Relato Do Primeiro Capítulo Evolução Histórica Da Psicanálise

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RELATO DO PRIMEIRO CAPÍTULO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICANÁLISE:

De acordo com autor um texto psicanalítico, seja de natureza teórica ou


técnica, necessita ser compreendido em contexto mais amplo que abrange sua
evolução histórica, influências sociais, culturais e científicas. Portanto, ao considerar
o momento histórico-evolutivo o conteúdo torna-se mais acessível, e para ficar mais
didático foi dividido a história do tratamento de transtornos mentais e emocionais em
três grandes períodos: pré-história, pródromos científicos e o surgimento da
psicanálise como uma ciência.
Na pré-história as doenças mentais eram compreendidas e tratadas de forma
diferente dos dias atuais. Podemos citar de forma suscita de como que essas
questões eram lidadas. No Antigo Egito a prática de trepanações cranianas para
localizar possíveis causas de doenças mentais; vestígios arqueológicos mostram
perícia na execução dessas práticas. A Bíblia Sagrada menciona diversos casos que
podem ser interpretados como transtorno psiquiátricos. Como, o caráter sádico-
destrutivo de Caim, a inveja dos irmãos de José, o alcoolismo de Noé, a psicose
maníaco-depressiva de Saul, entre outros. Na Idade Média os doentes mentais eram
constantemente punidos com muita crueldade ou até mesmo mortos. Ficavam em
prisões (muitas vezes junto a criminosos), masmorras, confinamento em hospícios
insalubres. Importante ressaltar que a mentalidade naquela altura era voltada para
magia e demonologia com práticas de exorcismo, porções mágicas, benzeduras e
curandeirismos. Na Sociedade Primitiva os rituais de “cura” eram praticados por
bruxos, xamãs, sacerdotes e faraós. Já no século XVIII, o médico alemão Anton
Mesmer criou e praticava o Magnetismo Animal ou Mesmerismo como método de
tratamento. Mesmer é considerado o precursor do hipnotismo, o mesmo utilizava
sugestionabilidade e carisma pessoal em suas práticas de grupo. Enfim, a Reforma
Hospitalar no Século XVIII por Pinel e Esquirol promoveram uma reforma hospitalar
conhecida como tratamento moral que significava em medidas que respeitassem a
dignidade do enfermo mental, assim, aumentando sua moral e autoestima. Dessa
forma, buscando uma abordagem mais humanizada. Portanto, essa evolução
evidencia uma transição de práticas baseadas em superstição, castigo, cruéis para
métodos mais humanizados e éticos.
Salienta-se que no Período dos Pródromos da Psicanálise a medicina estava
principalmente fundamentada em aspectos biológicos, com pouca atenção à
psicologia, a qual era predominantemente explorada pelos filósofos. É de referir que
a psiquiatria era, em grande parte, considerada uma extensão da neurologia.
Destacam-se grandes estudiosos neste período, tais como, Sigmund Freud,
neurologista Charcot, neurologista J. Breuer, mestres Liebault e Bernheim, e outros.
Os neuropsiquiatras de então prestavam um atendimento mais humanista que
os métodos anteriores, embora os recursos de que dispunham consistissem
unicamente no emprego de ervas medicinais, clinoterapia (repouso no leito),
hidroterapia, massagens, estímulos elétricos (não confundir com eletrochoque,
método que surgiu mais tarde, introduzido por Bini e Cerletti, e que ainda tem uma
certa utilização na psiquiatria atual); além do uso da eletroconvulsoterapia, também
veio a ser empregada a indução de um estado de coma pela ação do cardiazol ou
da insulina, assim como se iniciava o emprego de calmantes, como os barbitúricos.
Como também já estava havendo a utilização da hipnose.
Houve uma marcante ruptura epistemológica. A partir daí, o conflito psíquico
passou a ser concebido como resultante do embate entre as forças instintivas e as
repressoras, sendo que os sintomas se constituiriam como sendo a representação
simbólica deste conflito inconsciente. Esta concepção inaugura a psicanálise como
uma nova ciência, com referências teórico-técnicos próprios, específicos e
consistentes.
De uma forma extremamente suscita a evolução histórica da psicanálise foi
dividida, centrada exclusivamente nas contribuições originais de Freud, nos cinco
seguintes estágios, a seguir descritos: “teoria do trauma, teoria topográfica, teoria
estrutural, conceituações sobre o narcisismo e dissociação do ego”.
A teoria do Trauma destacando-se inicialmente pela teoria da libido. Freud
concebeu a libido como a expressão psicológica do instinto sexual. argumentava
que a energia sexual, ao ser impedida de seguir seu curso natural, resultava em
sintomas neuróticos. A causa imediata das neuroses, como histeria, neurose
obsessiva, neurastenia e neurose de angústia, seria um represamento quantitativo
da libido sexual.
A teoria topográfica introduziu a teoria topográfica, dividindo a mente em
Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente. A nova abordagem visava "tornar
consciente o que estiver no inconsciente". Portanto, essa fase teórica inaugurou a

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psicanálise como uma ciência, enfocando a descoberta do significado simbólico dos
sonhos e sintomas.
Ao desenvolver a Teoria Estrutural, Freud percebeu que a mente funciona
como uma estrutura na qual diferentes demandas, funções e proibições, seja do
consciente ou inconsciente, interagem de maneira permanente e sistemática,
influenciando a realidade externa. A concepção tripartida da mente, apresentada em
"O Ego e o Id" (1923), inclui o id (com pulsões), o ego (com funções e
representações) e o superego (com ameaças e castigos).
Embora o Narcisismo não tenha sido formalizado como uma teoria, os estudos
de Freud sobre o mesmo forneceram uma base para uma compreensão mais
profunda do psiquismo primitivo. Atualmente, um conceito central na psicanálise
pode ser resumido pela frase "onde houver Narciso, Édipo deve estar”.
Por último, a Dissociação do Ego, o estudioso Freud concluiu que essa clivagem
da mente em regiões conscientes e inconscientes não era exclusiva de psicoses e
neuroses, mas uma característica de todos os indivíduos. Desde seus primeiros
estudos com histéricas, Freud falava de uma cisão interssistêmica, resultando em
núcleos psíquicos independentes. Em seguida, estudou a cisão ativa,
intrassistêmica, que ocorre no próprio seio do ego e não unicamente entre as
instâncias psíquicas.
Fica evidente a genialidade de Freud que permitiu a construção dos
fundamentos essenciais da metapsicologia e prática psicanalítica, estabelecendo
conexões entre teoria, técnica, ética e prática clínica ao longo de sua vasta obra,
marcada por avanços, recuos e transformações sucessivas.
Como sabemos, além de Freud tivemos muitos outros estudiosos que
contribuíram para o desenvolvimento da psicanálise – Abraham, Ferenczi, Rank,
Steckel, Sachs, Jung, Adler, Anna Freud, H. Hartmann, Kris, Loewenstein, Bion, S.
Sullivan, K. Horney, E. Fromm, entre outros.
Assim, não deixando de ressaltar que no seu primeiro século de existência a
ciência psicanalítica tem transitado por três períodos típicos: o da psicanálise
ortodoxa, a clássica e a contemporânea. Além de tudo o que foi dito, é de mencionar
os desenvolvimentos posteriores a Freud, que com certeza as transformações que
vêm-se processando continuamente, pode-se exemplificar com muitas
conceituações postuladas originalmente por Freud e que hoje estão
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comprovadamente equivocadas e descartadas, como a de um pan-sexualismo (todo
e qualquer fenômeno psíquico encontrava algum tipo de explicação na sexualidade);
a subestimação da condição da mulher, que para ele seria sempre inferior e invejosa
dos privilégios do homem; e assim por diante. Vale elucidar também uma técnica por
ele empregada nos primórdios da psicanálise, a qual parecia completamente
superada – como é o caso do efeito terapêutico da “catarse” – e que hoje,
devidamente ressignificada, readquire um lugar de importância no processo
psicanalítico; entre outras técnicas.
Desta forma, o psicanalista segundo ZIMERMAN (2007) deve conservar e
correlacionar todos elementos fundantes de cada período, alguns superados e
descartados na atualidade, construindo sua própria identidade, de forma coerente,
autêntica, com uma ampla variação no estilo de trabalhar de cada um sem que haja
um afastamento dos princípios essenciais do processo analítico.
Nos últimos parágrafos o autor relata a crise na psicanálise, e expõe que é
um tema debatido dentro da comunidade psicanalítica e entre os estudiosos de
psicologia. As mudanças vão muito além do campo restrito da psicanálise como
ciência e confundem-se com as transformações que também acontecem, no mundo
todo, nos aspectos sociais, culturais e, sobretudo, econômicos; existe uma
abundância de tratamentos alternativos que prometem curas mágicas; etc.
Em suma, a questão da crise na psicanálise é complexa e depende da
perspectiva de quem analisa. Ou seja, enquanto alguns veem desafios e mudanças,
outros reconhecem a capacidade da psicanálise de se adaptar e permanecer uma
força influente na compreensão da psique humana. Embora, essa “crise” representa
um sério desafio aos responsáveis pelo destino da psicanálise no sentido de
preservar os princípios básicos que constituem a essência da sua ideologia. Sem
dúvida, a psicanálise continua a ser uma influência significativa em áreas como a
psicologia clínica, psicologia do desenvolvimento, teoria literária e estudos culturais.

REFERÊNCIAS:
ZIMERMAN, David E. fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma
abordagem. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 21-29

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