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Revista Pensar a Prática | ISSN: 1980-6183 DOI 10.5216/rpp.v24.

65166

A dança e seus significados na


comunidade Quilombola Kalunga em
Goiás/Brasil

Dance and its meanings in the Kalunga Quilombola


community in Goiás / Brazil

La danza y sus significados en la comunidad Kalunga


Quilombola en Goiás / Brasil

Rosirene Campêlo dos Santos


Universidade Estadual de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil.
E-mail: [email protected]

Reigler Siqueira Pedroza


Universidade Estadual de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil.
e-mail: [email protected]

Dulce Maria Filgueira de Almeida


Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
E-mail: [email protected]

Resumo: Este estudo busca analisar os processos de transição que vêm


ocorrendo na vida cotidiana da comunidade Kalunga em relação à per-
cepção das danças entre as gerações de idosos e jovens. Foi realizada
uma pesquisa etnográfica utilizando entrevistas e observação direta na
comunidade. A interpretação ocorreu com base em autores que discu-
tem o tema no campo das ciências sociais no diálogo com a educação
física. Como conclusão, podemos afirmar que os corpos se entrelaçam
nas festas e danças e promovem diálogos de dança estabelecidos en-
tre gerações. O sistema ritual, constituído por festas e danças, revela os
sentidos e significados das danças como uma estratégia de resistência
cultural, permitindo a reconstrução do passado e a ressignificação do
presente desse grupo social.

Palavras-chave: Dança. Festa. Grupos Étnicos.

Revista Pensar a Prática. 2021, v.24:e65166


Revista Pensar a Prática | ISSN: 1980-6183 DOI 10.5216/rpp.v24.65166

Abstract: This study seeks to analyze the transition processes that have
been occurring in the daily life of the Kalunga community in relation to
the perception of dances among the elderly and young generations.
An ethnographic research was carried out using interviews and direct
observation in the community. The interpretation occurred based
on authors who discuss the topic in the field of social sciences in the
dialogue with physical education. As a conclusion, we can say that the
bodies are intertwined in parties and dances and promote dance dialogs
established between generations. The ritual system reveals the senses
and meanings of the dances as a strategy of cultural resistance, allowing
the reconstruction of the past and the re-signification of the present of
this social group.

Keywords: Dancing. Party. Ethnic Groups.

Resumen: Este estudio busca analizar los procesos de transición


que se vienen dando en la vida diaria de la comunidad Kalunga en
relación a la percepción de los bailes entre las generaciones mayores y
jóvenes. Se realizó una investigación etnográfica mediante entrevistas
y observación directa en la comunidad. La interpretación se dio a partir
de autores que discuten el tema en el campo de las ciencias sociales en
el diálogo con la educación física. Como conclusión, podemos decir que
los cuerpos se entrelazan en fiestas y bailes y promueven los diálogos
de danza establecidos entre generaciones. El sistema ritual revela los
sentidos y significados de las danzas como estrategia de resistencia
cultural, permitiendo la reconstrucción del pasado y la resignificación
del presente.

Palabras-clave: Baile. Partido. Grupos Étnicos.

Submetido em: 25-08-2020


Aceito em: 26-04-2021

Revista Pensar a Prática. 2021, v.24:e65166


A dança e seus significados na comunidade Quilombola Kalunga em Goiás/Brasil
Rosirene Campêlo dos Santos • Reigler Siqueira Pedroza • Dulce Maria Filgueira de Almeida

Introdução

Para se iniciar no modus vivendi das comunidades negras e em


seu estar no mundo, há que conhecer-lhes as festas, observar
o conteúdo musical entoado nos rituais, os gestos dos corpos
dançantes, as vestes, instrumentos utilizados, a religiosidade, os
costumes. Precisa-se fazer análise diacrônica dos elementos de
sua cultura, como se comportam e transpõem o tempo, e.g. a
superstição religiosa africana ao catolicismo e como isto se deu
no pretérito; detectar as re-significações. Em análise sincrônica
verificar-se-á como as festas se organizam os constitutivos, a re-
lação cenário/ atores/regras e símbolos movem as recorrências
(MOURA, 2004, p. 94).

Sinônimo de regozijo, divertimento, distração, por vezes até de


desordem, as festas atravessam distintos contextos sociais e cultu-
rais. Sociologicamente, constituem-se em uma forma de propiciar
e reforçar laços de sociabilidade entre indivíduos em suas relações
cotidianas. São uma forma de celebração, portanto. Por meio da
festa, os atores sociais constroem, significam e ressignificam seus
papéis sociais, podendo ser de natureza profana, sagrada ou hí-
brida (na qual há uma ambivalência entre esses dois elementos),
isto é, quando envolve tanto aspectos sagrados quanto profanos,
a depender do tipo de ritual a ela associado. Para nós, em sua con-
formação, a festa ocorre por meio de ritos, constituindo um pro-
cesso ritual marcado por práticas corporais revestidas de técnicas
do corpo, que são tradicionais e eficazes (MAUSS, 2003).
No que diz respeito à especificidade das festas religiosas cris-
tãs, Petruski (2011) aponta para a existência de duas categorias
básicas. Primeiramente, as solenidades coletivas que são privilé-
gio de fato da Igreja, por dependerem da condução eclesiástica.
Segundo, as comemorações que, embora sejam regidas por uma
moral e fé cristã, são realizadas nas ruas, praças e até em proprie-
dades particulares, por pessoas e grupos que não estão necessa-
riamente e/ou diretamente relacionadas com o poder da Igreja.

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Ao considerar a força com que o catolicismo age no calendário


e vida social brasileira, podemos encontrar nas culturas populares
muitos exemplos que se encontram situados na segunda categoria
apontada por Petruski (2011), tais como o Congado, as Romarias,
Folias de Reis, Santos e do Divino Espírito Santo. Acontecimentos
que, entre outras instâncias, forjam o catolicismo popular brasilei-
ro e que são construídos conforme suas singulares, consoante a
um processo ritual, com base em práticas corporais que se perfor-
matizam em romarias, cantorias, procissões, rezas e danças.
No contexto do povo Kalunga, pesquisadores como Silva
Junior (2008) e Siqueira (2006) apontam a existência de festas que
fazem referência a São João, Nossa Senhora das Neves, Nossa
Senhora d´Abadia, Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora
Aparecida, São Sebastião, São Gonçalo, Santos Reis e Divino
Espírito. Na abordagem de Siqueira (2006), essas festas podem ser
percebidas do ponto de vista da performance como algo agencia-
do por atores sociais que vivem o encontro como forma de reno-
var alianças e reciprocidades, de fortalecer a fé, de fazer pedidos
de bênçãos e de namorar, rememorar, dançar e brincar.
Consoante a essa compreensão, o presente artigo tem por ob-
jetivo interpretar o significado da dança em uma festa religiosa,
denominada de “festa de São Sebastião”, em uma comunidade de
afro descentes, reconhecidos legalmente como quilombolas, da
ramificação Kalunga1. Essa população habita na zona rural, dentro
dos limites territoriais do município de Teresina de Goiás, no esta-
do de Goiás, situado na região Centro-Oeste do Brasil.
A dança e a festa de São Sebastião serão aqui interpretadas
com base em informações obtidas em campo, em que se procu-
rou realizar um exercício etnográfico. Portanto, as observações de
campo constituem parte substantiva da interpretação dada à des-
crição densa. Para a construção da análise, autores das Ciências
Sociais e do campo da Educação Física serão tratados de modo
a propiciar a melhor apropriação do fenômeno que se investi-

1 Nome atribuído a descendentes de escravos fugidos, que habitam regiões de antigos quilombos na região central do Brasil,
no caso em tela, no Estado de Goiás (cf. notas de campo, 2011).

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ga, a saber: o significado da festa religiosa de São Sebastião na


Comunidade Quilombola kalunga.
Com a preocupação de que a curiosidade e o interesse an-
tropológico não nos façam incorrer no risco, sempre eminente,
da exotização, mas, sim, na potência de compreender a plurali-
dade das identidades negras brasileiras, lança-se o olhar para os
Kalunga na busca de interpretar o processo pelo qual diferentes
contornos do agir, no contexto da festa religiosa, se constituem
em marcas de suas identidades que se constroem a partir de dis-
tintos papéis sociais.

Metodologia

Pesquisar é, sobretudo, apropriar-se de diferentes conceitos


e metodologias, em um processo devidamente delineado quan-
to ao foco de investigação, para conhecer o que ainda não se co-
nhece ou conhecer, diferentemente, um objeto, fato ou fenômeno
social que outros pesquisaram, mas dentro de outro paradigma
ou enfoque metodológico. Nesse caso, a pesquisa é de natureza
qualitativa, já que, para estudar os processos rituais nas festas e,
consequentemente, as danças da comunidade quilombola, fez-se
necessário analisar as relações que perpassam os sentidos e os
significados atribuídos pelos atores sociais nessa manifestação.
Dessa maneira, para a concepção da pesquisa, lançou-se mão
dos seguintes artefatos: diário de campo, observações, entrevis-
tas, conversas informais, fotografias e vídeos. Esses recursos ofe-
receram as condições necessárias à aproximação com a realidade
social da comunidade Kalunga, como também uma interpretação
da relação sentido-significado, tal qual Cardoso de Oliveira (1998)
propõe em seu texto - Ver, ouvir e escrever. Nele, o autor reconhece
que o trabalho do pesquisador – no seu caso, do antropólogo – en-
volve a interpretação do sentido em significado, posto que as falas,
os gestos, enfim, a dança entre os Kalunga produz e recria uma
educação do corpo, que se reveste de aspectos simbólicos.

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O delineamento da pesquisa foi etnográfico, tendo como lócus


a Comunidade Quilombola Kalunga, em especial os grupamen-
tos situados no município de Teresina de Goiás, no estado de
Goiás, que se autonomeiam Ema, Ribeirão e Limoeiro, visto
que o território da comunidade se estende até os municípios
de Cavalcante e Monte Alegre. Referente às técnicas utilizadas
na investigação, por se tratar de uma pesquisa etnográfica, a
observação direta foi a principal forma de obtenção de dados.
Para a análise, foi realizada descrição densa das informações,
com base nos registros do diário de campo.

Resultados e discussão

Para compreender o cenário das danças na comunidade


Kalunga, se faz necessária a compreensão do processo ritual que
envolve toda a festa, pois somente é possível analisar seus senti-
dos e significados imersos no contexto das festas. Nesse sentido,
iremos enfatizar a folia de São Sebastião, uma importante festa do
povo Kalunga.
A Folia de São Sebastião é marcada por rituais específicos
de abertura e encerramento, que têm início e término em uma
data específica e local próprio. No caso da Folia de São Sebastião,
que acompanhamos junto à comunidade quilombola Kalunga de
Teresina de Goiás, a festa se iniciou no dia 15 de outubro e termi-
nou no dia 20 daquele mês.
Na composição do grupo de foliões que comandam a Folia de
São Sebastião, somente aos homens é permitida a participação,
sendo esta composta de dez homens que saem a cavalo para rea-
lizar o giro da Folia, visitando as casas adjacentes. Em cada casa,
reza-se e canta com a família; geralmente, a família oferece alguns
donativos para a festa ou alguma contribuição em dinheiro, tam-
bém são oferecidos café e bolo aos foliões. A chegada dos foliões
nas casas durante o giro é vista com muita satisfação e alegria por
todos e trata-se de um motivo de agradecimento ao santo devoto.

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São Sebastião é um santo de devoção da comunidade Kalunga,


mas também é conhecido em todo Brasil, sendo padroeiro de vá-
rias paróquias e comunidades. Em sua imagem, a figura do santo
aparece amarrado a um tronco, tendo sido atingido ao longo de
todo o seu corpo por flechas. Historicamente, São Sebastião é re-
conhecido por sua bravura e pela incansável proteção aos cristãos
perseguidos. Sua sina para se tornar santo ocorreu quando ele
passa os postulados do cristianismo, mesmo tendo recebido pro-
messas de honrarias e riquezas caso renegasse a Jesus Cristo, o
que não ocorreu. Então, foi morto por um grupo de soldados, que
o amarraram a uma árvore e desfiaram contra ele flechadas. No
entanto, apesar de todo o sacrifício, São Sebastião foi encontrado
vivo, tornando-se o santo protetor contra a fome, a perseguição e
a peste.
O povo Kalunga acredita que a realização da folia é uma forma
de agradecer e de receber as bênçãos para os momentos difíceis
vividos por aquele grupo social. Eles acreditam também que o san-
to lhes concederá graças, bênçãos, curas e interseção junto a Deus
e garantirá fartura à mesa. Desse modo, a festa de São Sebastião
tem como significado precípuo os agradecimentos e os pedidos
de proteção, situando-se, nesse âmbito, no universo do sagrado,
ainda que carregue consigo a natureza do regozijo da folia, o que
a investiria de qualidades profanatórias.
Vale ressaltar que o entendimento de sagrado passa por for-
mulações limítrofes entre as ciências das religiões e a sociologia.
Autores como Durkheim, Hubert e Mauss, Roger Callois e Mircea
Eliade tratam da experiência do sagrado em órbitas distintas. Em
relação ao sagrado, Durkheim (2003, p. 342) enfatiza que “o res-
peito que temos por um ser sagrado transmite-se, pois, a tudo o
que tem contato com esse ser, a tudo o que se parece com ele e
faz lembrá-lo”.
Assim, conforme Durkheim (2003, p. 24):

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As coisas sagradas são aquelas que as proibições protegem


e isolam; as coisas profanas, aquelas a que se aplicam essas
proibições protegem e que devem permanecer à distancia
das primeiras. As crenças religiosas são representações que
exprimem a natureza das coisas sagradas e as relações que
elas mantêm, seja entre si, seja com as coisas profanas. Enfim
os ritos são regras de conduta que prescrevem como o homem
deve comportar-se com as coisas sagradas.

Não obstante, assim como para Hubert e Mauss (2003), para


Durkheim, as relações com o sagrado são estabelecidas por meio
do interdito, no entanto, para esses dois últimos autores, o sa-
grado, além de se reportar ao interdito, é mediado pelo sacrifício,
avançando, portanto, esses dois autores em relação ao pensa-
mento de Durkheim.
A esse respeito, Hertz (1970, p. 106), em um texto clássico que
trata da polaridade religiosa, com base na preeminência da mão
direita sobre a esquerda, ressalta, entre outros aspectos, que: “O
universo inteiro está dividido em duas esferas contrastantes: coi-
sas, seres e poderes atraem e se repelem mutuamente, incluem
ou se excluem mutuamente, dependendo do fato de gravitarem
em direção a um ou outro dos polos”. O fio condutor do pensa-
mento do autor é o de que a polaridade social é um reflexo, uma
espécie de consequência da polaridade religiosa. Sendo assim, to-
das as oposições exibidas pela natureza partem desse dualismo
fundamental.
Nesses termos, podemos operar com a compreensão de que
o sagrado é tudo aquilo que se reveste por um interdito, porém é
dotado de uma força ativa que o contrapõe ao profano. Contudo,
apesar de possuir uma relação de subordinação com o sagrado, o
profano em troca se constitui por uma potência que dessacraliza,
sendo, por assim dizer, profanadora (BASTIDE, 1975). Há entre sa-
grado e profano uma profunda dialética no sentido de alimenta-
ção e retroalimentação, tal qual a necessidade do alimento para o
ser humano.

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Especificamente nessa retroalimentação entre sagrado e pro-


fano, a festa de São Sebastião entre os Kalunga apresenta algumas
peculiaridades que merecem destaque. O primeiro aspecto do evi-
dente é que a festa começa a ser preparada muito antes do dia 20
de outubro. O começo de sua preparação se dá desde o momento
em que alguém da comunidade se prontifica a promover a folia,
seja por uma graça alcançada, como, por exemplo, a cura de uma
doença.
A folia será aqui entendida como um ritual, que, no dizer de
Peirano (2003, p.40), é:

(...) é uma forma de ação, sobretudo maleável e criativa que, com


conteúdos diversos, é utilizada para várias finalidades. O ritual
- agora definido etnograficamente, isto é, em termos nativos -
tornou-se um fenômeno interessante para análise justamente
porque, no longo processo de reflexão sobre suas característi-
cas intrínsecas, reconheceu-se que ele tem o poder de ampliar,
iluminar e realçar uma série de idéias e valores que, de outra
forma, seriam difíceis de discernir.

Como um ritual que ocorre em processo, cujo fim é ampliar,


iluminar e reforçar ideias e valores da comunidade, um pouco an-
tes do dia da festa propriamente dita, a casa que receberá os fo-
liões e os festeiros é ornamentada com balões coloridos, coloca-se
som mecânico, bandeirinhas etc. À sua frente, uma cruz é posta e
adornada com balões e velas e, além da cruz, um arco também re-
cebe os mesmos adereços. Há, simultaneamente, a preparação do
interior da casa. Nela, é colocado um pequeno altar, que contém
imagens dos santos devotos e, notadamente, a imagem do santo
padroeiro – São Sebastião. Toda essa ornamentação e os prepara-
tivos da festa são de responsabilidade daqueles que receberão a
folia (os foliões) em pouso, com maior ressonância ao papel social
ocupado pelas mulheres da comunidade.
Os foliões chegam à casa após uma longa caminhada a cavalo.
Logo à frente está o Alferes, que é o guardião da bandeira/estan-

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darte da folia. Porto (1982, p. 19) afirma que a função do Alferes


é “(...) carregar respeitosamente a Bandeira, a apresentando-a ao
chefe da casa onde a folia acaba de chegar, e receber os donativos
oferecidos pela família”. Cabe também ao Alferes ser o guardião
dos ritos da folia, determinando quando e de que forma as ações
performáticas ocorrerão, além de resguardar o cumprimento das
regras pelos foliões.
Antes de entrarem, iniciam uma espécie de vigília, com cantos
e rezas, por mais ou menos uma hora, performance esta deno-
minada de “entrega da folia”. Nesse momento do processo ritual,
apenas os homens – foliões – participam, abrindo-se uma exceção
para a “encarregada” da folia, que, nesse ano, foi Dona Irene. Os
demais participantes da festa acompanhavam atentos a realização
da entrega da folia, apreciando e valorando a realização do rito
pelos foliões. Enquanto isso, as mulheres da comunidade estavam
na cozinha realizando os últimos preparativos para a festa, que in-
cluíam comida e bebida para serem servidas durante toda a noite.
É importante destacar nessa passagem a clara distinção de
papéis sociais e de gênero. Na folia, homens e mulheres ocupam
espaços diferenciados, o que nos faz recordar do estabelecimento
do interdito às mulheres que, por exemplo, em determinadas cul-
turas, são proibidas de tocar no alimento em certos períodos, so-
bretudo, quando menstruadas. Parafraseando Porto (1982, p. 50),
“de modo geral, não se admite a presença de mulher, numa fo-
lia. Abrem-se exceções para o caso de promessas, quando então,
a mulher é admitida como acompanhante, sem direito a cantar,
nem tocar instrumento”. Nesse caso, parece evidenciar-se uma re-
lação de ambivalência entre sagrado e profano, em que são esta-
belecidas relações de atração e repúdio. No caso em tela, o fato de
apenas os homens cavalgarem e serem reconhecidos na comuni-
dade como os foliões ajuda a legitimar a evidência do papel social
que ocupam.
No decorrer da festa, foi possível observar a divisão das ati-
vidades, envolvimento e participação entre homens e mulheres,
ficando claro o papel social a ser desenvolvido por cada um nos

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diferentes momentos e rituais que compõem a festa. A participa-


ção das mulheres na festa de São Sebastião pode ser observada
nos seguintes momentos: o primeiro deles é no preparo dos ali-
mentos para o jantar, que é servido depois da chegada dos foliões.
No decorrer do dia, especificamente ao entardecer, as mulheres
da comunidade se reúnem na cozinha para o preparo do jantar,
ficando a dona da casa responsável pelo direcionamento das tare-
fas a serem feitas. Como é uma festa de grande porte e que tem
participação de pessoas das comunidades vizinhas, faz-se bastan-
te comida. Geralmente, improvisam vários fogões a lenha, para
agilizar o preparo dos diversos alimentos. Nessa oportunidade, as
mulheres conversam, contam piadas e relembram outros momen-
tos festivos, sendo um espaço de sociabilidade.
Na continuidade do processo ritual, após a chegada e a vigília,
os foliões se aproximam da casa cantando, param em frente da
cruz e rezam. Nesse momento, soltam-se vários fogos de artifício,
o que ajuda a iluminar a noite escura e anuncia um momento de
culminância. Os foliões seguem em direção à casa e ao altar, e o
rito determina que todos passem por debaixo do arco enfeitado.
A partir do instante em que os foliões atravessam o arco, toda a
comunidade se aproxima e passa a acompanhar a procissão dos
foliões. Os foliões seguem sempre à frente ditando o ritmo dos
atos performáticos.
A entrada na casa também se constitui como um lugar im-
portante do processo ritual. Naquela ocasião, por ser a casa de
encerramento da folia, a esta se atribui um aspecto de sagrado,
sobretudo porque na frente da sala está disposto o altar cuidado-
samente preparado para a folia. Sendo assim, todos os foliões, ao
entrarem, fazem reverência ao altar e iniciam os cantos e benditos
de agradecimentos. Dona Irene, a dona da folia, e sua neta, que
recebeu a graça, ajoelham-se em frente ao altar e permanecem
até o fim dos agradecimentos. Notou-se na circunstância que a re-
verência era feita com o sinal da cruz, utilizando-se da mão direita,
similar à tradição católica.

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Mais uma vez, Hertz (1970) nos ajuda a entender o momento


de reverenciar com a mão direita, assim como todo aquele sinal
de agradecimento por algo recebido, dá-se com o movimento de
estender a mão direita, ou mesmo o fato de todos os foliões retira-
rem da cabeça o chapéu, movimento também realizado pela mão
direita, como símbolo de respeito ao ambiente que se adentra e
ao espaço sagrado que foi constituído como cenário na casa de
Dona Irene. Segundo ele, como na devoção, o homem busca se co-
municar com os poderes sagrados, as técnicas que ele irá utilizar
para conseguir essa comunicação devem ser as mais apropriadas
possíveis, assim, apenas a mão direita é a que está apta para rea-
lizar esse movimento, já que, sendo considerada sagrada, facilita a
comunicação com o divino. Por essa razão, as oferendas sagradas
são ofertadas com a mão direita; é à direita que concede a bên-
ção do “Deus te abençoe meu filho(a)”; todos os movimentos do
padre no âmbito do ritual da missa católica são realizados com a
mão direita, enfim, em diferentes culturas, (...) o movimento e po-
sição contrários, em circunstâncias similares, seriam sacrilégios”
(HERTZ, 1970, p. 116).
Depois desse momento de agradecimento e de devoção, ini-
cia-se o jantar. Primeiramente, os foliões são convidados a se ser-
virem, logo em seguida toda a comunidade é convidada. O jan-
tar termina com a reza do bendito da mesa. Nessa reza, os foliões
agradecem pelos alimentos que ali foram servidos e deixam no
centro da mesa apenas um garfo sobre uma colher em forma de
X. Ao consultarmos sobre a representação simbólica do garfo e da
colher, nos foi dito que esse cruzamento representa a origem do
mundo, o momento em que Deus criou o homem e a mulher. Nos
diz com propriedade Hertz:
Como pode o corpo do homem, o microcosmo, escapar da lei
da polaridade que governa tudo? A sociedade e todo o univer-
so têm um lado que é sagrado, nobre e precioso e outro que é
profano e comum: um lado masculino, forte e ativo, e outro fe-
minino, fraco e passivo; ou, em outras palavras, um lado direito
e um lado esquerdo (1970, p. 108).

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Vale ainda mencionar que todos os cantos foram acompanha-


dos com a movimentação dos foliões em torno da mesa e mais
uma vez somente a Dona Irene pôde participar junto com os fo-
liões. Por ser a encarregada da folia, gozou da autorização para
participar de atos performáticos da folia, visto que esse espaço
tende a se restringir ao universo dos homens. Verifica-se que, em
todos os momentos da festa, os rituais são seriamente respeita-
dos pelos atores sociais, inclusive pelas pessoas de outras comu-
nidades que vieram como convidadas.
Sobrevindo esse momento, na sala em frente ao altar, as mu-
lheres começam a se reunir e iniciam a reza do terço, com cantos,
benditos e ladainhas a São Sebastião e a outros Santos de devo-
ção da comunidade. Nessa ocasião, são poucos os homens pre-
sentes. Alguns estão lá fora conversando e os outros, como Seu
Antônio, estão preparando o mastro para ser levantado. Ao final
das orações, a comunidade sai em procissão em direção ao lugar
onde o mastro será erguido. Ao lado desse lugar é preparada uma
fogueira.
Seu Antônio e uma senhora vão à frente da procissão levan-
do a bandeira/estandarte com a imagem do santo homenagea-
do. Rezando e cantando, a procissão gira três vezes ao redor do
mastro antes de ser erguido, as demais pessoas da comunidade
acompanham com uma vela artesanal feita de cera da abelha ira-
tim. Esse momento é mágico e fascinante de se ver. Todos param,
e Seu Antônio, juntamente com alguns homens, coloca a bandeira/
estandarte na ponta do mastro, que é erguido. Soltam-se muitos
fogos de artifício. Esse momento de fincada do mastro correspon-
de ao ápice da festa, aqui se estabelece um momento de limina-
ridade entre o sagrado e o profano, visto que após o mastro er-
guido começam as danças profanas e cessam as rezas e cantorias
religiosas.
Segundo Moura (2004, p.95):

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As práticas religiosas, inseparáveis das festas, revelam a dinâmi-


ca cultural das comunidades negras rurais. O ritualismo aparece
como modo das comunidades apresentarem a si sua cíclica or-
ganização social. Pelas constantes que se repetem, percebe-se a
estrutura que articula celebrações a festividades. Quanto mais
incidentes, mais perceptivelmente semelhantes.

Pode-se dizer que os rituais presentes na Folia de São Sebastião


possuem “teias de significados”, que, segundo Geertz (2008), aju-
dam a revelar a cultura do grupo social por meio das práticas tra-
dicionais e dos costumes.
Além disso, pode-se interpretar a forma de conduzir a bandei-
ra/estandarte por parte do Alferes como uma prática corporal que
se reveste por um conjunto de técnicas. Nas palavras de Mauss:
“Não há técnica e tampouco transmissão se não há tradição. É nis-
so que o homem se distingue sobretudo dos animais: pela trans-
missão de suas técnicas e muito provavelmente por sua transmis-
são oral” (2003, p. 407).
Na sequência da colocação do mastro, a primeira prática cor-
poral que dá ensejo ao momento não religioso é a dança sussa.
A sussa é uma dança típica da comunidade Kalunga, em que ape-
nas as mulheres ocupam o papel de centralidade. Elas dançam no
meio da roda, enquanto os homens cantam e tocam os instrumen-
tos. Aqui, nota-se, mais uma vez, a ambivalência do processo ritual,
pois, no momento que se inicia a dança, considerado o momento
profano da folia, as mulheres passam a ocupar a cena, sendo delas
a performance. Parafraseando Almeida e Suassuna (2010, p.59),
as histórias e as relações sociais que constituem o grupo são revi-
vidas durante as danças e, enquanto dançam, as pessoas tomam
seus lugares na sociedade, revelando as identidades dos corpos e
mecanismos de resistência ou aceitação de novos padrões cultu-
rais. A sussa, por seu turno, representa a manutenção da tradição
cultural do grupo dos Kalunga de Teresina de Goiás; por meio dela,
a memória desse grupo social é mantida e transmitida como uma
técnica corporal tradicional e eficaz (MAUSS, 2003).

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Outro aspecto a ser destacado é que durante a sussa se ofer-


ta aos presentes bebida alcóolica, no caso, o vinho, finalizando o
rito de levantamento do mastro. A partir desse instante, a música
mecânica surge e todos os presentes se interagem, socializam e
começam a dançar. Na sequência da sussa, dançada apenas pelas
mulheres mais velhas da comunidade, todos os demais começam
a dançar o forró. Daí, os processos de interação e as redes de so-
ciabilidade se materializam de diferentes formas, tanto conheci-
dos quanto desconhecidos dançam entre si, mulheres dançam en-
tre si, jovens e velhos, enfim; trata-se do momento de reforçar os
laços comunitários e de socialização.
Ao observar a participação das mulheres na festa de São
Sebastião, conclui-se que esta não se difere da maioria dos pa-
péis socialmente atribuídos às mulheres que vivem em comuni-
dades tradicionais ou na zona rural. De acordo com as pesquisas
de Chaves (2003), Porto (1982) e Gonçalves (2010), além das ob-
servações realizadas da participação das mulheres na folia de São
Sebastião, podemos inferir que as próprias mulheres “já aceita-
ram” sua condição, que é de ficar quase “invisível”, mas presente
ao mesmo tempo. Porém, se de um lado, é função dos homens
desempenharem os principais papéis no decorrer da folia, seria
impossível a sua realização sem o envolvimento das mulheres e
de seu trabalho nos bastidores, pois são elas que, além de prepa-
rarem os alimentos, decoram, ornamentam e constroem os cená-
rios que servirão como local para receber a folia. Desse modo, a
organização do altar, a disposição das imagens dos Santos e a pró-
pria reza do terço, as ladainhas e os benditos são atribuições das
mulheres, daí não se pode falar que elas ocupem um papel social
secundário, porém o seu papel se constitui como algo distinto do
dos homens.
Por seu turno, os jovens estão presentes na folia de modo sig-
nificativo, isto é, eles participam no momento do festejo final, con-
tudo a maioria deles não se envolve com o processo ritual em si,
apenas observa e, no final, participa do momento de socialização
por meio da dança. Nesse ponto, a dança apresenta um valor sim-

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bólico relevante, pois ela é responsável pelo momento de unida-


de do grupo. Todos participam da dança, independentemente da
idade, sexo ou habilidade para dançar. Ela representa, portanto,
o instante da integração social, por meio do congraçamento e, de
uma forma ou de outra, contribui para a manutenção dos costu-
mes e das tradições no âmbito da folia de São Sebastião.

Conclusão
De modo geral, evidenciou-se que a festa de São Sebastião
apresenta dois momentos ambivalentes. O primeiro, em que dele
participam, sobretudo, os homens, corresponde à ocasião dedica-
da ao sagrado, à religiosidade, aos cantos, à reza do terço, às ladai-
nhas, aos benditos, à procissão em volta do mastro, à devoção, ao
momento de louvar e agradecer pelas bênçãos e graças recebidas,
como também de se renovar os pedidos. O segundo momento
constitui-se pela dedicação ao profano, em que começa a dança,
passando a festa a ser um acontecimento social, de regozijo, de
divertimento, de ludicidade, de troca e interação social.
Portanto, a folia de São Sebastião atende, como outras ma-
nifestações da cultura corporal humana, a uma ambivalência,
uma hibridez, pois, para além dos momentos de descontração e
divertimento, é também o local da religiosidade, da devoção, do
agradecimento e não somente da graça recebida, mas da colhei-
ta bem-sucedida, da chuva que caiu na medida certa, da saúde
para plantar e colher. Nessa relação de ambivalência, as danças
apresentam um significado fundamental, pois elas, tanto a sussa
quanto o forró, representam o processo de socialização, que en-
cerra o processo ritual da folia, após a fincada do mastro. A dança
representa o momento da transgressão consentida, que pode ser
compreendido como o instante em que o sagrado se torna am-
bivalente, isto é, torna-se profano. Enfim, a festa traz em si uma
conformação ambivalente entre sagrado e profano.
Por fim, os ritos que envolvem o processo ritual da Folia de
São Sebastião possuem uma multiplicidade de signos e significa-

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dos e, por meio deles, é possível compor um mosaico da vida coti-


diana da comunidade Kalunga, de Teresina de Goiás, entendendo,
sobretudo, a divisão de papéis entre homens e mulheres ou mes-
mo a forma como a comunidade se relaciona com a ambivalência
entre o sagrado e o profano no contexto da folia de São Sebastião.

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Publisher
Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Educação Física
e Dança. Publicação no Portal de Periódicos UFG. As ideias expres-
sadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não
representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da
universidade.

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