Homem e o Processo Civilizatorio - Antropologia e Filosofia
Homem e o Processo Civilizatorio - Antropologia e Filosofia
Homem e o Processo Civilizatorio - Antropologia e Filosofia
Processo
Civilizatório -
Antropologia
e Psicologia
PROFESSORA
Me. Gisele Cristina Mascagna
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor
Wilson de Matos Silva
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
1
9 2
23
CONCEITUANDO ANTROPOLOGIA
ANTROPOLOGIA JURÍDICA
3
37 4
47
CONCEPÇÕES DE GRUPOS SOCIAIS
CULTURA
5
57
RAZÃO E EMOÇÃO
6
67 7
79
EMPATIA E VIOLÊNCIA E
PRECONCEITO SOCIEDADE
8
91 9
105
ASPECTOS PSICOLOGIA
HISTÓRICOS E JURÍDICA
EPISTEMOLÓGICOS
DA RELAÇÃO ENTRE
PSICOLOGIA E
DIREITO
10
121
MORFOLOGIA
DO SER:
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
11
133 12
143
PSICOLOGIA DO PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO: DESENVOLVIMENTO
CRIANÇA II: ADOLESCENTE
13
153 14
163
PSICOLOGIA DO ESTUDO DA
DESENVOLVIMENTO PERSONALIDADE
III: ADULTO E IDOSO
15
177 16
191
SAÚDE E PERÍCIAS E
TRANSTORNOS INSTRUMENTOS DE
MENTAIS AVALIAÇÃO
Caro estudante, você deve estar se questionando: por que estudar antropo-
logia? O que essa disciplina tem a ver com direito? Muitos são os motivos pelos
quais você necessita ter o conhecimento de antropologia, uma vez que estudos
antropológicos e campo jurídico estão totalmente interligados. O conhecimento
antropológico, que será estudado nesta apostila, vai permitir que você seja um
profissional consciente da relação entre dogmas do estudo jurídico e alternativas
antropológicas em distintas sociedades.
10
O que é antropologia
O campo antropológico
11
Antropologia biológica:
Antropologia pré-histórica:
Antropologia linguística:
É a área que estuda as línguas, isto é toda e qualquer linguagem de uma so-
ciedade. Por meio do estudo das línguas o antropólogo pode compreender como
pensavam, viviam e sentiam certas sociedades. Compreende-se linguagem não
somente a falada, mas os signos e símbolos. A antropologia linguística também
12
Antropologia psicológica:
É o estudo de tudo que abrange uma sociedade, isto é, seus aspectos jurídi-
cos, políticos, econômicos, comportamentos, religiões, cultura, etc. É o estudo
da diversidade que compõe uma sociedade. Esta área é a mais utilizada pelos
antropólogos modernos.
Saiba mais
A pré-história da antropologia
13
Sugestão de vídeo
14
zado não pode simplesmente impor sua cultura aos considerados nativos sim-
plesmente porque acreditam que a deles é a melhor. Nada justifica o massacre e
o extermínio de índios e sociedades tribais.
Reflita
Como qualquer outra profissão a antropologia teve que lutar para se firmar
como ciência. Os esboços do que poderia se constituir, mais tarde, como antro-
pologia, discorria um olhar sobre o homem, de forma especulativa, mas foi na
modernidade que a ciência sobre o homem ganha força. De acordo com Laplan-
tine (2007), a antropologia, ainda como projeto, supunha que deveriam existir
certos conceitos, como uma concepção de homem como sendo um sujeito e ao
mesmo tempo objeto de estudo; a construção de um conhecimento que vai além
da reflexão, mas passaria também para a observação; também deveria ter uma
questão central: a diferença; e por fim, a proposta do método indutivo, isto é, de
observação e análise a partir de observações de fatos.
Nascia um conhecimento positivo do homem como um ser que deveria ser
estudado em sua existência, isto é, empiricamente. A antropologia teve dois obs-
15
táculos que dificultaram sua validade como ciência: 1) A diferença entre saber
científico e o saber filosófico não eram motivos de reflexão, já que o conceito
de homem ainda era muito abstrato; 2) a visão de um conceito de uma história
natural, como era típica da época.
Mas foi somente no século XIX que a antropologia apresenta-se como uma
possível ciência das sociedades primitivas em sua totalidade, ou seja, econômica,
política, cultural, biológica, etc. Um período antes a sociedade sofria grandes
mudanças com a revolução industrial inglesa e a revolução política francesa.
Havia um crescente progresso na civilização e, portanto, o “atrasado”, primitivo
não acompanhava tal progresso. Entretanto, um século posterior ocorre um novo
contexto geopolítico. Era a conquista colonial. (LAPLANTINE, 2007). Por meio
dessas conquistas, a partilha da África entre potências européias, que o novo
antropólogo acompanha os colonos. Os emigrantes europeus se instalam em
lugares como Índia, África, Austrália, Nova Zelândia.
Vários pesquisadores vão às metrópoles pesquisarem e daí surge os primeiros
materiais da antropologia. O autor François Laplantine cita alguns exemplos
dessas obras:
Nestas obras os indígenas não são mais considerados selvagens, mas tornam-
-se um primitivo, um ser que nos reporta a nossa origem, isto é, as formas mais
simples de organização social e cultural que remetem aos primórdios da nossa
evolução.
Os antropólogos do século XIX darão especial atenção aos estudos do paren-
tesco e da religião. Também focaram suas pesquisas nos estudos dos chamados
aborígines australianos.
Ciências Naturais
16
Ciências Sociais
Diferente das ciências naturais às chamadas ciências sociais não podem ser
mensuradas em laboratórios, uma vez que estudam fenômenos complexos já
que suas causas não são facilmente detectáveis. Por exemplo, na psicologia não
é possível isolar uma única causa para um mesmo fenômeno, um sujeito pode
cometer um crime, pedofilia, porque era abusado na infância, outro porque é per-
verso e outro simplesmente porque é mau, mesmo tendo uma infância adorável.
Nas ciências sociais os diversos fenômenos dependem do autor, das relações
existentes, da historia, do momento socioeconômico. Não podemos reproduzir
fenômenos da mesma forma que nas ciências naturais. Mesmo na reconstrução
de uma cena de crime, jamais será o mesmo clima, o mesmo tempo, o dia e o
mesmo horário, enfim nem tudo é igual do dia do ocorrido. Se o crime ocorreu
em 2005 não é o mesmo em 2012.
DaMatta discorre que “os fatos sociais são irreproduzíveis em condições con-
troladas e, por isso, quase sempre fazem parte do passado. São eventos a rigor
históricos e apresentados de modo descritivo e narrativo, nunca na forma de uma
experiência” (DAMATTA, 2010, p.23).
Desta forma, a antropologia é uma ciência social e, portanto, estuda fenôme-
nos complexos, uma vez que objeto de estudo e o investigador se confundem,
já que os homens somente se diferenciam por meio de suas culturas, historias e
experiências e não por espécies diferentes, como é o caso de estudos de animais.
Agora caro estudante, discorreremos nossos dois últimos tópicos sobre an-
tropologia, mas não menos importantes que os explicitados acima.
17
“
“(...) foi somente no século XIX que a antropologia
apresenta-se como uma possível ciência das sociedades
primitivas em sua totalidade (...)”
Pensamento antropológico
Evolucionismo
18
19
forma oculta. São forças que estão além dos indivíduos da sociedade.
4)Todas as formas sociais estão sujeitas ao tempo, de forma classificatória,
uma vez que depende do desenvolvimento da sociedade em que vivo. Aquilo que
é novo, na verdade é velho já que outras sociedades mais avançadas já passaram
por esse mesmo processo antes de serem a mais evoluída. O presente é explicado
pelo passado.
O evolucionismo tinha como interesse principal a religião, sistemas fami-
liares, parentescos e as organizações sociais. Contudo, sempre em uma ideia de
evolução do primitivo para o mais civilizado.
Percebe-se um julgamento de valores na teoria evolucionista. Obviamen-
te, que não devemos aqui, condenar tal corrente já que sem ela a antropologia
contemporânea não teria nascido. Vários são os pesquisadores fundamentais
que contribuíram na antropologia evolucionistas. Citaremos dois deles: Edward
Burnett Tylor; Lewis H. Morgan
Difusionismo
O difusionismo foi uma corrente antropológica que veio como reação à teoria
evolucionista. Eles não acreditavam em uma sociedade unilinear, no qual todas
devem passar pelos mesmos estágios. Ao contrário da evolucionista o difusionis-
mo acreditava que o desenvolvimento cultural ocorria de forma difusa de uma
cultura para outra. Cada sociedade toma “emprestado” aspectos culturais de
outra sociedade ocorrendo assim uma difusão das culturas e consequentemente
a evolução da mesma. Foram os difusionistas que modificaram o conceito de raça
pelo conceito cultural, tirando assim os aspectos biológicos.
De acordo com Laplantine (2007), três escolas se destacam na divulgação do
difusionismo: a escola Inglesa, a escola alemã e a americana. Na escola Alemã
acreditavam que essa difusão ocorria em círculos, denominados kulturKreise.
Seus principais representantes eram o Wilhelm Schimdt, Fritz Graebner, Frie-
drich Ratzel.
A escola inglesa era representada por G. Elliot Smith e Willian J. Perry. Para
estes estudiosos todos os traços culturais vieram de um único lugar, o antigo
Egito. Ali era o centro cultural de toda a humanidade.
Os difusionistas, independentemente da corrente, realizavam um vasto tra-
20
Considerações finais
21
22
pontos sobre as relações entre direito e antropologia para que você estu-
24
Leitura complementar
A escola Britânica:
25
impor-lhes sua religião, porém desejavam manipular sua base econômica para
a produção comercial” (SHIRLEY, 1987, p.15-16). Contudo, havia um interesse
que era o direito consuetudinário, isto é, direitos que surgem dos costumes de
certas sociedades. A escola Inglesa e a antropologia tomam novos rumos, por
volta de 1930, devido a influencia do antropólogo Malinowski que influenciou
nas questões sobre filosofia legal e ciências sociais preocupando-se com questões
legais como a posse de terra, o casamento, os juízes, etc.
A escola Holandesa:
Esta escola também teve como objetivo melhorar seu império colonial, prin-
cipalmente as leis da Indonésia e as leis consuetudinárias das ilhas. Contudo, eles
também fundaram um centro de pesquisa nos quais vários antropólogos estuda-
vam essas leis consuetudinárias. O instituto era dirigido por C. van Vollenhoven.
A escola Americana:
A antropologia jurídica:
26
Sugestão de vídeo
Direito comparado
Sir Henry Maine estudou a evolução do direito, por isso o mesmo é um dos
precursores do direito comparado. Nesta ramificação o estudo e a comparação
dos distintos sistemas jurídicos são à base do mesmo. Cabem ao antropólogo
estes estudos já que o mesmo possui uma vasta compreensão multicultural das
sociedades distintas.
Você estudante consegue conceber uma sociedade sem nenhuma lei, normas
ou regras escritas e estabelecidas no qual não houvesse nenhum tipo de conflito?
Como seria possível manter a ordem vigente? Incrível mas existem vários antro-
pólogos que afirmam que seria possível manter uma ordem mesmo a sociedade
sendo simples e sem Estado. Vejamos: as próprias comunidades simples faziam
vários papeis de “autoridade” uma vez que eles não tinham nenhuma forma de
27
A história de Pawnee
28
Algumas leis no Brasil são escritas para atingir o objetivo tencionado pelo
legislador ou pelo governo, e para fazer cumpri-las é montado um sistema de
aplicação de leis adequado. Outras são escritas com fins de propaganda, para
satisfazer oficialmente a alguns grupos de interesses; “para inglês ver”, como diz
o velho ditado (SHIRLEY, 1987, p.89).
29
ção não acredita mais nas leis e na justiça. Quem nunca ouviu alguém dizer que
a lei só funciona para os pobres e os “ricos” ficam livres? Sabemos que muitas
pessoas de classe social alta pagam penas por seus crimes, mas por outro lado,
também sabemos que muitos escapam, dando o famoso “jeitinho”. Como discorre
Shirley (1987, p.89) “A lei lá está para ser usada seletivamente: para nossos amigos,
a amizade; para nossos inimigos, a lei”.
Reflita
30
31
Diante do que foi discorrido acima, você pode estar se perguntando qual
método um antropólogo pode utilizar para compreender um sistema jurídico
e/ou qualquer outro fenômeno. Desta forma, descreveremos resumidamente
os principais polos teóricos do pensamento antropológico contemporâneo que
pode ser utilizado para trabalhar a antropologia jurídica.
Antropologia simbólica
Antropologia social
Antropologia Cultural
32
Antropologia dinâmica
Saiba mais
Considerações finais
33
34
3. Nas sociedades denominadas simples as leis e as regras são distintas das sociedades
consideradas desenvolvidas. Assim, diante dos estudos da unidade discorra sobre
a questão central da história do índio Pawnee e sua relação como campo jurídico.
35
38
Conceituando cultura
39
“
“O conceito de cultura até o século XVI estava rela-
cionada ao ato de cultivar algo, como um alimento, uma
colheita.”
40
Deste modo, a cultura para Williams é uma força produtiva que constrói a
sociedade e as próprias pessoas. Ele também retomou o pensamento de Gramsci
em relação a seus estudos sobre hegemonia. Assim, a cultura de uma determinada
classe social, a dominante, subordine os valores e as crenças das outras classes e
essas seguem, sem nenhum processo consciente da situação.
Demonstrando tais concepções podemos afirmar que a cultura é uma consti-
tuinte social, pois constrói valores e significados de uma determinada sociedade
em um determinado período histórico.
A origem da cultura está totalmente relacionada ao desenvolvimento huma-
no, que discorremos na unidade XI, isto é, quando ocorreu a hominização por
meio dos instrumentos, da linguagem e do trabalho em sociedade.
Leitura complementar
Muitas teorias vêm tentando superar o conceito de cultura desde sua formu-
lação. Laraia (1986) cita o antropólogo Roger Keesing, em seu artigo, Theories
of Culture para discorrer a cerca das modernas teorias. Assim, utilizaremos os
mesmos conceitos para explicitar tais concepções.
A teoria do sistema adaptativo, fundada e difundida pelos neoevolucionistas
como Leslie White e por Sahlins, entre outros, discorre que:
1) Toda cultura é um sistema que adaptam as pessoas. “Esse modo de vida das
comunidades inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de
estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas
religiosas, e assim por diante” (LARAIA, 1986, p.59).
41
2) A mudança cultural está ligada a adaptação natural com o meio que o ho-
mem, já que é como animal, precisa sobreviver. Essa adaptação se dá pela seleção
natural, de forma biológica.
3) O domínio mais adaptativo da sociedade é os elementos da organização
social.
4) Todo componente ideológico pode contribuir para o controle das pessoas,
da ecologia, etc.
Deste modo, muitas são as teorias que discorrem o conceito cultural, como
a marxista, discorrida no item acima, mas as teorias conceituais não terminam
por aqui, como explicita Laraia (1986, p. 63) “Os antropólogos sabem de fato o
que é uma cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento”.
A cultura e o homem
42
Sugestão de vídeo
43
Mudança cultural
Reflita
44
Saiba mais
Considerações finais
45
4. Explicite sobre os dois tipos de mudanças culturais que o indivíduo pode passar.
46
Vivemos em grupos, isto ninguém duvida. Mesmo aquele indivíduo que é iso-
lado socialmente necessita dos grupos para sobreviver. Grupos são distintos, mas
existem porque não conseguimos viver sozinhos. Somos um “animal” coletivo.
Em todas as épocas históricas o homem vive em grupos. Dos primatas ao
homo sapiens o homem sempre anda em bandos com algum objetivo em co-
mum. Todo grupo tem um objetivo, alguma identificação entre os pares para que
consigam se encontrarem em algumas características ou metas.
Todos nós de alguma forma vivemos em instituições e estas convivem em
grupos. Seja no trabalho, na igreja, na família, nas escolas, etc.; vivemos e convi-
vemos em grupos. Estes podem ser saudáveis ou não, podem nos fazer bem ou
nos prejudicar.
Mas afinal o que é um grupo? É o que apreenderemos no tópico a seguir.
48
Conceituando grupos
Sugestão de vídeo
49
Outros aspectos das características grupais devem ser levados em conta (ZI-
MERMAN, 2008):
• Cada pessoa tem uma percepção de si mesmo e dos outros membros, por-
tanto é importante saber se a percepção de si mesmo vai de encontro coma per-
cepção do outro;
• Como o indivíduo pensa e conversa em relação a algum assunto;
• Os jogos de papeis, isto é, qual papel o indivíduo representa e se é fixo e
estereotipado;
• A socialização dos indivíduos no grupo;
• A comunicação verba ou não-verbal de cada membro do grupo;
50
Todo grupo possuí suas características, contudo as citadas acima podem ser
verificadas em sua grande maioria já que explicita as dinâmicas psíquicas.
Tais concepções, discorridas acima, é para apreendermos os processos dentro
de grupos pequenos que visam um objetivo comum, que possuem suas relações
contraditórias e que é imprescindível para a compreensão das relações interpes-
soais no trabalho, na escola, etc. Entretanto, tais concepções por si só não são
suficientes para explicar as relações humanas e a compreensão do indivíduo no
contexto social. Deste modo, discorreremos a seguir uma compreensão das rela-
ções sociais e grupais para a superação das contradições existentes no cotidiano
de cada cidadão.
Processo grupal
51
não depender de ninguém. O alimento que você compra precisou ser plantado,
colhido e produzidos por pessoas desconhecidas, mas que você não conhece e
provavelmente, nem vai conhecer. As roupas, os calçados, etc., tudo é produzido
pelos homens e fazem parte das relações sociais.
Reflita
52
Saiba mais
Identidade: eu e o outro
53
esposa junto com a do marido, etc.; Nossa identidade é mutável, quantas vezes
falamos: não reconheço mais o fulano! Mas todos nós estamos em constante
movimento e contradição. Somos o que negamos e negamos aquilo que somos.
“Por mais contraditório, por mais mutável que seja, sei que sou eu que sou assim,
ou seja, sou uma unidade de contrários, sou uno na multiplicidade e na mudança”
(CIAMPA, 2012, p.61).
Deste modo, a identidade é um fenômeno social, isto é, está em relação a
outras pessoas de forma social, grupal, coletiva. A criança antes de nascer, de
ser o fulano, já é filho do “seu Zé”, ou seja, sua identidade está relacionada com
a identidade de outra pessoa. Podemos ser muitos sendo únicos, isto é, quando
estou em sala de aula, sou o professor, quando estou em casa sou mãe e assim
por diante. “Então, eu – como qualquer humano – participo de uma substância
humana, que se realiza como história e como sociedade, nunca como indivíduo
isolado, sempre como humanidade” (CIAMPA, 2012, P.68).
Um jovem envolvido em um grupo de marginais significa que ele se identi-
ficou com alguma característica desse grupo e por conta desta identificação, eles
vão lutar por um objetivo em comum. Neste grupo ele tem uma identidade que,
às vezes satisfaz outras não.
Leitura complementar
Caro aluno para que você possa aprender um pouco mais sobre processo
grupal e identidade leia o livro: Psicologia Social: o Homem em Movimento de
Silvia T.M.Lane e Wanderley Codo (2012).
Considerações finais
54
3. Reflita e explicite sobre as duas principais características que a autora Silvia Lane
(2012) aborda para compreender o homem.
4. Diante dos textos estudados nesta unidade analise a frase: “A identidade do indivíduo
está imbricada na identidade do outro”.
55
58
Conceituando razão
Leitura complementar
Estágios do pensamento
O pensamento já foi estudado por várias ciências e foi concebido como in-
divisível, cujas ações seriam mecânicas. Contudo, Luria (1981) discorreu que
alguns psicólogos estudaram o processo de pensamento e elencaram alguns es-
tágios:
59
Contudo, para Luria (1981) esses estágios, discorridos acima, seriam as ope-
rações básicas do raciocínio, para ele existe uma relação entre o pensamento e a
linguagem e o estagio em si,
[...] começa com uma série expandida de ações externas sucessivas (tentativas
e erros), progride para uma fala interna expandida, na qual se fazem as necessá-
rias buscas, e termina com a contração e condensação dessas buscas externas e
com a transição para um processo interno específico. Neste, o indivíduo é capaz
de obter auxílio a partir de sistemas já prontos de códigos (lingüísticos e lógicos,
no pensamento verbal discursivo; numéricos, na solução de problemas aritmé-
ticos) que ele aprendeu (Luria, 1981, p. 289).
Neste sentido, antes de conseguir usar a razão, o indivíduo teve que se apro-
priar da linguagem, isto é, os sistemas de signos e símbolos criados pela humani-
dade e transmitidos de geração a geração. O autor quer dizer que sem a linguagem
não conseguiríamos ter um raciocínio concreto e nem abstrato.
Pensamento racional
Assim, não é por meio das emoções que conseguimos resolver nossos proble-
60
mas, mas através do pensamento. Por meio deste o indivíduo consegue visualizar
a realidade, fazer generalizações e abstrações. Por exemplo, consegue separar as
partes do todos (análise) e unir as partes (síntese).
Deste modo, “A análise é a divisão mental do todo em suas partes ou a separa-
ção mental de algumas de suas qualidades ou aspectos isolados” (Menchinskaia,
1969, p. 236). Já a síntese “é a unificação, a reunião mental das partes do objeto,
ou a combinação mental de seus sintomas, qualidade e aspectos” (Menchinskaia,
1969, p. 237).
Contudo, o homem não muda sua realidade, por meio do pensamento, mas
é por meio dele que consegue conhecer melhor essa realidade para conseguir
transformá-la na prática.
Por meio do pensamento racional o indivíduo consegue realizar abstrações,
por exemplo, ele não precisa estar com o livro presente para analisar sobre um li-
vro. A abstração é o concreto pensado. Assim, podemos resolver muitas questões
com base em teorias. A criança ainda não consegue realizar soluções por meio
do pensamento racional, somente por meio do concreto, contudo, com o tempo,
mais tarde conseguirá realizar abstrações sem a presença do objeto.
A razão, ou o pensamento racional é a forma com o homem reflete sua vida
intima seus problemas pessoais, as questões do trabalho, os conflitos sociais,
enfim todos os problemas do cotidiano e da vida acadêmica.
Saiba mais
Definindo emoção
De acordo com Fiorelli; Mangini (2010, p.30), citando Kaplan e Sadock (1993,
61
Assim, sabemos que existem aspectos biológicos que estão envolvidos nas
emoções, isto é, para se sentir ou não, entretanto o conteúdo das emoções é que
são determinadas socialmente e culturalmente. Por exemplo, se emocionar em
uma peça de teatro, não é natural, é aprendido e construído.
Sugestão de vídeo
62
Tipos de emoção
Os autores (2010) discorrem que existem seis emoções básicas que são viven-
ciadas pelo homem em qualquer cultura:
1) Felicidade: é a emoção que sentimos quando estamos em estado de alegria,
de bem estar e pode ocorrer em qualquer situação sem tempo determinado para
durar, pode ter o tempo de meia hora, um dia, etc. Por exemplo, ser sorteado para
ganhar um grande prêmio.
2) Surpresa: é a emoção que sentimos quando somos surpreendidos por al-
guma coisa, uma fato, uma pessoa, etc. a emoção de surpresa pode gerar alegria
ou tristeza. Por exemplo, rever uma pessoa na qual o indivíduo não esperava.
3) Raiva: a raiva é um sentimento contra alguém ou algum objeto ou situação.
A raiva é um sentimento de frustração. Por exemplo, sofrer uma traição por parte
de um ente querido.
4) Tristeza: é um sentimento de mal estar, angústia, inquietação e por vezes
melancólico. A tristeza tem inúmeras causas, conscientes e inconscientes. Por
exemplo, perder um ente querido ou entrar em depressão sem causa aparente-
mente conhecida.
5) Medo: O medo é uma emoção que devemos respeitar muito, apesar das
brincadeiras, o medo é um estado de desespero, apreensão, angustia. O medo se
dá perante alguma situação de ameaça, podendo ser real ou até imaginária. Por
exemplo, uma pessoa sofre um assalto e fica com muito medo na hora; Outro
exemplo, só que imaginário: um indivíduo tem medo de ser sequestrado e nem
consegue sair de casa, porém não existem indícios de que ele poderia sofrer um
sequestro.
6) Repugnância: Este é a ultima emoção básica que qualquer pessoa pode
sentir. O indivíduo sente asco, uma antipatia por alguma coisa, podendo ser um
alimento, uma pessoa ou um objeto. Por exemplo, um indivíduo pode sentir
repugnância em relação a um alimento enquanto para outra é o prato preferível.
Fora essas emoções básicas existem outras emoções, denominadas por Da-
másio (2000, p.74) apud Fiorelli; Mangini (2010, p.31) de emoções sociais, isto
é, “simpatia, compaixão, embaraço, vergonha, culpa, orgulho, ciúme, inveja, gra-
tidão, admiração, espanto, indignação e desprezo”.
As emoções são separadas em positivas e negativas. As emoções positivas
estão relacionadas com o prazer; já as negativas com a sensação de desagrado
63
ou dor.
Diante dos sentimentos, das emoções as pessoas podem apresentar diversos
comportamentos podem ter diversas reações, podendo ser explosivas, agressivas,
amáveis, etc. Também podem agir com fortes emoções, perder o senso da razão,
agir impulsivamente, e como diz o ditado popular ficar “cego” de tanta emoção.
Um indivíduo pode apresentar uma emoção denominada pelo autor de pre-
“
“(...)as pessoas podem apresentar diversos compor-
tamentos podem ter diversas reações, podendo ser ex-
plosivas, agressivas, amáveis, etc. (...)”
disposição perceptiva, isto é, o indivíduo tem a convicção de que viu algo que na
verdade não viu. Por exemplo, uma testemunha afirma que viu o réu cometer o cri-
me, isto porque a pessoa acredita que essa pessoa estaria propensa a praticar tal ato.
O indivíduo sob forte emoção pode ter problemas de memória, isto é, esquecer
os fatos, pode apresentar falhas na dicção, o pensamento pode se tornar confuso,
pode sentir sofrimento psicológico. O contrário também pode ocorrer diante
de uma forte emoção o indivíduo pode se concentrar, lembrar-se dos fatos e
raciocinar plenamente.
Reflita
Quando uma pessoa recebe uma intimação para depor em uma audiência
no Poder Judiciário seu coração acelera e a ansiedade toma conta do indivíduo.
Na hora da audiência a pessoa pode se comportar com extrema emoção, por
exemplo, nervosismo, e isto atrapalhar na recordação dos fatos, ou tranquila-
64
mente sendo totalmente racional em suas respostas. Caso você já tenha passado
por uma situação assim como se sentiu? Como agiu? Caso não tenha vivenciado
como você se comportaria: com emoção ou racionalização? Pense sobre!
Considerações finais
65
66
Caro estudante você provavelmente já deve ter passado por algum tipo de
preconceito ou presenciou alguém que já tenha sofrido desse mal. O sentimento
de discriminação é uma das causas do sofrimento psíquico de muitas pessoas.
Motivos para ações desagradáveis e até criminais. Muitos já mataram ou morre-
ram devido a motivações discriminatórias. A incapacidade de empatia, de muitos
indivíduos, pode levar a preconceitos e banalização da dor alheia. Nesta unidade
você apreenderá um pouco mais sobre estes conceitos tão antigos, mas ao mesmo
tempo atuais.
68
Conceiturando empatia
Saiba mais
69
“
“(...) mudar de comportamento é possível caso o indi-
víduo queira e supere suas questões preconceituosas.”
70
gras ele pode mudar seus preceitos a partir do momento que descobre que eram
falsas suas crenças em relação aos negros.
Também podemos mudar nossas atitudes devido a mudança nos componen-
tes afetivos. Por exemplo, passar a gostar de uma pessoa que antes não gostava
por preconceitos.
Deste modo, quando olharmos o outro de fato, em sua essência como huma-
no, podemos deixar nossos preconceitos e discriminações e passar a ter empatia
para com o sofrimento das demais pessoas.
Nos dias atuais a capacidade de empatia está cada vez mais ausente já que
estamos vivendo em um sistema e uma cultura individualista no qual os valores
estão alicerçados no consumismo imediato, no prazer acima de tudo, na incapa-
cidade de reflexão, na indisposição para o trabalho, entre outras características.
Ficando difíceis as mudanças de atitudes mais humanizadas e humanitárias.
Quando falamos que uma pessoa não é humana, estamos dizendo que não
tem comportamentos humanizados para com outras pessoas, isto é não tem
capacidade para se colocar no lugar de outro indivíduo. Mas como fazer isso se
o homem tem mantido relações com seus pares como se fossem mercadorias?
Os homens não se reconhecem em seus produtos e são alienados. O homem
alienado surge do sistema capitalista. A divisão social do trabalho foi responsável
pela alienação. Esta ocorreu devido a apropriação privada dos meios de produção
no qual algumas pessoas detém os meios de produção e as outras são exploradas
pelos proprietários. O homem ao invés de se reconhecer em suas produções ele as
estranha. As coisas passam a ter vida e a vida passa a ser coisa. Com isto a cons-
ciência sofre uma transformação aos se separarem de suas produções separam
também de suas relações (LEONTIEV, 1959).
71
Reflita
Preconceito
O fato de, num primeiro momento, facilitarem suas reações frente ao mun-
do, esconde a realidade de que, na maioria das vezes, estereotipar pode levar a
generalizações incorretas e indevidas, principalmente quando você não consegue
“ver” um indivíduo com suas idiossincrasias e traços pessoais, por trás do véu
aglutinador do estereótipo (RODRIGUES, 2009, 141).
72
73
Leitura complementar
Causas do preconceito
2) Bode expiatório
74
para descarregarem seus conflitos. A raiva pode ser descontada em grupos mino-
ritários ou, por exemplo, em um líder. Uma pessoa perde o emprego e culpabiliza
o presidente pelas suas mazelas.
3) Fatores da personalidade
Adorno e seus colaboradores acreditavam que uma pessoa poder ser mais
propensa a ter preconceitos do que outras. Ele partia do principio de que de-
pendendo da educação com que a pessoa foi criada estariam predispostas a se
tornarem preconceituosas. Os traços que um indivíduo teria adquirido durante
sua educação a se tornar uma pessoa intolerante, os autores denominaram de
personalidade autoritária. O indivíduo com tais caraterísticas é desconfiado, não
tolera fraquezas em si nem nos outros, adota valores convencionais e rejeição as
pessoas que não pertencem ao seu ciclo de relações.
Este item parte do principio que o preconceito tem como causa forças sociais
e culturais. A aprendizagem social discorre que os valores e as crenças de uma
determinada comunidade, por exemplo, é tida como correta e aceitável, como
alimentação, praticas religiosas, vestimentas, etc. Em Dubai (Emirados Árabes)
se uma pessoa sair às praias de biquíni é presa automaticamente. Não se admite
a exposição do corpo, faz parte da cultura, dos valores e lá não é preconceito, no
Brasil seria.
Já a conformidade é quando as pessoas naturalizam tais preconceitos e este-
reótipos. Acreditam que é assim mesmo e não fazem nada para mudar a situa-
ção. Por exemplo, mulheres receberem menos em cargos iguais aos dos homens.
Muitas pessoas e mulheres, inclusive acreditam que é normal e natural.
Portanto, a empatia e o preconceito andam juntos, mas sua superação é pos-
sível. Em nossas atitudes, em nossos comportamentos, independentemente de
valores apropriados, devemos refletir antes de atuar e principalmente, enxergar
o outro com empatia, caso contrário, não conseguiremos nos aproximar de uma
relação mais humana e mais saudável.
75
Sugestão de video
Para refletir sobre preconceito assista o filme de Steven Spilberg, A Cor Púr-
pura (1986). O filme narra o drama de uma jovem negra que reside na Geórgia,
em 1909, que é violentada pelo pai e se torna mãe de duas crianças.
Considerações finais
76
77
Violência: não existe ninguém que não saiba explicar o que esta palavra sig-
nifica, uma vez que a violência está presente no cotidiano das pessoas, seja pes-
soalmente, simbolicamente ou virtualmente. Todos os dias assistimos nas mídias
histórias de violência contra pessoas ou grupos. Violência contra criança, contra
mulher, contra idosos, contra grupos minoritários como gays, travestis, negros,
etc. Tais agressões crescem dia-a-dia, conforme estatísticas, e para superá-las
precisamos primeiramente entendê-las.
80
O que é violência
81
Sugestão de vídeo
Para refletir sobre violência nos mundo contemporâneo assista o filme Pulp
Fiction: tempo de violência (1995) de Quentin Tarantino com John Travolta,
Samuel Jackson e Uma Thurman. O filme narra a história de dois assassinos
profissionais que trabalham realizando cobranças para um gangster.
82
carro com seu pai, seu desejo é impedido de ser realizado, sua energia é deslocada
para a agressividade, isto é, a criança fica agressiva, entretanto, seu mecanismo de
defesa atua, isto é, a criança não pode sair com o pai de carro, portanto vai brincar
de carrinho. Neste caso ela sublimou, ou seja, de certa forma realizou seu desejo.
3- Fenômeno da percepção
83
6- Efeito Motivacional
7- Transformação de valores
84
Tal teoria aponta as questões sociais e econômicas para explicar tanta violên-
cia literalmente gratuita nos dias atuais.
8- Expectativas
Nesta última visão teórica sobre violência que trata sobre as expectativas da
impunidade, autores como Murray, Allport discorrem sobre o reforço positivo da
certeza de que nada irá ocorrer com aquele que quebras as regras. “a impressão
que se tem é que, apesar de todo o aparelhamento legal, aquele que burla as regras
não sente especial controle e certeza da punição” MANGINI ( 2008, p.99 )apud
FIORELLI; MANGINI( 2010, p. 271).
Diante das diversas visões da psicologia sobre violência, podemos destacar
que elas não se divergem, apenas somam com todos os critérios que poderíamos
abarcar acerca das causas da violência e de seu reforço constante.
A violência causa grande impacto na sociedade, porém a violência advém
dessa sociedade, portanto, é uma relação dialética e contraditória, ambas se
criam. Pânico geral é o resultado de tanta violência. As pessoas já não passeiam
as ruas como antes, não confiam mais umas nas outras e se tratam como meras
mercadorias. Os mecanismos de defesa psicológico de cada indivíduo já não é o
suficiente para barrar a violência, além das questões individuais existem outras
causas como os processos econômicos e socioculturais.
85
Reflita
A violência está crescendo cada vez mais, basta lermos os jornais ou assistir-
mos os noticiários. Mas o que vem causando esse crescimento? Por que a vida se
tornou tão banalizada? Filho que assassina os pais, pai que mata filha, violência
no trânsito, violências nas escolas, nas famílias, enfim, pessoas conhecidas ou
famosas, envolvidas em agressões e violências. Como contribuir para prevenir
ou diminuir os atos violentos? Reflita sobre!
Violência física
86
Violência psicológica
87
Saiba mais
Faces da violência
Para fecharmos o assunto sobre a violência vamos citar uma síntese da visão
psicossocial da violência pelos autores Fiorelli; Mangini (2010, p.286):
Considerações finais
88
4. De acordo com o texto estudado, quais são os fatores psicossociais que influenciam
na aprendizagem da violência?
89
92
Reflita
93
Deste modo, a Psicologia estaria atuando nestas três possíveis relações com
o Direito contribuindo de alguma forma com a ciência jurídica.
O psicólogo pode contribuir, por meio de métodos científicos, para desven-
dar a verdade sobre alguns aspectos do comportamento dos indivíduos. Muitas
94
Saiba mais
95
PSICANÁLISE (O Inconsciente)
96
A estrutura mental atuaria o tempo todo por meio dessas três instancias psí-
quicas. Vejamos alguns exemplos:
Um adolescente, sabendo que ainda não lhe é permitido dirigir um automó-
vel, um dia na madrugada pega o carro do pai, sem esse perceber, participa de um
racha e atropela uma pessoa. Foi impulsionado pelo id. Este não conhece valor
de juízo moral, busca apenas a satisfação imediata. No momento o adolescente
só queria dirigir.
Uma jovem amante de um rapaz casado ao confidenciar suas experiências
com sua amiga, esta perde a cabeça e a ofende, dizendo que seu ato é uma sem-
-vergonhice! Não admite tal atitude e rompe com a amiga. Ao contar seus segre-
dos fulana não sabia que iria acionar o superego rigoroso da amiga e esta agiria
moralmente e religiosamente a respeito de seu comportamento.
Outra manifestação do inconsciente foi denominada por Freud de atos falhos.
Estes se manifestam quando o indivíduo expõe, sem querer, aquilo que deveria
ocultar. Por exemplo: em um reconhecimento na policia, a vitima é colocada
de frente a alguns suspeitos para apontar quem a atacou. Após ter identificado
o agressor este argumenta ao delegado dizendo que era impossível a jovem ter
o reconhecido já que ele estava de touca na hora do ataque. Isto é um ato falho.
Assinou a culpa sem querer, mas querendo.
97
Mecanismos de Defesa
Leitura complementar
Caro estudante para uma introdução a teoria psicanalítica leia o livro Intro-
dução a Psicanálise de Luiz Hornstein.
98
99
Sugestão de vídeo
Abordagem cognitiva
100
Dissonância cognitiva
101
Nesta unidade você aprendeu a relação entre Psicologia e Direito e seus fun-
damentos. Abordamos as linhas teóricas mais utilizadas como a Psicanálise, com-
portamental e a Cognitiva. Caro estudante, nesta unidade você compreendeu a
importância da psicologia para a compreensão dos comportamentos humanos.
102
3. Para a Psicanálise o psiquismo humano possui três instancias: Id, Ego e Superego.
Discorra sobre os mesmos.
4. Por que os julgadores devem estar atentos aos seus próprios mecanismos de defesa?
103
deste capítulo:
de vista psicológico.
A Psicologia Jurídica tem crescido muito nos últimos tempos devido às ne-
cessidades que tem surgido no âmbito do Direito. Garrido y Herrero (2006 a,
p.9) apud Bernal (2008, p. 35-36) definem a Psicologia Jurídica como “os supos-
tos psicológicos em que se fundamentam as leis e quem as aplicam, bem como
sejam os juristas bem como sejam os psicólogos, com a finalidade de explicar,
prever e intervir”. Psicologia Jurídica atuaria em dois âmbitos: intencional, isto
é, o estudo do comportamento das pessoas e de grupos em ambientes regulados
juridicamente e operativa, ou seja, é a disciplina que estuda temas como as tes-
temunhas, os jurados, as vítimas, condutas legais, investigações, etc. Neste item
discorreremos a definição operativa.
Quando nos deparamos com notícias impactantes, divulgadas pelos meios de
comunicação, ficamos pasmos e estarrecidos. Crimes contra a vida são os princi-
pais: filhos que matam os pais e vice versa, crimes em séries, médicos que tiram a
vida de pacientes intencionalmente, profissionais que deveriam defender a vida
106
Os julgadores
107
108
Cansaço físico
“
As pessoas julgam perante a perspectiva que adqui-
riu socioculturalmente ao longo de sua vida.
Crenças arraigadas
109
A emoção
110
Valores sociais
111
Reflita
A vítima
Toda vítima quer que seus problemas sejam resolvidos. Portanto transfere a
figura do juiz tal responsabilidade.
A vitimologia é uma ciência que estuda a vítima de várias perspectivas, psico-
lógica e social, buscando o diagnóstico e a proteção da mesma. Toda vítima sofre
um impacto psicológico mais o dano material ou físico. Por um longo tempo a
vítima vivencia a situação do delito, revive e acredita que vai revivê-la novamente.
A vítima pode desenvolver ansiedade, angústia, fobias e até depressão diante de
tais revivências. A vitimologia se interessa por (FIORELLI; MANGINI, 2010, p.
185-186):
112
A situação o qual ocorreu o crime não teria como a vítima se proteger, seria
uma fatalidade. Por exemplo, vitima de “bala perdida”, trabalhadora que é vitima
na lotação do metrô de um indivíduo que nela se esfrega com atitudes lascivas,
de nascituro em relação ao aborto, etc.
Pessoas que são vítimas, mas agem sabendo o que está ocorrendo por trás da
situação. Por exemplo, comprar de uma loja conhecida por seus objetos contra-
113
Estes são casos de falsas vítimas que cometem o delito para culpar outrem,
por exemplo, “esconde” o carro para receber o dinheiro do seguro; se auto agride
para culpar o namorado; etc.
As pessoas são vítimas por vários motivos, contudo algumas delas permane-
cem nessa condição devido a alguns fatores psíquicos, como a glorificação do
sofrimento, por exemplo, um homem sozinho entra na favela da rocinha para
“salvar” sua noiva sequestrada, é quase morto, perde um braço, mas tem a glória.
Teve seu ganho secundário. Outra situação é a adrenalina do perigo. Correr riscos
tem seus ganhos psicológicos. Outro exemplo são casais que tornam a relação
um inferno e ambos são vitimas um do outros, infligem sofrimentos mútuos, são
vítimas eternas. Mesmo que se separem a chance de encontrarem alguém igual é
a mesma, uma vez que faz parte da estrutura psicológica viver em “pé de guerra”.
114
115
Saiba mais
Psicologia do testemunho
Relato Espontâneo
Neste relato existem falhas e interrupções do relato que são expostos a crenças
e preconceitos do indivíduo, já que a liberdade permite o sujeito a manifestar-se
sem censura. É preocupante porque a testemunha fala o que quer e inclusive o
que não quer uma vez que o inconsciente se manifesta. Frases como: isso só podia
ter sido feito por pessoas desse tipo. Fala assim, mostra o preconceito.
As características pessoais da testemunha espontânea pode prejudicar o de-
poimento como (FIORELLI; MANGINI, 2010, p.348):
Detalhes da personalidade: uma pessoa narcísica fará do testemunho seu
momento de gloria, tudo girará em torno dele;
Experiência em expor as próprias ideias: para algumas pessoas a exposição
de ideias pessoais pode ser uma tortura;
116
A testemunha pode agir sobre forte carga emocional caso tenha uma tendên-
cia afetiva em relação ao réu podendo ser:
117
Valor moral
Falsas Crenças
Tais técnicas são procedimentos que qualquer julgador deve utilizar durante
o depoimento de crianças e adolescentes. Contudo, não deve ser confundida
com a técnica do “depoimento sem dano”, uma vez que tal prática possui aspectos
distintos e cruciais como:
118
Sugestão de vídeo
Sugerimos para reflexão e análise o filme Doze homens e uma sentença (1957)
de Sidney Lumet. O filme retrata o drama vivido por um júri que deve decidir se
um garoto acusado de assassinato é culpado ou inocente.
Considerações Finais
119
1. A Psicologia Jurídica tem crescido muito nos últimos anos e alguns estudos tem fo-
cado as características psicológicas e o comportamento dos julgadores. Diante dos
estudos aborde o sintonia emocional.
120
122
Hominização
123
124
cérebros e sua linguagem. Todo esse desenvolvimento que levou milhões de anos
“
é transmitido historicamente de geração a geração
Leitura complementar
Concepções biologistas
125
Sugestão de vídeo
Diante do que foi discorrido acima sobre a visão biológica a qual o desenvol-
vimento humano é compreendido como natural e o comportamento seria pré-
-determinado a concepção Histórico-Cultural, com base marxista, desenvolvida
por Alexei Nikolaievich Leontiev, Alexander Romanovich Luria e Lev Semeno-
vich Vygotsky compreende o homem em constante movimento e contradição
explicitando o desenvolvimento histórico e a totalidade dos fenômenos.
Para esses autores, todo o conhecimento produzido deve ser pesquisado e
126
estudado em sua totalidade, pois a realidade nem sempre é clara por isso se
faz necessário uma análise das contradições dos fenômenos. Toda a natureza
humana está em constante mudança e toda mudança há uma negação, contudo,
ao mesmo tempo, uma preservação do que era antes, nesta relação ocorre uma
elevação ao nível superior, o que não significa positivo necessariamente.
Vygotsky (1998, p.26) e seus colaboradores não admitem uma explicação
idealista e nem biologicista para os fenômenos ele discorre que:
Saiba mais
Objetivação
127
Apropriação
128
129
Reflita
Considerações finais
Prezado (a) acadêmico (a), nesta Unidade sobre a Ética e a Justiça, demos
particular atenção ao tema da Justiça como virtude em Aristóteles e como “jus-
tiça social”, retomando o pensamento de John Ralws (1921-2002) sobre a Justiça
como equidade.
130
131
Todos nós adultos um dia já fomos crianças e na pele sabemos o que significa
isso. Para alguns são boas às lembranças para outros, nem tanto. Independen-
temente da característica da lembrança infância é inesquecível, mas o que é ser
uma criança?
Muitas são as áreas que trabalham diretamente com crianças, vejamos alguns
exemplos: maternidade; pré-escola, creches, parques de diversão, etc. Muitos
também são aqueles que trabalham na defesa da criança, como os Conselhos
Tutelares, os Abrigos, os conselhos Municipais da Criança e do Adolescente,
Advogados, etc. Trabalhando diretamente ou indiretamente todos deveriam
saber como funciona o desenvolvimento infantil para compreender essa fase
considerada mágica nos dias atuais.
As questões que envolvem essa idade são muitas, como brigas judiciais pela
guarda, abandono de incapaz, maus-tratos e pedofilia. Infelizmente, as estatísticas
sobre violência contra os infantes têm aumentado a cada dia. Quando um pro-
fissional do direito trabalha diretamente com questões que envolvem a infância
saber os estágios que a criança se encontra pode ajudar muito.
Deste modo, discorreremos abaixo esse processo:
134
Periodização humana
Maturação
135
pende sim de outras relações, inclusive econômicas. Uma família que não tem
condições econômicas para alimentar a criança adequadamente muitas vezes
nem se dá conta que a criança vai ter problemas em seu desenvolvimento físico
e mental por conta dessa situação e, pior vai naturalizar as condições do filho.
O desenvolvimento maturacional, portanto não ocorre independentemente
das condições históricas e sociais em que o indivíduo se encontra, pelo contrário,
é uma relação ativa. Vejamos outro exemplo: é comum a gente ouvir pessoas
dizendo que tal criança é muito inteligente porque já sabe mexer no moderno
celular touch screen, enquanto nem ela mesma, que é adulta, sabe. Porém, não
nos esqueçamos de que essa criança nasceu em um momento histórico em que a
maioria das pessoas possui celular e que, portanto, ela tem acesso a tal tecnologia.
Simplesmente ela não nasceu sabendo mexer no celular, mas teve acesso cedo
para tal. Ao contrário dos pais que só foram ter acesso quando adultos.
Colocar a maturação como fator determinante no desenvolvimento infantil
é negar as condições Históricas e concretas da realidade em que o indivíduo está
inserido.
Tais explicações, caro estudante é para que você possa compreender que não
podemos justificar comportamentos, mesmo infantil, como sendo naturais e até
normais.
Saiba mais
Atividade Dominante
Todos nós, em períodos diferentes da vida, temos uma atividade que deno-
minamos como dominante ou principal, isto é, a atividade que realizamos que
mais nos interessa. Essa atividade principal vai se modificar conforme a transição
de um estágio a outro, por exemplo, de criança para adolescente. A atividade
dominante não se modifica por questões maturacionais ou devido a idade do
136
137
Reflita
138
Sugestão de video
Jogo de papéis
139
Ela simula a realidade enquanto brinca, por exemplo, dirige um carro, ser
torna polícia etc. Todas essas simulações contribuem para o desenvolvimento das
capacidades psíquicas da criança e com o desenvolvimento de sua personalidade.
Tudo o que a criança vivencia em seu meio familiar resulta na relação que
ela terá com as outras pessoas. Aqueles que fazem o papel de responsáveis pela
criança sejam os pais, os avós, tias, irmãos ou babás, mediam tudo o que a criança
está aprendendo para com o resto do mundo.
Quando a criança adentra a escola outro estágio surge em sua psique. A es-
cola tem outro sentido, tem um valor social. Aqui, segundo Leontiev (1959), a
criança adentra na chamada crise dos sete anos, porque sua atividade principal
passa a ser a escola e estudar. Brincar continua sendo importante, mas não mais
do que os estudos.
A crise ocorre porque a criança passa a ter outras obrigações sociais, fora de
seu circulo familiar. Por meio de outras relações a criança descobre os sentimen-
tos que dizem respeito direto com suas experiências. Por exemplo, se briga com
alguma amiga da escola a criança vai levar para casa tal situação e vai vivenciar
com sofrimento porque agora ela sabe o que é sofrimento, tristeza e alegria. Entra
em crise porque brincar já não é mais importante, mas era mais gostoso, já que
antes dos conhecimentos científicos que são difíceis, a criança tinha acesso aos
conhecimentos cotidianos, comuns. Na escola a criança tem nova regra muito
diferente de seu lar.
Deste modo, as mudanças qualitativas no pensamento infantil ocorrem na
mudança de uma atividade dominante para outra. O brincar tem é tudo na
vida de uma criança dos três aos sete anos e continua sendo importante, mas a
atividade escolar vai tomar lugar e garantir mais um passo no desenvolvimento
psíquico da criança e consequentemente na forma de ela ver e atuar no mundo
que a circunda.
140
Leitura complementar
Considerações finais
141
142
144
Conceituando adolescência
145
Leitura complementar
A naturalização da adolescência
146
Saiba mais
147
A personalidade do adolescente
A personalidade não é algo que nasce com a gente. Nascemos com uma sub-
jetividade única, ninguém é igual a ninguém. Mas a personalidade é desenvolvida
desde criança por meio das relações e das mediações humanas.
A personalidade do adolescente não é diferente. Quando falamos: ele tem
uma personalidade forte, estamos querendo dizer que a pessoa tem atitude e é
determinada; mas será que ela nasceu assim?
O desenvolvimento do psiquismo ocorre por meio das objetivações e das
apropriações das produções materiais e não materiais da humanidade que são
transmitidos de geração a geração (LEONTIEV, 1959), como você estudou na
Unidade XI. Assim, o homem ao nascer está com todo seu aparelho cerebral
pronto (exceção de patologias) e vai desenvolver sua personalidade conforme as
relações sociais e culturais que ele vivenciar.
Um adolescente que desde criança é motivado a estudar, a ler e tem acesso
a culturas mais elevadas, como músicas clássicas e teatro, pode ter interesse em
aprender tocar piano e este instrumento vai contribuir no desenvolvimento de
sua personalidade. Assim como uma criança que convive diariamente com o
tráfico e a violência também pode vir a valorizar essas questões, uma vez que
naturaliza aquilo que ela aprendeu, conviveu e internalizou como certo. Então
a violência faz “parte” da sua personalidade. Mas isto não quer dizer que ela não
pode mudar, uma vez que o psiquismo humano é elástico e está em constante
desenvolvimento.
Sugestão de vídeo
148
Atividade dominante
149
Formação de conceitos
150
Reflita
Considerações finais
151
4.
152
características nos dias atuais. Com esta ultima unidade sobre desenvol-
154
Adulto
Saiba mais
155
fotos retratam suas atividades rotineiras, como cozinharem, passar roupa, etc.
156
É a juventude, a fase inicial, da vida adulta que é invejada por muitos, uma
vez que é o período de maior beleza e de maiores condições de realizar atividades
que na maturidade e na velhice.
A vida adulta também possui outra fase que é considerada a maturidade. Nes-
te período as pessoas também se casam, mantém relações amorosas e possuem
filhos. O trabalho ainda continua sendo sua atividade principal.
Na maturidade, teoricamente, o homem já deveria ter se estabelecido amo-
rosamente e profissionalmente, claro que nem todos conseguem se estabelecer
devido às questões econômicas e sociais dos dias atuais.
Neste período o homem o indivíduos possuí características próprias e a cons-
ciência de responsabilidade é a marca decisiva em sua personalidade (TOLSTIJ,
1989).
O homem adulto possui uma individualidade bem marcada, pois sua espon-
taneidade vai desaparecendo. O adulto na maturidade já não pode mais realizar
algumas atividades, mas em contrapartida já possui muita experiência de vida
para ser dividida com os mais novos. Muitos adultos nesta fase costumam negar
sua idade, principalmente as mulheres. Muitos indivíduos nessa idade desejam
retornar a vida passada para vivenciar aquilo que não viveu.
Nesta fase ocorre a crise da maturidade, uma vez que o indivíduo passa a ter
duvidas de si mesmo e inseguranças em relação ao futuro. Sente-se mais próximo
da velhice e isso o assusta. O corpo já não responde como antes e sua memória
já não é a mesma. Questões físicas e emocionais aparecem principalmente nos
dias de hoje que a exigência para ficar sempre jovem é constante. Na maturidade
o indivíduo, normalmente, já alcançou o auge de sua carreira.
Algumas profissões já nem existem mais, principalmente nesta sociedade de
revolução tecnológica e muitas pessoas perderam seus empregos, ou não podem
mais continuar já que possui uma profissão escassa. Toda essa situação pode
contribuir para a crise de identidade que o homem maturo pode sentir. A matu-
ridade é uma das idades principais para a sociedade humana. O homem maduro
157
Idoso
158
Leitura complementar
Para uma reflexão sobre o idoso leia o livro: Velhos institucionalizados e família:
entre abafos e desabafos de Adriana Alcântara (2004).
Atividades do idoso
Muitas pessoas acreditam que os idosos não possuem esperança e que já vi-
veram tudo o que precisava viver. Tolstij (1989) explicitou em seus estudos que
durante a velhice ocorre desenvolvimento psicológico como na infância. Não é
um período que “não tem mais jeito”, pelo contrário, há movimento, mudança e
flexibilidade no campo psicológico.
Infelizmente, ideologicamente, os próprios idosos acreditam que o tempo
deles já passou e que não cabe a um “bom velhinho(a)” fazer “maluquices”. Con-
tudo, tirando as questões físicas, que realmente começam a degenerar, psicologi-
camente muitos ainda podem continuar trabalhando e passeando normalmente.
Lógico que com menos frequência e menos condições que uma pessoa jovem.
Sugestão de vídeo
159
o idoso. Para refletir sobre o assunto veja o filme Amor (Amour) filme Frances de
Michael Haneke que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.
O idoso é sempre comparado à criança como pessoas despreocupadas, ausência
de dentes, corpos frágeis, etc. Entretanto, tanto a criança como o idoso sabe qual é
o seu lugar na sociedade perante o adulto. Esta consciência é a única coisa de fato
que a infância e a velhice têm de iguais.
Com a mortalidade cada vez mais tarde na velhice, por volta dos 70 anos, os ido-
sos ocupam mais lugares na sociedade e participam mais da vida social, por exemplo,
bailes da terceira idade, passeios turísticos, esportes, inclusive radicais, participam
de academias, envolvem-se em novos relacionamentos, inclusive com pessoas mais
novas e muitos trabalham como voluntários em organizações filantrópicas.
A personalidade do idoso só pode ser compreendida a partir de sua própria
individualidade, isto é, se faz necessário conhecer como sua individualidade foi
desenvolvida ao longo de sua vida.
Claro, querido estudante, que a velhice possui características próprias. Quem
conviveu ou convive com um idoso sabe muito bem que os mesmos apresentam
alguns comportamentos típicos. Veremos então: existe um certo negativismo uma
vez que a pessoa idosa acredita que as coisas podem dar errado até porque doenças
aparecem frequentemente, são mais embotados afetivamente. Porém, existem os
idosos com as características de uma pessoa extrovertida que se comportam como
jovens, são alegres e vivem a vida intensamente como se tivessem mais sessenta
anos de vida.
Entretanto, são poucos os estudos sobre o desenvolvimento psicológico durante
a denominada “terceira idade”, muitos trabalhos ainda focam apenas a descrição
dos comportamentos e não aprofundam os processos psíquicos.
Reflita
Quando atingimos certa idade, por volta dos 60 anos, é comum as pessoas
acreditarem que a personalidade e o caráter do idoso mudam, isto é, que são
bons e honestos. Contudo, não é incomum ouvirmos notícias policiais de idosos
cometendo crimes. A aplicação de atenuante por se tratar de idoso acima de 60
anos do código penal traz para alguns questionamentos quanto à capacidade de
senilidade do idoso. Discuta e pense sobre!
160
Considerações finais
161
4. A chamada “terceira idade” tem ocupado mais espaço na sociedade, cite um exemplo
de participação do idoso.
162
164
Personalidade
165
Leitura complementar
Característica da persanalidade
166
167
Transtornos da personalidade
Kaplan; Sadock (1993, p.196) apud Fiorelli; Mangini (2012, p.105) definem o
transtorno de personalidade como sendo: “padrões de comportamento profun-
damente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis
a uma ampla série de situações pessoais e sociais”.
Ocorre um comprometimento significativo social ou ocupacional na vida do
sujeito. Geralmente vem acompanhado de um profundo sofrimento psíquico.
O indivíduo com transtorno perde a capacidade de ser flexível nas situações
vivenciadas. Não consegue se adaptar no trabalho e em nenhuma situação social.
A classificação Internacional de Doenças (CID-10) classifica os transtornos
de personalidade como sendo (FIORELLI; MANGINI, 2010, p.105-106):
168
•Personalidade amoral
•Antissocial
•Associal
•Psicopática
•Sociopática
169
Lembrando que o psicopata não se enquadra como doente mental, uma vez
que sabe perfeitamente o que está fazendo e tem consciência de suas atitudes. O
profissional da saúde e o profissional do direito devem ter cautela em relação a
esse tipo de transtorno uma vez que o portador não é doente, não alucina e nem
delira, ele é totalmente racional e tudo o que realiza é com premeditação.
De acordo com os autores (2010) a psiquiatra brasileira Hilda Morana, ba-
seada nos estudos do americano Robert Hare, discorre que é possível prevenir a
reincidência criminal nestes casos. Contudo, para Hilda a psicopatia é um defeito
de caráter, devido à insensibilidade aos outros. Os psicopatas possuem crueldade
gratuita, não estão atrás de riquezas ou poder, mas seu comportamento é extre-
mamente perverso.
O americano Robert Hare apud Fiorelli; Mangini (2010, p.108) elencou, de
acordo com seus estudos, uma lista de características do indivíduo psicopata
sendo:
170
Com tais critérios, sendo que pelo menos a metade dessas características o
sujeito deve apresentar, o diagnóstico é preciso.
Na formação da personalidade deste indivíduo não formou devidamente sua
estrutura egóica, isto é, seu superego (instância psíquica que regula o comporta-
mento moral, ético e social) não introjetou a possibilidade do sujeito sentir culpa,
remorso ou empatia por alguém.
Muitas pesquisas apontam que as causa da personalidade antissocial estão
relacionadas com aspectos biológicos, ambientais, sociais e familiares.
Entram nestas categorias, seriais killers, homicidas cruéis e torturados. Entre-
tanto, há níveis de psicopatia, pois não constitui um padrão, ou seja, nem todos
são seriais killers.
Estes indivíduos estão em todos os lugares no trabalho, na família, nas ruas,
nas igrejas, nos clubes, enfim em todas as instituições. No ambiente de trabalho,
por exemplo, o indivíduo comete furtos destruindo os bens alheios, vadiagem,
etc. Como não possui tolerância a frustração a violência surge espontaneamente.
Geralmente psicopatas se envolvem com crimes como tráfico de drogas,
crime organizado, máfia, política e religião. “Mentira, promiscuidade, direção
perigosa, homicídios e sequestros compõem seus repertórios, em que não há
171
sentimentos de culpa, pois os outros não passam de “otários” que merecem ser
ludibriados na disputa por sexo, dinheiro, poder, etc.” (FIORELLI;MANGINI,
2012, p.109).
Reflita
Saiba mais
172
adolescentes infratores.
Características do transtorno na infância/adolescência:
•Agressividade e tirania;
•Crueldade em relação a pessoas ou animais;
•Destruição de patrimônio alheio;
•Comportamentos incendiários;
•Roubos;
•Mentiras exacerbadas;
•Cabulação de aulas;
•Fuga de casa;
•Birras e desobediência excessiva e constante;
Sugestão de vídeo
173
Considerações finais
174
175
178
Saúde mental
179
Psicopatologia
180
Saiba mais
181
Drogadição
182
183
Deste modo, muitas são as drogas, mas as consequências são muito próximas.
O indivíduo muda sua conduta e na maioria das vezes sua vida e a da família
vira uma tragédia. Entretanto, são muitos os tratamentos, psiquiátricos, psico-
lógicos e clínicos, que podem contribuir para uma melhora e uma superação da
dependência.
• Incesto
184
• Pedofilia
185
parentes da vítima. Muitas vezes a mãe sabe, mas encoberta o marido e coloca a
culpa na criança/adolescente. É comum ouvirmos desculpas como: ela sempre
usou shorts curto. Provocava. A culpa é dela.
O pedófilo pode ser de qualquer classe social. Pode ter boa aparência e ser um
profissional de boa conduta. Cidadão exemplar. O pedófilo busca estar no local
onde tem crianças, ou seja, em creches, escolas, parques, shows, igrejas e alguns
se envolvem com mulheres que tem crianças pequenas.
São várias a hipóteses em relação às causas da pedofilia. Uma delas diz res-
peito ao pedófilo ter sofrido abuso quando criança. O indivíduo teria sofrido um
trauma sexual e tal trauma mais adiante seria o impulsionador da própria pedo-
filia. Outra hipótese seria a impotência que certos adultos teriam em conseguir
se relacionar com uma mulher adulta.
Um grave erro que advêm do senso comum, é acreditar que o pedófilo é
homossexual. A orientação sexual saudável não apresenta perversão sexual, ou
seja, o homoafetivo não é um perverso e não tem transtorno mental.
Os pedófilos podem ser homoafetivos ou heterossexuais. A maioria dos casos
os pedófilos são bissexuais, uma vez que o desejo patológico requer uma criança,
masculina ou feminina.
Deste modo, a pedofilia é crime e perversão, já que inclui na relação amorosa
e sexual uma criança incapaz de ter julgamentos e responsabilidades e está em
pleno desenvolvimento.
186
• Sadomasoquismo
Sugestão de vídeo
187
Transtornos delirantes
Reflita
Considerações finais
188
189
• Atestado Psicológico
• Declaração Psicológica
• Relatório Psicológico
• Laudo Psicológico
• Parecer Psicológico
192
193
V)Resposta dos quesitos, caso formulados pelo Juízo, pelo Ministério Público
ou pelos interessados processualmente legitimados. Quando o quesito não puder
ser respondido tecnicamente, deve ser considerado “prejudicado”.
Sugestão de vídeo
Leitura complementar
Para saber mais sobre Perícia Psicológica leia o livro de ROVINSKI, Sonia
Liane Riechert. Fundamentos da Perícia Psicológica Forense. São Paulo: editora
Vetor, 2003
194
Parecer psicológico
O parecer psicológico também deve conter alguns itens em sua estrutura para
uma boa fundamentação: um bom cabeçalho introduzindo no assunto; os mo-
tivos do questionamento; a análise detalhada dos fatos e das técnicas utilizadas;
posicionamento do profissional concluindo os fatos.
Quando um documento desses é solicitado pela parte interessada o profis-
sional de psicologia é denominado assistente-técnico. Já quando é solicitado pelo
juiz o profissional fica na condição de perito.
O sigilo profissional é o requisito primordial neste tipo de documento, além
dos quesitos éticos. Tais documentos sempre podem ser contestados pela outra
parte podendo contrapô-lo com outro parecer ou laudo. Outro fator importante
de se esclarecer é que o julgador não está adstrito ao documento, sendo de livre
arbítrio sua decisão. Entretanto, como ciência, a Psicologia Jurídica, na represen-
tação dos documentos requeridos pelo Direito, contribui na realização da justiça,
objetivo primordial do direito.
Diagnóstico
195
tico também pode ser questionado. O autor discorre que o diagnóstico deveria
ser evitado, pois tem vulnerabilidades e pode abrir espaço para estigmação do
sujeito analisado.
Reflita
Teste psicométricos
A avaliação psicológica, num sentido amplo, pode ser definida como um pro-
cesso integrado de investigação sobre o fenômeno psicológico, em suas diferentes
formas de expressão, que se estrutura em suas dimensões conceptual, metodo-
lógica, ética e relacional, delimitando um campo de competência profissional e
auxiliando em processos de tomadas de decisões.
196
•Objetividade
•Teoria da medida
•Necessidade de estatística
•Medida de atributos
•Tarefas estruturadas
•Estímulos definidos
•Apuração sem ambiguidade
•Padronização
•Respostas restritas
•Interesse no produto e não no processo
Testes projetivos
197
vez que os projetivos como o próprio nome já diz, faz com o sujeito projete seus
conflitos para fora.
Citaremos alguns exemplos de testes psicológicos (psicométricos e projeti-
vos) para você ter um conhecimento a mais dos mesmos:
São muitos os testes que não cabe aqui expô-los, contudo é importante pelo
menos saber quais estão validado pelo Conselho Federal de Psicologia, já que
sua utilização invalida a avaliação psicológica.
Saiba mais
198
brando que o objetivo não é suscitar a dúvida ou deixar o caso mais conflitivo,
mas contribuir para o fim único do direito: a justiça.
Considerações finais
199
4. Diante do exposto na unidade você acredita que o parecer pericial contribui para a
tomada de decisão do juiz? Caso afirmativo por quê?
200
CONCLUSÃO GERAL
Caro aluno,
201
202
203
COUTO, Mathias, C. Antônio; Zimerman, David. Aspectos Psicológicos na Prática Jurídica. 2 ed.
Campinas: Millennnium Editora, 2007.
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução a antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco,
2010.
FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana C. R. Psicologia Jurídica. 2 ed. São Paulo: Editora Atlas,
2010.
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. Traduzido por Marie-Agnes Chauvel. São Paulo:
brasiliense, 2007.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 22. Ed. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1986.
LURIA, A.R. Fundamentos da neuropsicologia (J. Aranha Ricardo, Trad.). São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1981.
NAGEL, L.H. Educação dos alunos (ou filhos) da Pós-Modernidade: Conselho Regional de Psi-
cologia: Maringá-Pr, 2005.
204
TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica: para operadores de Direito. Terc.ed. Revista e
ampliad. Porto Alegre: Livraria do Advogado editora, 2009.
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente. (M. Cole, etal. Org.,. J. C. N. etal. Trad. 6ª ed.). São
Paulo: Martins Fontes, 1998. (obra original publicada em 1984).
VYGOTSKI L.S. Obras escogidas. IV. Madrid: Centro de Publicaciones del M.E.C. y Visor Distribu-
ciones, 1996. (obra original publicada em 1983).
VYGOTSKI L.S (1996). Obras escogidas. IV. Madrid: Centro de Publicaciones del M.E.C. y Visor
Distribuciones. (obra original publicada em 1983).
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