Fundamentos Da Linguagem Visual1
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LINGUAGEM VISUAL
AULA 1
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Além da pintura, a arte figurativa pode ser feita por meio de desenhos,
esculturas, gravuras e outros, desde que seu objetivo seja o de retratar a forma
natural dos objetos, seres humanos, paisagens ou animais.
O Renascimento, o Barroco e o Realismo podem ser citados como alguns
exemplos de períodos artísticos em que o “real” se torna uma possibilidade
figurativa e a capacidade de mimese, ou seja, a capacidade de retratar o mundo
natural do pintor contava muito. No século XIX, podem ser citados o
Impressionismo e o Expressionismo como figurativos, mas menos preocupados
com a representação "correta" dos objetos.
O figurativismo pode ser divido em realista ou estilizado. O realista tem
como característica a verossimilhança com a percepção do mundo natural,
enquanto as estilizadas são produzidas com mais autonomia e não se prende
aos mínimos detalhes do que se pretende expressar. Busca-se, em vez disso, a
essência de cada forma percebida por meio de seus elementos formais.
O figurativismo também pode ser classificado de acordo com o gênero,
como mitológica, de gênero, histórica, religiosa, natureza-morta, retrato, marinha
e paisagem, como veremos a seguir.
1.1 Mitológica
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Figura 1 – Édipo e a Esfinge, por Gustave Moreau
1.2 De gênero
1.3 Histórica
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Figura 3 – Pintura do Massacre dos Inocentes da igreja de San Eustorgio, de
Giovan Cristoforo
1.4 Religiosa
Crédito: FRAMEANGEL/SHUTTERSTOCK
1.5 Natureza-morta
1.6 Retrato
1.7 Marinha
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períodos e movimentos e aqui chamamos a atenção para uma pintura
impressionista. Na figura a seguir, temos o quadro pintado por Claude Monet,
uma pintura impressionista francesa de óleo sobre tela e que cria a ilusão de
reflexos cintilantes da luz solar na água.
1.8 Paisagem
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outros. Para se entender melhor sobre essa diferença entre a arte figurativa e a
abstrata, será feita a conceituação a segui.
TEMA 2 – O ABSTRATO
Crédito: ANTON.F/SHUTTERSTOCK
Neste caso, é a cor falando pela cor, a linha falando pela linha, o formato
falando pelo formato e não mais um conjunto de elementos formais agrupados
para simular algo que está no mundo natural. A produção artística no
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abstracionismo não tenta simular algo que está no mundo natural, pelo contrário,
ela produz uma arte que é concreta, ou seja, a cor simplesmente está na tela,
não simula algo que está fora desta.
Embora seja chamada de arte abstrata, ela é muito mais concreta do que
a arte e é produzida em movimentos, como o Realismo, o Neoclassicismo e o
Romantismo, que precisam de um grau de abstração mental para serem
consideradas como verdadeiras. A arte do período impressionista, por exemplo,
requer um observador ativo que queira entender que manchas coloridas de
diferentes tonalidades de verde representam uma árvore.
O artista abstracionista não tem interesse de representar a árvore, ele tem
interesse em representar a própria mancha em tonalidades de verde. Não é mais
a árvore que é o interesse do artista abstracionista, assim como também não é
aquilo que está fora que interessa ao artista abstracionista, o que interessa a ele
é o uso dos elementos formais em suas obras artísticas. São exemplos de
movimentos que buscaram o rompimento com os antigos valores estéticos:
cubismo e surrealismo.
2.1 Cubismo
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Crédito: HARE KRISHNA/SHUTTERSTOCK
Os artistas cubistas fazem combinações extremas, a ponto de
desmaterializar completamente a figura do mundo das coisas, e para se chegar
nesse objetivo, ele simplifica a cor, suprime a cor, pois então com tons de cinza,
é como se ele já estivesse mais longe da representação do mundo real. Ele cria
uma nova realidade. O artista sobrepõe planos, ele agrega materiais na
superfície do quadro e isso faz com que haja uma nova percepção de
representação gráfica.
2.2 Surrealismo
TEMA 3 – SIMBÓLICO
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tudo poder ter um significado simbólico, seja ele objetos naturais, formas
abstratas, ou então elementos fabricados pelo homem. Além de estar fortemente
presente na literatura e na religião, teve uma grande influência nas artes visuais.
Conforme o que foi exposto, é visto que existe uma grande capacidade de
o homem criar símbolos até mesmo inconscientemente, dando uma importância
psicológica, em especial nas artes visuais. A respeito do conceito de símbolo na
arte, Busnardo Filho (2007) considera que não se trata de uma realidade
concreta, mas uma verdade psíquica que transcende a consciência. É tido como
o nível “intermediário entre a percepção da realidade e as representações
psíquicas da própria realidade; portanto, pode-se dizer que a função simbólica é
uma função mediadora e transformadora”.
Historicamente, existem registros de símbolos deixados desde a pré-
história que auxiliam a construir a história da humanidade. Atualmente, o
simbolismo das artes visuais, por exemplo, pinturas e esculturas, se relacionam
com a religião e a história, dando significados e estimulando emoções e
sentimentos para quem observa. De acordo com Furlanetto (2007):
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Uma das inspirações para os pintores simbolistas eram as temáticas com
um teor moralizante, estando relacionadas com religião, morte ou pecado. O
subjetivismo, a musicalidade e o transcendentalismo são algumas das
características presentes no simbolismo.
Como exemplo de artistas plásticos simbolistas, temos: Paul Gauguin e
Odilon Redon. A seguir, vemos algumas obras desses artistas.
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Figuras 11 e 12 – À esquerda, uma pintura de Paul Gauguin. À direita, de
Odilon Redon
Ao decidir trabalhar com artes gráficas, o artista deve estar ciente de que
terá que trabalhar com os elementos compositivos e formativos das artes e, em
especial, os elementos que amparam a construção da linguagem do desenho ou
da gravura. Esses elementos também são comuns em outras linguagens, porém,
neste momento, será focado na linguagem do desenho e da gravura.
Os elementos formais compositivos podem gerar inúmeras configurações
e arranjos, por isso, é possível notar que podem gerar uma quantidade farta de
significações.
O elemento mais básico da linguagem visual é um ponto. Segundo
Kandinsky (2005, p. 21), “o ponto é resultante do primeiro encontro do utensílio
com a superfície material, com o plano original”. Todavia, Ostrower (2013) ignora
a existência do ponto como elemento formal. Para a autora, a linha é o marco
inicial da visualidade.
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Segundo Wong (2001), o ponto é um elemento adimensional, ou seja, não
possui dimensão e, portanto, só existe no campo das ideias. Desta maneira, no
mundo natural, não existe o elemento formal ponto. Para entendermos o conceito
de ponto, antes, há a necessidade de um ente, uma coisa, algo que possua
características do ponto. Portanto, embora não sejam pontos de fato, locais,
espaços, objetos pequenos carregam consigo as características do ponto.
Desta maneira, vemos que o ponto pode ter qualquer formato e, ao
contrário do que o senso comum idealiza, o ponto não é redondo. A principal
característica que pode ser entendida como a essência do elemento ponto é que
ele é extremamente pequeno, a ponto de afirmar-se que é adimensional, sendo
assim, não possui dimensão, nem altura, largura ou profundidade.
A função do ponto é a indicação, pois, ao olhá-lo, o observador, por um
instante, repousa o movimento ocular no ato de leitura. É como se determinado
local do plano de representação, como o professor, pudesse exemplificar o ponto
ao mostrar um detalhe na camisa de um personagem, chamando a atenção de
quem olha. Embora o olhar do observador se localize em um local específico, o
ponto é muito energético e cria a potencialidade de movimentação, como explica
Gomes Filho (2008).
Quando um ponto sofre um impulso, passa a exercer movimento, ou seja,
o ponto se desloca no espaço. Ao se deslocar, esse elemento formal se
transforma no elemento formal linha, que, por sua vez, pode ser compreendida,
portanto, como a trajetória do ponto. Ou ainda, a história do ponto em movimento
transforma o estático em dinâmico, como explica Kandinsky (2005).
Esse elemento é unidimensional, sendo assim, a linha possui lateralidade
desprezível e, além disso, funcionam como setas que dirigem o olhar do
observador, como explica Ostrower (2013). Por vezes, um conjunto de linhas
pode prender a atenção do observador em determinado espaço do plano de
representação.
A linha pode variar em sua configuração, ou seja, a sua aparência pode
ser reta, curva ou mista. Quando se tem uma linha reta, todos os pontos estão
alinhados. Uma linha curva possui uma relação direta com um centro. Já quando
a linha é mista, existem trechos em que a linha é reta, outros em que a linha é
curva ou mesmo angulosa. Sugere, portanto, a ideia de deslocamento quando é
curva, diagonal ou angulosa, de acordo com Wong (2001). E, ao contrário dessas
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direções mencionadas, quando a linha é horizontal ou vertical, transmite a ideia
de passividade, como explica Kandinsky (2005).
A visualização desse espaço ocorre de forma mais rápida ou mais lenta,
dependendo da forma como a linha foi constituída, podendo ser fragmentada,
angulosa, curvilínea, reta, entre outras características. Esses aspectos farão
com que a visualização desse elemento varie. Para exemplificar essa
característica, pode-se tomar como exemplo a visualização de uma linha
contínua e em uma única direção, que, quando é vista por um observador,
assume a função de um elemento extremamente veloz. O olhar percorre
rapidamente também um contorno de uma forma ao observar uma paisagem.
Uma das características da linha é a sua capacidade de direcionar o olhar
observador. É esse elemento que delimita uma figura, contorna um espaço. A
linha, ao contrário do ponto, é dinâmica. Quanto à linha, é contínua, ela é veloz
em sua leitura, já quando uma linha é interrompida, surge uma pausa. Assim,
uma linha reta e contínua é mais veloz do que uma linha reta e pontilhada
(Ostrower, 2013). Para exemplificar: o observador localiza com facilidade a linha
de um pinheiro ou a linha de um prédio, por exemplo, isso porque é uma
continuidade de pontos.
A linha pode ter tonalidade variada, ou seja, a sua relação entre claro e
escuro pode variar, dependendo da pressão exercida no instrumento utilizado
para realizá-la. Geralmente, quando se faz um desenho com a utilização de um
lápis, o início do toque na folha de papel tende a produzir um traço mais intenso
e, na medida em que o traço tende para a finalização, existe uma suavização da
pressão exercida sobre a ferramenta e, com isso, o clareamento acontece e
passa a ser visível na linha produzida. Se for realizada com canetas, a questão
da tonalidade da linha se dá em função da largura do traçado e pressão, ou seja,
cada ferramenta trará características próprias e que alteram a maneira como
compreendemos esse elemento.
Ostrower resume o elemento formal linha:
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Dessa forma, fica evidente que a linha pode ter diversas características.
Essa variabilidade agrega aspectos de expressividade na confecção da
argumentação visual, proposta a partir da reunião dos elementos formais da
linguagem visual.
TEMA 5 – TEXTURA
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Figuras 13 e 14– Rosa
Crédito: DASHADASHA/SHUTTERSTOCK
Crédito: WARANON/SHUTTERSTOCK
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Outro exemplo seria o das técnicas que os artistas abstracionistas
utilizavam por meio da colagem de pedaços de papéis e outros materiais de
diferentes texturas naturais, como madeira, papelão, areia, entre outros.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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