Caso Clínico DA - Aula
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INTRODUÇÃO
Quadro 1. Alguns dos nutrientes que têm sido associados à prevenção e manejo das demências.
Ácidos graxos do tipo n-3 A composição das membranas dos neurônios, quando
elevada em n-3, aumenta sua fluidez, facilitando as
sinapses e consequentemente a neuroplasticidade. Além
disso os n-3 são capazes de atuar no metabolismo
energético das células neuronais, estimulando a expressão
de neurotrofinas, como por exemplo, o brain derived
neurotrophic fator (BDNF), e também o insulin-like
growth fator 1 (IGF-1).
Vitaminas e minerais antioxidantes Estudos têm identificado uma alta concentração de
espécies oxidadas no cérebro de pacientes com DA.
Portanto, hipotetiza-se que antioxidantes possam auxiliar
na desaceleração da evolução da doença. Os antioxidantes
são capazes de minimizar as consequências de um estado
inflamatório crônico, o que inclui, portanto
a
neuroinflamação.
Ácido fólico, vitamina B6 e Esse conjunto de vitaminas tem participação no chamado
vitamina B12 “metabolismo de um carbono”. Essa via metabólica
permite a formação de precursores de neurotransmissores,
fosfolípidos e mielina. Um outro intermediário importante
nessa via é a homocisteína. A redução dessas três
vitaminas permite a maior produção de Hys, que tem
ações neurotóxicas.
ESTUDO DE CASO
O paciente, por relato da cuidadora, sempre foi magro, porém desde o diagnóstico de DA
perdeu 12 Kg.
Dados antropométricos
Avaliação do estado nutricional
● Peso Atual: 52 kg
PA
● Estatura: 171 cm
● Circunferência de Cintura: 87 cm
● Circunferência da Panturrilha: 28 cm
DADOS DIETÉTICOS
Condições gerais do sistema digestório e apetite
O paciente apresenta prótese dentária mal ajustada e dificuldade de mastigação. Não sente
dor ao engolir, não há queixa de pirose ou gastrite.
PA
Dados sobre a alimentação
Paciente não aceita alimentos duros, pouco cozidos ou fibrosos como carnes e verduras.
Tem preferência por purês de frutas e legumes, sopas batidas ou alimentos amassados de
fácil ingestão.
Frequentemente recusa refeições ficando até 12 horas sem alimentar-se. Possui grande
dificuldade em ingerir líquidos, principalmente água.
Dieta Habitual
A dieta habitual foi relatada por meio de um recordatório alimentar de 24h (Quadro 2), e
por um questionário de frequência alimentar (Quadro 3).
Quadro 2- Recordatório alimentar de 24h do paciente.
Refeição/ Preparações/Alimentos Utensílios/Medidas Quantidade
Horário Usuais (g
ou mL)
Café da Leite semidesnatado 1 copo grande 2
manhã 4
0
9h30 Café de infusão 1 xícara 6
0
Adoçante a base de aspartame 1 envelope 1
Bisnaguinhas 2 unidades 3
0
Requeijão 1 colher de sobremesa 12
Almoço Sopa de legumes 1 prato cheio 300
13h30 Suco de limão 1 copo 200
Lanche da Banana 1 unidade 45
Tarde
17h00
Jant Purê de 3 colheres (sopa) 1
5
ar batata 1 unidade
0
20h Salsicha 1 copo grande
4
00 Suco de uva industrializado 0
2
4
0
Ceia Copo de leite 1 copo grande 240
21h30 Biscoito tipo água e sal 3 unidades 24
Quadro 4- Avaliação da dieta habitual da paciente segundo as porções dos grupos do Guia
Alimentar da População Brasileira (Brasil, 2006).
Recomendação diária
Grupos de Alimentos Consumo diário de de porções
porções
Legumes e verduras 2 3
Frutas 2 3
Feijão 0- 1
1
Leite, queijo, iogurte 2 3
Carnes e ovos 1- 1
2
Açúcares e doces 1- 1
2
Óleos e gorduras 2 1
Folato 40
340
0
Vitamina B1 (mg) 0,53 1,2
PERGUNTAS
Diagnóstico:
1. Paciente desnutrido devido à baixa ingestão alimentar e progressão da doença de
Alzheimer evidenciado pela avaliação antropométrica e dados dietéticos.
2. Baixo peso devido a perda de peso involuntária, conforme evidenciado pelo IMC e
relato dos cuidadores.
3. ingestão de líquidos subótima devido a dificuldade de ingerir, conforme evidenciado
pelo relato da principal cuidadora.
2) Qual seria a sua conduta dietoterápica para esse paciente? (Indique as alterações
necessárias na alimentação do paciente e o motivo dessas alterações)
Para o paciente em questão seria ideal a oferta de dieta hipercalórica a fim de controlar a
perda de peso, realizando a adequação dos micronutrientes da dieta a fim de retardar a
evolução da doença de Alzheimer, aumentando o consumo de frutas e verduras, fáceis para o
paciente deglutir. Consequentemente a porcentagem de fibras ingeridas aumentaria, fazendo
com que o intestino se movimente, evitando a atrofia do mesmo. Alimentos fonte de vitamina
B6 e B12 são ideais, como carnes (na forma de carne moída ou bem cozida para facilitar o
processo de mastigação), ovos, vegetais verdes escuros (como couve picada e refogada,
pedaços pequenos de brócolis bem cozidos) e frutas cítricas, as quais possuem alto teor de
água além de auxiliarem na absorção de ferro dietético. Também se faz necessário a inclusão
de alimentos fonte de compostos antioxidantes, os quais têm a capacidade de diminuir a
oxidação da camada lipídica que reveste os neurônios, chamada de bainha de mielina,
responsável pela transmissão de impulsos nervosos. Com as mudanças de hábitos
alimentares e promovendo maior conforto e segurança possível nas refeições, o paciente
tende a ter uma progressão mais lenta da doença e evitando essa perda de peso exacerbada
que o paciente se encontra.