Religiões
Religiões
Religiões
Universidade Rovuma
Nampula
Abril
Índice
Introdução
O presente trabalho tem como tema, Liberdade Religiosa, a relação entre o Estado e as
Instituições religiosas, direitos humanos e Religiosos e litígios Religiosos, em que
dentro do mesmo far-se-a um estudo acerca da liberdade Religiosa em países laicos,
como é o caso de Moçambique e outros estados de língua portuguesa, uma dos quais,
Angola, Brasil, e Portugal, saber qual é o nível de relação existente entre as instituições
religiosas e o estado, e quais os conflitos emergentes na prática da religião. Dito isto
imposta dizer que, o trabalho em alusão, detém seus objectivos, designadamente:
Objectivos
Objectivo geral
Perceber até que ponto vai a relação entre as instituições religiosas e o estado.
Compreender a motivação para origem dos conflitos religiosos.
Verificar os limites das liberdade Religiosa.
Indagar acerca dos direitos humanos no seio da religião.
1. Liberdade Religiosa
Atendo e considerando a natureza do presente trabalho, importa referir primeiramente
definições chaves que irão conduzir o desenrolar do mesmo.
Estado laico ou, no âmbito religioso, Estado secular é aquele que não adota religião
oficial, não interfere nos assuntos religiosos – a menos que esses estejam relacionados
diretamente com questões jurídicas – e não se deixa ser influenciado por nenhum viés
unilateral religioso, ou seja, é independente de qualquer religião. ¹
A palavra secular também é utilizada para designar algo que é laico. Secular vem do
latim saeculare, que significa mundano, ou seja, o que é do mundo físico e “não
pertencente a Deus”.
Estado religioso: É aquele em que a religião interfere de alguma forma na legislação ou
gestão pública e é também chamado de Estado confessional. Na atualidade, está
presente especialmente no mundo islâmico, no entanto, pode ser identificado também na
África e na Ásia. ²
A liberdade religiosa deriva da liberdade de pensamento, uma vez que quando é mantida
exteriorizada torna-se uma forma de manifestação do pensamento. Ela compreende
outras liberdades: liberdade de crença, liberdade de culto, liberdade de organização
religiosa e liberdade de expressão. Ela abrange a liberdade de escolha da religião,
liberdade de mudar de religião, liberdade de não aderir a religião alguma e liberdade de
ser ateu. A liberdade de culto, abrange a liberdade de orar e a de praticar atos próprios
das manifestações exteriores em casa ou em público.³
1. Liberdade religiosa nos países de língua portuguesa
Angola
A Constituição de Angola garante a liberdade religiosa e o Estado normalmente respeita
este direito:
O artigo 10° desta lei suprema, estatui de forma clara e inequívoca, nos seus números 1,
2 e 3 o seguinte: A República de Angola é um Estado laico, havendo separação entre o
Estado e as igrejas, nos termos da lei; O Estado reconhece e respeita as diferentes
confissões religiosas, as quais são livres na sua organização e no exercício das suas
atividades, desde que as mesmas se conformem à Constituição e às leis da República de
Angola; O Estado protege as igrejas e as confissões religiosas, bem como os seus
lugares e objetos de culto, desde que não atentem contra a Constituição e a ordem
pública e se conformem com a Constituição e a lei. ⁴
Os grupos religiosos devem registrar-se no Ministério da Justiça e dos Direitos
Humanos. O Governo proibiu as manifestações de atividades de numerosos grupos não
oficializados. Em março do ano 2005 foi aprovada uma lei que restingue os critérios a
adotar para o reconhecimento das associações religiosas, entre os quais é determinante o
número de fiéis, que devem ser pelo menos 100 mil adultos, residentes no país e
distribuídos em pelo menos dois terços das províncias. Esses requisitos foram exigidos
para evitar a proliferação de novas Igrejas e para impedir ritos contrários à integridade e
à dignidade pessoal, assim como à ordem pública e à segurança nacional.⁵ No final de
2004 tinham sido reconhecidas 83 associações e 880 estavam à espera de registro,
muitas delas grupos cristãos evangélicos. Não obstante a nova lei confirmar a liberdade
de professar a fé, fora dos locais de culto só é possível a prática de atividades religiosas
mediante autorização prévia das autoridades. No ano 2005 foram proibidas 17 grupos
religioso, acusados de terem celebrado cerimonias religiosas em habitação sem estarem
legalizados para esse efeito. ⁶
Brasil
Desde a Constituição de 1824 o culto de outras religiões já era permitido porém, deveria
ser feito de maneira doméstica, não podendo haver a identificação oficial de igreja ou
centro religioso de qualquer grupo que não fossem católicos.
A Constituição Federal consagra como direito fundamental a liberdade de religião,
prescrevendo que o Brasil é um país laico, ou seja, nosso Estado não pode adotar,
incentivar ou promover qualquer deus ou religião, embora propicie a seus cidadãos uma
perfeita compreensão religiosa, tanto para quem acredita em deus(es) como para quem
não acredita neles, proscrevendo a intolerância e o fanatismo. ⁷
Assim, o Estado presta proteção e garantia ao livre exercício religioso, mas deve existir
uma divisão muito acentuada entre o Estado e a Igreja (religiões em geral), de forma
que suas decisões não sejam norteadas por doutrinas religiosas; portanto, não pode
existir nenhuma religião ou deus oficial, qualquer que sejam. Em seu artigo 19, a
Constituição Federal proíbe ainda a todos os entes federativos brasileiros o
estabelecimento de cultos religiosos. A Constituição Federal, no artigo: 5° VI, estipula
ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos
cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas
liturgias. ⁸
Moçambique
Moçambique não é alheio a está situação pois, é um estado secular que consagra a
separação entre o Estado e as confissões religiosas (artigo 12.º, 1 e 2 da Constituição de
2004). A Constituição reconhece a liberdade de organização das confissões religiosas, a
sua liberdade de exercer as suas funções e a liberdade de culto, em conformidade com a
legislação estatal (artigo 12.º, n.º 3), bem como o seu “direito de prosseguir livremente
os seus objetivos religiosos e de possuir e adquirir bens para a realização dos seus
objetivos” (artigo 54.º, n.º 3).² O Estado “reconhece e valoriza as atividades das
confissões religiosas, a fim de promover um clima de compreensão, tolerância e paz, o
reforço da unidade nacional, o bem-estar material e espiritual dos cidadãos e o
desenvolvimento econômico e social” (artigo 12.º, n.º 4). ⁹
As vítimas são tanto cristãos como muçulmanos que não aceitam a agenda radical dos
jihadistas. O porta-voz da Diocese católica de Pemba, no Norte do país, o Pe. Kwiriwi
Fonseca, confirmou que, em zonas predominantemente muçulmanas, os jihadistas
obrigam os cristãos a converterem-se ao Islamismo ou a enfrentarem a morte: “os
jovens que aceitam converter-se são treinados para combater nas suas fileiras e as
meninas são violadas e obrigadas a tornar-se suas ‘noivas’”.
¹⁶,¹⁹,²⁰,²⁸https://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista2/artigo5.htm
A legitimidade do exercício do poder de polícia já foi declarada nas Apelações Cíveis
ns. 146.692-1/6 e 152.224-¹⁸1/10, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, cujo
relator foi o Desembargador Andrade Marques. Nos acórdãos mencionados ficou
demonstrada a possibilidade da Municipalidade fechar templos que não estejam
cumprindo as posturas municipais para o seu funcionamento (falta de alvará, horário,
barulho etc.)
¹⁷ KONVITZ, Milton R., ob. Cit., p. 56
²¹Declaração Universal dos Direitos Humanos
²²https://usinadevalores.org.br/religiao-e-direitos-humanos/
²³,²⁷BENE, Timóteo Avelino Monografia: Processo de Resolução de Conflitos em
Moçambique: análise da participação da Igreja Católica na mediação de conflitos
político-eleitorais (1994-2019)
²⁴SVENSOON, Isak. Fighting with faith: religion and conflict resolution in civil wars.
The journal of conflict resolution, v. 51, nº 6, 2007, pp. 930949
²⁵HABIBE, Saide; FORQUILHA, Salvador; PEREIRA, João. A radicalização islâmica
no norte de Moçambique: o caso de Mocímboa daPraia. Cadernos IESE. Nº 17, 2018.
²⁶MORIER-GENOUD, Eric.The Jihadi Insurgency in Mozambique: origins, nature and
beginning. Journal of Easten African Studies, 2020.