Corporificando A Consciência - Theda Basso, Aidda Pustilnik

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Corporificando a Consciência (Resumo Feliz)

Theda Basso, Aidda Pustilnik


*DEP = Dinâmica energética do psiquismo

Introdução
Este método propõe o que aparece simbolicamente na mitologia egípcia
como "juntar os fragmentos de Osíris": a compreensão daquilo que despedaça
Osíris, o encontro dos elementos espalhados, esquecidos perdidos; e a ação
adequada para reunificá-lo. (Página 11)

Arte do encontro que cura

Quando o ego se encontra ao propósito do ser, um indivíduo se transforma


numa "espécie de supercondutor”, de resistência quase nula, que retransmite toda a
presença da consciência que ele pode suportar, sem distorção. (Página 11)

Qual é, então, o objetivo da escola Dinâmica Energética do psiquismo? O


objetivo da Escola é trabalhar o terapeuta, para que ele se torne um retransmissor
do padrão morfogenético do campo da Consciência. Desta forma, ele se torna um
supercondutor, um transmissor daquela presença do Ser, onde quer que se
encontre, atuando para o seu livre e fluxo de pessoas e organizações com as quais
trabalhe. Chamamos de terapeuta aquele que "cuida de ser" (...)

A Consciência e suas manifestações (Capitulo 1)


A psicologia transpessoal é um ramo da psicologia que vem sendo
sistematizado desde os anos setenta até nossos dias, também denominado a quarta
força no seio dos estudos psicológicos.(Página 16)

Seu centro de atenção às questões relativas à Consciência

(...) seu foco de atenção centrado na Consciência e em suas manifestações no


mundo físico e não físico, especialmente na experiência humana. (Página 16)\

1. A Consciência e suas manifestações

Para a DEP, consciência é aquilo que É, ou seja, o Ser na sua totalidade; e


nós, assim como todas as coisas que existem no mundo físico e não-físico, somos
Suas manifestações individualizadas, com a qual temos uma relação holográfica de
parte/Todo. Nós, seres humanos, somos Consciência corporificada, o que significa
que somos Consciência, porém no limite de nossa expressão nesta experiência de
vida, neste momento. O ser, em si, é Uno e nós, sua manifestação individualizada,
somos múltiplos; múltiplas manifestações do todo (Página 17)
O que não notamos como desenvolvimento humano é um processo temporal onde o
indivíduo vai-se tornando capaz de sustentar mais e mais a expressão da
consciência e em níveis cada vez mais sutis. Isso acontece em fases, como notou
Piaget, por exemplo. (Página 18)

Em nossa trajetória existencial, individual e coletiva, não conseguimos, ainda,


manifestar a Unidade do Ser, seja em nossos pensamentos, seja em nossas ações.
Manifestamos, sim, a fragmentação, especialmente através do estado dual de nossa
consciência, no qual vivenciamos as experiências didáticas de sujeito-objeto,
certo-errado, positivo-negativo, bem-mal. No geral, todas as nossas experiências,
no aqui e no agora, são vivenciadas e compreendidas sob esta ótica dual. (Página
18)

(...) Fazer o caminho do desenvolvimento da Consciência, manifestando em si a


consciência, é fazer o ”caminho do herói" (...) Nossa tarefa histórica é permitir que a
Consciência se manifeste em nossa experiência e expressividade individual e
coletiva. (Página 19)

(...) A interação é propiciar, ao ser humano o acesso a estados cada vez mais sutis
de consciência por isso mesmo, transpessoais. (Página 20)

(...) O desenvolvimento pessoal é nossa fundamental instrumento de ação junto ao


outro. O limite de intervenção terapêutica depende do nível de desenvolvimento, o
que se traduz pelo nível de desenvolvimento de nossa consciência. (Página 20)

Chamamos a plenitude de ser de Energia Universal Indiferenciada, onde tudo


É, até o segundo antes de qualquer início de manifestação. Aqui a Energia universal
existe na sua potencialidade absoluta, perene e não manifesta. (Página 21)

1. O Inconsciência Emergente

A consciência É, e tudo que se manifesta, seja no mundo físico ou não-físico,


é Consciência individualizada. O individual manifesta, seja ele o que for,
continuamente, é um Núcleo Individualizado da Consciência. Nós somos Núcleos
Individualizados da Consciência, e é com esta qualidade que nos expressamos ao
longo de nossa existência, através de nossos estados de consciência, fazendo com
que venha à tona aquilo que estava inconsciente, tornando patente aquilo que era
latente, e por isso, emergente. (Página 26)

Em síntese, denominamos de Inconsciente Emergente o fato de nosso Ser


possuir a totalidade de suas possibilidades, desde sua origem. É o estofo de nossas
possibilidades que podem e devem se manifestar. Todavia, como já sinalizamos
acima, nem sempre somos capazes de manifestar todas as qualidades de nossas
estruturas profundas. Nosso sistema nervoso não suporta, pura e simplesmente,
manifestar a totalidade de nossa possibilidade. Caso isso viesse a acontecer, ele
ficaria impactado ou se destruiria. É por isso que nós desenvolvemos biológica,
psicológica e espiritualmente e, deste modo, ganhamos base para suportar a
manifestação do que efetivamente Somos. (Página 27)

(...) temos uma trajetória pessoal de desenvolvimento e, através dela, vamos tendo
possibilidade, cada vez mais organizadas e, por isso, mais conscientes, de
sustentar as múltiplas manifestações da Consciência (...) (Página 27)

(...) Sem base de sustentação, é impossível manifestar as qualidades da fase


subsequente. (...) (Página 32)

Nossas células nervosas necessitam criar as possibilidades de manifestação.


Na linguagem de Freud, diríamos que, se não podemos manifestar um certo
conhecimento, é porque ainda não construímos o "caminho facilitado” para tal. E
caminho facilitado significa a formação das sinapses nervosas que nos permitem
manifestar, expressar e fazer alguma coisa sem dificuldade. Nossos atos, quaisquer
que sejam eles, sustentam-se numa base celular nervosa. Por isso, precisamos
prepará-la para poder expressar o que nos chega. (Página 33)

Sei que para tudo há uma razão. Talvez na hora não tenhamos discernimento nem a
percepção para compreendê-la, porém, com tempo e paciência, ela acaba por
revelar. Brian Weiss - Muitas vidas e muitos mestres. (Página 33)

(...) Cada um de nós, olhando nossa trajetória de vida auxiliados pela psicologia (...)
pode perceber nossos passos sucessivos em busca de sermos seres
independentes e autônomos, mas ao mesmo tempo, integrados na coletividade
humana e na perspectiva da experiência unitiva. Vamos do simples para o
complexo, do local para o universal, do inconsciente para o consciente. (Página
36)

3. Os Estados de consciência e seu desenvolvimento na dinâmica


energética do psiquismo

3.1. A espiral do desenvolvimento da consciência

Entendemos por Consciência tudo o que existe ou Ser na sua totalidade,


conforme já definimos anteriormente. Tudo o que existe no universo físico e
não-físico é Consciência em manifestação. Por estado de consciência,
compreendemos os patamares de consciência que conseguimos atingir seja como
indivíduos, seja como humanidade coletivamente tomada. (...) (Página 36)
A manifestação da Consciência através de nós, individual e/ou coletivamente,
dá-se, segundo nosso ver, através dos patamares de desenvolvimento que vão do
menos consciente para o mais consciente, cujo modelo está expresso na Espiral do
desenvolvimento da consciência (...) (Página 37)

A Espiral mostra que somos Consciência em processo de manifestação


através do desenvolvimento. Em nossa trajetória existencial, como centelha de Luz,
somos um eixo de manifestação sucessivas de estados de consciência, do mais
simples para o mais complexo, do mais denso para o mais sutil. A meta de cada um
de nós, individualmente, e da humanidade como coletividade, é caminhar para a
integração na Unidade Plena. Essa é a essência do nosso ser. (Página 39)

Compreendemos o desenvolvimento como um processo em permanente


movimento ascendente, sem separação nem descontinuidade (...) (Página 39)

3.2. As etapas do Desenvolvimento da consciência

(...) Wilber* estabeleceu três grandes fases do desenvolvimento do ser humano


subdivididas, cada uma delas em três fases conforme se segue:

● fase Pré-pessoal: sensório-física, fantasmagórico-emocional, mente


representativo;
● fase Pessoal: mente regra-papel, mente reflexiva-formal, visão lógica;
● fase transpessoal:psíquico,sutil, causal.

As três grandes fases correspondem a três voltas da Espiral do


desenvolvimento da consciência, e as sub-fases de cada uma delas corresponde
aos estados de consciência manifestos em cada uma das voltas. (Página 42)

*Ken Wilber

A Primeira volta da Espiral

(...) os sete primeiros anos de vida (...) é a primeira oportunidade que a vida nos dá
para criarmos a base para nossa experiência de vida. (Página 43)

(...) Os antroposofistas dividem o tempo de nossa vida de sete em sete anos - os


setênios; sendo que a primeira fase de nossa existência se fecha aos sete anos de
idade, dando margem ao início de um novo período de experiência. A igreja Católica
propunha, e propõe ainda, que, ao chegar aos sete anos de idade, uma criança
pode fazer a Primeira Eucaristia por ter chegado à idade da razão. (Página 43)
(...) Pré-pessoal (...) É a fase em que a individualidade está se estruturando na
dialética do seu processo natural de formar-se, através da interação com o mundo
em torno de si, constituído de pessoas, coisas e experiências. (...) (Página 43)

Nesta fase há a predominância do sensorial e da auto-centralização em


função de que, nesse período, se formam as bases sensoriais do nosso corpo e,
consequentemente, de nossa personalidade, somada ao auto-centramento como
economia de recurso para dar conta da experiência de vida que se inicia. (Página
43)

(...) Não importa a realidade externa, mas sim a imagem formada. O mundo
externo assemelha-se às imagens que são criadas na fantasia, na imaginação, que
estão representadas nos símbolos. (Página 46)

(...) período de fantasmagórico-emocional, desde que aí se formam as imagens e os


símbolos, emocionalmente carregados, seja de forma positiva como de forma
negativa. Por vezes, ou sempre, tanto na vida do adolescente quanto na do adulto,
essas imagens e esses símbolos favorecerão uma vida sadia e espontânea ou uma
vida limitada, restritiva e ameaçadora. (Página 46)

Os adultos que me cercaram em nossa infância, sem conhecer essas teorias,


fizeram uso eficiente das imagens e símbolos, especialmente de forma negativa.
Quando desejávamos nos inibir, incutiram-nos imagens e símbolos emocionalmente
ameaçadores; quando desejavam nos expandir, nos ofereciam imagens e símbolos
criativos. Mas, nem sempre essas distinções ficaram claras para cada um de nós,
por isso, usualmente, possuímos muitos símbolos confusos e restritivos,
profundamente guardados em nosso inconsciente, de onde atuam no nosso
cotidiano dando forma àquilo que hoje estamos chamando de "crenças errôneas".
(Página 47)

(...) Durante toda a nossa vida, poderemos e deveremos estar aperfeiçoando


nossas capacidades corporais para podermos sustentar as experiências mais
complexas e sutis da consciência. (Página 48)
.
Segunda Volta da Espiral

(...) sem um eu, nós não nos constituímos como personalidade; não temos
condições de nos colocarmos diante de todos os elementos que caracterizam nossa
relação com o mundo e com a vida (...) (Página 49)

(...) o quê nos torna capazes de sustentarmos a nós mesmos. Quando o eu se


solidifica e se fixa numa posição em enrijecida transforma-se em ego, um modo
rígido de ser, de agir e de administrar a existência. (Página 50)
(...) a atuação da terapia, seja ela de behaviorista, psicanalista, humanista ou
transpessoal, tem em vista tornar possível uma melhor organização do eu pessoal,
de tal forma que possibilite que cada um de nós viva da melhor forma que
pudermos, nossas relações com a vida; o que implica numa superação do ego
restritivo e na construção de um eu criativo e flexível capaz de administrar
saudavelmente a vida. (Página 50 e 51)

A primeira sub-fase da segunda volta da Espiral é intitulada de regras e


papéis; ela tem a ver com a capacidade de concentração, nas palavras de Piaget, e
tem a ver com a fase fálica em Freud, na qual a criança começa a descobrir que o
mundo exterior a ela é regido por regras e papéis definidos. (Página 51)

Terceira Volta da Espiral

Supra mente (...) a mente já não exige mais explicações, mas sim a experiência da
contemplação. (Página 53)

A terceira volta da espiral refere-se ao nível transpessoal da consciência e


tem a ver com o desenvolvimento sutil, o que implica em que o indivíduo tenha,
minimamente, uma consistente compreensão do mundo e de si mesmo; que tem
uma personalidade que possa suportar as experiências desta fase do
desenvolvimento. É uma consciência que vai além do pessoal, incluindo-o. Não se
abandona o pessoal para chegar ao transpessoal, mas somente com a posse de um
"eu” pessoal, sadio, organizado e consciente de sua participação no Todo, pode-se
chegar ao transpessoal. Dessa forma, o ego se transforma num eu consciente (a
partir daqui, leia-se "eu" como "eu-consciente"). (Página 53)

Por eu estruturado não podemos entender um ego rígido, denso, duro, mas
sim uma estrutura de personalidade flexível o suficiente para suportar que as
experiências sejam vividas. Um ego, que é rígido, não será capaz de admitir novas
experiências, pois julga "saber de tudo e tudo poder administrar; está segura e
certo, sempre". Só um eu bem organizado, capaz de um olhar para o além do ego,
pode suportar a manifestação das qualidades da Luz. (Página 54)

A consciência dual é ilusória

(...) Na nossa experiência densa, não é ilusória a sensação de que eu e mundo


externo constituímo-nos como coisas diferentes. Essa experiência é útil e
necessária para constituição de nossa personalidade que implica na individuação
consciente. Porém, ela é insuficiente e limitadora no que se refere às experiências
mais sutis de nossa consciência, que se dão como experiências unitivas. (Página
55)
A segunda sub-fase da terceira volta da Espiral é a Mente Universal (Sutil),
que segundo Wilber, é "o assento dos arquétipos reais, das formas platônicas, dos
sons sutis, das iluminações audíveis, dos insights e dos êxtases transcendentes"; é
a mente intuitiva, da qual a verdade emerge límpida isenta das determinações da
razão. É um estado de consciência iluminado pelas verdades eternas. (Página 60)

Na sub-fase da Supra Mente ( Ponto da Individualidade) dá-se o contato e a


manifestação da "fonte não manifesta, o substrato transcendente de todas as
estruturas inferiores”, como com o Self Universal e sem forma, comum a todos os
seres. (Página 62)

(...) Aqui, (...) há uma consciência plena de si e do divino como uma unidade, mas
sem que um se perca no outro. (Página 62)

O estado de Supra-Mente é aquele no qual vivenciamos o contato com o


Absoluto, sem forma e sem fronteiras, fonte última de todas as coisas, a Energia
Cósmica Universal. Não tem forma, ela simplesmente É. Nesse estado, o ego cedeu
lugar ao eu, que rende-se e vivencia o êxtase da unidade. (Página 64)

(...) O fim de cada uma das etapas marca a emergência de uma nova possibilidade,
de um novo estado de consciência que, por si, nem nega nem se separa do anterior,
mas integra numa totalidade cuja forma mostra que o estado mais desenvolvido
contém dentro de si, como uma nova dimensão, o estado anterior. (Página 64)

Compreendemos, enfim, que temos uma tarefa na vida e que podemos


compreendê-la e vivê-la da melhor forma possível, na medida em que vamos tendo
acesso às diversas possibilidades de desenvolvimento de nossa consciência.
Consciência significa viver e compreender ao mesmo tempo; por si, não é uma
compreensão cognitiva, conceitual, é um modo de vida. Um modo de ser. (Página
65)

4. Uma Visão Holográfica Dos Estados de Consciência

Importa, ainda, observar que o processo de desenvolvimento na espiral não é


linear, mas sim, holográfico, ou seja, em qualquer momento do nosso processo de
desenvolvimento, holograficamente, estão presentes todos os estados de
consciência, que temos possibilidade de acessar, e podemos mesmo acessá-los,
todavia, não conseguimos sustentá-los conscientemente. (...) (Página 65)
5. O Movimento Através do Ciclo de Nascimento e Morte

Compreender a vida no processo espiral significa compreendê-la em


movimento dialético ascendente que, a cada momento, garante a assimilação e
incorporação do vivido e compreendido, porém que, ao mesmo tempo, cria a base
para um novo passo, superando o anterior. O desenvolvimento no processo espiral
dá-se pelo ciclo nascimento-morte. (Página 67)

Nascimento, aqui, significa a chegada a uma experiência nova. Tudo é novo


e, por ser novo, há que se experimentar as possibilidades, tendo em vista construir
uma base segura para ser e viver. A morte significa a incorporação do vivido, e a
incorporação exige a assimilação de cada experiência que, por sua vez, retém o
positivo e descarta o negativo. (Página 68)

Uma vez no nível novo e superior, o self, então, busca consolidar, fortificar e
preservar esse nível, até que seja, de novo, suficientemente forte para morrer para
esse nível, para transcendê-lo (liberá-lo ou negá-la) e, assim, subir para o degrau
seguinte do desenvolvimento. Desse modo, tanto a preservação como a negação
(ou a vida e a morte) têm importantes tarefas a realizar. (Página 70)

(...) o ciclo de nascimento e morte, esteja ele em relação à nossa existência como
um todo ou em relação às etapas do nosso desenvolvimento, expressa o processo
do movimento do nosso Ser na perspectiva da manifestação daquilo que somos:
Consciência. (Página 71)

Corporificando a Consciência: O Sistema Nervoso


(Capítulo 2)
Lao Tse escreveu, no Tao Te Ching: dentro do infinitamente pequeno há o
infinitamente grande, e a física quântica o demonstrou. De nossa parte, também
tentaremos demonstrar que a parte (o homem) contém o Todo (Deus), e de que
forma Ele se manifesta. (Página 74)

1. Conhecendo um Pouco de Física Moderna

Imperceptível ou não, todas as experiências e eventos que acontecem num


determinado tempo criam ondas que interferem com as ondas criadas por outros
eventos ou experiências. Este padrão de interferência, que se propaga em todas as
direções e sentidos, acabará por interferir nos próximos eventos e até mesmo no
evento inicial. (Página 78)
É o presente criando o futuro que se torna passado e atua no presente. No
campo espectral (ondas) é assim... Nós vivemos num campo em que todo o sistema
influencia cada um dos componentes, no qual passado presente e futuro se
encontram no mesmo padrão de interferência. (...) (Página 78)

2. Compreendendo o Sistema Nervoso

Irritabilidade, condutibilidade e contratibilidade são os termos comumente


usados pelos biólogos para expressar as primeiras propriedades dos seres que
inauguravam um novo sistema. Evidentemente que tais características significam
um avanço, pois a partir de então os microrganismos possuíam condições de se
afastar dos ambientes letais para sua manutenção e procurar aqueles favoráveis.
(Página 79)

Respiramos oxigênio, ou o que resta dele

(...) um processo que está ocorrendo num campo vibratório que forma uma rede na
qual cada evento, atemporal, interfere em todo o sistema, propiciando ou impedindo
um determinado caminho evolutivo. (Página 79)

(...) os seres vivos crescem em tamanho e complexidade. E esta com complexidade


sempre crescente, na qual grupos celulares se diferenciam em funções específicas,
tornou necessária a especialização de um setor encarregado de coordenar todas as
atividades internas, adaptando-os às exigências dos meios externos. Surge assim, o
sistema nervoso. (Página 79)

Aglomerados de neurônios começam a formar bulbos cerebróides (o germe


do encéfalo), e outros pequenos aglomerados neuronais se especializam para
receber estímulos do meio ambiente, como olhos (luz), antenas e orelhas (vibração
sonora), centro olfatório (reconhecendo substâncias químicas voláteis), a boca que
recebe o alimento e também reconhece substâncias químicas desejáveis ou não.
Todas estas organelas que evoluirão aos extremos, se localizam naturalmente na
parte anterior dos animais que estão crescendo, se locomovendo e precisam
reconhecer imediatamente os novos ambientes em que chegam. Esta necessidade
faz com que os centros reguladores do sistema nervoso e os órgãos mais
especializados em reconhecer o meio ambiente se localizassem na região anterior
dos animais. (Página 80)

Nós humanos não podemos tirar a ilusão de que somos o objetivo final da
Criação; temos que procurar desenvolver o que há de mais sofisticado em nós, a
nossa consciência, para seguirmos, tal qual a célula primordial, o caminho
inexorável para um campo vibracional infinitamente maior que o nosso. (Página 83)
(...) A espécie humana ainda está num nível pouco avançado desta escala infinita.
Temos, portanto, que olhar para trás e reconhecermos nossa origem mineral e
animal, e olhar para frente e assumirmos nossa condição divina. (Página 83)

Vejamos o Holograma

Qual o som das Palmas batidas com uma só mão?

Se você é capaz de responder a esta pergunta, então provavelmente já sabe


como Deus se manifesta no Homem. Mas não sabe a resposta, aquiete-se, não a
busque no conhecimento, pois “o conhecimento é memória", como dizia Platão, e é
expresso em palavras que, como já dissemos, limitam-se a forma. Silencie sua
mente, torne-se um canal coerente e perceba o Holocampo contido em você. Nós
somos apenas pontos de interferência de ondas que se propagam desde o
Big-Bang. (Página 86)

Não se intimida. “Quem foi rei não perde a majestade”. Com sua presença vibrante
e invisível induz a formação da sua própria batuta. Com a batuta na mão
aproxima-Se do mundo pequeno. Microcosmo. E induz uma canção particular. Ele
canta e a matéria se organiza. Como a vida antes dela. Como a alma ainda antes.
Como espírito antes de tudo. (Página 86)

3. As Múltiplas Corporificações Da Consciência

o propósito do ser: a transcendência

Para isso, ele traz Núcleos de Potenciação que necessitam de um substrato


e ambiente específico para que os eventos possam ocorrer. Este núcleo tem relação
com os campos mórficos criados pelo comportamento do ego em toda a sua
evolução. Quando tudo vai recomeçar o ego está adormecido, e quem determina o
que deve acontecer é o Ser, pois ele é o grande Mestre. (Página 88)

Tudo que vai acontecer a partir de então será sob controle de uma
Consciência Individualizada. As células começam a se diferenciar e produzir
sistemas de órgãos distintos na sua morfologia e função. A escola da Dinâmica
Energética do Psiquismo acredita que o os núcleos de potenciação, trazidos pelo
Núcleo Individualizado da Consciência para transmutar/transformar, ao se
expressarem na corporificação, potencialização mais determinados Centros
Reguladores de Energia (CRE), ou chakras, de que outros, direcionados, assim, o
fluxo de energia e sua utilização. A referência a referida potencialização estimula
mais determinados plexos nervosos do que outros e, consequentemente, ativa mais
determinadas glândulas do que outros. Isto se reflete na manifestação energética do
corpo em termos de pouca ou muita carga manifesta, e a nível comportamental, em
termos de diferentes padrões de respostas às solicitações da vida cotidiana e
diferentes facetas da interação consigo e com o entorno. (Página 89)

Para algumas pessoas, a contração muscular ou medo do toque carinhoso, é


ato reflexo, volta da medula espinhal inconscientemente. É apenas uma resposta ao
que seu corpo lembra dos toques dolorosos que sofreu na infância. Isto fragmenta,
reduz, limita. É o ego que responde e se identifica com a dor, pois é o que conhece.
(Página 91)

O S.N. Somático é também denominado Sistema Nervoso da Vida de


Relação, ou seja, aquele que relaciona o indivíduo com o meio. Para isso, a parte
aferente do S.N. Somático conduz aos centros nervosos impulsos originados em
receptores periféricos, informando esse centro do que se passa no meio ambiente.
Por outro lado, a parte eferente do S.N. Somático leva a musculatura esquelética o
comando dos centros nervosos, resultando em movimentos que levam a um maior
relacionamento ou integração com o meio externo.
O S.N. Visceral ou de Vida Vegetativa relaciona-se com as estruturas
viscerais e é muito importante para a integração da atividade das vísceras no
sentido de manutenção da constância do meio interno (homeostase). Tanto quanto o
S.N. Somático, o Visceral também possui uma parte aferente e outra eferente. O
componente aferente conduz impulsos das vísceras para o S.N. Central e o
componente eferente traz impulso de certas áreas do S.N. Central até as estruturas
viscerais, terminando, portanto, em glândulas, vísceras, músculos lisos e coração.
(Página 92 e 93)

(...) o corpo humano é um sistema de redes multidimensionais. Além do sistema


nervoso, com funções tão bem conhecidas, temos o sistema endócrino, o
imunológico, o circulatório e todos os outros sistemas, pois numa rede, nenhum
dos elos pode ser considerado menos importante. (...) (Página 97)

Ainda na quarta semana de vida intra-uterina se forma o cordão umbilical que


liga e comunica o feto com a mãe. O potencial do feto nesta idade gestacional é
enorme, pois seus órgãos e sistemas começam a se formar. Já aqui começa a
relação mãe e filho, pois as vivências maternas serão transmitidas ao feto pelo
cordão umbilical. Os estudos das matrizes peri-natais, realizados por S. Grof, nos
ensinam como ocorre todo este processo e como se dá o sofrimento da criança em
formação. (Página 101)

Quando a criança nasce, na fase sensória, tudo que ela sente é dor ou
não-dor. A fome, a sede, o frio, o desconforto do contato das suas excreções com a
pele, tudo isso causa dor visceral ou muscular. Isto causa uma impressão no
sistema nervoso autônomo que gera uma resposta. No livro Grito Primal, Arthur
Janov afirma que toda dor visceral do bebê leva a contração muscular. (Página 101)
É a pele, já sugerida com a maior extensão do sistema nervoso, a grande via
de comunicação deste bebê com o meio externo. Uma comunicação silenciosa que
permite "ouvir" dois pais: "eu amo e acolho você" ou "eu não estou disponível".
(Página 102)

À medida que a criança vai se desenvolvendo e seu sistema nervoso e


psiquismo vão se aprimorando, este conjunto de necessidades e satisfações
também vão se sofisticando. Isso pode acontecer com confiança, segurança,
interesse em continuar, curiosidade pelo novo que se apresenta prazerosamente; ou
com medo, insegurança, sem vontade ou estímulo para continuar. O resultado disso
será a fluidez maior ou menor da vida. Vix vitae naturae (via natural da vida) como
disse Hahnemann. (Página 102)

A criança acompanhada com atenção, afeto, disponibilidade tem suas


necessidades satisfeitas à medida que vão surgindo, tende a desenvolver mais
plenamente seu sistema nervoso com toda a rede de sistemas a ele interligados.
(...) (Página 102)

(...) através do toque na coluna, no espaço entre L4 e L5 que tem correspondência


com o primeiro veículo de comunicação do bebê (seu cordão umbilical), o terapeuta
centrado, neutro, no seu espaço de silêncio (varinha mágica), facilita que o cliente
entre em contato, dentro das suas possibilidades, com os vários processos
repressivos e fragmentadores. Com esta metodologia, a Dinâmica Energética do
Psiquismo age como Ísis e nos dá a possibilidade de reintegração da “cabeça" ao
“corpus" e, usando a "coluna vertebral", nos permite ascender ao céu dois níveis
mais elevados da consciência. (Página 103)

O terapeuta da Dinâmica Energética do Psiquismo estimula o cliente a


encontrar sua própria Ísis interna que, amorosamente, reunirá suas partes, colocará
sua cabeça novamente no corpo e permitirá seu contato com a alma imortal. Este
processo é contínuo e sem fim, pois quanto mais partes são conectadas, mais
condições o indivíduo possui para receber o Inconsciente Emergente e torná-lo
consciente. Em outras palavras: reconhecer o divino que há em cada um de nós.
"Todos somos Deus. A diferença entre mim e você é que eu sei disso" disse Sathya
Sai Baba. (Página 104)

Apenas para ilustrar: a corrente elétrica passa livremente por um fio de cobre
sem danificá-lo, pois este não lhe oferece resistência; já não acontece o mesmo
com a madeira que resiste a eletricidade e se queima. (Página 105)

Juntei-me me a mim mesmo


Tornei-me inteiro e completo
Renovei minha juventude
Sou Osíris, o senhor da eternidade!
Metodologia da Dinâmica Energética do
Psiquismo (Capítulo 3)
(...) Uma das metas da Dinâmica Energética do Psiquismo é que o ego possa
render-se, tornando-se um eu servidor do Ser, desidentificando-se da fragmentação.
Para isso, importa estar em contato com seu eu consciente, liberando-se do domínio
de crenças culturais restritivas, introjetadas na infância ou nas outras fases da vida.
(Página 109)

Para favorecer esse desbloqueio, do ponto de vista da Escola, tecnicamente


podemos atuar diretamente sobre a coluna vertebral ou sobre a musculatura,
através de toques físicos e sutis ou vibracionais, de movimentos, de circulação da
energia por meio da visualização, da meditação, da respiração em diversas
modalidades, e da palavra quando esta se fizer necessária. (Página 109)

1. DEMANDA TERAPÊUTICA

O cliente vem para terapia exatamente no momento que seu sistema de


defesa não o satisfaz mais, e o desconforto é maior do que aquele que ele pode
tolerar. Construiu seu sistema de defesas em resposta às ameaças experimentadas
ao longo de suas muitas vivências corporais, que foram sedimentados, nesta
experiência de vida, os núcleos de potenciação a serem trabalhados. O terapeuta
não deve fixar-se nas defesas do cliente, sob pena de incorrer numa experiência de
retraumatização. O objetivo é a restauração do fluxo da energia e não sua fixação.
(Página 111)

(...) a solicitação é ajuda para superação da fragmentação. A fragmentação é um


convite à busca do cuidado de si mesmo; ela sinaliza o que necessita ser buscado e
realizado. Ela serve de mapa no caminho do cuidado de si. (Página 111)

2. A PRESENÇA DO TERAPEUTA

O terapeuta atende o cliente como pessoa, o que significa que está diante de um
mistério. Por isso, importa o estado em que se encontra para escutar sua fala ou
tocar o seu corpo, que também fala por si mesmo. A escuta, o toque, enfim, a ação
do terapeuta precisa ser viva e carregada de sua presença, sua energia fluindo
livremente pelo seu corpo e por suas mãos. Para tanto, importa que a mente se
aquiete, que o ego se curve diante do mistério da relação. O terapeuta necessita
criar um espaço de silêncio interno, a fim de que seu toque seja vivo e possa dar
continência ao cliente, para que possa disparar a energia que está latente dentro de
si. (Página 111)
A intenção do cliente é o eixo central da sessão

3. A CONSCIÊNCIA CORPORAL NO TRABALHO TERAPÊUTICO

A sensação é o elemento chave no processo terapêutico, pois traz em si


todas as memórias associadas, das mais superficiais e recentes às mais profundas
e antigas. Ela sinaliza, de forma configurada e delimitada, as experiências mais
profundas da história de vida do ser humano. Trabalhar a partir da sensação permite
a dissolução do conjunto de crenças ali fixados, camada por camada, retrocedendo
até a origem. Não é ali que está o problema, não é a sensação o problema. A
sensação é apenas o sintoma a guiar o processo para os seus níveis mais
profundos, mais antigos e mais significativos. (Página 113)

É uma proposta de cura pelo contato consigo mesmo, via a


consciência corporal, que tem seu eixo na sensação.

3. O CORPO COMO SEDE DA VIDA

Como sistema nervoso permeia o organismo inteiro, levando a possibilidade


de percepção consciente a todo o organismo, assim também o metabolismo existe
em todas as regiões do organismo. Nosso corpo é um complexo e sistêmico
processo de funcionamento. (Página 116)

(...) Procurar a terapia é de alguma forma estar disposto e consentir em descer "aos
infernos" - visceral, sombrio - dessa experiência, e compreender o que acontece ali,
acolhendo, completando o que ficou inacabado, redimindo a sombra, encontrando
perdão e voltando a fluir, evitando a permanência nesse lugar. Não é bom que a
Consciência se fixe no sensorial. (...) (Página 118)

Habituar-se é o inimigo do crescimento (Chilton Pearce)

É o cliente que precisa descobrir a desarmonia na distribuição de sua carga


energética, tendo em vista a formar novos circuitos energéticos; não é o terapeuta
quem deve verbalizar para ele o fruto da observação externa (...) (Página 119)

(...) o trabalho terapêutico, dentro desta perspectiva, pretende auxiliar o ser humano
através de três possibilidades: 1) restaurar o fluxo de energia da vida, quando
estiver bloqueada ou estagnada; 2) sustentar esse fluxo, quando já segue
livremente seu curso; e 3) buscar novas possibilidades para os fluxos da vida.
Assim sendo, a terapia estará trabalhando os limites, seja em função de bloqueios,
seja em função dos próprios limites naturais da vida humana no planeta Terra.
(Página 120)

5. TÉCNICA DE TRABALHO TERAPÊUTICO

Cada ser humano manifesta no seu corpo, sua história de vida


congelada

(...) tocamos nosso cliente com os diversos tipos de toque, para que este entre em
contato consigo mesmo e restaure sua experiência, de forma saudável. (Página
120)

Tocamos nosso cliente com nosso Ser, com a nossa presença, nossa escuta,
nosso olhar, nosso calor. E também com nossas mãos. Tudo o que é implicado
fisiologicamente no nosso tocar é importante no que se refere à nossa competência
como terapeutas, para o desenvolvimento da consciência e da possibilidade de
integração mente e corpo. (Página 120)

(...) O Ser de quem toca conecta-se com ser de quem é tocado, criando uma
unidade ressonante, disparando uma onda de transformações em todo o corpo,
simultaneamente; por isso, possibilitando a restauração do fluxo energético no
corpo. (Página 121)

Não se trata de ir quebrando as defesas com desprezo e através do esforço


da vontade, mas de, atenciosamente, considerá-las, agradecendo pela proteção e
ajuda que ela elas proporcionaram até então, e liberá-las do padrão de
auto-reconhecimento e manutenção da crença de que se é só ego, e de que se está
correndo perigo de perder o controle. (Página 121)

Tornar-se inteiro é o que o cliente necessita e é o que deseja


quando busca a terapia.

(...) Este é o caminho da transmutação. Cabe ao terapeuta, focar o trabalho na


sensação, acolher a descarga emocional e ajudar o cliente a ressignificar a
experiência. (Página 124)

A mudança no nível de transcendência só será possível quando, no seu


processo de cuidado de si mesmo, o ser humano repousar nas experiências mais
profundas possíveis do contato com o centro mais verdadeiro de si mesmo, vivendo
harmonicamente com Ser e, por isso, em integração com o Todo. (Página 125)
6. POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS DE UM TRABALHO TERAPÊUTICO

(...) A DEP vê o trabalho terapêutico (...) como uma proposta de caminho, uma
jornada, que será realizada pelo cliente e testemunhada pelo terapeuta. (Página
125)

A terapia é como afinar um instrumento para que este vibre em notas


harmônicas com o Universo. O terapeuta ajuda a afinar o instrumento corporal do
cliente para que este emita as notas corretas e seu Ser possa se expressar da
melhor forma possível. Para tanto, o terapeuta necessita manter o seu próprio
instrumento sempre afinado. Cada um pode descobrir o que é bom para si, para que
seu instrumento não desafine: o que comer, o que beber, o que vestir, que
exercícios praticar, quando descansar e quanto a trabalhar, em que atividades deve
participar, aqui estudos se dedicar em especial. (Página 126)

O ego é um tradutor

A sabedoria nunca foi uma árvore


A mente nunca foi um espelho brilhante;
Na verdade, não existe coisa alguma.
Onde irá então acumular-se a poeira?

(Huineng)

7. ESCUTA DO SILÊNCIO E PERCEPÇÃO FLUTUANTE COMO RECURSO NO


AUTO-CUIDADO E NO CUIDADO DO OUTRO

É através da escuta do Silêncio que o terapeuta, assim como todos os outros seres
humanos, entrará em ressonância com os campos sutis da consciência. (Página
130)

Respirar nas costas expande a percepção consciente pela ativação do fluxo


da energia na medula, relaxando os anéis energéticos onde se encontram os
bloqueios. Permite ao indivíduo sair da energia de ataque ou defesa, característica
da área frontal. Significa tornar-se mais harmônico e poder, assim, conectar-se com
o silêncio interno, verdadeiro espaço de meditação. Este tipo de respiração permite
o alívio da tensão e do enfrentamento com o externo, facilitando a interiorização e o
contato com sensações e sentimentos. (...) (Página 130 e 131)

Através da Escuta do Silêncio, o terapeuta desenvolverá a percepção


flutuante, uma capacidade de ressoar em si mesmo sua própria necessidade assim
como a necessidade do cliente; e, dessa fórmula, poderá escolher do melhor modo
possível o cuidado a ser praticado consigo mesmo e com outro ponto. Não será,
certamente, uma escolha proveniente da posse de conhecimento, mas sim de um
ser humano, ao mesmo tempo, presente e sábio. Servir-se dessa qualidade exige
do terapeuta sua presença por inteiro; ou seja, ao cuidar de si mesmo e/ou do outro,
não tem resposta, esquemas e procedimentos previamente prontos para serem
utilizados nesta ou naquela situação, mas sim a capacidade de desvendar, no aqui e
no agora, a necessidade pessoal e/ou do cliente e, por isso, pode acolher-se e
acolhê-lo e atender-se e atendê-lo em sua necessidade. A percepção flutuante
exige a compassividade que expressa a capacidade de acolher, adequada e
satisfatoriamente, a verdadeira necessidade presente no aqui e não agora. (Página
131)

A Responsabilidade de Ser Terapeuta (Capítulo 4)


1. O QUE É SER UM TERAPEUTA

Portanto, antes de mais nada, a principal responsabilidade de um terapeuta é


o alinhamento com seu próprio self transpessoal, o treinamento para estar em
contato com seu canal de silêncio, a partir do qual podemos perceber o outro de um
ponto de vista não egóico, não condicionado. (...) (Página 135)

Nada adoece mais o ser humano do que o esquecimento da


qualidade essencial de si próprio.

1.1. Compromisso com o estudo

A teoria sem prática é inútil, a prática sem teoria é muito perigosa, nos lembra
Ohsawa.
Estudar, aprimorar-se, aprender mais para ser melhor e para fazer melhor,
são compromissos que assumimos quando nos colocamos a serviço do
desenvolvimento do outro. (Página 136)

1.2. Compromisso com o auto-conhecimento

Estar apaixonadamente envolvido em sua própria vida, querer saber mais


sobre si, melhorar a cada dia como pessoa, enfim buscar ser cada vez mais
coerente com a proposta que faz ao outro, é também uma responsabilidade que
assumimos. (Página 136)

1.3. Compromisso com a Supervisão

A supervisão, ao lado da terapia individual, garante "vida" não só ao


terapeuta, mas também à sua relação com seu cliente. A supervisão colabora no
sentido de não deixar que o fluxo do processo terapêutico seja impedido ou
dificultado pelas questões pessoais do terapeuta. (Página 137)

(...) o terapeuta precisa adotar procedimentos que lhe garantam formas de


auto-nutrir-se. É preciso descobrir o que lhe vitaliza. Atividades criativas (pintura,
música, dança, literatura) e aquelas que nos põe em contato com a natureza,
costumam ser boas fontes de descarga e recarga da energia que necessitamos
para atuar. (Página 137 e 138)

2. PRINCÍPIOS E LINHAS DE ORIENTAÇÃO DOS TERAPEUTAS DA DEP

2.1. Ao receber o cliente

Este primeiro contato é muito mais do que um acerto de horários em nossa agenda,
é um primeiro momento de abertura do nosso coração para receber a demanda do
outro. (Página 139)

O homem não é um animal perfeito, mas é um animal


aperfeiçoável. (Jean-Yves Leloup)

2.2. Estabelecendo o contato

Um bom contrato terapêutico deve contemplar acordos com relação a:


frequência e duração das sessões, procedimento em relação a eventuais faltas e
necessidade de remarcação de consultas, formas de pagamento, nível de
intervenção, método de procedimentos terapêuticos. É útil, ainda, esclarecer que o
processo não deve ser interrompido ainda que o cliente seja livre para encerrar ou
suspender a terapia, bem como para questionar os rumos que esta venha a tomar.
(Página 141)

Lembramos, ainda, que todos os itens que compõem um contrato podem ser
revistos e renegociados. Também isto proporciona uma atmosfera de confiança.
(Página 141)

2.3 Sobre o sigilo

(...) Do terapeuta espera-se não apenas uma atitude discreta, mas também
amadurecida. Serenidade e cuidado também são qualidades apreciadas quando
está em jogo aquilo que o terapeuta fala ou revela ao cliente. (Página 142)

A imagem de um terapeuta passivo e silencioso, supostamente distanciado e


protegido até do olhar do cliente, não é absolutamente o que traduz a postura de um
terapeuta formado pela DEP. Contudo, há que se cuidar para que a vida pessoal do
terapeuta não venha a interferir no processo do cliente. Também aqui a naturalidade
e a descrição do terapeuta são qualidades apreciadas. Jamais podemos esquecer
que o foco do trabalho é o cliente. (Página 142)

Acompanhar o cliente, apoiando seu próprio caminhar, estimulando sua


autenticidade e liberdade, é o quê esperado de nós. O terapeuta não caminha à
frente tentando evitar que o cliente tropece ou decida ir por um atalho. Também não
caminha atrás como um observador, distante e frio, o terapeuta caminho ao lado.
Interage e discute com ele suas opções de estrada, avalia o caminho já percorrido,
estimula a continuar em frente, e para quando ele precisa descansar, sugerindo
quem possa lhe indicar uma sombra confortável. (Página 143)

Auxiliar o cliente a ampliar o contato com o seu "terapeuta


interno" e demonstrar o valor da terapia e não terapeuta.
O paciente em terapia é um sujeito, e não um objeto que se possa utilizar para
satisfazer necessidades do terapeuta e compensar suas próprias frustrações
afetivas. (Frederico Navarro)

Buscar um terapeuta é buscar um olhar amoroso, diante do qual o cliente


possa ser ele mesmo, mas é também buscar um olhar lúcido e novo sobre velhas
questões. Um olhar lúcido e um convite à expressão da verdade, é um convite à
confrontação com outra visão. (Página 145)

(....) esclarecer para si próprio e para o cliente o impacto que este vínculo pode ter
sobre a terapia, é algo que se faz necessário. Integridade e clareza são atributos
que sempre colaboraram para a cura. (Página 145)

2.7 Encerrando um processo terapêutico

Importa lembrarmos-nos de que o trabalho terapêutico é fundamental funda-


mentalmente um processo e, como tal, chega ao fim; é um ciclo que em algum
momento se fecha. (Página 145)

Um trabalho encerrado com todo o cuidado que uma relação tão delicada
requer, promove no terapeuta uma profunda sensação de “dever cumprido” e a
satisfação de ter participado de uma etapa importante na evolução daquele ser
humano. Nestas ocasiões, a gratidão que envolve o cliente é proporcional à que
envolve o terapeuta. Afinal, quando o encontro se dá pelo coração e com a alma, o
aprendizado e o crescimento são mútuos. (Página 147)
3. RELACIONAMENTO ENTRE PROFISSIONAIS

Sejamos, portanto, generosos. Porque neste processo, nossos egos ainda


inflados podem se esquecer de que esta escola é maior que cada um de nós, é
mais do que a soma daquilo que somos. (...) (Página 148)

Relações maduras e saudáveis são aquelas em que um apoia


a expansão do talento e do potencial do outro.

Necessitamos sim, de serviço e trabalho. Todo serviço é um trabalho, mas


nem todo trabalho é um serviço. Quando nossa atuação está centrada no
compromisso com o nosso próprio alinhamento, ela faz com que, como nos diz
Roger, nossa simples presença se torne libertadora e útil aos demais. E este é o
nosso serviço. (Página 148)

Osíris Reconstruído (conclusão)


O terapeuta, homem ou mulher, como todos os seres humanos, é um herói
que está permanentemente fazendo sua jornada, reconstruindo sucessivamente
Osíris. Ele necessita de fazer sua jornada, desde que, só assim e na qualidade do
herói que segue sua jornada pessoal, poderá sustentar a experiência de cura e
autodesenvolvimento do outro com quem trabalho. (Página 150)

Basso, Theda e Pustilnik, Aidda, Corporificando a Consciência: teoria e prática da


Dinâmica Energética do Psiquismo / Theda Basso e AIdda Pustilnik - São Paulo:
Instituto Cultural Dinâmica Energètica do Psiquismo, 2000.

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