Receptor FM 1981
Receptor FM 1981
Receptor FM 1981
Detalhes
Escrito por: Márcio Tibiriçá
A faixa de FM comercial, para quem não sabe, está situada exatamente no meio
da faixa de VHF (Very High Frequency), mais precisamente, entre os canais 6 e 7
de televisão. Na tabela 1 foi colocada a divisão por frequências da faixa de VHF,
de modo que o leitor possa visualizar melhor a distribuição dos serviços
autorizados de telecomunicações.
Deixando de lado estas considerações teóricas, que em geral não levam a nada,
mais útil é o leitor saber o que ocorre no circuito que está montando. Esta
explicação não é imprescindível a quem deseja apenas montar o circuito, mas
quem quiser entender o funcionamento deste receptor não pode pular as linhas
seguintes.
Os sinais captados pela antena conseguem atingir o sistema ressonante L1/C1,
através da capacitância parasita entre a "caneca" e o enrolamento de L1. C3 e
C2 fazem com que estes sinais cheguem à base de Tr1, quando são
efetivamente amplificados e reaplicados em L1/C1, seu ponto de origem. Neste
instante ocorre um fenômeno interessante, devido a ressonância uma faixa
muito estreita de frequência encontrará pela frente uma altíssima impedância,
sendo impedida de prosseguir adiante. As frequências que não estão em
ressonância com L1 /C1 encontrarão uma impedância tão baixa que não terão
dificuldades em atravessar o sistema. Os gráficos 1 e 2 mostram como varia a
impedância num circuito de sintonia LC paralelo, em função da frequência. Os
sinais que atravessam o circuito ressonante retornam à base de Tr1 sendo
novamente amplificados.
Este processo repete-se até que se atinja um ponto de equilíbrio, ou seja, o
ponto de máxima ampliação permitida pelo transistor. A frequência de sintonia,
que pode ser variada através de C1, fica isolada no coletor e com nível
praticamente constante, pois o elo de realimentação atua como controle
automático de ganho (CAG). O sinal presente no coletor encontra-se
devidamente selecionado, amplificado e demodulado podendo ser recolhido
para uma nova ampliação, desta vez, da sua componente de áudio. Um diodo
colocado no terminal central de L1 recolhe o sinal detectado ao mesmo tempo
em que permite a passagem de corrente contínua para alimentar o transístor. O
reator de RF, XRF1, assegura que somente a componente de áudio passe
adiante, enquanto C5 e C6 fazem o desacoplamento, ou seja, desviam para a
terra os sinais indesejáveis. R3, que é o controle de regeneração, atua na
polarização de base de Tr1, determinando o ponto de máxima ampliação. C2
controla o grau de realimentação do transistor, tornando possível encontrar-se
o ponto ideal de oscilação. Os ajustes de R3 e C2 serão esclarecidos mais
adiante.
A mensagem de áudio após atravessar XRF1, é obstruída em T1 e induzida para
o secundário. C9, R5 e Cl O fazem o acoplamento entre T1 e Cl1, enquanto R5,
que é um potenciômetro logarítmico, controla o volume. R6 e R7 formam uma
malha divisora de tensão que juntamente com R8, R9, e R10 polarizam o circuito
integrado LM741 de forma a proporcionar um alto fator de amplificação. A
impedância de saída de áudio gira em torno de 50 a 60ü de modo que não é
aconselhável a colocação de alto-falantes de baixa impedância (4 ou 8 S2),
principalmente para evitar um efeito conhecido como "POPCORN" que se
traduz como um pipocar em intervalos aleatórios. Não existe ainda uma
explicação satisfatória para este ruído, sabe-se apenas que ocorre quando
amplificadores operacionais são ligados à cargas indutivas.
Outros componentes secundários como D2, R4, C8 e C12 têm a função de filtrar
e estabilizar a tensão de alimentação do circuito, principalmente da etapa de RF
que é muito sensível à variações de tensão.
Uma observação importante deve ser feita com relação a Tr1: o protótipo foi
testado com o BC548 e o BC238, sendo que funcionou perfeitamente,
entretanto, como o controle de qualidade destes componentes é feito por
amostragem, é possível que o leitor venha a ter o azar de adquirir um transistor
com características diferentes das indicadas no manual do fabricante e o
circuito não venha a funcionar. Por esta razão, é aconselhável que se compre
pelo menos dois de cada transistor. Se, após trocar o transistor, o circuito
continuar não funcionando, então deve-se procurar a falha em outro local.
L1 é a bobina de sintonia do circuito. Ela é composta por 8 espiras, de fio n9 22
esmaltado, enroladas sobre uma fôrma de plástico com diâmetro externo igual
a 7mm. A derivação se faz na 30 espira, a contar do coletor de Trl e no interior
da fôrma deve correr um núcleo de ferrite, figuras 6d e 6e. L1 deve ser envolta
por uma caneca de blindagem de alumínio ou latão. Esta caneca é
indispensável, pois é através dela que se faz o acoplamento de antena. Se o
leitor tentar outro tipo de acoplamento, dificilmente obterá a mesma eficiência.
Se a caneca for de alumínio, o capacitor de antena (C4) deverá ser preso a ela
através de um pequeno parafuso, e se for de cobre ou latão, poderá ser soldado
diretamente. A antena nada mais é que um pedaço de fio flexível de 70 a 100
cm de comprimento, que deve permanecer perpendicular ao circuito impresso.
3°) Aumentar o valor de C2, lentamente, até que o circuito comece a oscilar
(ouve-se um chiado);
Depois da calibração não se deve mexer mais em C2. A sintonia faz-se através
de 1l e L1, e pequenos ajustes poderão ser feitos, quando necessários, em R3. A
aproximação de objetos metálicos pode provocar alteração da frequência de
sintonia, logo, uma chave de fenda metálica não serve para a operação de
calibração ou sintonia. Uma agulha de tricô ou uma vareta de plástico ou
madeira, com sua ponta adequadamente aparada, servirão perfeitamente para
esta finalidade.
O controle de volume, R5, só é necessário quando se utiliza fones na saída. Se o
receptor for utilizado com um amplificador, R5 pode ser omitido ligando-se C9
a C10 através de uma resistência de 2,2 K.
Quando a mudança de faixa for desejada, o leitor terá apenas que substituir a
bobina e refazer a calibração, repetindo os itens de 1 a 5. Se por ventura o
circuito não vier a oscilar, deve-se trocar o transistor e repetir a calibração desta
vez colocando-se apenas C2 no mínimo e mantendo-se C1a meio curso.