Politicas Publicas de Alimentaçao e Nutricao
Politicas Publicas de Alimentaçao e Nutricao
Politicas Publicas de Alimentaçao e Nutricao
Módulo 1 Unidade 1
Segurança Alimentar e Nutricional,
Políticas Públicas de Alimentação e
Direito Humano a Alimentação
Nutrição e Intersetorialidade
Adequada e Soberania Alimentar
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Módulo 1 - Unidade 1
Segurança Alimentar e Nutricional, Direito Humano Surge então a Revolução Verde, que se consistiu na mecanização do campo associado a utilização de
sementes de alto rendimento, pesticidas e fertilizantes para aumentar a produtividade de alimentos.
a Alimentação Adequada e Soberania Alimentar Mesmo após experiências insatisfatórias na Índia, que comprovaram que essa forma de aumento da
produção não gerava impacto real sobre a redução da fome, a revolução verde se expandiu pelo mundo.
Hoje arcamos com as terríveis consequências ambientais, econômicas e sociais dessa estratégia,
OBJETIVO DE APRENDIZAGEM: tais como: êxodo rural, contaminação do solo e dos alimentos com agrotóxico, redução da
Apresentar conceitos e históricos relacionados à Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. biodiversidade e menor resistência a pragas. Tudo isso poderia ser evitado, se desde o princípio
a fome tivesse sido tratada como um problema social resultante da falta de acesso a terra para
Antes de conhecermos as políticas públicas relacionadas a alimentação e nutrição no país, é preciso produção e/ou pela insuficiência de renda para compra de alimentos
compreender o processo histórico que embasou suas formulações. Para isso nos aprofundaremos
em conceitos que serão citados e utilizados ao longo de todo curso. São eles: Segurança Alimentar e Em 1974 houve a Conferência Mundial da Alimentação, que levantou a necessidade de uma política de
Nutricional (SAN), Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA) e Soberania Alimentar (SA). armazenamento e oferta de alimentos associada à sua produção, enfatizando a importância de garantir
a regularidade no abastecimento. Mesmo com essa constatação, a Revolução Verde se intensificou e
foi sentida mundialmente com o aumento no número de famintos e excluídos, já que a comida nunca
chegava onde havia fome.
No Brasil, essa revolução resultou no enorme impulso da produção de soja, a qual não fazia parte da
Esse módulo foi baseado na publicação estruturada pela Ação Brasileira de Direitos Humanos
cultura alimentar do país, e consequentemente foi introduzida de diferentes formas na industrialização
(ABRANDH) em 2010, atualizada em 2013. Se você quiser se aprofundar ainda mais nessa temática
de alimentos. E a fome? Continuou a crescer! assim como o abismo social.
nós recomendamos como material de estudo, especialmente a unidade 1 deste material.
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Apesar da Revolução Verde ter gerado muito lucro para o agronegócio, não houve eliminação da fome,
dando um novo sentido para SAN. Segurança Alimentar então, passou a ser relacionada com a garantia
do acesso físico e econômico de todas as pessoas a quantidades suficientes de alimentos de forma
permanente.
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)
No final da década de 1980, a alimentação passa a ser discutida no Brasil, em conjunto com as discussões
O conceito de SAN está em constante evolução e construção, pois possui uma relação direta com a
de saúde, estabelecendo-se como uma condição necessária para promovê-la.
estrutura política, social, cultural e econômica dos países. Conforme a humanidade avança e modificam-
se as organizações sociais e as relações de poder, o conceito evolui.
Já no início década de 1990 o conceito de SAN amplia-se novamente, quando passa a incorporar as
noções de alimentos seguros (não contaminados biológica ou quimicamente) e de qualidade (nutricional,
A primeira vez que esse conceito foi utilizado, foi durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e
biológica, sanitária e tecnológica), produzidos de forma sustentável, equilibrada e culturalmente aceitável.
relacionava-se diretamente com a capacidade de cada país produzir o seu próprio alimento, de forma a
Nesse período agrega-se definitivamente o aspecto nutricional e sanitário ao conceito, que passa a ser
não ficarem vulneráveis a embargos e boicotes ocasionados por questões políticas ou militares.
denominado Segurança Alimentar e Nutricional.
No contexto da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o conceito de SAN emerge novamente gerando
uma tensão política entre as recém-criadas organizações mundiais (1948), como a Organização das
Em 2004 consolida-se o conceito de SAN no país, que consiste na realização do direito de todos ao
Nações Unidas (ONU), que entendiam o acesso ao alimento como um direito humano, e as organizações
acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer
financeiras, como o Banco Mundial, que viam na segurança alimentar um mecanismo de controle do
o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras
mercado.
de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e
socialmente sustentáveis (CONSEA, 2004).
Após as grandes guerras, a SAN passa a ser entendida hegemonicamente como uma questão de
insuficiência de alimentos e alternativas são criadas para promover assistência alimentar. Inicialmente
houve a distribuição do excedente de produção dos países ricos, que fortaleceu a ideia de que o problema
era a produção insuficiente de alimentos nos países pobres.
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Módulo 1 - Unidade 1 Módulo 1 - Unidade 1
O conceito de SAN considera dois elementos diferentes e complementares: o alimentar e o nutricional. A Veja na imagem abaixo a linha do tempo da evolução do conceito de SAN:
ABRANDH exemplifica essas dimensões da seguinte forma:
Para contemplar a dimensão alimentar é preciso que a produção e disponibilidade de alimentos seja: SAN
1ª vez que o conceito é usado 1914-1918
1ª Guerra Mundial
1. Suficientes e adequadas para atender a demanda da população, em termos de quantidade e
qualidade; Acesso ao alimento como direito
1939-1945 humano (ONU) X mecanismos
2. Estáveis e continuadas para garantir a oferta permanente, neutralizando as flutuações sazonais; 2ª Guerra Mundial de controle do mercado
3. Autônomas para que se alcance a autossuficiência nacional nos alimentos básicos;
4. Equitativas para garantir o acesso universal às necessidades nutricionais adequadas, haja vista Considerada como questão de
insuficiência de alimentos Pós-Guerra
manter ou recuperar a saúde nas etapas do curso da vida e nos diferentes grupos da população;
5. Sustentável do ponto de vista agroecológico, social, econômico e cultural, com vistas a assegurar
a SAN das próximas gerações. (ABRANDH, 2013)
Revolução Verde
A parte nutricional, que incorpora as relações entre os seres humanos e o alimento, implica em:
Crítica à Revolução Verde – aumento da 1974
produção não reduziu a fome Conferência Mundial do Alimento
1. Disponibilidade de alimentos saudáveis;
2. Preparo dos alimentos com técnicas que preservem o seu valor nutricional e sanitário;
Necessidade de política de 1980 Debate sobre a alimentação na
3. Consumo alimentar adequado e saudável para cada fase do ciclo da vida;
armazenamento e oferta de alimentos Brasil área da saúde.
4. Condições de promoção da saúde, da higiene e de uma vida saudável para melhorar e garantir a
adequada utilização biológica dos alimentos consumidos;
1990 Ampliação do conceito
5. Condições de promoção de cuidados com a própria saúde, com a saúde da família e da comunidade;
Brasil
6. Direito à saúde, com o acesso aos serviços de saúde garantido de forma oportuna e resolutiva; Noção de alimento seguro, de
7. Prevenção e controle dos determinantes que interferem na saúde e nutrição, tais como as condições Consideração do conceito como direito qualidade e produzido sustentavelmente
2004
ao acesso a alimentos de qualidade
psicossociais, econômicas, culturais e ambientais; Brasil
8. Boas oportunidades para o desenvolvimento pessoal e social no local em que se vive e se trabalha
(ABRANDH, 2013).
Fonte: Elaboração própria
Como você pode perceber, o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional é bastante robusto, e porque
não dizer, complexo! Mas para chegar à concepção atual levou pouco mais de 100 anos, tendo seu ápice Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA)
na década de 1990 e início dos anos 2000. É importante destacar que a construção do conceito foi sempre
coletiva, e aconteceu em grandes eventos relacionados a alimentação de maneira democrática. Por isso, Antes de falarmos sobre o Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA), vamos relembrar!
esteja atento e aproveite todas as oportunidades para exercer seu papel no controle social. O que são Direitos Humanos?
Direitos Humanos: São aqueles que todos os seres humanos possuem, única e
exclusivamente, por terem nascido e serem parte da espécie humana. Eles são inalienáveis
e devem segurar as pessoas condições básicas para uma vida digna.
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O DHAA é indispensável para a sobrevivência, sendo considerado internacionalmente como pré-requisito Outros aspectos ainda devem ser considerados para a garantia plena desse direito, como:
para a realização de outros diretos. Ele é reconhecido desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos
• Acesso a informação cientificamente comprovada e respaldada;
de 1948 (ONU, 1948). Além disso, compõe o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
• Regulamentação da propaganda e da publicidade;
Culturais, elaborado em 1966 (ONU, 1966) e ratificado em 1992 (FDSAN, 2006).
• Acesso a recursos produtivos como terra e água; e
• A possibilidade concreta de exigibilidade dos direitos humanos.
A base legal nacional associada ao DHAA inicia com a Constituição Federal de 1988 que entendeu a saúde
como um direito social. Com o passar dos anos outros marcos, relevantes para entender a alimentação Ou seja, é preciso muito mais do que produzir alimento! Precisamos de grandes reformas sociais,
adequada como um direito, surgiram, são eles: redistribuição de renda e de terras, abastecimento de água e saneamento básico, acesso a serviços
• A ratificação do PIDESC (Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) em de saúde de qualidade, incentivo de práticas agroecológicas, não discriminação de povos, empatia
1992; e intersetorialidade!
• A reinstituição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) em 2003; e
Veja na imagem abaixo a linha do tempo da evolução do conceito de DHAA:
• A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) de 2006, que criou o Sistema Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e instituiu a Política Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional (PNSAN) por meio do Decreto 7.272/2010, o qual deu subsídios para elaboração do DHAA
primeiro plano brasileiro de SAN.
No entanto, só recentemente, por meio da Emenda Constitucional nº 64 de 2010 que a alimentação Reconhecido pela Declaração
dos Direitos humanos da ONU 1948 Passa a compor o Pacto Internacional
se tornou um direito social.
dos Direitos Econômicos Sociais e
Culturais da ONU
O DHAA implica em duas dimensões indivisíveis, de estar livre da fome e em ter acesso à alimentação
1966
adequada. O direito à alimentação adequada realiza-se quando cada homem, mulher e criança, sozinho
ou em companhia de outros, tem acesso físico e econômico, ininterruptamente, à alimentação adequada Saúde como direito social na
ou aos meios para sua obtenção. O DHAA não deverá, portanto, ser interpretado em um sentido estrito Constituição Federal 1988
ou restritivo, que o equaciona em termos de um pacote mínimo de calorias, proteínas e outros nutrientes
específicos. 1992 Ratificação do PIDESC
O termo “adequada” envolve diferentes aspectos, são eles: diversidade; qualidade sanitária; adequação Reinstituição do Conselho Nacional de
nutricional; alimentos livres de contaminantes, agrotóxicos e organismos geneticamente modificados; Segurança alimentar e Nutricional 2003
acesso a recursos financeiros ou a recursos naturais, como a terra e água; respeito e valorização da cultura Lei Orgânica de Segurança
Alimentar e Nutricional
alimentar regional; acesso a informação; e realização de outros direitos (LEÃO; RECINE, 2011). 2006
Política Nacional de Segurança
Para que esse direito seja garantido é preciso considerar quatro dimensões interdependentes: Alimentar e Nutricional
2010 Alimentação
disponibilidade; adequação; acesso e estabilidade. EC64|2010_
Ampliação do conceito como direito
social.
Disponibilidade Adequação Acesso Estabilidade
A parti de: Considera: Refere-se: Considera:
- Terras produtivas ou - A parte nutricional, - Aos recursos necessá- A regularidade com que
de outros recursos sanitária, cultural, rios para obtenção de os alimentos estejam
naturais. religiosa e étnica da alimentos de qualidade disponíveis e acessíveis
alimentação. e em quantidade a população, devendo
- Alimentos comprados adequadas. ser permanente, duran-
na rede de comércio - As necessidades e te todo o ano.
local ou obtidos por particularidades indivi- - A disponibilidade de
meio de ações de duais e coletivas. locais de comercializa-
provimento (ex. entrega ção e ou provimento de
de cestas básicas) alimentos
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No modelo da agricultura familiar o que importa é produção de comida e é por isso que ela é responsável
Em 2007, esse conceito foi reafirmado durante o Fórum Mundial de Soberania Alimentar, em Mali na
pela produção de: 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz e 21% do
África:
trigo do Brasil. Na pecuária, é responsável por 60% da produção de leite, além de 59% do rebanho suíno,
50% das aves e 30% dos bovinos do país, segundo os dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2006).
A soberania alimentar é o direito dos povos de decidir seu próprio sistema alimentar
Esse cenário, que prioriza o capital ao invés do alimento, intensifica a desigualdade social, a
e produtivo, pautado em alimentos saudáveis e culturalmente adequados, produzidos
insegurança alimentar e nutricional, o êxodo rural e a exclusão de povos tradicionais, além de
de forma sustentável e ecológica, o que coloca aqueles que produzem, distribuem e
aumentar o desmatamento, a perda da biodiversidade e da cultura alimentar.
consomem alimentos no coração dos sistemas e políticas alimentares, acima das exigências
dos mercados e das empresas, além de defender os interesses e incluir as futuras gerações
(FÓRUM MUNDIAL PELA SOBERANIA ALIMENTAR, 2007). - Para além do campo, precisamos refletir sobre os nossos hábitos
alimentares. Você acha que tem poder de escolha sobre o que consome?
Ou será que tudo que você encontra nos supermercados já foi previamente
escolhido por alguém? Quando há produção extensiva de algum alimento,
Para compreender melhor esse conceito é preciso conhecer os modelos de desenvolvimento rural ele gera excedentes de produção, que irão voltar para o nosso prato após
existentes. Basicamente podemos dividi-los em 2 grandes grupos: o modelo agroexportador e o modelo um processo de industrialização. Tente achar algum produto industrializado,
de agricultura familiar. Veja na figura a seguir as principais diferenças entre esses dois modelos: por exemplo: pão, biscoito, salgadinho, que não contenha nenhum derivado
de soja. Provavelmente você terá dificuldade em encontrar.
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Como a indústria nunca pode perder dinheiro, ela vai investir em diversas e diferentes estratégias para CONCLUSÃO
convencê-lo a comprar o que ela precisa vender. É isso que você encontra diariamente nos supermercados.
Um aspecto que podemos destacar são as estratégias que essas empresas utilizam para dar a impressão
de diversidade de marcas. Isso pode ser percebido quando as dez grandes companhias de alimentos se Você deve ter percebido que os conceitos de SAN, DHAA e SA são complementares, não é verdade?
utilizam de submarcas. Por exemplo, quando você compra uma aveia, uma batata frita, um chá gelado Mas na prática, como isso funciona?
ou um refrigerante de marcas reconhecidas e diferentes, na verdade está comprando de uma única
corporação, que além de alimentos domina o mercado de produtos de higiene e limpeza. Vamos recapitular! O conceito de SAN evoluiu com os passar dos anos e foi sendo modificado de acordo
com a situação política e social do país e do mundo. A cada definição de SAN uma ação acontecia, por
Além de dominar grande parte do mercado de alimentos, essas empresas causam danos ambientais exemplo: quando a segurança alimentar foi relacionada com a produção insuficiente de alimentos deu-se
e sociais. Entre os danos ambientais o mais significativo é o uso maciço do óleo de palma, que causa início a Revolução Verde. Ou seja, o conceito de SAN é a base para a formulação de estratégias e políticas
desmatamento em grande escala, extinção de espécies animais e realocação de comunidades. Em relação para garantir o acesso regular e permanente à alimentação saudável e a outros bens e serviços sociais
aos danos sociais podemos citar os relacionados com o trabalho infantil e escravo. básicos.
Não poderíamos deixar de falar sobre o grande impacto que essas companhias têm sobre a saúde das Quando um grupo ou indivíduo está em estado de Segurança Alimentar e Nutricional podemos dizer que
pessoas. O aumento do consumo de alimentos processados e ultra processados nas últimas décadas, seu Direito Humano a Alimentação Adequada foi respeitado. Porém é preciso lembrar da complexidade
levaram proporcionalmente ao aumento do sobrepeso e obesidade em todo mundo. do DHAA nas suas quatro grandes dimensões: disponibilidade, adequação, acesso físico e econômico e
estabilidade. Para que haja, por exemplo, acesso a alimentos seguros e saudáveis é necessário um modelo
- Mas pelo menos acabamos com fome, não é mesmo? Não! O sobrepeso de desenvolvimento rural que seja ambiental, social, cultural e economicamente sustentável.
e obesidade, provenientes do alto consumo desses alimentos, gera o que
chamamos de fome oculta, ou seja, quando há um excesso de calorias sem o Quando falamos em produção, comercialização e distribuição de alimentos estamos nos referindo a
mínimo necessário de micronutrientes. As pessoas ficam ao mesmo tempo Soberania Alimentar. Ficou mais claro a interligação e interdependência dos conceitos? Basicamente
obesas e desnutridas. Além da obesidade, outras doenças crônicas não é por meio das políticas de SAN, articuladas a outras políticas e programas, que o Estado deve respeitar,
transmissíveis como a diabetes e a hipertensão estão intimamente ligadas proteger, promover e prover o DHAA.
com essa mudança de hábito alimentar.
Na próxima unidade de aprendizagem, vamos conhecer e nos empoderar sobre as Políticas Públicas
- E agora, como você acha que dá para reverter essa situação? relacionadas a Alimentação e Nutrição existentes no Brasil. Vem com a gente?
O primeiro passo é lembrar que alimentar-se é um ato político! Ou seja, suas escolhas alimentares
determinam que mercado você vai sustentar. São mudanças simples que vão fazendo a diferença,
como por exemplo: trocar o supermercado pelas feiras locais; optar pela comida de verdade ao
invés dos ultra processados; se alimentar em um restaurante local e não nas redes de fast food.
Para compreender melhor sobre as escolhas alimentares leia o Capítulo 2 do novo Guia Alimentar
para a População Brasileira, lançado em 2014. Clique Aqui
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia
alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf Acesso em: 02/abr./2018.
CAMPOS, C. S. S.; CAMPOS, R. S. Soberania Alimentar como alternativa ao agronegócio no Brasil. Revista
Electrónica de Geografía e Ciencias Sociales, Universidad Barcelona, vol. XI, n. 245 (68), 2007. Disponível
em: http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-24568.htm. Acesso em: 02/abr./2018.
Unidade 2
Segurança Alimentar e Nutricional. Relatório Final 2004. Brasília, 2004. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/II_Conferencia_2versao.pdf> Acesso em: 02/abr./2018.
FDSAN. Relato da Oficina Direito Humano a Alimentação Adequada: o que a universidade tem (os) a ver
com isso?. 2006 (mimiograf.).
FÓRUM MUNDIAL PELA SOBERANIA ALIMENTAR, 2007, Malí. Declaração de Nyélény. Disponível em: http://
www.nyeleni.org/spip.php?article327. Acesso em: 02/abr./2018.
Políticas Públicas de Alimentação e
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA (IBGE). Censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2006b.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/
Nutrição no Brasil
LEÃO MM & RECINE E. O Direito Humano à Alimentação Adequada. In: TADDEI JAAC, LANG RMF, LONGO-
SILVA G, TOLONI MHA. Nutrição em Saúde Pública. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011.
LEÃO MM, organizador. O direito humano à alimentação adequada e o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional. Brasília: ABRANDH; 2013. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/seguranca_alimentar/DHAA_SAN.pdf > Acesso em: 02/abr./2018.
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Políticas Públicas de Alimentação e A partir disso fica claro que a implementação de programas e políticas relacionadas a alimentação e
nutrição são formas do Estado e das esferas governamentais cumprirem suas obrigações e não uma
Mas você sabe a diferença entre política e programa? Políticas são as diretrizes dentro de um sistema
e programas são as formas de operacionalizar essas diretrizes (BERNARDO; GUARESCHI, 2007)
OBJETIVO DA APRENDIZAGEM:
Empoderar os profissionais sobre as Políticas Públicas em Alimentação e Nutrição que visam a garantia da
No Brasil a principal política relacionada ao tema é a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
SAN e do DHAA no Brasil.
– PNSAN. Ela foi instituída pelo Decreto 7.272, de 2010, e tem como objetivo “promover a segurança
alimentar e nutricional, (...) bem como assegurar o direito humano à alimentação adequada em todo
Agora que já dominamos os históricos e conceitos de: Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), Direito
território nacional.
Humano a Alimentação Adequada (DHAA) e Soberania Alimentar (SA), podemos conhecer e nos
empoderar sobre as políticas públicas brasileiras referentes a essa temática.
Art. 3º A PNSAN tem como base as seguintes diretrizes, que orientarão a elaboração do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional:
É preciso lembrar que é uma obrigação do Estado respeitar, proteger, promover e prover os direitos
humanos a todos os habitantes do território nacional. A Tabela 01 explica melhor cada um desses níveis
I - promoção do acesso universal à alimentação adequada e saudável, com prioridade para as famílias
de obrigação relacionados ao DHAA.
e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional;
O estado não pode adotar quaisquer medidas que possam resultar na privação da capacidade III - instituição de processos permanentes de educação alimentar e nutricional, pesquisa e formação
de indivíduos ou grupos de prover sua própria alimentação. A execução de grandes obras de nas áreas de segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada;
Respeitar infraestrutura que desalojem comunidades tradicionais, famílias de agricultores ou os priva
da condição básica para obtenção do seu próprio alimento caracteriza-se claramente como IV - promoção, universalização e coordenação das ações de segurança alimentar e nutricional
desrespeito ao DHAA. voltadas para quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais de que trata o art. 3o, inciso
I, do Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, povos indígenas e assentados da reforma agrária;
O estado deve agir para impedir que terceiros (indivíduos, grupos, empresas e outras entidades)
interfiram na realização ou atuem no sentido da violação do DHAA das pessoas ou grupos
V - fortalecimento das ações de alimentação e nutrição em todos os níveis da atenção à saúde, de
Proteger populacionais. Uma ação de proteção ao DHAA refere-se a normativas que impedem a
modo articulado às demais ações de segurança alimentar e nutricional;
publicidade de alimentos para crianças pequenas, que colocam em risco o aleitamento materno
exclusivo para crianças menores de 6 meses.
VI - promoção do acesso universal à água de qualidade e em quantidade suficiente, com prioridade
para as famílias em situação de insegurança hídrica e para a produção de alimentos da agricultura
O estado deve criar condições que permitam a realização efetiva do DHAA. Exemplos de ações de
familiar e da pesca e agricultura;
promoção do DHAA são as de educação em saúde que promovem a alimentação complementar
Promover
saudável para a introdução de novos alimentos para crianças maiores de 6 meses e as iniciativas
VII - apoio a iniciativas de promoção da soberania alimentar, segurança alimentar e nutricional e do
de oferta a preços acessíveis de alimentos saudáveis como as feiras de produtores.
direito humano à alimentação adequada em âmbito internacional e a negociações internacionais
baseadas nos princípios e diretrizes da Lei no 11.346, de 2006; e
O estado deve prover alimentos diretamente a indivíduos ou grupos incapazes de obtê-los por
conta própria, até que alcancem condições de fazê-lo. As ações de provimento são aquelas de VIII - monitoramento da realização do direito humano à alimentação adequada (BRASIL, 2010).
Prover
distribuição de alimentos a grupos vulnerabilizados e, também, os programas de transferência
de renda.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Dialogando sobre o direito humano à alimentação adequada no contexto do
SUS/Ministério da Saúde.- Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 72 p.:il,- (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).
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Apesar da PNSAN definir as bases para estruturação dos programas e ações de SAN, para garantir o DHAA Continuação da Tabela 2.
é necessária uma abordagem intersetorial. Por isso, outras políticas merecem nossa atenção. Elas devem
ser articuladas e complementares e incidir sobre: a renda destinada a alimentação e ou o provimento de
alimentação adequada e saudável e água potável; a saúde e os determinante sociais; a educação e o Políticas / Programa / Nível de Obrigação
Objetivo
combate ao analfabetismo; e aos povos e comunidades tradicionais (ABRANDH, 2013). Ação do Estado
Nós podemos agrupá-las em três grandes grupos: políticas que ampliam a disponibilidade de acesso aos Programa Brasileiro de Modernização do mercado hortifrutigranjeiro, por meio
alimentos; políticas dirigidas a inclusão social e a grupos socialmente vulneráveis; e políticas universais Modernização do Mercado do estabelecimento de ampla base de dados referentes
que promovem o desenvolvimento das pessoas (ABRANDH, 2013). Promover
Hortifrutigranjeiro à série histórica, volume, origem e preços de produtos
- PROHORT comercializados no mercado atacadista.
As políticas que ampliam a disponibilidade de acesso aos alimentos são basicamente estratégias de
Redistribuição de terras, regularização de posses e
distribuição e manutenção de terras que visam a produção de alimentos e a valorização dos pequenos
reordenamento agrário; fornecimento dos meios
agricultores e comunidades tradicionais. Elas são fundamentais para a permanência dos agricultores
Reforma Agrária indispensáveis à exploração racional da terra aos Promover
familiares no campo, para a sobrevivência da cultura dos povos e comunidades tradicionais e para o
atendidos pela reforma e aos agricultores familiares;
cultivo de alimentos adequados e saudáveis.
dinamização da economia e da vida
O Programa Nacional
- Você consegue lembrar qual dos conceitos abordados na unidade de Apoio à Captação de Promover o acesso à água para o consumo humano e para
anterior falava sobre isso? Isso mesmo! A Soberania Alimentar! Podemos Água de Chuva e outras a produção de alimentos por meio da implementação de Promover
dizer então que essas políticas são meios de garantir a soberania alimentar Tecnologias Sociais tecnologias sociais simples e de baixo custo.
brasileira! E já que estamos falando nelas... Conseguem identificar alguma (Programa Cisternas)
política que faça parte desse grupo? Garantir às comunidades remanescentes de quilombos
o direito à terra e ao desenvolvimento econômico e
Regularização das Terras social com a finalidade de melhorar as condições de vida
A Tabela 2 concentra as políticas, programas e ações brasileiras que ampliam a disponibilidade de Respeitar/Promover
Quilombolas nessas comunidades por meio da regularização da posse
alimentos, apresentando seus objetivos e os níveis de obrigação do Estado sobre elas.
da terra, do estímulo ao desenvolvimento sustentável e
do apoio a suas associações representativas.
Tabela 2. Políticas, Programas e Ações que ampliam a disponibilidade de alimentos no país, seus objetivos
e nível de obrigação do Estado sobre elas.
Regularização Fundiária de Regularização fundiária, criação e gestão de unidades de
Respeitar/Promover
Terras Indígenas conservação de uso sustentável
Políticas / Programa / Nível de Obrigação
Objetivo
Ação do Estado
Programa Nacional Fonte: Adaptada Principais Políticas Públicas que promovem o DHAA.
Financiamento, proteção, assistência técnica e
de Fortalecimento da LEÃO MM & RECINE E. O Direito Humano à Alimentação Adequada. In: TADDEI, JA et al. Nutrição em Saúde Pública.
capacitação, apoio à comercialização, geração de renda Promover
Agricultura Familiar Rio de Janeiro: Rubio, 2011.
e agregação de valor para a agricultura familiar.
(PRONAF)
Estabelecimento de vínculo entre a produção de Já as políticas dirigidas à inclusão social e a grupos socialmente vulneráveis, são aquelas que garantem,
Programa de Aquisição de
base familiar, a formação de estoques públicos e o seja por transferência de renda ou por entrega direta de alimentos, que todas as pessoas tenham acesso
Alimentos da Agricultura Promover
atendimento às populações em situação de Insegurança regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso
Familiar (PAA)
Alimentar e Nutricional. a outras necessidades essenciais. Também inclui as estratégias para correção de deficiências nutricionais
Fixação de preços mínimos com base nos quais causadas pela falta de acesso a alimentos ricos em vitaminas e minerais.
Política de Garantia de
é estabelecida a intervenção do governo, para
Preços Mínimos/ Formação Promover
recomposição dos preços ou para a formação de
de Estoques
estoques reguladores.
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Continuação da Tabela 3.
- E agora? De qual conceito estamos falando? Sua memória está ótima
hein?! É da SAN mesmo que estamos falando! Mais especificadamente ao
Políticas / Nível de
conceito construído na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Programa / Objetivo Obrigação do
Nutricional em 2004 (CONSEA, 2004).
Ação Estado
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Módulo 1 - Unidade 2 Módulo 1 - Unidade 2
Continuação da Tabela 4.
- Por isso, para garantirmos o DHAA, é preciso que o governo atue em várias
frentes, não é mesmo? Que tipo de políticas você acha que garantiriam
às pessoas fazerem escolhas alimentares melhores? Se você pensou em Nível de
Políticas / Programa /
políticas de educação, saúde e trabalho compreendeu perfeitamente o Objetivo Obrigação do
Ação
que estamos falando! Estado
Vamos conhecer que políticas são essas? A Tabela 4 contempla políticas, programas e ações que promovem Assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável
Política da Educação Respeitar e
o desenvolvimento das pessoas, bem como seus objetivos e os níveis de obrigação do Estado. para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para
Básica Promover
progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Tabela 4. Políticas, Programas e Ações que promovem o desenvolvimento das pessoas, seus objetivos e Alfabetização de jovens, adultos e idosos, com o atendimento
nível de obrigação do Estado sobre elas. prioritário a municípios com taxa de analfabetismo igual ou
Combate ao Respeitar e
superior a 25% (90% na região Nordeste). Esses municípios
Analfabetismo Promover
Nível de recebem apoio técnico na implementação de ações que visam
Políticas / Programa / garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizados.
Objetivo Obrigação do
Ação
Estado Cobertura Vacinal no Vacinação de caráter nacional, além de aquisição, conservação e
Prover
Primeiro Ano de Vida distribuição dos imunobiológicos.
Contribuir para o crescimento e o desenvolvimento
biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a
Promover a reorientação do modelo assistencial no âmbito do
formação de práticas alimentares saudáveis dos estudantes, Agentes Comunitários de
município, ao qual compete a prestação de atenção básica à Prover
Programa Nacional de mediante ações de educação alimentar e nutricional e oferta Prover e Saúde
saúde.
Alimentação Escolar de refeições que cubram, no mínimo, 20% das necessidades Promover
nutricionais diárias deles para uma refeição (30% em Reorientar o modelo assistencial, operacionalizado mediante a
comunidades indígenas e quilombolas e 70% para o ensino em implantação de equipes multiprofissionais em centros de saúde
período integral) durante todo o ano letivo. da família, responsáveis pelo acompanhamento de um número
Programa Saúde da Família Prover
definido de famílias em uma área geográfica delimitada. As
Melhorias das condições nutricionais de trabalhadores, com equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção,
repercussões positivas na qualidade de vida, na redução Prover e recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes.
Programa de Alimentação Promover
de acidentes de trabalho e no aumento da produtividade,
do Trabalhador Promoção de
priorizando-se o atendimento aos trabalhadores de baixa renda Apoiar os estados e municípios brasileiros no desenvolvimento
Hábitos de Vida e de
(até cinco salários mínimos- mensais). de ações e abordagens para a promoção da saúde e a prevenção
Alimentação Saudável
de doenças relacionadas com a alimentação e nutrição, tais como
para Prevenção da Promover
Satisfazer, em determinada época, na “região do país, as suas anemia, hipovitaminose A, distúrbios por deficiência de iodo,
Política de reajuste do Obesidade e das
necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, Promover desnutrição, obesidade, diabetes, hipertensão, câncer, entre
salário mínimo Doenças Crônicas Não
higiene e transporte”¹. outras.
Transmissíveis
Qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção Fonte: Adaptada Principais Políticas Públicas que promovem o DHAA.
Amamenta e Alimenta básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do LEÃO MM & RECINE E. O Direito Humano à Alimentação Adequada. In: TADDEI, JA et al. Nutrição em Saúde Pública.
Prover
Brasil aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças Rio de Janeiro: Rubio, 2011.
menores de dois anos no âmbito do SUS. ¹ Artigo 76 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
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Módulo 1 - Unidade 2 Módulo 1 - Unidade 1
As ações, programas e políticas supracitadas são estratégias federais para a garantia dos Referências Bibliográficas
direitos sociais, especialmente ao DHAA. No entanto estados e municípios também tem suas
responsabilidades na implantação e manutenção dos mesmos em seus territórios.
BRASIL. Ministério da Saúde. Dialogando sobre o direito humano à alimentação adequada no contexto
do SUS/Ministério da Saúde.-Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 72 p.:il,-(Série F. Comunicação e Educação
em Saúde)
LEÃO MM & RECINE E. O Direito Humano à Alimentação Adequada. In: TADDEI JAAC, LANG RMF, LONGO-
Na próxima unidade de aprendizagem falaremos sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar.
SILVA G, TOLONI MHA. Nutrição em Saúde Pública. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011.
Que se consolida como uma das maiores e mais eficientes estratégias do mundo para a garantia de SAN.
Vamos lá?
LEÃO MM, organizador. O direito humano à alimentação adequada e o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional. Brasília: ABRANDH; 2013. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/seguranca_alimentar/DHAA_SAN.pdf > Acesso em: 02/abr./2018
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Contexto do Tabagismo Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE
OBJETIVO DA APRENDIZAGEM:
Apresentar os conceitos e normativas do PNAE e a importância do programa para manutenção de um sistema
alimentar saudável e sustentável.
Unidade 3
Nesta unidade iremos conhecer e nos aprofundar no Programa Nacional de Alimentação Escolar, o qual
chamaremos daqui para frente de PNAE.
Ele é considerado a política pública de maior abrangência em alimentação e nutrição do país já que
atende desde a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio até a educação de jovens e adultos,
estejam eles matriculados em escolas públicas, filantrópicas ou em entidades comunitárias conveniadas
com o poder público. Também é considerado um programa de referência mundial pela abrangência,
universalidade, recomendações e estratégias exitosas, servindo como modelo para outros países no
fortalecimento de suas próprias políticas de alimentação e nutrição (PEIXINHO, 2013).
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
A história do programa começa a ser formada por volta da década 1940, quando a desnutrição passa a ser
enxergada como um problema social e não apenas uma deficiência de nutrientes. Josué de Castro traz luz O objetivo do PNAE, definido na Lei nº 11.947 de 2009, é “contribuir para o crescimento e o
a situação instaurada no país quando lança a obra “Geografia da Fome” e muda a compreensão nacional desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas
e internacional sobre esse fenômeno. A partir dessa época o governo inicia algumas estratégias para alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta
melhorar a alimentação das pessoas, dentre elas está a criação do Instituto Nacional de Nutrição (INAN), de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo” (BRASIL, 2009a).
que sustentava a ideia de oferecer alimentação no âmbito escolar (NASCIMENTO, 2010).
Na década de 1950, Josué de Castro, então deputado federal e presidente do Conselho Executivo da I - o emprego da alimentação saudável e II - a inclusão da educação alimentar e
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, esteve a frente da implantação adequada, que compreende o uso de nutricional no processo de ensino e
da Campanha Nacional de Merenda Escolar, a primeira estratégia de alimentação escolar sob a alimentos variados, seguros, que respeitem aprendizagem, que perpassa pelo currículo
a cultura, as tradições e os hábitos escolar, abordando o tema alimentação e
responsabilidade do Governo Federal subordinado ao então Ministério da Educação e Cultura
alimentares saudáveis, contribuindo para o nutrição e o desenvolvimento de práticas
(NASCIMENTO, 2010). crescimento e o desenvolvimento dos saudáveis de vida, na perspectiva da
alunos para a melhoria do rendimento segurança alimentar e nutricional;
Até o início da década de 1970 a alimentação oferecida no ambiente escolar era proveniente, escolar, em conformidade com afaixa etária,
o sexo, a atividade física e o estado de
majoritariamente, de doações internacionais e, portanto, não havia uma efetiva regularidade no saúde, inclusive dos que necessitam de
fornecimento nem uma adequação cultural e sensorial das refeições servidas. Nos anos seguintes, com atenção específica; IV - apoio ao desenvolvimento sustentável,
com incentivos para a aquisição de gêneros
a Revolução Verde e o consequente aumento da industrialização de alimentos no Brasil, houve uma
alimentícios diversificados, produzidos em
participação prioritária de gêneros comprados nacionalmente, que se caracterizavam basicamente por âmbito local e preferencialmente pela
sopas e mingaus (PEIXINHO, 2013), ou seja, ainda não respeitavam e/ou promoviam o DHAA. III - a descentralização das ações e agricultura familiar e pelos empreendedores
articulação, em regime de colaboração, familiares, priorizando as comunidades
entre as esferas de governo; tradicionais indígenas e de remanescentes de
Em 1979 o programa passa a se chamar Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e começa a se
quilombos.
tornar uma ferramenta para melhorar a saúde dos escolares, enfatizando a importância da produção de
alimentos básicos e gêneros alimentícios de pequenos produtores. Alguns anos mais tarde a Constituição
Brasileira, promulgada em 1988, no inciso VII do artigo 208, passou a assegurar o direito universalizado à
alimentação escolar a todos os estudantes de ensino fundamental da rede pública, a ser garantido pelos Além do objetivo e das diretrizes é importante destacar os princípios que regem o programa. São eles
governos federal, estaduais e municipais (PEIXINHO, 2013). (BRASIL, 2009a):
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
Outro conceito com ligação direta ao PNAE é o de SAN. Você consegue entender o porquê? Exatamente!
Porque fornece alimentação segura e de qualidade, de forma continua e permanente durante os 200 dias
- Conhecendo apenas o objetivo, as diretrizes e os princípios já dá para ter letivos, para todos os estudantes matriculados, independente de questões econômicas, psicossociais ou
uma ideia da complexidade do programa, não é mesmo? Mas quem são os culturais.
responsáveis pelo bom funcionamento do PNAE?
Ainda podemos correlacionar com a Soberania Alimentar (SA)! Uma vez que tem como um dos seus
objetivos o empoderamento dos estudantes, permitindo assim, escolhas voluntárias de hábitos
Para a efetiva execução do PNAE faz-se necessário uma composição intersetorial, a qual está descrita na alimentares saudáveis e a valorização da cultura alimentar. Além disso, tem como diretriz incentivar e
Resolução nº 26, de 17 de junho de 2013 art. 5º: Participam do PNAE (BRASIL, 2013a): fortalecer a agricultura familiar.
• O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE,
• A Entidade Executora (nos estados e no Distrito Federal, são as Secretarias Estaduais de Educação Fica claro que a alimentação escolar é uma importante ferramenta para a promoção do DHAA e
e, nos municípios, são as Prefeituras Municipais e, também, as escolas federais), consequentemente para o desenvolvimento pessoal. Quando não há acesso a uma alimentação
• O Conselho de Alimentação Escolar – CAE e adequada e saudável de forma regular e permanente outros direitos ficam comprometidos como a
• Unidade Executora – entidade privada sem fins lucrativos, representativa da comunidade escolar. saúde, o trabalho, o lazer e a moradia. Independente da fase da vida em que aconteça essa privação,
ela causará danos. Mas especialmente na infância e na adolescência essa falta pode implicar no
Como cada ator de PNAE atua? comprometimento do desenvolvimento biopsicossocial, tanto pela deficiência de nutrientes como
pelo excesso de açúcar, gordura, sal e aditivos químicos encontrados nos alimentos ultraprocessados.
O FNDE coordena e estabelece as normas gerais de planejamento, execução, controle, monitoramento
e avaliação do Programa, bem como transfere os recursos financeiro federais. As Entidades Executoras Para que não houvesse a necessidade de prover alimentação dentro do ambiente escolar, precisaríamos
(EEx.) são responsáveis pela execução do PNAE, inclusive pela correta utilização e complementação dos ter igualdade social! Onde todos tivessem acesso financeiro e a informação de qualidade, incentivo
recursos financeiros recebidos pelo FNDE, pela oferta de alimentação nas escolas por, no mínimo, 200 à produção de alimentos orgânicos provenientes da agricultura familiar, regulação da produção e
dias letivos e pela prestação de contas do Programa. O CAE, por sua vez, é um órgão colegiado com comercialização de alimentos ultraprocessados, e disponibilidade de tempo e conhecimentos mínimos
caráter fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento que deve ser instituído no âmbito dos sobre a importância da alimentação adequada e saudável em todas as fases da vida.
Estados, Municípios e Distrito Federal. Por fim, cabe as Unidades Executoras (UEx.) a responsabilidade do
recebimento dos recursos financeiros transferidos pela EEx. em favor da escola que representa, bem como Por ser o PNAE um programa de abrangência nacional que provê e promove o DHAA ele precisa
a prestação de contas do Programa ao órgão que a delegou (BRASIL, 2013a). compreender e respeitar as diferentes culturas existentes no país, bem como as necessidades alimentares
especiais mais comuns entre as crianças e adolescentes.
E o nutricionista?
Atendimento aos Povos e Comunidades Tradicionais
A presença do nutricionista no contexto do PNAE é uma das garantias para a manutenção da qualidade
da alimentação escolar. Ele é o profissional habilitado que irá assumir desde o planejamento até a Segundo a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, eles
coordenação e direção da área de alimentação e nutrição nas secretarias de educação; bem como o são grupos culturalmente diferenciados e que se identificam como tais. Eles possuem formas próprias de
desenvolvimento de estratégias e atividades de educação alimentar e nutricional para a comunidade organização social, ocupam e usam territórios e recursos naturais para sua reprodução cultural, social,
escolar. O nutricionista que assume a responsabilidade técnica do programa possui um papel importante religiosa, ancestral e econômica, usando conhecimentos e práticas gerados e transmitidos pelos seus
na definição do cardápio escolar, na orientação quanto as escolhas dos gêneros alimentícios adequados ancestrais. Estão incluídos nessas condições os indígenas, povos de cultura cigana, pescadores artesanais,
para alimentação dos estudantes e na avaliação contínua da qualidade e aceitabilidade dos alimentos seringueiros, quebradeiras de coco-de-babaçu, caiçaras, povos de terreiro e quilombolas (BRASIL, 2007a).
utilizados.
Os povos com enfoque principal no PNAE são as comunidades tradicionais indígenas e remanescentes de
Mas afinal, por que é necessário garantir uma alimentação saudável e adequada no ambiente quilombos que, além de receberem alimentação escolar adequada e saudável, têm como direito a oferta
escolar? de alimentos que se encaixem na sua cultura e tradição (BRASIL, 2013a).
Ao relembrar os conceitos abordados na unidade I, podemos perceber a relação entre o PNAE e o DHAA,
já que o programa é uma das estratégias do governo para prover e promover esse direito, fornecendo
alimentação saudável e adequada sob distintos parâmetros no ambiente escolar.
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
NA PRÁTICA Segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), na década de 2000, 16% das crianças
remanescentes de quilombos estavam desnutridas (BRASIL, 2013b). Um estudo que ocorreu em 2006,
As comunidades tradicionais indígenas, são definidas no Decreto nº 5.051/2004, como “povos denominado “Chamada Nutricional Quilombola”, realizado com crianças menores de cinco anos, residentes
tribais em países independentes, cujas condições sociais, culturais e econômicas os distingam de em comunidades quilombolas reconhecidas pelo governo, revelou dados preocupantes, mostrando a
outros setores da coletividade nacional, e que estejam regidos, total ou parcialmente, por seus existência de altos riscos de desnutrição crônica nessa população. Os resultados evidenciam que 11,6%
próprios costumes ou tradições ou por legislação especial”, ainda, “(...) considerados indígenas pelo das crianças apresentavam déficit de altura para idade e 13,7% das mães das crianças com menos de
fato de descenderem de populações que habitavam o país ou uma região geográfica pertencente quatro anos de estudo estavam desnutridas (BRASIL, 2007b).
ao país na época da conquista ou da colonização ou do estabelecimento das atuais fronteiras
estatais e que, seja qual for sua situação jurídica, conservam todas as suas próprias instituições Você consegue refletir sobre porque esses povos estão em INSAN?
sociais, econômicas, culturais e políticas, ou parte delas” (BRASIL, 2004).
Para isso precisamos lembrar-nos dos conceitos falados no primeiro módulo, principalmente sobre
De 1500 até 1970 a população indígena diminuiu drasticamente e muitos povos foram Soberania Alimentar, ou seja, acesso à terra e produção de alimentos.
extintos. Em 2010 um censo revelou que a população brasileira somava 190.755.799 milhões,
e que somente 0,28%, equivalente a 900 mil pessoas, eram indígenas. Apontou ainda, que eles As comunidades quilombolas saíram da invisibilidade social 100 anos após a abolição da escravatura, com
estão em todos os estados brasileiros somando um total de 305 etnias e 274 línguas indígenas o reconhecimento legal pela constituição de 1988, que determinou o dever do Estado em emitir títulos
diferentes, e que há uma parte desse povo não fala a língua portuguesa (IBGE, 2012). de propriedade de terra (CUNHA et al., 2017). Atualmente a responsabilidade de realizar a delimitação
das terras, demarcações e titulações das comunidades quilombolas é o INCRA (Instituto Nacional de
A palavra quilombo tem origem do termo kilombo, do bantu, que significa acampamento Colonização e Reforma Agrária) (INCRA, 2016).
guerreiro na floresta. Na época da escravidão, o quilombo era o local no qual os escravos
fugitivos se escondiam, ou também terras fruto de doações dos seus senhores (CUNHA et al., Em relação aos indígenas, segundo a Constituição Federal, são povos que detêm o direito originário e o
2017). usufruto exclusivo sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Entretanto, para tal precisam passar por
processos de regularização das terras, que acontecem por meio de estudos sobre a comunidade, os quais
Segundo o decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamenta o procedimento são enviados para aprovação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), e posteriormente analisados pelo
para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas Ministério da Justiça (BRASIL, 2018).
por remanescentes das comunidades dos quilombos, em seu Art. 2º, define os quilombolas,
também chamados de descendentes ou remanescentes de quilombos, como “grupos étnico- A demarcação de terras é importante para esses povos, pois sua alimentação é baseada na agricultura de
raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de subsistência, além da caça e da pesca especialmente para os indígenas. Esse modelo de agricultura tem
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a como objetivo a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da
resistência à opressão histórica sofrida” (BRASIL, 2003). comunidade em que estão inseridos (CORDEIRO, 2013).
Além da falta de terras, as comunidades indígenas enfrentam grandes problemas, como invasões e
Mas por que essas duas comunidades merecem um atendimento diferenciado no PNAE? degradações do seu território, exploração sexual, aliciamento e uso de drogas, exploração de trabalho
(inclusive infantil) e a saída de seus territórios para grande concentração de indígenas nas cidades, onde
Vários estudos têm mostrado que devido a fatores históricos, políticos e sociais, os pertencentes as essas permanecem muitas vezes sem moradia, sem trabalho e convivendo com a discriminação diariamente
comunidades encontram-se em Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN). Esse termo é utilizado para (BRASIL, 2018). Esses fatores também influenciam na saúde dessas pessoas, que apresentam altas
apontar a situação em que pessoas estão incapacitadas de adquirir e ter acesso a alimentos de qualidade prevalências de desnutrição e mortalidade infantil entre crianças menores de cinco anos (SILVIA et al.,
e em quantidade suficiente com seus próprios recursos, tendo assim seu DHAA violado (RAS, 2012). 2014).
Em 2014, mais da metade das crianças indígenas Guaranis menores de cinco anos residentes do sudeste Da mesma forma, os quilombolas enfrentam grandes desigualdades sociais, sendo que a maioria das
brasileiro, estavam com baixa estatura, e apresentaram índices elevados de anemia, indicando desnutrição. famílias está em situação de extrema pobreza, tratando-se de um segmento da população brasileira
Este valor é quatro vezes maior em relação às crianças não indígenas no Brasil (BARRETO et al, 2014). marcado por condições precárias de alimentação e nutrição, onde predominam prevalências moderadas
Outro estudo com várias comunidades indígenas brasileiras demonstrou que a prevalência de anemia nas a elevadas de deficiências nutricionais entre as crianças (BRASIL, 2007a).
crianças indígenas menores de 5 anos era o dobro em relação às não indígenas (LEITE et.al, 2013).
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
Como o PNAE contribui para a garantia do DHAA nas comunidades tradicionais indígenas e Como se inicia o processo de solicitação de alimentação especial?
remanescentes de quilombos?
A identificação de sinais e sintomas de NAEs pode acontecer
O recurso financeiro para efetivar o PNAE em escolas que atendem estudantes quilombolas e indígenas no ambiente escolar, no âmbito familiar ou no serviço de
é diferenciado, apresentando o dobro estipulado para os demais estudantes de Ensino Fundamental e saúde. No entanto para que o escolar receba alimentação • Identificação da unidade de
saúde/clínica e telefone de
Médio. diferenciada é preciso um atestado médico. Esse laudo
contato;
precisa conter as seguintes informações: • Telefone de contato da
Além disso, o cardápio oferecido nas escolas em áreas de comunidades indígenas e quilombolas devem Os responsáveis pelo estudante devem levar esse atestado instituição e/ou do prescritor;
• Nome do paciente;
alcançar: até a escola e solicitar uma alimentação diferenciada. • Data de nascimento;
• Diagnóstico;
• No mínimo 70% das necessidades nutricionais, distribuídas em, no mínimo, três refeições, para Como a escola deve proceder ao receber esse atestado? • Prescrição/orientação
nutricional;
as creches em período integral, inclusive as localizadas em comunidades indígenas ou áreas
• Duração do tratamento;
remanescentes de quilombos; O diretor da escola deverá encaminhar o atestado para a • Data;
• No mínimo 30% das necessidades nutricionais diárias, por refeição ofertada, para os alunos nutricionista responsável pelo PNAE no município, estado • Assinatura e carimbo.
matriculados nas escolas localizadas em comunidades indígenas ou em áreas remanescentes de ou Distrito Federal. Ela, por sua vez, irá elaborar um cardápio
quilombos, exceto creches; diferenciado para esse escolar e incluirá na lista de compras
os alimentos necessários para suprir a demanda. Se essa notificação chegar ao nutricionista antes do
Vale lembrar que a legislação que orienta o PNAE prevê, em diversos dispositivos, o respeito às práticas
processo licitatório de compras, o mesmo só fará a inclusão dos produtos. No entanto se a solicitação
alimentares regionais, bem como as especificidades culturais de povos e comunidades tradicionais.
chegar no decorrer do ano, o mesmo poderá realizar uma compra por meio da aquisição emergencial
Na Resolução nº 26/2013, em seu Artigo 2º, a diretriz I da alimentação escolar, propõe “o emprego da
com dispensa de licitação, justificando a necessidade.
alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem
a cultura, tradições e hábitos alimentares saudáveis”. Mais adiante, propõe que os cardápios conciliem,
Muitas são as variáveis que o nutricionista precisará levar em conta nesse planejamento, como:
entre outros aspectos, “as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura e a tradição
alimentar da localidade”. Esses cardápios devem ser elaborados pelo nutricionista responsável pela
• número de alunos com determinada necessidade,
execução do PNAE e considerar as necessidades nutricionais específicas (BRASIL, 2013a). Para que isso
• tempo de tratamento,
seja feito é preciso conhecer profundamente os hábitos alimentares da população e disponibilizar os
• faixa etária,
recursos necessários para a oferta de alimentos.
• risco de contaminação,
• alimentos específicos,
Atendimento as Necessidades Alimentares Especiais • tempo e necessidade de preparo,
• preços e disponibilidade de alimentos a nível local, entre outras.
Mais alguém recebe alimentação diferenciada no PNAE?
Claro! Precisamos lembrar que a dimensão “adequação” do DHAA contempla tanto a aspecto cultural, No caso de comorbidades como DM, HAS e hipercolesterolemia, cujo tratamento baseia-se na redução
quanto o nutricional, ou seja, também receberão alimentação diferenciada os estudantes que necessitarem de alimentos ricos em açúcares, sal e gordura hidrogenada, e na maior inclusão de fibras, frutas, verduras
de uma alimentação especial. e legumes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2005), pode ser feito uma revisão do cardápio de
toda a unidade escolar, objetivando assim, não apenas tratar, como também prevenir e promover a saúde
Mas quem são esses estudantes? de todos os estudantes (BRASIL, 2017). Inclusive, essa pode ser até uma justificativa para que as esferas
Segundo a Lei nº 12.982, de 28 de maio de 2014, deverá ser elaborado um cardápio especial para os governamentais invistam uma maior contrapartida na alimentação escolar.
estudantes que necessitem de atenção nutricional individualizada em virtude de estado ou de condição
de saúde específica. São exemplos dessas Necessidades Alimentares Especiais (NAEs):
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
Quando pensamos em AA e DC, muitos outros cuidados precisam ser considerados, já que a oferta de
um alimento alergênico e/ou com glúten a um estudante que não pode comer pode gerar sérios danos à
saúde. Nesses casos é preciso avaliar as possibilidades. O melhor seria que toda a unidade escolar recebesse
a mesma alimentação, ou seja, se um não pode comer glúten nenhuma preparação com glúten deveria
ser feita, a fim de evitar a contaminação e favorecer a inclusão. Sabemos que nem sempre isso é possível, Para falar sobre eles nos baseamos na publicação “Legislação sobre Agricultura Familiar” estruturada
tanto por questões financeiras como pela necessidade de educação permanente, especialmente para pela Câmera dos Deputados em 2016. Se você quiser se aprofundar ainda mais nessa temática nós o
quem prepara as refeições. Nessas situações, deverão ser adquiridos alimentos especiais, de preferência recomendamos como material de estudo. Clique aqui
em embalagens individuais, a serem oferecidos somente aos escolares com NAE. Junto a isso é preciso
orientação aos manipuladores de alimentos sobre os cuidados e os riscos na hora da distribuição, bem
como que os professores trabalhem as diferenças e a inclusão desse escolar que está recebendo uma
Para começar, precisamos entender o que é agricultura familiar. Segundo a Organização das Nações Unidas
alimentação diferenciada (BRASIL, 2017).
para a Alimentação e Agricultura (FAO), agricultura familiar é “um meio de organização das produções
agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e
Como são muitos detalhes e possibilidades, surgiu dentro do FNDE à necessidade de estruturar um Caderno
predominantemente dependente de mão de obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens” (FAO,
de Referência sobre a Alimentação Escolar para estudantes com Necessidades Alimentares Especiais. Para
2014).
ser um material completo e com rápida aplicação prática, o Caderno foi elaborado de maneira coletiva.
No Brasil, estima-se que essa forma de organização já existia antes mesmo da chegada dos portugueses,
O mesmo apresenta sugestões de como pode ocorrer a Implantação do Atendimento Diferenciado,
uma vez que a agricultura praticada pelos indígenas se baseia na família e na distribuição de tarefas entre
dando um passo a passo, desde o fluxo de identificação até a distribuição dos alimentos. Na sequência
homens e mulheres.
ele apresentada cinco capítulos, um para cada necessidade alimentar especial, com a seguinte estrutura:
a) Síntese das recomendações, b) considerações iniciais, c) recomendações gerais, d) cardápio especial, e)
Do período colonial até a década de 1960 houve diversos formatos de produção agrícola, que apesar
substituição do alimento, f ) alimentos industrializados e seus rótulos, g) preparo e distribuição, e h) para
de se adaptarem as transformações socioeconômicas do país, mantiveram os pequenos produtores as
além do cardápio especial.
margens de grandes latifúndios sem nenhum incentivo governamental. A Revolução Verde, já comentada
na unidade 1, fragilizou ainda mais a situação da agricultura familiar, causando um grande êxodo rural,
Conforme indica o presidente do FNDE na apresentação do caderno, espera-se que o material seja uma
ao considera-la atrasada por utilizar tecnologias rudimentares e servir basicamente para o autoconsumo.
ferramenta para o nutricionista do PNAE no momento do estabelecimento de fluxos de atendimento
e mecanismos de abastecimento e cardápios especiais. Espera-se ainda que o caderno possa apoiar os
Foi somente nos anos 1990 que esse modelo de produção começa a ganhar força, por meio das
gestores nas decisões no âmbito do PNAE, frente ao atendimento desses escolares.
reinvindicações de pequenos agricultores e trabalhadores sem-terra. Em 1995 tivemos o primeiro grande
avanço, com a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ) cujo
objetivo era fortalecer essa modalidade de produção com linhas de financiamento rural adequadas a
cada realidade.
Ficou com vontade de conhecer? Clique aqui e baixe um pra você! Apesar dos avanços alcançados com o Pronaf, somente onze anos mais tarde o Brasil ganha uma legislação
específica para agricultura familiar, a Lei nº 11.326/2006, que definiu, em seu art. 3º “agricultor familiar
aquele que pratica atividades no meio rural e atenda, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I – não
detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II – utilize predominantemente
mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
A importância da agricultura familiar para o PNAE
III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio
estabelecimento ou empreendimento; IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua
Já conhecemos como o programa funciona, suas especificidades em relação a povos e comunidades
família” (BRASIL, 2006).
tradicionais e a necessidades alimentares especiais. Mas ainda não falamos sobre quem produz essa
comida toda, não é mesmo? Vamos focar então nesses atores sociais que merecem todo nosso respeito
e atenção: os agricultores familiares!
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
A principal diferença entre o conceito da ONU e o conceito nacional é que o nosso, considera também 4. O preço dos alimentos requeridos (preço de aquisição) deverá considerar os gastos com embalagem,
o tamanho da propriedade. Mas porque isso é importante? No Brasil temos uma diversidade enorme entrega, e outros relacionados ao que se pretende adquirir. Além disso, o preço de aquisição deverá
no tamanho das propriedades agrícolas, fruto da desigualdade social. Se esse “item” tivesse sido ser formado após pesquisa em três mercados locais (priorizando as feiras de produtores locais).
desconsiderado quem se beneficiaria dos incentivos governamentais seriam os grandes produtores
familiares, que já possuem terra e capital, e os pequenos não conseguiriam melhorar sua produtividade 5. Após fechamento do prazo do edital, haverá separação dos projetos de venda recebidos,
nem participar do PAA, por exemplo. respeitando os critérios de prioridade descritos na Resolução CD/FNDE nº 04/2015 (os projetos de
venda locais terão sempre prioridade sobre os demais).
O que é o PAA?
6. Os agricultores familiares que tiverem seus projetos de venda selecionados assinarão contratos
É o Programa de Aquisição de Alimentos. Ele foi criado em 2003 com o intuito de promover a comercialização com descrição dos produtos, período e local de entrega, entre outras especificidades previstas em
de alimentos, provenientes da produção agrícola familiar, para estoques públicos estratégicos e a doação normativa.
para a população em situação de Insegurança Alimentar e Nutricional. Ou seja, os estados, municípios e
distrito federal, irão comprar da agricultura familiar, a preços justos, e destinarão esses alimentos a pessoas 7. Ao receber os alimentos a EEx deverá assinar um termo de recebimento (preenchido pelos
e locais que necessitem, como associação de moradores, igrejas, escolas, hospitais, bancos de alimentos produtores) contendo a descrição dos alimentos.
e restaurantes populares, todos devidamente cadastrados no programa.
Além dos alimentos comprados com o financiamento do PNAE, a escola pode receber alimentos
E na alimentação escolar, como funciona? provenientes do PAA?
Segundo a Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009, em seu Art. 14. “Do total dos recursos financeiros repassados Ótima pergunta! Pode sim! Exceto no caso de alguma irregularidade, todas as escolas públicas irão receber
pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de financiamento do FNDE. A entidade executora, por sua vez, irá fazer uma complementação financeira
gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas para comprar os alimentos destinados as escolas. Já no caso do PAA, a entidade executora receberá
organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para compra de alimentos da agricultura
comunidades quilombolas” (BRASIL, 2009a). familiar que deverão ser distribuídos para órgãos públicos e/ou entidades cadastradas. Sendo assim, de
acordo com as prioridades de cada município, as escolas podem ou não receber esses alimentos, que
Sabemos que legalmente os agricultores familiares tem direito garantido de comercializar alimentos para entrarão no cardápio como complementação, já que não foram adquiridos com a verba destinada ao
o PNAE. Mas e na prática, como acontece? De forma simplificada, a Entidade Executora (EEx) deve buscar PNAE.
se aproximar dos seguintes passos na aquisição de alimentos da agricultura familiar, empreendedores
familiares rurais, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas: O cultivo e a venda de alimentos são o único jeito dos agricultores familiares participarem do PNAE?
1. O nutricionista Responsável Técnico (RT) deve buscar informações sobre a vocação agrícola da Não! Quando há um bom relacionamento entre os nutricionistas e os agricultores é bastante comum que
região e buscar aproximação com os produtores locais (agricultura familiar, comunidades tradicionais eles estejam inseridos nas ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN). Quando as ações de EAN
indígenas e quilombolas) para elaborar os cardápios com base na oferta e demanda (verificar o que conseguem extrapolar o ambiente e a comunidade escolar elas ganham força e um novo significado.
já é produzido, o que tem potencial de produção local, períodos de disponibilidade dos alimentos) Fortalece os agricultores familiares que podem mostrar seu trabalho, permite aos estudantes conhecerem
alinhando as expectativas do município e dos produtores. todas as etapas da cadeia produtiva e valoriza a alimentação adequada e saudável. É a estratégia perfeita!
Além disso, é importante que eles estejam inseridos dentro dos Conselhos de Alimentação Escolar,
2. Após elaborar os cardápios (em conjunto com representantes dos agricultores familiares) o fortalecendo assim o controle social.
nutricionista RT deverá elaborar a lista de compras de acordo com o que foi verificado na sua realidade
local; Mas o que é controle social?
3. A lista de compras deve ser encaminhada ao setor de compras da secretaria de educação? que A expressão “controle social”, de forma geral, é empregada na perspectiva de participação direta da
deverá escrever um edital optando pela modalidade de compras “chamada pública” utilizando o sociedade sobre as ações do Estado, sendo, portanto, um instrumento e expressão da democracia, além
“preço de aquisição” de cada alimento. Este edital deverá ser amplamente divulgado e deverá ficar de ser a principal estratégia de descentralização e municipalização das ações públicas em benefícios
aberto por no mínimo 20 dias. coletivos (COTTA; CAZAL; RODRIGUES, 2009). Em outras palavras, quando você observa em seu território
de atuação, por exemplo, que estão faltando medicamentos básicos ou que o transporte escolar está com
problemas, e busca alternativa junto aos conselhos, está exercendo o controle social!
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
Mas na prática, de que maneira vem sendo estimulada a efetiva participação social na gestão das
políticas públicas? Membros do CAE
A participação da população vem aumentando desde a formalização dos conselhos gestores de políticas I Um representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado;
públicas, que facilitam a comunicação entre o Governo e a população (COMERLATTO et al., 2007). É
importante destacar que é obrigação do Governo criar, manter e promover espaços para que o exercício Dois representantes das entidades de trabalhadores da educação e de discentes, indicados pelos
do controle social possa acontecer de forma efetiva e democrática. II respectivos órgãos de representação, a serem escolhidos por meio de assembleia específica para tal
fim, registrada em ata.
Dois representantes de pais de alunos matriculados na rede de ensino a qual pertença a Entidade
Na saúde temos os conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde, cuja missão é deliberar, fiscalizar,
III Executora (EEx.), indicados pelos Conselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades
acompanhar e monitorar as políticas públicas desse setor. similares, escolhidos por meio de assembleia específica para tal fim, registrada em ata.
Dois representantes indicados por entidades civis organizadas, escolhidos em assembleia específica
Já no caso da alimentação escolar, o controle social é feito por meio do Conselho de Alimentação Escolar IV para tal fim, registrada em ata.
(CAE) cuja a existência e efetividade é obrigatória para que ocorra o repasse das verbas do Governo
Federal para os estados, o Distrito Federal e os municípios (GABRIEL, et al., 2013).
Cada membro titular do CAE terá um suplente do mesmo segmento representado. Desta maneira, o
CAE é formado por sete membros titulares e sete suplentes que representam diferentes segmentos da
sociedade. Nos Municípios ou Estados com mais de 100 escolas de Ensino Fundamental, a composição
O CAE é um órgão colegiado de caráter fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento
dos membros do CAE poderá ser de até três vezes o número estipulado, obedecida à proporcionalidade
(BRASIL, 2013a).
definida acima. É importante lembrar que os membros terão mandato de quatro anos, podendo ser
reconduzidos de acordo com a indicação dos seus respectivos segmentos.
• Por que o CAE é um órgão colegiado? Porque as ações devem ser tomadas em grupo. Mas o que o CAE deve fazer?
• Por que o CAE tem caráter fiscalizador? Porque a fiscalização das políticas públicas deve ser feita Esta mesma Resolução (FNDE, 26/2013) atualizou as competências do CAE:
majoritariamente por representantes da sociedade civil.
I - monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos e cumprimento do disposto nas diretrizes da
• Por que o CAE tem caráter permanente? Porque suas ações precisam acontecer durante todo o ano de alimentação escolar e do PNAE;
maneira contínua e permanente. II- analisar o Relatório de Acompanhamento da Gestão do PNAE, emitido pela EEx, contido no Sistema
de Gestão de Conselhos - SIGECON Online, antes da elaboração e do envio do parecer conclusivo;
• Por que o CAE tem caráter deliberativo? Porque ele tem a palavra final na aprovação ou reprovação III - analisar a prestação de contas do gestor, conforme os art. 45 e 46, e emitir Parecer Conclusivo
de questões importantes, como, por exemplo, a aplicação de recursos federais destinados ao programa. acerca da execução do Programa no SIGECON Online;
IV - comunicar ao FNDE, aos Tribunais de Contas, à Controladoria - Geral da União, ao Ministério
• Por que o CAE tem caráter de assessoramento? Porque ele fornece informações e relatórios acerca do Público e aos demais órgãos de controle qualquer irregularidade identificada na execução do PNAE,
acompanhamento das ações do PNAE. inclusive em relação ao apoio para funcionamento do CAE, sob pena de responsabilidade solidária
de seus membros;
A Resolução nº 26/2013 estipulou a atual composição do CAE, que passou ser a seguinte: V - forrnecer informações e apresentar relatórios acerca do acompanhamento da execução do PNAE,
sempre que solicitado;
VI - realizar reunião específica para apreciação da prestação de contas com a participação de, no
mínimo, 2/3 (dois terços) dos conselheiros titulares;
VII - elaborar o Regimento Interno, observando o disposto nesta Resolução; e
VIII - elaborar o Plano de Ação do ano em curso e/ou subsequente a fim de acompanhar a execução
do PNAE nas escolas de sua rede de ensino, bem como nas escolas conveniadas e demais estruturas
pertencentes ao Programa, contendo previsão de despesas necessárias para o exercício de suas
atribuições e encaminhá-los à EEx. antes do início do ano letivo.
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
Como você pode perceber, para que o CAE funcione adequadamente é preciso que os membros tenham CONCLUSÃO
disponibilidade de tempo, organização e planejamento. E lembrem-se de sempre documentar suas ações
e deliberações. Em municípios em que há uma relação de parceria entre as nutricionistas do PNAE e o CAE,
os conselhos costumam ser mais ativos e atuantes
Apesar do PNAE ser a política pública de maior longevidade no país na área de segurança alimentar e
nutricional ela é pouco difundida fora do ambiente escolar. É do conhecimento da maioria que a rede
- Você sabe como funciona o PNAE e o CAE no seu município? Além da
pública de ensino oferece alimentação, comumente chamada de merenda. No entanto, se você não atua
organização interna do CAE, para o bom funcionamento do programa é
na educação, talvez essa unidade tenha sido a primeira oportunidade de conhecer a complexidade e
preciso que todos os envolvidos: conselheiros, diretores, nutricionistas,
relevância desse programa.
professores, auxiliares de sala, merendeiras, escolares, pais e responsáveis
de escolares, entre outros, se reconheçam enquanto atores sociais
Por que isso é importante?
conheçam suas atribuições e a dos demais e trabalhem em conjunto, com
muito diálogo e empatia.
Porque como já falado anteriormente a alimentação adequada e saudável é a base para a garantia
dos demais direitos sociais. Quando sabemos quais e como devem funcionar as políticas públicas que
garantem o DHAA nos tornamos capazes de lutar pela manutenção e pelo bom funcionamento das
mesmas.
Lembre-se: qualquer pessoa pode acompanhar o funcionamento do PNAE. Você pode acessar aos O que isso tem a ver com a saúde?
documentos e fazer consultas no site do FNDE (www.fnde.gov.br). Lá você também encontra a
“Cartilha Nacional de Alimentação Escolar”, material especialmente elaborado para orientar sobre o Tudo! Quando olhamos para o PNAE sob a ótica da promoção a saúde percebemos que ele atua em
papel do CAE. várias frentes. Pois oferece alimentação adequada e saudável a todos os estudantes, promove escolhas
voluntárias e hábitos alimentares saudáveis por meio da educação alimentar e nutricional, incentiva
o consumo de alimentos orgânicos e a manutenção dos agricultores familiares no campo e respeita a
diversidade cultural e as tradições regionais.
Apesar do PNAE não ter uma interligação direta com o Sistema Único de Saúde, a intersetorialidade pode
e deve acontecer. Não podemos esquecer que o público é o mesmo! A criança, adolescente, jovem ou
adulto que está na escola frequenta o serviço de saúde e está inserido, portanto, na linha de cuidado
integral e longitudinal da Atenção Primária a Saúde (APS). Veremos mais claramente as possibilidades de
ações intersetoriais no decorrer desse módulo.
Na próxima unidade de aprendizagem falaremos de mais uma importante estratégia brasileira para
garantia do DHAA, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição! Vamos lá?
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Módulo 1 - Unidade 3 Módulo 1 - Unidade 3
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Módulo 1 - Unidade 3
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Módulo 1- Unidade 4
Política Nacional de Alimentação e organização da sociedade civil no combate a fome, seguida por pesquisas nacionais governamentais que
levaram a criação do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) e a implementação do Plano
Nutrição (PNAN) de Combate a Fome e a Miséria em 1993, o qual resgatava a complexidade e o caráter social da fome
(BARROS; TARTAGLIA, 2003).
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: Em 1995, porém, já em seu primeiro mês de mandato o Presidente Fernando Henrique Cardoso, extinguiu o
Apresentar o propósito, princípios e diretrizes da PNAN. CONSEA e criou o Conselho Consultivo do Comunidade Solidária. O Programa Comunidade Solidária tinha
como intuito melhorar as condições de vida da população mais pobre baseado na descentralização, na
Esta unidade de aprendizagem foi baseada na segunda edição da Política Nacional de Alimentação e parceria entre governo e sociedade civil e da solidariedade (SILVA, 2006). Ou seja, nesse momento, o dever
Nutrição, publicada pelo Ministério da Saúde em 2012. Se você quiser ler ela na íntegra acesse e baixe a de garantir o Direito Humano a Alimentação Adequada deixa de ser responsabilidade do Estado e passa a
sua! Clique Aqui contar também com o espirito solidário dos brasileiros mais favorecidos. Alguns programas continuaram
a receber financiamento, como o caso do PNAE e do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) e
Na unidade anterior compreendemos a dimensão e a importância do PNAE para a garantia do DHAA outros ficaram ainda mais fragilizados com a fragmentação de responsabilidade governamental.
no ambiente escolar. Conhecemos também um importante ator social que deu luz a fome existente no
Brasil na década de 1940 e que lutou para mudar essa realidade. Você lembra quem é? Ele mesmo! Josué Em 1999, fomentada pelos acontecimentos supracitados e pela necessidade da criação de uma política
de Castro! Mas por que falar nele novamente? Pois foi a partir do lançamento de sua obra “Geografia da de alimentação efetiva no campo da saúde surge a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN).
Fome”, que se iniciaram uma série de ações governamentais que colocaram a fome como pauta política. Ela está sob responsabilidade do Ministério da Saúde, amparada pela Portaria nº 710, de 10 de junho de
Por consequência a insegurança alimentar e nutricional passou a ser um problema social que necessitava 1999, e orienta-se pelos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
de estratégias para transformá-la, ou seja, foram necessárias a criação de leis, políticas e programas para
garantir que alimentação se tornasse direito. Mas qual a ligação entre a PNAN e o SUS?
Tudo começou com os inquéritos alimentares realizados na década de 1930, os quais subsidiaram os Como já comentamos nas unidades anteriores, a partir da Constituição Federal de 1988 a alimentação
critérios relacionados às necessidades dos trabalhadores quanto à alimentação, habitação, vestiário, passa a ser considerada um fator condicionante e determinante da saúde, por isso as ações de alimentação
higiene e transporte. No final dessa década institui-se a obrigatoriedade de empresas de grande porte e nutrição devem estar atreladas as ações de saúde. A necessidade dessa junção se fortalece quando o
oferecerem alimentação aos seus colaboradores. Também houve o controle de preços de produtos Estado propõe uma nova abordagem para o combate à fome e à promoção da alimentação adequada e
alimentícios e foi criada a Comissão de Abastecimento visando a formação de estoques reguladores. saudável criando em 2006 a Lei 11.346/2006 – Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
Outras estratégias foram: a implantação de restaurantes populares, a criação de incentivos à produção (BRASIL, 2006a) e o Decreto 7272/2010 - Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
agrícola e instituição do salário mínimo (SARTI; TORRES, 2017). (BRASIL, 2010b). Ambos fortalecem a necessidade das ações de alimentação e nutrição no SUS. Outras
políticas que também merecem destaque nesse processo são: a Política Nacional de Promoção da Saúde
Em 1940 foi criado o SAPS - Serviço de Alimentação da Previdência Social, cujo objetivo era a promoção de 2006; e a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) de 2011, que reafirmam as diretrizes e princípios
de padrões adequados para a alimentação da população. Dentre suas principais atribuições estavam: da PNAN.
• O fornecimento de alimentação a trabalhadores e estudantes; Também é preciso ressaltar a importância econômica das ações de promoção da alimentação adequada e
• A formação de pessoal técnico especializado; saudável no SUS. Pois, tendo em vista que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são a principal
• Apoio as pesquisas no campo da alimentação. causa de morte entre os adultos no Brasil, promover saúde em todas as faixas etárias significa reduzir
gastos com medicamentos e internações a médio e longo prazo.
Em 1967 esse serviço é extinto e alguns anos mais tarde, em 1972, é criado o Instituto Nacional de
Alimentação e Nutrição – INAN. Esse, por sua vez, era uma autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, Atualizada em 2011, pela Portaria nº 2.715, de 17 de novembro de 2011, a nova edição da PNAN surge
cujas atribuições eram bem parecidas com as do SAPS, porém com a missão de propor, fiscalizar e como uma resposta a mudança do perfil epidemiológico da população brasileira, e para dar conta dos
avaliar o Programa Nacional de Alimentação e Nutrição – PRONAN. O programa teve início em 1973 e novos desafios da alimentação e nutrição no âmbito do SUS.
integrou várias ações governamentais que vinham sendo executadas em diferentes áreas como a saúde,
a educação e trabalho, dando-lhes recursos necessários para seu pleno desenvolvimento. Ao final da
década de 80, porém, as ações foram sendo técnico e financeiramente esvaziadas, até o desmonte total
das principais políticas de combate a fome no Governo Collor. Os anos noventa foram marcados pela
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Além do propósito e dos princípios, a atualização da PNAN traz nove diretrizes que indicam linhas de ação
capazes de modificar os determinantes sociais e promover a saúde da população. São elas: NA PRÁTICA
NA PRÁTICA 4. Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição: a PNAN articula-se também, ao Sistema de Segurança
Alimentar e Nutricional (SISAN), estabelecendo uma rede integrada de cuidados que busca a efetivação
dos direitos básicos à alimentação e saúde ao consolidar os princípios do Direito Humano à Alimentação
A organização da atenção nutricional no contexto da Atenção Primária acontece quando as equipes Adequada, da Segurança Alimentar e Nutricional, da Soberania Alimentar, além do acesso universal e
de referência recebem apoio e instrumentalização dos nutricionistas inseridos nos Núcleos de Apoio a equitativo ao sistema de saúde. Esse item fala sobre a transversalidade da PNAN e a necessidade de
Saúde da Família (NASF) para realização de ações na área de alimentação e nutrição. avaliação e acompanhamento da mesma.
NA PRÁTICA
2. Promoção da Alimentação Adequada e Saudável: a alimentação adequada e saudável no contexto
da PNAN é compreendida como uma alimentação apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos
Na Atenção Primária essa diretriz reflete na aquisição e distribuição de insumos para prevenção e
indivíduos e da coletividade, bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Esse item traz estratégias
tratamento das carências nutricionais específicas, na compra de materiais e equipamentos para
para a promoção da alimentação saudável e adequada e enfatiza a importância da intersetorialidade para
realização das ações de vigilância alimentar e na garantia de educação permanente e processo adequado
a efetividade das ações.
de trabalho para organização da atenção nutricional.
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5. Participação e Controle Social: A participação social deve estar presente nos processos cotidianos 8. Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição: o desenvolvimento do
do SUS, sendo transversal ao conjunto de seus princípios e diretrizes. Essa linha de ação descreve os conhecimento e o apoio à pesquisa, à inovação e à tecnologia, no campo da alimentação e nutrição em
principais espaços de controle social da PNAN, como: o Conselho Nacional de Saúde - CNS e o Conselho saúde coletiva, possibilitam a geração de evidências e instrumentos necessários para implementação da
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA. PNAN. Essa diretriz enfatiza a necessidade de financiamento para o desenvolvimento dessas ações.
NA PRÁTICA NA PRÁTICA
6. Qualificação da Força de Trabalho: A Educação Permanente em saúde revela-se a principal 9. Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional: A garantia de SAN para a
estratégia para qualificar as práticas de cuidado, gestão e participação popular. Essa diretriz ressalta a população, não depende exclusivamente do setor saúde, mas este tem papel essencial no processo de
necessidade de qualificação profissional para atuar no SUS, desde a graduação e pós-graduação até a articulação Intersetorial. Essa linha de ação ressalta a importância da intersetorialidade e elenca ações
educação constante e permanente dos profissionais já inseridos na rede. Fala também sobre a importância que dependem dessa articulação.
dos Centros Colaboradores de Alimentação e Nutrição (CECAN) nesse processo.
NA PRÁTICA
NA PRÁTICA
A Atenção Primária, enquanto coordenadora das ações de cuidado, desenvolve diversas ações
No contexto da Atenção Primária trata-se da importância da educação permanente como forma de intersetoriais com objetivo de modificar os determinantes sociais e consequentemente garantem a
qualificar a prática do cuidado. Este curso a distância enquadra-se nessa diretriz. DHAA. Um exemplo dessa articulação é o Programa Saúde na Escola, o qual será mais detalhado na
próxima unidade de aprendizagem.
7. Controle e Regulação dos Alimentos: A PNAN e o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS
se convergem na finalidade de promover e proteger a saúde da população na perspectiva do direito
humano à alimentação, por meio da normatização e do controle sanitário da produção, comercialização
- E de quem é a responsabilidade pelo cumprimento,
e distribuição de alimentos. Esse item aponta a necessidade de um maior controle em todos os pontos
coordenação e avaliação da Política Nacional de
cadeia produtiva, bem como ações de monitoramento da publicidade e propaganda de alimentos.
Alimentação e Nutrição?
NA PRÁTICA
Em consonância com os princípios do SUS, os gestores de saúde nas três esferas - Ministério da Saúde,
Apesar desse controle e regulação ficarem mais sob responsabilidade da vigilância sanitária, na Atenção Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde - devem atuar de forma articulada viabilizando alcançar o
Primária é possível identificar e incentivar práticas promotoras de saúde com vistas a garantia do DHAA, propósito da PNAN.
como por exemplo: as hortas familiares, comunitárias e escolares.
61 62
Módulo 1- Unidade 4
Ao final dessa unidade compreendemos o longo e batalhado processo de implantação de uma política
nacional de alimentação e nutrição que perdure mesmo com as mudanças políticas do país. Hoje podemos
dizer que a PNAN está legalmente bem embasada e articulada a diversas outras políticas promotoras de
saúde e de SAN. No entanto, para que ela realmente promova e garanta o DHAA precisamos da ajuda de
cada um de vocês! Precisamos tirar a intersetorialidade dos documentos e coloca-la em prática, mesmo
que seja inicialmente com pequenas ações.
No próximo módulo falaremos sobre o Programa Saúde na Escola, que articula os dois grandes setores
vistos nas unidades do PNAE e PNAN, a educação e a saúde. Vamos lá?
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde;
Unidade 5
2012.
Programa Saúde na Escola (PSE)
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PNAN- Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Disponível em:
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnan.php>. Acesso em: 22 maio 2018.
BARROS, M. S. C.; TARTAGLIA, J. C. A política de alimentação e nutrição do Brasil: breve histórico, avaliação
e perspectivas. Alimentação e Nutrição. Araraquara, v. 14, n. 1, p. 109-121, 2003. Disponível em: <https://
www.researchgate.net/publication/49600105_A_POLITICA_DE_ALIMENTACAO_E_NUTRICAO_NO_
BRASIL_BREVE_HISTORICO_AVALIACAO_E_PERSPECTIVAS>. Acesso em 17 abr. 2013.
SARTI, Flavia Mori; TORRES, Elizabeth Silva. Nutrição e Saúde Pública: Produção e Consumo de Alimentos.
São Paulo: Manole, 2017. 324 p.
SILVA, Robson Roberto da, Principais políticas de combate à fome implementadas no Brasil. Textos &
Contextos (Porto Alegre) [en linea] 2006, 5 (Noviembre-Sin mes) : [Fecha de consulta: 21 de junio de 2018]
Disponible en:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321527158003> ISSN
63 64
Módulo 1 - Unidade 5
Programa Saúde na Escola (PSE) Quadro 1. Principais mudanças no PSE propostas pela Portaria nº 1.055, de 25 de abril de 2017.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: Incentivo federal mínimo de R$ 3.000,00 para envolver Incentivo federal mínimo de R$ 5.676,00 para envolver
Apresentar os objetivos, diretrizes e ações do Programa Saúde na Escola (PSE), e seu papel na garantia da até 599 estudantes até 600 estudantes
promoção da saúde.
Repasse feito em duas parcelas: 20% na adesão e 80%
Repasse único do recurso
Nas últimas duas unidades, compreendemos como o Estado provê e promove o DHAA no contexto da ao final
educação e da saúde por meio do PNAE e da PNAN. A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é a chave
Adesão com duração de 2 anos, com monitoramento
para o desenvolvimento de ações promotoras de saúde nesse contexto. Vamos ver? Ciclo de adesão com duração de 1 ano
das ações
No âmbito escolar, a EAN é uma importante ferramenta para a formação de hábitos alimentares saudáveis Adesão por nível de ensino (Fundamental I, ensino Adesão implica atuar com todos os estudantes da
de crianças e adolescentes e as ações devem envolver diferentes atores da comunidade escolar. Já na médio), sem envolver todos os estudantes da escola escola
saúde, as ações de EAN estão mais voltadas para as outras fases da vida, como adultos, idosos, gestantes,
puérperas e bebês. As mesmas devem envolver outros profissionais, além do nutricionista, e seguir a linha Ações divididas por blocos (promoção e saúde), com Conjunto de 12 ações que poderão ser desenvolvidas
horizontal de cuidado preconizada na Atenção Primária a Saúde (APS). pouca flexibilidade para planejamento local conforme o planejamento e realidade local
Mas já que ambas as áreas promovem saúde, elas não poderiam trabalhar juntas? Não só podem Dois sistemas para registro das ações: SISAB (MS) e
como devem! E é aí que entra o tema dessa unidade: O Programa Saúde na Escola (PSE). Registro unificado no SISAB
Sistema de Informação no SIMEC (MEC)
O PSE foi criado por meio do decreto presidencial nº 6.286/2007, com o objetivo principal de contribuir
FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Novo programa saúde na escola. Disponível em: http://portalarquivos.saude.
para a formação integral dos estudantes, com ações e projetos que articulem saúde e educação, visando
gov.br/images/pdf/2017/abril/25/25-04-17-Coletiva-Programa-Saude-na-Escola.pdf
o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o amplo desenvolvimento das crianças,
adolescentes e jovens do âmbito escolar (BRASIL, 2007). O art. 2º da nova portaria apresenta os sete principais objetivos do PSE:
antiguidade grega. No final do século XX, a ampliação dos conceitos teóricos de saúde e educação fez
com que as práticas de saúde na escola ganhassem novos desenhos. Em 1954, a Comissão de Especialistas III Contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos;
em Educação em Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentou uma abordagem inicial do
conceito de Escola Promotora de Saúde (EPS). Essa proposta visou estimular atividades intersetoriais com Contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos
participação comunitária, a partir da identificação das necessidades locais e linhas de enfrentamento,
IV direitos humanos;
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
De acordo com o artigo 4º da portaria, as diretrizes para a implementação do PSE são (BRASIL, 2017a): Todas as escolas podem ser cadastradas no PSE, entretanto as escolas prioritárias devem obrigatoriamente
ser incluídas na pactuação. Quais são as escolas consideradas prioritárias? Todas as creches públicas
I. descentralização e respeito à autonomia federativa; e conveniadas do município; todas as escolas do campo; as escolas com estudantes em medida
II. integração e articulação das redes públicas de ensino e de saúde; socioeducativas, no último ano; e as escolas que tenham, pelo menos, 50% dos estudantes matriculados
III. territorialidade; pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.
IV. interdisciplinaridade e intersetorialidade;
V. integralidade; A partir de 2017, todas as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) puderam ser incluídas no PSE,
VI. cuidado ao longo do tempo; assim como Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF) que desejarem participar.
VII. controle social; e
VIII. monitoramento e avaliação permanentes Em relação às ações, a nova portaria também informa que o repasse dos recursos está atrelado ao
cumprimento de 12 ações prioritárias, propostas pelos Ministérios da Saúde e da Educação, sendo elas
Conhecendo esses objetivos e diretrizes, fica claro que o programa propõe não apenas a integração da (BRASIL,2017):
saúde com a educação, como também o fortalecimento dessas áreas, visando melhorar o cuidado e
fortalecer o controle social. II. Promoção das IV. Promoção da
I. Ações de combate III. Prevenção ao uso
práticas corporais, da de álcool, tabaco, cultura de paz,
ao mosquito Aedes
atividade física e do crack e outras drogas cidadania e direitos
Mas na prática, como funciona o PSE? aegypti lazer nas escolas humanos
Apesar da dimensão e da complexidade desse programa, é importante que todos os atores compreendam
VI. Identificação de VII. Promoção e
o processo do início ao fim, por isso vamos simplificar! Podemos resumi-lo em duas etapas: adesão e o V. Prevenção das educandos com possíveis VIII. Verificação e
avaliação de saúde
ciclo do PSE. violências e dos sinais de agravos de atualização da
bucal e aplicação situação vacinal
acidentes doenças em eliminação
tópica de flúor
IX. Promoção da X. Promoção da saúde XI. Direito sexual e XII. Promoção da saúde
alimentação saudável auditiva e identificação de reprodutivo e ocular e identificação de
e prevenção da educandos com possíveis prevenção de educandos com possíveis
Para explicar esse processo nos baseamos nos documentos abaixo. Acesse você também: obesidade infantil sinais de alteração DST/AIDS sinais de alteração
A adesão consiste na pactuação entre os secretários municipais da saúde e da educação com os Após a adesão junto aos ministérios, o município deve realizar o planejamento intersetorial do programa,
Ministérios responsáveis pelo programa. Cada município deverá criar um Grupo de Trabalho Intersetorial ou seja, definir as ações que serão realizadas em cada unidade escolar. Nesse momento, representantes
Municipal (GTI-M) do PSE, composto por profissionais de ambas as áreas, com o intuito de implementar e das equipes de saúde da atenção básica e das escolas, estudantes e pessoas da comunidade, com o apoio
acompanhar a execução do programa ao nível local. Essa pactuação será feita pelos gestores municipais do GTI-M, devem se reunir e elaborar estratégias.
através da plataforma “e-Gestor”. Nesse processo já serão delimitadas as escolas, as equipes de saúde e as
ações que deverão ser realizadas durante o primeiro ano de ciclo do PSE no município. O planejamento das ações do PSE deve contemplar: o contexto escolar e social e o diagnóstico local em
saúde do escolar, considerando indicadores como: evasão escolar, violência (dentro e fora da escola),
motivos da baixa frequência, se a escola é prioritária na adesão ao PSE, as doenças prevalentes, entre
outros.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
Outro ponto importante a ser considerado é a definição de territórios. No PSE, os Territórios são definidos 5. Promoção da Cultura de Paz, Cidadania e Direitos Humanos – ações no sentido de gerar as
segundo a área de abrangência da ESF, tornando possível o exercício de criação de núcleos e ligações transformações necessárias para que a paz seja o norteador de todas as relações humanas e sociais, no
entre os equipamentos públicos da saúde e da educação (escolas, centros de saúde, áreas de lazer como sentido de promover a convivência com a diferença e o respeito. Desenvolver a Cultura de Paz supõe
praças e ginásios esportivos). trabalhar de forma integrada no intuito das grandes mudanças desejadas pela maioria da humanidade –
justiça social, igualdade entre os sexos, eliminação do racismo, tolerância religiosa, respeito às minorias,
Definido as ações que serão realizadas em cada escola, é preciso elaborar metodologias de educação em educação e saúde integral, equilíbrio ecológico e liberdade política.
saúde, que condizem com a realidade local e que ao mesmo tempo promovam o empoderamento dos
estudantes, contribuindo assim para formação integral de jovens e adultos conscientes e politizados. 6. Promoção das práticas Corporais, da Atividade Física e do lazer nas escolas – as ações configuram-
se como grande oportunidade para potencializar aspectos clássicos da dinâmica escolar, como o recreio,
Todas as atividades realizadas no âmbito do PSE precisam ser devidamente registradas, nas fichas de as datas comemorativas e os temas transversais. Combina com o dia da árvore, dia mundial da saúde, do
atividade coletiva da Atenção Primária a Saúde, e depois inseridas no sistema online “e-SUS AB/SISAB”. É estudante, prevenção de violências, alimentação saudável, prevenção da obesidade, mobilidade, cultura
por meio desse sistema que as ações desenvolvidas no município poderão ser monitoradas pelo Ministério da paz, prevenção de uso de álcool, crack e outras drogas e outras ações ou temas que os profissionais da
da Saúde, que por sua vez efetivará o repasse de recursos financeiros. escola e da saúde planejam para o PSE.
O Documento Orientador “Indicadores e Padrões de Avaliação – PSE Ciclo 2017/2018”, traz as seguintes 7. Prevenção das violências e dos acidentes - atividades de convivência e mediação de conflitos com
estratégias para o desenvolvimento de cada uma das 12 ações prioritárias: metodologia participativa (rodas de conversa, teatro, dinâmicas, narrativas – contadores de histórias
e outras), com o envolvimento de todos os atores da comunidade escolar. Além disso, deve-se criar
1. Ações de combate ao mosquito Aedes aegypti – ações de identificação e eliminação dos focos do oportunidades de esporte, lazer e cultura para envolvimento das crianças e adolescentes com sua
mosquito Aedes aegypti, associadas a atividades de educação em saúde ambiental para a promoção comunidade e sua energia criativa.
de ambientes saudáveis. Podem ser atividades dialógicas desenvolvidas para incentivar a adoção e o
compartilhamento de práticas sanitárias e sociais de preservação e consumo consciente de recursos 8. Identificação de estudantes com possíveis sinais de agravos de doenças em eliminação - as
naturais, assim como os cuidados necessários à prevenção de riscos e danos ambientais e à saúde. ações de educação em saúde voltadas para esse grupo de doenças nas escolas devem estar associadas
à discussão sobre as questões ambientais, que pode ajudar a fortalecer a formação da consciência das
2. Promoção da segurança alimentar e nutricional e da alimentação saudável e combate à obesidade crianças sobre temas relacionados à qualidade da água, saneamento, moradia, o direito aos serviços
infantil – ações que abarcam estratégias de promoção da alimentação adequada e saudável, estímulo à públicos, exercício da cidadania, preconceito e discriminação no caso da hanseníase, transcendendo a
realização de práticas corporais e atividade física e mudança de comportamento. As ações devem buscar, questão da doença.
também, instituir mecanismos de orientação dos pais e/ou responsáveis sobre o controle da alimentação
escolar, avaliação dos alimentos oferecidos na cantina e os lanches preparados em casa e levados à escola, 9. Promoção e Avaliação de Saúde bucal e aplicação tópica de flúor - as ações devem ser realizadas
ampliação da promoção de atividades físicas programadas junto aos estudantes, envolvimento ativo de forma contínua e estimulando a autonomia e as práticas de autocuidado pelos escolares. Para o PSE,
da família junto à escola, construção de hortas escolares para apoiar as ações de educação alimentar e recomenda-se a realização das seguintes ações a nível individual e/ou coletivo: educação em saúde,
nutricional e reforçar a presença de alimentos saudáveis na alimentação escolar. escovação dental supervisionada, e aplicação tópica de flúor.
3. Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/AIDS – ações no sentido de construir espaços de 10. Verificação da situação vacinal - as ações de prevenção podem, por exemplo, começar a partir da
diálogo entre adolescentes, jovens, professores, profissionais de saúde e comunidade, afim de que possam análise de informações sobre a ocorrência de doenças no território e que podem ser prevenidas com
ir além da dimensão cognitiva, levando em conta aspectos subjetivos, questões relativas às identidades e vacinas. A parceria saúde e escola deve ter como resultado um menor número de ocorrência de casos
às práticas afetivas e sexuais no contexto das relações humanas, da cultura e dos direitos humanos. de doenças imunopreveníveis, ou seja, doenças que podem ser prevenidas por vacinas, melhorando a
adesão dos estudantes e famílias para as vacinas disponibilizadas pelo SUS.
4. Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas – ações propostas na perspectiva de
abordar os riscos e danos do uso de drogas numa perspectiva do fortalecimento dos vínculos e afetos 11. Promoção da saúde auditiva e identificação de estudantes com possíveis sinais de alteração
para favorecer escolhas de vida saudáveis e melhoria das relações entre os estudantes e a comunidade – ações no sentido de orientar os estudantes com possíveis sinais de comprometimento auditivo,
escolar/equipes de saúde. identificados através de aplicação de instrumento específico elaborado para ser utilizado de acordo com a
faixa etária, para acompanhamento na Unidade Básica, além de verificar com os responsáveis se a criança
realizou triagem auditiva (“teste da orelhinha”) na maternidade.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
12. Promoção da saúde ocular e identificação de escolares com possíveis sinais de alteração – ação Pensando nesse potencial, que ações podem ser desenvolvidas no PSE?
é o “teste de Snellen” associado a orientações de promoção da saúde ocular, para que se ampliem as
práticas profissionais para além das ações de avaliação da acuidade visual e de identificação de estudantes • Implantação de hortas escolares;
com problemas de visão. Nessa ação é importante discutir com os estudantes e familiares a produção • Visitação a propriedades da agricultura familiar, feiras e comércios de alimentos;
do cuidado com o ambiente escolar e com o território para evitar acidentes. Além disso, é necessário • Resgate da cultura alimentar familiar e local;
mencionar como a ambiência, as facilidades e dificuldades colocadas pela organização do espaço podem • Promoção de cantinas escolares saudáveis;
promover o acolhimento e a saúde dos escolares e a acessibilidade dos mesmos. • Práticas culinárias no espaço escolar
• Rodas de conversas com pais e professores que abordem a promoção da saúde;
Resgatando o início dessa unidade, falamos que EAN é uma importante ferramenta para a promoção da • Envolvimento de cozinheiras e merendeiras nas atividades com escolares;
saúde, não é mesmo? Vocês conseguiram identificar em qual ação do PSE ela se encaixa? Isso mesmo! • Jogos, atividades lúdicas, exibição de vídeos.
Na “Promoção da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil”!
São inúmeras possibilidades que o universo escolar nos permite desenvolver! Esses são apenas
Mas, porque essa ação é importante? exemplos que a nossa equipe já desenvolveu. Porém, é preciso ter um pouquinho de paciência antes
de decidir as ações. Temos que nos lembrar que a base do PSE é a intersetorialidade e a adequação
Ao longo das últimas décadas, a situação de saúde e nutrição da população brasileira apresentou à realidade local, por isso o planejamento deve ser feito em conjunto entre os representantes da
mudanças importantes, o que pode ser observado a partir de alguns estudos. A Pesquisa Nacional de saúde e da educação e levar em consideração as demandas da escola e do território em que ela se
Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), de 2006, revelou uma realidade comentada em nossa encontra.
primeira unidade de aprendizagem, pessoas ao mesmo tempo desnutridas e com excesso de peso. Isso
se evidencia com os seguintes dados: a prevalência do excesso de peso para os menores de cinco anos Ficou com vontade de conhecer um pouco mais? Algumas ideias de como colocar essas propostas
foi de 7,3%, valores bem semelhantes a baixa estatura para idade (7,0%), enquanto que para anemia em prática podem ser obtidas a partir dos materiais de apoio elaborados pelo Ministério da Saúde (MS),
e deficiência de vitamina A, foram observadas prevalências ainda maiores, sendo de 20,9% e 17,4%, pelos Centros Colaboradores de Alimentação e Nutrição do Escolar e até mesmo pelo Instituto Brasileiro
respectivamente (BRASIL, 2009). de Defesa do Consumidor (IDEC)! Selecionamos e resumimos alguns para apresentar a vocês! Vamos lá?
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que houve um aumento significativo Título do Material de Apoio: A creche como promotora da amamentação e da
no número de crianças de 5 a 9 anos e de jovens de 10 a 19 anos com excesso de peso com relação as alimentação adequada e saudável
POF’s anteriores. Esse aumento foi encontrado em todas as regiões brasileiras e nos diferentes grupos de
renda. Com relação ao déficit de altura nos primeiros anos de vida, que é um importante indicador de Recentemente, o MS publicou o livreto “A creche como promotora da amamentação e da alimentação
desnutrição infantil, foi observado que a maior prevalência se encontra na região Norte em famílias com adequada e saudável”. Neste documento são apresentadas orientações de ações a serem desenvolvidas
menor renda (BRASIL, 2010). ou aprimoradas pela creche, com destaque para o apoio ao aleitamento materno e para a introdução da
alimentação complementar adequada e saudável.
Em 2015, o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) apontou que a dieta dos
adolescentes brasileiros é caracterizada pelo consumo de alimentos tradicionais, como arroz e feijão, Este material nos convida a entender a creche como um espaço de formação e o ato de comer como
associada à ingestão elevada de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados, como salgados fritos um direito humano, nos permitindo compreender que a promoção de práticas alimentares adequadas
e assados, e biscoitos doces e salgados. Além disso, a prevalência do consumo de frutas foi baixa, e não e saudáveis está fortemente ligada às dimensões econômica, social, política, ambiental e cultural da
ficou nem entre os 15 alimentos mais consumidos. O estudo também apontou que 8,4% dos adolescentes alimentação. Para compreender essas dimensões e efetivar as ações promotoras de práticas alimentares
de 12 a 17 anos estão obesos (BLOCHL; CARDSOLL; SICHIERILL, 2016). adequadas e saudáveis são necessários diversos atores sociais, como: profissionais e gestores da saúde e
educação, representantes de equipamentos e organizações sociais.
Considerando os estudos supracitados fica ainda mais clara a necessidade de ações de promoção a saúde
e de EAN com crianças e adolescentes. E tem lugar mais propício para o desenvolvimento dessas Outro ponto destacado no material é o aleitamento materno. Os benefícios do aleitamento materno
ações do que a escola? É por isso que o PSE tem um grande potencial para garantia de SAN e DHAA dos são inúmeros, por exemplo: diminuir o risco de morte no primeiro ano de vida, diminuir a ocorrência de
estudantes. diarreia, infecções respiratórias e alergias na infância e prevenir a ocorrência de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), por isso, a OMS e o MS recomendam que o aleitamento materno seja praticado até
os 2 anos de vida ou mais, e que deve ser exclusivo até os 6 meses de idade.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
Quadro 2. Esquema alimentar para os 2 primeiros anos de vida (Adaptado de BRASIL, 2018a).
É importante que existam profissionais capacitados para desenvolver ações de apoio e proteção ao
aleitamento materno, evitando a introdução precoce de outros alimentos antes dos 6 meses, e dando
apoio e suporte para que aleitamento perdure até os 2 anos de idade da criança ou mais. Uma dessas Idade
ações é empoderar e incentivar as mães a amamentarem seus bebês na creche e/ou a deixar seu leite Ao completar 6
para ser oferecido neste espaço. Além de oferecer educação permanente aos profissionais, o município Horários* Aos 7 meses 8 a 11 meses 12 a 24 meses
meses
deve, na medida do possível, disponibilizar um ambiente adequado e acolhedor para que seja feita a Leite materno + fruta
amamentação e a coleta do leite humano dentro das creches. Início da manhã Leite materno Leite materno Leite materno ou pão ou tubérculo
ou cereal
Mesmo não sendo uma obrigatoriedade, vários municípios já começaram a implantar esses ambientes.
Meio da manhã Fruta Fruta Fruta Fruta
Um exemplo é o município de Florianópolis/SC, com o Projeto Creche Amiga da Amamentação no qual
mães de bebês têm acesso à creche durante um período a fim de amamentar ou armazenar o leite para Final da manhã Almoço** Almoço** Almoço** Almoço**
ser consumido pela criança na instituição, evitando o desmame precoce. As mães possuem um espaço Fruta Fruta Fruta Leite materno + fruta
reservado e tranquilo para o momento da amamentação. Meio da tarde Leite materno Leite materno Leite materno ou pão ou tubérculo
ou cereal
E no seu município como é? Dá para ser ainda melhor? Caso não seja possível a implementação dessas
Final da tarde Leite materno Jantar** Jantar** Jantar**
salas de amamentação e ordenha, é importante que pelo menos as mães sejam orientadas sobre como
retirar e conservar o leite materno que será levado à creche. 2 a 3 colheres de 4 a 5 colheres de 6 a 7 colheres de
Quantidade*** 8 a 10 colheres de sopa
sopa sopa sopa
O trabalho conjunto das equipes de Saúde e de Educação, desde o planejamento e a execução até o
monitoramento das ações, fortalece e facilita a promoção da alimentação adequada e saudável nas
creches. Anualmente, as equipes de cada território devem se reunir com cada uma das creches sob sua
responsabilidade, prever quais ações serão executadas e organizar um cronograma para orientar as ações
ao longo do ano.
É importante lembrar que monitores, cozinheiras, merendeiras, auxiliares de serviço geral, agentes
comunitários de saúde também fazem parte das equipes e devem ser incluídos no planejamento
estratégico. Além disso, cabe aos gestores municipais incluírem no planejamento financeiro ações
de educação permanente para os profissionais, bem como adequação das estruturas físicas das
unidades escolares.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
• Oficinas: Estratégias coletivas que possibilitam o diálogo, a interação e a troca, favorecendo a construção
coletiva do conhecimento e das práticas. No material, são propostas sete oficinas que poderão ser
desenvolvidas de acordo com a realidade do serviço e as necessidades dos participantes. No Quadro 3,
Que tal também dar uma olhadinha neste livro e tentar colocar em prática algumas das ideias encontram-se descritas algumas dessas oficinas e seus respectivos objetivos já adaptadas para o ambiente
propostas? Clique Aqui escolar.
O manual é organizado em quatro capítulos, divididos pelas faixas etárias: educação infantil (0 a 6 Oficina 4:
anos), ensino fundamental (6 a 10 anos), adolescente e fase adulta. Em cada capítulo são abordadas Saboreando uma • Estimular as habilidades culinárias dos estudantes, com a preparação de receitas simples
as características dos escolares, como deve ser a alimentação, o que deve ser oferecido, o que deve ser alimentação (de acordo com a faixa etária);
evitado/controlado e como desenvolver a EAN. adequada e • Incentivar o consumo de alimentos saudáveis e preparações culinárias.
saudável
Oficina 5: • Estimular o sistema sensorial dos estudantes;
Laboratório dos • Estimular a descoberta de “novos alimentos”;
gostos • Experimentar alimentos utilizando os órgãos sensoriais.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
• Ações no ambiente: as ações poderão ser realizadas no intervalo entre as oficinas, utilizando uma
Título do Material de Apoio: Guia de Alimentação Saudável nas Escolas
abordagem visual, como exposição de alimentos e figuras. Essas ações têm o objetivo de despertar a
curiosidade e reflexão dos estudantes. No Instrutivo estão descritas quatro ações no ambiente, entre
Além desses materiais, recentemente o IDEC publicou o Guia de Alimentação Saudável nas Escolas,
elas o “Festival gastronômico”, que visa desenvolver e degustar preparações culinárias com reduzidas
com o objetivo de estimular os municípios brasileiros a promover a saúde a partir de ações que iniciam
quantidades de sal, óleo e açúcar.
nas instituições de ensino e extrapolam para sociedade. Este guia traz informações sobre experiências
estaduais e municipais para a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar, por meio de
• Painéis: esta estratégia pode ser utilizada para compartilhar com os estudantes e outros atores da
dispositivos legais, sendo relacionadas principalmente com a regulamentação da oferta de alimentos nas
comunidade escolar as diferentes atividades desenvolvidas durante os encontros, como fotos dos
cantinas. Como o exemplo do munícipio Florianópolis, que foi o primeiro a criar uma legislação específica
estudantes, textos informativos sobre alimentação e nutrição, reflexões sobre como construir modos mais
sobre comercialização de alimentos e bebidas nas escolas, a partir da Lei 5.853 de junho de 2001. A lei
saudáveis na rotina de vida, entre outros. O painel deve ser construído com os estudantes e ficar exposto
teve ampla divulgação na mídia nacional e, seis meses após sua criação, foi estendida para todas as escolas
por toda escola dando visibilidade ao trabalho que vem sendo realizado.
públicas e privadas de Santa Catarina, com a publicação da Lei 12.061 de 18 de dezembro de 2001.
• Folders: materiais informativos para subsidiar as ações de EAN, utilizando como base os Dez passos para
As experiências descritas no material envolvem quatro categorias principais: Vamos ver com mais
a Alimentação Adequada e Saudável, propostos pela segunda edição do Guia Alimentar para a População
detalhes cada uma delas?
Brasileira, com linguagem e visualização adaptadas às faixas etárias dos escolares. Vamos recordar quais
são os 10 passos para a alimentação adequada e saudável?
• Regulamentação das cantinas: considerando que as cantinas podem estar inseridas no ambiente
escolar, regulamentá-las significa criar uma legislação que promova alimentação adequada e saudável.
1) Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;
Para que isso aconteça poderão ser listados na lei alimentos que devem ter comercialização proibida,
2) Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos
como: bebidas com quaisquer teores alcoólicos; balas, pirulitos e gomas de mascar; refrigerantes e
e criar preparações culinárias;
sucos artificiais; salgadinhos industrializados; salgados fritos; e pipoca industrializada.
3) Limitar o consumo de alimentos processados;
4) Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
• Regulamentação da publicidade infantil nas escolas: significa proibir qualquer tipo de estratégia
5) Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com
de publicidade infantil (como propaganda, patrocínios, merchandising e promoções de venda),
companhia;
com o intuito de proteger as crianças no ambiente escolar. Essa regulamentação também pode
6) Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente
ser feita por meio de dispositivos legais, que visem combater as diferentes formas de publicidades,
processados;
principalmente as mais veladas e persuasivas.
7) Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
8) Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
• Capacitação dos cantineiros: a cantina escolar tem um papel muito importante na estimulação
9) Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
de hábitos alimentares saudáveis, por isso, capacitar os cantineiros significa oferecer ferramentas
10) Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em
a esses atores, para que seus estabelecimentos sejam promotores de uma alimentação adequada
propagandas comerciais.
e saudável. A experiência de capacitação de cantineiros mais conhecida é a do Distrito Federal,
realizada no projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis. Essas capacitações eram
compostas por 12 encontros de três horas cada, por quatro meses, envolvendo aulas presenciais
(teóricas e práticas) e carga horária não presencial, para o desenvolvimento das atividades propostas,
totalizando 60 horas no total. Um estudo mostrou que essa capacitação apresentou resultados
positivos, como queda na comercialização de produtos ultraprocessados e maior oferta de alimentos
Que tal utilizar algumas dessas ideias para a elaboração de ações aí no seu município? Clique Aqui
saudáveis. É importante destacar que a capacitação deve ser executada por especialistas e estar
prevista em lei, além de estar acompanhada de outras medidas legais, como a regulamentação das
cantinas. Quer saber mais sobre esse projeto? Clique Aqui.
• Atividades de EAN: como já vimos ao longo deste módulo e nos anteriores, significa realizar
atividades educativas que promovam alimentação adequada e saudável. É importante ressaltar que
ações devem ser planejadas, executadas e avaliadas de forma coletiva e intersetorial.
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Módulo 1 - Unidade 5 Módulo 1 - Unidade 5
O guia também apresenta um modelo de projeto de lei, que contempla as principais medidas que podem
contribuir para a garantia de padrões alimentares mais saudáveis nas escolas, e respeite os conceitos de
Referências Bibliográficas
EAN, SAN e SA abordados em nossas unidades anteriores. Por fim, são destacadas algumas limitações e
estratégias para superá-las.
BRASIL. Decreto nº 6.286, 05 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na Escola e dá outras
providências. Presidência da República do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2007/decreto/d6286.htm. Acesso em: 03/05/2018.
Veja mais informações no guia: Clique Aqui ______. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS
2006 : dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança/ Ministério da Saúde, Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 300 p. : il. – (Série G. Estatística e Informação
em Saúde). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnds_crianca_mulher.pdf. Acesso
em: 08/06/2018.
CONCLUSÃO ______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009
– Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Disponível em: https://
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf. Acesso em: 08/06/2018.
Com base no conteúdo dessa unidade será possível desenvolver atividades mais efetivas para a ______.Ministério da Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais. Instrutivo : metodologia de trabalho
promoção da saúde nas escolas de seu município? Nós esperamos que sim! Pois acreditamos que o em grupos para ações de alimentação e nutrição na atenção básica. 2016a. Disponível em: http://bvsms.
primeiro passo para a mudança é ter clareza do objetivo e de todas as etapas necessárias para alcança-lo. saude.gov.br/bvs/publicacoes/instrutivo_metodologia_trabalho_alimentacao_nutricao_atencao_
basica.pdf. Acesso em: 04/05/2018.
Sabemos que a gestão municipal tem um papel fundamental na adesão e coordenação do programa.
Porém, são vocês, que trabalham diariamente nas escolas e centros de saúde, que sabem as reais ______. Ministério da Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais. Na cozinha com as frutas, legumes
necessidades do território e as melhores estratégias para lidar com a comunidade em que estão inseridos. e verduras. 2016b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cozinha_frutas_legumes_
A chave para o bom funcionamento do PSE está na intersetorialidade! Por isso, articulem-se e acreditem verduras.pdf. Acesso em: 04/05/2018.
que vocês são capazes de transformar a realidade em questão. Nós acreditamos em vocês!
______. Portaria nº 1.055, 25 de abril de 2017a. Redefine as regras e os critérios para adesão ao Programa
Para obter mais informações sobre o programa visitem com frequência à página oficial do PSE. Lá você Saúde na Escola - PSE por estados, Distrito Federal e municípios e dispõe sobre o respectivo incentivo
pode se manter atualizado e ter acesso a outros materiais de apoio. O site é: http://dab.saude.gov.br/ financeiro para custeio de ações. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/
portaldab/pse.php pri1055_26_04_2017.html. Acesso em: 03/05/2018.
Na próxima unidade de aprendizagem falaremos sobre a importância da intersetorialidade nas Políticas ______. Ministério da Saúde Novo Programa Saúde na Escola. 2017b. Disponível em: http://portalarquivos.
Públicas. Vamos lá? saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/25/25-04-17-Coletiva-Programa-Saude-na-Escola.pdf. Acesso em:
03/05/2018.
_______. Ministério da Saúde. Universidade Federal do Rio de Janeiro. A creche como promotora da
amamentação e da alimentação adequada e saudável - Livreto para gestores. 2018a. Disponível em:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/a_creche_promotora_
amamentacao_livreto_gestores. Acesso em: 07/05/2018.
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Módulo 1 - Unidade 5
Contexto do Tabagismo
______. Adesão ao Programa Saúde na Escola PSE - Ciclo 2017/2018. Disponível em: http://189.28.128.100/
dab/docs/portaldab/documentos/informe_adesao_pse_12_06.pdf. Acesso em: 03/05/2018.
BLOCHL, K.V.; CARDSOLL, M.A.; SICHIERILL, R. Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA):
resultados e potencialidade. Revista de Saúde Pública, v. 50, n. 1, 2016. Disponível em: < http://www.
scielo.br/pdf/rsp/v50s1/pt_0034-8910-rsp-S01518-8787201605000SUPL1AP.pdf>
IDEC. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Alimentação saudável das escolas – guia para
municípios. 2018. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/noticias/2018/
copy_of_maio/copy_of_GuiaEscolas1.pdf. Acesso em: 08/06/2018.
Unidade 6
MINISTÉRIO DA SAÚDE; CECANE-SC. Manual de orientação para a alimentação escolar na educação
infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação de jovens e adultos, 2º edição. 2012. Disponível
em: http://cecanesc.ufsc.br/core/getarquivo/idarquivo/509. Acesso em: 07/05/2018.
Intersetorialidade
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Módulo 1- Unidade 6
Intersetorialidade Outro ponto favorável é que a intersetorialidade já faz parte das políticas públicas, é inclusive apontada
como a chave para o bom funcionamento das mesmas. Vamos relembrar a intersetorialidade nas
políticas e programas apresentados nas unidades anteriores?
Essa segunda definição de intersetorialidade está no “Glossário temático: promoção da saúde”, publicado O CECANE – SC está dividido em três subcoordenações (DAS NEVES, 2018).:
em 2012 pelo Ministério da Saúde. O documento também traz algumas notas que nos ajudam a
compreender melhor esse termo: 1) Avaliação e Monitoramento: responsável por realizar assessoria aos municípios catarinenses,
acompanhar colaboradores do FNDE em visitas de monitoramento, apoiar tecnicamente os Conselhos
I) A intersetorialidade tem como princípios a corresponsabilidade, a cogestão e a coparticipação de Alimentação Escolar, além de assessorar e monitorar a gestão estadual do PNAE.
entre os diversos setores e políticas em prol de um projeto comum.
II) Prática social construída para enfrentar os limites da cultura organizacional, marcada historicamente 2) Educação Permanente: responsável por realizar formações específicas para nutricionistas ou para
por ações isoladas e setorializadas onde os serviços, produtos e ações são ofertados separadamente. os demais atores sociais, bem como os Encontros Catarinenses de Alimentação Escolar – os ENCAEs.
Constitui-se em estratégia, articulada entre saberes e práticas, que busca a convergência entre
recursos humanos, financeiros, políticos e organizacionais. 3) Pesquisa: realiza investigações sobre temas que buscam aprimorar a execução do PNAE, como:
III) Implica no estabelecimento de relações de poder horizontais, exigindo processos de pactuação acompanhamento da Lei das Cantinas Escolares; avaliação dos Conselhos de Alimentação Escolar;
para enfrentamento de conflitos e problemas (BRASIL, 2012a). utilização de gêneros da Agricultura Familiar e de Orgânicos na alimentação escolar; e avaliação da
Gestão do PNAE.
Diante do exposto e olhando para a realidade de vocês, pode parecer que a intersetorialidade é complexa
e muito difícil de acontecer. Já que representa uma quebra de cultura organizacional e exige a junção de Os CAEs, também são um importante exemplo de intersetorialidade, já que devem contemplar pessoas
saberes que vêm sendo cada dia mais fragmentados. Porém, se pensarmos que ela depende basicamente de diferentes setores da sociedade e do governo. Você lembra qual deve ser a composição desse
do encontro e da articulação entre pessoas, já simplifica e facilita não é mesmo?! conselho? Segundo a Resolução nº 26, de 17 de junho de 2013, o CAE tem a seguinte composição:
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Módulo 1- Unidade 6 Módulo 1- Unidade 6
I - um representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado; Intersetorialidade na PNAN
II - dois representantes das entidades de trabalhadores da educação e de discentes, indicados pelos
respectivos órgãos de representação, a serem escolhidos por meio de assembleia específica para tal Na Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) a intersetorialidade está na sua criação, em seus
fim, registrada em ata; princípios e diretrizes.
III - dois representantes de pais de alunos matriculados na rede de ensino a qual pertença a Entidade
Executora (EEx.), indicados pelos Conselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades Ao relembrar os anos que antecederam a criação dessa política podemos ver que ela só se tornou viável
similares, escolhidos por meio de assembleia específica para tal fim, registrada em ata; e quando a alimentação passou a ser entendida com um determinante social da saúde. Desta forma, a
IV - dois representantes indicados por entidades civis organizadas, escolhidos em assembleia PNAN tem um caráter transversal, já que se articula com as políticas e sistemas relacionados a Segurança
específica para tal fim, registrada em ata (BRASIL, 2013). Alimentar e Nutricional ao mesmo tempo que está abrigada nos sistemas e políticas de saúde.
As ações intersetoriais supracitadas estão claramente definidas nas legislações e atreladas ao repasse de Essa transversalidade é de suma importância para a garantia do DHAA, tendo vista a complexidade da
recursos, por isso elas acontecem independentemente da vontade das pessoas. Isso é prova de que talvez alimentação adequada e saudável, e o reflexo direto que a mesma tem sobre a saúde da população.
você já esteja trabalhando de forma intersetorial!
Você lembra dos princípios dessa política?
E as ações de EAN?
São eles: alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde; respeito a diversidade
Essas sim dependem da articulação entre as pessoas! cultural e alimentar; fortalecimento da autonomia dos indivíduos; determinação social e a natureza
interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição; e a segurança alimentar e nutricional com
soberania.
Definição: Como apresentado no Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional
para Políticas Públicas, de 2012: “Educação Alimentar e Nutricional, no contexto da Além desses a PNAN também se orienta pelos princípios do Sistema Único de Saúde: universalidade,
realização do Direito Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar e integralidade, equidade, descentralização, regionalização e hierarquização, e participação popular.
Nutricional, é um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar,
intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos Como estamos ressaltando a intersetorialidade das políticas, vale recordar o princípio que fala sobre isso.
alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais
“Determinação social e a natureza interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição”:
problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais,
O conhecimento das determinações socioeconômicas e culturais da alimentação e nutrição dos
considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e
indivíduos e coletividades contribui para a construção de formas de acesso a uma alimentação
significados que compõem o comportamento alimentar” (Brasil, 2012b)
adequada e saudável, colaborando com a mudança do modelo de produção e consumo de alimentos
que determinam o atual perfil epidemiológico. A busca pela integralidade na atenção nutricional
pressupõe a articulação entre setores sociais diversos e se constitui em uma possibilidade de superação
Então, adotando esse conceito, não há EAN se não houver intersetorialidade! Talvez você tenha conhecido
da fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais e institucionais, de modo a responder
ações promotoras da alimentação saudável com uma perspectiva diferente. Até o lançamento de Marco
aos problemas de alimentação e nutrição vivenciados pela população brasileira (BRASIL, 2012c).
de Referência muitas ações eram realizadas de forma pontual, por profissionais específicos, com foco
nos nutrientes e um caráter mais culpabilizador do que emancipatório. Felizmente, agora todos os
profissionais podem ter acesso a esse material e desenvolver ações mais eficazes na promoção da saúde Esse princípio nos remete novamente a complexidade da alimentação e nutrição. Vamos dar um exemplo
e na garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA). para você compreender porque é preciso uma ação intersetorial para modificar a realidade atual.
Ficou com vontade de saber mais? O terceiro módulo desse curso vai contar tudo que você precisa
saber! Aguarde!
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Módulo 1- Unidade 6 Módulo 1- Unidade 6
NA PRÁTICA Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional: A garantia de SAN para a população,
não depende exclusivamente do setor saúde, mas este tem papel essencial no processo de articulação
intersetorial. Essa linha de ação ressalta a importância da intersetorialidade e elenca ações que dependem
Digamos que você, profissional da saúde ou da educação, se depare com um adolescente obeso e
dessa articulação (BRASIL, 2012c).
anêmico. De início você pode simplesmente pensar que ele come muitos alimentos ultraprocessados
(salgadinhos, biscoitos, refrigerante) e que não pratica atividade física. Certo? Bem, talvez seja isso que
A organização da atenção nutricional e a promoção da alimentação adequada e saudável vão ao encontro
aconteça. Porém, se você investigar mais a fundo, pode descobrir outras questões. Essa família pode estar
do exemplo supracitado. Já na cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional,
em vulnerabilidade social, vivendo em condições de moradia muito precárias e tendo que sobreviver
podemos ir um pouco além.
com muito menos do que um salário mínimo. Dessa maneira a mãe, vai ao mercado e compra alimentos
que são baratos e “enchem a barriga” como chá mate, açúcar, biscoitos água e sal e de maisena. Esses
Essa linha de ação ressalta a importância da “interlocução com os setores responsáveis pela produção
alimentos são calóricos e nada nutritivos, podendo levar a obesidade e a anemia se consumidos como
agrícola, distribuição, abastecimento e comércio local de alimentos visando o aumento do acesso a alimentos
base da alimentação. Essa mesma mãe, pode ter medo de deixar seus filhos brincarem na rua, já que
saudáveis e adequados.” Levanta também a necessidade de “articulação com a vigilância sanitária para a
vivem em comunidade comandada pelo tráfico de drogas. Como a casa é pequena, não tem quintal,
regulação da qualidade dos alimentos processados e o apoio à produção de alimentos advinda da agricultura
nem uma área próxima segura, os adolescentes acabam ficando na frente da televisão.
familiar, dos assentamentos da reforma agrária e de comunidades tradicionais, integradas à dinâmica da
produção de alimentos no país” (BRASIL, 2012c).
Esse é só um exemplo das infinitas possibilidades que levam a um quadro de obesidade e anemia. Você Intersetorialidade no PSE
percebeu como ele se tornou complexo quando olhamos mais a fundo? E mesmo que fosse só o
consumo de alimentos ultraprocessados teríamos que considerar a renda da família, o entendimento Falar do Programa Saúde na Escola é falar de intersetorialidade, já que o programa possui integração
dela sobre o que é uma alimentação saudável e adequada, a importância social de consumir alimentos e articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde. Nele devem ser inseridos
que tem propaganda na televisão e outras mídias, a oferta e disponibilidade de alimentos no território e os profissionais da educação e demais atores da comunidade escolar, e as equipes de saúde, desde os
muitos outros fatores. agentes comunitários até os médicos. Esse é um programa interministerial, por envolver os Ministérios da
Saúde e da Educação.
Se tivermos esse olhar sobre cada caso que encontramos veremos que precisamos de parceiros, ou seja,
da intersetorialidade para conseguir intervir nos determinantes sociais. Como a intersetorialidade é a base do programa, vamos encontrá-la descrita na Portaria nº 1.055, de 25 de
abril de 2017, em vários momentos, como por exemplo nos objetivos e diretrizes.
A necessidade da intersetorialidade também está presente nas diretrizes da PNAN. São elas: Organização
da Atenção Nutricional; Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; Vigilância Alimentar e O artigo 2º da portaria supracitada apresenta os sete principais objetivos do PSE:
Nutricional; Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; Participação e Controle Social; Qualificação
da Força de Trabalho; Controle e Regulação dos Alimentos; Pesquisa, Inovação e Conhecimento em I - promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como
Alimentação e Nutrição; Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional. Vamos fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação;
ver as linhas de ação que falam claramente da intersetorialidade? II - articular as ações do Sistema Único de Saúde - SUS às ações das redes de educação básica
pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e a suas
Organização da Atenção Nutricional: a atenção nutricional compreende os cuidados relativos à famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis;
alimentação e nutrição voltados à promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento III - contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos;
de agravos. Essa diretriz descreve os aspectos que devem ser considerados em cada nível de atenção à IV - contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e
saúde, bem como as ações que devem ser realizadas de forma intersetorial considerando as necessidades nos direitos humanos;
de cuidado individuais e coletivas. V - fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer
o pleno desenvolvimento escolar;
Promoção da Alimentação Adequada e Saudável: a alimentação adequada e saudável no contexto da VI - promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde, assegurando a troca de
PNAN é compreendida como uma alimentação apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos informações sobre as condições de saúde dos estudantes; e
indivíduos e da coletividade, bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Esse item traz estratégias VII - fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação básica e saúde, nos três níveis de
para a promoção da alimentação saudável e adequada e enfatiza a importância da intersetorialidade para governo (BRASIL, 2017).
a efetividade das ações.
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Módulo 1- Unidade 6 Módulo 1- Unidade 6
Esses objetivos ressaltam a intersetorialidade em diferentes níveis. Quando fala da articulação entre os Nós acreditamos que sim! Pois a responsabilidade de atuar em algo tão complexo como a alimentação
sistemas de saúde e educação, envolve as esferas estaduais e municipais. Já quando cita promover a e nutrição passa a ser dividida e potencializada com a união de forças! Outro aspecto diferencial da
comunicação entre escolas e unidades de saúde, está integrando a nível local e territorial. Ou seja, desde ação intersetorial é que quando se planeja com diversos profissionais e serviços, consegue-se chegar
a pactuação até as ações em cada unidade escolar deve haver intersetorialidade. mais longe! Pois se permite pensar em estratégias de ação, em metas a serem alcançadas, em formas de
monitoramento e avaliação.
As diretrizes para a implementação do PSE também trazem essa visão. São elas: I. descentralização
e respeito à autonomia federativa; II. integração e articulação das redes públicas de ensino e de saúde; III. A intersetorialidade é importante na resolução de situações que precisam ser melhoradas, pois com ela
territorialidade; IV. interdisciplinaridade e intersetorialidade; V. integralidade; VI. cuidado ao longo do tempo; cada setor ou profissional poderá atuar dentro de suas próprias potencialidades, desenvolvendo ações
VII. controle social; e VIII. monitoramento e avaliação permanentes (BRASIL, 2017). inseridas em sua cartela de atuação. Ao mesmo tempo, sua atuação será complementada com ações
realizadas por outro setor ou profissional, capitalizando assim, recursos que deem conta da complexidade.
Se recordarmos as duas etapas do PSE, adesão e ciclo, veremos que a intersetorialidade é a base para
qualquer atividade e sem ela não é possível nem a pactuação entre o município e o Estado. Vamos ver mais um exemplo da intersetorialidade no âmbito das políticas públicas?
Na etapa de adesão, que consiste na pactuação entre os secretários municipais da saúde e da educação A implementação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), junto a rede hospitalar do SUS, é um
com os Ministérios responsáveis pelo programa, cada município deve criar um Grupo de Trabalho ótimo exemplo! Essa articulação visa promover a doação e aquisição de produtos da agricultura familiar
Intersetorial Municipal (GTI-M) do PSE. O GTI-M deve ser composto por profissionais de ambas as áreas, para a produção de refeições hospitalares por meio da articulação entre o Ministério do Desenvolvimento
com o intuito de implementar e acompanhar a execução do programa ao nível local. Nesse processo serão Social e Combate à fome (MDS) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
delimitadas as escolas, as equipes de saúde e as ações que deverão ser realizadas durante o primeiro ano
de ciclo do PSE no município. Ou seja, se não houver profissionais de diferentes setores sentados juntos Outros exemplos de ações de natureza tipicamente intersetorial são:
definindo as melhores estratégias para seu município não será possível a execução do programa.
1) A regulamentação da rotulagem nutricional dos alimentos, para garantir o acesso à alimentação
Quando entramos no ciclo do PSE, inicia-se o planejamento das ações que serão realizadas em cada adequada a pessoas com necessidades alimentares especiais;
unidade escolar. Para tal, deverão ser criados grupos intersetoriais. Estes por sua vez, serão compostos 2) A restrição da publicidade de alimentos não saudáveis, especialmente aqueles voltados para o
por representantes das equipes de saúde da atenção básica e das escolas, estudantes e pessoas da público infantil, que é reconhecidamente mais vulnerável às estratégias de marketing;
comunidade, que com o apoio do GTI-M, devem se reunir e elaborar estratégias a nível territorial. 3) A regulamentação da quantidade máxima de sal nos alimentos industrializados, que devem gerar
um impacto na promoção da saúde de indivíduos, sendo um importante fator de prevenção da
Esta intersetorialidade é fundamental! Pois o planejamento das ações do PSE deve contemplar: o hipertensão arterial;
contexto escolar e social e o diagnóstico local em saúde do escolar. Além disso, deve considerar diferentes 4) A oferta de refeições nos ambientes de trabalho, que proporcionem aos trabalhadores uma
indicadores, como: evasão escolar, violência (dentro e fora da escola), motivos da baixa frequência, se a alimentação adequada e saudável e promovam a saúde dos mesmos.
escola é prioritária na adesão ao PSE, as doenças mais prevalentes, entre outros. 5) O incentivo à produção de frutas e hortaliças que aumenta a produção e possibilita a oferta a
preços mais acessíveis desses produtos à população em geral;
Apesar de termos falado somente de políticas e programas da Saúde e da Educação, citamos alguns outros 6) As políticas fiscais diferenciadas para a taxação de impostos para alimentos in natura e
setores, como a Agricultura e o Desenvolvimento Social que abriga as políticas e programas específicos de ultraprocessados como uma maneira de incentivar o consumo de alimentos adequados e saudáveis
SAN. Além deles ainda podemos considerar outras instâncias como parceiras na garantia da DHAA, como deixando-os mais acessíveis;
os ministérios: dos Direitos Humanos, da Cultura, do Trabalho, do Transporte e da Ciência e Tecnologia. 7) Medidas de planejamento urbano para que estimulem a prática de atividade física, outro aspecto
promotor da saúde; e
Articular todos esses setores talvez possa ser visto como uma dificuldade, pois implica em dialogar 8) As campanhas de esclarecimento usando os meios de comunicação em massa, especialmente
com diferentes saberes, e exige clareza de objetivos e empatia para escutar e compreender a atuação aquelas que discutem os aspectos relacionados à alimentação e nutrição de maneira ampliada.
de cada profissional.
Apesar de termos citado só algumas ações, já dá para perceber que elas existem e acontecem
Mas, se mudarmos o foco dessa percepção, será que as limitações podem ser vistas como diariamente ao nosso redor! Essas e outras ações podem ser potencializadas com a articulação entre
potencialidade? as agendas e os conselhos das políticas públicas fortalecendo assim, a promoção da saúde e a garantia
do DHAA.
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Módulo 1- Unidade 6
CONCLUSÃO
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde;
2012.
BRASIL. Portaria nº 1.055, 25 de abril de 2017a. Redefine as regras e os critérios para adesão ao Programa
Saúde na Escola - PSE por estados, Distrito Federal e municípios e dispõe sobre o respectivo incentivo
financeiro para custeio de ações. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/
pri1055_26_04_2017.html. Acesso em: 03/05/2018.
DAS NEVES, Janaina. Formação de Nutricionista para Atuação no PNAE. Módulo Introdução. CECANE – SC.
2018.
Materiais Complementares
http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n11/1413-8123-csc-19-11-4331.pdf
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742011000400004
https://www.youtube.com/watch?v=qw8MTESGhyM
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