Resumo Direito Penal Esquematizado Cleber Masson
Resumo Direito Penal Esquematizado Cleber Masson
Resumo Direito Penal Esquematizado Cleber Masson
RESUMO:
Encontra-se previsto no art. 5º, inc. XXXIX, da Constituição Federal, bem como no
art. 1º do Código Penal. Trata-se de cláusula pétrea.
Preceitua, basicamente, a exclusividade da lei para a criação de delitos (e
contravenções penais) e cominação de penas, possuindo indiscutível dimensão democrática,
pois representa a aceitação pelo povo, representado pelo Congresso Nacional, da opção
legislativa no âmbito criminal. Enuncia o princípio nullum crimem nulla poena sine lege.
É vedada a edição de medida provisória sobre matéria relativa a Direito Penal (CF, art.
62, §1º, inc. I, b).
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Acadêmica do Curso de Direito
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Bacharel em Direito, Promotor de Justiça
O princípio da reserva legal possui dois fundamentos, um de natureza jurídica e
outro de fundamento político.
O fundamento jurídico é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica,
por parte do legislador, a determinação precisa, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal
e da sanção penal a ser aplicada, bem como, da parte do juiz, na máxima vinculação ao
mandamento legal, inclusive na apreciação de benefícios legais.
O fundamento político é a proteção do ser humano em face do arbítrio do poder
de punir do Estado. Enquadra-se, destarte, entre os direitos fundamentais de 1ª
geração.
Decorre também do art. 5º, XXXIX, da CF, e do art. 1º do CP, quando estabelecem
que o crime e a pena devem estar definidos em lei prévia ao fato cuja punição se pretende.
O Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem
jurídico legalmente tutelado.
Este princípio, calcado em valores de política criminal, funciona como causa de
exclusão de tipicidade, desempenhando uma interpretação restritiva do tipo penal.
Para o STF, constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da
aplicação desse princípio:
a) mínima ofensividade da conduta;
b) ausência de periculosidade social da ação;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d) inexpressividade da lesão jurídica.
O STJ entende que somente o Poder Judiciário tem competência para reconhecer a
incidência do princípio da insignificância. Destarte, cabe à autoridade policial, inobstante
conceber a aplicabilidade do princípio, efetuar a prisão em flagrante, devendo imediatamente
submeter a questão à autoridade judiciária competente.
Expressamente indicado pelo art. 5º, XLVI, da CF, repousa no princípio de justiça,
segundo o qual se deve distribuir a cada indivíduo o que lhe cabe, de acordo com as
circunstâncias específicas do seu comportamento. Em outros termos, a aplicação da pena deve
levar em conta não a norma penal em abstrato, mas, especialmente, os aspectos
subjetivos e objetivos do crime.
O princípio da individualização da pena desenvolve-se em três planos: legislativo,
judicial e administrativo (descrição do tipo penal, sentença judicial e execução,
respectivamente).
Em síntese, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio,
pois uma das características inerentes ao Direito Penal moderno repousa na necessidade
intersubjetiva nas relações penalmente relevantes.
De acordo com esse princípio, não pode ser considerado criminoso o comportamento
humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de justiça.
Conforme a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, em seu art. 8º,
a lei somente deve prever as penas estritamente necessárias. Surgia o princípio da intervenção
mínima ou da necessidade, afirmando se legítima a intervenção penal apenas quando a
criminalização de um fato se constitui meio indispensável para a proteção de
determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do
ordenamento jurídico.
Estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que
atentam contra os valores fundamentais para a manutenção e o progresso do
ser humano e da sociedade. Em resumo, todo ilícito penal será também ilícito perante os
demais ramos do Direito, mas a recíproca não é verdadeira.
Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de
lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de delimitação do
Dir. Penal, tanto em nível legislativo como no âmbito jurisdicional.
O Direito Penal moderno é o Direito Penal do bem jurídico. Nessa seara, o princípio
da exclusiva proteção do bem jurídico veda ao Dir. Penal a preocupação com as intenções e
pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, ou ainda as suas condutas
internas, enquanto não exteriorizada a atividade delitiva.
O princípio da exclusiva proteção do bem jurídico não se confunde com o princípio da
alteridade. Neste, há um bem jurídico a ser penalmente tutelado, mas pertence exclusivamente
ao responsável pela conduta legalmente prevista, razão pela qual o Direito Penal não está
autorizado a intervir; naquele, por sua vez, não há interesse legítimo a ser protegido pelo
Direito Penal.
O Direito Penal não pode castigar um fato cometido por agente que atue sem
culpabilidade. Em outras palavras, não se admite a punição quando se tratar de agente
inimputável, sem potencial consciência da ilicitude ou de quem não se possa exigir conduta
diversa.
O fundamento da responsabilidade penal pessoal é a culpabilidade (nulla poena sine
culpa).
Ninguém pode ser responsabilizado por fato cometido por terceira pessoa.
Consequentemente, a pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5º, XLV, CF).
Nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribuído a quem não o tenha
produzido por dolo ou culpa. A disposição contida no art. 19 do Código Penal exclui a
responsabilidade penal objetiva.
Conforme o STJ, o Direito Penal moderno é o Direito Penal da culpa. Apontam-se
vestígios da responsabilidade objetiva em duas situações no
Direito Penal brasileiro: i) rixa qualificada (art. 137, parágrafo único, CP); e II) punição das
infrações penais praticadas em estado de embriaguez voluntária ou culposa, decorrente da
ação da teoria da actio libera in causa (art. 28, II, CP).
Não se admite, em hipótese alguma, a dupla punição pelo mesmo fato. Com
base nesse princípio, foi editada a Súmula 241 do STJ: “A reincidência não pode ser
considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”.
A reincidência como agravante genérica quando da prática de novo crime, contudo,
não importa em violação desse princípio.
Vale ressaltar que a existência de duas ou mais ações penais, em searas judiciais
diversas, pela prática de fatos distintos, não acarreta violação a esse princípio.
REFERÊNCIAS:
Resumo do Capítulo 2 do livro MASSON, Cleber; Direito Penal - Parte Geral,
Volume 1", capítulo 2.