Monografia Defendida
Monografia Defendida
Monografia Defendida
FACULDADE DE DIREITO
JUMA ADREMANE
NAMPULA, 2018
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
JUMA ADREMANE
NAMPULA, 2018
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
JUMA ADREMANE
Resultado:___________________________________________________________________
MEMBROS DE JÚRI
Presidente: __________________________________________________________________
Supervisor: _________________________________________________________________
Examinador: ________________________________________________________________
Estudante: ________________________________________________________________
NAMPULA, 2018
Declaração de Honra
O presente trabalho científico constitui o resultado da minha pesquisa e da magna orientação
do meu supervisor: MA, Aboochama Oliveira Vontade. Pelo que, nunca foi publicado em
nenhuma Faculdade para a obtenção de qualquer grau académico. Porém, encontram-se
apresentadas nas referências bibliográficas, todas as fontes usadas para a realização do
presente trabalho.
Juma Adremane
________________________________________
i
Dedicatória
Em primeiro lugar dedico a Allah, todo-poderoso!
Ao meu tio e encarregado de educação Sr. Momade Nuro Juma, que dia e noite esteve
próximo e pronto em ver materializado este processo;
À memória do meu avô, que desde criança ensinou-me o espírito da persistência nos estudos;
Incansavelmente à minha querida Esmeralda Estêvão, que foi a pessoa mais especial dando
enormes contributos em todo pacote de Licenciatura em Administração Pública;
Aos meus filhos: Icra Juma Adremane e Avinaça Juma Adremane, que mesmo estando
distante, foram a maior causa e fonte de inspiração ao longo da formação.
ii
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Allah, todo-poderoso!
Com especial enfoque ao meu respeitoso supervisor, o MA, Aboochama Oliveira Vontade,
que de forma particular, deu e tem dado a sua orientação a todos níveis como uma condição
sine qua non para o sucesso da presente licenciatura.
Um agradecimento especial ao meu tio e encarregado de educação, Momade Nuro Juma, que
prontificou a sua ajuda em todos os momentos da formação;
Aos meus colegas, Neves Dinis Calisto Janfar, Amisse Dauda, Obed Gualter José Gil, a Tuair
Selemane, António Isaías Mamborice, a Andra Manuela Chiwira, a Joana Gonçalves
Fernando, ao Cimo Vieira Tualha, a Elsa Alufane, ao Manuel Eduardo Pereira, ao Teodónio
Daniel José António e demais colegas da turma que de forma incansável deram o seu apoio
para a materialização desta licenciatura.
Aos meus docentes: MA. Aboochama Oliveira Vontade, ao Dr. Celestino Júnior, ao MA. João
Bento Zampula, à Dra. Adília Marília Silva, ao MA. Cremildo Yotamo, ao MA Vicente
Marcos, ao MBA. António Cuna, ao Dr. Mussagy Hassane Mussagy e demais docentes da
Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique, que de forma directa
contribuíram bastante na troca dos seus conhecimentos ao longo deste período da licenciatura.
iii
Epígrafe
“O modo de funcionamento da
Administração não se compadece com a
oralidade, em regra, portanto, o
procedimento administrativo tem carácter
escrito”(in Marcello Caetano cit. Amaral,
1989. Vol. III).
iv
Lista de Siglas/Abreviaturas
AP – Administração Pública
Art. - Artigo
Dr. Doutor
MA – Master Administration
N.º – Número
Prof. – Professor
SS – Seguintes
Vide – consultar
v
Resumo
O presente trabalho científico tem como tema: Análise da Eficácia do Indeferimento Tácito Face aos Direitos e
Interesses dos Particulares legalmente protegidos. Trata-se de uma análise doutrinal e jurídico-administrativa do
fenómeno do indeferimento tácito que reiteradamente ocorrem na nossa realidade administrativa e não só. Do
ponto de vista académico, o indeferimento tácito é visto como uma violação aos princípios da decisão e da
fundamentação dos actos administrativo, alias, viola os direitos e interesses fundamentais dos particulares
legalmente protegidos. Entretanto, atendendo que o fenómeno tem deixado os particulares desmotivados num
Estado de Direito Democrático, importa no presente estudo perceber o paralelismo deste fenómeno diante dos
princípios acima arrolados. Assim sendo, em consideração à problemática acima arrolada ao longo da pesquisa,
permitiu-nos levantar a seguinte pergunta de partida: Que implicações o indeferimento tácito gera face aos
direitos e interesses dos particulares legalmente protegidos? Outrossim, o objectivo geral do estudo é de analisar
o impacto do indeferimento tácito para o desenvolvimento socioeconómico do país. Nisso, culmina nos seguintes
objectivos específicos: (i) identificar os efeitos jurídicos do indeferimento tácito sobre os direitos e interesses dos
particulares legalmente protegidos; (ii) descrever as implicações do indeferimento tácito sobre os direitos e
interesses dos particulares legalmente protegidos, e (iii) propor, possíveis melhorias jurídico-administrativas para
salvaguardar os direitos e interesses legítimos dos particulares. Contudo, a presente pesquisa versa num olhar dos
artigos 107º e 108º respectivamente da Lei 14/2011, de 10 de Agosto, uma lei que regula a vontade da
Administração Pública, estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares. Para a
realização do presente trabalho, tivemos como recurso à pesquisa bibliográfica e documental, onde foi possível
apreciar as posições dos autores comparativamente com as legislações internas e internacionais.
vi
Abstract
The present scientific work has as its theme: Analysis of the Efficacy of Tacit Dismissal Faced with the Rights
and Interests of Legally Protected Individuals. It is a doctrinal and legal-administrative analysis of the
phenomenon of tacit rejection that repeatedly occur in our administrative reality and beyond. From an academic
point of view, tacit dismissal is seen as a violation of the principles of decision making and of administrative
grounds, alas, it violates the fundamental rights and interests of legally protected individuals. However, in view
of the fact that the phenomenon has left private individuals unmotivated in a State of Democratic Right, it is
important in the present study to perceive the parallelism of this phenomenon in view of the above mentioned
principles. Thus, in consideration of the above problems, we were able to ask the following question: What
implications does tacit denial generate in the face of the rights and interests of legally protected individuals?
Moreover, the overall objective of the study is to analyze the impact of tacit rejection on the socio-economic
development of the country. In this, it culminates in the following specific objectives: (i) to identify the legal
effects of tacit dismissal on the rights and interests of legally protected individuals; (ii) describe the implications
of tacit dismissal over the rights and interests of legally protected individuals, and (iii) propose possible legal and
administrative improvements to safeguard the rights and legitimate interests of individuals. However, this
research looks at articles 107 and 108 respectively of Law 14/2011, of August 10, a law that regulates the will of
the Public Administration, establishes the norms to defend the rights and interests of individuals. For the
accomplishment of the present work, we have had recourse to the bibliographical and documentary research,
where it was possible to appreciate the positions of the authors comparatively with the domestic and
international legislations.
vii
Índice
Declaração de Honra................................................................................................................i
Dedicatória..............................................................................................................................ii
Agradecimentos.....................................................................................................................iii
Epígrafe..................................................................................................................................iv
Lista de Siglas/Abreviaturas....................................................................................................v
Resumo...................................................................................................................................vi
Abstract.................................................................................................................................vii
INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
Conclusão..............................................................................................................................42
Sugestões...............................................................................................................................43
Referências Bibliográficas....................................................................................................44
a) Legislações usadas:........................................................................................................44
b) Doutrina:........................................................................................................................44
ANEXO.................................................................................................................................46
ix
INTRODUÇÃO
O presente trabalho científico tem como tema: Análise da eficácia do indeferimento tácito
face aos direitos e interesses dos particulares legalmente protegidos Trata-se de uma análise
doutrinal e jurídico-administrativa do fenómeno do indeferimento tácito que reiteradamente
ocorrem na nossa realidade administrativa e não só. Do ponto de vista académico, o
indeferimento tácito é visto como uma violação aos princípios da decisão e da fundamentação
dos actos administrativos, o que, em outras palavras vale dizer, viola o princípio da legalidade
administrativa.
Entretanto, atendendo que o fenómeno tem deixado os particulares desmotivados num Estado
de Direito Democrático, a tem gerado maior diferença na opinião pública. Porém, com a
insatisfação dos particulares pode, eventualmente, alimentar a prática da corrupção, uma
doença bastante combatível a nível interno e internacional. Assim sendo, em consideração à
problemática arrolada, levanta-se a seguinte pergunta de partida: Que implicações o
indeferimento tácito gera face aos direitos e interesses dos particulares legalmente
protegidos?
Contudo, a presente pesquisa versa num olhar dos artigos 107º e 108º respectivamente da Lei
14/2011, de 10 de Agosto, uma lei que regula a vontade da Administração Pública, estabelece
as normas de defesa dos direitos e interesses dos particulares. Para a realização do presente
trabalho.
No que concerne às técnicas de recolha de dados, importa esclarecer que o presente estudo
cingiu-se na análise bibliográfica e documental, sem esquecer a um olhar especial de
legislações internas e internacionais que descrevem a matéria. Nesta vertente, permitiu olhar
de forma explícita as ideais dos autores comparativamente com as normas jurídicas que
explicitam o fenómeno em alusão. Com relação à estratégia usada para a apresentação e
discussão dos resultados, cumpre-nos sublinhar que fizemos uma espécie do estudo
comparativo da doutrina face às legislações atinentes à matéria em alusão, mas sobre tudo,
das outras realidades de modo a encontrarmos possíveis saídas face ao problema.
Do ponto de vista académico, este, torna-se um ponto de debate a fim de se apurar o melhor
caminho possível que possa ser adoptado de forma a preservar os direitos e garantias dos
particulares legalmente protegidos. Por outro lado, o silêncio administrativo/indeferimento
tácito acaba, nalgumas vezes; lesando os particulares, tirando os seus sonhos; e
comprometendo a materialização dos seus projectos; descredibiliza a imagem administrativa e
compromete o desenvolvimento socioeconómico do país.
No que toca a estruturação do presente trabalho, importa salientar que o mesmo encontra-se
subdividido em quatro (4) capítulos nomeadamente: o marco teórico, a metodologia, a
apresentação e análise de dados e por último, a discussão de resultados. Relativamente ao
primeiro capítulo (Marco Teórico), apresentamos em princípio, as noções fundamentais da
expressão Administração pública, a conceitualização terminológica do termo silêncio e
2
silêncio administrativo, o tratamento do silêncio da Administração Pública no ordenamento
jurídico moçambicano, o dever de informar da Administração Pública na era de informação e
fizemos o estudo comparativo do silêncio em alusão em outras realidades do mundo lusófono.
Quanto ao terceiro capítulo, (apresentação e análise de dados), importa referir que é aqui onde
assenta a comparação doutrinal e legislativa dos factos apurados, pois, tentamos encontrar
possíveis soluções do problema em análise. Por último, no quarto capítulo fizemos uma breve
discussão de resultados apurados ao longo da pesquisa bibliográfica efectuada e uma
subsequente conclusão e sugestões face ao tratamento do indeferimento tácito. Pelo que,
esperamos que o resultado espelhe o esforço envidado.
3
CAPÍTULO I: MARCO TEÓRICO
Conforme nos lembra o Otero (2014), “a Administração Pública visa sempre a prossecução de
interesses públicos, identificados como fins que encontram a sua fonte num título jurídico do
poder público, procura satisfazer necessidades colectivas dotadas de projecção ou repercussão
política, reconduzíveis ao conceito do bem comum” (p. 23).
Na perspectiva do Amaral (2006), “são dois sentidos em que se utiliza na linguagem corrente
a expressão administração pública: a Administração Pública em sentido orgânico ou
subjectivo e a administração pública em sentido material ou objectivo” (p. 21-22).
Outrora aponta para um terceiro sentido de expressão que é do ponto de vista técnico-jurídico,
ligado ao modo próprio de agir que caracteriza a administração pública em determinado tipo
de sistemas de administração.
Acresce o autor que “tomando em conta os dois sentidos da expressão, escrevê-la-emos com a
letra minúscula – administração pública – quando a usarmos no sentido material ou funcional,
a actividade administrativa pública; inversamente, quando recorremos ao sentido orgânico,
em princípio, a expressão leva letra maiúscula – Administração Pública” (Amaral 2006, p.
22).
Na visão do Professor Caupers (2013), podemos perceber que afinal Administração Pública
sob ponto de vista orgânica é:
Daí que nos permite entender, numa primeira fase que, a administração pública em sentido
material ou funcional compõe-se do conjunto de acções e operações materiais desenvolvidas
pelos órgãos, serviços e agentes do Estado e demais organizações públicas ocupadas em
assegurar, em nome da colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar.
Entretanto, Otero (2014, p: 126), ensina que se deve considerar os seguintes traços distintivos
da Administração pública, enquanto instrumento do Estado, a saber:
5
subjectiva das posições jurídicas substantivas e procedimentais dos destinatários da
actuação administrativa.
a) Definição das situações jurídicas pode fazer-se através do recurso ao direito público
(formas de actividade jurídica pública) ou mediante a utilização do direito privado
(formas de actividade jurídica privada);
b) As situações definidas podem ter incidência substantiva, procedimental e processual;
c) Nem sempre a definição das situações jurídicas é feita por acção, uma vez que a lei
pode associar à inércia ou omissão administrativa um determinado significado
definidor de uma situação jurídica concreta;
d) A invalidade da definição jurídica proveniente da Administração Pública nem sempre
impede a sua produção de efeitos, nem exclui o seu destinatário do dever de
obediência em todos os casos;
e) A definição das situações jurídicas pode fazer-se em termos unilaterais ou bilaterais;
f) No âmbito do direito público, a definição unilateral das situações jurídicas pode ser
recortada a nível geral e abstracto ou em termos individuais e concretos.
Meios humanos;
Meios materiais;
Meios organizativos; e
Meios privados.
6
1.3. O INDEFERIMENTO TÁCITO/ SILÊNCIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Começamos nesta abordagem a retratar a terminologia e significado da expressão
silêncio/indeferimento tácito para posteriormente aferir os efeitos jurídicos do indeferimento
tácito.
Em nossa opinião, convergindo com o Dicionário acima citado, a palavra silêncio, numa
interpretação literal e extensiva, podemos perceber silêncio como sendo a omissão
propositada efectuada por um indivíduo; a falta da intervenção individual sobre um
determinado facto; ausência deliberada de vontade, entre outros.
Nos termos do n.º 1 e 2 do art. 108º da Lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto estatui que:
7
Na perspectiva do Prof. Amaral (2006), “por vezes a Administração nada faz ou nada diz
acerca dos assuntos de interesse público que tem entre mãos 1. Tal atitude pode provocar
reacções por parte de opinião pública, mas não tem normalmente qualquer consequência
jurídicaˮ (p. 266).
Acrescenta o autor, que existem, porém, algumas situações em que a lei atribui ao silêncio da
Administração um determinado significado jurídico, daí decorrendo efeitos jurídicos.
Suponhamos que um particular apresenta a um órgão da Administração um requerimento em
que solicita que lhe seja atribuída uma licença ou uma pensão a que por lei tem direito.
Como todos nós sabemos, muitas vezes a Administração tem uma atitude de inércia
ou de silêncio perante pretensões concretas dos particulares, constituindo uma das
mais insidiosas formas de desrespeito pelas regras ou normas que regem o
funcionamento da Administração pública, de forma directa violando assim o
princípio da legalidade, como devem ser entendidos num Estado de Direito – no
caso de Moçambique (Saldanha, 2013).
Contudo, no nosso entender, esta prática vem sendo reiterada nas nossas instituições públicas
moçambicanas, pelo que, em princípio não deve ser tratada como um simples problema, mas
sim, como uma questão nociva que afecta o âmago da administração pública. Outrossim, a
1
Se nada diz por exemplo, em primeira análise, podemos dizer que o órgão administrativo está violar a lei.
Aliás, cumpre aos órgãos administrativos, nos termos da lei dar uma decisão final sobre um determinado acto
administrativo. Assegura o principio da decisão que: os órgãos da Administração Pública devem decidir sobre
todos os assuntos que lhe sejam apresentados pelos particulares. No entanto, considerando esta prescrição, é
óbvio que os órgãos administrativos estão diante de um poder-dever de decidir os actos administrativos
submetidos por particulares, pelo que, não há espaço de se registar o silêncio em alusão.
8
doutrina do silêncio administrativo2, surge como uma necessidade de salvaguardar os direitos
e interesses dos particulares perante a Administração.
Tanto é que, a Administração Pública existe para a prosseguir o interesse público que a lei
coloca a seu cargo, sendo inadmissível que, no âmbito da prossecução de tal interesse, se
permitisse à Administração, que continuasse com a política de braços cruzados.
De acordo com Breweer (1990) cit Saldanha (2013), “a doutrina do silêncio administrativo
surge como uma necessidade de salvaguardar os direitos e interesses dos particulares perante
a Administração, configurando-o como um princípio geral de direitoˮ (p. 91).
Em nossa humilde opinião, num momento em que se pretende modernizar cada vez mais a
administração pública, seria óptimo que o indeferimento tácito presumisse na aceitação do
pedido. Pois, muita das vezes os órgãos administrativos têm omitido certas matérias
alegadamente por estar a defender o interesse geral dos particulares.
Contudo, “atendendo que a Administração Pública existe para prosseguir o interesse público,
a que a lei coloca a seu cargo, sendo é inadmissível que, no âmbito da prossecução de tal
interesse, permitisse à Administração, que continuasse com a política de braços cruzados, e
assim, não respondesse deste modo as solicitações concretas e individuas dos particularesˮ
(Saldanha, 2013. P: 91).
Ao abrigo do art. 104º da lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto consagra que o procedimento
administrativo extingue-se pela tomada de decisão final bem como por qualquer outros factos
previstos na presente lei.
2
O silêncio da Administração ou simplesmente o silêncio administrativo é, na nossa posição um vício dos órgãos
administrativos em não se pronunciar face aos pedidos dos particulares após o decurso do período legalmente
estabelecido. Contudo, resta percebermos o seu tratamento no nosso ordenamento jurídico e, efectivamente, qual
seria a melhor medida face a este mal.
9
Sendo a tomada de decisão, a extinção do procedimento administrativo, o indeferimento tácito
em nossa opinião viola de larga medida o princípio da legalidade administrativa, um princípio
motor que assegura a actividade administrativa e não só.
Entretanto, de referir que é assim que os Estados de Direito Democrático curam de colocar ao
serviço dos particulares uma gama de garantias (políticas, administrativas, ou graciosas e
jurisdicionais ou contenciosas), tendentes a reprimir ou a prevenir a violação dos seus direitos
e interesses legalmente protegidos, pela Administração.
Por outro lado, sabemos muito bem que “a Administração Pública visa a
prossecução do interesse público. Porém, sendo este o princípio motor da
Administração pública, não devem, os órgãos administrativos omitir certos actos que
por lei, devem ser decididos. Tanto é que na filosofia administrativa, é justo ouvir
que a (AP) actua, move-se, funciona para prosseguir o interesse público, pois, o
interesse público é o seu único fim” (Amaral, 2008, p: 256).
A medida é comungado nos termos do art. 5º da LPA, que estatui que : a Administração
Pública prossegue o interesse público, sem prejuízo dos direitos e interesses dos
administrados protegidos por lei.
Todavia, o maior equívoco face ao silêncio da AP surge, na medida em que a mesma serve o
interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos
10
cidadãos, vide n.º 1 do art. 249º da CRM. Assim sendo, considerando deste modo que a
génese e essência da Administração é observar estreitamente o respeito dos direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos, surge uma questão relativamente ao tratamento do
silêncio da Administração Pública particularmente na nossa realidade jurídico-administrativa
moçambicana.
Segundo o Prof. Freitas do Amaral (2008), “a prossecução do interesse público não é o único
critério da acção administrativa, nem tem um valor ou alcance ilimitado. Há que prosseguir,
sem dúvida, o interesse público, mas respeitando simultaneamente os direitos subjectivos e os
interesses legalmente protegidos dos particulares” (p. 61-62).
Acrescentando a posição do autor, entre nós, concordamos que realmente não basta prosseguir
um interesse público3, mas sim, na última instância, respeitar o interesse prosseguido visto
que é o dever da administração pública oferecer serviços públicos de forma eficiente e eficaz.
Contudo, diante do silêncio da Administração Pública comparativamente ao dever de respeitar
os direitos e interesses dos particulares referenciados pelo autor, percebemos que realmente,
do ponto de vista doutrinal é a violação dos princípios e alicerces da administração pública.
Outrossim, está aqui retratada a essência do Direito Administrativo, que se caracteriza pela
necessidade permanente de conciliar as exigências do interesse público com as garantias dos
particulares. Pois, durante muito tempo, pensou-se que a única forma de assegurar o respeito
pelos direitos subjectivos e pelos interesses legalmente protegidos dos particulares seria
reclamar e garantir o princípio da legalidade.
Mais adiante, a lei supracitada, estabelece nos seus n.º 1 e 2 do artigo 107º, os casos de
deferimento tácito dos actos administrativos nas seguintes posições:
Relativamente ao n.º 1 do art. 108º da lei em alusão (LPA), estabelece que independentemente
do disposto no artigo anterior, a falta, no prazo fixado para a sua emissão de decisão final
sobre pretensão dirigida ao órgão administrativo competente confere ao interessado, salvo
disposição em contrário, a faculdade de presumir indeferida essa pretensão, para poder
exercer o respectivo meio legal de impugnação.
Entre nós, percebemos que, visto que o prazo estabelecido para a decisão final das pretensões
dirigidas aos órgãos administrativos competentes, salvo a disposição em contrário é de vinte e
cinco dias, há casos em que decorre o período em alusão sem que haja uma pronunciação dos
órgãos administrativos, violando assim a Constituição da República e leis avulsas do nosso
ordenamento jurídico.
Ora vejamos, a lei só e só estabelece que decorrido o período legal para a decisão final das
pretensões submetidas aos órgãos competentes, presumir-se-á o deferimento ou indeferimento
tácito dos seus pedidos. Contudo, achamos nós que não há espaço, pelo menos na vida
jurídico-administrativa a questão de presunção, principalmente quando se trata da violação
dos direitos e interesses dos particulares legalmente tutelados por lei.
Todavia, esta vaga da disposição legal não é eficaz, pois, é uma matéria que reiteradamente
ocorre na nossa realidade. Contudo, é na nossa humilde opinião que se faça uma reforma legal
da lei em análise, particularmente nos artigos 107º e 108º respectivamente. Na nossa opinião,
seria a mesma lei a determinar de forma categórica, que o silêncio da Administração Pública,
portanto decorrido o período legal, resultar-se-á na aceitação do pedido submetido aos órgãos
competentes. Isso porque, em princípio o legislador estaria a acautelar os direitos e interesses
dos particulares que na em princípio a lei almeja, sob pena de termos uma lei, que na essência
não defende aquilo que são os interesses dos particulares que do ponto de vista doutrinal e
jurisprudencial é o fim último da Administração pública.
A opinião exposta no parágrafo anterior, surge na medida em que a lei prevê ainda n.º 1 do
art. 108º que em caso do decurso legal do período, salvo a disposição em contrário, devem os
particulares, presumir indeferida do seu pedido para efeitos de impugnação junto aos tribunais
Administrativos e entre outras instâncias. Ora, a presunção de tal facto não é um meio
positivo no nosso entender.
Aliás, o aprendemos ao longo da nossa formação que o Tribunal Administrativo não passa
deste equívoco (Silêncio da Administração Pública), pelo que, achamos que é o momento
oportuno que se possa fazer uma revisão pontual da lei em apreço, de modo que o legislador
determine medidas acautelares dos direitos e interesses dos particulares, visto que são
situações que lesam de certo modo os particulares, e, devido a desinformação administrativa
de muitos concidadãos ficam sem saber o que fazer, optando assim, na maioria das vezes
corromper para que os seus pedidos sejam satisfeitos. Assim sendo, um dos casos negativos
que o silêncio da Administração produz é a abertura dum campo para a prática da corrupção,
uma doença bastante combatível em Moçambique e no mundo em geral.
13
De lembrar que a tal presunção não satisfaz de forma cabal os particulares cujos direitos estão
estabelecidos na Constituição. Porém, de todo em todo o Silêncio da Administração Publica,
em outras palavras seria a violação dos princípios administrativos expressos nos art. 4º e ss da
(LPA).
Todavia, comparando isso com o silêncio da Administração Pública, podemos perceber que o
indeferimento tácito, realmente é um atentado aos direitos subjectivos dos administrados,
atendendo que viola os princípios da decisão e da fundamentação dos actos administrativos.
Acresce o autor, que o acto administrativo, em princípio obedece, no mínimo cinco elementos
essenciais, a destacar:
Seguindo o raciocínio do autor, o acto administrativo, para todos efeitos, todas as decisões
tomadas pelos órgãos Administrativos em sede da administração pública (no exercício das
suas funções), que visa produzir efeitos numa determinada matéria. (Amaral, 2012).
De acordo com Sousa e Matos (2009), “o acto administrativo não é sinónimo do acto da
administração, o conceito do acto administrativo abrange um grupo de condutas
administrativas dotadas de características essenciais idênticas e por isso sujeitas a um regime
jurídico comum” (p. 73).
O conceito do acto administrativo é reforçado ainda pelo Prof. Caupers que sustenta
“o acto administrativo é, antes de mais, um acto jurídico, ou seja, conduta voluntaria
geradora de efeitos de direito. Nota-se que determinação da voluntariedade da
conduta nem sempre com recurso à chamada de vontade psicológica, isto é, a
vontade de tal como concebe a teoria do negócio jurídico (Caupers, 2013).
Sobre esta posição, podemos perceber que o acto administrativo é sim, as decisões tomadas
pelos órgãos da Administração pública, mas sobre tudo no exercício das suas funções. Ora,
visto que uma das funções dos órgãos administrativos é de decidir as matérias que lhes são
apresentadas pelos particulares, poderíamos assentar que o silêncio da Administração pública,
pode eventualmente ser uma decisão tácita. Todavia, merece um tratamento cabal a fim de
garantir que os direitos e interesses dos particulares sejam acautelados.
15
1.3.4. Acto Administrativo definitivo e Executório
Na perspectiva do Caetano (2007), “o processo administrativo não finda necessariamente com
o acto definitivo e executório. A legalidade deste pode ser ainda examinada e a sua validade
discutida perante os tribunais administrativos numa nova fase, a de recurso contencioso” (p.
1326).
Em nossa humilde opinião, pensamos nós que não seria carácter administrativo, de todas as
formas que isso acontecesse. Ou seja, visto que estamos numa era em que todas as forças
vivas são chamadas a envidarem esforços no sento de catapultar a economia do país e não só,
os órgãos administrativos, também, deve rever a sua actuação perante aos pedidos submetidos
pelos particulares, sob pena de criar indícios de corrupção, a que merece o magno combate,
sob risco de prejudicar a economia do país.
Entre nós, o tal recurso contencioso, em princípio é susceptível aos actos administrativos
definitivos e executórios, vide n.º 1 do art. 27º da lei n.º 9/2001, de 7 de Julho, pelo que
aproveitemos questionar, se o recurso contencioso a que se pode manifestar consiste num acto
administrativo definitivo e executório, qual seria a manifestação dos particulares com a
pretensão ou omissão dos órgãos administrativos face aos pedidos?
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Ademais, Macie (2015) sublinha que “o conceito de acto administrativo impugnável
contenciosamente, é, na ordem jurídica moçambicana, o acto com eficácia externa, isto é, que
possa produzir efeitos jurídicos na esfera dos particulares, afectando os seus direitos ou
interesses legalmente protegidos” (p. 94-95).
Acrescenta o autor que é o acto administrativo impugnável o acto definitivo e executório, com
eficácia externa, incluindo neste conceito o acto não definitivo, desde que tenha sido
executado pela Administração Pública.
Nessa senda de ideia, atendendo que o silêncio da Administração resulta da omissão dos
órgãos administrativos após o decurso do período legal, há, efectivamente, enorme
necessidade da lei prescrever, formalmente o acento cabal da omissão dos órgãos
administrativos face aos pedidos submetidos pelos particulares. Na nossa consciência, seria de
bom-tom que a lei prescrevesse medidas eficientes do silêncio da Administração Pública de
modo que garante os interesses da colectividade. Ou seja, visto que o recurso contencioso
junto aos tribunais administrativos fazer-se-á mediante um acto definitivo e executório, ainda
estamos diante dum vazio do tratamento do silêncio da Administração, violando assim os
princípios assentos da administração pública.
17
1.3.5. O indeferimento tácito face às Garantias Jurídicas dos Particulares
De acordo com o Prof. Amaral (2011), “são os meios criados pela ordem jurídica com a
finalidade de evitar ou sancionar as violações do direito objectivo, as ofensas dos direitos
subjectivos ou dos interesses legítimos dos particulares, ou o domínio da acção
administrativa, por parte da Administração pública” (p. 747).
Na perspectiva do Caetano (2013), “entendemos por garantias todos os meios criados pela
ordem jurídica com a finalidade imediata de prevenir ou remediar, quer as violações do direito
objectivo (garantias da legalidade), quer as ofensas dos direitos subjectivos ou interessas
legítimos dos particulares (garantias dos administrados) ” (p. 1202).
Nos termos do n.º 1 do art. 18º da lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto, conjugado com o art. 15º
do Decreto 30/2001, de 15 de Outubro estabelece que são as garantias dos direitos das pessoas
singulares ou colectivas, as seguintes:
a) O requerimento;
b) A reclamação;
c) O recurso hierárquico;
d) O recurso hierárquico impróprio;
e) O recurso tutelar;
f) O recurso de revisão;
g) A queixa;
h) A denúncia;
i) A petição, queixa ou reclamação ao provedor de justiça;
18
j) O recurso contencioso.
Na vertente das garantias dos particulares face aos abusos ou ilegalidades cometida pela
administração pública se desdobram em: garantias políticas, garantias graciosas e garantias
contenciosas (Amaral, 2005).
a) Garantias politicas – no que toca às garantias políticas, dizer desde logo que toda a
organização democrática do Estado constitui – em si mesma e nos múltiplos aspectos
de que se compõe – uma garantia para os particulares. Contudo, a garantias políticas
resumem-se no direito de petição, quando exercido perante qualquer órgão de
soberania, e o chamado direito de resistência;
b) Garantia graciosa – considera-se as garantias graciosas, as que se efectivem através
de actuação dos próprios órgãos da administração activa. A ideia fundamental em que
assenta a existência de garantias consiste na institucionalização, dentro da própria
Administração, de mecanismos de controlo da sua actividade – designadamente,
controlo hierárquicos, controlos tutelares e outros, os quais são criados por lei;
c) Garantias Contenciosas - finalmente, no que toca às garantias contenciosas, importa
salientar que estas representam a forma elevada e mais eficaz de defesa dos direitos
subjectivos e dos interesses legítimos dos particulares. As garantias contenciosas, em
síntese se efectivam através dos tribunais.
Em nosso entender, os particulares tem uma faculdade impugnatória face aos abusos
praticados pela Administração Pública. Contudo, não se pode pensar que o simples facto dos
19
particulares ter essa margem legal que os órgãos administrativos não se pronunciem sobre
uma dada matéria solicitada pelos particulares. O silêncio da Administração é um sinal claro
da violação dos direitos subjectivos dos particulares, mas sobre tudo a violação à constituição
e demais leis avulsas do nosso ordenamento jurídico.
20
A criação de redes sociais, garantindo uma rápida circulação de informação, põe em
contacto um universo que, sendo global, matou as distâncias, sem necessidade de
contactos físicos entre os seus membros.
No que tange da Administração Pública electrónica, o autor acima suscitado levanta principais
manifestações da decorrente de tal processo de informatização da AP:
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Outrossim, na nova Administração Pública electrónica, expressão do resultado da influência
das novas técnicas de informação e conhecimento de uma sociedade desenvolvida, em que o
computador pessoal desempenha a função chave de uma porta permanente aberta ao mundo,
registam-se significativas alterações no agir administrativo.
No que concerne ao direito de informação, está explícito nos n.º 1, 2 e 3 do art. 253º da CRM,
que estabelece:
Entretanto, percebemos nós que com o silêncio da Administração Pública, não só viola a
Constituição e demais leis avulsas, mas também, trás um impacto muito negativo no seio da
sociedade moçambicana. Ora vejamos, tem se reportado enormes casos de corrupção activa e
passiva respectivamente no nosso país, duma forma simplista, uma simples preterição dos
actos administrativos faz com que seja uma manobra por parte de tomadores de decisões
administrativas, o que, efectivamente, nalguns casos abre um espaço de prática da corrupção
que doravante trás, entre outros, o seguinte impacto:
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Compromete o crescimento socioeconómico do país, uma vez que, como sabemos,
diante do processo administrativo tem-se arrecadado taxas no sentido de catapultar o
Orçamento Geral do Estado – OGE que permite, efectivamente a materialização do
Plano Económico e Social – PES;
Compromete o desenvolvimento socioeconómico do país, uma vez que, sem sombras
de dúvidas com a prática da corrupção o cidadão perde a confiança face à
Administração pública;
Compromete, em larga medida a prossecução do interesse público a todos níveis.
Aliás, no que concerne a prossecução do interesse público, explica o Prof. Caupers (2013), “o
interesse público é o interesse de uma comunidade, ligado à satisfação das necessidades
colectivas desta (o bem comum)” (p. 79).
Posto isso, cumpre-nos destacar que um dos meios de prevenção do silêncio administrativo
nas instituições públicas e na Direcção Provincial das Obras Públicas, Habitação e Recursos
Hídricos em particular, seria, efectivamente a adopção dos meios tecnológicos que o mundo
oferece a fim de salvaguardar os direitos e liberdades fundamentais dos particulares.
24
Com essa prerrogativa, são desafiadas, em particular enfoque às Instituições Públicas a
adoptarem essa medida em todos procedimentos administrativos, pós assim, possibilita maior
gestão de informação, arquivos e documentos institucionais a fim de criar maior confiança,
aproximação e colaboração entre as partes (Administradores e administrados), pois esse é um
dos princípios motor da administração pública. Pelo que, seria melhor a criação de bancos de
dados institucionais, acesso cabal à internet a fim de garantir a melhor conectividade entre a
Administração e seus particulares alvos.
Contudo, atendendo que as Instituições Públicas têm como fim último o bem-estar
socioeconómico da colectividade, importa destacar que têm um desafio enorme no abraço
desta área. Pelo que, são os seguintes desafios que se registam na vertente da adopção das
tecnologias de informação e comunicação:
a) Conhecimento;
b) Digitalização;
c) Virtualização;
d) Molecularização;
e) Integração/redes interligadas;
f) Desintermediação;
g) Convergência;
h) Inovação, entre outros.
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CAPÍTULO II: METODOLOGIA
Prodanov e Freitas (2013), ela ocorre quando “elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos,
jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o
objectivo de colocar o pesquisador em contacto directo com todo material já escrito sobre o
assunto da pesquisa” (p. 54).
“Sob ponto de vista dos procedimentos de colecta de dados, o último passo numa
investigação consiste na análise dos dados recolhidos com a observação ou a
avaliação conduzida. Este tratamento dos dados, seja qualitativo, seja quantitativo, e,
sempre que possível, ambos, vai permitir ao investigador e ao profissional retirar
conclusões do seu estudo junto de um indivíduo, grupo, situação ou instituição” (p.
222).
Concordando com a opinião dos autores, realmente, os dados colhidos na pesquisa não são
descritos duma forma isolada. Ou seja, sempre fazer-se-á sua análise. Pelo que, a análise de
dados colhidos permite ao pesquisador tecer uma dada conclusão face à matéria em estudo.
27
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Ora vejamos:
Ao abrigo do disposto no n.º 1 e 2 do art. 108º da lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto, reza o
seguinte:
Contudo, muita das vezes tem-se registado no seio dos particulares uma falta de confiança
perante a Administração Pública, tudo resultante das omissões e falta da colaboração da
Administração Pública com os particulares, o que, de forma implícita gera a corrupção, um
factor determinante no comprometimento do desenvolvimento socioeconómico do país.
Aumento da corrupção;
Desconfiança dos particulares face à Administração Pública; e
Comprometimento o acesso às infra-estruturas;
Nesta senda de ideia, o indeferimento tácito não só lesa aos particulares, como também,
compromete a materialização das actividades administrativas. Tanto é que, em nossa opinião,
o indeferiomento tácito não pode ser tratado como mera eventual ocorrência, nem pode ser
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invocado como uma parte do procedimento administrativo porque, o procedimento
administrativo desagua na tomada de decisões, pelo que, deve ser visto como um mal capaz
de desvincular a colaboração da Administração Pública aos particulares que, por lei, estão
sujeitos. Assim sendo, quanto aos impactos administrativos podemos ter:
O outro factor mais curioso, é que a lei do procedimento administrativo (Lei n.º 14/2011, de
10 de Agosto), trás como medidas a defesa dos direitos e interesses dos cidadãos, por outro
lado, temos sublinhado, tanto na vertente doutrinária como na prática que, obviamente, a
Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade, se assim o é, então esta
prática não pode ocorrer na Administração pública, visto que afronta ao próprio princípio da
legalidade administrativa.
Acrescenta o autor, que existe, porém, algumas situações em que a lei atribui ao silêncio da
Administração um determinado significado jurídico, daí decorrendo efeitos jurídicos.
Suponhamos que um particular apresenta a um órgão da Administração um requerimento em
que solicita que - lhe seja atribuída uma licença ou uma pensão a que por lei tem direito.
Na opinião do Saldanha (2013), “como todos sabemos, muitas vezes a Administração tem
uma atitude de inércia ou de silêncio perante pretensões concretas dos particulares,
constituindo uma das mais insidiosas formas de desrespeito pelas regras estabelecidas e pelo
princípio da legalidade” (p. 91).
29
prazo estabelecido por lei, as autorizações ou aprovações solicitadas apenas se consideram
concedidas nos casos em que leis especiais não prevejam o deferimento tácito. Este
argumento da lei do Procedimento administrativo moçambicano, trás um equívoco do ponto
de vista dos objectivos prosseguidos, contudo o que a realidade jurídico-administrativa
moçambicana estipula, acaba não sendo eficaz, visto que a finalidade do procedimento
administrativo é, sempre tecer uma dada decisão.
Com certeza, a opinião do Prof. Saldanha merece uma atenção. Em nosso entender o tal
silêncio é, efectivamente, uma afronta ao Estado de Direito Democrático, cujos cidadãos têm
o direito de informação diante dos seus Administradores. Não só, a mesma prática, de forma
especial viola os princípios da actividade administrativa, nomeadamente: o princípio da
legalidade, da colaboração da Administração com os Administrados, da informação, da boa-
fé, da supremacia do interesse público, entre outros.
Mais adiante, o autor explica que a Administração existe para prosseguir o interesse público
que a lei coloca a seu cargo, sendo inadmissível que, no âmbito da prossecução de tal
interesse, se permitisse à Administração, que continuasse com a política de silêncio.
O silêncio administrativo, com já explicitado acima, não se ajusta à ideia de expressa actuação
da Administração Pública, já que inexiste silêncio administrativo parcial, pois a manifestação
pode ser omissiva, imprecisa ou incompleta em certos pontos, mas será sempre uma
manifestação; com vícios, mas, repita-se, uma manifestação expressa.
De acordo com Faria (2002), “um acto decorre de uma manifestação, anterior ou posterior,
que é expressa, não há falar em inactividade formal da Administração, logo, inexiste silêncio
administrativo, como bem apregoa a precisa distinção na passagem abaixoˮ (p. 56).
30
Para o autor, podemos afirmar que se entende por acto implícito a decisão administrativa que
se infere de uma outra decisão manifesta; e por silêncio administrativo a inactividade formal
da Administração que, após o decurso do prazo legal, ou reconhecido como razoável, deixa de
agir ou se omite de decidir, quando deveria fazê-lo.
No que concerne ao direito de informação, está explícito nos n.º 1, 2 e 3 do art. 253º da CRM,
que estabelece:
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Entretanto, percebemos nós que com o silêncio da AP, não só viola a Constituição e demais
leis avulsas, mas também, trás um impacto muito negativo no seio da sociedade
moçambicana. Ora vejamos, tem se reportado enormes casos de corrupção activa e passiva
respectivamente no nosso país, duma forma simplista, uma simples preterição dos actos
administrativos faz com que seja uma manobra por parte de tomadores de decisões
administrativas, o que, efectivamente, nalguns casos abre um espaço de prática da corrupção
que doravante trás, entre outros, o seguinte impacto:
Aliás, no que concerne a prossecução do interesse público, explica o Prof. Caupers (2013), “o
interesse público é o interesse de uma comunidade, ligado à satisfação das necessidades
colectivas desta (o bem comum) ” (p. 79).
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CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO DE RESULTADOS
A presente pesquisa, tinha como objectivo geral, analisar o impacto que o silencio da
Administração Pública trás para o desenvolvimento socioeconómico do país. Nesta senda de
ideia, da pesquisa teórica chegamos de perceber que o silêncio administrativo compromete o
desenvolvimento e o crescimento económico do país; desmotiva a sociedade no que concerne
à confiada que este deposita aos órgãos administrativos; a Administração Pública perde o seu
prestígio, o que, de certa forma não é bem-vindo numa Administração que se deseja
modernizar.
Em concordância com Amaral (2006); Caupers cit Saldanha (2013) e Caetano (2010), o
indeferimento tácito viola os direitos e interesses legalmente protegidos, ou seja, atenta ao
princípio da legalidade administrativa. Todavia, é, no nosso entender que o sistema do
indeferimento tácito não pode se registar na Administração pública, pois, é de lembrar que os
particulares tem o direito de exigir uma Administração Pública actuante, que decide os
pedidos e não ficar no silêncio.
Comparativamente com o exposto no n.º 1 do art. 108º da (LPA), temos a esclarecer que não é
a cultura administrativa ficar na presunção de que decorrido o período legal sem a decisão por
parte dos órgãos administrativos competentes, os particulares presumirem indeferido os seus
pedidos. Assim, numa altura em que precisamos de ter uma Administração Pública actuante
que responde os anseios dos particulares, não é digno vivermos na presunção. Pelo que,
devemos ter um comando legal que salvaguarda os anseios dos particulares.
Em nossa humilde opinião, o indeferimento tácito gera sim os efeitos jurídicos perante os
direitos e interesses dos particulares legalmente protegidos. Contudo, atendendo que o
indeferimento tácito consiste na negação dos pedidos dos particulares tacitamente, esse,
produz os efeitos jurídicos negativos dos pedidos. Entretanto, é a fase de termos uma norma
jurídica consentânea com a nossa realidade.
Outrossim, importa recordar que estamos numa era em a Administração Pública é chamada a
aprimorar os seus mecanismos no sentido de adequar às realidades actuais do país. Por outro,
estamos também numa fase em que os meios tecnológicos nos oferecem a prerrogativa de
comunicação a diversas formas, tanto é que, melhor será, serem adoptados tais meios
33
tecnológicos de forma que a administração seja eficiente e eficaz. Nesta senda de ideia,
atendendo que tem-se verificado um pouco por todo país a desmotivação deste fenómeno,
fomos obrigados a apreciar até a exaustão o desenrolar desta matéria.
Em consideração do n.º 1 e 2 do art. 108º da lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto, que estabelece:
Num olhar sucinto do artigo acima, temos a dizer que face ao indeferimento tácito, para que
realmente sejam salvaguardados os direitos e interesses dos particulares legalmente
protegidos, a lei deve atribuir ao silêncio um significado jurídico positivo, daí decorrente do
acto tácito a favor dos particulares, pois, nalgum momento tem sido o desperdício e clara
omissão por parte dos particulares por coisas tão abertas.
Tal significado, deveria, em termos legais o legislador prescrever que na falta da decisão final
sobre determinadas pretensões submetidas pelos particulares, salvo matérias excepcionais,
decorrido o período legal automaticamente se consideram aceites os pedidos submetidos pelos
particulares. Essa posição, realmente iria fazer com que os órgãos administrativos agissem
nos termos da lei, como também tomando as suas decisões nos tempo legal previsto na lei a
fim de moldar a Administração Pública para uma actuação eficiente e eficaz.
Como sabemos, muita das vezes tem-se registado no seio dos particulares uma falta de
confiança perante a Administração Pública, tudo resultante das omissões e falta da
colaboração da Administração Pública com os particulares, o que, de forma implícita gera a
corrupção, um factor determinante no comprometimento do desenvolvimento socioeconómico
do país.
Aumento da corrupção;
Desconfiança dos particulares face à Administração Pública; e
Comprometimento o acesso às infra-estruturas;
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Inversamente a isso, pretendíamos perceber ao longo da pesquisa se o intervalo do tempo para
a decisão final de um acto administrativo seria ou não suficiente para que se produza uma
decisão final. Nestes termos, olhando à pesquisa efectuada comparativamente aos dispositivos
legais vigentes no nosso ordenamento jurídico percebe-se o tempo é, salvo matéria em
contrária, mais do que o suficiente para que os órgãos administrativos tomem uma dada
decisão. Mais do que isso, é um dever constitucional da Administração Pública garantir a
celeridade no procedimento administrativo, (art. 64º da LPA).
Na vertente ao tempo, previsto pela LPA, achamos que é, do ponto de vista administrativo,
um período salvo as disposições contrárias mais que suficiente para que os órgãos
competentes na matéria se pronunciem. Para o efeito, ficar no silêncio é uma característica
atípica da administração pública e mostra claramente a desaplicação da LPA num caso
concreto, atendendo que a mesma, reza o princípio da decisão administrativa nos termos do
artigo 11º da LPA.
A par disto, ainda na presente pesquisa, sublinhávamos como uma parte das questões
suscitadas para corporizar o trabalho, percebermos se o indeferimento tácito traria ou não um
impacto no seio dos particulares, de igual modo, no funcionamento da administração pública.
Da pesquisa efectuada, colhemos a ideia de que efectivamente, o indeferimento tácito trás
sim, um impacto negativo sobre os direitos e interesses legítimos dos particulares.
35
Adverte o Prof. Amaral (2012), “por vezes a Administração nada faz ou nada diz acerca dos
assuntos de interesse público que tem entre mãos. Tal atitude pode provocar reacções por
parte de opinião pública, mas não tem normalmente qualquer consequência jurídicaˮ (p. 261).
Acrescenta o autor, que existe, porém, algumas situações em que a lei atribui ao silêncio da
Administração um determinado significado jurídico, daí decorrendo efeitos jurídicos.
Suponhamos que um particular apresenta a um órgão da Administração um requerimento em
que solicita que - lhe seja atribuída uma licença ou uma pensão a que por lei tem direito.
Ainda do ponto de vista doutrinal, importa sublinhar que “a prossecução do interesse público
não é o único critério da acção administrativa, nem tem um valor ou alcance ilimitado. Há que
prosseguir, sem dúvida, o interesse público, mas respeitando simultaneamente os direitos
subjectivos e os interesses legalmente protegidos dos particulares” (Amaral, 2012: p. 61-62).
Se do ponto de vista teórico e prático a Administração Pública nada diz e nada faz perante as
pretensões submetidas pelos particulares, cuja lei lhes atribui o direito de informações e de
colaboração com a Administração Pública, então, com esta omissão proferida pela
Administração Pública resulta sublinhar que efectivamente a lei está sendo violada em larga
escala, não só, cumpre-nos resumir que efectivamente, os interesses da colectividade não
estão sendo periodizados pela Administração Pública, o que, de certa forma viola o princípio
da supremacia do interesse público.
Nesta perspectiva, considerando este trecho, percebe-se desde logo que o indeferimento tácito
é, em larga medida uma violação dos direitos subjectivos dos particulares. Pelo que, deve-se
fazer uma reforma legislativa da Lei do Procedimento Administrativo (LPA), particularmente
nos artigos 107º e 108º respectivamente, pois, a mesma entendemos nós que abre espaço
como também alimenta a prática deste mal.
Visto que a questão principal foi de percebermos o impacto que o indeferimento tácito trás
para o desenvolvimento do país, da pesquisa doutrinal feita, constatamos que: o indeferimento
tácito em última análise presume-se na falta do pronunciamento da Administração face aos
pedidos submetidos pelos particulares, e, por lei deve a Administração pronunciar-se.
Contudo, numa primeira fase percebemos que é, sem sombras de dúvidas, uma violação clara
à Constituição da República e demais leis avulsas. Ora vejamos, estabelece a nossa
Constituição, no seu n.º 1 do art. 253º: “os cidadãos têm o direito de serem informados pelos
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serviços competentes sempre que requeiram sobre o andamento dos processos em que estejam
directamente interessados nos termos da leiˮ.
No que tange ao tema em alusão e considerando a citação acima a que posição justificaria o
indeferimento tácito da Administração Pública? Em nosso entender, não há nenhuma
justificação legal de facto nem de direito face a este problemática. Contudo, deve se romper
esta prática por parte dos órgãos administrativos, sob pena de violar os direitos e garantias
jurídicas dos particulares.
Mas uma questão deve ser debatida: se os órgãos públicos não detêm vontade; então, qual a
razão de chamar o dever de cumprir uma imposição legal de vontade administrativa? Porque
os órgãos da Administração Pública se destinam justamente a fazer cumprir os comandos
legais e, por conseguinte, através dos seus agentes, se prestam a envidar esforços à
consecução das prescrições legais, daí a vontade de promover, a contento, todos os fins a eles
determinados ou impostos pelo sistema jurídico. Em princípio, a vontade dos agentes, nesses
casos, é sempre derivada, pois advém da prescrição legal. E se a vontade não é propriamente
dos servidores, então, ela é administrativa.
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É do nosso conhecimento que a Administração Pública detêm o poder vinculativo no âmbito
da sua prestação das actividades administrativas, contudo, esta prerrogativa que os órgãos
administrativos possuem dá todas possibilidades aos órgãos em determinar quando e como
decidir uma dada matéria, e não simplesmente estar relegado face aos direitos subjectivos dos
particulares.
Por sua vez, a vontade normativa constitui uma perspectiva diversa de pensar, já que a
vontade não está precisamente na lei, esta apenas consolida a pretensão normativa
prospectada pela actividade regenerante. Ora, se a Administração Pública deve cumprir os
comandos legais, então implica dizer que são os ditos comandos que orientam e impõem toda
a actividade administrativa. Logo, podemos sublinhar que, se a Administração está vinculada
à prescrição legal, não deve, de forma nenhuma ficar em silêncio.
Outrossim, o indeferimento tácito por parte dos órgãos da Administração Pública, não
dignifica a sua imagem. Entretanto, os órgãos da Administração Pública devem alinhar-se às
leis vigentes no nosso ordenamento jurídico, de modo que os interesses legítimos dos
particulares não sejam violados. A violação dos interesses legitimados dos particulares, não só
atribui uma má imagem aos órgãos administrativos, como também, mina o desenvolvimento e
crescimento económico do país.
Ademais, considerando que a Administração Pública está sujeita à lei, a que percebermos o
princípio da fundamentação dos actos administrativos patentes no artigo 14º da LPA, que
estabelece: a Administração Pública tem o dever de fundamentar os seus actos administrativos
que impliquem, designadamente o indeferimento do pedido ou a revogação, a alteração ou a
suspensão de actos administrativos anteriores.
Fazendo uma interpretação extensiva da citação acima, resulta dizer que os órgãos
administrativos devem pautar pela estreita comunicação diante dos particulares em todo o
procedimento administrativo, salvo a matéria em contrária, pelo que, estão vedados de estar
silenciosos.
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Na verdade, concordando com o autor, o processo administrativo não finda necessariamente
com o acto definitivo e executório. Contudo, há momentos em que os órgãos administrativos
não se pronunciam diante duma dada matéria. Pelo que, poderíamos nos questionar, se o
recurso contencioso far-se-á ao acto definitivo e executório, qual seria o tratamento de
simples preterição e omissão dos órgãos administrativos face aos pedidos dos interessados?
Em nossa humilde opinião, pensamos nós que não seria carácter administrativo, de todas as
formas que isso acontecesse. Ou seja, visto que estamos numa era em que todas as forças
vivas são chamadas a envidarem esforços no sento de catapultar a economia do país e não só,
os órgãos administrativos, também, deve rever a sua actuação perante aos pedidos submetidos
pelos particulares, sob pena de criar indícios de corrupção, a que merece o magno combate,
sob risco de prejudicar a economia do país.
Entre nós, o tal recurso contencioso, em princípio é susceptível aos actos administrativos
definitivos e executórios, vide n.º 1 do art. 27º da lei n.º 9/2001, de 7 de Julho, pelo que
aproveitemos questionar, se o recurso contencioso a que se pode manifestar consiste num acto
administrativo definitivo e executório, qual seria a manifestação dos particulares com a
pretensão ou omissão dos órgãos administrativos face aos pedidos?
A outra posição que temos que ter em mente, é que a Administração pública está sujeita aos
princípios gerais, que em larga medida são o garante da actividade administrativa. No que
tange a contribuição dos meios da informação e comunicação, esclarece o Prof. Chiavenato,
que:
39
O surgimento da década de 1990 marca o surgimento da era da informação, graças a
Deus, com o tratamento impacto provocado pelo desenvolvimento tecnológico e
pela tecnologia da informação. Na era da informação, o capital financeiro cede o
trono para o capital intelectual. A nova riqueza passa a ser o conhecimento, o
recurso institucional mais valioso e importante capaz de tecer melhorias
(Chiavenato, 2008, p. 276).
No que concerne ao direito de informação, está explícito nos n.º 1, 2 e 3 do art. 253º da CRM,
que estabelece:
Entretanto, percebemos nós que com o silêncio da AP, não só viola a Constituição e demais
leis avulsas, mas também, trás um impacto muito negativo no seio da sociedade
moçambicana.
Contudo, no nosso entender, esta prática vem sendo reiterada nas nossas instituições públicas
moçambicanas, pelo que, em princípio não deve ser tratada como um simples problema, mas
sim, como uma questão nociva que afecta o âmago da administração pública, mas sobretudo
os direitos e interesses dos particulares. Assim sendo, poderíamos questionar, que impacto
isso trás para o desenvolvimento socioeconómico do país? Respondendo a questão, podemos
afirmar, de viva voz que o indeferimento tácito, realmente mina os direitos e interesses
legítimos dos particulares na medida em que viola os princípios da decisão e da
fundamentação dos actos administrativos. Assim, tal prática pode efectivamente, gerar
cepticismo no seio dos particulares; alimenta a prática da corrupção no seio do sector público
40
e defraudar a expectativa de muitos moçambicanos de ver um AP que resolve os anseios dos
utentes.
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Conclusão
Ao longo de realização do presente trabalho científico, chegamos a seguinte conclusão: o
indeferimento tácito vem sendo uma prática que reiteradamente tem ocorrido um pouco por
toda administração pública. Entretanto, tal prática gera implicações negativas, como é o caso
de: falta de confiança perante a AP; perca do prestígio administrativa, a prática de corrupção,
entre outras.
Outrossim, cumpre-nos enfatizar que o estudo tinha como problema central: Que impacto o
indeferimento tácito gera face aos direitos e interesses dos particulares legalmente
protegidos? Nestes termos, da pesquisa efectuada percebemos que realmente o indeferimento
tácito em alusão trás um impacto bastante negativo no seio dos particulares. Ou seja, indeferir
tacitamente não só viola a lei, mas também prejudica os projectos dos particulares visto que
para a nossa realidade a nível dos países em vias de desenvolvimento, o ónus da prova recai
sempre aos particulares.
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Sugestões
Após a realização da pesquisa, do ponto de vista jurídico-administrativo, olhando os efeitos
jurídicos que o indeferimento tácito trás, cumpre-nos destacar as seguintes sugestões:
Fazer uma reforma legislativa da LPA, com particular enfoque nos artigos 107º e 108º
respectivamente para que estabeleça claramente o assento legal e administrativo que
em casos da ausência da decisão no período legal por parte dos órgãos administrativos,
considerar-se-á aceite os pedidos solicitados pelos particulares, de modo que se
produza efeitos positivos do sistema do indeferimento tácito.
Para que a Administração Pública preste serviços de forma eficiente, deve adoptar o
uso dos meios tecnológicos de modo a garantir uma colaboração online com os
particulares;
Os particulares devem se conformar com as leis a fim de saber se defender nos seus
direitos e interesses legítimos;
O legislador deve responsabilizar os órgãos administrativos competentes que não se
pronunciam em determinadas matérias, visto que estes conhecem a lei. Pois, o
indeferimento tácito não dignifica a imagem da Administração Pública;
43
Referências Bibliográficas
a) Legislações usadas:
CRM - Constituição da República de Moçambique em vigor - (2004).
b) Doutrina:
Amaral, D. (2012). Direito Administrativo. Vol. IV. Lisboa.
_________. (2013). Manual de Direito Administrativo. Vol. II – Tomo II. (10ª.ed). Coimbra:
Almedina.
44
Dicionário Universal e Integral da Língua Portuguesa (2008).
Marconi e Lakatos. (2015). Técnicas de Pesquisa. (7ª.ed). São Paulo: Atlas editora.
Richardson, R. (2015). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. (3ª.ed). São Paulo: Atlas S.A.
45
ANEXO
46