Resumo Tema1

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A antropologia e a compreensão do mundo contemporâneo

1.1 O que é a Antropologia e qual o seu contexto nas ciências sociais?

A Antropologia é uma ciência que faz parte do ramo das Ciências Sociais. Dedica-se ao
estudo aprofundado do ser humano. Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço,
suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças e diferenças, a Antropologia tem de ser
capaz de olhar, de apreciar e tentar entender o Outro, procurar ver para além de si mesmo.
Tem como foco de interesse o conhecimento do comportamento cultural humano. É um
suplemento de outras áreas de estudo como por exemplo a sociologia, a psicologia,
É conhecida como a ciência da alteridade, porque tem como objetivo no estudo do homem
na sua extensão e dos fenómenos que o rodeiam. Com o objeto de estudo tão amplo e
complexo, é imperativo poder analisar as diferenças entre várias culturas e etnias. Como a
alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do Outro, ela assume um papel essencial
na Antropologia.
A Antropologia surge como estudo da Humanidade, nas suas mais variadas dimensões. A
Antropologia é sobretudo a procura pela compreensão do Outro, pelos valores da sua
cultura, pondo de parte o eu próprio.
“Para a Antropologia, O mesmo e o Outro são o Mesmo; ou o Outro e o Mesmo são o
Outro” (Sousa, 2019).
A Antropologia nasce na segunda metade do Se. XVIII na Europa, como sendo uma filosofia
da cultura; devido à evolução que se vivia na época. Esta visão da antropologia como a
ciência da humanidade significa que tem como objetivo o estudo sobre o ser humano e
humanidade em todas as suas dimensões, assim como o a sociologia, a economia e a
psicologia; no entanto cada uma delas destaca um aspeto diferente sobre o homem.
A antropologia estuda não as pessoas, mas com as pessoas, participando e observando a
sua vida, permitindo desta forma adquirir compreensão da Sociedade, conhecer melhor a
sociedade, etc.
Principais Objetivos:
 Adquirir uma compreensão da sociedade
 Conhecer melhor as sociedades do terceiro mundo;
 Aperfeiçoar competências de raciocínio e debate;
 Complementar de outras áreas como a biologia e ecologia sociologia e outras.

1.2 – Diferentes aceções do termo

As diferentes aceções do termo na prática, comportam a distinção entre antropologia


social e cultural, derivando da existência nos conceitos de sociedade e cultura e de dar
mais relevo a cada uma das suas diferentes realidades. Não se trata, pois, de duas ciências,
mas sim de pontos de vista diferentes, de tradições e preferências biológicas.

- Os antropólogos socias – encaram o estudo da sociedade, como um conjunto social, o


qual lhes permite desenvolver um estudo para a sua abordagem às mesmas.

- Os antropólogos culturais, encaram o estudo através de uma bordagem comparativa,


através dos diferentes aspetos culturais com que são deparados. Têm sempre de fazer
escolhas em função do que consideram mais relevante, para o seu tipo de pesquisa, a qual
se propôs a fazer. Essas escolhas partem das diferentes esferas da vida sociocultural
humana, como por exemplo a tecnologia, a religião, entre outras.

1.3. Campos de estudo da antropologia

É uma ciência integrante a qual no seu desenvolvimento inicial não fazia a distinção entre
os diferentes domínios de conhecimento, considerados na perspetiva de uma problemática
teórica geral sobre a Humanidade. De facto, no passado, a designação genérica de
Antropologia cobria grosso modo no mínimo, e continua a integrar, mas de forma
independente, cinco domínios de estudo fundamentais:
Antropologia física ou biológica – Estuda as variações dos caracteres biológicos do homem
no espaço e no tempo, interrogando-se sobre relações do património genético com o meio
geográfico, ecológico e cultural.
Antropologia pré-histórica – Estuda o homem através de vestígios materiais e de todos os
traços da sua atividade passada.
Antropologia linguística – Permite compreender como os homens pensam, vivem e
experimentam ou sejam suas categorias psicoafectivas e psicocognitivas. Como exprimem
o universo e o social através do estudo da literatura escrita e da tradicional oral.
Antropologia Cultural e Social – Analisa os modos de produção e de circulação dos bens
económicos, das técnicas materiais e culturais, da organização política, social e jurídica, dos
sistemas de conhecimento, das representações simbólicas e religiosas, da língua, dos
comportamentos e das criações artísticas de uma sociedade.

No contexto das ciências sociais a Antropologia Social tem afinidades com várias
disciplinas:
 Sociologia – Ambas estão interessadas no estudo da sociedade;
 Psicologia – Por interesse no estudo da relação entre cultura e personalidade;
 Ciência Política – Interesse no estudo das relações de poder;
 Economia – Interesse pelo estudo do modo de subsistência/sobrevivência da
Humanidade. Levou ao desenvolvimento de uma área especifica, a Antropologia
Económica;
 Geografia – Interesse comum pelos padrões de fixação humana e contactos
culturais;
 Educação – Abordagem multicultural e estudos comparativos educacionais;
 História – A diferença reside no facto de a História estudar elementos do passado,
enquanto a Antropologia estuda a atualidade;
 Arte - é relevante devido aos seus aspetos sociais.

1.4. Antropologia, etnologia e etnografia

Correspondem a diferentes etapas do processo de estudo.

 Etnografia – Fase da investigação no terreno, significa descrição cultural de um


povo. Apresenta, traduz a prática da observação, da descrição e da análise das
dinâmicas interação e comunicação. O principal foco é o estudo da cultura o
comportamento e evolução de determinados grupos sociais.
 Etnologia – Comparação e síntese dos dados, num âmbito regional da etnografia.
 Antropologia – desenvolve-se como uma síntese comparativa dos elementos
facultados pela etnologia.

Estes três níveis convergem e interagem. Mas, no que respeita ao processo de


investigação, ensina-se os alunos que este se deve iniciar com a etnografia, seguindo-
se a etnologia e, depois, a antropologia. O processo de investigação não é linear, tendo
o investigador de se munir de alguma flexibilidade, podendo ter de alterar o seu plano
inicial de forma a se poder “enquadrar” na realidade a estudar.

conceito de alteridade, diversidade cultural e etnocentrismo.

A antropologia estabelece-se como ciência no século XIX (altura


em que adquire um estatuto académico), tendo um campo e um
método de trabalho próprio da disciplina. Sabemos que o trabalho
de campo etnográfico é, por excelência, o método de trabalho
antropológico, desenvolvendo o antropólogo o seu trabalho de
investigação na recolha de dados para proceder a análises sobre
uma determinada população num contexto cultural, social
específico. O trabalho de campo envolve a aplicação de várias
técnicas e métodos de recolha de informação através de diversas
formas de observação. É, em parte, esta metodologia que permite
distinguir a investigação antropológica, da investigação realizada
por outras ciências sociais e humanas, como a história ou a
sociologia, apenas para dar dois exemplos. Através do trabalho de
campo é possível para o antropólogo confrontar-se com o “outro”
diferente de nós próprios e, por isso, contactar com a
“alteridade”, ou seja, com o outro que é diferente de mim. A
prática do trabalho de campo, a proximidade com este “outro” que
se pensava distante em termos culturais e sociais, permite
confrontar dois conceitos antagónicos: “etnocentrismo” e
“relativismo cultural”. O “etnocentrismo” é uma visão do
mundo que coloca a nossa cultura, o nosso grupo, no centro das
nossas interpretações e todos os outros grupos e culturas são
pensadas à luz desta nossa visão etnocêntrica, criando muitas
vezes sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. Veja-se,
por exemplo, a relação etnocêntrica que muitos têm com a
questão dos refugiados africanos que atravessam o mediterrâneo!
Por outro lado, o “relativismo cultural”, permite-nos ter um
entendimento do outro que tenta perceber uma cultura ou um
grupo à luz do seu próprio contexto. Esta é uma ideia central na
antropologia. Nas palavras de Hoebel e Frost 2001: 22, in Sousa,
2021: 38) “O conceito de relatividade cultural afirma que os
padrões do certo e do errado (valores) e dos usos e atividades
(costumes) são relativos à cultura da qual fazem parte. Na sua
forma extrema, esse conceito afirma que cada costume é valido
em termos do seu próprio ambiente cultural. (Hoebel e Frost,
2001, 22).
Sendo um conceito central na antropologia, esta questão
atravessa a prática dos antropólogos dentro e fora da academia,
seja qual for o ramo que estes tenham escolhido para exercer a
sua atividade profissional. Assim, a pergunta sobre quais são os
limites do relativismo cultural está presente na prática dos
antropólogos. Como relativizar um grupo ou uma cultura que não
respeite dos direitos humanos, uma das maiores conquistas da
Humanidade? Como não julgar práticas que, à luz da nossa
própria cultura são bárbaras, como o infanticídio ou práticas rituais
que envolvem grande sofrimento físico de crianças e mulheres?
Estar ciente destes dilemas e reconhecer a complexidade do
conceito de relativismo cultural e de cultura são, de facto, os
primeiros passos para uma prática antropológica responsável e na
resolução de problemas sociais para os quais os antropólogos são
cada vez mais chamados a intervir fora da academia.

1.5. Etnocentrismo e Relativismo Cultural

Etnocentrismo – é quando alguns indivíduos acreditam que a sua etnia e respetivas


práticas culturais são superiores aos comportamentos dos outros. Com isto julgam e
qualificam as crenças e costumes de outras culturas, de acordo com a visão que
consideram ser desejável ou aceitável (sendo esta sempre a própria cultura).

Cada grupo fomenta o seu próprio orgulho e a sua vaidade, proclama a sua
superioridade, exalta as suas próprias divindades e descreve os outros com desprezo.

Relativismo Cultural – é uma perspetiva antropológica que vê diferentes culturas de


forma livre de etnocentrismo, sem julgar o outro a partir de sua própria visão e
experiência.

Como conceito científico, o relativismo cultural pressupõe que o investigador tenha


uma visão neutra diante do conjunto de hábitos, crenças e comportamentos que a
princípio lhe parecem estranhos, que resultam em choque cultural. Relativizar é deixar
o julgamento de lado, assim como se afastar da sua própria cultura a fim de entender
melhor o outro.

2 – Métodos de Investigação antropológica


2.1. – Antropologia clássica

Observação e Registo – Processo denso e estimulante, é necessária aptidão para descrever


o que é observado, este facto envolve anotação atenta das observações e a sua
organização por assunto. A observação ocorre nos mais ínfimos contactos sociais, estas
experiências dizem-nos algo sobre os seus participantes e os grupos envolvidos pela forma
como interagem tendo como principio identificar quem está a fazer o que, com quem,
onde e quando. A observação divide-se em duas partes:
Observação participante – permite a participação na vida coletiva das comunidades ou
grupos, autoriza a interação, empatia ou diálogo entre os sujeitos, facilita o rápido acesso
de dados relativos a determinadas comunidades e permite também registar
presencialmente todos os acontecimentos ocorrentes.

Observação não participante – implica o estudo sem interferência do observador com o


sujeito observado, ou seja o investigador não está diretamente envolvido na situação a
observar, ele apenas atua como espetador. Apesar de possibilitar a obtenção de
informação, sem gerar discussões ou suspeitas junto dos membros das comunidades ou
grupos em estudo, traz alguns obstáculos, como a dificuldade em ter acesso a informações
que podem ser importantes, a investigação torna-se mais difícil de se realizar.

Entrevistas a informantes qualificados

É um dos princípios essenciais da pesquisa antropológica. Informante qualificado é objeto


de discussão, por um lado é relativamente consensual que ele deve ocupar um lugar, ou
desempenhar o papel que torna socialmente significativo, mas ao mesmo tempo, não se
passa relativamente à sua capacidade de analisar a sua condição de vida analiticamente.
Relativamente ao papel social desempenhado pelo entrevistado, há que ter em conta que
nem sempre o desempenho de um papel visível, é sinonimo de experiência ou de saber,
muitas vezes o informante mais qualificado pode estar oculto pela sua condição social e
não é imediatamente identificado.

A entrevista e as questões

A entrevista deve ser, em larga medida uma conversação com sentido preponderante, a do
informante em relação ao entrevistador. A entrevista começa com a comunicação da
intenção e a preparação do entrevistado. É importante esclarecer os objetivos da mesma
de uma forma clara e sucinta e estar pronto a responder a todas as questões, que possam
ser colocadas pelo entrevistado. A preparação da entrevista incluirá a elaboração de um
guião de entrevista, que contemplará os temas a serem desenvolvidos. A forma como se
abre p diálogo, deve ser centrada em questões sobre assuntos presentes e não
controversos, questões mais genéricas que permitam colocar o entrevistado à vontade e
ajudar a encaminhar o entrevistador.

Grupos focais

Consiste num grupo de pessoa, normalmente de 6 a 12, com um estatuto de uma forma
geral equivalente, com interesses, características e conhecimentos comuns. Na entrevista,
cada participante deve ser capaz de expor as suas opiniões sobre um tema proposto dentro
de um tempo definido.

Grupos Nominais

Forma mais estruturada de grupos focais, com os mesmos princípios e com a mesma
dimensão, mas com controlo muito maior da interação dos participantes por parte do
moderador com o objetivo de estabelecer prioridades e consenso. Estes são uteis, pois
permitem ultrapassar algumas dificuldades dos grupos focais, nomeadamente a
possibilidade de existirem rivalidades interpessoais. Por vezes pode ser útil combinar as
duas abordagens.

Conferencias

Grupo nominal, realizado através de meios informáticos, anonimo mas interativo, é


composto por participantes até 30 elementos reconhecidos pelos seus conhecimentos ou
capacidades para comentar de forma pertinente o tema em investigação. Este método é
útil, quando os participantes vivem afastados uns dos outros.
Indicadores sociais

São obtidos através de análise de estatísticas relevantes. Estes são números agregados
escolhidos para representar tendências e assumidas com medidas de uma região ou país.
Entre as áreas passíveis de serem analisadas através de indicadores estão a saúde e a
habitação. A combinação de vários indicadores, permite avaliar os indicadores
socioeconómicos como o da pobreza.

Questionários

É necessário ponderar a sua realização e verificar se a informação não pode ser obtida de
outra forma. Um dos principais desafios da aplicação de um questionário a seleção da
amostra. Esta pode tomar duas formas, as formas probabilísticas e as amostras não
probabilísticas.

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