Linguistica Descritiva Do Portugues III

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Construções de queismo, dequeísmo e paraqueismo no português moçambicano

Nome completo: Docente:

Sidónia Eugénio Guila Dr Nelis Felix Elias

Código Nr: 708190370

Licenciatura em ensino de português

Linguística Descritiva do Português III

4ᵒ Ano

Maputo, Julho de 2022

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Nome completo: Docente:

Sidónia Eugénio Guila Dr Nelis Felix Elias

Código nr: 708190370

Trabalho a ser apresentado a Instituição de


educação à distancia, centro de recurso de
Maputo, no curso de licenciatura em ensino
de português na cadeira Linguística
Descritiva do Português III, 4º ano.

Maputo, julho de 2022

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Índice
Introdução...................................................................................................................................5

Objectivo geral............................................................................................................................5

Metodologia................................................................................................................................5

1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................6

1.1. Conceitos..............................................................................................................................6

Queísmo......................................................................................................................................6

1.2 Características do Dequeísmo e Paraqueismo no Português Moçambicano........................7

Conclusão..................................................................................................................................10

Referências Bibliográficas........................................................................................................11

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Introdução
A língua tem uma função social – o da comunicação – e ela só pode ser compreendida e
interpretada dentro do contexto sociocultural. É importante compreender que a língua não é
um sistema uno, invariado, estático, mas, necessariamente, abriga um conjunto de variedades,
variantes e dialetos. Todas as línguas são moldadas pelos contextos socioculturais e a sua
variação e mudança dependem da forma como os usuários replicam o seu uso.
Em Moçambique, não é exceção. Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo
desviando-se constantemente com relação à norma. Sendo assim, a norma não é apenas ou
simplesmente um conjunto de formas linguísticas pré--estabelecidas, mas, também, é um
agregado de valores socioculturais usados por uma comunidade linguística.

Objectivo geral
O trabalho tem como objectivo geral Compreender Dequeismo e Paraqueismo no Português
Moçambicano.

Objectivos específicos

E como objectivos específicos visa:

 Conceituar dequeísmo e paraqueismo;


 Identificar as características do dequeísmo e paraqueismo no português
moçambicano;

Metodologia
Toda a pesquisa necessita de uma bibliografia de consulta, pelo facto de ser um método
desenvolvido com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos, não sendo aconselhável, em muitos casos, que textos retirados da internet
constituam a arcaboiço teórico do trabalho.
Desta feita, usou-se este método para a obtenção de bases teóricas e científicas, que
justificaram os factos e fenómenos observados, através de consultas de uma gama de livros
relacionados com a ética profissional. Portanto, com este procedimento obteve-se várias
informações que constituíram o corpo teórico da pesquisa, assim como a elaboração de
instrumentos e sua aplicação durante a realização do trabalho de campo.

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1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Conceitos

Queísmo
segundo Mollica (1995), inserido no campo da sintaxe, é um fenômeno que se caracteriza
como estrutural, ou seja, “a norma prevê ou prefere o uso de „de ‟”. Dessa forma, poderíamos
descrevê-lo como a queda da preposição „de “diante do relativizador „que ‟, quando a norma
padrão prevê a sua presença. (p.11).

Dequeísmo

Segundo Magalhães (2016) dequeísmo é uma inconsistência dentro da língua ao observarmos


a não transitividade dos verbos e as preposições com eles utilizadas. (p98).

Neste caso, dequeísmo é um dos erros gramaticais mais comuns em nosso idioma. O
dequeísmo e o queísmo acontecem normalmente em algumas orações subordinadas. Ambos
os erros se manifestam tanto na linguagem oral como na escrita e aparecem em toda América
Latina.

O dequeísmo consiste em utilizar de maneia desnecessária a preposição “de”. Na oração


“Acredito de que você não tem direito” acorre um dequeísmo, já que a preposição “de” não
deveria ser empregada nesse caso, uma vez que o correto seria “Acredito que você não tem
direito.

Outro ponto levantado pelo Magalhães (2016) a é o fato de o Queísmo e Dequeísmo serem
utilizados, muitas vezes, como um recurso de „hipercorreção ‟, tendo em vista que muitas
ocorrências analisadas por ela se dão “em contextos formais de fala onde há tensão discursiva
alta. (p.81)

Esse fator linguístico ocorre quando o falante, por certa insegurança linguística, passa a tentar
mudar exacerbadamente os vocábulos, a fim de apresentar um discurso com linguagem mais
prestigiada socialmente. O que Mollica (1995) aponta acerca desse fenômeno nos faz inferir

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que este é uma consequência muito mais social do que linguística, visto que nasce do anseio
do falante em adequar palavras ou expressões na fala para obter uma boa aceitação por parte
dos interlocutores, e isso, dificilmente, acontece com falantes menos escolarizados.

Paraqueismo

No entender do Magalhães (2016) Paraqueísmo é um conceito que se usa na gramática para


evocar a utilização incorrecta da expressão “de que”. A noção, por conseguinte, refere-se a
uma maneira indevida de usar “de” (uma preposição) junto a “que” (conjunção) numa mesma
oração. O autor em apreço, acrescenta ainda que é possível encontrar o paraqueismo dentro
dos anacolutos, que se produzem quando um determinado elemento gera uma inconsistência
dentro de uma expressão.

1.2 Características do Dequeísmo e Paraqueismo no Português Moçambicano.


Para Magalhães (2016) baseado em Gonçalves (2010: 50) é frequente, no Português
Moçambicano, o uso das preposições de e para a anteceder orações completivas finitas
iniciadas por que, que são os chamados fenómenos de dequeísmo e paraqueísmo. Quer dizer,
no PM e em construções do tipo a preposição de ou para, sem perda do seu estatuto de
preposição, é integrada no complementador.

Ilustração:

1. Acho de que esses alunos não conhecem o paradeiro dos seus familiares. (dequeísmo)
2. Peço para que tirem esta dívida. (paraqueímo)

A escolha de cada uma destas duas preposições não parece ser aleatória, mas antes
condicionada pela semântica do verbo que seleciona a oração completiva. Assim, verifica-se
uma utilização mais frequente da preposição de quando há um traço de assertividade, com
verbos declarativos e de atividade mental e que requerem o verbo da oração completiva no
indicativo (1), enquanto a preposição para aparece com maior frequência quando há um valor
modal, prospetivo, com verbos epistémicos, declarativos de ordem e inquirição, que requerem
o verbo da completiva no conjuntivo (2) (Gonçalves, 2010: 50).

As alterações que se verificam em PM relativamente aos conetores das orações subordinadas


completivas parecem indicar que os falantes de L1 língua Bantu que têm o Português como
L2 se apercebem das ambiguidades relativamente aos itens lexicais que podem ocupar a

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posição de núcleo de S Como, assim como relativamente à estrutura sintática que lhes
corresponde (Gonçalves, 2010).

Nas orações completivas em PM verificam-se fenómenos de adição das preposições para e de


os chamados fenómenos de paraqueísmo e dequeísmo a anteceder estas orações, fenómenos
estes que parece serem justificados por uma necessidade de os falantes darem conteúdo
semântico ao complementador neutro que. Deste modo, de que e para que parecem estar a
comportar-se como conetores complexos, com valores semânticos distintos.

1.3 Dequeísmo no português falado em Moçambique

Um dos casos mais comuns de dequeísmo é aquele que substitui uma preposição correta pela
preposição “de”. Assim, na oração “Confio de que o caderno esteja em seu lugar” a
preposição “de” é desnecessária, já que deveria ser empregada nesse caso a preposição “em”,
ou seja, “Confio em que o caderno esteja em seu lugar”.

Os dequeísmo também cometem algumas locuções (lembrando que locução é um conjunto de


palavras que funcionam como se fosse apenas uma palavra). Desta maneira, a locução “a não
ser de que” seria um caso de dequeísmo, pois deveria ser “a não ser que”.

Deve-se destacar que nem todos os dequeísmos são um erro, já que em algumas ocasiões as
preposições “de” e “que” podem estar juntas, como acontece na seguinte oração: “Encima de
que você se queixaDequeísmo no português falado em Moçambique

Exemplos: “Já é altura de me darem valor” é um queísmo já que a expressão correcta do


ponto de vista gramatical seria “Já é altura de me valorizarem”.

1.4 Queísmo no português falado em Moçambique

Importa referenciar que O conceito de queísmo aparece no âmbito da gramática espanhola


para designar a utilização incorrecta da conjunção “que”, quando se deveria usar a sequência
“de que”.

O queísmo, por conseguinte, implica a falta da preposição “de” quando esta deveria anteceder
a conjunção “que” no âmbito de uma oração subordinada.

Embora o queísmo implique um uso inadequado da linguagem, trata-se de uma maneira de


simplificar a fala que é muito frequente a nível coloquial. Por isso, é habitual encontrar-se
com diferentes exemplos de queísmo sem que se repare no erro
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Neste caso, o queísmo acontece pelo exagero do pronome relativo “que”, como na frase “A
política em Mocambique é constituída por políticos que não são honestos”, que pode ser
substituída pela oração: “A política em Mocambique. é constituída por políticos desonestos.

“Nem dei fé que entraste no quarto” também é um queísmo. A expressão correcta, neste caso,
seria a seguinte: “Nem dei fé de que entraste no quarto”. Claro que se formos mais rigorosos e
precisos, linguisticamente falando, o uso do tempo Pretérito perfeito do modo Indicativo (para
o verbo entrar) também tão é de todo correcto, já que é preferível optar pelo Pretérito-mais-
que-perfeito composto do Indicativo: “de que tinhas entrado”.

“Pretendo convencer-me de que agi bem, mas estou na dúvida” é algo que poderia expressar
uma pessoa com algum conflito moral. Essa frase não tem erros gramaticais. Diferente seria
se o mesmo sujeito comentasse: “Pretendo convencer-me que agi bem, mas estou na dúvida”.

Uma regra para determinar se há necessidade de usar a sequência “de que” ou apenas a
conjunção “que” consiste em substituir a oração subordinada pelo pronome “isso”. Quando o
resultado carece de sentido, é necessário utilizar “de que”.

Se retomarmos o exemplo anterior, veremos que “Pretendo convencer-me isso” não faz
sentido; no entanto, “Pretendo convencer-me disso”, aí, sim, faz sentido. Posto isto, deve-se
usar “de que” (“Pretendo convencer-me de que agi bem, mas não duvido disso”).

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Conclusão

Como pudemos constatar nesta pesquisa, o Português de Moçambique se distancia


do Português Europeu, sobretudo em nível lexical, fonológico e semântico.
Este é um rumo percorrido por qualquer língua viva, pois se assim não fosse estaríamos
falando latim. As entradas de termos vindos das diversas LM se justificam pelo fato de que os
contextos socioculturais moçambicanos interferem na comunicação e forçam a marcação da
identidade.
No que diz respeito ao queismo podemos dizer que aparece no âmbito da gramática
espanhola para designar a utilização incorrecta da conjunção “que”, quando se deveria usar a
sequência “de que”.

Em relação ao dequeísmo podemos dizer que O dequeísmo consiste em utilizar de maneia


desnecessária a preposição “de”. Na oração “Acredito de que você não tem direito” acorre um
dequeísmo, já que a preposição “de” não deveria ser empregada nesse caso, uma vez que o
correto seria “Acredito que você não tem direito

O dequeísmo e o queísmo acontecem normalmente em algumas orações subordinadas. Ambos


os erros se manifestam tanto na linguagem oral como na escrita e aparecem em português
falado em Moçambique.

Realçar que investigar o fenômeno do Queísmo e Dequeísmo é adentrar em um campo pouco


explorado, visto que o número de estudos direcionados ao sistema preposicional, nessa
perspectiva, é bastante limitado.

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Referências Bibliográficas

Peres, J. A. & MÓIA, T. (1995). Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial
Caminho.
Raposo, E. P. (1992). Teoria da Gramática. A Faculdade da Linguagem. Lisboa: Caminho.
Rodrigues, E. dos S. (2006). O processamento da concordância de número entre sujeito e
verbo da produção de sentenças.
Ali, S. (1964). Gramática Histórica da Língua Portuguesa. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 3ªed.
Almeida, M. (1965). Gramática Metódica da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Edição
Saraiva, 18º ed.
Barbosa, J. S. (1822). Grammatica philosophica da lingua portugueza ou principios
da grammatica geral applicados á nossa linguagem. Lisboa: Typ. da Academia das
Sciencias, [versão digitalizada].
Bechara, E. (2002). Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro Editora Lucerna, , 37ª
ed.

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