Calvin G. Gardner - O Pecado Na Vida Do Crente
Calvin G. Gardner - O Pecado Na Vida Do Crente
Calvin G. Gardner - O Pecado Na Vida Do Crente
Introdução
Muitos podem pensar que, uma vez que uma pessoa se torna crente, ela nunca mais luta contra o
pecado, nem peca. É verdade que aquilo que é nascido no crente não pode pecar e nunca vai pecar (I
Jo. 3.9; 5.18). O que nasce é a natureza divina no crente. A natureza divina no crente não pode pecar,
mas o crente pode. Também é verdade que aquele nascido de Deus não vive dominado pelo pecado.
Mesmo ele caindo, levanta (Pv. 24.16).
O pecado que o crente tem é ligado a ele por ele viver no mundo (I Jo. 2.16) e ter o pecado ainda nos
seus membros (Rm. 7.23). Enquanto o crente estiver carne, terá o problema do pecado (Mt. 26.41: “...
o espírito está pronto, mas a carne é fraca.”). Se não houvesse a possibilidade do crente ser
influenciado pelo pecado, Davi não teria orado: “Expurga-me tu dos que me são ocultos.” (Sl. 19.12;
119.133) e nem teria dito: “O meu pecado está sempre diante de mim” (Sl. 51.3). Jesus também não
teria orado ao Pai que “os livres do mal” (Jo. 17.15). Paulo travava uma luta constante contra o seu
pecado o que o fez lamentar: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”
(Rm. 7.24).
É fato bíblico que o crente peca (Pv. 20.9; 24.16; Ec. 7.20), pois, ele é enfraquecido pela carne (Jo. 3.6,
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”). Tanto a realidade da
presença do pecado na vida do crente quanto à nova natureza são vistas claramente na doutrina da
santificação que envolve a correção de Deus (Hb. 12.5-13). Se não houvesse pecado na vida do crente,
nunca haveria a correção. Se alguém que se acha crente, não conhece a mão pesada de Deus que
corrige seus filhos levando-os a serem “participantes da Sua santidade” (Hb. 12.10), esse tal não tem
razão nenhuma de se achar salvo.
Mesmo havendo a capacidade de pecar, o crente é responsável por não pecar (I Pe. 1.15, “sede vós
também santos em toda a vossa maneira de viver”; I Jo. 2.1; “estas coisas vos escrevo para que não
pequeis”). A possibilidade de pecar nunca é uma razão para se desculpar a ação do pecado, mas uma
forte razão para vigiar (Mt. 26.41) para que não entremos em tentação.
Quem está salvo tem uma nova natureza feita por Deus em Cristo que luta contra o pecado (Gl. 5.17;
“e estes opõem-se um ao outro”; Rm. 7.23; “que batalha contra a lei do meu entendimento”). Antes de
ser Cristão, o salvo não tinha forças nenhuma para dominar o pecado (Rm. 8.8). Em Cristo, o Cristão
tem o que é necessário para dominar o pecado (Mt. 26.41; Fp. 4.13; I Jo. 4.4).
Por causa da confusão que existe sobre este assunto e as dúvidas que Satanás pode trazer à mente do
pecador e do crente, seria proveitoso estudar o que acontece e o que não acontece quando o crente
peca.
Rm. 8.14-17, “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de
filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é
certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.”
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Pela graça de Deus somos nascidos de novo. Deus usa a terminologia “filhos” para mostrar o
relacionamento especial que Ele tem com os Seus pelo novo nascimento. A Bíblia, usando o termo
“filho” (Rm. 8.14-17), revela a impossibilidade de se quebrar os laços permanentes que Deus tem com
os Seus. Será que existe a possibilidade de alguém fazer destes filhos “des-nascidos”?
Esse relacionamento de “filho”, olhado por outro aspecto, é chamado de adoção. É um ato judicial,
que é realizado da parte de Deus, (Gl. 4.4-7), por Jesus Cristo e pela obra do Espírito Santo, com
aquele que era filho “da desobediência” (Ef. 2.2). Esse ato mostra como o crente é feito uma “nova
criatura”, (II Co. 5.17), pois este é mudado para uma família nova, com uma natureza nova. Será que
uma criação de Deus pode ser “descriada” ou “desadotada”?
O crente é nascido de novo pelo Espírito de Deus, (Jo. 3.3-8) através da semente incorruptível (a
Palavra de Deus, I Pe. 1.23) que permanece “para sempre”. Quando cessa a incorruptibilidade? Qual a
limitação cronológica de “para sempre”?
Todavia, o pecado na vida do crente tem um efeito, mesmo que não desfaça a condição de ser ele um
filho de Deus. O crente que peca, quebra a comunhão com Deus. Nunca devemos pensar que Deus
coopera ou tem coexistência com o pecado. A Bíblia mostra claramente que “Não há santo como o
Senhor é santo” (I Sm. 2.2). Pela inspiração do Espírito Santo, a Bíblia estabelece que “Deus é luz e
não há nEle trevas nenhuma” (I Jo. 1.5). Amós faz aos filhos desobedientes de Deus, Israel, uma
pergunta que convém ainda hoje: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”
(Amós 3.3). Nisso ele destaca a quebra de comunhão. O filho pródigo, mesmo no pecado continuou
sendo o filho do pai, mas por causa do seu orgulho, era desobediente e, nessa condição, não andava
com o pai (Lc. 15.11-32).
A própria comunhão quebrada muitas vezes, é uma correção de Deus para com Seus filhos. Não é a
salvação que termina, mas a “alegria” da salvação que é removida (Sl. 51.1, 10-12). Existem várias
manifestações desta quebra de comunhão: pode ser percebida pela falta de vitória espiritual (Pv. 28.13;
II Ts. 5.19, “não extingais o Espírito”.); “Confusão de rosto” (Dn. 9.8) e até o mal (Dn. 9.12-14). A
quebra de comunhão para o crente verdadeiro, é o que a vara é para o corrigido, ou seja, uma correção
eficaz. Aquele que já saboreou as delícias do fruto do Espírito Santo (Gl. 5.22) e o conforto de um
caminhar constante com o Santo sabe como é terrível a quebra da comunhão com Deus. Por isso, Davi
clamou para ter de volta tal alegria, e Pedro quando pecou, “chorou amargamente” (Mt. 26.75).
A solução para o pecado na vida do crente é a confissão a Deus. A justificação é feita uma vez e “para
sempre” (At. 13.39; 8.1, “agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”), mas a
purificação é contínua. A justificação é imputada pela graça de Deus, “pela redenção que há em Cristo
Jesus” (Rm. 3.24) e pela qual temos a “paz com Deus” (Rm. 5.1), mas a purificação que faz parte da
santificação é responsabilidade do crente (Lv. 26.40-42, “então confessarão a sua iniqüidade”; II Cr.
7.14; “se humilhar, orar, buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos”; I Jo. 1.9, “se
confessarmos”). Existe uma lavagem constante que é parte da obra de santificação na vida do crente.
Essa lavagem é pela Palavra de Deus (Ef. 5.26) e nas horas de correção, quando a comunhão com
Deus for quebrada, o crente clama por tal lavagem (Sl. 51.2).
Se a mão de Deus está pesando na sua vida e se você suspeita que haja pecado impedindo as bênçãos
preciosas da Sua presença, busque a Deus em oração, pedindo que Ele sonde o seu coração. Quando a
Palavra de Deus revelar qualquer coisa, confesse-a imediatamente, e procure humildemente a
misericórdia de Deus que lhe dá a graça necessária para endireitar os seus pés no Seu caminho (Sl.
139.23-24).
Uma das razões da felicidade do crente que a Bíblia enfatiza repetidas vezes é: O salvo tem a vida
eterna. Essa salvação eterna é baseada na graça de Deus (Rm. 11.6; Ef. 2.4-9; Jo. 3.16; I Jo. 4.19). O
pecador, sendo o objeto da graça de Deus, não merece tal graça, nem antes de conhecê-la (Rm. 5.6-10)
nem depois (Rm. 7.18).
Não há como enfatizar demais o fato da vida eterna. Essa vida é diferente daquela que Adão conheceu
no Jardim do Éden e daquela que o povo de Israel conheceu sob a lei. A vida que Adão conheceu era
probatória e a vida que Israel conheceu sob a lei era condicional. Enquanto Adão não comeu da árvore
do conhecimento do bem e do mal, ele gozou paz com Deus e tinha firme sua permanência no jardim
do Éden (Gn. 2.17; 3.6, 22-24). Enquanto Israel não adorou ídolos, enquanto Israel cumpriu a lei,
gozou das bênçãos de Deus. O salvo é diferente, uma vez que ele tem a vida eterna baseada na obra de
Cristo (Is 53.5-11; Rm 5.1; 7.22-25; 8.1; Fp 1.6).
A certeza dessa vida é entendida por palavras sugeridas na Bíblia como: “salvar perfeitamente” (Hb.
7.24,25), “não pereça” (Jo. 3.16), “nunca” (Jo. 10.28) e “ninguém pode arrebatar” (Jo. 10.28,29). É
essencial lembrar que “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm. 11.29).
Todavia, o pecado na vida do crente tem um efeito, mesmo que não transforme o que é eterno em
temporário. O crente que peca perde a segurança da sua salvação. Isso quer dizer que ele perde o
sentimento ou a confiança da segurança da sua salvação. A segurança da salvação vem com a
obediência (I Jo. 2.3).
Jonas conheceu esta perda de confiança com seu pecado, pois das entranhas do peixe ele disse:
“Lançado estou de diante dos teus olhos” (Jn. 2.4), uma condição que revela uma falta de comunhão e
a falta de confiança que acompanha tal comunhão (II Pe. 1.4-9).
Jeremias lamentou: “Ainda quando clamo e grito, ele exclui a minha oração” (Lm. 3.8). Esse
sentimento de abandono é mais usual entre os crentes que têm pecado (Sl. 51.3,11; 77.7-9).
A solução para o pecado na vida do crente é Cristo (I Jo. 2.1,2). Aquele que é a salvação do pecador é,
também, a solução do crente que peca.
É importante lembrar que o Espírito Santo está na vida do crente por causa da obra de Deus por Cristo
e não pela obra do crente. Sendo pela obra de Cristo, e por Ele satisfazer a Deus em tudo, (Is. 53.11)
aquilo que a Sua obra efetua é eterno, como Cristo é eterno (Jo. 1.1; 8.58).
A presença do Espírito Santo é tão certa que a Palavra de Deus usa a palavra “selados” para mostrar tal
permanência. A palavra “selados” em grego significa “selar” ou “marcar com um selo”. Isso seria para
proteção, para manter em confiança (Ap. 5.1,2), ou para comprovar (I Co. 9.2) ou confirmar (II Tm.
2.19). Um selo prova propriedade (#4973, Strong’s, Bíblia Online). Essa permanência contínua é
determinada pela frase “para o dia da redenção” (Ef. 4.30; 1.13,14). O dia da redenção é o dia em que
o corpo, a alma e o coração do cristão estarão juntos no céu com Cristo. O cristão é preservado para
esse dia (Jd. 24). Sabendo que somos selados no Espírito Santo até o dia da redenção, somos
constrangidos a sermos vigilantes; não por causa da possibilidade de perder o Espírito Santo, mas para
não entristecer o próprio Espírito Santo.
Quando o Espírito Santo habita o cristão, ele é visto como estando salvo (Rm. 8.9,14-16). Para
entender que a presença do Espírito Santo não se baseia na possibilidade do crente não pecar, podemos
considerar os irmãos na igreja em Corinto. Mesmo com os pecados grosseiros e a ignorância que
existia naquela igreja, os membros foram denominados como tendo o Espírito Santo (I Co. 3.16).
Todavia, o crente entristece o Espírito Santo pelo pecado (Ef. 4.30; I Ts. 5.19). Quando o Espírito
Santo é entristecido, as vitórias na vida, as conquistas sobre o pecado e o crescimento na graça são
prejudicados (Is. 63.10; Hb. 3.10-17). Pergunte a Himeneu e Alexandre se valeu a pena entristecer o
Espírito Santo (I Tm. 1.19,20). Não se pode perder a presença do Espírito Santo, mas, se pode perder a
manifestação da Sua presença.
A Solução do pecado na vida do crente vem através de uma limpeza espiritual constante. Observe que
Davi foi sondado por Deus mais de uma vez (Sl. 139.1,23,24). O arrependimento e a fé que trouxeram
a salvação é uma atividade contínua para o crente que conhece a sua fragilidade na carne (Cl. 2.6).
Pelo andar no Espírito, o cristão é santificado para agradar a Deus e conhecer as bênçãos desse andar
íntimo (Gl. 5.24,25. II Pe. 1.5-8)). Quando a carne estiver estimulada na sua vida, crucifique-a junto
com as suas paixões e concupiscências. Jamais as defenda ou ignore.
A obra que Deus faz é perfeita. É tão perfeita que desde a eternidade Deus conhece o fim da Sua obra.
Por isso, o Espírito Santo inspirou o Apóstolo Paulo a escrever que os santificados que Cristo
aperfeiçoou (I Co. 6.11) serão verdadeiramente glorificados (Rm. 8.29,30). Não há dúvida nenhuma de
que os que foram amados com amor eterno e atraídos com Sua benignidade (Jr. 31.3) estarão ao redor
do Seu trono na glória (Rm. 8.17; Hb. 2.10). Pelo poder de Deus, os salvos entrarão na sua herança
(At. 20.32).
Todavia, mesmo que o filho endureça o seu coração à correção que o Pai dá (Hb. 12.7), ele não se
torna desqualificado para ir para o céu, contudo, pode ter a sua vida encurtada aqui na terra. Deus é
glorificado quando os Seus dão frutos (Jo. 15.8) e os filhos de Deus que não se submetem à Palavra de
Deus sofrem uma correção dura, até mesmo uma vida mais curta aqui na terra (I Co. 11.30; Sl. 38.3;
89.30-34), mesmo que as suas almas sejam salvas no último dia (Sl. 89.30-34; I Co. 3.15,16; 5.5).
A Solução para o Cristão não ter o pecado reinando em sua vida é ser vigilante em oração (I Pe. 4.7).
É impossível para o Cristão que tem uma vida de oração ativa viver em pecado. Portanto, vigiai em
oração. Ao lembrar-se das bênçãos que tem em Cristo, o filho verdadeiro purifica-se a si mesmo para
ser como Cristo (I Jo. 3.3). Portanto, lembre-se constantemente das bênçãos que tem em Cristo. Uma
obediência ativa à Palavra de Deus faz com que o Cristão evite de praticar o que não deve (Lc. 19.13;
Ef. 2.10). Portanto, seja intensamente ativo na obra de Deus.
Em Resumo: Nenhum Cristão Nunca Vai para o Inferno para ser Eternamente
Atormentado Pelo Seu Pecado
I Tm. 1.15, “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar
os pecadores, dos quais eu sou o principal.”
O Apóstolo Paulo, pela inspiração do Espírito Santo, enfatizou que houve uma palavra fiel e digna de
toda a aceitação. Essa palavra fiel era que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (I Tm.
1.15). Se apenas um, entre todos os milhões de pecadores salvos por Cristo Jesus, fosse para o inferno
para ser eternamente atormentado, essa palavra não seria fiel nem digna de aceitação. Contudo, as
Escrituras determinam que essa palavra é fiel e digna. Os pecadores em Cristo são salvos! A beleza do
fato que Cristo é o Salvador dos pecadores é entendida quando se entende que Cristo não só veio para
salvar os pecadores, mas que também é poderoso para conservá-los (Jd. 1.1, 24) e guardar o que é
depositado nEle até o dia final (II Tm. 1.12). A certeza da salvação é baseada na pessoa e poder de
Jesus Cristo. Como não há dúvida nenhuma de que o pecado destrói, incita medo, envergonha e
engana, também não há dúvida nenhuma que Cristo pagou o preço inteiro para o crente ser
apresentado perante a Sua glória irrepreensível e isso, com alegria (Rm. 5.6-8; Jd. 24). Graças a Deus
pela palavra fiel e digna de toda a aceitação!
A paternidade que o filho de Deus tem por intermédio de Jesus Cristo é razão suficiente para
assegurar que nenhum filho vai para o inferno. Pelo amor de Deus (I Jo. 4.19) e através da vontade de
Deus Pai (Jo. 1.13) o crente é feito filho idôneo para participar da herança dos santos (Cl. 1.12). Há
algo maior do que o Pai que possa modificar a vontade dEle (Dn. 4.35; Jo. 10.29)? Não!
A posição que o filho de Deus tem em Jesus Cristo é razão suficiente para afirmar que o crente não vai
para o inferno para ser atormentado eternamente. Nenhum filho de Deus sofrerá no inferno, mas, estará
onde Cristo estiver. Isso é tão confiável quanto a oração e a vontade de Jesus (Jo. 17.24; 14.1-6). Por
causa de tal confiança, o Apóstolo João afirmou: “Amados, agora somos filhos de Deus” (I Jo. 3.2).
Os verdadeiros Cristãos podem ter a mesma confiança. Sendo filhos, somos logo herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo (Rm. 8.17), Quem nos aperfeiçoou para sempre (Hb. 10.14). Por sermos
nascidos filhos de Deus pela semente incorruptível, (I Pe. 1.23) temos a posição abençoada de filhos
de Deus. Para estes não há nenhuma condenação (Rm. 8.1).
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As bênçãos outorgadas por Jesus Cristo dão razões suficientes para afirmar que o crente nunca
perecerá no inferno. O Cristão tem a vida eterna, (Rm. 6.23) por estar em Jesus Cristo. Jamais os que
crêem no Filho irão ao lugar de morte eterna pois têm a vida. Os que não têm Cristo, não têm a vida e
não verão a vida (Jo. 3.36). Tanta a vida eterna, quanto o Espírito Santo são garantias do cristão em
Cristo (Rm. 8.14; Ef. 4.30). Os que têm o Espírito Santo serão salvos no último dia sem dúvida
alguma (I Co. 3.13-16) e não há nenhuma possibilidade de perecerem no inferno.
Muitas vezes, as próprias boas obras dos Cristãos causam confusão em alguns. Há ênfase na Bíblia
para o Cristão andar ao agrado do Pai, isso é, através da obediência. Não há dúvida nenhuma de que há
boas obras para serem operadas pelo crente (Ef. 2.10) que incluem um andar para testemunhar
diariamente a Deus (Mt. 5.14-16) e uma batalha para ser feita pela fé. A confusão vem, quando as
obras são interpretadas como sendo a causa e não o efeito da vida nova em Cristo. Pelo amor de Deus
somos salvos por Cristo. Por sermos salvos, nós amamos a Deus (I Jo. 4.19). Não é o nosso amor que
causa Deus a nos dar Cristo. A nossa obediência é fruto do Espírito Santo de Deus, nos ensinando,
consolando e guiando (Jo. 14.26; 15.26; Gl. 5.22,23). A nossa obediência não é a causa de recebermos
o Espírito Santo. Através de um estudo atencioso da Palavra de Deus podemos entender que as boas
obras, o bom testemunho, a batalha feita pela fé ou a nossa obediência nunca são as causas de obter
Cristo ou a graça (I Tm. 1.12-14). Devemos lembrar destas duas verdades:
1. Salvação é pela graça - NUNCA é merecida (Rm. 11.6; Ef. 2.8,9).
2. Salvação é por Cristo - NUNCA pelo homem (Jo. 3.35,36; 14.6; Rm. 5.6,8).
Em resumo, é bom lembrar que é fato que o crente peca. Somente precisamos considerar as vidas de
Abraão, de Jacó, de Moisés e de Davi para entendermos que os crentes pecam. Estes que pecaram não
estão entre os que perecem no inferno. Eles estão incluídos entre os que têm a fé verdadeira (Hb. 11).
Tinham a fé em Cristo (Hb. 11.39; 12.2) e por isso alcançaram testemunho, mesmo antes que a
promessa (Cristo) viesse. Você tem tal fé em Cristo?
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Temos estudado até este ponto as belezas de ser conhecido por Deus através do Seu Filho Jesus Cristo.
As bênçãos de tal relacionamento gracioso são maiores do que qualquer conseqüência de qualquer
ação pecaminosa. Contudo, estas verdades só confortam os Cristãos verdadeiros. De maneira nenhuma
devem servir de desculpas para o domínio do pecado na vida de qualquer um. Para a pessoa que quer
andar com o nome de Deus na boca, mas quer amar o pecado no coração, estas verdades estudadas não
têm nenhuma colocação. Se tal pessoa pode amar continuamente o pecado, sem ter continuamente a
mão pesada de Deus corrigindo-a, é evidente que tal pessoa não conhece Deus verdadeiramente. Essa
pessoa não deve se iludir. Se uma pessoa não manifesta uma nova natureza (II Co. 5.17), que é
testemunhada através do Espírito Santo morando e transformando continuamente a sua vida à imagem
de Cristo (Rm. 8.11-14, 29), então essa pessoa não é nada de Deus. Ela necessita nascer de novo, do
Espírito (Jo. 3.5-8).
Deus segura eternamente os Seus em Cristo, mas essa segurança não deve ocultar a verdade de que o
pecado tem efeito na sua vida terrena. O estudo que segue considerará essas verdades.
A quebra de comunhão é eficaz, pois o Cristão, pela sua natureza nova, não se relaciona mais com o
mundo como antes. Agora o mundo aflige a sua consciência (II Pe. 2.7). Agora o mundo impede o
crescimento abençoado (Gl. 5.17; Rm. 7.18-23). Quando, pelo pecado, a comunhão com Deus é
quebrada por entristecer o Espírito Santo, o Cristão fica mesmo em apuros. Não pode recorrer ao
mundo e nem tem liberdade com o Senhor Deus. Pode ser esta a razão pelo qual Pedro chorou
amargamente (Mt. 26.75). Aquele que conhece a comunhão íntima com Deus sabe como a quebra de
tal é uma vara de correção eficaz.
A única solução é a confissão e o abandono do pecado (II Cr. 7.14-15; Sl. 51.1-4; Pv. 28.13; I Jo. 1.9).
A ciência nos diz que a luz (com uma velocidade de 299.792 km/seg.) da estrela mais perto da terra
(“Próxima Centauri”, a uns 32 milhões de quilômetros) leva 3.3 anos para chegar a terra. A distância
média das estrelas é uns 65 anos-luz (Enciclopédia Multimedia da Grolier, Ver. 8.01, 1996 - assunto
‘estrelas, distancia’ e ‘ano-luz’). A nossa vida espiritual é semelhante à luz de uma estrela. O brilho da
nossa vida é visto e eficaz somente depois de muito tempo. Se algo entrasse entre a estrela e nós o
brilho dela não mais seria visto por nós. Também, quando o pecado entra na vida do crente, esse brilho
é interrompido ou, como acontece muitas vezes, é destruído completamente.
Conforme Mateus 5.14, nós somos “a luz do mundo”. Isso quer dizer que nós refletimos Cristo, que é
a Luz (Jo. 8.12), ao mundo através das nossas vidas. Verdadeiramente, o que os outros sabem de
Cristo é conhecido através de nosso testemunho (Tito 2.5; Tg. 3.13-18; I Pe. 3.1,2). Por isso somos
chamados “a luz do mundo”, a candeia no velador e a cidade edificada sobre um monte (Mt. 5.14-16).
Quando o pecado faz parte das nossas vidas cotidianas, o brilho de Cristo é diminuído, ou seja, o nosso
testemunho de Cristo é danificado. O pecado é igual a algo que está entre nós e uma estrela. O brilho
de Cristo não é visto mais.
Nosso corpo individualmente é o templo do Espírito Santo (I Co. 3.16,17; 6.19). O corpo somente
pode manifestar o que está por dentro dele. Se tiver pecado praticado por dentro, uma vida suja será
manifesta e não mais a glória de Deus. Um outro problema é desencadeado com uma vida suja no
mundo. Representamos mal o nosso Salvador perante o mundo. Começamos por provocar confusão
em todos ao nosso redor. Dizemos que somos Cristãos, mas vivemos em pecado. Dizemos que Cristo
é poderoso para nos salvar dos pecados, mas vivemos caídos no pecado. Assim como um instrumento
musical que emite um som estranho, nós provocamos confusão (I Co. 14.7,8). O mundo ouve o que
dizemos, mas examina as nossas vidas diárias. O mundo pensa, por causa dos nossas vidas, que Cristo
é falho.
Nós, como membros de uma igreja verdadeira, coletivamente, somos feitos o corpo de Cristo (Ef.
1.23). Se os membros da igreja estão vivendo em pecado não confessado e abandonado, como é que
Cristo vai ser visto pelo mundo, como santo na assembléia? O mundo não precisa de uma testemunha
com testemunho danificado. O mundo precisa ver a palavra de Deus representada através de uma vida
santa para saber o que realmente significa a nossa pregação verbal. Por causa do dano que uma vida
pecaminosa faz ao nome de Cristo, a correção de Deus pode ser exercitada com dureza (I Tm. 1.19,20;
I Co. 11.30), mesmo que a alma seja salva (I Co. 3.15,16).
A solução para o pecado na vida é o arrependimento a Deus. Isso inclui tristeza e abandono completo
do pecado. Logo que o pecado é abandonado, o poder de Deus deve ser procurado para poder vencer o
mal e para poder viver em submissão à vontade de Deus (Sl. 139.23,24). Isso é o que o Apóstolo Pedro
fez tornando-se um servo fiel (Mt. 26.75; Jo. 21.17,19).
Se o pecado estiver oculto, confissão ao Senhor se faz necessária (I Jo. 1.8-9; Sl. 19.12-14).
Se o pecado for contra um irmão, um arrependimento para com aquele irmão convém para consertar o
testemunho diante do mundo e ser perdoado por Deus (Jó 42.8; Mt. 5.23,24).
Se o pecado for público, convém um arrependimento público. Somente assim terá o testemunho
público restaurado (Zaqueu, Lc. 19.8).
Para consertar o testemunho depois de danificá-lo, cuide especialmente da sua submissão à Palavra de
Deus.
A condenação dos pecados precisa ser feita (Ezequiel 18.20, “A alma que pecar, essa morrerá”). Os
que não têm os seus nomes escritos no livro da vida e, os que nunca foram regenerados para serem
filhos de Deus por Jesus Cristo, receberão a condenação pelos seus pecados no tempo do porvir no
lago de fogo (II Ts. 1.8-9; Ap. 20.11-15). Os que já foram regenerados por Deus têm a condenação
dos seus pecados já castigados em Cristo (Is. 53.4-6; Rm. 5.6-8; II Co. 5.21). A condenação eterna dos
seus pecados foi levada em Cristo (Rm. 8.1). Todavia, sem dúvida nenhuma, estes têm as
conseqüências das suas desobediências corrigidas nesta vida (Hb. 12.5,6).
Este castigo (repreensão) dos filhos de Deus é para correção, e é uma marca clara de que se é filho de
Deus (Hb. 12.7,8). Estes açoites vêm do Senhor (I Co. 11.32) e vêm para o bem (Rm. 8.28, “para o
bem”; Hb. 12.10, “para nosso proveito, para sermos participantes da sua Santidade.”). Deus pode usar
os outros para estender a Sua correção (Mt. 18.15-17 - a igreja; Nm. 21.6 - situações; Jz. 3.3, 4 -
pessoas que não conhecem a verdade) Contudo, sempre com a Sua direção. O castigo do Senhor é com
o intuito de revelar o Seu amor (Pv. 3.12; Ap. 3.19, “Eu repreendo e castigo a todos quanto amo”), e
aperfeiçoar os Seus (Ef. 5.26,27; Hb. 12.9,11). O castigo vem para o nosso bem. Todavia é melhor
viver em obediência para não precisar de castigo.
QUANTO MAIS SUJEIRA TIVER EXPERIMENTADO, MAIS "CORREÇÃO" SERÁ APLICADA
A solução para não correr o risco de conhecer a vara corretiva do Senhor é andar reto segundo a
Palavra de Deus. Quando pecares, confessa-o (I Jo. 1.9) e volta a observar os princípios deixados de
obedecer (Sl. 119.9; Ap. 3.19, “sê pois zeloso, e arrepende-te”.).
Vivemos em um mundo onde o astuto Satanás é o príncipe das potestades do ar (Ef. 2.2). Não estamos
numa luta contra personalidades, mas, contra este príncipe das trevas (Ef. 6.12). Acrescente a essa
realidade o fato de termos um coração mais enganoso do que podemos conhecer (Jr. 17.9). Tudo isso,
mais a verdade que o pecado apenas tem efeitos destrutivos, nos alerta a sermos perspicazes sempre.
A vitória sobre o pecado é conseguida quando estamos atentos. A toda hora temos que estar
cuidadosos, pois o diabo não cessa de perturbar os retos caminhos do Senhor (At. 13.10). Ele é como
um leão faminto, buscando a quem possa tragar (I Pe. 5.8). Ele destrói com mentiras e é homicida
desde o começo (Jo. 8.44). Quando deixamos de ser prudentes como devemos (Mt. 10.16), ou quando
cessamos de vigiar em oração (Mt. 26.41; Mr. 13.33; I Ts. 5.8; I Pe. 5.8), perdemos a oportunidade de
usar o escape que Deus dá justamente para podermos suportar tais tentações e ardis de Satanás (I Co.
10.13). Pedro deixou de estar atento em uma única ocasião e caiu na tentação de confiar na carne (Jo.
13.37; 18.17,25-27). Esta única vez de displicência espiritual trouxe consigo um choro amargo (Mt.
26.75) e um mau testemunho que dura até hoje. Para sermos vitoriosos sobre a natureza sutil, enganosa
e destrutiva do pecado, não temos opção alguma - se desejamos ter vitória - a não ser estarmos atentos
em todo o tempo.
Devemos lembrar das experiências também. Não devemos ficar iludidos pensando que o que
aconteceu uma vez não pode acontecer outra. Cada um de nós tem “o pecado que tão de perto nos
rodeia” (Hb. 12.1), ou seja, uma tentação que Satanás usa repetidas vezes em nossa vida para nos
tornar presas dele. Pela graça de Deus, temos vitória várias vezes sobre este pecado. Para continuarmos
a ter vitória, devemos lembrar que Satanás não dorme! Somos aconselhados a não dormir também (Lc.
21.34-36). Há personalidades bíblicas cujas experiências nos ajudam. O fato de Abraão mentir sobre a
mulher, várias vezes, (Gn. 12.10-20 - 20.1-5, 12-13) é uma experiência que nos ensina a ter cuidado.
Também o apóstolo Pedro negou, não apenas uma vez, mas três vezes (Jo. 13.37; 18.17, 25-27). Se
estes homens foram fracos, é prova que devemos ser vigilantes também. Cabe a nós reconhecer os
sintomas e não sermos ingênuos. O que aconteceu a um outro, pode acontecer conosco também. As
tentações são humanas (I Co. 10.13). O que aflige nossos irmãos cristãos, pode nos afligir também (I
Pe. 5.9). O que aflige os do mundo pode nos afligir também, pois temos corações enganosos e as
mesmas paixões (At. 14.14,15). Cristo instruiu os discípulos a lembrar “da mulher de Ló” (Lc. 17.28-
32) para que eles fossem prudentes. Paulo lembrou a Timóteo de Himeneu e Alexandre (I Tm.
1.19,20) para que retivesse a fé e a boa consciência. Nós temos a Bíblia em nossas mãos e ela foi
escrita para nosso ensino (Rm. 15.4). Não há razão para sermos inexperientes. Podemos e devemos
aprender com os problemas e com as situações bíblicas que provocaram pecado. O escape útil desses
pode ser o mesmo que precisamos. Devemos resistir, mas, não na força da carne. Temos que resistir
firmes na fé, (I Pe. 5.6-9) para sujeitarmo-nos melhor a Deus (Tg. 4.7,8).
Se quisermos mesmo ter vitória sobre o pecado devemos ser santos. Devemos guardar os nossos
corações (Pv. 4.23-26). Do coração procedem as fontes da vida. Os que observam a Palavra de Deus
para praticá-la em suas vidas diárias são os que podem resistir às tempestades que certamente chegarão
a vida de cada um de nós (Mt. 7.24-27). Uma vida que tem a armadura de Deus é uma vida pronta para
ter vitória sobre as ciladas do diabo, (Ef. 6.11-18). A armadura de Deus é útil somente para os que já
nasceram de novo e conscientemente vestem-se dela (Ef. 6.18, “orando em todo o tempo”). Somente
os que manejam bem a Palavra de Deus não precisam se envergonhar (II Tm. 2.15). Apenas os que são
chegados a Deus (Tg. 4.8) vão lembrar-se de lançar sobre Ele toda a ansiedade na hora de aperto (I Pe.
5.7). Sendo espiritual na hora da tentação, podemos desviar-nos do mal e sermos amparados na hora da
aflição com a Sua graça.
Há perigo no pecado para qualquer pessoa, mas especialmente para o crente. Se você desejar afastar-se
do pecado, chegue mais perto de Deus. Tendo feito tudo para resistir, sede firmes.
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Bibliografia
PINK, Arthur W., Sins of the Saints. Chapel Library, Pensacola, sd.
BÍBLIA SAGRADA, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, São Paulo, 1/94
GILL, John, A Body of Doctrinal Divinity., Book 3, Chapter 12, Electronic Version presented by: Bible Truth Library