Atividade 1 - Elementos Da Narrativa

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Língua Portuguesa
Elementos da narrativa

ATIVIDADE 1

Esta atividade tem como base as sequências didáticas propostas pelo


Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO - Ampliado e
está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.

Responda às questões a seguir.

Elementos da narrativa

Disponível em: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/uma-crianca-fazendo-licao-de-casa-com-balao-na-


biblioteca_24781795.htm#query=contador%20de%20hist%C3%B3rias&position=35&from_view=search&track=sph> Acesso
em: 05, out. 22
Leia o texto a seguir para responder às perguntas.

A Escrava Isaura
Bernardo Guimarães

Capítulo 1

Era nos primeiros anos do reinado do Sr. D. Pedro II.


No fértil e opulento município de Campos de Goitacases, à margem do Paraíba, a
pouca distância da vila de Campos, havia uma linda e magnífica fazenda.
Era um edifício de harmoniosas proporções, vasto e luxuoso, situado em aprazível
vargedo ao sopé de elevadas colinas cobertas de mata em parte devastada pelo
machado do lavrador. Longe em derredor a natureza ostentava-se ainda em toda a
sua primitiva e selvática rudeza; mas por perto, em torno da deliciosa vivenda, a
mão do homem tinha convertido a bronca selva, que cobria o solo, em jardins e
pomares deleitosos, em gramais e pingues pastagens, sombreadas aqui e acolá por
gameleiras gigantescas, perobas, cedros e copaíbas, que atestavam o vigor da
antiga floresta. Quase não se via aí muro, cerca, nem valado; jardim, horta, pomar,
pastagens, e plantios circunvizinhos eram divididos por viçosas e verdejantes sebes
de bambus, piteiras, espinheiros e gravatás, que davam ao todo o aspecto do mais
aprazível e delicioso vergel.
A casa apresentava a frente às colinas. Entrava-se nela por um lindo alpendre todo
enredado de flores trepadeiras, ao qual subia-se por uma escada de cantaria de seis
a sete degraus. Os fundos eram ocupados por outros edifícios acessórios, senzalas,
pátios, currais e celeiros, por trás dos quais se estendia o jardim, a horta, e um
imenso pomar, que ia perder-se na barranca do grande rio.
[...]
A favor desse quase silêncio harmonioso da natureza ouvia-se distintamente o
arpejo de um piano casando-se a uma voz de mulher, voz melodiosa, suave,
apaixonada, e do timbre o mais puro e fresco que se pode imaginar.
[...]
Apenas terminado o canto, a moça ficou um momento a cismar com os dedos sobre
o teclado como escutando os derradeiros ecos da sua canção.
Entretanto abre-se sutilmente a cortina de cassa de uma das portas interiores, e
uma nova personagem penetra no salão. Era também uma formosa dama ainda no
viço da mocidade, bonita, bem feita e elegante. A riqueza e o primoroso esmero do
trajar, o porte altivo e senhoril, certo balanceio afetado e langoroso dos movimentos
davam-lhe esse ar pretensioso, que acompanha toda moça bonita e rica, ainda
mesmo quando está sozinha. Mas com todo esse luxo e donaire de grande senhora
nem por isso sua grande beleza deixava de ficar algum tanto eclipsada em presença
das formas puras e corretas, da nobre singeleza, e dos tão naturais e modestos
ademanes da cantora. Todavia Malvina era linda, encantadora mesmo, e posto que
vaidosa de sua formosura e alta posição, transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos
azuis toda a nativa bondade de seu coração.
Malvina aproximou-se de manso e sem ser pressentida para junto da cantora,
colocando-se por detrás dela esperou que terminasse a última cópia.
- Isaura!... disse ela pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da
cantora.
- Ah! é a senhora?! - respondeu Isaura voltando-se sobressaltada. - Não sabia que
estava aí me escutando.
- Pois que tem isso?.., continua a cantar... tens a voz tão bonita!... mas eu antes
quisera que cantasses outra coisa; por que é que você gosta tanto dessa cantiga tão
triste, que você aprendeu não sei onde?...
- Gosto dela, porque acho-a bonita e porque... ah! não devo falar...
- Fala, Isaura. Já não te disse que nada me deves esconder, e nada recear de
mim?...
- Porque me faz lembrar de minha mãe, que eu não conheci, coitada!... Mas se a
senhora não gosta dessa cantiga, não a cantarei mais.
- Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és
uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui
uma vida que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores.
Deram-te uma educação, como não tiveram muitas ricas e ilustres damas que eu
conheço. És formosa, e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias
uma só gota de sangue africano. Bem sabes quanto minha boa sogra antes de
expirar te recomendava a mim e a meu marido. Hei de respeitar sempre as
recomendações daquela santa mulher, e tu bem vês, sou mais tua amiga do que tua
senhora. Oh! não; não cabe em tua boca essa cantiga lastimosa, que tanto gostas
de cantar. - Não quero, - continuou em tom de branda repreensão, - não quero que
a cantes mais, ouviste, Isaura?... se não, fecho-te o meu piano.
- Mas, senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que uma simples escrava?
Essa educação, que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que me
servem?... são trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por
isso deixa de ser o que é: uma senzala.
- Queixas-te da tua sorte, Isaura?...
- Eu não, senhora; não tenho motivo... o que quero dizer com isto é que, apesar de
todos esses dotes e vantagens, que me atribuem, sei conhecer o meu lugar.
- Anda lá; já sei o que te amofina; a tua cantiga bem o diz. Bonita como és, não
podes deixar de ter algum namorado.
- Eu, senhora!... por quem é, não pense nisso.
- Tu mesma; pois que tem isso?... não te vexes; pois é alguma coisa do outro
mundo? Vamos já, confessa; tens um amante, e é por isso que lamentas não teres
nascido livre para poder amar aquele que te agradou, e a quem caíste em graça, não
é assim?...
- Perdoe-me, sinhá Malvina; - replicou a escrava com um cândido sorriso.
- Está muito enganada; estou tão longe de pensar nisso! - Qual longe!... não me
enganas, minha rapariguinha!... tu amas, e és mui linda e bem prendada para te
inclinares a um escravo; só se fosse um escravo, como tu és, o que duvido que haja
no mundo. Uma menina como tu, bem pode conquistar o amor de algum guapo
mocetão, e eis aí a causa da choradeira de tua canção. Mas não te aflijas, minha
Isaura; eu te protesto que amanhã mesmo terás a tua liberdade; deixa Leôncio
chegar; é uma vergonha que uma rapariga como tu se veja ainda na condição de
escrava.
- Deixe-se disso, senhora; eu não penso em amores e muito menos em liberdade; às
vezes fico triste à toa, sem motivo nenhum...
- Não importa. Sou eu quem quero que sejas livre, e hás de sê-lo.
Neste ponto a conversação foi cortada por um tropel de cavaleiros, que chegavam e
apeavam-se à porta da fazenda.
Malvina e Isaura correram à janela a ver quem eram.
GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. Disponível em: Domínio Público - Detalhe da Obra
(dominiopublico.gov.br)
QUESTÃO 1

Localize no primeiro capítulo de “A escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, os


seguintes elementos da narrativa:

a) Personagens:
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b) Espaço:
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c) Tempo:
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QUESTÃO 2

Ao ler o texto, você deve ter percebido que há palavras desconhecidas. Isso
acontece porque o texto foi publicado em 1875, e é natural que, com o tempo, a
língua sofra transformações e palavras caiam em desuso. Selecione cinco palavras
do texto que são desconhecidas para você e pesquise em um dicionário o significado
delas.

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QUESTÃO 3
A narrativa “A escrava Isaura” é contada por um narrador observador. Dentre os
trechos a seguir, assinale aquele que comprova essa afirmação:

(A) Malvina aproximou-se de manso e sem ser pressentida para junto da cantora,
colocando-se por detrás dela esperou que terminasse a última cópia.
(B) - Ah! é a senhora?!
(C) - Não sabia que estava aí me escutando.
(D) - Pois que tem isso?.., continua a cantar... tens a voz tão bonita!... mas eu
antes quisera que cantasses outra coisa; por que é que você gosta tanto dessa
cantiga tão triste, que você aprendeu não sei onde?...
QUESTÃO 4

Qual é o conflito existente na relação apresentada no enredo entre as personagens?


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QUESTÃO 5

No contexto da narrativa, Isaura é uma escrava. A abolição da escravatura no Brasil


foi decretada em 1888. Se essa narrativa fosse escrita em nossa atualidade, quais
aspectos mudariam no texto? Como poderia ser essa nova história?
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QUESTÃO 6

Reconte o trecho que você leu da história de “A escrava Isaura” pela ótica de um
narrador diferente daquele que a narra.
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QUESTÃO 7
Em um texto narrativo, o narrador observador onisciente é aquele que:

(A) participa da história que narra.


(B) não participa da história e sabe de todas as coisas, inclusive dos sentimentos
das personagens.
(C) não participa da história, opina sobre os fatos narrados e não conhece o
interior das personagens.
(D) participa da história que narra e não conhece o interior das personagens.

Autoria: Marlon Santos

Formação: Letras - Português

Componente Língua Portuguesa


Curricular:

Habilidades (EF69LP47-B) Perceber como se estrutura a narrativa


estruturantes: nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido
decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero,
da caracterização dos espaços físico e psicológico e
dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes
vozes no texto (do narrador, de personagens em
discurso direto, indireto e indireto livre), do uso de
pontuação expressiva, palavras e expressões
conotativas e processos figurativos e do uso de
recursos linguístico-gramaticais próprios de cada
gênero narrativo.
(EF67LP30-A) Criar narrativas ficcionais, tais como
contos populares, contos de mistério, narrativas de
enigma, crônicas, histórias em quadrinhos, entre
outros, que utilizem os recursos sonoros, cenários e
personagens realistas ou de fantasia.
(EF67LP30-B) Observar os elementos da estrutura
narrativa próprios ao gênero pretendido, tais como
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador.

Referências: GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender


Sempre. 6° ao 9º ano - Ensino Fundamental; Língua
Portuguesa; 4° Bimestre; Goiânia, 2022.
GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. Disponível em:
Domínio Público - Detalhe da Obra
(dominiopublico.gov.br)

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