Aula 10
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Após o golpe de 1964, a presidência foi assumida por uma Junta Militar. Uma de suas
primeiras medidas foi a outorgamento do Ato Institucional n. 1 (AI-1), que decretava a realização
de eleições indiretas para presidente da República. Além disso, determinava também que poderiam
ser suspensos os direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos, em nome de “interesses
nacionais”. O AI-1 permitia também que o presidente decretasse estado de sítio sem aprovação
prévia do Congresso.
O Congresso nomeou o marechal Castello Branco, apoiado por diversos nomes civis que
haviam participado do golpe – como Carlos Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto. Castello
Branco assumiu a presidência prometendo a “limpeza” das eleições de 1965.
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As eleições para presidente da República passaram a ser indiretas e foi decretada a extinção
dos partidos políticos, sendo criado um sistema bipartidário com a Aliança Renovadora Nacional
(Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
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2. O governo provisório torna-se efetivo
A Constituição de 1967 legalizou uma série de poderes autoritários dados aos governantes –
como cassar mandatos políticos e decretar estado de sítio sem a autorização do Congresso. Também
criou uma superioridade do Executivo sobre os poderes Legislativo e Judiciário, anulando o
equilíbrio entre os três poderes, institucionalizou a eleição indireta para a presidência da República
e aumentou o controle do Executivo sobre os gastos públicos.
No início de 1967, Costa e Silva foi eleito presidente. A criação do partido de oposição
consentida, o MDB, mostrava a atuação limitada do Legislativo. A atuação dos parlamentares era
constantemente barrada, por meio de cassações ou fechamento do Congresso.
Com o acirramento das perseguições políticas, antigos aliados do governo militar juntaram-
se à oposição para articular um movimento de detenção do avançar do regime. Carlos Lacerda
procurou aproximar-se de Juscelino Kubitschek e de João Goulart. Juntos formaram a Frente Ampla
que teve sua atividade cerceada pela perseguição de seus principais líderes – tanto Lacerda quanto
JK tiveram seus direitos políticos cassados e foram exilados.
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Em junho de 1968, a Passeata dos Cem Mil reuniu estudantes, setores da Igreja,
trabalhadores e artistas contra o governo, condenando as violências e a falta de liberdade no país.
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3. Resistência e repressão
Após a morte e saída de Costa e Silva, Médici foi apontado para a presidência. Os anos de
sua presidência – de 1969 a 1974 – são considerados os mais repressivos e violentos da ditadura,
apontando para o grande radicalismo do período.
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Em 1964, o governo militar havia criado o Serviço Nacional de Informações (SNI) com o
objetivo de recolher informações de caráter político, econômico e social que interessassem ao
governo. Ao SNI, se somaram os órgãos de informação e repressão militares (CENIMAR, da
Marinha, CIE, do Exército, e CISA, da Aeronáutica). Foram criados, também, a Operação
Bandeirantes (Oban), o CODI (Centro de Operações de Defesa Interna) e o DOI (Destacamento de
Operações e Informações) – que ficou conhecido como DOI-CODI. A Polícia Federal e o
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), existentes antes de 1964, também atuaram na
repressão aos opositores da ditadura.
Os meios de comunicação sofreram uma dura censura, sendo impedidos de publicar críticas
ao regime, divulgar determinadas informações ou denunciar violências cometidas pelo Estado.
Muitas vezes, havia uma censura de caráter moral sobre temas culturais. As atividades artísticas
também não escaparam ao controle da ditadura. Além da ação oficial, grupos paramilitares, como o
Comando de Caça aos Comunistas – CCC –, atacavam editoras e peças teatrais que consideravam
“subversivas” e contrárias ao regime, sem receber nenhum tipo de punição.
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4. O “milagre” econômico
Surgia o mito do Brasil potência, alimentado pelos slogans ufanistas divulgados pela
propaganda oficial: “Ninguém segura este país”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Pra frente, Brasil”,
“Até 1964 o Brasil era o país do futuro: agora o futuro chegou”. Nesse contexto, a vitória da seleção
brasileira de futebol na Copa do Mundo, realizada em 1970 no México, foi amplamente explorada
pelo regime, com o intuito de criar uma imagem ufanista entre a população.
Nesse momento, a classe média brasileira conseguiu atingir seus objetivos mais imediatos,
isto é, o consumo. Nas grandes cidades, chegou-se a criar um modo de vida próprio: a casa própria,
cheia de eletrodomésticos, o segundo automóvel da família (o primeiro havia sido adquirido
provavelmente na época de Juscelino), o apartamento na praia ou o sítio no campo.
No entanto, a dependência em relação ao capital estrangeiro era bastante expressiva, e a
dívida externa crescia em proporções alarmantes. Os custos sociais das novas diretrizes econômicas
do governo foram elevados, principalmente com o arrocho salarial que atingiu vastos setores da
população mais pobre. Na verdade, o “milagre” gerou uma acentuada desigualdade da distribuição
de renda.