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AVALIAÇÃO DO PROCESSO EDUCATIVO

Me. Lucimara Acosta

GUIA DA
DISCIPLINA
2021
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. CONHECENDO O ENTORNO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Objetivo:
Compreender a importância da localidade em que a escola está inserida enquanto
forma de valorização e reconhecimento dos valores locais daquela instituição, assim como
aquilo que alicerça a comunidade local, familiar, discente e docente.

Introdução:
Não apenas a escola é de fundamental importância no processo educacional de
nossos alunos, a localidade em que a escola está inserida, as infraestruturas existentes, as
condições de trabalho, a comunidade local e o perfil familiar e docente também são
extremamente importantes para que se possa melhor conhecer a instituição escolar. A
escola é formada por todas essas categorias e necessitam ser analisadas pelo profissional
que nela irá trabalhar pois, assim, poderá prever algumas situações que o deixe mais bem
preparado.

Conhecer a dinâmica local propiciará maior reconhecimento dos valores que


sustentam aquela comunidade e assim facilitará para que o profissional saiba como lidar
com os assuntos a serem abordados – tanto aqueles pertencentes ao curriculum oficial
escolar como aqueles dos cotidianos discentes que seguramente serão trazidos para dentro
da sala de aula.

Outro ponto de fundamental importância é saber quais são os valores que sustentam
a escola num modo geral (corpo docente e gestores) para que o professor saiba, mais
exatamente, quais atividades serão necessárias em desenvolver e quais terão maiores
resistência. Reconhece-se, ainda, que docentes e gestores conservadores têm maiores
possibilidades de cercear e censurar o trabalho docente.

1.1. A comunidade local


Conhecer os valores que sustentam a escola naquela comunidade em específica a
qual ela está inserida é de fundamental importância para que o professor saiba não apenas
os seus valores como também aquele cotidiano específico, visto que cada região dentro de
uma mesma cidade tem as suas peculiaridades, o que dirá então no caso de professores
que trabalham em cidades diferentes, deslocando-se diariamente entre elas. O entorno
escolar tem sinais extremamente importantes para se analisar.

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Muitas vezes o professor desenvolve uma aula a qual ele acredita ser maravilhosa e
perfeita para aquele determinado assunto, mas ela simplesmente não funciona, não atinge
as expectativas e frustra aquele profissional. Não consegue entender onde errou, onde
falhou, o que faltou... Antes de se perguntar o que tinha de errado naquela aula, ele deve
perguntar se a aula foi preparada para aquela turma em específica, se realmente atendia
as necessidades e anseios dos alunos.

Ainda que se reconheça a desvalorização de muitos profissionais a estas questões,


recomenda-se fortemente que o professor valorize a comunidade local, reconheça os laços
e vínculos existentes, os valores que a sustenta, etc. Pois, será a partir deste ponto em
específico que a sua aula terá maiores condições de se desenvolver conforme previsto –
ou até mesmo melhor que o previsto.

As ações escolares restringem-se a procedimentos administrativos e pedagógicos,


encaminhados pela direção e pelos corpos técnico e docente, sem maiores
interações com os alunos e a comunidade, os quais figuram apenas como peças
obrigatórias ao funcionamento escolar que não conta com espaços de congregação
comunitária como a APM e Conselho Escolar, que não atua com plenitude. (Bezerra,
et all. 2010: 289)

Integrar a comunidade local é de fundamental importância para que os alunos se


sintam inseridos na escola, em sua proposta pedagógica e que o estudo realmente dialogue
com as suas necessidades.

1.2. O perfil familiar


O perfil familiar é um outro pilar que sustenta as relações escolares. Reconhece-se
que família não é apenas aquela constituição entre pai e mãe, podendo outras formas e
arranjos familiares estarem presentes como: discentes criados pelas/os avós, sem mãe,
sem pai, com dois pais, duas mães, etc.

O professor poderá se deparar com discentes com verdadeiro pavor de seus


responsáveis, sob constante pressão do risco em serem chamados ao colégio, ou discentes
que não respeitam seus responsáveis e que pouco se importa se forem chamados ou não,
alunos que são abandonados por seus responsáveis, ou alunos que são acompanhados
diariamente por seus responsáveis. Os mais diversos perfis aparecem em sala de aula, e
caberá a nós, professores, lidarmos com essa questão. A pluralidade está latente nas
escolas atualmente.

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Caberá ao professor não apenas mapear estes perfis como não fazer a manutenção
do pânico àqueles que tem pavores de seus responsáveis, como também não exteriorizar
aqueles que são abandonados por seus responsáveis. Caberá ao professor mapear os
motivos para qual os alunos têm um determinado comportamento e buscar formas de
solucionar, ajudando-os e os apoiando dentro de suas necessidades individuais.

Ribeiro (s/d) “Os problemas advindos da falta de estrutura familiar recaem na escola
com alunos gazeando aula, brincando com os colegas, desrespeitando os professores e os
demais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem” (id. Ibd. 9)

Ao se deparar com um aluno problema, é muito comum a escola invisibiliza-lo dentro


de sua instituição, agradecendo quando o mesmo falta e ignorando-o quando está presente.
Esta atitude apenas ajuda para que o aluno continue sendo problemático. Vale discutir
ainda o que vem a ser um aluno problema, por que seu comportamento é problemático e
seus reais motivos para agir em uma determinada forma. Portanto para isso também é
necessário um grande esquema de trabalho juntando, família, professores e gestão escolar.

Há significativa possibilidade de o aluno projetar aquele seu cotidiano violento da


relação intrafamiliar para o seu cotidiano escolar, visto que por estar inserido numa
realidade violenta, subjetiva-se e normaliza tais comportamentos. Requerendo, assim, uma
maior atenção do corpo docente e gestor para desenvolver possibilidades educacionais
específicas para este determinado aluno.

1.3. O corpo docente e gestor


Um terceiro pilar que sustenta a escola é o corpo docente e gestor. Seus valores
influenciam significativa e diretamente o que é ensinado e como é ensinado um
determinado assunto na escola. Quanto mais conservador e fechado for este corpo docente
e gestor, maiores possibilidades de cerceamento e censuras o professor passará. A
exemplo disso, cito o caso de um colégio de elite da cidade de São Paulo em que teve que
se explicar aos pais dos alunos por ter inserido a Filósofa Marilena Chauí em sua
bibliografia1 e o caso de uma diretora de uma escola que não permitiu a apresentação

1
Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/blogs/direto -da-fonte/colegio-bandeirantes-inclui-livro-de-
marilena-chaui-em-lista-pais-se-queixam/> Visualizado em 06/02/2018

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discente sobre um trabalho de divindades religiosas afro-brasileiras (de umbanda e


candomblé)2.

Ainda que o professor tenha garantido o seu direito de liberdade de cátedra,


enquanto cláusula pétrea na Constituição Federal, inúmeros casos de cerceamento e
censura estão ocorrendo no Brasil em tempos atuais. Outro exemplo foi o Ministro da
Educação, Mendonça Filho, do Governo de Michel Temer, tentar censurar3 a disciplina “O
Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” na Universidade de Brasília e diversas 4
outras Universidades Federais e Estaduais adotarem o mesmo programa enquanto forma
de apoio ao Professor Luis Felipe Miguel. Tentativa de censura de cátedra essa que passou
a ser investigada pela Comissão de Ética5.

Sendo assim, recomenda-se que o professor esteja amparado legalmente para


trabalhar alguma temática em sala de aula que possa a vir sofrer qualquer tipo de sanção
burocrática. Para tanto, em tempos atuais, o professor necessita conhecer as Diretrizes
Curriculares Nacionais, os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e quaisquer outras leis específicas.

2
Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia -438830-ministerio-publico-denuncia-
diretora-por-intolerancia-religiosa-em-escola-de-ananindeua.html#> Visualizado em 06/02/2018
3
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/professor -da-unb-defende-curso-sobre-golpe-de-2016-
apos-critica-do-mec-22421749> Visualizado em 06/02/2018
4
Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2018 -03-02/13-universidades -golpe-2016.html>
Visualizado em 06/02/2018
5
Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/comissao -de-etica-investigara-conduta-de-
mendonca-filho-apos-criticas-a-disciplina-da-unb-sobre-golpe-de-2016.ghtml> Visualizado em 06/02/2018

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2. PLANO DE AULA E SUA IMPORTÂNCIA, FUNDAMENTAÇÃO E


REFERENCIAL TEÓRICO

Objetivo:
Exemplificar, a partir desta própria aula, como o plano de aula tem importância no
papel de construção de conhecimentos e preparo do aluno para a sociedade.

Introdução:
A partir deste próprio tema sobre Plano de aula e sua importância, fundamentação e
referencial teórico, elaborarei esta aula mostrando os processos que são levados para a
construção teórica, metodológica e conceitual da aula, tanto escrita por meio deste Guia da
Disciplina como metodológico a partir da videoaulas que a explica.

Justamente por isso, este capítulo e o próximo não terão textos específicos e
discussões teóricas, disponibilizarei a estruturação de um plano de aula em branco para
que possamos entender de forma coletiva nesta aula e o planejamento de ensino na aula
seguinte.

2.1. Exemplo de Plano de Aula

Turma: (série da classe) Docente: (seu nome)


Tema da aula: encontre um tema que faça Ter um tema em específico, o mais delimitado
despertar interesse de uma forma geral. possível para que ele não se perca dentro dele
mesmo.
Subtema da aula: procure assuntos Elencar os temas secundários oriundos do
próximos que também chamem a atenção anterior, que se relacionem diretamente com
dos alunos. este principal.
Horas programadas: mescle aulas Uma aula singular ou uma aula dupla (ou mais),
expositivas com atividades de interesse quatro aulas seguidas, mais que um dia de aula
coletivo. (neste último caso, deverá realizar mais que um
plano de aula)
Objetivos principais: Conhecer...
Valorizar...
Compreender...
Objetivos secundários: Debater...
Aprender...
Absorver...
Reconhecer...
Conteúdos a serem trabalhados: procure Estabelecer hierarquicamente os conteúdos a
sempre classificar e analisar o interesse serem trabalhados, como se fosse um passo a

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geral da classe para que sempre possa passo a debater durante as horas de aula para
despertar a curiosidade coletiva. que se tenha um certo controle perante o que
está sendo debatido e onde se pretende chegar
pois, assim, os alunos poderão entender o
conteúdo em sua totalidade a partir do
fechamento da aula.
[justificar os motivos da escolha]
Referencial teórico de análise: A partir de autores que dialoguem entre si,
Debata com a classe alguns autores para construir a aula seguindo o proposto por estes
que os alunos os conheçam e se interessem autores. Há a necessidade de que os teóricos
por suas palavras. sigam a mesma linha, não sendo recomendável
que teóricos de linhas diferentes dialoguem
entre si por haver conceituações e paradigmas
não lineares. Dificultando (ou até mesmo
impossibilitando) que o diálogo entre eles seja
realizado.
[justificar os motivos da escolha]
Caminhos metodológicos: Sistematização da produção bibliográfica;
Análise documental e bibliográfica;
Possíveis intervenções cotidianas.
[justificar os motivos da escolha]
Recursos didáticos: Lousa (?)
Procure sempre que possível usar material Giz (?)
de apoio para enriquecimento das aulas. Projetor (?)
Youtube (?)
Etc.
[justificar os motivos da escolha]
Formas avaliativas: Qualitativa (?)
Quantitativa (?)
Individual (?)
Coletiva (?)
Formal (?)
Informal (?)
Etc.
[justificar os motivos da escolha]
Bibliografia: Destacar ao menos 3 bibliografias
Importante para um referencial teórico e fundamentais para o debate do tema, que
desenvolvimento de ideias e centrarão toda a aula, e mais algumas
posicionamentos. complementares que aparecerão indiretamente
ao longo da disciplina.

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3. PLANEJAMENTO DE ENSINO E O REPLANEJAR

Objetivo:
Reconhecer a importância de se ter um planejamento de ensino para o semestre/ano
e nunca se esquecer de que ele necessitará ser constantemente reavaliado para as
melhorias e necessidades que aparecerem ao longo do ano.

Introdução:
Seguindo o mesmo modelo do capítulo anterior, disponibilizarei um planejamento
específico para servir como exemplo. Neste caso, não será disponibilizado um em branco,
utilizaremos o planejamento desta própria disciplina, disponibilizado na Aba Apresentação,
no moodle, e em anexo na página a seguir:

3.1. Exemplo de Planejamento de Ensino


(Lembrando que todo e qualquer planejamento de ensino deve ser pautado nas
normas e regras da instituição de ensino, das leis e principalmente nas características do
professor que irá ministrar as aulas).

PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: Avaliação do Processo educativo CURSO: Pedagogia
SEMESTRE: ANO LETIVO: 2018
CARGA HORÁRIA: 40 horas PROFESSOR: Me. Lucimara Acosta

OBJETIVOS
Reconhecer a importância da comunidade escolar, e o seu entorno, enquanto forma de subjetivação
discente, docente e da gestão escolar, influenciando na construção do plano de aula e do
planejamento de ensino para que os alunos possam ser mais bem avaliados. Haverá a discussão
sobre a importância do Processo Político Pedagógica e a necessidade de que a educação seja
construída coletivamente, conforme ocorreu durante as consultas públicas para a nova Base
Nacional Comum Curricular e as novas direções da educação com mudanças de governos.

EMENTÁRIO
Estudo dos princípios, fundamentos e procedimentos do planejamento de ensino, do currículo e da
avaliação, segundo os paradigmas e normas legais vigentes norteando a construção do currículo e
do processo avaliativo no Projeto Político Pedagógico da escola de Educação Básica. O
conhecimento da BNCC e os processos de avaliação no ensino-aprendizagem

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PLANO DETALHADO DE ENSINO

1. Conhecendo o entorno da instituição escolar


1.1 A comunidade local
1.2 O perfil familiar
1.3 O corpo docente e gestor

2. Plano de aula e a sua importância, fundamentação e referencial teórico


2.1 Modelo de plano de aula

3. Planejamento de ensino e o replanejar.


3.1 Modelo de planejamento de ensino

4. Processos avaliativos
4.1 Avaliações quantitativas
4.2 Avaliações qualitativas
4.3 Avaliações individuais e coletivas

5. Projeto (é) Político (e) Pedagógico


5.1 Mais que um projeto, ele é político e é pedagógico.
5.2 O erro em não o utilizar enquanto referencial

6. Base Nacional Comum Curricular


6.1 Construção coletiva e o processo de Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff
6.2 Descontinuidade da construção coletiva e a imposição do novo governo

METODOLOGIA

A disciplina é dividida em duas semanas, com duração total de 40h, onde constará de três videoaulas
com 15 minutos aproximadamente, um teste contento dez questões e um fórum a cada semana
para que se possibilite o debate a partir do proposto em cada semana. Ao fim da disciplina, o aluno
deverá realizar uma questão discursiva com o objetivo de se mensurar qualitativa e
quantitativamente os conhecimentos obtidos ao longo da disciplina.

FORMA DE AVALIAÇÃO

Os fóruns servem como avaliação indireta, para que a professora possa compreender o
conhecimento obtido ao longo da semana e o teste semanal enquanto avaliação específica. O
mesmo ocorrerá com a questão discursiva para que se possa analisar o poder de argumentação a
partir do proposto.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre RS: Mediação, 2010.

TOSI, Maria Raineldes. Planejamento, programas e projetos: orientações mínimas para a organização de
planos didáticos. Campinas: Alpinea, 2003.

HOFFMAN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré escola a universidade. Porto
Alegre RS: Mediação, 2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

KUENZER, Acácia Zeneida; CALAZANS, Maria Julieta Costa e GARCIA, Walter. Planejamento Educacional no
Brasil. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2003

DALMAS, Ângelo. Planejamento participativo na escola: elaboração, acompanhamneto e avaliação. Petrolis:


Vozes, 1994.

HERNÁNDEZ, Fernando; Ventura, Montserrat. A organização do Currículo por projetos de trabalho. 5ª ed.
Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança. SP: Libertad, 1998.

WELLEN, Henrique. WELLEM, Hericka. Gestão Organizacional e escolar: uma análise crítica. Curitiba:
Intersaberes, 2012.

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4. PROCESSOS AVALIATIVOS

Objetivo:
Conhecer 3 possibilidades avaliativas a se desenvolver na escola, problematizar as
mais usuais (aquelas a partir de notas individuais que fomentam a competitividade) e
pensar em outras formas de avaliações que valorizem o trabalho coletivo e cooperativo.

Introdução:
A avaliação discente é algo que há tempos está na centralidade do debate
acadêmico, visto que muitos teóricos discordam de sua eficácia e eficiência. Um dos pontos
centrais desta discussão está na hipótese da validade de uma avaliação objetiva ao
discente, visto que, para estes autores, não há uma real possibilidade em avalia-los a partir
da quantidade de conteúdos mensais, bimestrais e semestrais existentes numa grade
curricular.

Há quatro possibilidades avaliativas a serem desenvolvidas aos discentes, são elas:


I) quantitativa;
II) qualitativa;
III) individual e
IV) coletiva.

Umas são mais objetivas e outras mais subjetivas, cada uma deve ser utilizada para
um objetivo específico, ou seja, cada um num determinado momento. A primeira, a
avaliação quantitativa, busca-se mensurar conceitualmente o aluno a partir de uma nota,
um conceito, para se afirmar se o conhecimento obtido por aluno está dentro daquilo que
se espera dele ou não – uma avaliação mais tradicional e conforme aprendemos no
transcorrer de nossas vidas. A segunda forma, a avaliação qualitativa, busca-se avaliar o
aluno ao longo de um processo de ensino-aprendizagem, onde cada conquista formará a
sua avaliação positiva a partir da tríade autonomia, responsabilidade e criticidade –
observa-se, portanto, que não é avaliada a questão comportamental, visto que muitos
professores compreendem erroneamente que aluno bagunceiro é sinônimo de aluno ruim.
A terceira forma, avaliação individual, é a atenção que o professor dá ao aluno em sua
singularidade e como ele desenvolve os conhecimentos debatidos em sala de aula. Por fim,
a avaliação coletiva, dá-se a partir de uma avaliação de como o aluno se relaciona com os

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outros, como articula o conhecimento obtido em sala de aula e como emprega em seu
cotidiano.

4.1 Avaliações quantitativas


Mais utilizada há décadas pela educação brasileira, a avaliação quantitativa se
centra em mensurar o conhecimento do aluno a partir de uma prova em que lê a questão
de forma objetiva, a partir de balizamentos que reconhecem a resposta enquanto correta
e/ou errada. Se o aluno responder a questão conforme aprendido em sala de aula, ele terá
a sua resposta considerada correta e inversamente proporcional caso não atinja aquilo
compreendido enquanto correto.

A avaliação quantitativa não possibilita que o aluno desenvolva a sua autonomia,


criticidade e potências necessárias, ela categoriza o aluno em bom e ruim, inteligente e
deficitário, e os próprios alunos se categorizam violentamente entre nerds e burros – muitas
vezes com o aval silencioso do professor.

A avaliação quantitativa ou somativa caracteriza-se por ser realizada ao final de um


programa com o objetivo de definir uma nota ou conceito, ou seja, dizer à quantidade
que o aluno aprendeu e ordená-los de acordo com esta nota obtida. (p. 11) [...] A
avaliação quantitativa ou somativa é aquela que se limita a ter uma função de
controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa dos alunos relativa
às notas que obtiveram nas provas. (Araújo, 2009: p.19)

As críticas acercas desta forma de avaliação está no fato de que ao categorizar os


alunos entre aqueles que obtiveram a nota ou não, ajudará a estigmatizar o processo de
ensino-aprendizagem, esvaziará conceitualmente o real processo existente neste ensino-
aprendizagem e resumirá todo este processo em uma simples prova que, o aluno com
facilidade em memorizar o conteúdo terá mais facilidade do que aquele com dificuldade. O
que não necessariamente significará que o primeiro sabe mais o conteúdo que o outro.

Outro fator que necessita ser analisado nesta avaliação está pelo fato emocional
imposto à uma simples avaliação – afinal de contas, sejamos sinceros conosco mesmos,
quem nunca ficou com um frio na barriga antes de uma prova e não teve um branco numa
pergunta que sabíamos a resposta há meia hora atrás? Ou simplesmente fala assim: eu sei
a resposta, mas não sei como passar para o papel.

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Estes fatos nos convidam à reflexão sobre a avaliação quantitativa não ser
suficientemente válida enquanto instrumento avaliativo do conhecimento obtido pelos
discentes.

4.2 Avaliações qualitativas


A partir do reconhecimento do limite existente na avaliação quantitativa, propõe-se a
avaliação qualitativa. Entretanto, vale ressaltar que ela não existe enquanto forma de anular
a existência da primeira, sim enquanto coexistências, visto que uma dará suporte teórico-
metodológico para a outra, servindo como outros instrumentos de análise que se
completam.

Ao se trabalhar com a análise qualitativa, o professor analisará o andamento do


aluno na sala de aula a partir dos debates, das participações e dar formas em que o aluno
encontra para se expressar, visto que um aluno ais retraído e tímido não pode ser
prejudicado em uma avaliação qualitativa em detrimento daquele aluno mais extrovertido e
que tem maior facilidade em dialogar com a classe. Ao mesmo tempo, o aluno considerado
bagunceiro, dorminhoco e/ou desinteressado não necessariamente deve ser mal avaliado,
há de se analisar quais motivos o levam a ter este determinado comportamento – a isso
debateremos no próximo item.

Assim, há evidências de que a vertente qualitativa da avaliação introduz aspectos


que nos conduzem à reflexão epistemológica sobre a práxis da avaliação escolar,
pois, embora a prática pedagógica permaneça delimitada pelo modelo positivista,
observamos o movimento que denuncia sua insuficiência para responder às
demandas cotidianas. (Chueiri, 2008: 62)

Olhar o aluno em sua individualidade é compreender que ele tem o seu tempo para
aprender os conhecimentos e, a partir de um determinado ponto em que se possa perceber
que ele está ficando para trás perante o restante da classe avaliar a necessidade de se
trabalhar individualmente com ele para que possa acompanhar o restante da sala. Avaliar
qualitativamente não é, conforme muitos pensam, deixar o aluno no canto dele e aprender
de acordo com o tempo dele, sim compreender que todos nós temos nossos processos de
ensino-aprendizagem e justamente por isso necessitamos ser acompanhados
individualmente.

A exemplo das avaliações qualitativas, pode-se utilizar as dinâmicas em grupo, os


trabalhos em grupo, os debates, os fóruns virtuais, as dúvidas existentes antes, durante e

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depois da aula, aquela dúvida rapidinha no corredor, no intervalo, no recreio, etc. Tudo é
subsídio para ser avaliado qualitativamente.

Fonte: Google

4.3 Avaliações individuais e coletivas


O debate sobre as avaliações individuais e coletivas passaram a estar presente no
cotidiano acadêmico em virtude do debate sobre a avaliação qualitativa, visto que
necessitavam de instrumentos para mensurar e validar a obtenção do conhecimento por
parte do aluno. Dentro das análises, a proposição que mais reverberou positivamente foi a
avaliação individual e coletiva. Ou seja, analisar o aluno em sua individualidade como
também em sua coletividade.

Olhar para o aluno em sua individualidade é reconhecer que todos nós temos o
nosso tempo de aprendizagem, a nossa forma para dominar os conhecimentos e jeitos
distintos em inseri-los em nossos cotidianos. Olhar em sua individualidade é, sobretudo,
analisar como o aluno desenvolverá o conhecimento, fomentar a sua autonomia e
criticidades necessárias.

Já olhá-lo em sua coletividade é compreender que todo o conhecimento debatido em


sala de aula tem que ter algum significado para que os alunos possam inseri-lo em seus
cotidianos e, a partir de então, analisar como eles dialogam e lidam com este conhecimento.
Todo e qualquer conhecimento deve ser potente o suficiente para desenvolver suas
criticidades e autonomias.

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Vale ressaltar, ainda, que uma avaliação não pode ser unilateral e hierarquizada
verticalmente, ou seja, não pode ser desenvolvida apenas pelo professor e apenas ele
avaliar e ser avaliado. Uma avaliação necessita ser horizontalizada para que seja
construída coletivamente com os alunos, e coletiva no processo avaliativo, onde não
apenas o aluno é avaliado como também fomenta que o aluno se auto avalie, avalie o
professor e o professor também se avalie.

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5. PROJETO (é) POLÍTICO (e) PEDAGÓGICO

Objetivo:
Conhecer a importância do Projeto Político Pedagógico e reconhecer que ele tem
que ser constantemente debatido enquanto um projeto tem que ter um posicionamento em
respeito aos Direitos Humanos por ser político e necessita ser pensado para valorizar as
potências e emancipar os alunos, pois é pedagógico.

Introdução:
Ainda que todas as escolas sejam obrigadas a ter um Projeto Político Pedagógico
(PPP), nem todos os professores têm o conhecimento e costuma ficar em algum lugar, em
algum armário, em alguma gaveta, etc. Principalmente por ser um documento em que a
comunidade local não constrói coletivamente, os professores não fazem parte de sua
elaboração e ele não costuma ser utilizado enquanto referencial escolar. Na prática, ele é
um documento obrigatório que não costuma ser utilizado.

A sua importância se dá pelo fato de que se reconhece a escola enquanto uma


instituição em que se formam cidadãos e, justamente por isso, necessita ter um documento
que referencie seus valores e articule as suas ações. Portanto, será a partir do PPP que a

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escola deverá estruturar todas as suas ações anuais, bienais, trienais, etc. Ou melhor, ao
menos deveria.

Ainda que em alguns momentos muitos busquem inutilizar a escola enquanto uma
instituição de formação cidadã, que fomenta a criticidade e crie sujeitos de direito,
reconhece-se que a escola é uma instituição política e necessita assumir esta sua
responsabilidade, mas não estou dizendo neste momento em levantar bandeiras de
partidos políticos. Afinal de contas, o próprio documento afirma que ela é uma instituição
com um Projeto Político Pedagógico. Reconhece-se assim que aquele discurso propagado
de que o professor tem que ser apolítico, não deve ter ideologia ou convicções político-
ideológicas é um assunto a ser pensado, já que todos os professores ou profissionais da
área da educação possui sim suas ideologias, verdades, concepções políticas. O que se
deve pensar ao entrar em uma sala de aula é que não se deve impor aos outros o seu
pensamento político como certo, mas deixar que as pessoas pensem e construam suas
posições e ideologias próprias. “Não tem como um professor ser apolítico a mesma maneira
que não tem como uma escola ser apolítica. Somos sujeitos políticos e “educar é um ato
político” (Freire, 1980)!

5.1 Mais que um projeto, ele é político e é pedagógico


Ainda que muitas escolas tenham o PPP apenas enquanto um documento
obrigatório sem fazer uso cotidiano dele, e muito menos tê-lo em suas ações pedagógicas,
o PPP é de extrema importância para que balize as ações educacionais daquela instituição
de ensino. Ele serve enquanto um documento oficial que sintetize as informações da escola,
da comunidade de seu entorno e de seu papel social para com a sociedade.

A educação tem como objetivo a transformação da sociedade para um local em que


haja o respeito às diferenças, o combate às intolerâncias e que os Direitos Humanos sejam
centrais em suas construções coletivas. Para tanto, o PPP desenvolve, então, o seu papel
político. Ou melhor, desenvolve o papel político da escola. Uma escola não é um local
apolítico, os professores não são apolíticos.

A instituição escolar é uma instituição política tal qual qualquer outra que se reserve
à formação de sujeitos. Portanto, não há problema nenhum um professor expressar a sua
ideologia, desde que não a coloque como verdadeira e única. O problema há quando ocorre

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a imposição de uma única ideologia enquanto a correta, pois deixará a escola de ser um
local de construção e formação para ser um local de imposição.

Não obstante, diversas são as tentativas de cerceamento e censura ao trabalho


docente por meio de projetos de leis como o chamado Escola sem Partido que tem como
objetivo neutralizar a escola em sua formação crítica, servindo ao capital e a ideologia
hegemônica contemporânea.

Tantas outras leis que buscam cercear o direito do professor em debater a


pluralidade de ideias acabam sendo barradas6 no Supremo Tribunal Federal, pois, a partir
do entendimento dos Ministros, a Constituição Federal é clara ao falar do papel da escola
em desenvolver a criticidade e a importância e necessidade de se manter a liberdade de
cátedra aos professores.

Na verdade, o político juntamente com o pedagógico é visto como um processo


contínuo de reflexão e discussão dos problemas da escola, tentando assim
encontrar meios favoráveis á efetivação de sua intencionalidade constitutiva,
levando assim, todos os membros da comunidade escolar o exercício da cidadania.
Ora, uma das coisas que precisamos saber, é que não se pode entender a questão
política-pedagógica como mecanismos dissociados e/ou avulsos, quando ambos
andam juntos. (Machado, 2006: 02)

A impossibilidade de dissociar o político do pedagógica está pelo fato de que a


educação é uma prática política e a partir do momento em que se reconhecer que o
professor é responsável pela formação infanto-juvenil, ele está trazendo para sai a
responsabilidade que a prática determina.

5.2. O erro em não o utilizar enquanto referencial


O referencial teórico, ou embasamento teórico, ou paradigma de análise, são as
formas como o professor olha para aquele determinado objeto de pesquisa e analisa a luz
de seu referencial. Há professores freireanos, piagetianos, marxistas, foucaultianos, etc.
Cada um encontra num determinado referencial a melhor forma de analisar a sociedade e
fazer a leitura do Projeto Político Pedagógico. O referencial teórico é o que norteia a prática
docente.

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inspirado-no-escola-sem-partido-em-al/> Visualizado em 08/03/2018.

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Se levarmos em consideração o PPP como um instrumento de apoio as nossas


atividades, avaliações, conteúdos ministrados e assim por diante, veremos que a cada dia
temos que inovar, mudar nossas metodologias e entendermos que nossos alunos mudaram
suas necessidades e estão cada vez mais diferentes dos alunos do passado. O motivo que
nos leva a mudar tanto é a chave do entendimento da importância de um projeto adequado
a realidade da comunidade e das pessoas que lá vivem. Pois estas mesmas pessoas serão
os cidadãos de amanhã que farão parte de uma comunidade única e não mais fragmentada
por bairros ou regiões, serão parte integrantes do mundo. Podemos observar nos quadros
comparativos abaixo algumas alterações ocasionadas no estudo da matemática,por
exemplo, realizados de acordo com a visão das necessidades de mudanças que ocorrem
de forma significativa.

Vamos pensar no estudo da matemática, que por si só tem a fama de malvada:

Década de 50 Década de 60\70

Década de 80\90

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Agora como professora de matemática tenho que pensar o que ensinar, como
ensinar, o que me leva a ensinar aquele ou outro conteúdo de forma mais aprofundada,
nunca esquecendo que existe um documento norteador (PPP) da escola que fará que eu
como professora mediadora me ajuste e ajuste meus conteúdos de uma forma a entender
que toda evolução da sociedade bate diretamente dentro das paredes da escola. Temos
que estar preparados para as mudanças que ocorrem de forma contínua.

A partir de então, reconheço a importância como também necessidade em utilizar


todos os documentos para interpretar a escola, e todas as pessoas que dentro ou fora dela
participam de uma maneira a melhorar a prática docente em favor dos alunos e prepará-los
cada vez melhor para o mundo.

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6. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Objetivo:
Conhecer como se deu a inicialmente construção coletiva da Base Nacional Comum
Curricular, compreender o processo político a qual ela estava inserida (2014~2016), crise
das representatividades político-institucionais e a abrupta interrupção do Governo
democraticamente eleito. (abaixo, breve panorama, não necessariamente a risca todas as
datas).

Fonte: Google

Introdução:
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fazia parte do Plano Nacional da
Educação, aprovado em pela então Presidente Dilma Rousseff, em junho de 2014, que
propôs a sua implementação a partir de rodas de debate no período de 2 anos, para então
ser entregue ao Conselho Nacional de Educação, em 2016 – ao assumir o Ministério da
Educação em março de 2015, Renato Janine atentou-se ao fato de que as consultas
públicas e construções coletivas estavam ainda em fases iniciais.

Com o objetivo de acelerar as discussões para que se pudesse entregar os


resultados ao Conselho Nacional de Educação, Janine criou uma agenda pública de debate
e construções coletivas.

presença forte de professores que estavam em sala de aula, professores com


experiência, para, assim, evitar um saber que caísse de cima para baixo sobre as
pessoas. A ideia era fazer que aqueles que entendem da aula, dos alunos, que

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sabem das dificuldades e possibilidades, pudessem eles mesmos montar a base.


(Janine, 2017: 24)

Cada componente curricular (popularmente conhecida como matérias e/ou disciplina


escolar) era composto por professores e acadêmicos para debater a sua viabilidade,
importância e necessidade. Analisou-se a existência de poucos componentes curriculares
no Ensino Fundamental I, um relativo aumento no Ensino Fundamental II e a quantidade
de 13 componentes no Ensino Médio. O que era para se construir uma, conforme o próprio
nome diz, Base Nacional Comum Curricular, acabou-se por criar um extenso documento
detalhando suas importâncias.

Os caminhos para a construção foram extremamente complexos e acabou se


perdendo pois, pela ausência de representantes do Ministério da Educação em cada uma
das equipes dos respectivos componentes curriculares, a base pegou tamanho e proporção
que fugia de sua função enquanto documento de base.

6.1 Construção coletiva e o processo de Impeachment da Presidente Dilma


Rousseff
As mais diversas instituições de ensino fomentavam encontros periódicos para se
debater o curriculum escolar e quais as mudanças necessárias de serem implementadas
para que a escola formasse cidadãos críticos e que respeitassem as diferenças. O tema
que mais gerou debate na sociedade foi sobre as questões de gêneros e sexualidades ao
reconhecer que a sexualidade está inserida na juventude e por isso a escola deveria
debate-la. Setores conservadores da sociedade se opuseram veementemente, ainda que
sem as devidas informações.

Janine (2017), afirma ainda que “a escola não deve encaminhar ninguém para
nenhuma direção, mas deve dar espaço para a diversidade se manifestar sem repressão”
(id. Ibd, 27).

Com o passar do tempo, o documento ia ficando cada vez mais extenso e perdia a
sua função inicial enquanto proponente de um curriculum comum para um país inteiro.
Ressalta-se, ainda, a importância que essa construção coletiva deu para os regionalismos
ao propor que em torno de 30% dos componentes curriculares de História, Geografia e

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Português se debruçassem nestas questões com o objetivo de propagar a diversidade


étnico-racial-cultural brasileira como também valorizar as localidades.

Professores das mais diversas instituições tinham planos de ações para a construção
coletiva, debatiam sobre a importância ou não de um currículo único, a necessidade de se
ter componentes curriculares unificados ou segmentados, etc.

Vale ressaltar, ainda, que o seu período de construção se deu no meio a uma intensa
turbulência política em que o Brasil passava após as eleições de 2014, em que Dilma
Rousseff se saiu vitoriosa em uma apertada disputa eleitoral, profunda crise econômica,
descrença nas representatividades políticas e sucessivos escândalos de corrupção. A esse
fato, Janine afirma:

Um lado significativo da opinião pública se opôs radicalmente ao governo eleito em


2014, levando a sucessivas manifestações na rua e a sua destituição. [...] O governo
estava muito fraco e essas pessoas adquiriram um ódio que parece ser mantido,
em boa parte, em resposta ao que os 12, 13 anos de governo petista representaram
[...] Por outro lado, as pessoas que apoiaram o governo eleito e que se opõem às
políticas do governo atual por considerá-las ilegítimas, porque são políticas
exatamente opostas à que foi votada em 2014 e também porque veem o retrocesso
em muito do que diz respeito ao conteúdo da educação, ao respeito dos costumes
diferentes etc., essas pessoas também não sentem disposição para o diálogo com
os inimigos de ontem e que continuam sendo inimigos hoje. (id. Ibd: 28)

Logo, o momento em que a BNCC estava sendo construída, foi um momento de


intensa polarização, constante mudança de ministros da educação e conturbação geral no
sistema político nacional. Não obstante, o governo seguinte, de Michel Temer, fez inúmeras
alterações na BNCC sem apoio dos professores que a construiu e mudou pontos centrais
do documento final.

6.2 Descontinuidade da construção coletiva e a imposição no novo governo


Com a deposição da Presidente eleita para assumir o seu então vice-presidente
Michel Temer, a BNCC sofreu inúmeras influências de setores conservadores da
sociedade, com o aval do então Ministro da Educação, Ministro da Educação, e do próprio
Presidente Michel Temer. A sua descontinuidade e desconstrução gerou inúmeras críticas
pelos professores que fizeram parte de sua construção coletiva, pelos diversos órgãos
educacionais e eventos acadêmicos – que de nada surtiram efeito desejado.

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Silvio Gallo (2017), aponta que a BNCC tem como projeto central um controle
populacional por meio da construção de um sentimento de nação, onde todos se sentiriam
representados, mas que, na verdade, objetiva-se em controlar os discursos sobre a
produção do conhecimento. Ou seja, aquilo que ele chamou de governamentalidade
democrática.

A serventia da BNCC enquanto instrumento da biopolítica favorece para que se


tenha um controle não apenas sobre a produção discursiva da práxis educacional como
também perante a produção discursiva do próprio corpo, do próprio sujeito. Sendo assim,
nada mais astuto do que usar da educação enquanto um dispositivo de controle social.

A versão apresentada como “Versão Final”, se comparada com a “Segunda Versão”


revela, sobretudo, uma mudança de perspectiva. [...] Com a mudança de governo
de 2016, mudanças significativas aconteceram no Ministério de Educação e o
mesmo grupo político que dominou a construção das políticas públicas de educação
durante o governo FHC voltou a dar as cartas no Ministério, retomando sua
concepção e seu projeto depois de quase vinte anos. (id. Ibd.: 38)

Avaliação do Processo Educativo 23


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ARAUJO, Josefina Elvira Novaes Rêgo de. Avaliação x repetência e os reflexos do


sistema educacional no desenvolvimento de adolescentes: um estudo realizado
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de Janeiro – Volta Redonda: UniFOA, 2009.

BEZERRA, Zedeki Fiel. et all. Comunidade e escola: reflexões sobre uma integração
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CHUEIRI, Mary Stela Ferreira. Concepções sobre a Avaliação Escolar. In.: Estudos
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Humanitas Unisinos, N. 516, Ano XVII, 2017

GALLO, Silvio Donizete. Base Nacional Comum Curricular. Revista do Instituto


Humanitas Unisinos, N. 516, Ano XVII, 2017

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