Etica Moderna
Etica Moderna
Etica Moderna
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade ÚNICA
ÉTICA MODERNA.................................................................................................................................... 9
Capítulo 1
Conceitos iniciais................................................................................................................. 9
Capítulo 2
O idealismo alemão e a ética moderna........................................................................... 28
Capítulo 3
Experiência moral, liberdade e necessidade................................................................... 42
Capítulo 4
Ética cristã na modernidade............................................................................................ 47
Capítulo 5
Liberdade, o bem e o mal.................................................................................................... 62
Capítulo 6
Individuação moral e vontade......................................................................................... 72
Referências................................................................................................................................... 83
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
As questões ligadas à ética moderna se dão em diversos filósofos da modernidade, em
virtude disso, é perfeitamente admissível o fato de que seria improvável a abordagem
de todos de modo aprofundado. Destarte, existe a tentativa de proceder com uma
abordagem genérica de certa forma, porém especialmente densa em algumas concepções
filosóficas, especialmente as de Kant e Schelling.
A maior parte dos autores trata a ética moderna dentro do período de 1600 a 1800,
alguns anos antes alguns depois também são considerados dependendo do autor e suas
linhas filosóficas de tratamentos éticos modernos.
7
Será destinado um capítulo para o tratamento da moral cristã, e algumas outras bases
éticas principalmente em Locke, Leibniz, Kierkegaard e Kant; considerando que o
porvir da ética moderna nasceu do rompimento da veia protestante com o catolicismo,
culminando em grande medida no Iluminismo, Renascimento, Capitalismo e demais
revoluções globais.
Sem embargos, diante do exposto, sugerimos ao aluno proativo não olvidar as sugestões
de leituras complementares, elas somente farão com que o conhecimento nesse campo
de estudos filosóficos aumente progressivamente, considerando que muitos deles serão
fundamentais ao crescimento e ao desenvolvimento de seus conhecimentos.
Objetivos
»» Estudar concepções e conceitos iniciais da ética moderna.
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ÉTICA MODERNA Unidade ÚNICA
Capítulo 1
Conceitos iniciais
Ainda de acordo com o autor, um tipo de enunciado são aqueles que expressam juízos
morais, isto é, muito mais importa a discussão filosófica sobre o que representam as
terminologias do que de fato sua origem exegética. Contudo, é importante não deixar
dúvidas quanto a isso, considerando a utilidade e o forte uso dos termos.
9
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
De acordo com Rawls (2005), a filosofia moral clássica é a filosofia grega antiga, uma
vez que, principalmente em Atenas e seus filósofos (Sócrates, Platão e Aristóteles)
bem como os membros das escolas estoica e epicurista, compõem essa era da
filosofia. À filosofia moderna o autor designa o período de 1600 a 1800, muito embora
seja possível incluir nela autores do século XVI, tal como Montaigne, uma vez que mais
tarde teve grande influência na ética.
O autor nos dá basicamente três grandes períodos históricos que implicam à natureza
da filosofia moral, a saber:
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Rawls (2005, pp. 9-11) trata bastante da questão da profunda interferência da Reforma
e sua influência na ética medieval. No que tange ao cristianismo dessa época, ele
enumera cinco características importantes de que carecia a religião cívica grega:
5. Era uma religião expansionista, isto é, uma religião de conversão que não
reconhecia limites territoriais para a sua autoridade, senão o do próprio
mundo.
Com efeito, o autor assevera que filosofia moral clássica ao contrário da filosofia moral
da Igreja medieval não é resultado do exercício somente da razão livre e disciplinada,
mas sim havia grande subordinação à autoridade da Igreja e também era fortemente
praticada pelo clero e/ou por quaisquer ordens religiosas com objetivo de satisfazer a
Teologia Moral.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Com grande frequência o termo syneidesis1 aparece nas cartas de Paulo. Posteriormente,
a reflexão escolástica definiu uma dupla concepção entre syndéresis como capacidade
originária de percepção dos valores (consciência habitual), e a aplicação desses valores
às situações concretas (consciência atual), de acordo com Azpitarte (1995, p. 196).
Ainda segundo o autor, “a obediência da lei aparecia então como o remédio mais eficaz
para a superação desses perigos”, perigos esses representados pela culpabilidade ou
não da consciência errônea.
Tal consciência, que na lei reside em todos os atributos objetivos e na norma última da
moralidade, aplicou-se de modo mecanicista à realidade humana antes de Cristo. Após
Jesus, tudo se tornou um tanto quanto mais complexo, “como então agradar a Deus e
fazer suas vontades se a lei mosaica e, portanto a Torah, tem validade direta somente
ao povo daquela aliança?”.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
A ética normativa aduz ao que é moral e justo, o caminho a se trilhar, as normas objetivas
de orientação trazidas ao longo da história, contudo, a reflexão casuística se faz maior,
dada a enormidade da complexidade da vida.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
uma clara e correta interpretação dos modelos bioéticos e seus respectivos problemas,
posteriormente em nosso material).
Existem três elementos que são tidos como tradicionais os quais influenciam a
moralidade dentro de uma perspectiva religiosa: a natureza, o fim e as circunstâncias.
Azpitarte (1995, pp. 176-177) nos informa um pouco mais sobre tal contextualização do
bem moral:
Kant e Hume
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Kant não se utilizou do termo restrito e técnico moralis, na visão de Tugendhat, mas
sim de mores, como pretensa tradução da palavra grega. Dentro da razão existem
algumas regras (os imperativos de Kant) assim como no jogo de xadrez, você até pode
jogar do jeito que quiser, mas estará jogando qualquer coisa, menos xadrez, contudo
não podemos afirmar que alguém é imoral ou também irracional, uma vez que, dentro
de tais pensamentos, simplesmente ele não está jogando conforme as regras.
Quadro 1. Conceituações.
Moral Tem a ver com “ter de” fazer/não fazer... “deve”, “para quê?” fazer/não fazer...
Juízos Morais Tem a ver com o “bom” ou “ruim”.
Tem a ver com a filosofia da moral e seu sentido. Possui argumentos universais onde o que é ético para um grupo, pode não
Ética
ser para outro. Espécie de doutrina do caráter.
Fonte: adaptado de Tugendhat (1996).
A proposta então, em Kant, é a de que como se deve entender o bem, desse modo, para o
filósofo prussiano o bem reside no fato de ser bom, o que para Aristóteles esse bom tem
a ver tão pura e simplesmente com a felicidade subjetiva de cada um e ainda, na visão
aristotélica, ética está sujeita à política.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Kant não aceita a posição de Hume sobre o problema radical da solução entre a ciência
moderna e a religião tradicionais frente às crença morais, assim como também rejeita
as concepções de Espinosa (ou Spinoza em Espanhol).
Em John Locke, um contratualista, temos que os juízos morais, bem como as ações
individuais são diretamente afetados por basicamente três instâncias avaliativas:
Deus não é necessariamente, para Locke, o único fundamento da teoria moral, uma vez
a existência de Deus é um dos fundamentos da moral, considerando que a origem da
criação é divina. O enunciado ‘Deus existe’ reclama a fundamentação da moral.
Tugendhat nos traz um breve resumo do modo como as diversas posições filosóficas
modernas compreendem o ser-fundamentado de um juízo moral:
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Hume A pergunta, pelo ser-bom, é respondida exclusivamente com recurso à efetiva aceitação geral.
Kant O ser-bom deve ser fundamentado absolutamente com recurso a uma razão com “R” maiúsculo.
Dá uma base à ética, que a fundamenta não como ela é compreendida – como obrigação –, e trata-se aqui também
Schopenhauer apenas de um fundamento e não de uma fundamentação (os juízos morais não têm, em Schopenhauer, uma pretensão
de fundamentação; a palavra “bom” desaparece).
Anuncia uma fundamentação em um ser-bom relativo para cada um. Não podem existir no contratualismo, sendo ele
Contratualismo consequente, juízos de valor com pretensão de fundamentação, mas fundamenta-se (apenas) porque é bom para o
indivíduo seguir tais regras.
Por fim, retomando Rawls (2005, p. 13) temos em sua obra as seguintes escolas da
filosofia moral moderna:
»» A Linha Alemã:
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
»» Os Institucionistas Racionais:
NA FILOSOFIA CLÁSSICA
Sócrates via leis absolutas na mente universal, e por isso concebia princípios morais imutáveis, sem ter de apelar
para qualquer revelação divina. Ele tinha certeza disso e ainda afirmava que a ética é uma virtude e como tal, para
SÓCRATES
Péricles, não pode ser ensinada. Ele condensava o conhecimento como virtude máxima das virtudes temperança,
fortaleza, justiça e sabedoria. Foi o fundador da Filosofia Ética.
Acreditava que os padrões éticos se derivam do mundo espiritual dos universais e não mediante as experiências
PLATÃO desse mundo físico. A sua ética, pois, estava calcada sobre valores do outro mundo. Contribuiu relativamente pouco
para a definição de moral.
Localizava a conduta humana nesse mundo, para benefício da vida nesse mundo. A felicidade eudaimonia era o
seu alvo. Ele dizia que esse alvo seria atingido quando cada pessoa desenvolvesse a sua função particular, com
a qual pudesse servir a si mesma e à sociedade. Toda conduta, para ele, deveria ser governada pelo princípio da
ARISTÓTELES
moderação, o imortal princípio grego. Para Aristóteles a ética é subordinada à política e o bem supremo humano
é a busca da felicidade. Portanto, não seria uma ética ou teoria moral, mas uma teoria da felicidade, considerando
como alicerce o prazer e o gozo, estudados massivamente por filósofos contemporâneos.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
NA FILOSOFIA ANTIGA
Representante do hedonismo grego, enfatizava os prazeres; mas visava especialmente, se não mesmo
exclusivamente, os prazeres mentais, e não os carnais. Nessa cosmovisão, o prazer carnal é a causa da ansiedade
EPICURO e do sofrimento, sendo que, ao contrário do pensamento aristotélico, a vida se resume à busca pela vida virtuosa,
pois nesse sentido sim, faz-se um meio para se chegar à felicidade, portanto, a mortificação do corpo regia o
pensamento do hedonismo.
NA FILOSOFIA MEDIEVAL
Embora Agostinho possuísse suas raízes platônicas, como absolutista não qualificado2, foi um dos mais importantes
mestres de teologia de todos os tempos. Agostinho de Hipona insistia na necessidade de regeneração para que o
homem fosse capaz de seguir uma conduta ideal, uma vez que o homem não regenerado se torna completamente
incapaz de seguir uma conduta correta aos olhos de Deus. Como é óbvio, ele seguia cegamente as ideias paulinas.
Agostinho aprovava certa dose de ascetismo, como um meio de disciplina, a fim do crente poder servir mais
AGOSTINHO
perfeitamente a Deus. Contudo, a moderação, o grande ideal grego, que também é representado nas epístolas
paulinas, com frequência é melhor do que a abstinência. Agostinho não concordava com Pelágio, que dizia que
Deus nos criou humanos, mas que nós mesmos nos tornamos retos. Antes, ele descobria esse princípio no poder
de Cristo, na regeneração, por meio do princípio da graça divina. Ainda afirmava que a doutrina da fé é a mais
perfeita, pois se assemelha ao conhecimento divino.
Misturava as ideias de Platão, Aristóteles e Agostinho, introduzindo ainda o motivo da lei natural. Mas,
principalmente, Aquino usava, adaptava e modificava as ideias de Aristóteles. Em sua abordagem ética geral, na
Suma Teológica, ele aborda a felicidade, a virtude, as ações e emoções humanas. Ele deu ao catolicismo romano
TOMÁS DE AQUINO sua teoria ética básica, onde ele também depende em muito de Aristóteles.
O homem possui livre-arbítrio, podendo fazer escolhas genuínas, pelas quais também se torna responsável. A
vontade de Deus é ativa quanto ao homem, e o ajuda a fazer as escolhas certas. Sem isso, o homem nada poderia
fazer. Contudo, há um esforço cooperativo envolvido em toda a ética. O homem não é um autômato.
Ele acreditava que se pode obter certa dose de conhecimentos, mas sentia que, para tanto, é mister o estudioso
ultrapassar os limites do ceticismo. Seu alvo era desenvolver uma filosofia que conferisse um perfeito conhecimento
e uma conduta ideal, servindo de meio para ajudar no progresso das ciências. Ele procurava criar um sistema que
DESCARTES
possuísse a certeza da matemática, e não dependesse dos sistemas escolástico e dogmático. Desconfiava do
método empírico de obter conhecimentos, no que dizia respeito à obtenção da certeza no conhecimento, e preferia
aplicar o racionalismo.
A obtenção da sabedoria é um dos fatores importantes da ética de Spinoza. Para ele, a ética depende de leis fixas,
e não da tentativa humana de constituir sistemas que dependam de fatores variáveis em constante mutação. A ética
seria algo tão fixo como a geometria e as leis do mundo físico. Os princípios éticos são atingidos mediante a razão,
a intuição e as experiências místicas. Esses princípios são descobertos por esses meios, e não produzidos por eles.
Quando um homem é governado por suas paixões, é apenas um escravo. A pessoa verdadeiramente boa é alguém
capaz de controlar sua vida e suas circunstâncias. A sabedoria nos liberta, e a sabedoria é a essência da bondade
SPINOZA de Deus. O indivíduo é um modo de Deus. Deus é conhecido no pensamento puro; e quando chegamos a isso,
também temos a moralidade de Deus. Não existem em Deus o bem e o mal, o certo e o errado; mas o homem,
em sua experiência corrompida das coisas, força essas ideias sobre Deus. A bondade, a maldade, o certo e o
errado existem somente em relação aos interesses humanos. As coisas que tendem por nos beneficiar são boas;
e as coisas que tendem por nos prejudicar são más. O maior bem, para o homem, consiste no autocumprimento,
na direção do amor de Deus. Albert Einstein se inclinava para as concepções de Spinoza como a nenhum outro
filósofo.
NA FILOSOFIA MODERNA
Não se preocupava com as limitações salientadas por Kant, mas supunha que em sua tríade – tese, antítese
e síntese – ele podia discutir de forma inteligente os problemas éticos. Alterou significativamente a filosofia do
HEGEL Idealismo alemão. Pensava que com a dialética podia mostrar como o Espírito absoluto manifesta-se de forma
ética. A principal tríade hegeliana, sobre a moralidade, tem como sua tese, propósito, como sua antítese, intenção e
bem-estar, e, como sua síntese, bondade e iniquidade.
David Hume mesclava o conceito de senso moral de Hutcheson com a simpatia (um outro nome para o amor),
HUME
com o hedonismo e com o utilitarismo como diretrizes.
Kant estabeleceu o seu imperativo categórico, ele promoveu uma regra ética que reside na razão humana, sem
qualquer apelo ao ser divino. Nunca se deve fazer qualquer coisa que não se queira tornar em uma lei universal.
KANT
Kant acreditava na existência de leis universais, absolutas e éticas, as quais podem ser compreendidas pela razão e
pela intuição humanas. Deve-se fazer qualquer.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Rejeitava a ideia inteira de que pode haver uma síntese que ultrapassa toda antítese. Antes, muitas grandes
questões terminam em paradoxos, nos quais o intelecto humano fica inteiramente perplexo, derrotado por qualquer
tentativa de chegar a uma definição final e a uma compreensão última. O Deus homem, na pessoa de Jesus, é um
KIERKEGAARD
exemplo disso. Os paradoxos fazem os homens se aproximarem da fé, afastando-os da pura racionalidade. Um
homem corresponde internamente a uma pergunta, e é dotado de discernimento intuitivo, mas não é capaz de dar
solução aos grandes paradoxos.
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
A dialética de Hegel (com suas tríades) foi modificada por Marx a fim de obter dali uma filosofia para suas teorias
políticas. Marx preferia pensar que esse mundo é guiado por fatores econômicos. Assim, as forças espirituais foram
KARL MARX substituídas por um materialismo mecânico. E essa mecânica envolveria uma tríade. Marx reduziu um princípio
espiritual a tríades materialistas, assim também a chamada Teologia da Libertação reduz a teologia cristã a uma
sociologia materialista, tipo marxista. Influenciou diversos movimentos deterministas.
Objetava às regras éticas, eternas e fixas, postuladas por Kant. Para ele, os nossos processos de aprendizagem
não passam de expedientes práticos para manipular as situações humanas. Não há casos idênticos na natureza,
NIETZSCHE pelo que a ética estaria sempre em estado de fluxo, de constante flutuação. Usamos a nossa inteligência para fazer
avaliações e para agir de acordo com ela. Nietzsche ensinava a força da vontade, traduzida em uma excelência
acima do normal quanto às definições do bem e do mal. Para ele, esse seria o alvo dos sábios.
A ética de Freud estava inteiramente assentada sobre o homem. Freud desenvolveu uma hipótese sobre a natureza
humana. A psicoterapia precisa levar em conta vários níveis da consciência humana. Os elementos da psique são
o Id, o Ego e o Superego. Freud antecipava o fim das religiões, uma vez que a humanidade chegasse a ultrapassar
seus preconceitos, projeções e falsa maturidade infantis. Com o tempo, o positivismo lógico de Comte tomou conta
FREUD
da mente do jovem cientista. Os padrões do homem residiriam essencialmente em seu Superego, de onde partem
repressões, nada tendo a ver, necessariamente, com a verdade. Os padrões morais seriam criações humanas; e
uma consciência perturbada surgiria simplesmente porque não vivemos à altura dos ilusórios padrões estabelecidos
pela sociedade.
Para Weber a ética da convicção não é necessariamente religiosa3: uma vez que se caracteriza essencialmente
pelo compromisso com um conjunto de valores associados a determinadas crenças. A ética da responsabilidade,
WEBER por sua vez, valoriza, sobretudo, as consequências da ação e a relação entre meios e fins, com base nas quais
um ato deve ser julgado como bom ou mau. Elas podem entrar em conflito, desse modo uma decisão deve ser
tomada e uma das duas, prevalecer. Weber foi um defensor da ética da responsabilidade.
O filósofo existencialista opinava que a ética cristã precisa reter elementos reflexivos, dialéticos e paradoxais, uma
PAUL TILLICH
vez que, afinal de contas, a ética cristã faz parte da teologia, e a teologia encerra esses elementos.
Desenvolveram a conhecida teologia dialética, como reação que tomou forma contra os conservadores, bem como
KARL BARTH E EMIL os liberais, os quais insistem em fazer assertivas não qualificadas sobre Deus (veremos mais sobre esse contexto
BRUNNER adiante). Para Brunner, a fé ocupa lugar primordial, tal como dizia Kierkegaard, visto que os objetos da fé com
frequência parecem absurdos e paradoxais. Desse modo, a própria revelação divina é paradoxal.
Se fôssemos tratar dos filósofos, que se preocupam com nossa temática, em poucas
palavras, atribuiríamos a Rousseau a moral do coração, a Kant o imperativo categórico,
enquanto que a Hegel a moral como construção histórico-cultural; a Nietzsche a
genealogia da moral e a Sartre a questão da liberdade.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
interior – no coração (em Rousseau) e na razão (em Kant) –, desfazendo, com isso, a
impressão de que ele nos seria imposto de fora dentro, por alguma vontade que não a
própria.
Em “A Crítica da Razão Pura”, onde Kant traz os princípios da ação moral, a ação
do homem em relação aos outros e a conquista da felicidade, também diferente de
Rousseau, não concebe a bondade natural do homem, mas a razão como meio para se
tornar bom.
Em Hegel temos a procura da explicação do dever imposto pela cultura. Ele faz críticas
a Rousseau e a Kant, especialmente pelo fato de atentarem-se à relação entre o sujeito
humano e a natureza do que à relação entre o sujeito humano e a cultura ou história.
Para Hegel, as relações sociais e culturais é que determinam as relações pessoais.
De acordo com ele, somos seres históricos e culturais. Isso significa que, além de nossa
vontade individual subjetiva, existe outra vontade, muito mais poderosa, que determina
a nossa: a vontade objetiva, inscrita nas instituições, nos valores sociais, na cultura.
De modo oposto aos pensamentos do ateu Sartre, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-
1716) procura sempre conciliar a fé cristã, buscando “explicitar que ela é plenamente
compatível com a crença razoável”. John Rawls (2005, pp. 123-128), em “História da
filosofia Moral” continua:
21
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Se não existe Deus, então tudo é permitido, e o indivíduo pode fazer o que bem entender.
Ou seja, não existe padrão moral, não há nada em que o homem possa se basear, a não
ser em seus próprios instintos. Tal posicionamento é posto por Leibniz e por tantos
outros, “se Deus não existe, segue-se que a moralidade, em última análise é subjetiva e
não coercitiva” (CRAIG, 2012, p. 167).
Dentro de uma perspectiva cristã, William Lane Craig (2012, p. 167), filósofo cristão
contemporâneo, traz as premissas em forma de silogismo filosófico em Leibniz:
Craig (2012, p. 100) ainda cita William Sorley (1855-1935), ao qual indaga: “porque
sabemos em boa parte que bom é certo e que mal é errado, porque não o contrário,
e porque essas coisas são assim?”. Segue-se, portanto, poder-se-á enquadra-se
devidamente à causa primeira (Deus) em um quadro natural de realidade, tal como:
22
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Não existe sentido em viver uma vida que tem um fim sem retorno ou sem sequência,
segue-se que não se precisa importar-se com nada que nesse mundo é feito, desejado
ou executado, pois não há padrões, não há um pano de fundo para se basear, o
quebra-cabeça pode ser montado de qualquer maneira, pois não há uma foto para
embasar-se, não há um padrão único.
Os valores podem ser invertidos inadvertidamente sem qualquer ônus, pode-se roubar,
matar, estuprar e adulterar sem qualquer penitência futura. Já quanto ao propósito,
qual a razão, mesmo que não haja fé nesse propósito, de ser bom nesse mundo se o
indivíduo optou por ser um assassino de aluguel e um adúltero durante sua vida inteira?
Azpitarte (1995, p. 135) nos esclarece um pouco mais quanto ao subjetivismo feito por
muitos da moral objetiva:
Essas são as ideias básicas dentro de uma perspectiva teísta de moralidade. No capítulo
destinado à moral cristã, outros pontos serão melhor analisados.
Escolas de pensamentos
23
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Ao longo dos dois primeiros séculos, a crença cristã foi a que mais se propagou, mas
não foi a única a ter projeção para fora de seu círculo de nascimento. Algumas crenças
orientais também lograram se propagar e ganhar grande número de adeptos. Entre
essas, provavelmente as mais destacadas foram os Gnosticismos4 e o Maniqueísmo5. O
próprio Agostinho de Tagasta, doutor da Igreja, foi maniqueísta, antes de se converter
ao Cristianismo.
O período de apogeu se encerrou nos últimos anos do séc. II. A partir desse momento,
Roma inicia um período negro que se estendeu por um século, marcado por instabilidade
política, durante o qual a única instituição que realmente imperava era o exército. O
império viveu uma inconteste ditadura militar.
O Marxismo, inspirado nas concepções de Hegel do início do séc. XIX e retomadas por
Karl Marx (1818-1883), traz o Materialismo ao cenário global nos fatos econômicos e
históricos, dentre tantos outros.
4 O Gnosticismo era um sistema filosófico e religioso que pregava uma forma particular de conhecimento místico, por meio da
iluminação direta, a partir de um contato com Deus: uma revelação (REALE; ANTISERI, 1990, p. 405).
5 Denomina-se Maniqueísmo a doutrina religiosa pregada por Maniqueu – também chamado Mani ou Manes – na Pérsia, no
século III da era cristã. Sua principal característica é a concepção dualista do mundo como fusão de espírito e matéria, que
representam respectivamente o bem e o mal. In: O que há de errado com o Maniqueísmo? Disponível em: <http://www.xr.pro.
br/ensaios/maniqueismo.html>. Acessado em: 21/4/2015.
6 Veja mais ao final do capítulo sobre Ética Cristã.
24
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Sobre o Contratualismo
Sobre o Universalismo
Sobre o Maniqueísmo
25
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Sobre o Positivismo
26
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0124-61272007000200006&lng=pt
&nrm=iso>.
Veja também
27
Capítulo 2
O Idealismo alemão e a ética moderna
A moral em Kant
Kant (1724-1804), do seu solitário retiro de Koenigsberg, foi
contemporâneo dos grandes acontecimentos que estremeceram a
França e que deviam culminar na Revolução de 1789. Suas obras éticas
fundamentais apareceram nos anos imediatamente anteriores a esta
revolução [...], Kant tem consciência de que revolucionou a filosofia [...]. A
ética kantiana é uma ética formal e autônoma. Por ser puramente forma,
tem de postular um dever para todos os homens, independentemente
da sua situação social e seja qual for o seu conteúdo concreto [...].
Finalmente, por conceber o comportamento moral como pertencente a
um sujeito autônomo e livre, ativo e criador, Kant é o ponto de partida de
uma filosofia e de uma ética na qual o homem se define de tudo como ser
ativo, produtor ou criador (SÁNCHEZ VÁSQUEZ, 2002, p. 283).
Vaccari (2010) nos informa que, para Kant, a razão não poderia nunca chegar a
conhecer Deus em termos teóricos, isto é, por meio de provas racionais metafísicas.
No entanto “no terreno das necessidades (Bedürfnis) práticas da razão, a ideia de Deus
deveria ser de algum modo readmitida no sistema e, na verdade, como uma ideia do
sumo bem (höchstes Gut)”. Tal readmissão, segundo o autor, bem compreendida, não
representaria um ganho teórico para a razão quando se trata do conhecimento de Deus,
respeitando os ensinamentos da “Crítica da razão pura”.
28
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
E continua:
Para Kant, mesmo quando a ação moral exige alguma postulação a respeito da existência
de Deus, um dever de todo ser que seja racional e finito, procurar e alcançar Deus. Com
efeito, é dever proveniente em associação da existência do sumo bem, isto é, em Kant,
a “fé racional pura”.
29
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Com tais postulações, as filosofias de Kant, nesse sentido, dão respaldo às teologias
de Tübingen, bem como para algumas postulações para o cristianismo e teologia
contemporânea, acerca tanto da liberdade, moralidade, ética, volição, quanto da
argumentação em favor da existência de Deus como agente necessário e padronizador
máximo da moral.
30
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Søren Kierkegaard
Para Kierkegaard, o relacionamento do homem com Deus é possível. Com efeito, a ética,
religião, comunicação e existência são premissas fundamentais desse relacionamento.
Toda religião é comunicação e toda comunicação é uma existência ética. “O pensamento
da morte dá a exata velocidade que se deve observar na vida e indica a meta para onde
se há de dirigir a corrida” (KIERKEGAARD, 2006, p. 124).
Não! Nada será perdido dos que foram grandes; cada um a seu modo e
segundo a grandeza do objeto que amou. Porque aquele que se amou a
si próprio foi grande pela a sua pessoa; quem amou a outrem foi grande
dando-se; mas o que amou a Deus foi o maior de todos (KIERKEGAARD,
1988, p. 117).
31
UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Mas o que é espírito? É o eu. Mas, nesse caso, o eu? O eu é uma relação,
que não se estabelece com qualquer coisa de alheio a si, mas consigo
próprio. Mas é melhor do que na relação propriamente dita, ele consiste
no orientar-se dessa relação para a própria interioridade. O eu não é a
relação em si, mas sim o seu voltar-se sobre si própria, o conhecimento
que ela tem de si própria, depois de estabelecida.
“Entretanto o homem deseja sempre libertar-se do seu eu, do eu que é para se tornar
um eu da sua própria invenção” (KIERKEGAARD, 1988, p. 201). Portanto, aqui está
presente a filosofia melancólica de Kierkegaard, angústia e desespero. Não compreender
o inexplicável amor de Deus e nem querer ser o que Deus nos designou. “Comparado
com a sentença hegeliana de que o exterior é o interior e o interior é exterior, isso,
certamente, é extremamente original” (KIERKEGAARD, 2013, p. 59).
A lição que ele dá é que esse indivíduo, como qualquer indivíduo, seja
ele qual for, marido, mulher, criança, ministro, negociante, barbeiro
etc. é que esse indivíduo existe perante Deus, esse indivíduo que por
ventura se orgulharia de ter uma vez em toda a sua vida falado ao rei,
esse mesmo homem, que seria já alguém pelo seu comércio amistoso
com este ou aquele, esse homem está perante Deus, pode falar com Deus
quando quiser, com a certeza de ser escutado, e é a ele que propõem
viver na intimidade de Deus! Mas ainda: foi por esse homem, por ele
32
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
A ética em Schelling
O Idealismo alemão não se resume somente às concepções kantianas, embora,
obviamente, Kant tenha seu papel muito bem fundamentado na história da humanidade,
da filosofia, da ética, do direito e demais áreas do conhecimento as quais foram
direta ou indiretamente agraciadas pela eloquência desse filósofo tão profundamente
proeminente e importante na modernidade. Tampouco em Hegel ou Fichte.
Kant e Hegel talvez sejam os filósofos mais estudados da modernidade, enquanto que
Fichte, que aprimorou e criticou fortemente Kant não é tão fortemente considerado, e,
especialmente Schelling, que trouxe um contexto filosófico desses dois últimos tanto
quanto produtivo, porém mais profundo, com abordagens mais amplas e especialmente
usadas, afirmando que seu sistema do transcendentalismo é o mais adequado para a
perspectiva de retorno ao absoluto.
Sendo que, para ele, o eu não é meramente a consciência, mas a força de combate entre
duas forças antagônicas. Para Schelling o eu está entre a pura necessidade inconsciente
e a pura liberdade (a consciência e o espírito).
Ainda em um cenário introdutório da moral em Schelling, temos que ter como pano de
fundo as diferentes terminologias marcantes do idealismo alemão, onde tese, antítese e
síntese possuem fulcral papel.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Puente e Vieira (2005, p. 47) em “As Filosofias de Schelling” nos informam as definições
dos termos:
Vejamos os esquemas que o autor nos traz para melhor compreensão da temática
proposta:
Razão
Teórica
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
A síntese, portanto, nos ressaltam Puente e Vieira (2005, p.49), “deve levar em conta o
sujeito moral agindo diante de circunstâncias que lhe podem ser adversas e nas quais
ele deve afirmar sua autonomia”. De maneira simultânea, “ela deve também lançar a
exigência a esse sujeito de que sua ação se encaminha para aquilo que é tanto começo
quanto o fim do agir moral: o Incondicionado”.
Razão
Prática
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Vejamos nas palavras diretas de Puente e Vieira (2005, p. 50, grifo do autor) a fim
de buscarmos melhor compreensão dos pensamentos complexos de Schelling
supramencionados:
De acordo com os autores, o papel da moral então fica bastante evidente diante desses
dois tipos de liberdade. Uma vez que tanto o eu absoluto quanto o eu finito, justamente
enquanto subjetividades, se identificam; logo o significado da moral consiste na
exigência de que o eu finito realize, ao longo do tempo, o que ele já realiza em si, à
proporção de que ele vença a dualidade de uma liberdade transcendental.
36
ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Razão teórica
e prática
a. Tese - incodicionado.
Essa filosofia prática de Schelling envolve a moral, a ética e o direito, e tem como
características principais:
Sua filosofia prática e concepção de filosofia está relacionada com o agir humano, que
por sua vez está atrelado à concepção de filosofia; destarte, a importância de se explicitar
o seu sistema de filosofia.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Com efeito, a filosofia prática e o Incondicionado em Schelling tem como principal tarefa:
encontrar um critério de incondicionalidade, capaz de servir de medida avaliadora do
nosso agir moral.
Aqui, o sujeito está inserido em dois mundos, isto é, dois caracteres, a saber:
Enquanto que a causalidade inteligível é tida como fora da série do mundo sensível.
Configura o terreno da incondicionalidade, espontaneidade e autonomia. Com efeito,
os seres finitos são afetados por móveis sensíveis.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Agir
Moral
De acordo com Vieira (1999, p. 15) “O aspecto incondicionado da liberdade prática atua
como uma coação (Nötigung) contra aqueles móveis empírico-subjetivos, na medida
em que eles são contrários a essa incondicionalidade”.
Com efeito, a tarefa que a filosofia pós-kantiana, tal como a filosofia de Schelling, Fichte
e Hegel, deu a si mesmo é colmatar esta lacuna entre o conceitual reino, constitutiva
da natureza, que possam ser aproveitadas pelas leis causais, as quais têm validade
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
J. G. Fichte, por sua vez, procurou unificar a razão teórica (que é a ‘compreensão’)
e a razão prática, aterrando ambos na atividade dinâmica da autoconsciência que se
postula como puro ato, Incondicionado de auto postulando ‘I’.
Dessa forma, Fichte afirmou ter resolvido o problema que apareceu para ele e para os
filósofos pós-kantianos como aquilo que é deixado não resolvido pelo próprio Kant.
Essa é a questão de como explicar o misterioso X, a ‘coisa-em-si’, que, de acordo com
Kant, nunca pode ser fundamentada no princípio constitutivo de entendimento, ou
seja, a ‘coisa-em-si’ de Kant é puramente metafísica e jamais passível de conhecimento
humano, de fato, incognoscível. É irredutível aos conceitos de entendimento.
Esse ‘eu’ autoemergente não pode, portanto, ser objeto de cognição conceitual, de
uma intuição empírica. Ela só pode ser compreendida no sentido interior na ‘intuição
intelectual’ que simplesmente é ‘ninguém’, mas sim ‘o fato de autoconsciência’.
Para tal ser, isto é, o ‘eu’, não há outro predicado ao não ser ‘ele mesmo’. Ele é seu
próprio objeto. Esse objeto para ele aparece como a natureza que é a autolimitação
da autoposição Assunto. O idealismo de Fichte mais tarde veio a ser conhecido como
Idealismo subjetivo.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
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Capítulo 3
Experiência moral, liberdade e
necessidade
Vieira (1999, p. 16) nos informa que a concepção da filosofia prática do jovem Schelling “é
marcada por seu esforço de reconciliar a substância, interpretada no estilo de Espinoza,
e o Eu, tal como compreendido por Kant e Fichte”. Logo a “intenção de Schelling era
elevar o criticismo, ou seja, ‘aquela filosofia que põe toda realidade no Eu’ ao nível do
sistema, indo de encontro à própria intenção de Kant”.
Schelling não coloca a questão relativa à essência da liberdade humana como o problema
dialético entre natureza e liberdade. Liberdade não aparece aqui como o livre exercício
da vontade do sujeito racional para a mestria sobre a sua natureza sensual, mas como a
capacidade de fazer o mal, isto é:
Logo, não é mais uma pergunta, mas uma questão metafísica sobre a possibilidade de
um regime de liberdade. Por um lado, a liberdade parece ser o que não pode ser incluída
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
dentro de um sistema como um todo; por outro lado, a busca que o idealismo deve ser
um sistema, sem o qual não é adequadamente compreensível, não deve ser rejeitado.
Essa tentativa do sistema de liberdade surgiu no despertar do que veio a ser conhecido
como a “controvérsia panteísmo” (assunto o qual não é o cerne de nosso interesse nesse
material).
Portanto, o esforço aqui, como visto acima, é o de terminar com a relação entre
as esferas subjetiva e objetiva, a que tanto o uso teórico quanto o prático da razão
encontram-se submetidos. Bem como o de elevar o não Eu ao Absoluto – contradição
e visão de Espinoza – uma vez que causaria a própria destruição do Absoluto,
transformando-o em uma coisa objetiva e em algo condicionado. Logo, ele anula a
subjetividade, fazendo com que a experiência moral fosse algo impensável.
Nesse âmbito, tal como entendido no tópico acima exposto, o Télos da experiência
moral é a reinstauração da plena subjetividade. Onde a Lei moral diz respeito ao Eu
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
limitado pelo não Eu. Vejamos com mais detalhes nas palavras diretas de Vieira (1999,
p. 18, grifo nosso):
Assumpção (2014) complementa que, para Schelling, assim como em Kant, o agente
moral encontra-se no mundo sensível, mas simultaneamente é cidadão de dois mundos:
o mundo sensível e condicionado versus o mundo inteligível e incondicionado, no
qual a causalidade absoluta é possível. O que difere é como cada um dos dois pensa a
integração entre esses dois mundos.
Logo:
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Como pode então o não Eu ser uma atividade ideal do Eu absoluto, isto é, sendo ele
um conceito, algo não empírico atuar na realidade? Vieira (2005, p. 133) nos ajuda
informando que “o ser originário se cinde e uma atividade dele limita a outra; essa
se mostra, por isso mesmo, devido ao limite, como real, e a outra na mera oposição
também como real, mas na medida em que ultrapassa o limite como ideal”. Portanto,
“uma limita a outra porque as duas são da mesma natureza do Eu”.
Posto isso, Vieira (1999, p. 20, grifo nosso) esclarece mais uma vez:
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
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Capítulo 4
Ética cristã na modernidade
O autor possui patentes e profunda razão em suas palavras, uma vez que confunde-se
insofismavelmente o Catolicismo com o Protestantismo, não fazendo diferenciação
alguma de “alhos com bugalhos”, atribuindo toda a carnificina da Inquisição ao
Cristianismo em geral, provocando uma interligação de sofismas falaciosos, pois, um
cético ao ouvir a expressão “Sem Deus não é possível haver moral”, logo remete-se aos
assassinatos provocados em nome da fé, esquecendo-se das terríveis batalhas ‘ateias’
que existiram e extirparam milhões de seres humanos da Terra, haja vista o comunismo,
nazismo, fascismo – marxismo e socialismo quando cunhado na concepção mais
darwiniana das ideias – dentre tantos outros atos em prol da aniquilação da religião,
“ópio do povo” e mentalidade da descendência perfeita.
É nítido que a falta de informação de questões como a ‘Noite de São Bartolomeu’ (onde
mais de 70 mil huguenotes – cristãos protestantes – foram dizimados em apenas uma
noite), bem como a alegação de que a Bíblia não deveria ser acessada pelo povo e quem
a tivesse, seria morto. Dentre tantas outras oposições ao Cristianismo puro e simples
de C. S. Lewis que teve sua história no mundo manchada e tetricamente misturada
ao contexto cristão em geral; uma miscelânea infinita e cíclica viciosa de toda uma
concepção desinformada da moralidade, costumes, crenças, dogmas e doutrinas cristãs
verdadeiras, aquela baseada nos evangelhos e na figura principal, Jesus Cristo.
É por isso que basta ler os autores anticristãos, para ver que muitas vezes
eles atacam no Cristianismo coisa diferente da que é defendida pelos
cristãos. O Cristianismo contra o qual dirige Nietzche seus sarcasmos
não é nem o da teologia, nem o da espiritualidade [...] o Cristianismo
ocupa lugar muito central no pensamento ocidental, para que seja
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Descartes já dizia:
Teologia moral
Embora a teologia da moral tenha se dado no Ocidente, reconheceu-se essa vertente
teológica somente após o século XVI. Ainda antes desse século a terminologia theologia
moralis já se fazia presente, o que, por sua vez, se espalhou após a Reforma e a
Contrarreforma.
Desse modo é óbvio que se objetivou, a partir dessa nova cosmovisão, guiar a consciência
do cristão para fins psicológicos de julgamento, e, como de costume, possuindo raízes
agostinianas e em Tomás de Aquino.
Os puritanos foram os principais contribuintes para a teologia da moral, sendo que todo
o Protestantismo fora atraído para esse novo modo de ver, e ainda Ferguson, Wright e
Packer nos informam:
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Kant teve influência direta na visão moral protestante desde o final do século XVIII,
movimento que estudou como sua ética autônoma pode ser aplicada ao contexto
cristão. Tem influência principalmente nos temas de conduta ética na guerra, prática
ética médica e relações trabalhistas no mundo hodierno.
O grande problema que talvez tenhamos seja o de definir se existem e quais são os
valores morais objetivos, ou em temáticas schelinguianas, como alcançar o absoluto
por meio da consciência. Na concepção copernicana em Kant trata-se do objetivismo e
subjetivismo da filosofia ética, bem como no historicismo de Hegel, ressaltam Kreeft e
Tacelli (2008, pp. 573-574):
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
absolutas não mudam em função do tempo, mas o que muda é o nosso conhecimento
de Deus. Teorias refutadas não significam leis universais alteradas, mas potencialmente
caracterizadas como leis universais.
Ética cristã
Em épocas medievais, havia uma renúncia exacerbada à dialética que impedia a
inserção da metafísica na teologia e na moral, contudo, ao passo que os estudos bíblicos
aumentavam, tal assunto passou a ser cada vez menos discriminado no meio teológico e
com isso tomou forma. Os sistemas morais aplicáveis não existiam na conduta unânime
de modo suficiente sobre os ombros da laicidade, portanto, discutia-se mais sobre a
quantidade e autoridade do autor do que de fato pelo seu raciocínio lógico.
O fator inalterável de pathos, uma vez que, quando se é dado naturalmente, passa-se
então a agir naturalmente ao fato, a fim de contorná-lo e conviver com ele, seja de qual
7 Veja mais sobre em nosso material de ‘Filosofia da História’, integrante deste curso.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
magnitude ou gravidade for, está relacionado ao apelo emocional, enquanto que o ethos
ao racional por meio da perspectiva de uma autoridade que fala.
Em nosso século, muito se fala da interrogação que o marxismo coloca sobre a ética,
bem como sobre a religião por meio de argumentos econômicos, onde o mito de
Prometeu toma forma como o primeiro santo do calendário de Marx, representando
o gênio humano que supera limites, questiona privilégios de deuses e ainda protesta
contra um terrível engano de uma religião infantil e dominadora e, por fim, estabelece
o homem como cerne do universo e o único responsável por ele. Azpitarte (1995, p. 28,
grifo nosso) nos dá mais informações:
8 Significa ‘atualização’.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
debate o que fora tratado no concílio, constatou deficiência no que tange o tema sobre
moral, contudo, Häring, antagonicamente, viu de modo positivo a contribuição feita.
Comportamento moral
O primeiro trabalha com (1) potências, seguidas de (2) hábitos (tal como
virtudes, vícios etc.), seguido de (3) atos. Não entraremos em profundos detalhes,
contudo, sabemos que por muito tempo a moral cristã foi baseada no esquema
aristotélico-escolástico-casuístico.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
CONSTITUINTE CARACTERÍSTICAS
Obediência a princípio exterior legislante (sistemas morais obrigacionistas, legalistas, heterônomos,
Na obrigação externa
tabuísticos etc.).
É bom o que origina prazer e à medida que o causa (existem variantes notáveis: hedonismo crasso,
No prazer
epicurismo, hedonismo elitista, hedonismo do gozo tranquilo e compartilhado etc.).
O ideal ético consiste na realização feliz do homem (mediante o exercício de suas funções superiores: ética
Na felicidade (eudemonia) aristotélica; mediante a consecução do fim último humano: ética tomista; mediante a realização integral da
pessoa: versão moderna da ética eudemônica etc.).
O ideal ético está na “ataraxia” e na “apatia” (estoicismo clássico), ou na realização do “sustineet abstine” (=
Na harmonia interior
“suporta e abstém-te”) (estoicismo popular).
No dever pelo dever Vivência ética partindo da autonomia da vontade (ética kantiana).
O bem reside em tirar a máxima utilidade para o maior número possível de sujeitos (utilitarismo clássico), ou
Na utilidade
em conseguir o máximo proveito para a vida individual e social (neoutilitarismo).
No altruísmo (mesclado com O ideal ético está em olhar sempre pelos outros, sabendo que desse modo se dá atenção também a si
certa dose de egoísmo) mesmo.
Entendida como absurdo (ética sartriana), como luta contra os valores vigentes (éticas revolucionárias), ou
Na liberdade
como fator de destruição (éticas de cunho niilista).
Agindo lucidamente em um mundo em que, diante de todas as inseguranças inevitáveis e diante de todos
No exercício da razão
os motivos reais de desespero, a racionalidade é o último recurso do homem.
Fonte: adaptado de Vidal (1993, pp.72-73).
Por meio de Glaudium et spes9 § 15, sobre dignidade da consciência moral e de §§ 27-
31 sobre a responsabilidade do homem para com ele mesmo, traça-se um contexto que
compreende a correlação entre o Cristianismo e o mundo moderno em geral ainda
dentro do Concílio Vaticano II, portanto, em uma weltanschauung católico-romana.
Com efeito, entende-se como consciência moral objetiva: assassinato, abuso infantil,
estupro, roubo, tortura de bebês etc., são tratados unanimemente em uma mente sã
e normal como errado tanto aqui como em qualquer parte do mundo, bem como em
qualquer cultura, credo e religião, uma vez que, mesmo que se admitam tais atos em
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Max Weber, por fim, resume a weltanschauung ética protestante do sentido igualitário
dos bens. Em sua notável obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”,
considerada por muitos no campo acadêmico como ‘o livro do século’:
No Antinomismo não há leis morais, portanto, mentir não é certo nem errado: não
existem leis. O Antinomismo expõe sua visão excluindo todas as leis morais objetivas.
Em um sistema “antilei” tudo se torna relativo. O filósofo e teólogo Dr. Norman Geisler
destaca os principais pontos antinômicos e divide-os em períodos:
O Situacionismo afirma que existe uma lei absoluta. Por exemplo, mentir é certo
algumas vezes: existe somente uma lei universal e ainda sustenta a existência de um
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Essa lei absoluta de Fletcher se resume a uma só lei: a lei do amor. Desse modo não
está totalmente divergente da ética cristã, porém possui características controversas
em seus princípios funcionais, os quais, para Fletcher, se resumem em quatro grandes
pontos:
Aqui, tudo o que corre em prol do amor deve funcionar ou satisfazer. A prática é preferível à teoria, desse modo, soluções
Pragmatismo
verbais e abstratas são rejeitáveis.
Aqui todas as coisas são relativas, pois para ele há somente apenas um absoluto. A imutabilidade reside no fato do amor
Relativismo
ser imutável, destarte o Situacionismo cristão corre em favor desse critério, intitulado de ‘amor ágape’.
Em oposição ao Naturalismo, aqui se defende os valores oriundos de um caráter voluntário e não racional. Possui
Positivismo
características emotivistas. Nas afirmações éticas, não se busca confirmação, mas somente justificativas.
Aqui as pessoas, e tão somente elas, representam o valor moral último e definitivo. Somente as pessoas têm valor, portanto
Personalismo as ‘coisas’ somente têm valor porque as pessoas dão valor às coisas. Desse modo, tudo converge em favor do bem para
as pessoas que são boas por si mesmas.
Fonte: adaptado de Geisler (2010, pp. 42-44).
Geisler (2010, p. 44) resume que o Situacionismo é uma ética com estratégia pragmática,
tática relativista, atitude positivista e centro de valor personalista. É uma ética com um
único absoluto, sob o qual tudo se torna relativo e se direciona para o fim pragmático
de fazer o bem às pessoas. Ele mesmo ainda se posiciona quanto à amplitude que se
poderá dar das aplicações práticas do Situacionismo, alegando que adultério altruísta,
prostituição patriótica, suicídio sacrificial, aborto aceitável, assassinato misericordioso
podem ser, de um certo ponto de vista situcionista, aceitáveis.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
O Generalismo reivindica que existem algumas leis gerais, mas não existe uma absoluta.
Por exemplo, mentir é normalmente errado: não existem leis universais. Afirma que
existem exceções às leis morais. Os utilitaristas são os adeptos tradicionais dessa visão
de mundo.
São representantes utilitaristas: Jeremy Bentham (1748-1832); John Stuart Mill (1806-
1873), G.E. Moore e John Austin.
O Absolutismo graduado diz que muitas leis absolutas são conflitantes, e nós somos
responsáveis por obedecer àquela que for mais elevada. Por exemplo, mentir é certo
algumas vezes: existem leis maiores. Afirma que quando leis morais conflitam, Deus nos
dispensa da obrigação de obedecer à lei menor em função do nosso dever de obedecer à
maior. São alguns absolutistas graduados: Agostinho (354-430); Charles Hodge (1797-
1878); Kierkegaard (1813-1855) e W. David Ross (1877-1971).
Percebe-se que, dentro dos absolutos morais ainda há linhas de pensamentos que
convergem e divergem entre si, se tornando até mesmo um absurdo moral a concepção
de um para com o outro. Segue-se que o Absolutismo não qualificado está associado com
a tradição anabatista. O Absolutismo conflitante com a tradição luterana. Absolutismo
graduado com a tradição reformada (GEISLER, 2010, 113).
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
O maior nome do Cristianismo, Jesus, de fato enfrentou conflitos morais, mas em todos
eles sabia exatamente como agir como é o caso do shabat (Mc. 2), de seus pais biológicos
(Lc. 2) e do governo (Mt. 22). Os conflitos não deixaram de existir, pois, como seres
humanos passíveis de falhas de modo integral, existe a tendência natural de enfrentar
qualquer caráter normativo com equívocos, quanto mais absolutos morais em conflito.
10 Que vide: Mt. 22.34-40; Jo. 19.11; 1Co. 13.13; Jo. 15.13; Tg. 2.10; Mt. 5.22 e 28; Rm. 2.6; Ap. 20.12; 1Co. 3.11-15; 1Co. 5; 1Co.
11.30; Mc. 3.29; Mt. 10.37; como também Pv. 6.16-18; 1Tm. 1.15; 1; Jo. 5.16.
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Pragmatismo
Ainda sobre o ponto trazido por Geisler, importa-nos tratar brevemente do pragmatismo,
o qual, basicamente, traz a ideia de que tudo o que é útil agora é bom, isto é, o futuro
não tem importância, mas tão somente o agora. Diferente em partes de uma visão
instrumentalista, onde ele útil é uma ferramenta para o hoje, então, tudo o que é
instrumentalmente útil, é bom.
Pierce talvez seja o único filósofo dos tempos modernos que foi bom
experimentador, tendo realizado várias medições, inclusive uma
determinação da constante gravitacional. Ele escreveu extensivamente
a respeito da teoria do erro [...]. Pierce não achava que a verdade era
a correspondência aos fatos: as verdades são as conclusões estáveis
alcançadas por uma infindável comunidade de pesquisadores
(HACKING, 2012, p. 129, grifo do autor).
Hilary Putnam virou adepto do peirceanismo, ele “não acredita que o relato de Peirce a
respeito do método de pesquisa é definitivo, nem propõe que deva ser dada uma última
palavra a esse respeito”.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
Enquanto que Rorty, da mesma forma, afirma veementemente que a história atual
da filosofia na América foca no que não devia em termos de questões. Já Dewey
possui características ímpares na comunidade filosófica, ele distingue claramente o
pragmatismo do instrumentalismo, terminologia essa que é muito empregada por parte
de quem não é pragmatista ao se referir aos seus adeptos.
Nessa forma de ver o mundo, Dewey pouco se importava como observador zela a teoria
do conhecimento, para ele, tudo deve ser para hoje, todas as questões devem estar
baseadas na resolução do problema de quem vive o agora. Empresários, por exemplo,
não têm tempo pra ficar olhando o mundo e achar isso ou aquilo, eles simplesmente
não são espectadores do mundo, são empreendedores e trabalhadores.
Logo, em uma perspectiva moral, o prazer, o ato, aquilo que é nostálgico nesse
momento é bom, independente em alta medida da consequência do ato. Enquanto que,
o instrumentalismo, em termos filosófico-científicos, é:
Logo, dentro de nossa perspectiva, segue-se que, é possível utilizar as questões morais
do passado vislumbrando o futuro, com efeito, a própria moralidade cristã não precisa,
nessa ótica, ser descartada, pelo contrário, pode-se analisar clinicamente a moralidade
moderna, adequá-la a suas bases na moralidade contemporânea, sem necessidade de
perder sua essência no futuro.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Para o uso pragmático, ético e moral da razão prática. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141989000300002>.
Sobre mais detalhes das diferentes escolas de pensamentos filosóficos tal como
Maniqueísmo, Relativismo, Existencialismo, Utilitarismo, Contratualismo, Altruísmo,
veja o ‘Saiba Mais’ do Capítulo 1 em ‘Pensadores da Ética e Correntes de Pensamentos’.
61
Capítulo 5
Liberdade, o bem e o mal
Para Espinosa, todos vivemos na companhia de outros seres humanos e somos todos
movidos por paixões, de forma que esses outros seres humanos podem servir também
de obstáculo para o alcance do bom. Dessa maneira, as paixões e os desejos alegres
podem criar laços de concordância entre os homens, enquanto que os desejos tristes
sempre os tornam inimigos uns dos outros.
A fim de procurar uma solução para esse problema, Espinosa propõe basicamente duas
soluções:
Em Locke, um contratualista, tanto o prazer, quanto a dor são apenas ideias simples
obtidas por meio da sensação, no entanto, as ideias morais parecem ser qualitativamente
diferentes dessas, ao passo que exigem relação com algum tipo de regra de referência a
fim de serem julgadas como boas ou más.
O bem e o mal nada mais são do que prazer e dor, ou o que ocasiona
ou provoca em nós prazer e dor. O bem e o mal moral consistem, pois,
apenas no acordo ou desacordo de nossas ações voluntárias com certa
lei, por meio da qual o bem e o mal nos são impostos pela vontade do
poder legislador. O bem e o mal, ou o prazer e a dor, implicando nossa
obediência ou nosso rompimento com a lei decretada pelo legislador,
são o que denominamos prêmio ou castigo (LOCKE, 1978, p. 215).
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Temos então nesse filósofo a concepção de que Deus criou a humanidade dotada de
sensibilidades e razão, e tai leis expressam as regras morais, leis com as quais os homens
comumente pautam suas ações em corretas ou incorretas.
Liberdade em Schelling
Schelling trata do limite de realização puramente racional do Incondicionado. Contudo,
discorda do uso de uma noção limitada e restrita de “sistema” e “liberdade” juntamente
com uso restrito da noção metafísica e lógica de julgamento. Portanto, aqui, Schelling
se coloca contrário às concepções de Friedrich Heinrich Jacobi.
A questão do julgamento deixou de ser apenas uma questão formal, lógica, mas a questão
da jointure, ou vínculo de seres. Esse vínculo ou jointure dos seres é fundamentado na
liberdade que, entendida de modo mais originário, não é arbitrária, livre de vontade,
mas que pertence juntamente com maior necessidade.
Esse jointure dos seres – o infinito ser, criador de Deus e do finito, ser criado, chamado
“homem” – deve ser essencialmente uma relação livre, uma relação que é regida pela
liberdade que no sentido mais elevado, bem como pela necessidade. Se o homem é
livre, de certo modo, então é também a maneira de individuação do homem. Isto é, na
medida em que o homem é “individualizado” pela liberdade, a liberdade do homem
é distinguível da liberdade absoluta do infinito, eterno sendo chamado Deus. Essa
essência peculiar da liberdade humana é a capacidade de fazer o mal (tal como visto
acima).
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
De acordo com Schelling, o ser humano é distinto do Deus criador eterno pela
especificidade da sua liberdade, que é essencialmente e intrinsecamente uma
liberdade finita. Deus é o ser cuja condição, embora nunca completamente imanente,
pode ser realizado em sua própria existência. O ser finito nunca pode concretizar-se
completamente, porque o chão de sua existência permanece inapropriável.
O ser humano é essencialmente ser finito, e somente um ser tão finito é capaz do mal.
Portanto, o mal não é nem divino, nem bestial, mas essencialmente pertencente à
liberdade humana. O mal tem isso, relação específica peculiar com a finitude humana.
Ao contrário dos animais, nos quais o jointure dos princípios é regido pela necessidade,
e ao contrário do divino, em quem o jointure dos princípios é indissolúvel, a liberdade
humana participa da liberdade divina e é ainda separada por um abismo. De acordo
com Schelling, esse abismo é a possibilidade de dissolução dos princípios.
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ÉTICA MODERNA │ UNIDADE ÚNICA
Rawls (2005, pp. 323-324) nos fornece três argumentos sobre a lei moral como uma lei
da liberdade em Kant:
Esse mundo condicionado é história. Ao iniciar essa nova “aliança”, o homem participa
da criatividade da liberdade divina. Essa é a fonte de alegria criativa para o ser humano,
pois por meio desse ato criativo do ser humano o mundo da natureza é redimido. Mas,
na sua arrogância vã e em sua autoafirmação de que é empurrado para o ponto de
absolutização e totalização, o ser humano procura negar o caráter finito de sua liberdade
e, assim, busca elevar o princípio da particularidade da dominação universal.
Aí reside o mal, o não ser, que é para que a matéria não esteja completamente desprovida,
mas ela procura ser completa, absoluta. O mal não é nem ser nem nada, além da fome
maliciosa do não ser para o ser.
Portanto, o poder do mal não pode ser dito para ser o poder de ser. É, antes, o poder
do não ser que busca devorar a si mesmo e nunca está satisfeito, em qualquer ponto,
porque nunca atinge estar sem um resto de não ser. Busca o autoconsumo, tornando-
se refém de sua própria luxúria. De acordo com Schelling esse é o personagem do mal.
A razão humana existe, no entanto, apenas como uma “loucura regulada”. Por conta de
sua força imanente somente a razão humana não pode alcançar o Incondicionado que
é o reino da liberdade absoluta.
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
O surgimento da ordem do mundo não é visto como uma ordem imanente governada
pelos princípios necessários da razão, mas tem a sua fonte em uma liberdade absoluta,
incondicional. Essa liberdade pode chegar a ser finita, mortal como um presente. O
homem nunca pode dominar esse dom, porque abre o homem a sua historicidade.
»» Condicionado e Incondicionado.
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Figura 1.
Incondicionado
Absoluto
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Liberdade em Leibniz
Segundo Rawls (2005, p. 152), para Leibniz, há três condições para a ação livre, a saber:
Logo, o problema do mal que o ceticismo em voga traça, é como pode haver um Deus
bom e moralmente justo, se o mal existe. Bem sabemos do problema de Epicuro:
»» ou Deus deseja remover o mal desse mundo, mas não pode fazê-lo;
Destarte perguntas como, “então porque não impede o mal?”, segue-se da réplica: “será
que não impede mesmo?”.
Deus não criou o mundo para punir o homem, mas para ter deleite no homem e o
homem com ele. Logo, por meio da liberdade humana, isto é, o livre-arbítrio.
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As escolhas de Deus, dentro desse contexto estariam nas opções entre criar o ser
humano ou não criar o ser humano; gerar consciência de vida ou não gerar consciência
de vida; permitir o conhecimento do oposto do bem (de Deus) ou não permitir. Obrigar
a obedecer ou não obrigar. Não permitir a escolha do mal ou permitir a escolha do mal.
Não aceitar o arrependimento ou aceitar o arrependimento. Não permitir que o Plano
da Salvação (vinda, morte e ressurreição de Cristo) seja executado ou permitir para que
todos possam ter a chance de salvação novamente. Não permitir o retorno ao habitat
original ou permitir.
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A alegação ateísta traz consigo a ideia que “tudo o que contribui para o bom andamento
da vida é bom, o que não contribui é ruim, e ponto”. Porém, podem ser levantadas,
dentro desse contexto, as seguintes perguntas: o peixe rouba a comida de outro ou o
faz por extinto? Assassina outro animal ou por necessidade natural o faz? Estupra ou
acasala em favor da vida?
Rawls (2005, p. 343) também trata da livre escolha humana quando o assunto é a
origem do mal:
Na busca pela origem racional das más ações, deve-se considerar cada
uma dessas ações como se o indivíduo tivesse caído nela diretamente a
partir de um estado de inocência. [...] Ele deveria ter-se abstido dessa
ação qualquer que fossem as circunstâncias e liames temporais; pois por
nenhuma causa no mundo pode deixar de ser um ser que age livremente.
[...] Mas isso equivale simplesmente a dizer que o homem não precisa
envolver-se no subterfúgio de buscar saber se as consequências [de suas
ações livres] são livres ou não, uma vez que existe na ação livre, que foi
sua causa, fundamento suficiente para mantê-lo responsável.
De modo paradoxal, por fim, cita Craig (2010, p. 121), a única solução para essa equação
é o próprio Deus:
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Veja também
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Capítulo 6
Individuação moral e vontade
Individuação moral
De acordo com Vieira (2005), de maneira geral, o Incondicionado, ou Absoluto, não pode
ser de modo teórico realizado, uma vez que a razão teórica em todos os casos antecede a
relação do sujeito/objeto, sendo que o Incondicionado não está a ela submetido. Logo,
a sua realização pode ser apenas prático-moral.
Tal exigência moral conecta entre si duas dimensões, segundo Vieira (2005), a saber:
»» a fenomênica condicionada; e
»» a do ser em si incondicionado.
A diferenciação entre o mundo físico e o mundo moral é a de que o mundo moral não
pode ser um objeto natural qualquer, não se trata mais de resistência física, mas sim está
relacionado à resistência oferecida pelo ser vivo que é concomitantemente autônomo e
fenomênico.
Conflitos surgem pelo fato de que o ser vivo desenvolve sua causalidade
incondicionada no mundo empírico e temporal, o qual não é caracterizado
apenas por identidade, mas também pela não identidade ou diferença.
Haveria, de fato, um consenso absoluto (absolute Übereinstimmung),
caso o ser vivo fosse encarado apenas na sua dimensão incondicionada
ou já estivesse alcançado, ao longo de um esforço empírico, o telos
supremo de sua ação: o Incondicionado. Assim sendo, esse esforço
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Individuação do
ser moral
Onde:
Em (a), podemos extrair que o ser moral é o eu moral finito, o qual, por sua vez, é
idêntico no seu ser em si ao Absoluto. Enquanto que em (b), a individualidade moral
resulta do esforço de cumprir o mandamento moral, tanto: (1) no tempo; (2) no terreno
da identidade e multiplicidade ou não identidade, onde, tal mandamento exige a
coordenação do fenômeno com o ser em si. “A relação entre essas individualidades
morais pode resultar em um conflito infinito no mundo moral” (VIEIRA, 2005, p. 54).
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UNIDADE ÚNICA │ ÉTICA MODERNA
O autor trata que, em (c), o ser moral é atividade autotética absoluta, idêntico ao
Absoluto e a outros indivíduos morais, por um lado, enquanto que do outro lado, é
diferente ou não idêntico ao Absoluto e a outros indivíduos morais, na medida em que,
em função de sua autonomia, ele põe para si e, em virtude disso, também em relação
a outrem, conteúdos que são específicos de tal atividade de autodeterminação. Logo, o
indivíduo moral é a articulação entre identidade e não identidade.
INCONDICIONADO INCONDICIONADO
»» Qual seria então a ação do sujeito moral em Schelling? Sua ação deve
se encaminhar “para aquilo que é tanto o começo quanto o fim do agir
moral: o Incondicionado”.
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»» Indivíduo moral:
»» Ser moral:
›› Eu moral finito;
Vontade
Percebe-se que a Moral abarca a questão tanto da identidade, quando da diferença,
conduzindo ela a um conflito e à solução. Logo, a Ética e o Direito pensam sobre o
mandamento moral que pode ser perturbado pelo possível conflito infinito moral no
mundo.
O estudo da Ética, da Moral e do Direito exige que seja caracterizado aquilo sobre o
qual é refletido pelas três disciplinas, Vieira (2005, p. 56) denomina-as de ‘consenso
universal’ e ‘consenso absoluto’, requerendo investigar os elementos que os promovem,
tal como as vontades: em geral e absoluta.
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Com efeito, o autor nos apresenta o problema das vontades e de toda a filosofia moral,
em seguida, sua solução em Schelling:
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Quando Schelling anuncia o problema de toda a filosofia moral, ele se volta para
a vontade absoluta, que é caracterizada justamente pela ausência de vontade, tanto
individual quanto universal, bem como a ausência de conflitos.
Vieira (2005) nos mostra que tanto a Ética quanto o Direito, têm como objeto a
“investigação das condições viabilizadores de um consenso universal”, objetivando,
claro, o consenso absoluto.
Sendo, portanto, a experiência da dualidade, a moral não pode ser organizada em função
da “lógica” da não dualidade, em virtude desse fato, há a causação de danos para os dois
lados: moralização do Absoluto e absolutização da moral. Logo, levam:
Em suma:
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Logo, a vontade absoluta com problema da filosofia moral pode ser representada pelo
seguinte esquema de Vieira (2005, p. 58):
Figura 2.
Ética
Vontade Vontade
Singular Universal
Ciência do Direito
Logo, é possível entender que o consenso absoluto somente é pensado numa esfera
onde a vontade também é absoluta. Enquanto que o “consenso universal é realizado na
dimensão de uma vontade em geral”, isto é, “na dimensão do entrecruzamento entre
identidade e não identidade”.
A vontade, agora numa ótica geral, difere do desejo, uma vez que possui características que
a diferem, tal como o ato voluntário, tenacidade, perseverança, resistência, continuação
do esforço etc. Exige também discernimento, reflexo, deliberação, avaliação, decisão
e posicionamento. A vontade julga, avalia, compara etc., tudo isso antes da ação. Por
fim, pode-se atribuir a vontade aliada da responsabilidade, uma vez que visa e pesa as
possíveis consequências do ato.
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Para (não) Finalizar
Desse modo, está claro que essa não é uma forma de esgotar o assunto, uma vez que
os conteúdos, artigos e sugestões de leituras complementares diversas aqui citadas
estão baseados em outros, aos quais, por sua vez, tomaram por consulta outros e assim
sucessivamente. Esse é o brilho do escalonamento do conhecimento.
»» Profanação e discriminação;
»» Aristóteles e a práxis;
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Para (Não) Finalizar
»» Deliberação e decisão;
»» Emotivismo ético;
»» Racionalismo humanista;
»» Necessidade e liberdade.
»» Estágios de desenvolvimento;
»» Teoria da simpatia;
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para (não) finalizar
Sobre Kant:
»» Imperativo categórico:
›› A promessa enganosa;
›› A máxima da indiferença;
›› Os limites da informação;
»» O fato da razão;
»» Espontaneidade absoluta;
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Para (Não) Finalizar
Sobre Hegel:
»» Crítica ao liberalismo.
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Referências
LECLERCQ, Jacques. As grandes linhas da filosofia moral. São Paulo: Ed. Herder,
1967.
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Referências
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2007.
RAWLS, John. História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
SÁNCHEZ VÁSQUEZ, Adolfo. Ética. 23a ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2002.
VIDAL, Marciano. Para conhecer a ética cristã. São Paulo: Edições Paulinas, 1993.
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