SARDE NETO, E. Judaismo. Curitiba, InterSaberes, 2019
SARDE NETO, E. Judaismo. Curitiba, InterSaberes, 2019
SARDE NETO, E. Judaismo. Curitiba, InterSaberes, 2019
v § S intersaberes
Conselho editorial Dr. Ivo José Both (presidente) I Dr* Elena Godoy Dr. Neri dos
Santos iDr. UlfGregorBaranow Editora-chefe Lindsay Azambuja Supervisora
editorial Ariadne Nunes Wenger \ Analista editorial Ariel Martins I Preparação
de originais Belaprosa Comunicação Corporativa e Educação Edição de
texto Olívia Lucena Arte e Texto Edição e Revisão de Textos Capaeprojeto
gráfico Sílvio Gabriel Spannenberg (design) Inspiring e Wonderful Nature/
Shutterstock (imagens) | Diagramação Débora Cristina Gipiela Kochani ]|
Equipe de design Débora Cristina Gipiela Kochani | Sílvio Gabriel Spannenberg |
Iconografia Sandra Lopis da Silveira I Regina Claudia Cruz Prestes
Bibliografia.
ISBN 978-85-227-0161-2
19-29868 CDD-296.09
1* edição, 2019.
Foi feito o depósito legal.
Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou
forma sem a prévia autorização da Editora InterSaberes.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n. 9.610/1998 e punido
• •num* U I I I U I A
pelo art. 184 do Código Penal.
SUMÁRIO
8 | Apresentação
11 | Como aproveitarão máximo este livro
APRESENTAÇÃO
1 Para referir-se ao Criador, em alguns momentos optamos pela abreviação judaica D-us, tendo
em vista o fato de a tradição hebraica não utilizar na transliteração o modo convencional.
l 0
2 As palavras marcadas com asterisco indicam palavras ou expressões que têm suas definições
e demais esclarecimentos no glossário, ao final da obra.
11
COMO A P R O V E I T A R AO M Á X I M O
E S T E LIVRO
SÍNTESE
Neste capitulo, abordamos a trajetória desde a I r a v J
|ordâo até a volta do exílio da Babilónia. Vimos o qu
durante a vida de |osué, que, após a morte de Mo»
liderar os israelitas na terra de Israel. Apareceram os
juízes para orientar os hebreus quando as terras de (
estavam sendo divididas e as tribos estavam mais l-
organizadas. Com o grande crescimento populacion
reis para Israel e novamente o povo pecou e idolatrou d
Síntese
As transgressões e a idolatria resultaram na desa
casa de Davi. originando o Reino de Israel (Norte), Ao final de cada capítulo, relaciona-
na Samaria, e o Reino de |udi (Sul), com capital cn
O s profetas preveniram o povo, mas não foram ouv
mos as principais informações nele
invasão dos povos do Norte, quando os inimigos se s< abordadas a fim de que você avalie
e Israel se perdeu numa grande dispersão.
O Reino do Sul continuou sua existência até novam
as conclusões a que chegou, confir-
transgressões. Os profetas continuaram as pregações mando-as ou redefinindo-as.
12
A T I V I D A D E S DE A U T O A V A L I A Ç A O
: O s livros poéticos tem como exposição principal
para a vida diária. Podemos alunar que sioutiliza*
dade em varias parles do mundo e por out ras cultur
Sobre isso. analise as afirmações a seguir.
O s Salmos foram escritos por Davi nos moment
e alegria e lambem para acalmar o espirito de Atividades de
u m tipo de salmo para cada situação da vida c
„ O s Provérbios têm carater educativo e v i s a n autoavaliação
precaver os seres humanos de erros futuros; a\
pessoas que estudam em sua vida diária oscon Apresentamos estas questões obje-
neles contidos estarão salvas, tivas para que você verifique o grau
.ir O livro de Jó demonstra que o verdadeiro s e n
confia na providência divina tanto nos moment de assimilação dos conceitos exa-
quanto nos de angustia. minados, motivando-se a progredir
Assinale a alternativa que apresenta a resposta ct
em seus estudos.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
náo se aplicam a Ele. Nao há nada que se assemelh e práticos a fim de que você analise
I Creio com plena fé que o Criador é o primeiro e o l
criticamente determinado assunto.
I mu mm nlmi fr mir t irirnimln nnr tnmrnlr
13
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
F R I D L I K . ).. tíOROHOVITS, D. B í b l i a H e b r a i c a .
Sêfer. 2012.
A Bíblia Hebraica ê uma iraducío para o português que
os textos em hebraico. Apresenta o entendimento <
Bibliografia comentada
judeus sobre os conhecimentos bíblicos, com uma vi
ciada em algumas passagens tendo em vista ser a in
do judaísmo.
Oriente Médio
A localização geográfica do Oriente Médio compreende o sudoeste
do continente asiático e o nordeste do continente africano. Desde
a Antiguidade até os dias de hoje, a região tem sido palco de várias
disputas territoriais. Sua composição político-geográfica na atua-
lidade compreende Turquia, Líbano, Síria, Chipre, Israel, Jordânia,
Iraque, Irã, Arábia Saudita, Kuwait, Barein, Catar, Emirados Árabes,
Iêmen e Omã.
O Crescente Fértil, região propícia para agricultura e onde f l o -
resceram as primeiras civilizações da humanidade, recebeu esse
nome porque, ao ser analisado em projeções cartográficas, ocupa
uma área cujo f o r m a t o lembra u m a lua crescente. Já era habitada
por seres humanos havia mais de 40 m i l anos, e em todos os países
que compõem tal região f o r a m encontrados esqueletos pré-his-
tóricos e instrumentos derivados dos períodos da Idade da Pedra
Lascada e da Pedra Polida.
Os p r i m e i r o s núcleos civilizatórios apareceram entre 6 0 0 0 e
4 0 0 0 a.e.v.*, e as cidades, em t o r n o de 3000 a.e.v. Entre esses pe-
ríodos, os dados arqueológicos i n d i c a m que as primeiras tribos
nómades de origem semítica já circulavam pelas terras da atual
Turquia, do Crescente Fértil e da Península Arábica. A tradição
oral e as escrituras antigas contidas nas compilações dos relatos
bíblicos demonstram andanças cíclicas por vastas localidades de
permanências provisórias que serviam de entreposto para tribos
da mesma origem étnica e com ancestrais em comum. Essas tribos
t i n h a m o mesmo m i t o fundador e as mesmas caracterizações; no
16 História dos hebreus e a Torá Escrita
1 Original: "S'il n'avait pas produit ce monument littéraire et religieux considérable que nous
appelons 'la Bible', l'hébreu serait reste un dialecte cananéen comme un autre. Mais 'le Livre'
est en réalité une bibliothèque constituée au cours de plusieurs siècles".
17 História dos hebreus e a Torá Escrita
12
A Génesis judaica
O primeiro livro da tradição judaica é conhecido como Bereshit
(iVIMCD), palavra traduzida para a língua portuguesa como "no
princípio". Ele está dividido em três partes e doze parashah* desta-
cados da seguinte maneira: Bereshit, Nôach, Lech Lechá, Vaierá, Chaiê
Sará, Toledot, Vaietsê, Vayishlach, Vaieshev, Mikêts, Vayigásh e Vaichi.
Para os judeus, Bereshit trata especificamente da criação do
universo e do mundo em que vivemos, das origens da vida na Terra,
do aparecimento da espécie humana e do início da história do povo
hebreu. As três partes se referem respectivamente ao princípio de
toda a criação (capítulos 1-12), à história da vida dos patriarcas do
povo hebreu (12-36) e à história hebraica (36-50).
Para o cristianismo, essa parte é conhecida como Génesis*. A
palavra génesis seria traduzida para o hebraico como toledot (gera-
ções). Bereshit, por sua vez, tem inúmeros contextos sobre os quais
poderiam se escrever muitos livros.
19 História dos hebreus e a Torá Escrita
2 Os trechos bíblicos apresentados nesta obra são retirados de A Lei de Moisés e as haftarót (Torá,
1962), exceto quando for indicada outra referência e nas citações diretas de outros autores.
Para verificar a edição daTorá utilizada nas citações diretas, favor consultar as obras originais
de cada autor constantes na seção "Referências".
20 História dos hebreus e a Torá Escrita
essa razão, ele e suas irmãs eram considerados por Caim como
simples agregados e os desprezava.
A Torá ensina sobre a história da humanidade: essa passagem,
por sua vez, v e m d e m o n s t r a r a luta entre pastores nómades e
agricultores sedentários. No princípio, todos os seres humanos
se constituíam povos nómades e, na luta pela sobrevivência, por
meio de guerras e conquistas de terras, os povos sedentários se
sobressaíram e venceram. Caim matou o irmão porque dependia
disso sua própria existência - Abel estava ocupando importantes
lugares com seus rebanhos.
Caim f o i amaldiçoado, a terra já não era mais próspera, e assim
foi obrigado a migrar. Ao encontrar u m lugar propício, fixou-se
novamente, encontrou uma m u l h e r e f u n d o u uma cidade. Dessa
civilização nasceram outras que posteriormente passaram a adorar
o Eterno, visto que t i n h a m os mesmos ancestrais. Os primeiros
humanos geraram outros mais, e o que se segue a p a r t i r de Bereshit
(5:1) é o relato das gerações e as idades que t e r i a m vivido esses p r i -
meiros humanos, dos quais descendem os hebreus, até a geração
de Nôach (Noé), encerrando a parashah Bereshit.
Carquenw.^^."**
A t i í í PAfJA-AR^
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Mar Mediterrâneo
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Viagens de J a c ó 1 cm 185 km
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Estradas principais 0 185 370 km
Projeçâo de Miller S
3 Na tradição judaica era manhã, momento da primeira reza no judaísmo, conhecida como
Shacharit, dedicada ao primeiro patriarca, Abraão. O assunto que será tratado mais adiante.
4 Desse episódito, tornou-se tradição entre os judeus a hospedagem de viajantes.
29 História dos hebreus e a Torá Escrita
5 Macpela ou Caful (duplo), que significa "a gruta dos duplos", porque ali se enterravam em duplas.
3O História dos hebreus e a Torá Escrita
7 Este é o motivo porque, na tradição judaica, não se é permitido comer a parte traseira dos
animais. O assunto será tratado mais adiante.
35 História dos hebreus e a Torá Escrita
Israel tinha predileção pelo filho mais moço, e isso provocava ciúme
nos outros irmãos, que passaram a odiá-lo. A ira deles aumentou
quando José lhes contou dois sonhos que havia tido em que toda
a casa de Israel lhe seria subserviente.
Um dia, Jacó enviou José para observar seus irmãos que apas-
centavam as ovelhas; estes, ao avistarem-no ao longe, t r a m a r a m
assassiná-lo. Rubem, um dos irmãos, convenceu os outros a não
ferirem José com a morte; no entanto, concordaram em vendê-lo
aos mercadores ismaelitas que passavam por ali. Disseram, então,
ao pai que ele havia sido comido por u m a n i m a l selvagem. José
chegou ao Egito como escravo e foi vendido a Potifar, oficial da
corte do faraó.
Na continuação da parashah, o texto conta que Yhudah (Judá),
filho de Jacó, perdeu seus filhos e ficou viúvo. Por isso, sua nora
Tamar, que t a m b é m se tornou viúva, voltou para a casa do pai. Ao
saber que seu sogro havia ido para Timná para tosquiar as ovelhas,
tirou as roupas da viuvez e postou-se com o rosto coberto na encru-
zilhada onde ele passava. Ele, pensando que era meretriz, foi com
ela e prometeu-lhe em pagamento u m cabrito do rebanho. C o m o
penhor, Tamar pediu seu anel-selo, seu cajado e seu manto. E i s
que, ao voltar e requerir seus pertences, Judá não mais a encontrou.
Após três meses, T a m a r apareceu gestante e, ao ser acusada de
adultério, mostrou os pertences do sogro, o que naquele contexto
não era considerado transgressão das regras sociais. M a i s tarde,
concebeu gémeos.
No Egito, tudo o que José tocava prosperava. Por isso, ganhou
graça aos olhos do seu amo, que tudo entregou em suas mãos. José
era formoso e, por causa disso, a mulher do seu senhor, que era
volúvel, levantou os olhos sobre ele e o assediou. Ao ser recusada,
tomou com violência as roupas de José, saiu gritando e acusando-o
de tentativa de estupro.
Não tendo o que fazer, Potifar o encarcerou junto com outros
presos. C o m o tempo, graças ao Eterno, José ganhou confiança do
37 História dos hebreus e a Torá Escrita
1 3
Ê x o d o
significa "tirado das águas". Quando ficou mais velho, em uma visita
à área dos hebreus, Moisés presenciou u m egípcio maltratando
u m trabalhador e o matou por causa de seu maltrato. O caso ficou
conhecido do faraó que passou a persegui-lo, querendo sua morte.
Por isso, Moisés fugiu para a terra de Midiã. A l i , salvou as filhas
de Jetro dos pastores e deu de beber ao rebanho; f o i convidado
a comer e passou a viver junto deles, esposando Tzipora (Zípora).
Certo dia, q u a n d o apascentava o rebanho, f o i até o M o n t e
Horeb, onde u m anjo de D-us apareceu-lhe em fogo no meio de
u m arbusto e ordenou-lhe que voltasse ao Egito para libertar o
povo de Israel e guiá-lo à terra que emana leite e m e l .
Assim, Moisés, sua esposa e seus filhos f o r a m até o Egito. Ele f o i
sem medo, pois seus perseguidores já haviam m o r r i d o e o Eterno
estaria com ele. Então, falou D-us a Aarão, irmão de Moshe, que
fosse ao seu encontro no deserto. Eles seguiram até os anciãos de
Israel e todo o povo acreditou. A porção t e r m i n a quando f o r a m
ao encontro do faraó e e x i g i r a m que o povo fosse libertado. Não
acreditando nas palavras de Moisés e Aarão, o faraó aumentou
ainda mais a carga de trabalho sobre os hebreus e i n f l i g i u sobre
eles grande violência. Então, o Eterno a f i r m o u que tiraria Israel
do Egito com mão forte.
A próxima parashah, Vaerá, trata dos milagres que t e r i a m sido
enviados por D-us ao Egito a fim de convencer o faraó a libertar
o povo hebreu e o deixasse p a r t i r para Canaã, a terra prometida
aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. O Eterno orientou Moisés e
Aarão sobre como proceder com o faraó. Por isso, chegaram até ele,
f o r a m questionados e, então, Aarão jogou diante dele seu cajado,
que se transformou em uma víbora. O rei chamou seus bruxos, que
também transformaram suas varas em serpentes; no entanto, estas
f o r a m comidas pela víbora de Aarão. Isso fez aumentar a cólera
do faraó, que não deixou o povo hebreu partir.
41 História dos hebreus e a Torá Escrita
estiveram com ele para saber o que D-us havia orientado e depois
todo o Israel.
A próxima porção, Vayak'hel, confirma a halachot (caminhos a
seguir) dada pelo Eterno, demonstrando o perdão pela idolatria
ao deus de ouro. Em seguida, teve início a coleta das doações
realizadas para iniciar a construção do Tabernáculo e de todos os
artefatos necessários para começar o culto. Foram escolhidos entre
os israelitas os dotados de sabedoria pelo Criador para serem os
artífices dos trabalhos de construção, elaboração e confecção do
conjunto que comporia o santuário.
Pecudê é a porção que finaliza os detalhes da edificação do
Tabernáculo, faz a contabilidade das ofertas do povo para a viabili-
dade da construção e da execução da liturgia, assim como ordenado
pelo Senhor por intermédio de Moisés. O santuário foi concluído,
e as leis, depositadas no seu lugar; o ofício religioso foi iniciado
e o esplendor do Eterno pairou sobre todo o Israel. O povo, então,
levantou acampamento e seguiu jornada de acordo com a dinâmica
estabelecida pela nuvem que pairava sobre o santuário: quando
ela levantava, as pessoas migravam; quando não, permaneciam
no lugar. Assim o Senhor as guiava.
1A
Levítico
Conhecido entre os judeus como o Livro dos Sacerdotes ou Sefer Torah
Cohanim, é considerado u m livro legislativo. Ele fala sobre os pro-
cedimentos ritualísticos, as leis de pureza e a narrativa histórica
dos sacerdotes, conteúdo de suma importância para a prática
judaica na atualidade, de onde são retirados os procedimentos
de conduta de vida para os judeus religiosos. Hoje, entende-se
que, após a destruição do Beit haMikdash (o Templo de Jerusalém),
a presença divina se dissipou, mas todos os descendentes (judeus)
48 História dos hebreus e a Torá Escrita
9 Seria a posse do trabalho, não dos corpos. O texto bíblico não deixa claro, tendo em vista a
pobreza do vocabulário utilizado à época.
53 História dos hebreus e a Torá Escrita
15
Números
A tradução do hebraico Bamidbar em português significa "no
deserto". Trata-se do l i v r o que conta a epopeia do povo hebreu no
deserto. Então, por que Números'! Na versão bíblica da Septuaginta*,
ou Versão dos Setenta, chamou-se esse livro de Aritmói em grego, que
em português significa "números". Isso se deve ao livro tratar sobre
o censo dos israelitas, m o m e n t o em que f o i contado o número de
hebreus que c o m p u n h a m as doze tribos de Israel. O l i v r o é c o m -
posto de dez parashot: Bamidbar, Nasso, Behalotech, Shelach, Korach,
Hukat, Balak, Pinechas, Matot e Massey.
16
Deuteronômio
Deuteronômio, do grego A£ut£povóuio - "repetição desta lei" ou
"segunda l e i " - faz referência ao livro quinto do conhecido pen-
tateuco. Esse livro (Devarim - U"\yi) também é conhecido entre
59 História dos hebreus e a Torá Escrita
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SÍNTESE
^ Tratamos neste p r i m e i r o capítulo da formação histórica dos
hebreus, suas andanças, seus locais de acampamento e das o u -
tras tribos semitas que também migravam na região do Crescente
Fértil. Apontamos os locais sagrados, os lugares de sepultamento
e alguns aspectos da geografia de Canaã. Procuramos mostrar
aspectos dos conhecimentos místicos da Torá e sintetizamos os
cinco livros descritos no rolo da Torá com todas as suas parashot e
suas principais passagens.
Ressaltamos as partes fundamentais da história do povo hebreu
a fim de compreender a cultura judaica no seu aspecto fundacional.
Partimos de seu mito fundador, passando pela sua formação tribal,
até o grande florescimento das tribos de Israel no Egito, averi-
guando principalmente as maneiras miraculosas da intervenção
divina para a grande retirada do cativeiro.
65 História dos hebreus e a Torá Escrita
INDICAÇÕES CULTURAIS
1
The Bible - In the Beginning (A Bíblia - No Início) é u m filme que re-
trata 22 capítulos do Velho Testamento. Conta a história de Abraão,
Isaque e Jacó até a saída do cativeiro no Egito e o recebimento da
Torá no Monte Sinai.
A T I V I D A D E S DE AUTOAVALIAÇÃO
1. A região do Crescente Fértil f o i palco do florescimento das
p r i m e i r a s grandes civilizações do m u n d o . Sobre os motivos
que l e v a r a m às migrações de algumas t r i b o s da região da
Mesopotâmia, aponte a alternativa que n ã o se enquadra com
a realidade dos semitas errantes de Canaã:
A] As t r i b o s n ó m a d e s m i g r a v a m e m busca de a l i m e n t o s e
melhores pastagens para seus rebanhos.
B] Conflitos intertribais aconteciam com frequência, levando
as tribos a constantes mudanças de lugar.
c] Buscavam reencontrar seus antigos aliados para casamentos
intertribais e comércio.
D] As tribos semitas guerreavam entre si por melhores t e r r i -
tórios de pastagens.
E] Os habitantes das cidades mesopotâmicas competiam com
os pastores nómades no comércio de suas manufaturas.
A T I V I D A D E S DE A P R E N D I Z A G E M
1. Por que se pode admitir que tudo o que existe é D-us e Suas
palavras?
2. Qual é a missão que viemos ao mundo cumprir?
69 História dos hebreus e a Torá Escrita
21
Josué e Juízes
Josué (Yehoshua - wnr) foi escolhido no lugar de Moisés para dirigir
o povo de Israel na posse da Terra Prometida. O Eterno c o n f i r m o u
a Josué que confiasse na vitória, pois o povo hebreu herdaria a
terra de Canaã e todos os i n i m i g o s reconheceriam que Ele é D-us.
As tribos de Rubem e Gade permaneceriam do lado oriental
do Rio Jordão, pois encontraram boas pastagens para os rebanhos.
No entanto, atravessariam com seus exércitos o r i o para ajudar as
outras tribos a tomarem posse da Terra Prometida. Assim como
seus líderes haviam prometido a Moisés, reafirmaram a fidelidade
também a Josué.
Foram enviados dois jovens para espionar a terra. Na cidade
de Jericó, o u v i r a m que todo o povo estava em alvoroço, pois havia
ouvido falar do Eterno de Israel, que secou o mar para a saída do
Egito e subjugou os inimigos no lado oriental do Jordão. Os jovens
f o r a m auxiliados por u m a m u l h e r que pediu piedade aos espiões
por ela e sua família; em troca, ajudou-os e, consequentemente,
os hebreus na tomada da cidade.
Retornaram ao encontro de Josué e relataram suas impressões.
De madrugada, Josué e toda a congregação de Israel p a r t i r a m
r u m o ao Jordão e pousaram três dias antes da travessia. Ele disse
ao povo que o Eterno faria maravilhas para todo o Israel e que a
Arca da Aliança deveria i r à frente de toda a congregação, nas mãos
de sacerdotes, r u m o ao Rio Jordão.
72 Os Livros dos Profetas
Q u a n d o os l e v i t a s que c a r r e g a v a m a A r c a m o l h a r a m os pés
no r i o , o E t e r n o p a r o u a c o r r e n t e de água, d a n d o passagem e m
seco para os israelitas. Josué o r d e n o u que u m representante de
cada t r i b o recolhesse u m a p e d r a do r i o no l u g a r o n d e estavam
os pés dos sacerdotes. O m e m o r i a l de pedras que seria f e i t o c o m
elas s e r v i r i a c o m o l e m b r a n ç a aos f i l h o s de Israel do m i l a g r e da
travessia do Jordão. A s f a ç a n h a s realizadas pelos israelitas c o m
a ajuda do Eterno f i z e r a m t r e m e r os reis que v i v i a m e m Canaã.
Todos os hebreus h o m e n s saídos do Egito e r a m c i r c u n c i d a d o s ,
mas as novas gerações do deserto estavam incircuncisas. Josué t o r -
n o u a c i r c u n c i s a r os f i l h o s de Israel e p e r m a n e c e r a m nas encostas
dos m o n t e s , n u m l u g a r c h a m a d o Gilgal, até s a r a r e m .
Nas campinas p u d e r a m colher o t r i g o da t e r r a , assaram espigas
e f i z e r a m pães á z i m o s para a festa de Pessach. A p a r t i r daquele
m o m e n t o cessou o manah e n v i a d o pelo Eterno e o p o v o passou a
se a l i m e n t a r dos p r o d u t o s de C a n a ã .
Josué estava nas p r o x i m i d a d e s da c i d a d e de J e r i c ó q u a n d o
u m v a r ã o c o m espada na m ã o apareceu na sua f r e n t e . Josué o
q u e s t i o n o u se era h e b r e u o u i n i m i g o e, q u a n d o o varão disse ser
u m príncipe dos Exércitos do Senhor, o r d e n o u - l h e que tirasse os
sapatos, pois aquele lugar era santo.
O Senhor o r i e n t o u que cercassem a cidade de Jericó p o r seis
dias. No s é t i m o , sete sacerdotes, c o m o exército, à f r e n t e da A r c a
da Aliança d a r i a m sete voltas na cidade e tocariam o shofar (corneta
de c h i f r e de a n i m a l p u r o - c a r n e i r o ou boi) p o r l o n g o t e m p o j u n t o
c o m u m g r a n d e g r i t o e m i t i d o p o r t o d o o Israel. A s s i m o E t e r n o
lhes entregaria a cidade.
A s s i m f i z e r a m , e a m u r a l h a da cidade veio abaixo. Então e n -
t r a r a m na cidade e m a t a r a m ao f i o da espada todas as pessoas que
ali v i v i a m , c o m exceção da m u l h e r que a b r i g o u os dois espiões e
dos que c o m ela se e n c o n t r a v a m e m sua casa. T o m a r a m todos os
73 Os Livros dos Profetas
tarde, Sangar, com uma aguilhada de bois, feriu 600 filisteus que
ameaçavam Israel, e a paz reinou entre os hebreus por 80 anos.
Depois que Eúde faleceu, os israelitas voltaram a pecar; então
u m exército cananeu com carros de ferro passou a o p r i m i r Israel
v i o l e n t a m e n t e p o r 20 anos. Entre os juízes estava a profetisa
Devorah (Débora), que habitava na sombra das palmeiras entre
Betei e Ramá, nos montes de E f r a i m . E m nome do Eterno, ela
se j u n t o u com Barak à frente de u m exército de 10 m i l homens e
subiram às montanhas. O exército israelita desceu a montanha e
exterminou o exército cananeu e o rei de Canaã. Por causa disso,
Débora cantou em honra ao Eterno. A paz reinou durante 40 anos
nas terras de Israel.
De novo, o povo hebreu voltou a pecar contra o Eterno e, dessa
vez, f o r a m conquistados pelos midianitas por sete anos. Foram
atacados em suas semeaduras e também em suas colheitas; em
consequência, passaram a cavar covas e cavernas e a c o n s t r u i r
fortificações nas montanhas para fugir dos midianitas. Rogaram
ao Senhor, e dentre eles surgiu Gideon (Gideão), u m varão filho
de m u l h e r pobre descendente de Menashe (Manasses). Ele ouviu a
voz do Senhor e prestou-lhe holocausto. Derrubou os altares de
idolatria e juntou contra os midianitas mais de 32 m i l israelitas.
O Senhor falou a Gideão que aquele povo era m u i t o numeroso,
mas que os hebreus venceriam com a ajuda do Eterno e depois
creditariam a vitória às próprias mãos. Então, orientado por D-us,
Gideão disse ao povo que, quem temesse a morte, se recuasse i r à
guerra, e 22 m i l retrocederam.
Ainda assim, era muita gente para a batalha. O Eterno encami-
nhou-os às águas para saciar a sede e dali t i r o u os que e n t r a r i a m
em guerra com os midianitas. Separou trezentos homens, e Gideão
deu-lhes cântaros, shofarim e tochas de fogo. Dividiu-os em três
grupos de 100 e rodearam o acampamento i n i m i g o . Ao sinal do
líder, tocaram os shofarim e quebraram os cântaros.
77 Os Livros dos Profetas
e II Reis
Shmuel - Samuel) era nazireu, f o i consagrado ao Eterno
ainda no ventre de sua mãe e deixado com os sacerdotes liderados
por E l i , o cohen gadol (sumo-sacerdote) em Siló. Os filhos de Eli
idolatravam Belial e faltavam com as leis da Torá. Com o tempo,
Shmuel ascendeu como profeta naquela região.
Os israelitas enfrentaram osfilistim (filisteus) e perderam mais
de 4 m i l guerreiros em uma batalha. Os anciãos de Israel, então,
buscaram força n o Eterno. Os filhos de Eli m a n d a r a m trazer a
Arca da Aliança para o campo de batalha e Israel se alegrou com
grande júbilo. No entanto, milhares se j u n t a r a m e f o r a m ataca-
dos. M o r r e r a m 30 m i l homens de Israel - os filhos de Eli também
f o r a m mortos -, e a Arca caiu nas mãos dos filisteus em 1142 a.e.v.
A Arca f o i recuperada e levada para Kiriate Gearim; depois disso,
a congregação de Israel passou a render culto emMishpa (Mispá). Os
filisteus atacaram essa cidade, mas suas tropas f o r a m rechaçadas.
C o m a ajuda do Eterno, os hebreus retomaram suas cidades, que
estavam ocupadas pelos inimigos.
O povo clamava por u m rei. Então, Samuel, em nome do Eterno,
ungiu Shaul(Saul) de Efraim em 1050 a.e.v. O exército marchou pela
primeira vez com 330 m i l soldados, os quais atacaram os amonitas
e os subjugaram. M a r c h a r a m para Gilgal, fizeram holocaustos ao
Eterno e coroaram Shaul rei de Israel.
80 Os Livros dos Profetas
23
Últimos Profetas: Isaías, Jeremias
e Ezequiel
Como vimos anteriormente, o rei Davi unificou as tribos e iniciou
a construção do Reino de Israel de 1010 a 970 a.e.v. Após consolidar
o reino, deixou como herdeiro Salomão, que se manteve no trono
de 970 a 931 a.e.v. Salomão ficou conhecido pela sua sabedoria e
pela edificação do Templo de Jerusalém. Após a sua morte, Israel
foi governado pelo seu filho Roboão, que não conseguiu manter
a integridade do reino.
Nesse tempo, as dez tribos do Norte se rebelaram e não acei-
taram o herdeiro, colocando no trono Jeroboão, que governou de
931 a 909 a.e.v. Assim, o reino foi dividido e Roboão reinou somente
sobre as duas tribos do Sul - Judá e Benjamim - de 931 a 914 a.e.v.
Estas constituíram o Reino de Judá, com capital em Jerusalém; as
outras tribos ficaram no Norte e constituíram o Reino de Israel,
cuja capital era Samaria. No Norte, após a morte de Jeroboão, as-
sumiu seu filho, que dois anos mais tarde foi assassinado por Basha
(Baasa), que usurpou o trono e mandou matar todos os herdeiros.
No S u l , a p ó s a morte de Roboão, a s s u m i u o trono seu filho
Abihu (Abias), que governou dois anos e entrou em u m a guerra
sangrenta com as tribos do Norte, a qual levou à morte mais de
500 mil israelitas. Foi substituído por seu filho A s a , que reinou
41 anos sobre o Reino de Judá (de 912 a 871 a.e.v.).
83 Os Livros dos Profetas
eJonas
Amos (oiras? - Amós) era u m profeta que atuava diretamente nos
acontecimentos da época. Ele vivia no Reino de Judá, era pastor de
ovelhas e cultivava figos numa pequena porção de terra. O Eterno
se manifestou a ele, que, então, r u m o u em direção ao Reino do
Norte entre os anos de 760 a 750 a.e.v.
O D-us de Israel, por meio de Amós, passou a decretar penas a
todos os povos e reinos criminosos e idólatras circunvizinhos dos
reinos de Israel e Judá. Sobre Damasco recaíram os primeiros de-
cretos, pois havia esmagado a cidade de Gileade dos israelitas com
carros de ferros, por isso seus palácios também seriam queimados.
O reino seguinte f o i o da Filisteia: Gaza, u m a das principais
cidades filisteias, fez todo u m povo cativo e vendeu sua população
para Edom. Por esse crime, as muralhas de Gaza e seus palácios
seriam todos incendiados e, juntamente com as cidades, destruí-
dos. Depois, D-us julgou a Tiro, que também havia feito cativos
e vendido escravos para Edom, desrespeitando antigas alianças;
portanto, seria incendiada com suas muralhas e palácios.
Sobre Edom, o juízo f o i severo, pois era u m povo cruel e san-
guinário descendente de Esaú, irmão de Israel. Os edomitas inter-
f e r i r a m quando Moisés saía do Egito, atacando covardemente os
hebreus, por isso receberiam seu castigo. O Eterno também puniria
o povo de A m o n , que expandia seus territórios com muita violência
e não poupava nem mesmo as mulheres grávidas de seus inimigos.
O Eterno também julgou o Reino de Moabe - que profanava os
corpos mortos -, o qual também arderia em fogo e suas muralhas
seriam destruídas e queimadas. O fogo do Senhor arderia sobre
todos aqueles que não respeitavam as leis naturais.
No Reino de Judá, o Eterno, por meio de Amós, também j u l -
gou os israelitas, pois desprezaram as leis e caíram na idolatria.
90 Os Livros dos Profetas
25
Miqueias, Naum, Habacuque
e Sofonias
O profeta Mikah (m-a - Miqueias) - seu nome significa "quem é
como o Senhor" - f o i contemporâneo de Isaías e profetizou no
Reino do Sul. Sua obra contém seis capítulos e suas palavras visa-
vam denunciar a idolatria, as injustiças e a corrupção praticadas
pelos reis, sacerdotes e ministros, além da própria luta de classes
que existia entre os israelitas.
Ele p r o c u r o u t r a d u z i r t o d o o descontentamento do Eterno
em suas palavras. Iniciou com lamentos sobre as duas capitais
dos israelitas, Samaria e Jerusalém. Falou ainda sobre a luta de
classes, denunciou e fez juízo dos ricos que exploravam os pobres
e não os restituíam o justo pelo trabalho, roubavam suas terras,
seus pertences e suas esperanças injustamente. Os ricos eram
maus, injustos com o povo; os juízes e príncipes se c o r r o m p e r a m
e ajudavam os maus, mas castigavam os pobres e inocentes. Esses
pecados de injustiça contra os inocentes e fracos seriam castigados
com a destruição e a solidão da terra de Israel.
Miqueias também previu coisas boas, como a restituição das
terras, dando esperança e consolação ao povo. O castigo serviria
para purificar a nação israelita, pois depois disso viria a restauração
e o regresso do exílio. Jerusalém seria reconstruída e as nações re-
correriam a ela para beber da sabedoria da Torá, provinda de D-us,
que i n s t r u i r i a nações distantes e as ensinaria a caminhar em paz.
Miqueias, assim como Isaías, profetizou a vinda do Messias.
Disse que Ele t r a r i a a paz que o m u n d o ainda não havia conhe-
cido. Falou que as pessoas feridas seriam saradas, os afastados
95 Os Livros dos Profetas
SÍNTESE
Neste capítulo, abordamos a trajetória desde a travessia do Rio
Jordão até a volta do exílio da Babilónia. V i m o s o que aconteceu
durante a vida de Josué, que, após a morte de Moisés, passou a
liderar os israelitas na terra de Israel. Apareceram os profetas e os
juízes para orientar os hebreus quando as terras de Canaã ainda
estavam sendo divididas e as tribos estavam mais fortes e mais
organizadas. C o m o grande crescimento populacional, surgiram
reis para Israel e novamente o povo pecou e idolatrou deuses falsos.
As transgressões e a idolatria resultaram na desagregação da
casa de Davi, originando o Reino de Israel (Norte), com capital
na S a m a r i a , e o Reino de Judá (Sul), com capital em Jerusalém.
O s profetas preveniram o povo, mas n ã o foram ouvidos. Veio a
invasão dos povos do Norte, quando os inimigos se sobressaíram
e Israel se perdeu n u m a grande dispersão.
O Reino do Sul continuou sua existência até novamente cair em
transgressões. Os profetas continuaram as pregações, orientaram
e advertiram o povo a respeito do cativeiro que viria, mesmo assim
este continuou a pecar, e Jerusalém foi conquistada e destruída.
O que sobrou de Judá foi levado como cativo para Babilónia, mas as
profecias indicaram o retorno à Terra Prometida e a reconstrução
do Templo de Jerusalém.
101 Os Livros dos Profetas
INDICAÇÕES CULTURAIS
^ Rei Davi (King Davi), lançado em 1985 nos Estados Unidos, é u m
filme d i r i g i d o por Bruce Beresford e conta a história da trajetória
do Rei Davi de Israel. Ele retrata desde Samuel, a unificação dos
descendentes das t r i b o s de Israel e a criação do r e i n o , até sua
morte no leito e a sagração de seu filho, Salomão, como rei sobre
todo Israel.
A T I V I D A D E S DE AUTOAVALIAÇÃO
1. C o m Josué, os israelitas alcançaram várias vitórias ante os
povos idólatras que ocupavam as terras de Canaã. Sobre isso,
analise os itens a seguir.
i. Após a travessia do Rio Jordão, os israelitas i n i c i a r a m o
processo de reocupação definitiva de Canaã. As tribos de
Rubem e Gade permaneceram do lado o r i e n t a l do r i o e t o -
maram posse daquelas terras por causa de seus rebanhos; no
entanto, antes deveriam ajudar as outras tribos nas guerras
contra os idólatras que ocupavam as terras do lado ocidental.
n. Na época de Josué, muitas terras f o r a m reconquistadas e
livradas da idolatria; entretanto, ele m o r r e u e não conse-
guiu d i s t r i b u i r e t o m a r posse de todo o território para as
tribos israelitas. O processo de conquista c o n t i n u o u com
os substitutos de Josué.
ni. Todo o território prometido pelo Eterno para a descendência
de Abrão, Isaque e Jacó f o i ocupado e distribuído entre as
tribos por Josué ainda em vida. A parte oriental, destinada
a Rubem e Gade, sofreu de imediato o avanço dos assírios,
por isso não conseguiram ocupar sua parte por completo.
102 Os Livros dos Profetas
A T I V I D A D E S DE A P R E N D I Z A G E M
Q u e s t õ e s para reflexão
O texto a seguir é u m trecho do artigo "A Torá e os Profetas", da
revista Morashá. Leia-o com atenção.
105 Os Livros dos Profetas
Provérbios e Jó
O livro poético Tehilim (D. ?nn) - palavra hebraica que significa
,!
CAPÍTULOS 1-41
CAPÍTULOS 4 2 - 7 2
CAPÍTULOS 73-89
CAPÍTULOS 90-106
CAPÍTULOS 107-150
Ester deveria i r até o Rei Assuero pedir clemência pelo seu povo,
mas existia uma lei que estabelecia que ninguém poderia chegar ao
rei sem ser anunciado - a desobediência era punida com a morte.
Foi então que Ester pediu a Mordechai que juntasse todos os judeus
de Susã para que jejuassem e orassem por ela, que iria até o rei e
arriscaria a própria vida.
No terceiro dia, vestida com as roupas reais, Ester se d i r i g i u ao
interior da casa real e foi avistada pelo rei parada no pátio; alcançou
graça aos olhos dele, que estendeu seu cetro de ouro e, encantado,
ofereceu tudo aquilo que Ester desejasse. Ela tocou na ponta do
cetro e pediu que ele e seu m i n i s t r o Haman comparecessem ao
banquete que prepararia.
Haman planejava enforcar Mordechai naquela noite do b a n -
quete, pois t i n h a preparado c o m as próprias mãos u m a forca
de cordas. À noite, o r e i , com sono, pediu que lessem o l i v r o dos
feitos memoráveis, e apareceu o nome de Mordechai l i v r a n d o - o
da trama dos príncipes. Lembrou, então, que nada fora dado ao
homem que havia salvado sua vida, e Assuero desejou reconhecer
publicamente o seu salvador.
Eis que Haman estava no pátio para pedir ao rei que Mordechai
fosse enforcado, mas o rei acabou lhe perguntando primeiro como
poderia honrar alguém a quem tivesse muita estima. O m i n i s t r o
ignorava de quem se estava falando e sugeriu ao rei que prestas-
se honras vestindo o homenageado com roupas reais e o fizesse
montar no cavalo do rei em praça pública. Então ordenou a Haman
que ele próprio providenciasse o que havia sugerido em nome do
Rei Assuero para Mordechai.
No banquete, novamente o rei ofereceu tudo a Ester, nem que
fosse metade do reino, ele a daria. Na frente de Haman, Ester pediu
pela sua vida e pela do seu povo; falou que os judeus haviam sido
vendidos para serem destruídos e aniquilados. Ela se calaria se o
povo tivesse sido vendido em benefício do império, mas o i n i m i g o
130 Os Escritos e o Talmude
33
Esdras-Neemias, Crónicas
e Daniel
O l i v r o de Ezra (xiry - Esdras) - o nome significa "Senhor ajuda" -
está d i v i d i d o em dez capítulos e narra os acontecimentos poste-
riores ao exílio de Judá. Os remanescentes dos israelitas, depois de
expulsos de seus territórios e cativos, voltaram para Canaã - o que
f o i considerado u m grande milagre. As narrativas contam que
o Rei Ciro, da Pérsia, p e r m i t i u o regresso. Também estão regis-
tradas as famílias que v o l t a r a m e a restauração do altar para os
holocaustos ao Eterno.
Esdras era levita e sacerdote do Templo. Como sopher (escriba),
escrevia sobre os milagres e os acontecimentos da época quando
todos acreditavam que Israel tinha se perdido e que não existiam
mais descendentes de Davi. Em seus escritos, ele c o n f i r m o u que
131 Os Escritos e o Talmude
5 Plural de Mishnah.
6 Plural de baraita.
139 Os Escritos e o Talmude
amoraim
(sábios da Guemara)
gueonim
(sábios da Babilónia)
rishonim
(primeiros sábios)
acharonim
(sábios recentes)
Geração atual
Assim, cada coisa dita pelos sábios do Talmude deve ser enten-
dida. Se algo aparenta ser sem sentido, é necessário imaginar o
caso, pensar como era, a que está se referindo, a qual país concerne,
a que época do ano está atribuído, qual a idade do protagonista,
entre outras coisas.
Na Figura 3.2 é possível observar as divisões didáticas do Talmud,
as localizações da Mishnah e da Guemara e as discussões dos sábios.
140 O s Escritos e o Talmude
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PTI* •ft.hcnjn-tc«n I n «ST *K • **« ~V * ^ > TCtt . ^ ^ ^ ^ r : t í n X X
(A) Mishnah; (B) Guemara; (C) Comentário de Rashi, Rabbi Shlomo Itzchaki, 10A0-1105; (D)Tosfot, uma
série de comentários dos discípulos Rashi; (E) Comentários adicionais ao redor da borda da página.
36
O conjunto das leis
Mishnah Torah (Repetição da Torá) é a transmissão da Lei Oral.
Composta no Egito da Idade Média, em ca.1176-1178, o material
foi compilado por Moshe Ben Maimônides, o Rambam. Todos os
mandamentos dados a Moisés no Sinai vieram acompanhados da
explicação oral, pois é dito: "E eu te darei as tábuas de pedra, e a
Torá e o mandamento" (Shemot 24:12).
A Torá é a Sagrada Escritura, e os mandamentos contidos nela,
sua explicação oral. Além disso, o Eterno ordenou observar a Torá
pela palavra do mandamento; assim, são esses mandamentos que
são chamados de Torá Oral. Na Mishnah, estão as mitzvot positivas,
que são as ordenanças que devem ser cumpridas pelos judeus, e
as mitzvot negativas, que não devem ser feitas.
Outra grande obra de halachah (íD?íl - conjunto das leis) é o
Shulchan Aruch (Mesa Posta), de 1535. Trata-se de uma compilação
das leis judaicas, já mencionada aqui, organizada pelo rabino
Yoseph Karo.
Outra obra é haYgueret haShabat (A Epístola do Sábado), escrita
em Londres em 1159. Trata-se da resposta de Ibn Ezra à alegação
de que um "dia" da Torá se estende do amanhecer ao amanhecer,
em vez da visão tradicional do crepúsculo ao anoitecer. É i n t i t u -
lada epístola porque o autor escreve que recebeu o conteúdo desse
trabalho na forma de uma carta do sábado durante u m sonho.
Outra obra de relevância é Chayey Adam (A Vida do Homem).
Escrita por Abraham Danzig, constitui-se em u m código da lei
judaica semelhante ao Kitzur Shulchan Aruch. Foi composta em Vilna
em ca.1800-1810 e está dividida em 224 seções. Delas, 69 lidam
com conduta diária e oração, e 155, com o Sábado e Yom Tov (Dia
147 Os Escritos e o Talmude
7 Livro de Ysrael Meir Kagan, conhecido como Choftz Chaim, com comentários sobre o Shulchan
Aruch em seis volumes publicados entre 1884 e 1907.
148 Os Escritos e o Talmude
SÍNTESE
Neste capítulo estudamos a terceira parte do Tanach, c o m sua
composição de escritos de sabedoria para a vida. Mostramos os
conteúdos contidos nos Salmos e suas específicas relações com os
momentos de recitação e necessidades.
Passamos pelas narrativas do l i v r o de Crónicas e dos profetas
do exílio Daniel e Esdras. Exploramos algumas especificidades do
Talmude, suas divisões e a maneira de estudar e construir conheci-
mento por meio da Mishnah, além dos principais manuais de halachah
derivados dos estudos dos grandes sábios da história do judaísmo.
Também apresentamos os mais influentes grandes mestres
da halachah, Moshe Ben Maimônides e Yoseph Ben Efraym Karo.
Completamos o capítulo com u m a explanação do conjunto das
principais e mais utilizadas obras de halachot no judaísmo escritas
por outros mestres.
INDICAÇÕES CULTURAIS
Ester: a rainha da Pérsia, cujo tírulo o r i g i n a l é Esther, corresponde a
u m filme lançado em 1999. Foi p r o d u z i d o na Alemanha, Estados
Unidos e Itália e d i r i g i d o por Raffaele Mertes. Ele conta a história
dos hebreus no Império Persa e narra os acontecimentos contidos
na meguilah Ester.
A T I V I D A D E S DE AUTOAVALIAÇÃO
1 . Os livros poéticos têm como exposição p r i n c i p a l orientações
para a vida diária. Podemos afimar que são utilizados na atuali-
dade em várias partes do mundo e por outras culturas e religiões.
Sobre isso, analise as afirmações a seguir.
i. Os Salmos foram escritos por Davi nos momentos de aflição
e alegria e também para acalmar o espírito de Saul. Existe
u m tipo de salmo para cada situação da vida cotidiana.
ii. Os Provérbios têm caráter educativo e v i s a m o r i e n t a r e
precaver os seres humanos de erros futuros; assim, todas as
pessoas que estudam em sua vida diária os conhecimentos
neles contidos estarão salvas.
IH. O l i v r o de Jó demonstra que o verdadeiro servo do Eterno
confia na providência divina tanto nos momentos de alegria
quanto nos de angústia.
A T I V I D A D E S DE APRENDIZAGEM
Q u e s t õ e s para reflexão
Leia o texto a seguir que descreve os 13 princípios da fé judaica,
escritos por Moshe Ben Maimônides.
41
Sábado, kashrut e filactérios
A palavra Shabat (TQXD - Sábado) vem do número sete do alfabeto
hebraico - sheva (sete). O sábado aparece como dia de descanso logo
no início do livro de Génesis, quando é mencionado que o Eterno
fez tudo o que existe em seis dias e no sétimo descansou. Depois,
155 Ordenamentos e o ciclo da vida judaica
tefilin como sinal entre os olhos e sobre o coração; ensinar aos filhos
a inserir uma mezuzah (umbral), que é u m pergaminho colocado
dentro de u m receptáculo nos umbrais das portas com o mesmo
conteúdo escrito dos tefilin; usar tsitsit (franjas) nos cantos das
vestimentas para lembrar das leis da Torá e obedecê-las. A orde-
nança de colocar mezuzot nos umbrais das portas faz referência às
marcas feitas pelos hebreus com sangue de cordeiro para evitar a
praga do destruidor (Shemot 12:7-13).
A Torá exorta o povo judeu a obedecer veementemente às leis
do Eterno para que o m u n d o seja m e l h o r , pois, se as leis n ã o
f o r e m cumpridas, sofrimento e morte se abaterão sobre o povo.
Isso inclui a consagração dos primogénitos e a posse da terra de
Israel. Os tefilin n a r r a m a relação do h o m e m com o Eterno, com
preceitos fundamentais para o judeu.
42
Justiça, imersão e oração
O preceito mais discutido, dada sua importância, é a tzedakah (~pTX) -
que significa "justiça" ou "caridade" -, uma ordenança que merece
muita atenção e cuidado. O total de ordenanças (mitzvot) dadas
pelo Eterno é de 613, as quais se dividem em mitzvot positivas (que
se devem cumprir) e mitzvot negativas (que não se devem fazer) -
a tzedakah é uma mitzvah positiva.
Está escrito em Devarim (15: 8) que se deve dar tzedakah para
os pobres: "com certeza abrirás tuas mãos". Em Vaykrá (25: 35-36)
está assim registrado: "e teu irmão viverá contigo". Também aquele
que vê u m homem pobre e lhe dá as costas está transgredindo a
mitzvah da justiça.
O Kitzur Shulchan Aruch (capítulo 34) organiza as leis relativas
às práticas de tzedakah. Nessa perspectiva, não a praticar é violar
uma mitzvah, é não ser solidário, é não fazer caridade. Quando a
tzedakah é violada, adentra-se no âmbito negativo da ordenação.
Fazer a caridade é praticar a Torá, pois é cumprimento das d i -
retas ordenanças do Eterno: "Não endureça o coração nem feche
sua mão para o irmão pobre, quando não endurece o coração e faz
a justiça os céus abrem suas portas" (Devarim 15:7).
O profeta Isaías (Yeshayahu 1:17) aconselha que o povo deve
aprender a fazer o bem e procurar o que é justo, ajudar o oprimido,
fazer justiça ao órfão e tratar das causas das viúvas. A fé verdadeira
somente se erigirá por meio da tzedakah.
Assim, o reino da verdadeira justiça se estabelecerá quando
existir sacrifício para o cumprimento da lei da justiça e da caridade.
E continua Isaías: "fazer tzedakah é mais agradável para o Eterno
do que qualquer sacrifício" (Yeshayahu 21:3). O ser humano só será
redimido mediante a tzedakah, que pode ser interpretada e prati-
cada de maneiras diferentes, pois mostra vários desdobramentos.
A lógica é: quem demonstra compaixão, receberá compaixão, pois
161 Ordenamentos e o ciclo da vida judaica
de bondade
Segundo a tradição judaica, as p r i m e i r a s sinagogas s u r g i r a m à
época do patriarca Jacó, no entanto, f o r a m admitidas como i n s t i -
tuições religiosas somente no momento do exílio babilónico. A beit
haKenesset (rio^D m - casa de reunião) tornou-se o lugar de r e u n i r
as comunidades para o estudo da Torá com todos os benefícios
para as grandes decisões coletivas. A palavra tem origem grega e
significa "congregação", mas, dependendo da tradição e do país,
recebe outra denominação.
Foram registradas à época da destruição do Segundo Templo
394 sinagogas em Jerusalém. Suas funções entre as comunidades
judaicas diaspóricas substituíram o papel do Templo; no entanto,
essas comunidades já não p o d i a m mais realizar os sacrifícios.
Para atuar como lugar da fé judaica, f o i necessário primeiramente
reunir u m miniam e congregar os judeus em torno de u m Sefer Torah
(Livro da Lei).
A sinagoga é o lugar em que as liturgias e as tradições são p r a -
ticadas, onde se realizam os casamentos, as rezas, as circuncisões,
as cerimónias de maioridade para meninos e meninas, as festas
tradicionais do ano, as confraternizações, mas, acima de tudo, é
u m local de refúgio. Esses templos religiosos se constituíram como
lugar fundamental para manter unidos os israelitas em t o r n o da
Torá, e foi justamente essa união que proporcionou a sobrevivência
do povo hebreu no m u n d o .
As bênçãos do Eterno são relembradas várias vezes ao dia por
meio das brachot (rtCTQ - bênçãos). Elas são elementos que trazem o
Senhor para o mundo terreno, como abrir a porta e pedir a alguém
de fora que entre na casa, que entre na vida da pessoa. Elas também
167 Ordenamentos e o ciclo da vida judaica
m i l a g r e s da n a t u r e z a , e o p a i e a m ã e d e v e m d i z e r b ê n ç ã o s , agra-
decendo pelo m o m e n t o , pela v i d a da c r i a n ç a .
Os p r o c e d i m e n t o s de adaptação p ó s - p a r t o v a r i a m de acordo
c o m os costumes de cada c o m u n i d a d e . Se é u m m e n i n o , os pais
devem se preparar para o BritMilá (n^-B I V O - pacto da circuncisão),
e m que se faz u m kidush c o m u m a festa para celebrar o nascimento,
d a n d o n o m e ao r e c é m - n a s c i d o . Depois do n a s c i m e n t o , a m ã e não
p o d e f a z e r j e j u m d u r a n t e d o i s anos, p o i s e s t á a m a m e n t a n d o -
levando e m c o n s i d e r a ç ã o a explicação a n t e r i o r sobre o j e j u m de
m u l h e r e s grávidas.
172 Ordenamentos e o ciclo da vida judaica
45
Pacto da circuncisão
A o r d e n a n ç a do pacto da circuncisão se encontra na parashah Lech
Lechá. O r e c é m - n a s c i d o deve ser circuncidado no oitavo dia, o que
quer dizer que se deve esperar a passagem de um sábado. Nesse dia,
a a p r o x i m a ç ã o com o Eterno é muito maior e, como a circuncisão
é u m pacto com Ele, antes do pacto a criança se eleva ao Criador.
Q u e m aplica os procedimentos de circuncisão é denominado
moei, aquele que detém os conhecimentos necessários para executar
o procedimento. Não precisa ser u m rabino, mas é importante a
participação de u m líder religioso nesse momento tão significativo
para a criança e para os pais.
Os estudiosos do judaísmo buscaram explicações com os cien-
tistas que auxiliam no entendimento de procedimentos como o
da circuncisão. Chegaram à conclusão de que é justamente nesse
período de oito dias que a cicatrização se torna mais eficiente, pois
é o momento em que o corpo c o m e ç a a processar a vitamina K.
Como tratamos anteriormente, tudo resulta da c o m b i n a ç ã o
numérica criada por Deus e está materializada em suas palavras
por meio da Torá. Assim, para a Kabbalah, assunto que abordaremos
mais adiante, a circuncisão está relacionada ao n ú m e r o oito, pois
o n ú m e r o sete é o da natureza e está relacionado com a própria
existência do mundo material. O n ú m e r o oito é o cume da trans-
cendência, momento do término do ciclo da vida; é o sobrenatural,
pois ultrapassou a matéria e transcendeu as regras da natureza.
A prática da circuncisão passou por reviravoltas nos períodos
inquisitórios. Por isso, muitas c o m u n i d a d e s d e i x a r a m de r e a -
lizá-la, a fim de evitar a c o n d e n a ç ã o e a morte na fogueira. E m
determinados países protestantes e católicos, práticas judaicas
foram proibidas. Os judeus tiveram de conviver com perseguições e
preconceitos durante vários momentos dos últimos quatro séculos.
Muitas comunidades se afastaram, rumando para o interior da
173 Ordenamentos e o ciclo da vida judaica
Carreira e sucesso;
46
e o belo se separaram.
Nesse entendimento, no mundo material as coisas belas não
são necessariamente boas, e vice-versa. Daí parte a possibilidade
do engano, pois o externo não reflete o interno. A s s i m , é preciso
sabedoria e sensibilidade para discernir o externo do interno, ou
o belo do feio, ou o bom do r u i m .
SÍNTESE
Neste c a p í t u l o , a b o r d a m o s os p r i n c i p a i s m o m e n t o s da v i d a de
u m j u d e u , desde o n a s c i m e n t o até o m o m e n t o da m o r t e . A p o n -
t a m o s as c a r a c t e r í s t i c a s f u n d a m e n t a i s da prática religiosa e suas
p e c u l i a r i d a d e s essenciais que c o n s t i t u e m os t r a ç o s d e f i n i d o r e s
dos j u d e u s p r a t i c a n t e s . D e n t r e essas p r á t i c a s , o Shabat t a l v e z seja
a m a i s i m p o r t a n t e de todas.
T a m b é m conhecemos o u t r o s aspectos significativos dos judeus,
c o m o suas v e s t i m e n t a s t r a d i c i o n a i s e seus s i g n i f i c a d o s , o b a n h o
r i t u a l e as leis de pureza, os a l i m e n t o s "kasherizados" e t o d o o ciclo
da v i d a , desde o n a s c i m e n t o e o pacto da c i r c u n c i s ã o até a m o r t e
e os p r o c e d i m e n t o s de v e l ó r i o e l u t o .
INDICAÇÕES CULTURAIS
Um violinista no telhado é u m a c o m é d i a m u s i c a l de 1971. N a r r a a
história de u m l e i t e i r o que v i v e n u m a c o m u n i d a d e de judeus e m
u m a aldeia da R ú s s i a czarista d o i n í c i o d o s é c u l o X X . N o f i l m e ,
v á r i a s c a n ç õ e s judaicas são tocadas e cantadas e diversos aspectos
da c u l t u r a e da t r a d i ç ã o judaica são t r a t a d o s .
A T I V I D A D E S DE A U T O A V A L I A Ç Ã O
1 O sábado é de grande i m p o r t â n c i a para a c u l t u r a j u d a i c a ,
tendo em vista sua característica de repouso, já que no sétimo
dia o Eterno parou toda a sua obra. Aponte nas alternativas
seguintes quais atividades e características n ã o estão rela-
cionadas ao sábado:
A] Proibição de realizar quaisquer atividades económicas.
B] Permissão de preparar comidas e outras atividades não
económicas, como lavar a roupa.
c] Estudar a Torá, reunir-se com a família, rezar na sinagoga,
fazer kidush com o v i n h o e o havdalah.
D] Antes do sábado deve-se organizar tudo para as atividades
desse dia a f i m de evitar transgressões.
E] Acendimento da vela do sábado e o Kabbalah Shabat.
A] A s a f i r m a ç õ e s I e I I I são v e r d a d e i r a s .
B] A s a f i r m a ç õ e s I I e I I I são v e r d a d e i r a s .
c] Todas as a f i r m a ç õ e s são verdadeiras.
D] Todas as a f i r m a ç õ e s são falsas.
E] Somente a a f i r m a ç ã o I I é v e r d a d e i r a .
A T I V I D A D E S DE A P R E N D I Z A G E M
A t i v i d a d e aplicada: prática
1. Visite u m a sinagoga ou j u d i a r i a da sua cidade e anote suas
impressões. Caso não tenha na sua cidade, procure na internet
algum vídeo que mostre os rituais judaicos e tome nota sobre
as práticas que mais lhe chamaram a atenção.
AS C O M E M O R A Ç Õ E S
JUDAICAS
51
Cabeça do Ano e Dia da Expiação
Rosh Hashanah (íUtffíl BICI - Cabeça do Ano) é considerado no ca-
lendário judaico o primeiro dia da criação. Os dois dias iniciais
do mês de Tishrei marcam o início do ano novo, momento em que
cada pessoa deve fazer um balanço das relações estabelecidas com
o Eterno e com a humanidade.
Tornou-se um tempo de arrependimento e oração para planejar
melhores condutas e como será o ano que começa. E um momento
de seriedade e gravidade, dia de juízo divino e temeridade, que
184 As comemorações judaicas
52
Festa das Cabanas e Alegria
da Torá
Dentre as mitzvot está a festa de Sucot (JTD10 - Cabanas), que c o m -
preende construir a sucah (cabana) para relembrar a proteção do
Eterno e a bênção sobre os Quatro Minim (espécies) e que tem seu
desfecho no Simchat Torah (mm nnoc - alegria da Torá). É o prenúncio
do inverno, a bênção sobre os minim representa a confirmação do
preparo e precaução para essa estação.
Na sucah as pessoas ficam expostas às forças da natureza e
aos perigos de u m m u n d o que não teme ao Eterno. Por isso, a
fragilidade dessa habitação nos mostra que devemos confiar na
proteção do Senhor, que fez o povo hebraico viver em cabanas
durante 40 anos no deserto porque duvidou do Seu poder. Toda
uma geração ficou condenada a perecer no deserto, e somente
depois seus descendentes veriam a Terra Prometida.
Por isso, a festa lembra esse período em que o povo de Israel
ficou exposto aos perigos e às intempéries. No entanto, o Eterno
os protegeu pela fé, com nuvens de glória. Dentro da cabana e
durante sete dias de comemoração, toda a família deve fazer as
principais refeições, recitar salmos e principalmente estar alegre
com a comemoração, e ainda, se possível, d o r m i r .
Na tradição é preferível construir a sucah antes de Yom Kipur, pois
logo depois é festa de Sucot e muitas coisas deverão ser concluídas,
como as comidas e os enfeites das cabanas. Também é u m período
de fé e esperança no Eterno, sete dias de comemoração iniciados
a p a r t i r de 15 de Tishrei nos quais são realizadas as bênçãos sobre
as Quatro Espécies durante a semana, menos Shabat.
As brachot (bênçãos) devem ser realizadas durante todo o dia, de
preferência antes das orações matinais (Shacharit). Deve-se fazer
as bênçãos sobre as Quatro Espécies de vegetais, que são: u m a
187 As comemorações judaicas
53
Hanukah e 10 de Tevet
A festa de Hanukah - dedicação) comemora um grande m i -
lagre ocorrido com o povo de Israel na época do Segundo Templo,
período em que Israel estava ocupado pelo império macedônico
de Alexandre. Os macedônios, objetivando desmoralizar os is-
raelitas, passaram a atrapalhar as práticas litúrgicas no Templo
de Jerusalém, além de impedir a BritMilá (circuncisão), o Shabat e
outras manifestações da cultura judaica.
Israel começou a resistir à ocupação grega passando a combater
no sistema de guerrilhas. Liderado pelos Reshmonaim, uma família
de cohanim (sacerdotes), venceram a principal batalha e retornaram
ao Templo para acender as lâmpadas da menorah. Suas luzes jamais
deveriam se apagar, por isso as lâmpadas deveriam sempre estar
reabastecidas para a continuação da chama.
Os sacerdotes, ao buscarem óleo para reabastecer as lâmpadas,
perceberam que os recipientes que continham o líquido foram
profanados pelos inimigos que haviam invadido o Templo. En-
tretanto, encontraram uma quantidade de óleo intocada que era
suficiente para deixar acesas as luzes da menorah por mais um dia;
para produzir mais óleo, seriam necessários oito dias. Foi então
que o Eterno fez u m milagre: o óleo encontrado durou oito dias,
tempo suficiente para a produção de mais combustível para as
189 As comemorações judaicas
55
Páscoa, Segunda Páscoa, Shavuot,
Lag baômer e Sefirat haômer
No judaísmo, dois eventos fundamentais marcam as coordenadas
da cultura e da experiência hebraica: a criação do universo e a
saída do Egito. Ambos vêm continuamente recordados em todas
as rezas e em muitas bendições.
No entanto, se a criação não pode ser revivida, é u m dever
preciso de cada hebreu considerar a si próprio em cada momento,
como se tivesse acabado de sair da escravidão egípcia, reviver
aquele momento uma vez no ano por meio dos exatos preceitos e
rituais, narrando aos próprios filhos.
A narrativa bíblica do Êxodo narra a fuga no dia 14 de Nissan
e coloca o fim da servidão egípcia na noite de 15 de Nissan, o mês
hebraico da primavera. Pessach (noD - Páscoa) é, de fato, também
chamada de Festa da Primavera, do retorno à vida na natureza com
o florescer, com a liberdade novamente adquirida, é a páscoa j u -
daica. Igualmente, Pessach é chamada de Festa da Liberdade. O nome
hebraico Pessach indica um salto, um pulo, uma passagem, porque o
Anjo do Senhor veio e espremeu a vida dos primogénitos egípcios,
passou por cima e descartou as casas dos hebreus que marcaram
os umbrais das portas de sangue de cordeiro, o sacrifício pascoal.
193 As comemorações judaicas
56
9 de Ave 15 de Av
Tishá BeAv (2X2B - 9 de Av) é u m dia de muita tristeza e luto para o
povo hebreu, pois marca a destruição do Beit haMikadash, n o ano
de 583 a.e.v., e, depois, o Beit haMikdash Sheni, no ano de 70 e.v. Além
desses acontecimentos, outras tragédias também ocorreram nessa
data, por isso se faz u m taanit de 24 horas, dia de consternação
refletido nos comportamentos das pessoas: senta-se no chão nas
sinagogas e judiarias das comunidades e dedica-se às leituras que
n a r r a m aqueles momentos de dor.
Os rabinos dasyeshivot na época de 9 de Av gostam de narrar a
história da noite que o Imperador Napoleão Bonaparte saiu para
c a m i n h a r e escutou pessoas chorando. Percebeu que v i n h a de
uma sinagoga e, ao observar de perto, as v i u sentadas lendo seus
livros, lamentando e chorando. Havia pouca luz, com algumas
velas acesas, o que pareceu m u i t o comovente para o imperador.
198 As comemorações judaicas
SÍNTESE
Neste capítulo abordamos as principais festividades do povo judeu.
Vimos que o Rosh Hashanah é a data comemorativa da criação do
mundo, a festa de Ano Novo judaico e também o dia do julgamento.
Conhecemos também Sucot, Shemini Atzeret e Simcha Torah, festas
m u i t o importantes que r e l e m b r a m o período em que os judeus
v i v i a m em cabanas e o recebimento da Torá. Além delas, há t a m -
bém a festa de Hanukah, que recorda o milagre do azeite e das
luzes no templo e a triste celebração da lembrança da destruição
das muralhas de Jerusalém; Tu Bishvat e o A n o Novo da Árvores e
a comemoração do povo judeu na festa de Purim; a Páscoa judaica
em Pessach; as rememorações da invasão e da destruição doTemplo
de Jerusalém em 9 de Av e o festivo de 15 de Av.
Assim, o povo judeu v e m rememorando seus acontecimentos
históricos e fortalecendo sua identidade cultural. São comemora-
ções celebradas por todas as comunidades judaicas do m u n d o , i n -
dependentemente das tradições e dos lugares onde estão inseridas.
201 As comemorações judaicas
INDICAÇÕES CULTURAIS
ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
11. O jejum deve ser realizado por todos os judeus, além dos sacri-
fícios de bois ou carneiros e galinhas, ato denominado kaparah.
IH. Não se toma banho ou se passam unguentos perfumados
e, ao fim do dia, executa-se o som do shofar para recordar
o que se fez de mal.
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Q u e s t õ e s para reflexão
Leia o trecho do texto "1973: Síria e Egito atacavam Israel" no
Calendário Histórico da D W Notícias.
61
A história da diáspora
No século I , ano 65 da e.v., Géssio Floro, governador de Roma, na
província da Judeia e m Israel, aumentou a opressão e passou a
controlar a cobrança de tributos e as arrecadações das ofertas em
ouro para o Beit haMikdash (Templo). O estopim para uma grande
revolta em Jerusalém derivou da invasão do Templo e do saque de
todos os seus artefatos e arrecadações em ouro, além do assassinato
de cidadãos proeminentes. Os hebreus e n t r a r a m e m c o n f r o n t o
com os exércitos romanos e retomaram a cidade, declarando Israel
novamente independente.
Esse fato deu origem à Primeira Grande Guerra Judaica con-
tra a ocupação do Império Romano. Géssio Floro f o i derrotado
e obrigado a retirar-se com o que sobrou do seu exército para a
Síria. O Imperador de Roma Nero mandou exércitos para abafar a
revolta, os quais f o r a m derrotados em Beit Horon. Em 66 e.v. ^ i m -
pério enviou o General Vespasiano - que mais tarde se tornaria
imperador de Roma - com seu f i l h o Tito para tomar Jerusalém e
sufocar a revolta. No entanto, retomar o poder sobre o território
hebreu não foi tão fácil devido à resistência dos judeus. Para piorar
a situação, o império passava por grave crise política nas mãos do
Senado e de Nero, que sucumbiu a u m a conspiração e cometeu
suicídio. O fato obrigou Vespasiano a retornar a Roma.
A Tito, então, coube a responsabilidade de reconquistar Israel
e acabar com a revolta, ficando com o comando de quatro legiões:
a Q u i n t a Legião, a Macedônica; a Décima Legião, a Cretense;
a Décima Q u i n t a Legião, a de A p o l l o ou Apolinaris; e a Décima
Segunda Legião, a Fulminata - todas somavam mais de 60 m i l
soldados. A luta t o m o u grandes proporções, a cidade f o i sitiada
208 A diáspora judaica e os novos costumes
C o n s i d e r a n d o Jerusalém u m a cidade r o m a n a , d e t e r m i n a r a m
a construção de u m t e m p l o pagão no lugar do destruído pelos
romanos de Tito. Para piorar, passaram a cobrar impostos para
o Templo de Júpiter e também a p r o i b i r as práticas culturais dos
judeus como a própria circuncisão.
No ano 132 da e.v., milhares de judeus novamente se j u n t a r a m
para i n i c i a r outra resistência à ocupação romana dos seus territó-
rios. Conhecidos como Terceira Guerra Judaico-Romana, ou Revolta
de Bar Kochba, os combates contra as forças de Roma d u r a r a m
aproximadamente quatro anos. O império retomou Yerushaláyim
e mais de 500 m i l judeus f o r a m assassinados.
Visando, então, a acabar com a relação cultural dos judeus com
seu território, Adriano resolveu denominar a região de "Palestina",
fazendo referência aos povos de origem grega que habitaram uma
pequena porção do litoral e sempre estiveram em guerra com os
hebreus. O termo deriva da palavra hebraica Peleshet, que significa
"invasor", "divisor". Além de modificar o nome do território dos he-
breus, o imperador também mudou o nome da capital Yerushaláyim
para Aélia Capitolina.
Os exércitos romanos e seus aliados, no i n t u i t o de t e r m i n a r
de vez com a possibilidade de u m a reação para reconquista de
Yerushaláyim, organizaram uma verdadeira perseguição de guerra
aos grandes grupos de hebreus que, organizados, tentavam resistir
à expulsão dos seus territórios tradicionais. Dadas a tamanha v i o -
lência e a perseguição dos exércitos romanos, restou aos hebreus a
fuga para diversos lugares do Velho M u n d o na conhecida Grande
Diáspora Hebreia.
Os hebreus, levados às grandes migrações e praticantes da
sua antiga religião, espalharam-se pelas regiões circunvizinhas,
incluindo partes da Europa e do M a r Mediterrâneo sob ocupação
romana. Alguns grupos migraram para a Península Arábica, outros
mais para o Oriente r u m o às terras pérsicas, Extremo Oriente e
Leste Europeu.
210 A diáspora judaica e os novos costumes
62
Os judeus sefarditas
O termo sefarditas (ou sefardim - DTIDO) deriva de Sefarad, nome
hebreu da palavra Espanha. Os judeus sefardim são de origem es-
panhola - entre eles todos os que habitavam a Península Ibérica.
Com o tempo, todos os de pele mais escura que habitavam as re-
giões do Oriente Médio e países do Mediterrâneo também ficaram
conhecidos como sefardim.
A imigração dos judeus na Espanha está vinculada à destruição
do Beit haMikdash pelos exércitos de Tito e sobretudo à revolta de Bar
Kochba. Muitos chegaram à Península Ibérica e edificaram impor-
tantes comunidades nas cidades de Granada, Merida, Tarragona,
Toledo, Córdoba e também nas Ilhas Baleares.
Na expansão do seu império, os muçulmanos avançaram sobre
as terras ibéricas e ocuparam a península a partir do ano 711 e.v.,
inaugurando uma nova etapa para a história do povo hebreu. A cul-
tura judaica era tolerada e as comunidades se transformaram em
significativos parceiros comerciais e com habilidades intelectuais
necessárias para auxiliar na administração do império islâmico.
212 A diáspora judaica e os novos costumes
63
Os judeus asquenazes
Os asquenazes (ou ashkenazim - EPnDVK) são judeus brancos ad-
vindos do Leste Europeu e da Europa Central. O t e r m o vem da
denominação hebraica medieval da região dos reinos germânicos.
Eles constituíam m i n o r i a populacional em relação aos sefardim,
com relatos de suas comunidades espalhadas pela Rússia, pela
Polónia, pelos Estados germânicos, pela A u s t r i a - H u n g r i a e por
outros reinos do Leste.
Os asquenazes, assim como outros grupos de judeus, conse-
guiram manter a prática da Torá, em parte porque se beneficiaram
de governantes mais tolerantes com os judeus e principalmente
pela distância da Igreja Católica e do Tribunal da Inquisição. Essas
comunidades passaram a a d q u i r i r características dos povos do
Leste Europeu, dadas as trocas culturais com as comunidades dos
lugares onde v i v i a m , e possuem como idioma - além do hebrai-
co - o idish, uma mistura de hebraico com línguas indo-europeias.
Dentre as teorias que recaem sobre suas origens, a mais polémica
está relacionada ao povo Kuzari ou Khazar, detentor de u m império
com grande extensão territorial que abrangia uma área com f r o n -
teiras que se estendiam ao Norte pelo Rio Volga, ao Sul entre o M a r
Negro e o M a r Cáspio, onde estava a cordilheira do Cáucaso, a Leste
pelo mar do A r a i e a Oeste pela Áustria e pela Hungria.
A influência e o poder dos khazares geraram a miscigenação entre
os povos do Leste e Centro Europeu e Asiático. Os povos subjugados
tiveram suas províncias anexadas às tribos guerreiras e ao sistema
administrativo e expansionista dessa etnia. Dentre esses povos, o
judeu não f o i exceção. Nessa perspectiva, é i m p o r t a n t e ressaltar
que os rabinos desses judeus não aceitam a mistura com os Khazares
nem com outros povos; no entanto, os historiadores e geneticistas
a f i r m a m com veemência as misturas (Costa et a l . , 2013).
217 A diáspora judaica e os novos costumes
64
Outros grupos judaicos
e costumes
C o m o já sabemos, a diáspora judaica espalhou os judeus por v á -
rias partes do mundo, como Rússia, Iêmen, Pérsia e até mesmo
C h i n a . As constantes migrações e o contato com grande variedade
de povos ocasionaram enorme miscigenação, gerando diferentes
comunidades com novos costumes nos lugares mais longínquos.
Entre elas, podemos citar os judeus orientais, que nasceram em
antigas comunidades espalhadas pelo mundo islâmico. Dentre estes
incluímos os que não pertencem aos sefardim e são provenientes
de Síria, Líbano, Egito, Iraque, Irã, Iêmen e outros.
Os judeus sírios e libaneses viveram por séculos nos mesmos
lugares e contavam dezenas de milhares até meados do século X I X .
C o m o início do sionismo*, as famílias c o m e ç a r a m a migrar para
Israel. C o m a criação do Estado de Israel, os judeus sírios migraram
aos milhares, permanecendo algumas centenas de pessoas; com
as guerras dos países árabes contra Israel, os que restaram foram
proibidos de sair do país entre 1967 e 1991, até que, por meio de
acordos diplomáticos, milhares tiveram a permissão de deixar a
Síria, contanto que o destino não fosse o Estado judeu.
Os poucos judeus que p e r m a n e c e r a m - algumas centenas -
possuíam muitos bens e imóveis e se recusaram a deixar o país,
aproveitando toda a antiga estrutura de casas e sinagogas deixa-
das pelos que m i g r a r a m . Na atualidade ainda há os que vivem na
Síria, mas parte de estruturas como museus e antigas sinagogas
foi destruída pelos fundamentalistas do Estado Islâmico*.
C o m os judeus do Líbano ocorreu u m efeito contrário: a cria-
ção do Estado de Israel e as guerras com os países árabes levaram
220 A diáspora judaica e os novos costumes
marranos e criptojudeus
Estudos apontam que as expedições à Espanha eram rotineiras
desde o século X a.e.v. pelos marinheiros fenícios e hebreus. Após
a destruição do Segundo Templo no ano 70 e.v., todos os primeiros
imigrantes judeus-ibéricos teriam se unido àqueles que haviam sido
escravizados pelos romanos durante as guerras judaico-romanas
(70 e 135 e.v) e dispersos para o Extremo Oeste.
Uma estimativa, reconhecida como exagerada, coloca o número
levado para a Ibéria durante esse período em 80 m i l . Esses dados
apontam que ali permaneceram por mais de m i l anos. Cristãos,
judeus e muçulmanos viveram juntos na Península Ibérica durante
longo período sem grandes problemas, mas a p a r t i r do século XIV
começaram os ataques e as perseguições. O f i m do século marcou
o início das conversões forçadas dos judeus ao catolicismo, em u m
cenário cujas opções eram a conversão ou a morte.
Foi o início da criação de leis que restringiam a movimentação
dos judeus, obrigando-os a viverem em guetos. Para c o n t i n u a r
com vida, muitos aceitaram o batismo - presume-se que mais da
metade dos judeus ibéricos converteu-se ao catolicismo, passando
a ser conhecidos como cristãos novos. Na península, a distinção
entre cristãos novos e os outros católicos f o i utilizada de maneira
a d i s c r i m i n a r os conversos.
1 Uma das mais importantes leis do Estado Moderno de Israel, que permite que qualquer judeu
do mundo e seus descendentes até terceiro grau emigrem.
225 A diáspora judaica e os novos costumes
66
Movimentos hassídicos
O chassidismo teve início com o Rabino Baal Shem Tov (Dono de
Nome Bom). Seu nome era Israel Ben Eliézer, nascido em 22 de
maio de 1760, em 6 de Sivan de 5520 do calendário judaico. Era co-
nhecido como místico, e seu pai, u m rabino famoso, faleceu quando
ele era muito jovem. Para se sustentar trabalhava num orfanato.
Seu bisavô era o Rabino Nachman de Braslev, originando uma
linhagem de tzadikim (justos). O estudo da Hassidut é considerado
uma novidade trazida sobre outras áreas da Torá que já existiam
antes. Baal Shem Tov revelou conhecimentos que estavam ocultos
para muitos na Torá.
Hassid (a-Ton - piedosos) é aquele que faz mais do que a Lei
manda, pratica além da halachah (o caminho/ir/andar). Desde a
época do Talmud, o conceito de Hassid existia, sendo utilizado para
referir-se às pessoas religiosas que se preocupavam em praticar
mais do que a Torá exigia; no entanto, não existia um movimento
organizado dessa prática.
Para os chassidim, a prática da Hassidut impulsiona as forças
celestes, objetivando transformar as energias das emoções; não
busca apenas alterar as energias emotivas, mas a origem dessas
emoções. Mesmo a pessoa que não tem a alma elevada como a
dos tzadikim nem evoluiu muito nas suas potencialidades íntimas
poderá captar as energias que emanam da divindade.
230 A diáspora judaica e os novos costumes
SÍNTESE
Vimos que os judeus f o r a m massacrados e seu t e m p l o destruído
pelos exércitos romanos no ano 70 da e.v. Foram expulsos v i o -
lentamente dos seus territórios e obrigados a v i v e r em terras
estrangeiras servindo os habitantes delas.
Com o passar do tempo, mesmo com certo isolamento as fric-
ções étnicas com os povos estrangeiros dos lugares onde v i v i a m
p r o d u z i r a m nas comunidades diaspóricas novos costumes, que
originaram as particularidades dos vários tipos de judeus no mundo.
Os judeus que m i g r a r a m para o Leste Europeu a d q u i r i r a m
hábitos e características físicas daqueles povos, assim como os
que f o r a m para regiões da África Subsaariana e outros lugares,
como o Oriente Médio e o Extremo Oriente.
Na América portuguesa são registrados fluxos de migrações
em diferentes épocas. Os p r i m e i r o s constituem grandes levas de
judeus expulsos da Península Ibérica que, evitando a conversão,
f o r a m perseguidos e mortos pela Inquisição; no f i m , aceitaram o
catolicismo e e n t r a r a m para a história como anussim, marranos
ou criptojudeus.
Outras levas de judeus advindas da Europa e do Marrocos, já
no f i m do século XIX e início do século XX, tiveram histórias bem
diferentes: f o r a m relativamente toleradas nos países de desti-
no - no caso dos Estados Unidos, uniram-se às comunidades já
existentes e, na América Latina, criaram novas.
Também abordamos o m o v i m e n t o hassídico, criado p o r Baal
Shem Tov, que traz nova perspectiva para a interpretação e a v i -
vência da Torá, com o ideal de despir o véu da ocultação da Torá.
A filosofia da Hassidut objetiva a crença do judeu na Torá não
somente pela fé, mas pela razão; em consequência, a perfeição
estará presente e a redenção virá.
236 A diáspora judaica e os novos costumes
INDICAÇÕES CULTURAIS
ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO
ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Q u e s t õ e s para reflexão
Leia o trecho do texto "Os judeus e as divisões geoculturais", da
Associação Brasileira dos Descendentes dos Judeus da Inquisição
(Abradjin).
M o d e r n a , 1993.
F R E E M A N , T. O Fator Adão. C h a b a d . o r g . Disponível em: <https://pt.chabad.
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em: 5 abr. 2019.
em: < h t t p s : / / p t . v v i k i p e d i a . 0 r g / w i k i / F i c h e i r 0 : K a b b a l i s t i c _ T r e e _ 0 f _ L i f e _
K E H I L A T ISRAEL. H i s t o r y o f t h e J e w s i n S p a i n : O r i g i n s and H i s t o r y o f
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P I A Z Z A , W. O. R e l i g i õ e s d a h u m a n i d a d e . 2. ed. São Paulo: Loyola, 1991.
PRKIAVOT. A ética dos pais. I n : SIDDUR: Tehillat haShem. New York: Kehot
APÊNDICE
Capítulo 1 Capítulo 4
1. e 1. b
2. d 2. c
3. a 3. c
4. c 4. b
5. c 5. e
Capítulo 2 Capítulo 5
1. b 1. a
2. d 2. b
3. b 3. a
4. e 4. a
5. b 5. d
Capítulo 3 Capítulo 6
1. c 1. b
2. d 2. d
3. a 3. c
4. b 4. b
5. e 5. a
SOBRE O AUTOR
ISBN 978-85-227-0161-2
0,9/* EDITORA
9 788522"701612" intersaberes