dos
consumidores no mercado. Nos mesmos moldes do exemplo anterior,
esta será uma circunstância de fato que reunirá os consumidores em uma
coletividade afrontada pela conduta do fornecedor. (CAVALIERI FILHO, 2014,
p. 400).
7
da parte contrária e o grupo, categoria ou classe de pessoas. No primeiro
momento, a relação se dá em virtude da vontade das partes, da aproximação
em decorrência dos objetivos em comum. Porquanto, no segundo momento
a relação ocorre em resposta de determinada lesão de direitos (CAVALIERI
FILHO, 2014, p. 401).
8
confere-se a possibilidade de que, em que pese, apresente fatos distintos,
determinado grupo de indivíduos possa postular por um direito com base em
um mesmo fundamento jurídico, afirmando-se, do mesmo modo, que tais
direitos individuais decorrem de uma origem comum (ARE nº 675.945 AgR,
Relator Ministro Dias Toffoli, julgado em 19/02/2013).
9
exercitar seu direito de ação de forma autônoma (PASQUALOTTO, 2011, p.
616).
FIQUE
ATENTO
Entretanto, no que tange aos direitos coletivos, cujos titulares são sujeitos
indeterminados, mas determináveis, parte da doutrina compreende que o
Ministério Público atuará somente nas ações coletivas que, de alguma forma,,
estejam amparadas em relevante interesse público ou social (NEVES, 2013, p. 388).
10
Ademais, em que pese não ser expressa a previsão constitucional acerca
da atuação do Ministério Público para proteção dos direitos individuais
homogêneos, o Código de Defesa do Consumidor prevê esta possibilidade,
assim como a Lei Orgânica do Ministério Público, no artigo 25, inciso IV, alínea
a. Não obstante a viabilidade, assim como na defesa dos direitos coletivos,
a legitimidade do Ministério Público, na atuação para proteção dos direitos
individuais homogêneos também dependerá da existência de relevante
interesse público ou social.
O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Além dos entes federados, são legitimados para propor ações coletivas
os Órgãos da Administração Pública, tanto direta como indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, desde que especificamente destinados à defesa
dos interesses e direitos dos consumidores. Essa destinação específica
deverá ser atribuída por lei, assim como deverá haver correlação entre os
interesses ou direitos coletivos em discussão e os fins institucionais do órgão
administrativo ou entidade (CAVALIERI FILHO, 2014, p. 408).
11
O PROCON – Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor – é um
exemplo de órgão da Administração Pública legitimado para a defesa dos
interesses e direitos do consumidor em juízo, como já reconheceu o Superior
Tribunal de Justiça no Recurso Especial nº 200.827/SP, de relatoria do Ministro
Carlos Alberto Menezes Direito.
São exemplos a Associação das Vítimas do Palace II, das Vítimas de Amianto,
das Vítimas do Cofre do Banco do Brasil, das Vítimas do Acidente Aéreo da Air
France, entre outras.
12
curadoria especial (NEVES, 2013, p. 399). Nos casos mencionados, a condição
econômica do sujeito tutelado pela Defensoria Pública é irrelevante, pois
são outras as razões que determinam a participação do órgão no processo.
Confere-se que a legitimidade ativa da Defensoria Pública dissociada da
hipossuficiência econômica seria possível, em razão de suas funções atípicas
(DIDIER JUNIOR, ZANETI JUNIOR, 2013, p. 224).
13
A COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS
O efeito produzido pela coisa julgada tem por fundamento o próprio direito
protegido, qual seja, indivisível e transindividual. Não seria razoável que
14
determinado provimento judicial não beneficiasse a todos os consumidores
que tenham sido ou venham a ser lesados, em qualquer parte do país, sob
pena de lesão ao requisito da indivisibilidade do direito difuso (CAVALIERI
FILHO, 2014, p. 414).
Como se vê, a coisa julgada aqui é ultra partes, e não erga omnes, como
no regime anterior. No caso de interesses difusos, a coisa julgada se
estende a todos da coletividade, sem exceção, porque estão ligados por
circunstâncias de fato. Em se tratando de interesses coletivos, cujos
titulares estão ligados por uma relação jurídica-base, os efeitos da
sentença estão limitados aos membros do grupo, categoria ou classe.
[...]. O Código de Defesa do Consumidor adotou a expressão ultra partes
exatamente para caracterizar que o interesse defendido na ação coletiva é
restrito ao grupo, não se confundido com o interesse difuso que se espalha
por toda a coletividade (CAVALIERI FILHO, 2014, p. 415).
15
AS FORMAS DE EFETIVAÇÃO DE TUTELA NAS AÇÕES
COLETIVAS
16
FIQUE
ATENTO
17
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública. 7.ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 9.ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014.
18
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
A dica do professor irá abordar resumidamente os principais conceitos sobre ação coletiva bem
como os direitos tutelados por ela.
EXERCÍCIOS
2) Na ação em defesa dos direitos dos consumidores que tenha por objeto o
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático
equivalente ao do adimplemento. Considerando o artigo 84 do CDC.
A) A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o
autor ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente, sendo que a indenização por perdas e danos não será cumulativa com a
multa.
C) A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o
autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente, sendo que a indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa.
E) Dependendo do pedido do autor, o juiz poderá na sentença, impor multa diária ao réu, se
for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito, sendo-lhe vedada a imposição da multa diária na concessão de liminar.
3) Sobre as ações coletivas para a defesa dos interesses previstos no parágrafo único do
artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor, pode-se afirmar que:
A) A imposição de multa diária pelo juiz no curso da ação não depende de pedido do autor da
ação.
E) O Ministério Público, se não ajuizar a ação, não poderá atuar como fiscal da lei.
A) Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio, ação civil coletiva
de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos, mas não no interesse das
vítimas ou seus sucessores.
5) Sobre as ações coletivas que postulem direitos dos consumidores, pode-se afirmar
que:
D) As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, induzem
litispendência para as ações individuais.
E) A execução coletiva será feita com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual
deverá constar a ocorrência.
NA PRÁTICA
Sobre legitimidade de agir em defesa dos direitos do consumidor o CDC através do artigo 82
determina:
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
III - as entidades e os órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e dos direitos
protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e dos direitos protegidos por este código, dispensada a
autorização assemblear.
Para exemplificarmos, traremos um modelo de ação coletiva ajuizado pelo Ministério Público
através da Promotoria Especializada de Defesa do Consumidor busca da defesa dos
consumidores.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor: