O Maior Castigo para Quem Nao Se Interessa Por Politica e Ser Governado

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“O maior castigo para quem não se interessa por política é ser governado por quem se interessa” | Caderno

Soka • BS • Ed. 1958 • 04/10/2008 • ()

BS

CADERNO SOKA

“O maior castigo para quem não se interessa por


política é ser governado por quem se interessa”
Analfabeto é aquele que desconhece o ler e escrever. Mas
Bertold Brecht, dramaturgo alemão, categorizou outro tipo
de iletrado, o político. Seria aquele indivíduo que bate no
peito e clama que não gosta, não quer nem ouvir falar e
até tem ojeriza de política e dos políticos.
Mas, como a própria frase que titula esta página sugere, correr da política é o pior
dos males [a frase é creditada a Arnold Toynbee, historiador inglês]. A dica dos
especialistas é, de alguma forma, entender e mergulhar neste universo até o ponto
de também influenciar e tornar-se um agente político.

O professor Sérgio Vaz Alkmin explica a ojeriza de boa parte da população sobre o
tema: “Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje. Estamos
carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porém, o homem é
um ser essencialmente político. Todas as nossas ações são políticas e motivadas
por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem conseqüências e somos
responsáveis por nossas ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa
deixar que os outros escolham por nós”.

Nas eleições de 2006, dos quase 126 milhões de eleitores brasileiros,


compareceram à votação 104.820.145 (83,25%) e não compareceram 21.092.511
(16,75%). Mas a consciência política não é somente o ato de votar. Começa com o
voto, mas precisa seguir adiante com o acompanhamento das ações dos
candidatos e, principalmente, o exercício dos atos políticos na localidade.

O professor Sérgio conclui dizendo que “Estamos fazendo política quando exigimos
nossos direitos de consumidor, quando nos indignamos ao ver nossas crianças fora
das escolas sendo massacradas nas ruas ou nas ‘Febens’ da vida. Conhecemos o
Estatuto da Criança e do Adolescente? ou o Código do Consumidor?, a nossa
Constituição? E que dizer das leis de trânsito que estamos a todo momento
desrespeitando? A política está presente cotidianamente em nossa vida. [...]
Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos
responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social
e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.”

Para Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã, “a política, assim aprendemos, é


algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana. Tarefa e objetivo da
política é a garantia da vida no sentido mais amplo”. Ou seja, faz-se política,
originalmente, para buscar a razão máxima humana: a felicidade, individual e
coletiva.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, atesta a necessidade da política ao afirmar que


“devido à complexidade da sociedade humana, é completamente essencial que a
política seja um ‘ofício’ ou uma ‘arte’ dedicada a buscar a felicidade e o bem-estar de
todos os cidadãos.” (Brasil Seikyo, edição no 1.710, 9 de agosto de 2003, pág. A3.)

VEJA

O primeiro e decisivo passo para gostar e exercitar a política é a busca de muitas e


confiáveis informações sobre o assunto. Hoje, com o advento da internet, é mais
fácil o acesso a informações. Site como o Transparência Brasil
(www.transparencia.org.br) contém relatórios muito interessantes como o Perfil dos
integrantes das Casas legislativas brasileiras, Um mapa do financiamento político
nas eleições municipais brasileiras dentre muitos outros.

Jornais, revistas, livros... enfim, se interesse pelo assunto. Leia, abra os olhos, cobre,
pense e reflita sobre a ação dos políticos e qual o seu próprio papel na localidade
onde mora. Mudar o próprio ambiente também é um ato político, e dos mais
importantes.

OUÇA

Ficar sempre “antenado” para perceber os acontecimentos e pessoas ao redor e


“ouvir” da maneira mais aguçada possível os fatos políticos.

Isolar-se e negar-se a ouvir é a melhor forma para ser um analfabeto político.


Opiniões conflitantes são a matéria-prima para o debate político e, por isso,
necessárias. Entenda as necessidades da maioria, os clamores e problemas da
população à sua volta.
FALE

Dialogar é a arte de trocar informações, cativar relacionamentos por meio da


linguagem humana e oferecer opiniões e aprender com a opinião alheia.

Por isso, não basta estudar, informar-se sem agir. Os problemas que podem ser
resolvidos por meio da política começam na rua, no bairro, cidade e espalham-se em
nível mundial.

Calar-se diante dos problemas e creditar a solução nos políticos profissionais é uma
acomodada forma de não resolver nada.

O Analfabeto Político

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não que sabe o custo de vida, o preço do feijão, do
peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões
políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo
que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a
prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político
vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

Bertold Brecht, dramaturgo alemão

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