Lentes Esféricas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

Lentes esféricas

As lentes estão muito presentes em nosso dia a dia, sejam nos


óculos ou em diferentes equipamentos. Nos óculos as lentes são
utilizadas para corrigir as ametropias (miopia, hipermetropia,
astigmatismo, entre outras), pois são construídas de modo a
posicionar corretamente as imagens dos objetos sobre a retina.
Nos equipamentos como microscópios e projetores datashow, as
lentes são usadas para produzir imagens ampliadas dos objetos.
Além disso, as lentes são utilizadas nos leitores de CD e DVD, nos
telescópios refratores, nas câmeras fotográficas e em diversos
outros equipamentos. Neste texto vamos abordar algumas
propriedades das lentes, bem como estudar a formação de
imagens em lentes convergentes e divergentes.

Vimos que se um raio de luz incide obliquamente na superfície de separação de dois meios, ao refratar, ele
sofre uma mudança em sua direção de propagação. Se ele vai de um meio menos refringente (de menor
índice de refração) para um meio mais refringente (de maior índice de refração) ocorre uma aproximação
do feixe da reta normal. De modo oposto, se o feixe vai de um meio mais refringente (de maior índice de
refração) para um meio menos refringente (de menor índice de refração), ocorre um afastamento da reta
normal (veja a figura 1). Veremos que a ocorrência desse desvio da luz é o fenômeno responsável pela
formação das imagens em uma lente.

Figura 1 – Representação da mudança na direção de propagação de um feixe de luz ao sofrer refração.

Uma lente esférica é geralmente constituída por um pedaço de acrílico ou de vidro – materiais cujos índices
de refração são maiores que o do ar – com uma ou as duas faces curvas. Dependendo do formato ela pode
ser convergente ou divergente (veja a Figura 2).

Figura 2 – Representação de perfis de lentes convergentes e divergentes.

Na Figura 3 você pode ver o que acontece quando um feixe de luz incide em uma lente convergente (A) e
em uma divergente (B). Em cada situação mostrada na Figura 3 desenhamos as retas normais às superfícies
das lentes. Quando a luz incidente passa do ar para a lente, o raio se aproxima da normal, mudando um
pouco sua direção de propagação. Quando a luz sai da lente, o raio de afasta da normal. Mas note que
devido às diferenças na curvatura, na lente convergente os feixes são direcionados para um ponto comum,
ao passo que na lente divergente os feixes se afastam, como se tivessem se originado de um ponto comum
(daí o nome convergente e divergente para essas lentes). O ponto comum onde os feixes se encontram
após sofrerem refração em uma lente convergente é o foco real, pois os raios de luz realmente passam por
este ponto. No caso da lente divergente, são os prolongamentos dos raios refratados pela lente que se
encontram em um ponto comum; por isso esse ponto é chamado de foco virtual.

Além do foco, são elementos importantes em uma lente o seu centro óptico e o eixo óptico, ambos
indicados na Figura 3. Também é importante ressaltar que os focos existem em ambos os lados lente, uma
vez que a luz atravessa o material que a constitui (diferentemente do espelho, em que a luz é refletida).
Figura 3 – Em (A), lente convergente, e em (B), lente divergente.

Podemos compreender a formação das imagens nas lentes esféricas considerando a refração da luz e a
posição que o objeto se encontra em relação à lente. Para verificar isso, vamos traçar alguns diagramas da
formação de imagens em lentes considerando os chamados raios notáveis. Embora possamos considerar
que existem inúmeros raios de luz sendo transmitidos através da lente, esse modelo de raios notáveis nos
permite simplificar o problema de encontrar a imagem de um objeto, pois utilizamos apenas três raios
notáveis (na prática, podemos usar apenas dois deles de cada vez; a escolha se dá pela conveniência em
cada caso).

A seguir apresentamos cada um desses raios notáveis com um diagrama que os representa.

i) um raio de luz que incide na lente, paralelamente ao eixo principal, é refratado passando pelo foco, nas
lentes convergentes, ou refratado em uma direção cujo prolongamento passa pelo foco, nas lentes
divergentes (veja a Figura 4).

Figura 4 – Um raio de luz que incide paralelamente ao eixo principal é refratado passando pelo foco.

ii) um raio de luz que incide na lente passando pelo foco, nas lentes convergentes, ou em uma direção que
passa pelo foco, nas divergentes, é refratado paralelamente ao eixo principal (Figura 5).

Figura 5 – Um raio de luz que incide passando pelo foco é refratado paralelamente ao eixo principal.
iii) um raio de luz que incide na lente, passando pelo centro óptico, é refratado diretamente, sem sofrer
desvio (Figura 6).

Figura 6 – Um raio de luz que incide passando pelo centro óptico é refratado sem sofrer desvio.

Vamos aplicar a utilização desses raios notáveis para determinar as características da imagem formada por
uma lente convergente e uma divergente. A Figura 7A mostra um objeto, o bonequinho, posicionado sobre
o eixo principal de uma lente convergente, a uma distância um pouco maior que a distância focal. Para
encontrar sua imagem vamos desenhar dois raios notáveis. Vamos utilizar os raios i) e ii) das Figuras 4 e 5
(veja a Figura 7B). Note, na Figura 7B, que ao traçarmos os raios i) e ii), eles se encontram em um ponto.
Nesse ponto ocorre a formação da imagem da região do objeto de onde saíram os raios. Como desenhamos
os raios saindo da cabeça do bonequinho, então nesse ponto ocorre a formação da imagem de sua cabeça.
O restante da imagem estará entre a cabeça e o eixo principal (você pode comprovar isso fazendo um
desenho dos raios i) e ii) saindo da barriga do bonequinho, por exemplo).

Figura 7 - Representação da formação da imagem real do bonequinho por uma lente convergente.

É possível observar, pelo diagrama da Figura 7B, que a imagem formada é maior que o objeto, está de
cabeça para baixo em relação a ele (invertida) e foi formada do outro lado da lente. Quando a imagem é
formada do outro lado da lente, pelo encontro dos raios de luz (note que os raios i) e ii) se cruzaram em um
ponto), a denominamos de imagem real. Esse tipo de imagem pode ser projetada em um anteparo. Esse é o
tipo de imagem que um Datashow produz na parede. Somente as imagens reais podem ser projetadas
sobre uma superfície.

Considere agora um caso diferente, em que o bonequinho está entre o foco e o centro óptico da lente
convergente (Figura 8A). Vamos traçar os raios i) e iii) para ver como se forma a imagem nesse caso (não é
possível usar o raio ii) nessa situação, pois como o bonequinho está antes do foco, não há como sair luz do
bonequinho, passar pelo foco e depois passar pela lente).
Após a refração na lente podemos ver que os raios refratados não se encontram; eles estão divergindo
(Figura 8B). Portanto, não será formada uma imagem real, pois não haverá encontro dos raios de luz.
Contudo, se prolongarmos os raios refratados, veremos que eles se encontram em um ponto, do mesmo
lado da lente em que está o objeto. Nesse ponto é formada a imagem do bonequinho (Figura 8C).

Figura 8 - Representação da formação da imagem virtual do bonequinho por uma lente convergente.

Pelo diagrama da Figura8C vemos que a imagem é maior que o objeto, está de cabeça para cima (direita ou
direta) e é formada pelo prolongamento dos raios refratados. Esse tipo de imagem, formada do mesmo
lado da lente em que está o objeto, pelo prolongamento dos raios refratados, é chamada de imagem
virtual. Esse tipo de imagem não pode ser projetada em um anteparo. Quando usamos uma lupa, estamos
posicionando o objeto entre a lente e seu foco. A imagem ampliada que vemos do objeto é virtual.

Por fim, veremos a formação de uma imagem em uma lente divergente. Procedendo de forma semelhante
ao que foi feito nas Figuras 7 e 8, vamos traçar os raios notáveis i) e ii) para o bonequinho da Figura 9A, que
se encontra em frente a uma lente divergente. Como os raios refratados pela lente divergem, eles não se
encontrarão, mas traçando os prolongamentos desses raios refratados vemos que eles se cruzam em um
ponto. Nesse ponto será formada a imagem do objeto. Vemos, na Figura 9B, que essa imagem é direita (de
cabeça para cima), menor que o objeto e, por ser formada pelos prolongamentos dos raios refratados,
virtual.

Figura 9 - Representação da formação da imagem virtual do bonequinho por uma lente divergente.

Existe uma equação que relaciona a distância focal com as distâncias do objeto e da imagem à lente.
Denominando a distância focal de f, a distância do objeto à lente de do e a distância da imagem à lente de
di, essa equação pode ser escrita na forma:
1 1 1
= + (1)
𝑓 𝑑 𝑑

Na Figura 10 estão representados f, do e di, e no quadro abaixo uma convenção de sinais que deve ser
adotada ao realizar cálculos envolvendo a equação (1).

Figura 10 - Representação dos elementos da equação (1).

Exercícios

1 – Vimos, nas figuras 7 e 8, que ao mudar a posição do objeto em relação à lente convergente as
características da imagem formada também foram modificadas. Será que isso ocorre para outras posições
do objeto em relação à lente? Será que isso ocorre para a lente divergente?

Verifique as características das imagens formadas nas situações indicadas nas figuras abaixo. Nas imagens à
esquerda temos uma situação envolvendo uma lente convergente, e à direita, uma divergente. Para
encontrar as imagens em cada situação, comece desenhando os raios notáveis. Em seguida, veja se ocorre
o encontro dos raios refratados, ou dos prolongamentos desses raios. Então desenhe a imagem do
bonequinho. Para cada situação, escreva as características da imagem formada.
2 – Com base nos desenhos que você elaborou no exercício nº 1, e nas Figuras 7 a 10, você saberia dizer
onde será formada a imagem de um objeto que se encontra muito, muito distante da lente?

3 – Tânia observa um lápis com o auxílio de uma lente,


como representado na figura ao lado. Essa lente é mais fina
nas bordas que no meio e a posição de cada um de seus
focos está indicada na figura. Considerando-se essas
informações, qual dos pontos, P, Q, R ou S, representa a
melhor posição para a imagem do lápis vista por Tânia?
Justifique sua resposta.

4 – A imagem de uma estrela distante é projetada em uma folha de papel que está a 10 cm de uma lente
convergente. Qual a distância focal desta lente?

5 – Na figura, um texto é visto através de duas lentes esféricas, 1 e


2. A imagem formada pela lente 1 aparece menor do que o próprio
texto e a imagem formada pela lente 2 aparece maior.

Pela observação da figura, constata-se que a lente 1 é ______ e a


imagem por ela formada é ________e que a lente 2 é ______ e a
imagem por ela formada é ______ .

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as


lacunas apresentadas acima.

a) divergente – real – convergente – real

b) convergente – virtual – divergente – real

c) divergente – virtual – convergente – virtual

d) divergente – virtual – convergente – real

e) convergente – virtual – divergente – virtual


6 – Uma lente de vidro cujos bordos são mais espessos que a parte central:

a) deve ser divergente

b) deve ser convergente

c) no ar, é sempre divergente

d) mergulhada num líquido, torna-se divergente

e) nunca é divergente

7 – Um estudante deseja queimar uma folha de papel, concentrando, com apenas uma lente, um feixe de
luz solar na superfície da folha. Para tal, ele dispõe de 4 lentes de vidro, cujos perfis são mostrados na
figura. Para conseguir seu intento, o estudante poderá usar as lentes:

a) I ou II somente

b) I ou III somente

c) I ou IV somente

d) II ou III somente

e) II ou IV somente

8 – Uma câmara fotográfica rudimentar utiliza uma lente convergente de


distância focal f = 50 mm para focalizar e projetar a imagem de um objeto sobre o
filme. A distância da lente ao filme é p' = 52 mm. A figura mostra o esboço dessa
câmara. Para se obter uma boa foto, é necessário que a imagem do objeto seja
formada exatamente sobre o filme e o seu tamanho não deve exceder a área
sensível do filme.

Com base nessas informações, calcule a posição que o objeto deve ficar em
relação à lente.

9 – Na figura, MN representa o eixo principal de uma lente divergente L, AB o trajeto de um raio luminoso
incidindo na lente, paralelamente ao seu
eixo, e BC o correspondente raio
refratado.

a) A partir da figura, determine a distância


focal da lente.

b) Determine o tamanho e a posição da


imagem de um objeto de 3 cm de altura,
colocado a 6 cm da lente,
perpendicularmente ao seu eixo principal.
(use a escala indicada na figura)

Você também pode gostar