Introdução A Pneumologia
Introdução A Pneumologia
Introdução A Pneumologia
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P R O F . P H I L I P P E C O L A R E S
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I N T R O D U ÇÃO À
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P N E U M O LO G I A
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PNEUMOLOGIA Prof. Philippe Colares|Introdução à Pneumologia 2
APRESENTAÇÃO
PROF. PHILIPPE
COLARES
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Olá, Estrategista, tudo bem?
Bem-vindo a mais um LIVRO DIGITAL da pneumologia.
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Como se pode imaginar, neste volume, abordaremos os
conceitos básicos da pneumologia, com revisão de anatomia,
fisiologia e histologia. Em seguida, talvez o ponto mais importante
deste livro, trataremos da semiologia do aparelho respiratório,
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da padronização do exame físico e dos principais achados, com
definição das síndromes respiratórias: um conjunto de sinais
e sintomas que denotam um diagnóstico. Após definirmos tais
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em pneumologia.
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Estratégia
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PNEUMOLOGIA Prof. Philippe Colares|Introdução à Pneumologia 3
Para quem ainda não me conhece, meu nome é Philippe aprovação na USP – Ribeirão Preto e, por fim, a aprovação no
Colares e nasci em uma cidade do interior de Minas Gerais, bem Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – São
ao norte, chamada Montes Claros. Por lá ainda moram meus Paulo, meu sonho desde criança.
maiores exemplos, minha mãe e minha avó, ambas professoras, Após concluir a Residência de pneumologia, fui convidado
e meu pai, médico, também pneumologista, que me ensinaram a permanecer como preceptor da especialidade e o convite
a paixão por essas duas profissões: a medicina e a educação. foi renovado após um ano. Desdobrava-me para dar conta da
Sempre sonhei em seguir seus passos, por isso busquei meus preceptoria e seguir minha especialização, com o Fellowship
objetivos com muita dedicação e hoje estou aqui com você. Mas, de Doenças Pulmonares Intersticiais e Doenças Pleurais. Tudo
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não pense que foi fácil! Para chegar até aqui precisei abdicar de isso em dois anos! Atualmente, sou assistente da disciplina de
vários momentos “felizes” da minha vida. Mas posso garantir que pneumologia do HC-FMUSP, nos grupos de Doenças Pleurais
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valeu a pena! e Doenças Intersticiais Pulmonares, e membro da Comissão de
Após me formar na Universidade Estadual de Montes Pleura, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Claros, a UNIMONTES, prestei prova para a Residência de Clínica (SBPT). Além disso, sou doutorando da especialidade, na USP-SP,
Médica pelo Processo Unificado de Minas Gerais (PSU-MG) e
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com previsão de término em 2022.
fui aprovado em primeiro lugar na Clínica Médica do Hospital E, para completar minha lista de sonhos, tive o prazer
Universitário da UNIMONTES. Mesmo tendo passado em outras de fazer parte do time do Estratégia MED e tornar-me professor
universidades de maior relevância pelo país, optei por permanecer da disciplina de pneumologia, junto com um grande amigo, que
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lá, com a oportunidade de ter meu pai como meu principal tutor, esse projeto me proporcionou, o Dr. Ricardo Siufi.
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dentro e fora da Residência, além da minha mãe, como minha Não foi fácil chegar até aqui, o caminho foi longo e
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guia na vida pessoal. Graças a esses momentos, tornei-me o tortuoso. Mas, valeu a pena todo suor e sacrifício realizado! Tenho
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médico e o ser humano que sou hoje! certeza de que você pode ter o mesmo sucesso que eu tive, ou
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Porém, era preciso buscar novos horizontes, já que, melhor, o sucesso que você deseja ter!
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para cursar a subespecialidade dos meus sonhos, teria que sair Sempre fui movido por desafios e metas! Foi assim e é
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da minha cidade natal. Então, mais uma vez, precisei tomar uma até hoje. Dedico-me, diariamente, tendo em mente uma frase
decisão difícil: com a coincidência de datas para o Processo que aprendi quando ainda estava no ensino médio: “Nunca
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Seletivo Unificado de Minas Gerais (PSU-MG) e as provas de São substitua o que você mais quer na vida, pelo que você mais quer
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em busca do meu sonho e prestei prova em São Paulo, sendo ou mesmo sobre a especialização médica.
aprovado em primeiro lugar na Residência de pneumologia Vamos em frente!
da FAMERP, primeiro lugar na Residência de pneumologia da Um grande abraço!
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), além de obter a Philippe Colares.
@philippecolares
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
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PNEUMOLOGIA Prof. Philippe Colares|Introdução à Pneumologia 4
Estatística: o que cai sobre introdução à pneumologia nas provas pelo Brasil
Como você pode perceber, em nosso banco de questões do SQMED, constam mais de 141 mil questões das mais diversas provas
do país. Dessas, quase 4.500 questões envolvem a pneumologia e cerca de 200 questões abrangem o tema deste livro (globalmente ou
parcialmente, com alternativas ou menção ao tema, nas provas de clínica médica, pediatria, cirurgia ou preventiva). Entretanto, a base
abordada neste livro vai auxiliá-lo na resolução de várias outras questões e na sua prática médica diária.
E, quando exploramos o tema, quais os principais tópicos cobrados?
Não podemos ir para a prova sem saber a semiologia respiratória, além dos principais aspectos para avaliação e análise de
exames de imagem e espirometria. Entre as manifestações respiratórias, a abordagem de tosse costuma ser tema presente em algumas
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provas, assim como a maior ênfase em cuidados paliativos.
Abordaremos tudo isso, e mais um pouco, nas próximas páginas. Não se esqueça de que, após a leitura, a principal forma de
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consolidar o conhecimento é treinando por meio da resolução de questões.
QUESTÕES
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Estratégia
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PNEUMOLOGIA Introdução à Pneumologia Estratégia
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SUMÁRIO
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2 .4 MEDIASTINO 15
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3 .1 MECÂNICA VENTILATÓRIA 17
INSPEÇÃO 31
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4 .2
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PALPAÇÃO 35
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4 .3
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PERCUSSÃO 36
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4 .4 AUSCULTA 37
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7.1.1 TÉCNICA 59
7.1.2 INTERPRETAÇÃO 60
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7 .2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) DE TÓRAX 62
7.2.1 TÉCNICA 62
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7 .3 ULTRASSONOGRAFIA (US) DE TÓRAX 63
8.0 TOSSE 63
8 .1 DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA 64
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8 .2 CLASSIFICAÇÃO 65
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8 .3 DIAGNÓSTICO 65
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8 .4
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TRATAMENTO 67
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9 .1 INTRODUÇÃO/DEFINIÇÃO 70
9 .2 OBJETIVOS 71
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9 .3 COMUNICAÇÃO 72
9.4.1 DISPNEIA 72
9.4.2 CAQUEXIA 73
9.4.3 HEMOPTISE 73
9.4.4 TOSSE 73
9.4.5 BRONCORREIA 73
9.4.6 DOR 74
9 .5 OUTROS CONCEITOS 74
10 LISTA DE QUESTÕES 78
11.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79
12.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 80
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CAPÍTULO
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CAPÍTULO
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2.0 ANATOMIA
Neste capítulo, abordaremos as principais partes anatômicas do tórax, sobretudo as que possuem relevância para o entendimento das
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alterações patológicas. Podemos dividir o estudo anatômico do tórax em quatro compartimentos: pleura ou cavidade pleural; pulmões ou
parênquima pulmonar; vias aéreas; e mediastino.
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2. 1 PLEURA/CAVIDADE PLEURAL
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Pleura visceral: sistema de baixa pressão (vasos pulmonares). Pouca ou nenhuma contribuição para formação e
reabsorção do líquido pleural.
Pleura parietal: sistema de alta pressão (vasos sistêmicos) e com presença de estomas. Responsável por quase toda
produção e reabsorção de líquido pleural.
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2. 2 PULMÕES / PARÊNQUIMA PULMONAR
ATENÇÃO, ESTRATEGISTA! Note que a língula não é considerada um lobo pulmonar: ela faz parte do lobo
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superior esquerdo!
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Ao final de uma respiração
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pulmonar). Se pudéssemos
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A parede do alvéolo é composta por dois tipos de células especializadas: os pneumócitos tipo I e tipo II.
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O surfactante pulmonar é uma substância tensoativa produzida pelos pneumócitos tipo II, com o objetivo
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de reduzir a tensão superficial dentro do alvéolo pulmonar, prevenindo o colapso durante a expiração, além
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retorna ao coração por meio das veias
interlobulares e intersegmentares, que
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originam as veias pulmonares direita e
esquerda.
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O hilo pulmonar consiste na abertura medial do pulmão. É composto pelas estruturas que entram e saem do pulmão:
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artéria pulmonar, brônquio principal, veias pulmonares superior e inferior, artéria e veia brônquica, vasos linfáticos e
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plexos nervosos.
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O suprimento sanguíneo para o tecido pulmonar, por sua vez, é mantido pelas artérias brônquicas, ramos diretos da aorta, enquanto
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a drenagem venosa é realizada pelas veias brônquicas que drenam para as veias ázigos e pulmonares (sangue venoso que retorna para as
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2. 3 VIAS AÉREAS E SEGMENTAÇÃO BRÔNQUICA
As vias aéreas são responsáveis pelo transporte de ar até os pulmões, além de participarem do sistema de fonação e percepção
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olfatória. Podem ser divididas, anatomicamente, em vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores.
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semelhante ao direito.
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ATENÇÃO, ESTRATEGISTA! Por ser mais
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As paredes dos bronquíolos não possuem suporte cartilaginoso, sendo compostas por um vasto sistema de
fibras elásticas, que evita o colapso na expiração. Em algumas doenças, como a DPOC ou bronquiolites, pode
haver enfraquecimento ou constrição externa dessa porção, resultando em aprisionamento aéreo durante
a expiração.
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Via aérea de condução
Ácinos pulmonares
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Zona respiratória
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2. 4 MEDIASTINO
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A cavidade mediastinal, ou apenas mediastino, compreende incluem o timo, linfonodos intratorácicos, ducto torácico, nervo
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o espaço entre os pulmões que se estende do esterno, anteriormente, vago e plexo nervoso autonômico.
até a coluna vertebral, posteriormente. O limite superior é definido Anatomicamente, pode ser dividido em superior e inferior
pela fúrcula esternal e, inferiormente, pelo diafragma. Abrange ou em mediastino anterior, médio e posterior, com relevância para
todas as estruturas intratorácicas, exceto pulmões e pleuras, e localização de estruturas e lesões mediastinais.
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Mediastino superior: delimitado pelo manúbrio esternal e, posteriormente, pelas 4 primeiras vértebras
torácicas; localizado acima do pericárdio.
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Mediastino inferior: delimitado pelo corpo do esterno e, posteriormente, pelas últimas 8 vértebras
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torácicas.
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CAPÍTULO
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3. 1 MECÂNICA VENTILATÓRIA
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A ventilação pulmonar (movimento de entrada e saída de ar) depende da adequada interação entre o pulmão e a parede torácica, por
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O volume pulmonar em repouso (equivalência da pressão alveolar e pressão atmosférica), que representa
o ponto de equilíbrio entre a tendência de expansão da caixa torácica e a retração elástica pulmonar, é a
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ATENÇÃO, ESTRATEGISTA: todo e qualquer fluxo é determinado por diferenças de pressão. Na ventilação não é diferente, os fluxos
inspiratório e expiratório dão-se por diferença entre as pressões alveolar e atmosférica.
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considera-se a expiração um movimento passivo).
A força necessária para gerar os fluxos depende da
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complacência da parede torácica e dos pulmões, associada à força
necessária para superar a resistência das vias aéreas.
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A mecânica ventilatória é, normalmente, influenciada por duas variáveis quantificáveis: a complacência
pulmonar e a resistência das vias aéreas:
• Complacência pulmonar é uma medida de distensibilidade do pulmão (inverso de elastância) e consiste na variação de volume
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• Resistência das vias aéreas (inverso de condutância) consiste nas forças opostas ao fluxo de ar durante a inspiração e a expiração
nã
(grau de dificuldade que o fluxo aéreo enfrenta para se movimentar por meio das vias aéreas).
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O tempo que uma determinada unidade pulmonar leva para esvaziar (constante de tempo – t) é
diretamente proporcional à complacência e à resistência das vias aéreas.
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t = R.C
APLICAÇÃO PRÁTICA:
• DPOC: aumenta a complacência pulmonar (enfisema) e a resistência das vias aéreas (bronquite
crônica), ambas resultando em tempo expiratório prolongado.
• Fibrose pulmonar: reduz a complacência pulmonar (depósito de colágeno) e, consequentemente,
reduz o tempo expiratório.
Para entender a complacência pulmonar, podemos raciocinar como o INVERSO de elasticidade (elasticidade
é a propriedade que permite ao corpo voltar à forma original após deformação).
• Pulmão muito elástico (aumento das fibras musculares/colágeno) apresenta baixa complacência e
maior tendência à retração ao ser esticado 🡪 fibrose pulmonar.
• Pulmão pouco elástico (redução das fibras musculares/colágeno) apresenta alta complacência e
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menor tendência à retração ao ser esticado 🡪 enfisema pulmonar.
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A ventilação alveolar é a proporção do ar inspirado diretamente envolvido na hematose. Ou seja, é o volume de ar que, de fato, tem
importância para a troca gasosa (desprezando o volume de ar que preenche o espaço morto).
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PH2O = pressão de vapor de água alveolar
FIO2 = fração inspirada de oxigênio
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PaCO2 = pressão arterial de dióxido de
carbono
R = quociente respiratório (0,8)
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PAO2 = (PB – PH2O) x FiO2 – (PaCO2/R)
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SANGUÍNEO
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idealmente é inexistente.
Zona 2: a pressão arterial excede a pressão
alveolar e determina o fluxo (Pa-PA).
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• Ventilação 🡪 maior na base que no ápice.
• As bases pulmonares são mais bem ventiladas do
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que os ápices devido aos efeitos gravitacionais
sobre o pulmão.
•
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ápice.
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em direção à base e > 1 em direção ao ápice.
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(proporcionalmente, a ventilação supera a perfusão no ápice e o inverso ocorre nas bases) 🡪 portanto a PaO2 (pressão
a
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arterial de O2 resultante da hematose) é maior nos ápices pulmonares (ventilação > perfusão).
Quando a relação V/Q apresenta alteração significativa, passa a ser classificada em espaço morto ou shunt – essas situações determinam
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• Espaço morto: alvéolos bem ventilados, porém não perfundidos (V/Q alta) = aumento da P(A-a)O2 e
redução PaO2.
• Shunt: áreas pouco ventiladas, mas bem perfundidas (V/Q baixa) = elevação da P(A-a)O2, com pouca
repercussão na PaO2.
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APLICAÇÃO PRÁTICA
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Trata-se do movimento passivo de moléculas de um gás de uma zona de alta pressão parcial para uma zona de menor pressão. A
difusibilidade de um gás é determinada pela lei de Fick, que inclui a solubilidade e a densidade do gás, a diferença parcial entre o ar alveolar
e os capilares pulmonares e a área de superfície para a difusão.
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Consiste na diferença entre a pressão alveolar de O2 (PAO2) e a pressão capilar de O2 (PaO2) devido à difusibilidade do oxigênio.
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O pulmão apresenta um importante mecanismo de reserva ventilatória, permitindo o aumento substancial da difusão de O2
posto à prova por exercício, por hipóxia alveolar e pelo espessamento da membrana alvéolo-capilar.
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• Em condições normais, em repouso, a difusão do O2 do alvéolo para o capilar pulmonar completa-se em cerca de um
terço da superfície de transferência. Ou seja, dois terços do trajeto sanguíneo no capilar são reservados para situações
de estresse do sistema.
APLICAÇÃO PRÁTICA
A reserva ventilatória em um indivíduo saudável permite que o sistema respiratório, mesmo sob estresse (p.ex.,
exercício), tenha capacidade de manter a PaO2 em níveis normais, apesar de demandar mais tempo para atingir
a saturação máxima (o aumento do débito cardíaco aumenta a velocidade da Hb pelo capilar pulmonar). Por sua
vez, indivíduos doentes (anormal) podem apresentar PaO2 e, consequentemente, saturação normal em repouso,
porém, com o mínimo estresse, evolui com queda desses parâmetros.
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Passamos por uma zona de turbulência, com um conteúdo denso e aprofundado, mas necessário para
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CAI NA PROVA
(Revalida – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – 2018) Paciente de 65 anos, com carcinoma espinocelular de lobo superior do
pulmão direito é submetido à toracotomia posterolateral direita. Durante o procedimento cirúrgico, o paciente é mantido com intubação
seletiva e ventilação monopulmonar à esquerda. Nessa situação, ocorrerá no pulmão
A) direito o efeito espaço morto, com atelectasia do pulmão esquerdo e hipertensão arterial pulmonar esquerda.
B) direito o efeito espaço morto, com ventilação do pulmão contralateral e tendência à diminuição da pressão parcial de oxigênio.
C) direito o efeito shunt, com atelectasia do pulmão direito e tendência ao aumento da pressão parcial de gás carbônico.
D) esquerdo o efeito shunt, com ventilação do pulmão esquerdo e aumento da concentração de bicarbonato no sangue arterial.
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COMENTÁRIO
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Futuro Residente ou Revalidando, questão sobre um tema muito importante na fisiologia respiratória
e entendimento das patologias pulmonares: relação ventilação/perfusão (V/Q), com o conhecimento do
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efeito espaço morto e efeito shunt.
Vamos relembrar o conceito prático?
Portanto, durante uma intubação seletiva à esquerda, teremos um pulmão direito que mantém a
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Correta a alternativa C
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(Revalida – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – 2018) Um paciente de 75 anos, sexo feminino, obesa, no 3º dia de pós-operatório
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de artroplastia de quadril, iniciou quadro de dispneia, o murmúrio vesicular encontrava-se totalmente abolido à direita, macicez à percussão.
Sua gasometria arterial mostrava PaO2 de 52 mmHg. Radiografia de tórax evidenciava velamento de todo o hemitórax direito com desvio do
mediastino para o lado comprometido. Marque a opção que aponta a causa principal da hipoxemia.
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COMENTÁRIO
Caro Estrategista, está aqui um belo exemplo de como a fisiologia respiratória influencia diretamente a prática médica e seu
entendimento auxilia-nos no reconhecimento das alterações clínicas (semiologia) e funcionais resultantes das patologias.
Estamos diante de uma paciente em pós-operatório precoce (até 7 dias). De antemão, já podemos pensar nas principais repercussões
respiratórias que advêm desse período: tromboembolismo pulmonar, atelectasia (obstrutiva), pneumonia, pneumotórax e edema pulmonar/
síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA).
Mas a paciente apresenta, ao exame físico, murmúrio vesicular abolido à direita e macicez à percussão, além de radiografia com
velamento do hemitórax direito com desvio do mediastino para o lado comprometido.
Já sabemos:
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Murmúrio vesicular abolido e macicez = atelectasia obstrutiva OU derrame pleural!
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Se desvia o mediastino contralateral ao lado acometido = derrame pleural (empurra)!
Se desvia o mediastino ipsilateral ao lado acometido = atelectasia (puxa)!
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Ok! Já temos nosso diagnóstico: a paciente evoluiu com atelectasia pulmonar
direita (provável rolha de secreção? Aspiração de corpo estranho?).
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mas não apresenta ventilação. Portanto, estamos diante do efeito shunt (V/Q = 0).
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Correta a alternativa B
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CAPÍTULO
Futuro Residente ou Revalidando, agora com o fôlego o exame clínico do sistema respiratório deve ser realizado de
renovado e muito conhecimento acumulado, podemos prosseguir maneira prática e sistemática, seguindo-se inspeção, palpação,
para a parte prática deste livro! O exame do sistema respiratório é percussão e ausculta, de forma comparativa de um lado do tórax
parte primordial da avaliação de todo paciente, seja internado ou com o outro (referência para os achados), examinando toda sua
O exame do paciente pneumopata não se restringe ao tórax e deve levar em consideração achados
extrapulmonares, como alterações articulares, de pele e de extremidades.
De modo a facilitar e sistematizar o exame clínico do sistema respiratório, o tórax pode ser dividido em regiões, com linhas imaginárias
a partir de pontos de referência anatômicos.
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• Pontos anatômicos
Os principais pontos de referência anatômicos são as costelas e os espaços intercostais, o ângulo esternal, a 7ª vértebra cervical, as
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clavículas, a articulação xifoesternal, a incisura supraesternal e o ângulo infraesternal.
do biotipo do paciente.
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referência posterior, em geral, ao nível da 7ª
Fonte: Autoria prória
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• Linhas torácicas
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Linhas imaginárias, baseadas em pontos anatômicos específicos, para auxiliar na divisão torácica e localização das alterações
evidenciadas no exame físico.
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A. Linha hemiclavicular (mamilar): traçada a partir do ponto mediano da clavícula (geralmente perpendicular ao mamilo).
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B. Linha medioesternal: localiza-se na porção mediana do esterno.
C. Linha escapular: linha vertical que passa pelo ângulo inferior da escápula.
D. Linha paravertebral: linha tangente à borda lateral das vértebras.
s.
E. Linha vertebral: linha que passa pelas apófises espinhosas das vértebras dorsais.
F. Linha axilar posterior: originada na prega posterior da axila.
G. Linha axilar média: linha vertical equidistante das linhas axilares anterior e posterior.
H. Linha axilar anterior: originada na prega anterior da axila.
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Regiões torácicas:
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Trata-se de áreas delimitadas pelos pontos anatômicos ou pelas linhas torácicas:
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J. Região infraescapular: delimitada por uma linha traçada pela ponta inferior da escápula até a linha vertebral.
K. Região axilar: limitada pelas linhas axilares anterior e posterior e pelo prolongamento da linha horizontal que passa pelo 6º EIC.
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L. Região infra-axilar: delimitada pelo limite inferior da região axilar até a reborda costal.
Após análise de pontos anatômicos e regiões torácicas, vamos dar início ao exame físico, lembrando sempre da necessidade de
sistematização para evitarmos possíveis falhas!
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4. 1 INSPEÇÃO
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3. Alterações da parede.
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5. Frequência respiratória.
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Implica em observar a forma do tórax, sem a solicitação de manobras por parte do paciente, além de descrever cicatrizes, manchas,
retrações e abaulamentos, atrofias musculares, entre outras alterações.
• Forma do tórax: apresenta variações fisiológicas em relação à idade, ao sexo e ao biotipo. No adulto, em geral, o diâmetro
laterolateral é maior que o diâmetro anteroposterior. As anormalidades ósseas podem ser em decorrência de alterações do
esterno, das vértebras ou das costelas.
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Definições de formas do tórax
Tórax em tonel Aumento do diâmetro anteroposterior que, praticamente, iguala-se ao transversal. A causa mais
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Tórax
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Depressão acentuada ao nível do terço inferior do esterno. O raquitismo constitui a causa mais
infundibuliforme
frequente. Em grau acentuado, pode produzir distúrbios ventilatórios restritivos.
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(pectus excavatum)
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Tórax cariniforme Acentuação da concavidade esternal, com uma saliência em forma de peito de pombo ou de
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(pectus carinatum) quilha de navio. O raquitismo é a principal causa. Não compromete a função pulmonar.
Có
Tórax em sino ou Alargamento da porção inferior do tórax. Surge nas grandes hepatoesplenomegalias e ascite
piriforme volumosa.
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Encurvamento posterior da coluna torácica, por defeito da postura ou por lesão de vértebras
Tórax cifótico
torácicas.
Desvio lateral do segmento torácico da coluna vertebral. A causa mais comum é anomalia
Tórax escoliótico
congênita.
Avalia-se a ventilação: o tipo respiratório, o ritmo e a frequência da respiração, as amplitudes dos movimentos respiratórios, a presença
ou não de tiragem e a expansibilidade dos pulmões.
• Padrão respiratório: baseado no volume de ar que se movimenta por unidade de tempo (volume corrente e frequência
respiratória). Avalia-se a frequência, o ritmo, a profundidade e o esforço respiratório.
• Padrões patológicos característicos: alterações tanto na frequência respiratória quanto na amplitude do movimento.
m
Definição de padrões respiratórios patológicos
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Platipneia
ortodeoxia. Ocorre na presença de shunt pulmonar ou cardíaco direito-esquerdo.
Dispneia ao assumir o decúbito dorsal, com alívio em ortostatismo. Presente, principalmente, na insuficiência
Ortopneia
cardíaca e no edema pulmonar.
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Dispneia ao assumir certo decúbito lateral, geralmente contralateral ao tórax acometido. Presente, especialmente,
Trepopneia
no derrame pleural unilateral volumoso.
Respiração periódica. De modo cíclico, apresenta hiperpneia, com a amplitude respiratória em crescendo e
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Respiração de
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decrescendo, seguida de período de apneia. Pode aparecer na insuficiência cardíaca grave, nos acidentes vasculares
Cheyne-Stokes
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Respiração de Inspirações rápidas e amplas, interrompidas por curtos períodos de apneia, seguidas por expirações profundas e
Kussmaul ruidosas, e, posteriormente, pequenas pausas de apneia. Padrão característico da acidose metabólica.
id
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Respiração de Respiração atáxica, irregular, com nítidas variações de amplitude dos movimentos respiratórios, intercalado com
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Biot períodos de apneia. Comum em processos neurológicos, com lesão no centro respiratório.
a
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respiratória
Idade FR
Recém-nascidos 40 a 45 irpm
Lactentes 25 a 35 irpm
Pré-escolares 20 a 35 irpm
Escolares 18 a 35 irpm
Adultos 16 a 20 irpm
4. 2 PALPAÇÃO
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1. Expansibilidade.
2. Frêmito toracovocal.
3. Sensibilidade.
4. Alterações da parede.
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5. Linfonodos.
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FTV reduzido ou abolido: atelectasia obstrutiva ou
doença pleural (pneumotórax, derrame pleural ou
fibrotórax).
FTV aumentado: consolidação pulmonar.
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4. 3 PERCUSSÃO
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Nota de percussão mais clara e mais intensa, refletindo maior volume de ar nos alvéolos (p. ex., enfisema
Hipersonoridade
pulmonar).
Som maciço Presença de líquido interposto entre o pulmão e a parede torácica (derrame pleural).
m
co
* Por convenção, adota-se que, ao percutir regiões acometidas por patologias do parênquima pulmonar, com
aumento da densidade (consolidações ou atelectasias obstrutivas), o som obtido seja classificado como submaciço,
enquanto a presença de derrame pleural determina a presença de macicez à percussão. Entretanto, na prática clínica
(e, muitas vezes, nas questões de provas), não há essa diferenciação, sendo adotado o termo macicez para derrame
s.
pleural ou atelectasia obstrutiva ou consolidação.
♥
eo
•
derrame pleural.
ro
• Ressonância skódica: presença de hipersonoridade nas áreas situadas ao redor de uma consolidação ou acima
id
é
de um derrame pleural.
o
nã
a
dv
4. 4 AUSCULTA
pi
Có
estetoscópio.
1. Sons respiratórios:
b. Som bronquial.
c. Som broncovesicular.
d. Som vesicular.
Fonte: Shutterstock
Prof. Philippe Colares | Curso Extensivo | 2023 37
PNEUMOLOGIA Introdução à Pneumologia Estratégia
MED
2. Ruídos adventícios:
a. Descontínuos: crepitações finas e grossas.
b. Contínuos: roncos, sibilos e estridor.
c. De origem pleural: atrito pleural.
3. Sons vocais:
a. Broncofonia.
b. Egofonia.
c. Pectoriloquia afônica e fônica.
A ausculta pulmonar é a técnica do exame mais importante para avaliar o fluxo aéreo pela árvore traqueobrônquica. Compreende
ouvir os sons gerados pela respiração, pesquisar os ruídos adventícios e, na suspeita de anormalidades, auscultar os sons da voz falada ou
m
sussurrada pelo paciente.
co
Som bronquial (ou som traqueal): sons altos e agudos, com componente inspiratório constituído de um ruído soproso, mais ou
s.
•
menos rude, seguido de um curto período de pausa e com componente expiratório um pouco mais forte e mais prolongado.
Audível na região anterolateral do pescoço e na fúrcula esternal, área de projeção da traqueia e brônquios principais.
♥
eo
o
Nas áreas que correspondem à consolidação pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de cavernas
ub
superficiais, ouve-se respiração brônquica (ou sopro tubário) em vez de som vesicular.
ro
id
é
o
nã
• Som vesicular (ou murmúrio vesicular): sons suaves e graves, audíveis através da parede torácica, em campos inferiores e médios
dos pulmões. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tom mais alto em relação ao componente expiratório,
a
dv
pi
• O som vesicular pode estar abolido ou diminuído nas condições que impedem a transmissibilidade
me
• Som broncovesicular: sons intermediários ao som vesicular e ao som bronquial, que compreendem fases inspiratória e expiratória
de iguais intensidade, magnitude e duração, por vezes separados por pequena pausa. Auscultado nas regiões esternal superior,
interescapulovertebral direita e ao nível da 3ª e 4ª vértebras dorsais.
Sons produzidos em condições patológicas, em decorrência de alterações estruturais e das propriedades mecânicas pulmonares.
Devem ser descritos quanto à frequência, localização, o momento de ocorrência no ciclo respiratório, persistência de seu padrão entre um
ciclo respiratório e outro e mudanças após tosse ou modificação na posição do paciente.
m
• Estertores grossos (crepitações grossas): mais intensos, de frequência mais grave, breves, de duração maior que os finos.
Sofrem nítida alteração com a tosse, audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Têm origem na abertura
co
e fechamento de vias aéreas contendo secreção espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das
paredes brônquicas (alteração intersticial).
s.
Atenção, Estrategista! Alguns autores costumam diferenciar os sons descontínuos conforme a origem da alteração:
crepitações finas, quando representam alterações estruturais (doenças intersticiais), e crepitações grossas ou
bolhosas, quando representam alterações de vias aéreas, com preenchimento alveolar (consolidações ou secreções).
♥
eo
o
ub
Atrito pleural: ruído grave, de baixa frequência, irregular e descontínuo, audível na inspiração e na expiração, em
ro
•
decorrência do deslizamento dos folhetos pleurais inflamados (pleurite seca). A presença de derrame pleural determina
id
é
seu desaparecimento.
o
• Roncos: sons graves, de baixa frequência e qualidade de um ressonar, gerados pela vibração das paredes brônquicas
a
e do conteúdo de ar quando há estreitamento da luz das vias aéreas, seja por espasmo ou edema da parede ou pela
dv
pi
presença de secreção. Ocorrem tanto na inspiração como na expiração e são fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo
Có
previamente ocluídas, quando são atingidas por fluxo aéreo em alta velocidade. Ocorrem na inspiração e na expiração e
podem ser difusos ou localizados.
• Estridor ou cornagem: sibilo total ou predominantemente inspiratório, mais audível nas regiões centrais e superiores do
tórax e pescoço, indicando obstrução de via aérea central (laringe ou traqueia).
• Grasnido (squeak): som inspiratório, agudo, tipo “piado de gaivota”, na presença de bronquiolite, com reabertura súbita
de vias aéreas distais - bronquiolite.
Ausculta-se a voz falada e a voz sussurrada (enquanto o paciente repete “trinta e três”), com a percepção da ressonância vocal através
da parede torácica. Em condições normais, a ressonância vocal constitui-se de sons incompreensíveis, mas, quando o parênquima pulmonar
está consolidado, a transmissão é facilitada e as palavras ficam nítidas.
• Pectorilóquia afônica e fônica: ausculta da voz falada (fônica) ou sussurrada (afônica) com nitidez, transmitida através do
parênquima pulmonar consolidado.
• Broncofonia: aumento da ressonância vocal em decorrência de facilitação da transmissão das ondas sonoras, na presença de
consolidação pulmonar.
• Egofonia: tipo especial de broncofonia, quando essa adquire qualidade nasalada e metálica. Auscultada na transição do limite
m
superior dos derrames pleurais.
co
CAPÍTULO
respiratório”.
Inspeção: tórax globoso, em tonel, uso de musculatura inspiratória acessória, expiração ativa e
me
m
Congestão/Edema pulmonar Percussão: som claro pulmonar ou submacicez nas bases.
Ausculta: som vesicular, estertores finos teleinspiratórias e, ocasionalmente, sibilos. Ressonância
co
vocal normal.
Inspeção: hemitórax abaulado, sinal de Lemos Torres.
Palpação: expansibilidade reduzida, FTV abolido.
Derrame pleural Percussão: macicez. Ressonância skódica e sinal de Signorelli.
s.
Ausculta: murmúrio vesicular abolido. Na zona de transição, podem ocorrer broncofonia, egofonia
e pectoriloquia.
Inspeção: hemitórax normal ou abaulado.
Palpação: expansibilidade diminuída e FTV abolido.
♥
eo
Pneumotórax
Percussão: timpanismo.
o
ub
ATENÇÃO, ESTRATEGISTA! É necessário conhecer as síndromes respiratórias para sua prova! Portanto, fique
atento aos conceitos clínicos e funcionais abordados anteriormente. Vamos testar algumas questões de
semiologia respiratória?
me
CAI NA PROVA
(Prefeitura Municipal De Foz Do Iguaçu (PMFI) – 2020) O sopro tubário é um sopro intenso, agudo, mais rude que o murmúrio vesicular
gerado pelos grandes brônquios em consonância com a caixa de ressonância torácica. Este achado semiológico é característico de:
A) Asma.
B) Pneumonia Alveolar.
C) Derrame pleural.
D) Pneumotórax.
m
COMENTÁRIO
co
Caro Estrategista, questão conceitual de semiologia do aparelho respiratório e nós já sabemos a resposta!
O que é sopro tubário?
Nas áreas que correspondem à consolidação pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de cavernas superficiais, ouve-se respiração
brônquica no lugar de som vesicular (sopro tubário).
s.
Portanto, entre as opções, a única que pode apresentar-se com sopro tubário é a pneumonia.
Correta a alternativa B
♥
eo
o
ub
(Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) – 2020) Paciente 27 anos chega ao PS com quadro de dispneia aos mínimos esforços. Radiografia
ro
de tórax demonstrou presença de derrame pleural moderado à direita. Realizada toracocentese diagnóstica e de alívio, e colhidos exames
id
bioquímicos sanguíneos que revelaram: Líquido pleural: proteínas totais 5,2 g/dL; LDH 606 UI/L; Soro: proteínas totais 4,0 g/Dl; LDH 400 UI/L;
é
Valor de referência LDH soro <248 UI/L Qual achado que NÃO é esperado no exame físico desse paciente:
o
nã
COMENTÁRIO
Caro Estrategista, neste momento, vamos concentrar-nos, especificamente, no exame físico do paciente com derrame pleural. Sobre a
análise do líquido pleural e o provável diagnóstico, comentaremos no livro digital de derrame pleural, disponível na plataforma do Estratégia
MED.
E como é o exame físico do paciente com síndrome de derrame pleural?
Expansibilidade reduzida, FTV abolido, macicez à percussão e murmúrio vesicular abolido. Na zona de transição, podem ocorrer
broncofonia, egofonia e pectoriloquia. Os principais sinais ao exame incluem os sinais de Lemos Torres e de Signorelli.
Portanto, a alternativa incorreta é o aumento do FTV, que ocorre em síndromes de preenchimento do espaço aéreo, como na
consolidação pulmonar.
Correta a alternativa B
(Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (SMSCG) – 2020) A anamnese e o exame físico apurados desempenham um papel
importante na elucidação diagnóstica em mais de 70% dos casos de dispneia. Na avaliação dos quadros clínicos que cursam com dispneia,
está correto associar:
A) o pneumotórax, à presença de traqueia desviada para o lado ipsilateral, movimentos torácicos diminuídos do lado afetado, macicez à
percussão e aumento de ruídos adventícios
m
B) o derrame pleural, à presença de traqueia desviada para o lado oposto, movimentos torácicos diminuídos do lado afetado, macicez à
percussão e ausência de ruídos adventícios
co
C) a consolidação pneumônica, à presença de traqueia desviada para o lado oposto, movimentos torácicos diminuídos do lado afetado,
macicez à percussão e crepitantes inspiratórios finos
D) a bronquiectasia, à presença de traqueia desviada para o lado oposto, movimentos torácicos diminuídos do lado afetado, macicez à
s.
percussão e crepitantes finos e/ou sibilos localizados
COMENTÁRIO
♥
eo
Estrategista, vamos direto ao ponto! A questão cobra o exame físico de quatro síndromes pleuropulmonares! Nosso quadro resume
o
ub
bem as características de cada uma e precisa estar “na ponta da língua” para a prova!
ro
estruturas mediastinais. Mais uma vez, a presença de preenchimento do espaço aéreo por secreção origina crepitações grossas.
pi
Có
Correta a alternativa B
(Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa (SCMBM) – 2019) Ao exame físico, o diagnóstico diferencial entre derrame pleural e pneumotórax
é feito através de:
A) Ausculta.
B) Percussão.
C) Frêmito toracovocal.
D) Inspeção.
E) Frequência respiratória.
COMENTÁRIO
m
Para muitos concorrentes, essa questão pode ser uma dor de cabeça, mas, para nós, Estrategistas, será uma questão para comemorar!
co
Como podemos diferenciar pneumotórax de derrame pleural?
Tratam-se de duas síndromes pleurais, em que o preenchimento da cavidade pleural repercute igualmente ao pulmão (expansibilidade,
FTV e ausculta), porém a presença de líquido ou ar na cavidade pleural origina sons diferentes à percussão!
s.
PNEUMOTÓRAX = TIMPANISMO
DERRAME PLEURAL = MACICEZ
Correta a alternativa B
♥
eo
o
ub
ro
id
é
São temas bem delimitados que, apesar de serem abordados em conjunto nas questões, permitem
nã
uma pausa na leitura para retorno com concentração máxima e novo foco no tema subsequente.
a
dv
pi
Có
me
CAPÍTULO
m
co
A espirometria é a ferramenta diagnóstica mais utilizada na
avaliação funcional respiratória, auxiliando na investigação de sintomas
respiratórios, no seguimento dos pacientes pneumológicos, na
s.
classificação da gravidade ou como índice prognóstico de diversas doenças
respiratórias, além de fazer parte do manejo pré-operatório e da avaliação
de capacidade ocupacional.
Obtemos, por meio desse exame, volumes e fluxos aéreos
♥
eo
•
Espaço ocupado por um corpo ou a capacidade que ele tem de comportar alguma substância.
a
dv
•
Escoamento ou movimento contínuo que segue um curso.
Có
• CVF (capacidade vital): volume total de ar mobilizado durante uma manobra de expiração, após uma inspiração máxima.
• Pode ser obtida por meio de manobras forçadas (CVF) ou lentas (CVL).
Você sabia?
Devemos chamar de índice de Tiffeneau apenas a relação VEF1/capacidade vital lenta (ou CVL).
• VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo): volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra expiratória
forçada.
• Relação VEF1/CV: razão entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital, sendo muito importante para
o diagnóstico de um distúrbio obstrutivo. Para isso, podemos considerar tanto o VEF1/CVF quanto o VEF1/CVL.
m
co
ATENÇÃO! A relação VEF1/CVF deve ser expressa em valores decimais e centesimais, não em porcentagem do predito
s. (p.ex. VEF1/CVF = 0,68)
• Fluxo expiratório forçado intermediário (FEF25-75%): fluxo expiratório forçado médio obtido durante a manobra de CVF (na faixa
entre 25 e 75% da CVF).
• Pico de fluxo expiratório (PFE): fluxo máximo de ar obtido durante a manobra de CVF. Pode ser denominado de fluxo expiratório
forçado máximo (FEFmáx).
♥
eo
o
Além dos valores obtidos, para a correta análise da espirometria, SEMPRE devemos avaliar as curvas fluxo-volume e volume-tempo.
ub
ro
A contraindicação absoluta à realização do exame é a presença de infarto agudo do miocárdio nos últimos 30 dias. Algumas
contraindicações relativas incluem aneurisma de aorta torácica, tromboembolismo pulmonar nos últimos 30 dias, hemoptise em atividade e
micobacteriose em pacientes bacilíferos (e, a partir de 2019, infecção pelo coronavírus).
Atenção, Estrategista, apesar de ser o exame funcional mais difundido na prática médica, a
espirometria não é capaz de medir todos os volumes pulmonares. Para uma avaliação mais aprofundada
e completa, lançamos mão da pletismografia.
Os principais volumes medidos com a pletismografia incluem o volume residual e, indiretamente,
a capacidade pulmonar total.
m
co
• Volume residual (VR): volume que permanece nos pulmões após uma expiração máxima.
• Capacidade pulmonar total (CPT): volume de ar contido nos pulmões após manobra de
inspiração máxima.
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
Atenção! Para quantificarmos VR e CPT, a espirometria convencional não é o bastante. Deve ser solicitada a
PLETISMOGRAFIA.
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
ATENÇÃO! Na fisiologia respiratória, “capacidade” é definida como a soma de dois ou mais volumes. Assim sendo, temos os seguintes
id
é
volumes e capacidades:
o
nã
• Volume residual (VR): volume de ar que permanece no pulmão após expiração máxima.
a
dv
Capacidade pulmonar total (CPT): volume de ar nos pulmões após inspiração máxima (soma de todos os volumes pulmonares).
pi
•
• CPT = volume residual (VR) + volume de reserva expiratória (VRE) + volume corrente (VC) + volume de reserva inspiratória (VRI).
Có
• Capacidade residual funcional (CRF): volume de ar que permanece nos pulmões ao final de uma expiração usual, em volume
corrente.
me
Futuro Residente, faço aqui uma pausa na avaliação espirométrica para relembrarmos mais um conceito
importante estudado neste livro, no capítulo de fisiologia respiratória: a DIFUSÃO.
Como sabemos, difusão é a transferência de um gás de uma zona de alta pressão parcial para uma zona de
menor pressão, determinada pela lei de Fick. No caso da difusão pulmonar, a métrica utilizada é a medida de difusão
do monóxido de carbono (CO), conhecido como DLCO (do inglês, diffusion lung capacity for carbon monoxide), e
é um bom teste para avaliar as trocas gasosas pulmonares, com alta sensibilidade para as alterações estruturais
pulmonares, incluindo alterações vasculares.
• A DLCO é medida por respiração única e sustentada de uma mistura gasosa especial e pode ser expressa em valores absolutos ou
m
corrigidos para o volume alveolar.
co
Mas vamos com calma, Estrategista. Nas próximas páginas, tentarei deixar o essencial para o entendimento
básico desse exame, para a aplicabilidade clínica e, principalmente, para solucionar as questões da sua prova!
- Mas, professor, gostaria de aprofundar mais meu conhecimento e entendimento sobre esse exame, como eu
s.
faço?
Se você tiver esse interesse, basta acionar-me no nosso Fórum do Estratégia MED ou através das redes sociais.
♥
eo
o
ub
Agora que sabemos o que significam os volumes e fluxos medidos na espirometria, vamos aprender a interpretá-la e caracterizar os
o
nã
distúrbios ventilatórios.
A análise da espirometria deve ser realizada de forma sistematizada (seguir o passo a passo do fluxograma).
a
dv
pi
Có
Para a resolução da maioria das questões da prova de Residência, você deverá estar atento a três variáveis: VEF1,
me
VEF1/CVF
Normal ou
Reduzida
elevada
DVO CVF
m
Pode ser:
co
Reduzido Normal Normal
- DVR
- DVI
CVF
s.
Normal Reduzido
♥
eo
o
Pode ser:
ub
DVO
- DVO com CVF
ro
↓
id
é
o
• 1º passo é analisar relação VEF1/CVF 🡪 se ela estiver abaixo do limite inferior da normalidade (ou < 0,70) você está diante de
nã
•
pi
• Analisar CVF: se estiver reduzida, você pode estar diante de um DVO com CVF reduzida (aprisionamento aéreo) ou de um
distúrbio misto. Essa dúvida só pode ser solucionada por meio da pletismografia.
me
• Relação VEF1/CVF normal e a CVF reduzida (consequentemente o VEF1 também estará), você poderá estar diante de um distúrbio
restritivo (DVR) ou um distúrbio inespecífico (DVI).
Resposta broncodilatadora!
m
A espirometria deve ser realizada antes e após a administração de broncodilatador
por via inalatória (geralmente 15 a 20 minutos após a administração de 400 mcg de
co
salbutamol) para avaliar a reversibilidade da obstrução ao fluxo respiratório, definida
conforme variação do VEF1 e/ou CV (lenta ou forçada).
Resposta broncodilatadora positiva (presença de ambos os critérios):
Variação absoluta: aumento ≥ 200 mL.
s.
•
E
• Percentagem do basal: aumento ≥ 12%.
♥
eo
Podem ser observados quatro padrões básicos de distúrbios ventilatórios (DV): obstrutivo (DVO), restritivo (DVR), misto (DVM) e
id
inespecífico (DVI). Apesar disto, a espirometria, isoladamente, só nos permite o diagnóstico de certeza para os distúrbios ventilatórios
é
obstrutivos.
o
nã
a
dv
pi
Có
me
A avaliação dos valores obtidos na manobra espirométrica deve ser realizada com base nos valores teóricos ou previstos para a
população (do mesmo sexo, idade, altura e peso). Após a definição do distúrbio ventilatório de base, deve-se prosseguir com a graduação da
gravidade do distúrbio.
Distúrbio caracterizado pela redução dos fluxos e volumes expiratórios forçados, relacionado ao aumento da resistência das vias
aéreas e/ou aumento da complacência pulmonar (enfisema pulmonar). Os principais exemplos incluem a DPOC e a asma, mas pode estar
presente na bronquiolite, fibrose cística e bronquiectasias.
m
• VEF1/CVF < 0,70 ou abaixo do limite inferior da normalidade.
• VEF1: utilizado para a classificação da gravidade da obstrução.
Leve
co
Classificação da gravidade do DVO conforme VEF1 (% do previsto)
≥ 60%
s.
Moderado 41 – 59%
Grave ≤ 40%
CVF: pode estar normal (mais frequente) ou diminuída (se houver aprisionamento aéreo, definido pelo aumento do VR).
♥
•
eo
FEF 25-75%: classicamente reduzido (porém apresenta alta variabilidade interpessoal, com baixa reprodutibilidade).
o
•
ub
• Curva fluxo-volume: adquire concavidade característica de espreguiçadeira – achatada e com prolongamento da expiração.
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
Distúrbio caracterizado pela redução da capacidade pulmonar total (CPT). Apresenta-se com aumento dos fluxos intermediários e
redução dos volumes expiratórios forçados, relacionado à redução da complacência pulmonar. Os principais exemplos incluem doenças
pulmonares intersticiais fibrosantes ou causas extrapulmonares (fibrotórax, alterações de parede etc.).
Para a adequada confirmação de DVR, é necessário medir a CPT, porém a espirometria é capaz de sugerir o diagnóstico, se apresentar
os seguintes aspectos:
m
• Nos processos de causa extrapulmonar, não há aumento dos fluxos expiratórios intermediários.
• Curva fluxo-volume: a curva apresenta-se estreita e espiculada, em forma de torre ou “chapéu de bruxa”.
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
• CVF ≤ 50%.
• FEF25-75%/CVF% > 150%.
• Diagnóstico clínico ou radiológico de doença restritiva/fibrosante.
Distúrbio caracterizado pela sobreposição dos achados espirométricos de obstrução associados aos de restrição, observando-se, à
espirometria, redução da CVF, VEF1 (não proporcionais) e da relação VEF1/CVF.
m
Portanto, para a adequada caracterização, é necessária a realização de pletismografia.
co
DVM = DVO + DVR
s.
6.3.4 DISTÚRBIO VENTILATÓRIO INESPECÍFICO (DVI)
♥
eo
o
ub
Distúrbio caracterizado pela redução proporcional de CVF e VEF1, em que a CPT se encontra na faixa prevista da normalidade e a
ro
pletismografia.
o
• Obesidade.
Có
RESUMINDO!
Asma, DPOC,
Obstrutivo ↓↓ Normal ou ↓ ↓ fibrose cística e VEF1/CVF < 0,7
bronquiectasias
m
Doenças fibrosantes, Redução
Restritivo ↓ ↓ Normal deformidades de proporcional VEF1 e
co
caixa torácica graves CVF
Formas avançadas
de fibrose cística; VEF1/CVF < 0,7 com
s.
Misto ↓ ↓↓ ↓
associação de CVF muito reduzida
doenças
♥
eo
devidos esclarecimentos, posso deixar um resumo das alterações e a forma como podem ser cobradas
id
é
nas provas! Vamos aproveitar para fazermos algumas questões relacionadas ao tema!
o
nã
a
dv
CAI NA PROVA
pi
Có
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) – 2020) Em relação às provas de função pulmonar em adultos, é correto afirmar:
me
A) A pletismografia é o exame de função pulmonar que define o diagnóstico de distúrbio restritivo, pois permite a identificação da presença
de hiperinsuflação e aprisionamento aéreo.
B) Através da medida dos fluxos e de volumes pulmonares na espirometria é possível identificar a medida do volume residual pulmonar.
C) A Difusão de Monóxido de Carbono (DLCO) através da respiração única é o exame de escolha para definição do padrão restritivo nas
doenças pulmonares intersticiais.
D) A medida da resistência de vias aéreas encontra-se desproporcionalmente aumentada em relação aos volumes pulmonares nas doenças
pulmonares de padrão restritivo.
E) A espirometria pré e pós-broncodilatador é exame de avaliação nas doenças respiratórias que cursam com dispneia, permitindo a
comparação dos valores obtidos com referências e identificando padrões de distúrbios ventilatórios.
COMENTÁRIO
Incorreta a alternativa A: a alternativa começou bem. A pletismografia é o exame que define distúrbio restritivo (lembre-se de que a
espirometria sugere o diagnóstico). Mas a alteração que confirma o distúrbio restritivo é a presença de redução da CPT. Os achados de
hiperinsuflação (aumento da CPT) e aprisionamento aéreo (aumento do VR) são compatíveis com distúrbio obstrutivo.
Incorreta a alternativa B: o volume residual representa justamente o volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração
máxima e não pode ser medido por fluxos ou volumes medidos pela espirometria. Só é possível estimar o volume residual por meio da
pletismografia.
Incorreta a alternativa C: como já sabemos, a determinação de DVR é dada pela redução da CPT (medida por meio da pletismografia).
m
Incorreta a alternativa D: caro Estrategista, preste bem atenção! No DVR, a resistência das vias aéreas encontra-se normal ou reduzida.
Aumento da resistência infere obstrução.
co
Correta a alternativa E a espirometria tem importante papel na avaliação da dispneia e na caracterização dos distúrbios ventilatórios.
Adquire relevante importância na caracterização de distúrbio obstrutivo e na avaliação de resposta ao broncodilatador.
s.
(UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UNIRV-GO) - 2020) A asma se caracteriza pelos seguintes achados à espirometria:
A) Redução do VEF1 (volume expiratório forçado em um segundo), redução da relação VEF1/CVF (capacidade vital forçada) e redução do
♥
eo
COMENTÁRIO
nã
a
dv
Caro Estrategista, não entraremos em detalhes sobre a fisiopatologia da asma na análise dessa questão (esse tema será discutido com
pi
muitos detalhes no livro digital de asma). Vamos apenas analisá-la no contexto de espirometria e doença obstrutiva (doença com limitação
Có
Correta a alternativa A por caracterizar-se como uma doença obstrutiva, a primeira característica presente na espirometria é a
redução da relação VEF1/CVF (< 0,70). Por sua vez, a redução do VEF1 e do PFE é utilizada para estabelecer a gravidade do distúrbio
ventilatório obstrutivo.
Incorreta a alternativa B: como vimos, classicamente, apresenta-se como uma doença obstrutiva e, consequentemente, com redução da
relação VEF1/CVF.
Incorreta a alternativa C: mais uma vez, o primeiro passo é determinar a presença de DVO.
Incorreta a alternativa D: apesar de apresentar alteração compatível com DVO (redução da relação VEF1/CVF), a asma caracteriza-se por
redução dos fluxos expiratórios e do VEF1.
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM - 2019) Qual medida de função pulmonar está tipicamente reduzida em pacientes portadores
de DPOC com predomínio de fenótipo "PP" (Pink puffer)?
COMENTÁRIO
m
Caro Estrategista, mais uma questão que traz conceitos espirométricos para definir a fisiopatologia de uma doença. Apesar de não ser
alvo deste livro digital, o paciente portador de DPOC apresenta predomínio de dois fenótipos (enfisematoso ou bronquítico crônico). Para sua
co
prova, quando houver caracterização de espirometria e DPOC, basta lembrar do seguinte conceito:
DPOC = obstrução fixa ao fluxo aéreo, que se apresenta como um DVO com resposta broncodilatadora classicamente negativa. Há
s.
redução dos fluxos expiratórios e do VEF1.
Incorreta a alternativa A: a redução da CPT define a presença de um distúrbio ventilatório restritivo (DVR).
Incorreta a alternativa B: a redução do VR, apesar de não ser definidora de DVR, está classicamente presente nesse distúrbio. Nos distúrbios
♥
eo
obstrutivos, o VR pode estar normal ou aumentado (se houver presença de aprisionamento aéreo).
o
Incorreta a alternativa C: a CRF corresponde à soma do VR e do volume de reserva expiratória, ou seja, o volume de ar que permanece
ub
nos pulmões após uma expiração natural, não forçada. Nesse caso, na DPOC, a CRF pode estar aumentada, em decorrência do aumento
ro
do VR (aprisionamento aéreo).
id
é
Correta a alternativa D apesar de o DVO ser tipicamente caracterizado por redução da relação VEF1/CVF com CVF preservada, já
o
nã
vimos que os pacientes podem evoluir com DVO com CVF reduzida, por aprisionamento aéreo.
a
dv
pi
Incorreta a alternativa E: a complacência pulmonar está patologicamente aumentada nos portadores de DPOC. Ou seja, com a presença
Có
de enfisema e destruição de fibras elásticas, há redução da elastância pulmonar (ou, inversamente, aumento da complacência pulmonar).
me
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – UFSM – 2016) Em paciente com fibrose pulmonar idiopática, qual dos parâmetros abaixo se
encontra normal?
COMENTÁRIO
Seguindo o raciocínio iniciado na questão anterior, mudamos nossa avaliação para uma doença intersticial fibrosante. Ou seja,
caracteriza-se por um DVR!
Incorreta a alternativa A: como já vimos, a CRF é definida pela soma do VR + VRE. Portanto, nas doenças restritivas, há uma redução da
CRF.
Incorreta a alternativa B: apresentam Vc reduzido, com aumento da frequência respiratória, de forma compensatória.
Incorreta a alternativa C: acabamos de ver que o VR encontra-se reduzido, por aumento da elastância pulmonar (ou, inversamente,
redução da complacência pulmonar).
Incorreta a alternativa D: todos os volumes estão tipicamente reduzidos no DVR.
m
Incorreta a alternativa E: assim como os demais volumes, o VEF1 encontra-se diminuído no DVR.
co
Gabarito: a questão deveria ser anulada! Provavelmente, o examinador confundiu os conceitos, nos quais, nas doenças
intersticiais fibrosantes, volumes e capacidades estão diminuídos, enquanto os fluxos estão aumentados.
CAPÍTULO
s.
7.0 EXAMES DE IMAGEM DO TÓRAX
Caro Estrategista, os exames de rastreio de patologias em pacientes assintomáticos, mas com
♥
eo
são fundamentais para a avaliação do exames de imagem e como interpretá-los. A discussão sobre
ro
paciente com sintomas respiratórios, além etiologias e acometimentos específicos será feita separadamente,
id
é
ATENÇÃO! O foco deste capítulo não é nos aprofundarmos nas técnicas dos exames complementares,
a
dv
pi
7. 1 RADIOGRAFIA DE TÓRAX
Trata-se de um exame bastante útil na prática médica, pois acrescenta muitas informações ao exame físico inicial do paciente, além de
ser acessível e barato. Vale ressaltar que a radiografia de tórax apresenta boa sensibilidade para a maioria das patologias respiratórias, apesar
da baixa especificidade, exigindo o prosseguimento da investigação com exames mais específicos, como a tomografia de tórax.
7.1.1 TÉCNICA
m
(AP) é adotada; nesse caso, com o paciente em
decúbito dorsal (posição supina).
co
Outro aspecto técnico que deve ser
analisado é a obtenção da imagem com o
paciente em inspiração profunda (na sua
capacidade pulmonar total). A expiração
s.
profunda adquire importância na suspeita de
pneumotórax, aumentando a sensibilidade do
exame para o diagnóstico.
♥
eo
o
ub
•
Outras incidências: AP, apicolordótica, oblíqua, decúbito lateral com raios horizontais ou
o
•
nã
Aspectos, como posição adequada do paciente, centralização/rotação e penetração da radiação, devem ser observados e ajustados.
me
Por convenção, as radiografias de tórax são obtidas a uma distância de 180 centímetros entre o filme e o tubo.
O motivo é minimizar a distorção e a ampliação de estruturas mediastinais.
7.1.2 INTERPRETAÇÃO
A correta interpretação do exame depende do conhecimento prévio dos referenciais anatômicos e do conhecimento de uma radiografia
normal. Além disso, para minimizar a possibilidade de erro, devemos sistematizar a avaliação (roteiro definido), sempre analisando as
estruturas básicas.
1. Estruturas ósseas: mineralização óssea (densidade), lesões líticas ou osteoblásticas, fraturas e formação de calos ósseos.
2. Partes moles: subcutâneo, tecido adiposo, mamas e músculos peitorais.
3. Espaços pleurais: normalmente não são vistos, exceto finais de linhas cisurais que podem ser visualizadas. Deve-se atentar para
os ângulos ou seios costofrênicos.
4. Pulmões: avaliar aeração (transparência normal), associada à sombra dos vasos e brônquios de maior calibre; simetria de volumes.
m
5. Hilos pulmonares: avaliar a posição, dimensões e morfologia de vasos e brônquios.
6. Mediastino: atentar no coração, pericárdio e grandes vasos.
co
Caro Estrategista, provavelmente você deve estar perguntando-se o motivo de tantos detalhes descritos
até aqui. Vou mostrar-lhe que eventualmente isso é cobrado em algumas bancas.
s.
E, como somos Estrategistas, estamos preparados para todas elas, por mais complexas ou “sem noção”
que possam ser.
♥
eo
CAI NA PROVA
o
ub
ro
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE GOIÁS (SES) – 2017) As radiografias de tórax de um adulto, previamente hígido e com suspeita de
id
pneumonia, são realizadas com o paciente de pé, a uma distância entre o filme e o tubo de raios X de:
é
o
nã
A) 90 cm.
B) 120 cm.
a
dv
pi
C) 150 cm.
D) 180 cm.
Có
COMENTÁRIO
me
Sem muitas delongas, trata-se, provavelmente, de uma questão para a prova de técnico de radiologia perdida na nossa prova de
Residência Médica!
Distância correta entre o filme e o tubo de radiografia: 180 cm!
Correta a alternativa D
(HOSPITAL DO CORAÇÃO DE LONDRINA (PR) – 2013) A radiografia simples de tórax é um dos exames radiológicos mais utilizados na prática
médica. Sobre esse exame, assinale a alternativa correta:
COMENTÁRIO
Caro Estrategista, conceitos importantes para entendermos mais sobre radiografia de tórax:
m
Correta a alternativa A a radiografia em expiração completa facilita a visualização de pneumotórax e áreas de aprisionamento aéreo.
co
Incorreta a alternativa B: a radiografia de tórax apresenta boa sensibilidade (capacidade de excluir doenças, quando normal), mas baixa
especificidade (insuficiente para definir a etiologia da doença). Portanto, muitas vezes as alterações definem um padrão de alteração, mas
raramente o achado é patognomônico!
s.
Acrescento, ainda, mais uma informação: exames de imagem não definem etiologia de pneumonia (o conceito de pneumonia atípica
e típica não é definido por radiografia ou TC de tórax).
Incorreta a alternativa C: a incidência em PA e a padronização da distância do filme para o tubo de radiografia (180 cm) são definidas para
♥
eo
Incorreta a alternativa D: a incidência AP deve ser reservada apenas para os pacientes que não podem assumir a posição ortostática, uma
ub
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO (SCMRJ) - 2012) A radiografia do tórax é realizada rotineiramente em póstero-anterior
o
porque:
nã
a
COMENTÁRIO
Agora, já sabemos!
O motivo da padronização do exame em PA e perfil esquerdo, com distância de 180 cm entre o filme e o tubo de radiografia é minimizar
a distorção e a ampliação de estruturas mediastinais.
Correta a alternativa C
m
coração e linfonodos.
7.2.1 TÉCNICA
co
s.
• A TC mede a atenuação gerada pelos tecidos,
determinada pela sua densidade (medida em
♥
•
nã
Podem-se utilizar técnicas diferentes em situações específicas, como imagens obtidas em expiração (avaliação de doenças das pequenas
vias respiratórias, aprisionamento aéreo) e imagens obtidas em decúbito ventral (diferenciação entre atelectasia relacionada ao decúbito e
doença intersticial incipiente).
Por muitos anos, a US de tórax foi considerada método de pouca utilidade, pela impossibilidade (teórica) de avaliação do pulmão,
uma vez que há uma grande dispersão das ondas sonoras ao atravessar tecidos preenchidos com ar. Entretanto, a interface entre o tecido
pulmonar e as estruturas não aeradas geram imagens e artefatos característicos que permitem a visualização de alterações pulmonares com
alta sensibilidade e especificidade, além da praticidade do exame e poucos efeitos colaterais, incluindo obtenção de imagens sem utilização
m
de radiação.
Atualmente, o uso da US de tórax está amplamente difundido para avaliação na emergência (lesões agudas, traumáticas), na unidade
co
de terapia intensiva (monitorização, complicações agudas e procedimentos) e para realização de procedimentos ambulatoriais guiados
(toracocentese, biópsias). s.
Estrategista, finalizamos mais um capítulo deste livro!
Lembre-se: discutiremos os achados de cada patologia nos seus respectivos livros digitais!
Vamos em frente!
♥
eo
o
ub
ro
CAPÍTULO
id
é
8.0 TOSSE
o
nã
Caro Estrategista, finalizamos uma importante parte da introdução à pneumologia: já revisamos anatomia,
a
dv
fisiologia, semiologia e os principais exames complementares da área (função pulmonar e exames de imagem)!
pi
Tosse
Dispneia
Dor torácica
Expectoração/Hemoptise
Cianose
Estimado aluno, os demais sintomas serão revisados dentro dos principais temas, ao longo dos vários livros digitais do Estratégia MED.
Não se preocupe, abordaremos todos os tópicos para sua aprovação ao longo do nosso curso.
8. 1 DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA
m
Fonte: Shutterstock
co
A tosse, juntamente ao clearance mucociliar, é um importante mecanismo de defesa do organismo e tem
a função de eliminar materiais inalados e/ou retirar o excesso de muco (expectoração). O processo da tosse pode
ser dividido em três fases: inspiratória, compressiva e expiratória.
s.
Fonte: Shutterstock
2. Compressiva: fechamento da glote e contração isométrica dos músculos expiratórios (aumento da pressão
o
ub
intratorácica e abdominal).
ro
O reflexo da tosse envolve cinco grupos de componentes: receptores de tosse, nervos aferentes, centro da tosse, nervos eferentes e
o
músculos efetores.
nã
a
•
pi
• Receptores da tosse: presentes na via aérea alta, traqueia e brônquios. Ainda estão presentes no esôfago (reflexo esôfago-traqueal)
e diafragma.
me
• Estímulos: químicos (gases), mecânicos (secreções, corpos estranhos, partículas), térmicos e inflamatórios.
Curiosamente, os receptores de tosse não estão presentes nos alvéolos e no parênquima pulmonar. Portanto, um
paciente pode apresentar uma pneumonia (alveolar) sem manifestar tosse!
8. 2 CLASSIFICAÇÃO
A tosse pode ser classificada de acordo com a duração, produção de secreção ou efetividade.
• Duração:
• Aguda: < 3 semanas.
• Subaguda: 3 a 8 semanas.
• Crônica: > 8 semanas.
• Produção de secreção (expectoração): seca e produtiva.
• Efetividade: efetiva ou pouco efetiva (ineficaz).
m
Classificação da tosse (segundo a duração)
co
Principais causas
Gotejamento nasal posterior (síndrome da tosse de vias respiratórias superiores), asma e doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE).
♥
eo
Crônica
Outras causas: tuberculose pulmonar, bronquite crônica (tabagismo), bronquiectasias, doenças intersticiais,
o
ub
8. 3 DIAGNÓSTICO
o
nã
A história clínica e o exame físico fornecem pistas importantes para o diagnóstico, mas muitas vezes o teste terapêutico auxilia na
a
Vale ressaltar que pode haver associação de duas ou mais causas e a identificação dessa situação é imprescindível para o sucesso do
Có
tratamento.
me
Cerca de 85% das causas de tosse crônica em pacientes imunocompetentes estão relacionadas a três situações
clínicas: gotejamento nasal posterior, hiper-responsividade das vias aéreas/asma e DRGE.
O GNP ou síndrome da tosse de vias respiratórias superiores (STVRS) é a principal causa de tosse crônica. Refere-se à sensação de
gotejamento de secreções na traqueia, congestão nasal, rinorreia e pigarro. Secreções em naso e orofaringes sugerem o diagnóstico, mas não
m
existe um exame que confirme a etiologia da tosse.
Para o diagnóstico, é necessária uma combinação de fatores: sintomas (predomínio ao deitar-se ou pela manhã, logo após o despertar),
co
exame físico, achados radiológicos e resposta terapêutica.
• Hiperresponsividade brônquica
s.
Representa cerca de 1/3 dos casos de tosse crônica e refere-se a uma resposta exagerada das vias aéreas a um agente broncoconstritor
em pacientes suscetíveis, que pode apresentar-se como asma clássica ou tosse variante de asma.
O diagnóstico de asma é facilitado pela presença de outros sintomas associados, como sibilos, dispneia e opressão torácica, em
crises, confirmado pela presença de obstrução reversível ao fluxo aéreo (espirometria ou teste de broncoprovocação). Por sua vez, a tosse
♥
eo
variante de asma caracteriza-se pela presença de tosse isolada, que melhora após o uso de corticosteroide inalatório e apresenta teste de
o
ub
broncoprovocação positivo.
ro
•
é
o
nã
Importante causa de tosse crônica, desencadeada por estimulação dos receptores esofágicos (reflexo esofagobrônquico), alterações
na motilidade esofágica e aspiração de conteúdo gástrico. O quadro clínico pode incluir regurgitação e pirose ou manifestar-se, isoladamente,
a
dv
pi
A endoscopia digestiva alta pode revelar esofagite, mas o exame não é conclusivo para a definição da etiologia da tosse. O teste mais
sensível e mais específico para o diagnóstico de tosse por DRGE é a pHmetria esofágica de 24h.
Como o refluxo gastroesofágico pode ser de conteúdo ácido e de conteúdo não ácido, a pHmetria negativa não exclui o diagnóstico,
me
bem como a ausência de resposta terapêutica ao uso de inibidor de bomba de próton (IBP). O tratamento envolve medidas comportamentais,
educacionais e medicamentosas. Procedimentos cirúrgicos são reservados para casos mais graves e refratários.
Deve ser lembrada como possível causa de tosse naqueles pacientes com uso dessa medicação, podendo estar presente em até 15%
dos usuários dela.
Tal achado não é dose-dependente e pode ocorrer horas após a primeira dose ou após meses de uso, não existindo correlação temporal.
O tratamento consiste na suspensão da droga, mas a melhora do sintoma pode ocorrer até 4 semanas após a retirada.
• Tosse pós-infecciosa
Nos quadros infecciosos, a tosse pode ser mantida por três semanas ou mais após o quadro, mas não ultrapassa 8 semanas. Não
apresenta alterações nos exames de imagem (exceto se processo infeccioso em resolução) e o diagnóstico é clínico e de exclusão.
• Outras causas
Dentre as causas frequentes de tosse no consultório incluem tabagismo ativo (bronquite crônica), tuberculose pulmonar e cardiopatias
(principalmente se descompensadas).
Causas mais raras incluem bronquite eosinofílica não asmática, bronquiolite, bronquiectasias, doenças pulmonares intersticiais, tosse
ocupacional e ambiental, diálise peritoneal, tosse somática ou psicogênica, traqueobroncomalácia, estenose de vias aéreas, síndrome de
m
Mounier-Kühn, proteinose alveolar pulmonar, vasculites, tosse idiopática, entre outras.
co
8. 4 TRATAMENTO
Deve-se ressaltar que o tratamento deve ser voltado para a causa da tosse, e não apenas para o sintoma. Por sua vez, o tratamento
da tosse pode ser dividido em teste terapêutico e tratamento específico.
s.
8.4.1 TESTE TERAPÊUTICO
♥
eo
É realizado quando existe a suspeita de uma causa específica, que não é confirmada com exames complementares e, geralmente,
o
incluem medicamentos para o tratamento das principais causas, em sequência ou associados: corticosteroides inalatórios e/ou nasais, anti-
ub
Além do tratamento da causa, em quadros de tosse crônica, podemos lançar mão de um arsenal terapêutico para o tratamento do
a
dv
pi
provocando insônia, dor torácica ou incontinência urinária, ou na presença de tosse excessiva ou irritativa, em situações em que a causa base
não é reversível. Os medicamentos mais utilizados são os fármacos que atuam no sistema nervoso central, como os opioides (codeína e
me
morfina) e a gabapentina.
Fármacos que atuam no sistema nervoso periférico inibem o reflexo da tosse perifericamente e tem boa eficácia no controle da
tosse de origem pulmonar, como a levodropropizina.
CAI NA PROVA
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO (SES-PE) – 2020) Uma paciente procura o ambulatório com queixas de
tosse seca há quatro meses. É hipertensa, controlada com enalapril 20mg/dia e refere fumar um maço de cigarros/dia há 20 anos. Ao exame
físico, a ausculta pulmonar é normal e PA = 140x90 mmHg. Assinale a melhor conduta para o caso nesse momento.
m
E) Associar beta2 agonista, já que a tosse deve ser manifestação de DPOC incipiente.
co
COMENTÁRIO
Caro Estrategista, precisamos aprender com as questões e, principalmente, entender o que o enunciado (e o examinador) quer nos
s.
indicar como resposta correta!
Estamos diante de uma paciente tabagista (carga tabágica de 20 anos-maço) e hipertensa, em uso de enalapril (IECA), com queixa de
tosse crônica (> 8 semanas). Qual a principal etiologia do sintoma?
Sabemos que 85% das causas de tosse crônica estão relacionadas a gotejamento nasal posterior, hiper-responsividade das vias aéreas/
♥
eo
asma e DRGE, mas o enunciado cita duas outras importantes causas de tosse crônica: tabagismo (DPOC ou bronquite crônica) e uso de IECA.
o
ub
Incorreta a alternativa A: apesar de a pressão não estar controlada nesse momento, o enunciado (e o examinador) pergunta sobre o que
é
Correta a alternativa B sabemos que o uso de IECA pode causar tosse em até 15% dos pacientes, independentemente da dose e do
a
dv
pi
tempo de uso. Portanto, retirar a medicação, como teste terapêutico, faz parte da abordagem desse paciente. Lembrando que a redução
Có
do sintoma pode não ser imediata, devendo-se avaliar por cerca de 4 semanas.
Incorreta a alternativa C: mais uma vez, o foco da questão é o tratamento da tosse crônica, e não o nível de pressão arterial sistêmica da
me
paciente.
Incorreta a alternativa D: o DRGE é a terceira causa de tosse crônica e deve ser considerado em todos os pacientes, mas o enunciado (e o
examinador) direciona-nos para outra possibilidade etiológica, sem nenhuma queixa ou “sinal” de DRGE.
Incorreta a alternativa E: o diagnóstico de DPOC deve ser confirmado por meio de uma espirometria, com presença de obstrução fixa ao
fluxo aéreo. Não devemos iniciar o tratamento de tal comorbidade sem a confirmação diagnóstica (principalmente na sua prova). Além
disso, para a confirmação de bronquite crônica (responsável pela tosse nos pacientes com DPOC), precisamos ter a presença de tosse por,
no mínimo, 3 meses ao ano, por 2 anos consecutivos.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE GRANDE DOURADOS (UFGD) – 2019) Paciente masculino, 42 anos, vendedor, está tossindo há alguns meses e
procura a Unidade Básica de Saúde para uma consulta médica. Durante a consulta diz à médica que viu um programa na televisão sobre câncer
de pulmão e está com receio de ter a doença. Relata que está tossindo há mais de 3 meses. Nega tabagismo, uso de álcool e medicamentos.
A tosse é persistente e tem momentos de piora como, por exemplo, após as refeições. Relata ainda que sente "catarro descer pela garganta"
e que o nariz está constantemente "escorrendo". Pela descrição, a tosse desse paciente é:
m
COMENTÁRIO
co
Caro Estrategista, algumas questões não podem ser perdidas para sua aprovação. Para solucionar a questão acima, bastava relembrar
a classificação de tosse segundo a duração do sintoma!
s.
• Aguda: < 3 semanas.
• Subaguda: 3 a 8 semanas.
• Crônica: > 8 semanas.
♥
eo
o
Só para acrescentar à discussão, o paciente apresenta quadro compatível com duas das três principais possibilidades diagnósticas para
ub
Correta a alternativa D
o
nã
(HOSPITAL NACIONAL DO CÂNCER (INCA-RJ) – 2018) Um paciente de 26 anos relata episódios de tosse há 5 meses, sem outros sintomas.
a
dv
pi
Nega tabagismo. Nega uso de medicações. O RX de tórax sem alterações. Quais são as três etiologias iniciais que devem ser investigadas?
Có
COMENTÁRIO
Futuro Residente, para acertar essa questão, precisamos saber as principais causas de tosse crônica, já que o paciente apresenta
sintomas há mais de 8 semanas.
Nesse caso, 85% das causas de tosse crônica estão relacionadas a gotejamento nasal posterior, hiperresponsividade das vias aéreas/
asma e DRGE.
Correta a alternativa D
CAPÍTULO
m
introdução à pneumologia! Estudamos Neste último capítulo, abordaremos um tema muito
a anatomia, fisiologia e patologia importante para sua prática médica! Entender cuidados paliativos
co
pulmonares, a semiologia respiratória, para e colocá-los em prática é exercer o que há de mais digno na nossa
posteriormente entendermos importantes métodos diagnósticos, profissão: cuidar do paciente com foco na qualidade de vida, e não
como a função pulmonar e os exames de imagem do tórax. Por fim, apenas na cura de uma possível doença.
s.
“Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”.
Hipócrates
♥
eo
Para sua prova de Residência Médica ou para a prova do Revalida, poucas questões abordaram o tema até hoje. Entretanto, o tema
o
adquire maior importância e espaço na medicina a cada dia, podendo ser abordado tanto na sua prova discursiva como na prova prática.
ub
Assim sendo, precisaremos conhecer alguns conceitos e condutas necessárias, sem maiores aprofundamentos para discutir um tema tão
ro
nobre.
id
é
o
nã
9. 1 INTRODUÇÃO/DEFINIÇÃO
a
dv
pi
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidados paliativos são definidos como “a assistência a pacientes e familiares no
enfrentamento de problemas associados a doenças graves ou potencialmente fatais, melhorando a qualidade de vida por meio da prevenção,
identificação precoce e alívio do sofrimento, tratamento impecável da dor e de outros problemas físicos, psicossociais e espirituais.”
me
• Visa aliviar o sofrimento humano em qualquer estágio de sua enfermidade. Portanto, não é cuidado de fim de vida, mas ao longo
da trajetória da doença, em sinergismo com a abordagem curativa;
• Objetiva melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes com limitações impostas por suas doenças;
• O cuidado não se encerra com o falecimento do paciente: acolher os familiares e auxiliar na vivência do luto também está
compreendido na dimensão dos cuidados paliativos; e
• Equipe multiprofissional: médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.
m
co
Adaptado de Lanken et al
9. 2 OBJETIVOS
s.
As práticas em cuidados paliativos foram definidas na Diretrizes Clínicas para Cuidados de Qualidade de Vida (Clinical Practice Guidelines
for Quality Palliative Care):
♥
eo
o
• Oferecer uma abordagem multiprofissional que atenda às necessidades dos pacientes e de suas famílias, incluindo o aconselhamento
id
do luto;
é
•
nã
9. 3 COMUNICAÇÃO
A comunicação deve ser clara e objetiva, seguindo as orientações do Protocolo SPIKES (protocolo de comunicação de más notícias).
- Setting up
- Estudar o caso e se preparar para a entrevista
S
- Perception
- Avaliar o grau de percepção do paciente/ família
P
- Invitation
- Convidar o paciente/ família para o diálogo
m
I
- Knowledge
co
- Transmitir a informação com clareza
K
- Emotions/ Empathic responses
- Abordar as emoções de maneira empática
E
s.
- Strategy and Summary
- Sumarizar as informações e definir estratégias de cuidado
S
Adaptado do Protocolo SPIKES
♥
eo
o
Em geral, a abordagem dos pacientes com doenças respiratórias potencialmente fatais inclui o manejo de dispneia, tosse, fadiga,
id
é
9.4.1 DISPNEIA
a
dv
pi
A dispneia correlaciona-se com a gravidade e progressão da doença, mas também com a interação de fatores físicos, psíquicos e
Có
socioambientais.
O manejo inicial consiste no tratamento da doença de base (oxigenoterapia, broncodilatação, controle de derrame pleural etc.);
me
•
• Reabilitação física/respiratória;
• Medidas comportamentais/“ventilador” no rosto; e
• Uso de medicações em sintomas refratários – morfina 5mg, VO, 4/4h:
• Atenção com idosos e presença de disfunção renal;
• Efeitos adversos: intoxicação (rebaixamento do nível de consciência, Depressão respiratória e bradipneia), constipação
intestinal;
• Iniciar, concomitantemente, laxativos estimulantes à noite e laxativos osmóticos durante o dia;
• Tratar sintomas psicológicos/crises de ansiedade;
9.4.2 CAQUEXIA
A caquexia pode ser causada por alteração do hábito intestinal, distúrbios endócrinos-metabólicos, má absorção e distúrbios
psicológicos. Deve haver controle dos fatores de risco e adaptação da dieta, suplementação nutricional e hidratação adequada, de acordo
com o estágio de doença e funcionalidade do paciente.
m
9.4.3 HEMOPTISE
co
O sangramento proveniente das vias aéreas inferiores causa, além de risco de vida, angústia e ansiedade para os pacientes e familiares.
O tratamento, prioritariamente, direciona-se à causa base (neoplasias, bronquiectasias, cavitações pulmonares).
Em casos refratários/situações de urgência:
s.
• Nebulização com ácido tranexâmico;
• Técnicas broncoscópicas com instilação de solução salina gelada e adrenalina;
• Embolização arterial brônquica; e
♥
eo
9.4.4 TOSSE
id
é
o
Como já vimos neste livro, a tosse é o principal sintoma do paciente pneumopata, com várias repercussões que podem comprometer
nã
O tratamento sempre se iniciará com medidas direcionadas à causa base e, nos casos refratários, com o uso de antitussígenos.
dv
pi
Có
9.4.5 BRONCORREIA
Broncorreia é a produção aumentada de secreção pulmonar (geralmente > 100 mL/dia), que pode ocasionar obstrução de vias aéreas
e aumento do risco de infecções.
As principais abordagens farmacológicas incluem inalação com ipratrópio, uso de anticolinérgicos e colírio de atropina 1% (sublingual).
Em casos extremos, podemos avaliar uso de antibiótico e corticosteroides.
9.4.6 DOR
A dor está presente em mais de 50% dos pacientes com doença avançada e engloba, além do acometimento físico (tecidual), fatores
psicossociais, espirituais e familiares envolvidos no controle e/ou persistência do sintoma.
O tratamento inicia-se com a diferenciação de dor neuropática e dor nociceptiva e controle dos fatores causais.
• Dor neuropática: lesão do sistema nervoso 🡪 antidepressivos, gabapentina e pregabalina ou lidocaína tópica.
• Dor nociceptiva: ativação de receptores de dor teciduais 🡪 guiado pela escala de dor da OMS.
m
Dor leve Dor moderada Dor intensa Dor refratária
(1-4) (4-6) (6-10)
co
s.
Procedimentos
intervencionistas +
♥
eo
Analgésico
ub
Analgésico/ AINE
ro
id
é
Drogas adjuvantes
o
nã
Adaptado, OMS
a
dv
pi
9. 5 OUTROS CONCEITOS
Có
Estrategista, chegamos ao fim da abordagem dos principais sintomas respiratórios do paciente com doença grave e
me
potencialmente fatal. Por fim, vamos relembrar conceitos que são utilizados para classificação da funcionalidade do paciente
(performance status), relacionados aos procedimentos realizados, conforme a atual legislação brasileira, e que podem ser
cobrados em sua prova.
Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido dele ou de seu representante legal.
Eutanásia
- Prática proibida pela legislação brasileira, configurando-se como homicídio.
Definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem
Ortotanásia sofrimento, permitindo a evolução e percurso da doença.
- Prática preconizada para o cuidado adequado ao fim da vida.
m
- Prática repudiada e antiética (má prática médica).
co
s.
Escala de performance: ECOG e Karnofsky
ECOG 0
Completamente ativo, capaz de realizar as suas atividades sem restrição.
Karnofsky 90-100 %
♥
eo
ECOG 1
o
Karnofsky 70-80%
ro
ECOG 2 Capaz de realizar todos os autocuidados, mas incapaz de realizar qualquer atividade de trabalho;
id
é
ECOG 3 Capaz de realizar somente autocuidados limitados, confinado ao leito ou cadeira > 50% do
nã
Caro Estrategista, aqui concluímos a breve revisão de um tema de importância primordial na prática médica: o
cuidado voltado para o paciente! A seguir, revisaremos os conceitos cobrados em prova! Não se esqueça de que
podem também ser abordados na sua prova prática!
CAI NA PROVA
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL (AMRIGS) – 2021) Mulher, 76 anos, com diagnóstico de câncer de pulmão com metástases
ósseas e hepáticas. É independente para atividades de vida diária, mora com a filha de 45 anos e neta de 21 anos. Durante a primeira consulta
ambulatorial, acompanhada da filha, refere que gostaria de morrer em casa e está preocupada se isso é possível e como irá controlar a
dispneia e as dores. Em relação ao caso relatado, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A morfina pode ser utilizada para alívio da dispneia, em doses baixas, de horário.
B) Deve-se iniciar tratamento para controle de dor, associando opioides, analgésicos e drogas adjuvantes.
C) Apesar de ser a primeira consulta, realizar as diretivas antecipadas da paciente, registrando em prontuário.
D) O uso de laxantes nos pacientes que usam opioides de horário deve ser iniciado somente se houver constipação.
m
co
COMENTÁRIO
Futuro Residente, fique atento às dicas da prova! A questão inicia a descrição de uma paciente com doença avançada (câncer de pulmão
s.
metastático) e questões psicossociais: funcionalidade, meio em que vive e condições ideais para o fim da vida! Vamos oferecer a ela os
melhores cuidados, focados no alívio dos sintomas, já que a doença não é passível de cura!
Correta a alternativa A: como vimos, opioides são utilizados para alívio de dispneia e dor.
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Parcialmente correta a alternativa B: o alívio da dor deve ser guiado pela escala de dor da OMS, com incremento gradual de medicações,
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conforme controle adequado ou não do sintoma. A questão apenas aborda preocupação da paciente com as dores, mas não faz a graduação
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de tal sintoma. Não é indicado iniciar com associação de todas as classes medicamentosas, e sim um aumento gradual.
Correta a alternativa C: vale ressaltar que, apesar de ser a primeira consulta, a própria paciente traz a preocupação com os cuidados de
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fim de vida e isso não pode ser ignorado. Sabemos que tal abordagem deve ser realizada de forma individual, conforme o entendimento
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Incorreta a alternativa D com a alta incidência de constipação como efeito colateral ao uso de opioide, as atuais recomendações
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definem o início concomitante de laxativos ao uso de opioides, não aguardando o aparecimento do novo sintoma.
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(UNIVERSIDADE FEDERAL DE GRANDE DOURADOS (UFGD) – 2020) Você é chamado, no meio da noite, para atender um paciente de 91 anos
internado na enfermaria de clínica médica, para tratamento de pneumonia. A filha, acompanhante nessa internação, solicitou avaliação pois
achou o pai mais cansado do que estava durante o dia. O paciente estava taquipneico (FR 31 irpm), com saturação de oxigênio de 85% em
máscara de Venturi 50%. Ao checar o prontuário, você nota, na prescrição, além da antibioticoterapia, somente dipirona em horários fixos.
Na evolução do médico assistente, além do diagnóstico de Alzheimer avançado, Karnofsky 40% e pneumonia, você nota o registro isolado de
Cuidados Paliativos. Em uma conversa com a filha, é informado sobre a decisão entre familiares e equipe médica de tratar a pneumonia como
forma de otimizar o conforto. Sua proposta terapêutica, nesse momento, é:
A) Intubação orotraqueal e internação em UTI, como suporte para continuação do tratamento inicial proposto (pneumonia).
B) Intubação orotraqueal e internação em UTI, uma vez que é a única forma de oferecer conforto ao paciente que não responde à
suplementação de oxigênio.
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C) Conversar com a filha e explicar o processo natural da morte e seus sintomas refratários, como a dispneia.
D) Iniciar midazolam e fentanil em doses altas para conforto do paciente.
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E) Iniciar opioide (por exemplo, morfina) em dose inicialmente baixa, para controle do sintoma de dispneia.
COMENTÁRIO
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Estrategista, cuidado para não se perder durante o caso clínico. Atente para o conceito abordado ao longo da narrativa: paciente
com demência avançada, Karnofsky 40% e cuidados para otimizar conforto, já definidos previamente entre familiares e equipe assistente.
Portanto, mesmo tratando-se de um atendimento de urgência, que muitas vezes não é a situação ideal para abordar o tema com paciente e
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familiares (lembre-se do protocolo SPIKES), por ser um anseio previamente definido, não podemos ir contra os desejos dos envolvidos.
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Incorreta a alternativa A: ao prosseguir com procedimentos invasivos para esse paciente, estaremos praticando a distanásia.
Incorreta a alternativa B: ao prosseguir com intubação orotraqueal nesse momento, causaremos o prolongamento desnecessário da vida,
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Incorreta a alternativa C: atente-se ao conceito abordado na alternativa: conversar com a filha e explicar o processo natural da morte faz
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parte do acolhimento aos familiares e, consequentemente, dos preceitos de cuidados paliativos. Entretanto, a dispneia causa desconforto
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Incorreta a alternativa D: a sedação paliativa é alternativa para os casos refratários à terapêutica instituída. No momento, nosso paciente
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está utilizando apenas oxigenoterapia complementar, sendo o próximo passo o uso de opioides para controle da dispneia.
Correta a alternativa E acabamos de definir que, após o aporte de oxigênio para os pacientes com hipoxemia, a abordagem da
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dispneia inclui o uso de opioide, principalmente morfina, em baixas doses (com aumento gradual conforme tolerância e controle adequado
do sintoma).
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s. https://estr.at/ABDn
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Eur Respir J 2016; 47:724–732.
8. Aviles-Solis, J.C.; Vanbelle, S.; Halvorsen, P.A.; Francis, N.; Cals, J.W.L.; Andreeva, E.A.; Marques, A.; Piirilä, P.; Pasterkamp, H.; Melbye, H.
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International perception of lung sounds: a comparison of classification across some European borders. BMJ Open Respir Res., 2017, Dec
18;4(1):e000250.
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Não se esqueça: só a prática e a repetição levam à perfeição!
Faça bom proveito, futuro Residente ou Revalidando! Estamos à disposição para eventuais dúvidas, discussões ou mesmo para uma boa
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conversa sobre pneumologia e seus encantos!
Um grande abraço,
Philippe.
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