Apostila PATOLOGIA E REFORÇO DE FUNDAÇÕES
Apostila PATOLOGIA E REFORÇO DE FUNDAÇÕES
Apostila PATOLOGIA E REFORÇO DE FUNDAÇÕES
A ocorrência de patologias nas fundações em obras civis tem sido observada e reportada
com freqüência no Brasil e no exterior. Alguns casos clássicos como a Torre de Pisa
(Itália) e a Cidade do México fizeram a fama de determinados monumentos e locais,
tendo sido extensivamente estudados e apresentados em publicações técnicas como por
exemplo Lizzi (1982).
.
No Brasil, destacam-se as edificações da cidade de Santos (São Paulo) e do litoral de
Santa Catarina pelos desaprumos apresentados, também com referências em inúmeras
publicações especializadas. Estudo de casos podem ser encontrados em Cunha, et al.
(1996).
As patologias são decorrentes das incertezas e riscos inerentes à construção e a vida útil
de uma edificação e que devido aos inconvenientes causados pelo seu aparecimento fica
claro a importância de serem evitadas, nas várias etapas da vida de uma fundação.
O tema é bastante amplo e esta apostila deverá servir apenas como roteiro de estudo.
Mais detalhes sobre o tema pode ser obtido nas bibliografias recomendadas, que
serviram como referência na elaboração deste trabalho.
1.0 PROBLEMAS RELATIVOS A ANÁLISE E PROJETO
O comportamento do solo;
Os mecanismos de interação solo-estrutura;
O desconhecimento do comportamento real das fundações;
A estrutura de fundação;
As especificações construtivas;
Fundações sobre aterros.
Comportamento do solo
Ausência Patologia de
fundações Interação solo x estrutura
Falha ou insuficiência Análise e cálculo
Interpretação inadequada Especificações
Investigação Análise e
do subsolo projeto
Ausência de investigação;
Investigação insuficiente
Investigação com falhas (má qualidade);
Interpretação inadequada dos dados do programa de investigação.
Casos especiais: influência da vegetação, colapsividade, expansibilidade, zonas
de mineração, zonas cársticas (rochas calcárias ou dolomíticas) e ocorrência de
matacoes.
Mais detalhes sobre estas técnicas e procedimentos pode ser obtido em Schnaid (2000) e
Souza Pinto (2001).
NA OBRA:
i. Recalques.
ii. Desaprumos.
A partir de certos limites, será necessário o reforço, uma vez que podem advir
transtornos no uso da construção.
Vigas;
Lajes;
Pilares.
Causas prováveis (fatores de grande risco) para o mau desempenho de uma fundação:
Recalque (S) – é o deslocamento total sofrido por qualquer ponto de fundação: (SA, SB,
SC = Smáx, SD);
Inclinação (ω) – descreve a rotação em corpo rígido de toda a estrutura;
Recalque Diferencial (δ) – diferença de recalques entre dois pontos, após eliminação do
recalque uniforme e da rotação: (δAB, δCD , δBC);
Distorção angular (β) – é a rotação da linha ligando dois pontos, depois de descontado o
desaprumo:
βAB = δAB/LAB
βCD = δCD/LCD
βBC = (δCD – δAB) /LBC
w
A B C D
SA Recalque Uniforme
w SD
Inclinação
SB
SC
A β AB D
δAB
δCD
B βCD
Figura 4.2 – Perfil dos recalques diferenciais após eliminação do recalque uniforme e da
inclinação.
RECALQUE UNIFORME:
Típico de estruturas rígidas e terreno uniforme;
A estrutura praticamente não sofre;
Danos funcionais e estéticos;
Ruptura das redes externa;
Alteração nos passeios e calçadas.
INCLINAÇÃO UNIFORME:
Típico de estruturas rígidas e terrenos linearmente desuniforme;
Recalques linearmente desuniforme;
Estrutura sofre pequenos danos;
Desaprumos.
Na Figura 4.3 são apresentados os critérios de Bjerrum (1963) apud Teixeira & Godoy
(1998), que procuram estabelecer limites para a distorção angular em função de vários
tipos de danos.
δ
Distorção Angular β=
L
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Figura 4.3 – Critérios de danos (Bjerrum 1963 apud Teixeira & Godoy, 1998).
4.3 CONTROLE DE RECALQUES
A interpretação do ensaio pode ser feita pelo Método Case (teoria de impacto de dois
corpos rígidos) e Métodos com base na teoria da equação de onda (problema inverso).
Em casos de reforço de estruturas, esta técnica revelou-se muito útil para avaliar as
características estruturais e geométricas (desconhecidas) de fundações preexistentes,
indicando o largo potencial de uso do ensaio de PIT em toda a sorte de problemas de
fundações profundas. O ensaio é viável devido a sua fácil e rápida execução,
caracterizando-se como uma excelente ferramenta na avaliação da performance de
fundações profundas em serviço (Foá et al., 2000).
Como a onda trafega com uma velocidade fixa, conhecendo-se esta velocidade e o
tempo transcorrido entre o golpe e a chegada da reflexão, pode-se determinar a exata
localização da variação de impedância na base da fundação.
Segundo Globe et al. (1998), o ensaio PIT possui vantagens que o tornaram popular:
Existem histórias de sucessos e fracassos deste ensaio, embora tenha uma boa
aplicabilidade prática. É um ensaio útil para detectar falhas que, de outra maneira,
passariam despercebidas, por vezes comprometendo a construção.
Sobre esse assunto, é interessante o que diz a norma americana, ASTM D-5882-96
(ASTM, 1996) citada por Gonçalves et al. (2000): "O teste de integridade pode não
identificar todas as imperfeições, mas pode ser uma ferramenta útil para identificar
grandes defeitos dentro do comprimento efetivo. Também, o teste pode identificar
pequenas variações de impedância que talvez não afetem a capacidade de carga da
estaca. Para estacas que têm pequenas variações de impedância, o engenheiro deve usar
seu julgamento quanto à aceitabilidade das mesmas, considerando outros fatores como
redistribuição de carga para estacas adjacentes, transferência de carga ao solo acima do
defeito, fatores de segurança aplicados e requisitos de carga estrutural".
Entretanto o PIT ainda é o melhor ensaio desenvolvido até o presente momento para
testar uma grande quantidade ou até mesmo todas as estacas de uma obra. Nas estacas
moldadas in loco, aumenta-se indiscutivelmente a confiabilidade das fundações, que, de
outra maneira, teriam que ser avaliadas apenas por meio do controle da execução. Uma
prova disto é a utilização satisfatória dos ensaios de PIT em diversas obras do Distrito
Federal, onde havia dúvidas com relação à integridade física de estacas escavadas.
6.0 DIAGNÓSTICO
Procedimentos:
Tipos de Reforço:
Segundo Gotlien (1998) a escolha do tipo de reforço a ser adotado vem em decorrência
do diagnóstico alcançado e da experiência e julgamento dos profissionais envolvidos no
problema. A seguir as diversas condicionantes:
Técnicas;
Econômicas;
Exeqüibilidade;
Segurança.
Para se obter bom desempenho dos reforços projetados deve ser dado atenção as
seguintes condições:
______. NBR 6122/1996. Projeto e Execução de Fundações. Rio de Janeiro, 1996. 56p.
CUNHA, R.P. & COSTA, F.L. (1998). Avaliação da integridade física de estacas
assentes na argila porosa de Brasília pelo PIT. XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos
Solos e Engenharia Geotécnica. ABMS, Brasília, DF, 3: 1647-1654.
CUNHA, A.J.P., LIMA, N.A., SOUZA, V.C.M. (1996). Acidentes Estruturais na
Construção Civil, volume 1, São Paulo: PINI. 201p.
FOÁ, S. B., CUNHA ,R. P., PEREIRA ,J. H. F. & CAMAPUM DE CARVALHO, J.
(2000). Análise de fundações profundas usando ensaios de PIT. IV Seminário de
Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia – IV SEFE, ABMS, São Paulo – SP, 1:
349 - 359.
GLOBE, G.G., RAUSCHE, F. & LINKS, G.E. (1998). Pile Integrity Tester Collector
Model. User's Manual. Pile Dynamics, Inc., Cleveland, Ohaio, USA, 38 p.
SOUZA PINTO, C. (2001). Curso Básico de Mecânica dos Solos. Oficina de Textos.
São Paulo, SP.
TEIXEIRA, A.H. & GODOY, N.S. (1996) – Análise, Projeto e Execução de Fundações
Rasas. Capítulo 7. Fundações: Teoria e Prática, Hachich, W., Falconi, F., Saes, J.L.,
Frota, R.G.Q., Carvalho, C.S. & Niyama, S. (eds), Editora PINE Ltda, São Paulo, SP,
pp. 227-264.