Propaganda Na Politica

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PROPAGANDA NA POLÍTICA

Diana Luna Araújo Fonseca


Maria Rita Araújo Ferreira Lima
Maurílio Costa Pires
Nauanda de Almeida Amaro

Resumo
A propaganda na política revela sua importância através da história, onde se vê crucial o
uso de meios de comunicação para difundir ideologias, num mercado global pelo
convencimento. Durante a Guerra Fria, o mundo se vê bipolarizado. Um conflito
ideológico é travado entre duas grandes potências mundiais - EUA, no bloco capitalista,
e URSS, socialista. Assim, vemos uma guerra psicológica, onde o inimigo é alvo de
propaganda política difamatória. O objetivo deste estudo é analisar a propaganda na
política veiculada nos meios de comunicação e, ainda, nas formas de entretenimento, no
contexto de Guerra Fria.
Palavras-chave: Guerra fria. Propaganda. Ideologia

O poder da Propaganda na Política

No século XX, grandes mudanças ocorreram por causa da propaganda na


política, a revolução comunista e o fascismo, não seriam sequer imagináveis. Desde que
existem disputas de regimes, ou seja, desde o início do mundo, a propaganda existe e
desempenha seu papel. Políticos, estadistas e ditadores, de todos os tempos, procuraram
estimular o apego às suas pessoas e aos seus sistemas de governo. No decurso da
Segunda Guerra Mundial, a propaganda acompanhou sempre e, algumas vezes,
precedeu os exércitos. Na Espanha, as brigadas internacionais dispunham de
comissários políticos. A “Wermacht” tinha, na Rússia, "companhias de propaganda". Se
a Resistência francesa não houvesse compreendido obscuramente a grande importância
do esforço para imprimir e difundir folhetos e volantes de conteúdo frequentemente
pequeno, jamais teria sacrificado milhares de homens e dos melhores. Sem embargo do
armistício, a propaganda não cessou. Ela fez mais para a conversão da China ao
comunismo do que as divisões de “Mao-Tsé-Tung”. Rádio, jornal, filme, folhetos,
discursos e cartazes opõem as ideias umas às outras, refletem o fato de disputa entre si.
Hoje, a imprensa, ou a mídia, pode ser considerada não mais o quarto, mas o
primeiro poder. A publicidade e a propaganda, com suas técnicas de persuasão e
sedução, atraem nossos olhares e atenção, até que acabamos tornando-nos sujeitos
dessas manipulações. Mas o fato é que as suas técnicas não são apenas utilizadas com a
função de mercadoria, direcionada para o consumo, pelo contrário, a propaganda
sempre foi muito mais usada com função ideológica, ligada à igreja e à política, com um
discurso que evolui com agilidade e rapidez para acompanhar as mentes e os desejos da
sociedade, tentando nos enganar dizendo que estão atendendo as nossas demandas.
A manipulação da propaganda na política não é algo recente, já se utilizavam
dela através de imagens de moedas, estátuas e quadros; com a evolução dos meios de
comunicação e o surgimento da imprensa, rádio, cinema e, posteriormente, da televisão,
os governantes em geral, sempre estiveram em busca dos meios e das mensagens que
convinha para se comunicar com o povo. Hitler foi um dos que utilizaram com muita
habilidade os meios de comunicação de massa para conquistar o apoio da população.
Lenin também contava com a propaganda como uma forte aliada para manter a agitação
das massas e o apoio popular. No Brasil, quem primeiro percebeu o poder da
propaganda para manipulação ideológica da população foi Getúlio Vargas, que usou
massivamente o rádio e o cinema como os principais meios de falar ao povo, que se
tornaram grandes aliados do poder na transmissão das mensagens num país de
dimensões tão grandes como o Brasil. De lá para cá, os governos foram aprimorando e
afinando o seu discurso junto à população. Hoje o discurso mudou e o conteúdo está
cada vez mais mascarado por trás dos efeitos e das técnicas da propaganda, mas, através
dos artifícios da tecnologia, também podemos conhecer o que passa despercebido nas
entrelinhas do discurso.
A propaganda tem um enorme poder, influenciando totalmente no tomar de
decisões de todos que a consumam, de tal modo que as pessoas formem uma opinião e
uma conduta determinada. À medida em que a propaganda política vem ganhando cada
vez mais espaço nos meios de comunicação, temos que ficar atentos sobre o tipo de
informação que é passada para a população, principalmente quando ela é persuasiva e
dentro de um discurso político. O Brasil já adquiriu o conhecimento e as técnicas de
comunicação capazes de persuadir e iludir os seus cidadãos para desviar a atenção do
afastamento do Estado das suas obrigações.
Através da publicidade, que é a área que atua na venda de ideias e através do
marketing atrai seus clientes, o governo faz parte de uma engrenagem política de
observação da massa, baseado nas pesquisas de opinião pública para entender melhor
como e quem são os seus cidadãos ou eleitores, com o objetivo de conhecê-los melhor,
não para solucionar as suas demandas, mas para saber qual a melhor forma de se
comunicar com eles para se manter hegemônicos.
Entender este processo de comunicação é mais que nunca entender o poder, em
suas diversas formas. Por isso é tão importante se interessar por tudo aquilo que está por
trás do pano, muito mais no que está oculto, no não dito, no não visto, porque assim
poderemos obter muito mais informações a respeito do que vemos, do que ouvimos ou
do que achamos que sabemos.
Desta forma a propaganda é utilizada como um poderoso instrumento para a
implantação e manutenção de vários sistemas políticos, democráticos ou não, como o
regime liberal, o comunismo e o fascismo. Sendo assim o principal é que a propaganda
política seja passada por todas as camadas sociais, o que pode fazer com que se
mantenha com quem está no poder.

Propaganda Ideológica na Guerra Fria

A influência das propagandas ideológicas esteve muito presente na Guerra Fria


através dos meios de comunicação, como filmes, comerciais, personagens e programas
de rádio e televisão, com o principal intuito de divulgar suas ideologias e, assim,
destruir os oponentes e aqueles que não se alinhassem ao sistema imposto por cada
parte. Qualquer pessoa que se colocasse contra estava em risco, pois, na época, caso um
cidadão não cumprisse o que foi dito, ele era perseguido e acusado de traição e
subversão, levando à prisão, pena de morte ou perda de seus empregos. Isso ocorria pois
era mal visto por uma porcentagem da sociedade, sobretudo influenciada pelas
propagandas.
Durante a Guerra Fria, tanto Os Estados Unidos quanto a União Soviética
utilizaram propagandas como forma de manipulação. A União Soviética valorizava as
conquistas dos trabalhadores, como previsto no socialismo, visando uma sociedade
igualitária, promovendo suas propagandas com a "conquista" do espaço e dos esportes,
que serviam como argumento para divulgar o sistema socialista. Desta forma, era
possível mostrar um país igualitário e mais desenvolvido, contribuindo para a
manipulação externa do país. Em contrapartida, as propagandas anticapitalistas da
União Soviética abordavam aspectos negativos como "desigualdade social, miséria,
desemprego e decadência moral (prostituição, drogas, pornografia, etc.) do capitalismo"
para expor as fraquezas dos países capitalistas.
Os Estados Unidos evidenciavam o anticomunismo e a influência sobre eles era
claramente exposta nas propagandas, sobretudo relatando que o comunismo iria realizar
uma ditadura militar, como é possível observar no filme "O Anjo do Mal", lançado em
1953. O filme personifica a mentalidade xenofóbica dos norte-americanos da época em
relação aos países socialistas e comunistas. As pessoas que não se alinhavam
completamente às ideias capitalistas sofriam perseguições, como foi demonstrado na
Lista Negra de Hollywood, na qual roteiristas, atores, diretores, músicos e outros
artistas eram apontados como simpatizantes do comunismo ou com ligações com a
União Soviética. Por essa razão, eles foram demitidos ou ficaram sob vigilância de seus
colegas, superiores e agentes federais.

Exemplos de Propagandas

Sabemos que a Guerra Fria foi um conflito ideológico entre os Estados Unidos
capitalista e a União Soviética socialista, logo, não houve guerra real de sangue
derramado e, com isso, eles usaram as propagandas como um meio de atingirem um ao
outro. Usaram propagandas como cartazes de rua, folhetos, revistas, jornais, programas
de rádio e TV, filmes, desenho animados, livros didáticos, histórias em quadrinhos e
discursos políticos.
As propagandas anticomunistas exaltavam a liberdade de expressão, a
facilidade de consumo e de enriquecimento que o capitalismo poderia proporcionar,
também tentavam mostrar que o comunismo não teria liberdade e que queria controlar
tudo.
Um exemplo de história em quadrinhos anticomunista é "Este é o amanhã
América: sob o comunismo!" editora Guilda Catecética, Minnesota, EUA, 1947.
Outro exemplo é "capitão América desafia hordas comunistas" da HQ "Captain
America" de 1954.

As propagandas anticapitalistas queriam mostrar a desigualdade social, a


miséria, o desemprego e a decadência moral, alguns cartazes usados como propagandas
foram "Vergonha americana" de 1964 e "Se isso é liberdade, o que é prisão?" de 1968.
A propaganda Norte-americana no Universo Cinematográfico

O cinema é a ferramenta mais eficaz para a sutil disseminação da ideologia


capitalista. Ao analisarmos obras norte-americanas produzidas ainda no contexto da
Guerra Fria, podemos perceber uma grande modalidade de filmes de espionagem, com
um clima antissoviético, e filmes de ficção científica, que refletiam a inquietação norte-
americana pela Guerra Nuclear e as Corridas Armamentista e Espacial.
Como exemplo, temos Moscou Contra 007, filme de 1967, onde James Bond,
agente britânico, precisa desfazer uma organização soviética que quer implantar um
poderio global. A obra usa a ficção para trazer sua narrativa perante a Guerra Fria.
Ainda, não podemos esquecer do clássico filme Top Gun (1986) que retrata a evolução
de dois jovens nas fileiras da Marinha americana e é, basicamente, uma propaganda
militar. Com total contribuição das forças armadas, até mesmo em "sugestões de
roteiro".
Vindo para os anos 2000, podemos ressaltar O Túnel, filme de 2001, onde o
protagonista, Harry Melchior, está insatisfeito com o regime socialista na Alemanha
oriental e foge para o lado ocidental, posteriormente buscando sua irmã através de um
túnel construído sob o muro de Berlim. A obra é uma clara promoção ao capitalismo.
A Marvel sempre esteve a serviço da propagação política estadunidense. Os
quadrinhos vêm como uma forma de “desenhar opiniões”, adentrando às camadas da
sociedade em forma de entretenimento. Personagens como Nick Fury, com sua primeira
aparição em 1963, é o exemplo de bravura militar norte-americana. Além do clássico
Homem de Ferro, um típico bilionário enriquecido através da indústria bélica e
autoproclamado defensor da justiça, o que é, no mínimo, contraditório. Como alusão à
Corrida Espacial, podemos citar os gibis do Quarteto Fantástico, onde o principal
inimigo deles era o Doutor Destino, que governava, com mãos de ferro, um país do
Leste Europeu. Toda semelhança não é mera coincidência. Além de um personagem,
chamado nos quadrinhos de Cosmo, que representa o cachorro que morreu ao ser
enviado para uma missão espacial pela União Soviética. Os EUA sensacionaliza o
ocorrido como forma de propaganda contra o seu inimigo.
As produções cinematográficas mais recentes ainda possuem sutis mecanismos
ideológicos, como na quarta temporada de Stranger Things, que se passa no auge da
Guerra Fria, onde retratam a União Soviética como vilã no mundo perfeito do
capitalismo e, ainda, colocam os russos de forma caricata e demonizada – brutos, frios,
movidos pelo dinheiro.

Conclusão

Neste artigo, vimos a influência da propaganda para a política e como ela atua de
maneira crucial em conflitos ideológicos. Tomamos como principal exemplo a Guerra
Fria e analisamos as propagandas voltadas ao ataque à ideologia contrária da potência
que a promoveu. Trouxemos análises do cinema norte-americano, visando a vitória
capitalista e sua influência em obras atuais.
Assim, concluímos que os meios de comunicação e entretenimento, quando utilizados
para propagar ideologias, atuam tal qual armas. Trazendo a análise final de que a
propaganda é uma importante ferramenta para a política.

Referências

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