O documento descreve a biografia e carreira do professor Genésio de Almeida Moura, incluindo seus principais cargos e realizações. O texto também detalha as homenagens prestadas após sua morte pela Faculdade de Direito e pelo Tribunal de Contas.
O documento descreve a biografia e carreira do professor Genésio de Almeida Moura, incluindo seus principais cargos e realizações. O texto também detalha as homenagens prestadas após sua morte pela Faculdade de Direito e pelo Tribunal de Contas.
O documento descreve a biografia e carreira do professor Genésio de Almeida Moura, incluindo seus principais cargos e realizações. O texto também detalha as homenagens prestadas após sua morte pela Faculdade de Direito e pelo Tribunal de Contas.
O documento descreve a biografia e carreira do professor Genésio de Almeida Moura, incluindo seus principais cargos e realizações. O texto também detalha as homenagens prestadas após sua morte pela Faculdade de Direito e pelo Tribunal de Contas.
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GENÉSIO DE ALMEIDA MOURA
IN MEMORIAM
Genésio de Almeida Moura
Faleceu no día 12 de julho do corrente ano o Ministro
Genésio de Almeida Moura, professor desta Faculdade, e m Peruibe distrito de Itanhaem, comarca de Santos, para onde se dirigirá a fim de passar as ferias e m u m chalé de sua propriedade, vítima de u m enfarto do miocardio.
Dados biobibliográficos
Nasceu em Botucatú, Estado de Sao Paulo, a 30 de
abril de 1899, como filho legítimo de Joáo Tomás de Al- meida e D. María Virginia de Moura Almeida ora falecidos. Casou-se e m Sao Paulo a 3 de abril de 1926 com D. Sarah Araujo de Almeida Moura. O casal teve dois filhos: Dr. Roberto Araujo de Almeida Moura, médico, casado com D. Alba Helena Troppmair de Almeida Moura e Dr. Fernando Araujo de Almeida Moura, advogado, casado com D. Neyde Fiori de Almeida Moura. Era portador das medalhas Rio Branco e Rui Barbosa e também da "Croix de Comman- deur", ofertada pela República Francesa (Oeuvre Humani- taire). Fez Curso primario na antiga Nova Escola Alema de Campiñas (1907-1912), formou-se pela Escola Normal (hoje Instituto Caetano de Campos) da Capital e m 1914-1923. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Sao Paulo e m 1923 onde ingressou, após ter concluido exames par- celados no Ginásio do Estado da Capital. Do.utourou-se pela m e s m a Faculdade e m virtude de aprovagáo e m con- curso e m 1940, tendo feito o Curso de Doutorado dessa Faculdade na Secgáo de Direito Público e m 1933 e 1934. Iniciou a carreira no magisterio primario chegando a Diretor de Grupo Escolar no período de 1919-1923. Vol- — 182 —
tou depois ao mesmo em 1930 como Assistente Técnico do
Diretor Geral do Ensino. Foi catedrático de Lingua Alema do antigo Colegio Universitario em 1934-1947, professor e depois Diretor do Colegio Visconde de Porto Seguro (1924- 1947), membro do Conselho Universitario como represen- tante dos Livres Docentes em 1946. Secretario de Estado e m 1947 ocupou a pasta do Govérno, e, interinamente a do Trabalho e a da Viagáo. Advogou na Capital de 1924 a 1947. Livre Docente de Direito Constitucional da Facul- dade de Direito e m 1940 habilitou-se em concurso para a mesma Cadeira e m 1942. Foi Professor de Direito Cons- titucional da Faculdade de Direito da Universidade Mac- kenzie e m 1954 e Regeu a cadeira de Direito Constitucional da Faculdade de Direito de Sao Paulo, cuja cátedra ocupou interinamente por longos períodos, vindo a f alecer no exer- cício da mesma. Regeu a cadeira de Teoría Geral do Es- tado e m 1949 e 1950, tendo participado de mesas examina- doras e de outras atividades escolares da Faculdade. Foi reconduzido á Livre Docencia, por dez anos ení 1950. Mi- nistro do Tribunal de Contas do Estado em 1947, cuja pre- sidencia ocupou de outubro de 1952 a dezembro de 1954, foi autor da lei estrutural e do respectivo regulamento, pe- los quais se rege essa entidade. Entre numerosos trabalhos, publicados pela imprensa, da Capital e do Interior, publicou estudos especializados de Filología e de Direito, estes na "Revista da Faculdade", e especialmente: "A representagáo profissional" (1937); "A representacáo proporcional e a Carta de 10 de novembro de 1937" (1939); "O fascismo italiano e o Estado Novo brasileiro" (1940); "A nova territorialidade no Direito In- ternacional Público e Privado" (tradugáo de conferencias, feitas na Faculdade, pelo Prof. Dr. Ernest Isay, 1943); "Anteprojeto de Reforma da Constituicáo do Estado de Sao Paulo" (1951); "Aforismos para a sabedoria da vida" (Tradugáo de Schopenhauer, com estudo introdulório, 1953). Em preparacáo "Curso de Direito Constitucional", "Ple- nitude" (Tradugáo de A m a d o Ñervo, espanhol para o por- — 183 —
tugues); "Ifigénia em Taurida" (Tradugáo de pega teatral
de Goethe, do alemáo para o portugués)".
Homenagens postumas
Foi alvo de inúmeras homenagens postumas. Seu fa-
lecimento constou com voto de pesar, das atas de quase todas as entidades públicas e de muitas das particulares, tanto do Estado de Sao Paulo como dos diversos Estados do Brasil. D e todas as homenagens postumas que recebeu, salien- tam-se aquelas prestadas pela Faculdade de Direito e pelo Tribunal de Contas, duas Casas que em vida, o extinto amava com toda a sua fórga e dedicagáo. A Faculdade recebeu o Prof. Genésio logo após a sua morte, onde ficou e m cámara ardente até a hora do sepul- tamento. Nessa ocasiáo proferiram comoventes palavras o Prof. Miguel Reale e o Orador do Centro Académico XI de Agosto.
Oragáo do professor Miguel Reale
"Genésio, meu mestre, meu amigo
Quiz o inescrutável designio da Providencia que m e coubesse a triste missáo de interpretar os sentimentos des- ta Casa, da tua querida Academia, neste instante e m que a vais deixar, na materialidade inerte dos despojos cor- póreos, para aquí permanecer a chama viva de teu espirito. Companheiro de fugazes momentos de alegría e de éxito, bem como de ásperas e longas jornadas de afligóes e de amarguras; vivendo intensamente a dor propria, e a dos parentes, e a dos amigos, e a de todos os homens de — 184 —
inteligencia e de coragáo da térra paulista, que poderia
eu dizer que já se nao estampasse ñas lágrimas que brotam de meus olhos? " N e m bem nascemos e já estamos bastante velhos para a morte". Foi esta advertencia medieval sombría, mas densa de estranho significado, que m e acorreu á mente perturbada pela noticia brutal de tua perda. E m verdade, ainda há poucos dias, encantava-nos a tua inteligencia penetrante, e era u m privilegio sentir- mo-nos envolvidos pela luz serena e quente de tua amizade, e já agora a tua personalidade se converte e m urna lem- branga querida, como se ela se distribuisse entre todos os que te amaram. Ainda ontem orgulhavamo-nos de tua presenga atuante nesta Faculdade, engrandecendo e dignificando a sua Con- gregagáo de professóres, com o vigor de tua cultura hu- manística, com a solidez de teu saber de jurista e com a experiencia de h o m e m afeito aos altos negocios do Estado, e já agora nos vemos privados de tanta riqueza d'alma! Ao contemplar-te, no entanto, espelhada no rosto sereno da morte a serenidade de urna grande e bela vida com- preendemos todos que foi a nos, aos parentes e aos amigos que te choram, que foi a nos apenas que a morte nos colheu de surpresa; nao a ti, que soubeste sempre viver em perene preparagáo para receber, a qualquer instante, a revelagáo definitiva e suprema do ser. Bemaventurados aqueles, diante de cujo corpo inani- mado, sentimos o incoercível dever de proclamar-lhes a grandeza da vida! E a tua, Genésio, foi urna existencia toda feita de dedicagóes renovadas, conhecedor que eras da fórga espiritual que se resume e m tudo dar como forma crista de receber. Deste tudo o que possuias, com u m sorriso confiante e bom nos labios. Sabem-no os teus alunos, desde os ado- lescentes do Colegio Visconde de Porto Seguro, até ás su- — 185 —
cessivas geragóes académicas das Arcadas, presas ás ligóes
sabias do mestre e cativados pelo encantamento de tua personalidade aliciante. Foste, e m toda a tua existencia fecunda, u m educador e u m guia, pertencendo áquela familia rara de professóres que ensinam pela expontaneidade do exemplo, despertan- do a autoconsciéncia dos valores próprios como condigáo primeira do aperfeigoamento humano. Professor de Direito, tinhas a limpidez dos conceitos e a precisáo das idéias, virtudes amadurecidas na medita- cao dos livros e no convivio cordial dos nomens. Teu saber de jurista foi fruto de urna disciplina rigorosa e metódica, sem a precipitagáo dos fatuos, mas antes obedi- ente aos valores da tradigáo, e á crenca na continuidade orgánica das criagóes espirituais. O que mais m e encan- fava e m tua formagáo de jurisconsulto era o senso da me- dida e de equilibrio, a fina percepgáo das realidades so- ciais, a aguda compreensáo dos problemas brasileiros, sempre com u m toque vivo de universalidade. Juiz, nao houve processo que te parecesse insignifi- cante, interésse que fósse descurado. Nao se aponta quem tenha clamado por justiga, sem ter merecido a tua aten- gáo. E quando urna causa te parecía justa, como te rebe- lavas, como te agigantavas, como sabias multiplicar as tuas fórgas, transformando a missáo do Juís e m u m apostolado de amor e de coragem! H o m e m público, soubeste dar relevo a todos os teus atos, sem te deixares mover por interésses imediatistas, sempre zelando pela dignidade do Poder, para cujo pres- tigio, todavía, jamáis olvidaste as reservas moráis da com- preensáo e da benignidade. Amigo, conhecias os segredos que entreabren! os coragóes. Urna palavra, u m gesto, urna lágrima ou u m sorriso, segundo a coloragáo festiva ou amarga das horas, sabias transmitir sempre algo de apropriado e de oportuno, tangido pela tua vocagáo natural de achegar-te aos seres
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humanos, de irmanar-te aos que te eram caros. B e m pou-
cos homens teráo sabido viver a amizade assim, como forma de incessante participagáo. Apaixonado das coisas da Filosofía, fundador que foste do Instituto que tanto amaste, aprendeste com o teu* Schopenhauer, que se a Filosofía nao nos dá nada, ao m e - nos nos livra de muita coisa. Do supérfluo e da vaidade,. do odio e da tibieza te livraste, para seres aos, nossos olhos, nao só u m grande jurista, nao só u m admirável professor, nao só u m juiz impoluto, nao só u m administrador fecun- do, nao só u m pai amantíssimo, nao só u m amigo de todas as horas, mas, com tudo isto e ácima de tudo isto,, u m homem, u m h o m e m na plenitude e na inteireza reali- zadora de tuas virtudes, cuja luz se espalha por esta Casa,, que tua será para todo o sempre.
Outras homenagens
Foi prestada ao extinto urna sessáo solene em sua ho-
menagem, no día 22 de agosto, quando falaram o Prof„ José Soares de Mello, o Orador oficial do Centro XI de Agosto, o Sr. Ministro Vicente de Paula Lima, em n o m e do Tribunal de Contas e e m agradecimento, o Prof. Pedro de Almeida Moura e m nome da familia. N a sessáo solene realizada em 14 de julho, em home- nagem ao Ministro Genésio, na qual falaram o Sr. Ministro Presidente José Romeu Ferraz, Ministro Antonio Feliciano da Silva, Ministro Orlando da Costa Meira e o Ministro Francisco Juruema, -vice presidente do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, foi, por proposta do Ministro Presi- dente José Romeu Ferraz e aprovada unánimemente por todos os seus pares, dado á sala de sessóes, o nome de "Sala Ministro Genésio de Almeida Moura", tendo sido co- locada na porta principal, a placa que estava na porta da sua sala, onde trabalhou até os últimos dias de sua vida.
Israel Andrade Dos Reis Valentim O PARAÍSO ESTÁ AQUI As Proposições Heréticas de Um Milenarista Português Nos Tempos Da Inquisição No Brasil Colonial XVII XVIII