02.psicologo Escolar - Perspectivas Atuais
02.psicologo Escolar - Perspectivas Atuais
02.psicologo Escolar - Perspectivas Atuais
RESUMO
Esse estudo tem por proposta a reflexão do papel do psicólogo escolar, numa perspectiva preventiva do
processo educacional. O tema vai ao encontro da atual discussão das políticas públicas que aprovou o
projeto lei n°326/2019, que estabelece a implantação de serviços de psicologia nas escolas públicas do
Estado, e que deve considerar os fatores intraescolares e o contexto biopsicossocial. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, com intervenção psicoeducativa na orientação de alunos, e
prioriza a ação preventiva do psicólogo. A pesquisa foi realizada numa escola técnica profissionalizante-
ETEC, e em uma escola privada em São Paulo. As queixas sinalizam dificuldades de manter atenção
nas aulas on-line, apatia por parte dos alunos, isolamento social, depressão e ansiedade, dificuldade na
convivência humana, dificuldade na comunicação. O objetivo é desenvolver a potencialidade dos alunos
nas dimensões afetivas, cognitivas e sociais, considerando o contexto biopsicossocial. Na coleta de
dados utilizou a observação das aulas on-line e oficinas psicoeducativas que usaram estratégias de rodas
de conversa e reflexões a partir de vídeos, letras de músicas, dinâmicas interativas e arte-educação. A
análise de dados utilizada foi a categoria de análise e o referencial utilizado foi a abordagem humanista
Rogeriana, que prioriza as relações interpessoais, considerando o aluno na totalidade. Os resultados
sinalizam que a perspectiva preventiva do psicólogo escolar possibilita que os alunos tenham
desenvolvimento satisfatório nas habilidades socioemocionais.
Palavras-chave: Práticas em educação; Psicólogo Escolar; Prevenção; Educação; habilidades
socioemocionais.
INTRODUÇÃO
1
Doutora pela PUCSP em Psicologia da Educaçao, UNINOVE, [email protected] ;
fracassos recai sempre sobre o aluno. O papel do psicólogo escolar seria tratar os alunos-
problema e dar o atendimento para que tenham melhores condições de rendimento na sala de
aula. A psicologia escolar como um campo de atuação é fundamentada em saberes produzidos
pela Psicologia da Educação (ANTUNES, 2008), no qual, os fenômenos psicológicos são
produzidos na área educacional. Durante toda a primeira metade do século XX, a psicologia
escolar apresentava um caráter mais clínico, onde os psicólogos escolares trabalhavam o
desenvolvimento e a aprendizagem. O objetivo do psicólogo nas escolas era diagnosticar as
crianças para encontrar padrões de normalidade, e direcionar as crianças para o “atendimento
especial” quando necessário (BARBOSA; SOUZA, 2012). Esse era um modelo de cunho
patologizante, distante das ações preventivas e interdisciplinares. (ANTUNES, 2008).
No início dos anos 90, com a criação da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional (ABRAPEE), novas discussões sobre o papel do psicólogo na Educação Escolar
do Brasil, numa perspectiva preventiva, priorizando o contexto biopsicossocial, se faz
necessária. Visto que a relação de ensino e aprendizagem pretende reafirmar o papel do
psicólogo escolar e suas contribuições como profissional da educação.
A intervenção da atuação do psicólogo na escola mantendo uma visão preventiva,
contemplando o atendimento aos alunos, pais e professores se faz necessária, visto que a relação
de ensino e aprendizagem pretende reafirmar o papel do psicólogo escolar e suas contribuições
como profissional da educação. A noção de prevenção está comumente, relacionada à ação de
se antecipar a determinado fenômeno com o objetivo de evitar que ele ocorra e de ajustar
soluções a possíveis problemáticas. A intervenção preventiva proposta contemporaneamente
pela Psicologia Escolar pretende contribuir para que aconteçam reformulações pessoais e
institucionais no sentido de oportunizar, aos atores envolvidos, transformações e saltos
qualitativos em seu desenvolvimento. Tais saltos podem ser possíveis através de ações do
psicólogo escolar que estejam intencionalmente comprometidas com tal objetivo, como, por
exemplo, em relação às concepções dos profissionais da escola acerca da avaliação, da
aprendizagem e do desenvolvimento humano.
A atuação preventiva em Psicologia Escolar deve estar respaldada em ações que
busquem a) facilitar e incentivar a construção de estratégias de ensino diversificadas; b)
promover a reflexão e a conscientização de funções, papéis e responsabilidades dos sujeitos; c)
superar, junto com a equipe escolar, os obstáculos à apropriação do conhecimento (MARINHO-
ARAÚJO; ALMEIDA, 2005). Entre as dificuldades encontradas para a inserção da psicologia
escolar, ressalta-se o desconhecimento por parte dos pais e da instituição escolar quanto ao
papel efetivo deste profissional. Sabem que o papel não é clínico, mas, ao mesmo tempo, não
veem o psicólogo como um facilitador das relações de ensino e aprendizagem.
Por meio da observação sob o olhar da psicologia escolar, gera-se muitas preocupações,
em diversos aspectos formativos, sobretudo no desenvolvimento de competências
socioemocionais na dimensão da convivência humana, que faz parte das prioridades do
processo formativo na Educação Básica. Cabe à instituição escolar não só a manutenção do
arcabouço de conhecimentos acumulados na história da civilização, como também o
desenvolvimento de seres pensantes, criativos, construtores de conhecimento, que saibam se
relacionar consigo mesmos e com os outros, comprometidos na construção de um mundo
melhor. Compreender como tais habilidades podem contribuir com a melhoria do desempenho
escolar e vida futura dos estudantes permite construir caminhos que promovam o
desenvolvimento, aprimoramento e consolidação de uma educação de qualidade. (ABED, 2014,
p.7)
As competências socioemocionais são capacidades individuais que se manifestam nos
modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e
com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações novas ou adversas.
Elas podem ser observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação frente a estímulos de
ordem pessoal e social. Entre outros exemplos, estão a persistência, a assertividade, a empatia,
a autoconfiança e a curiosidade para aprender. (DEL PRETTE, p. 1999). O Ministério da
Educação (MEC), com a homologação da BNCC (Banco Nacional Comum Curricular), em
2017, incluiu as habilidades socioemocionais no ensino básico e, a partir de 2020, as escolas do
país teriam que se adaptar às novas diretrizes, conforme nos explica Teixeira, em “Habilidades
Sócio emocionais na Educação”. (2020, p. 53).
O processo de escolarização nos últimos anos, vem acompanhando o excesso da
tecnologia no cotidiano das crianças e jovens, e mesmo antes da pandemia, observa-se uma
restrição na comunicação, nos processos interativos, que refletem na autonomia de crianças e
adolescentes. A pandemia apenas corroborou esses aspectos, que podem ser observados nas
aulas on-line, mas também pelas queixas escolares sinalizadas pelos pais, professores e
coordenadores das escolas. O processo de comunicação e a convivência dos alunos, passou a
ser restrita; pais e professores evidenciavam preocupações na ausência de comunicação por
parte dos filhos e alunos.
Esse momento de pandemia, só intensificou uma situação que já vem se apresentando
nos últimos anos- a ausência de habilidades sócio emocionais por parte de crianças e
adolescentes. Cumpre observar que durante a pandemia, as escolas que fizeram parte desta
pesquisa estavam com aulas on-line, e todas as atividades de intervenção realizadas foram on-
line.
Esse estudo priorizou a reflexão do papel do psicólogo escolar, numa perspectiva
preventiva do processo educacional, a fim de promover o desenvolvimento da potencialidade
dos alunos nas dimensões afetiva, cognitiva e social, considerando o contexto biopsicossocial,
assegurando o aprimoramento das competências socioemocionais, considerando que a ausência
de habilidades socioemocionais é evidenciada na ausência da comunicação, comprometendo os
resultados de desempenho escolar.
Somos pessoas completas: com afeto, cognição e movimento, e nos relacionamos com
um aluno também pessoa completa, integral, com afeto, cognição e movimento.
Somos componentes privilegiados do meio de nosso aluno. Torná-lo mais propício ao
desenvolvimento é nossa responsabilidade. (Almeida, 2002, p. 86)
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesse pensar o tempo que a criança fica na escola, devemos também considerar a
formação de professores e sua qualificação, uma vez que o professor pode ser o facilitador na
promoção do desenvolvimento das habilidades socioemocionais. GUSDORF (1995),
argumenta que o professor queira ou não, torna-se um modelo para o aluno, em especial na
sociedade contemporânea na qual os próprios pais delegam ao professor muitas
responsabilidades, que o fazem ser muito importante na vida de cada um de seus alunos. Por
isso, ao longo de toda a vida, o ser humano guardará uma saudade fiel daqueles que para muitos
foram os primeiros sustentáculos da verdade, os guardiões da esperança humana. Assim, falar
da importância das relações interpessoais na formação de professores, no momento atual, é de
extrema relevância, uma vez que o palco das discussões na área educacional desvela a
prioridade na modificação desse processo formativo, que tem como tarefa desafiadora formar
o professor no e do mundo contemporâneo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, essa pesquisa aponta a importância da contribuição deste estudo, que enfatiza
o papel do psicólogo na perspectiva preventiva da educação, direcionando atividades que
possibilitem o desenvolvimento de competências socioemocionais, no cotidiano escolar, a fim
de que a convivência humana e o processo de comunicação voltem a fazer parte da vida diária
dos alunos da Educação Básica, aprimorando os quatro pilares da educação apontados por
DELORS( 1996) aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a conviver.
REFERÊNCIAS
DEL PRETTE, ZILDA. Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões?
Em R. S. L. Guzzo (Org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje. Campinas: Editora
Alínea, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2000.