Ciências Sociais e Políticas 4
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Capítulo 2
FATORES INSTITUCIONAIS E SOCIOECONÔMICOS DO SISTEMA
AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO NO MARANHÃO
20
Juliana Arouche Costa; Eliene Cristina Barros Ribeiro; Cleber Augusto Pereira;
Rodrigo Gustavo de Souza
Capítulo 3
A DIVISÃO ASSIMÉTRICA DO TRABALHO ENTRE OS SEXOS: A (IM)
PRODUTIVIDADE DAS MULHERES EM DEBATE 37
Katiane Moraes da Silva; Elvira Simões Barretto
Capítulo 4
O SERVIÇO SOCIAL, A QUESTÃO SOCIAL E A LGBTQIA+FOBIA
Eliana Gondim Sampaio; Paula Julia Rodrigues Barbosa; Pedro César Pereira 51
Faria Santos
Capítulo 5
É POSSÍVEL HAVER BEM-ESTAR NO TRABALHO NO CAPITALISMO? CRÍTICA
MARXISTA A CONCEITOS BURGUESES 64
Emilly Bezerra Fernandes do Nascimento; Edir Vilmar Henig
Capítulo 6
INTEGRAÇÃO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL E REDE
SOCIOASSISTENCIAL PARA FORTALECIMENTO DO SUAS: RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO NO MUNICÍPIO DE LAGARTO/SE 77
Kathleen Pimentel dos Santos; Wallison Hipólito de Meira; Milena Fernandes
Barros
Capítulo 7
GERIATRIA, GERONTOLOGIA E A SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA DO
ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA 90
Roberto Santos da Cunha; Soraia da Silva Rondão do Nascimento
Capítulo 8
ATUAÇÃO DO NÚCLEO PSICOSSOCIAL DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO
MARANHÃO NO ATENDIMENTO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM SÃO
104
LUÍS/MA
Maria de Guadalupe Furtado Barros; Lheticia de Freitas Gomes
Capítulo 9
EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NA POLÍTICA ESPECIAL PARA MULHERES:
UMA EXPERIÊNCIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER EDNALVA
115
BEZERRA
Carolina Martins do Vale
AUTORES 125
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 1
A EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIA: UMA CRÍTICA AO
SISTEMA CAPITALISTA A PARTIR DA TEORIA DE ALAIN
BADIOU
Camila Cristina Fernandes Seleiro
Leticia Escorcio de Araújo
Sophya Garcia Vale
8
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
O presente artigo, através de uma metodologia investigativa, analisa os
fundamentos ideológico-estruturais do capitalismo em relação à
reificação do trabalho como categoria alienante para a emancipação dos
proletários do sistema imposto. Para isso, estuda-se o capitalismo em
cortejo com a relação complexa entre Estado e população sob o enfoque
da teoria comunista, com subcapítulos. Posteriormente, faz- se a análise
crítica de Alain Badiou com “A Hipótese Comunista”, para, por fim,
concluir a necessidade de estimular rupturas no sistema capitalista, pois
este conduz a uma difusão da liberdade e dos direitos humanos que
perpassa a dignidade da pessoa humana a todos.
Palavras-chave: Trabalho. Alienação. Alain Badiou.
ABSTRACT
The present article, through an investigative methodology, analyses
capitalism's ideological-structural fundaments related to the
rectification of work as an alienating division for the proletariat's
emancipation in the imposed system. For that, the capitalism is studied
tied to the complex relationship between the State and the population
with an emphasis on the communist theory, in subchapters. Afterward,
9
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
1 INTRODUÇÃO
10
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11
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
12
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Desse modo, o teórico conjectura que, por exemplo, a vida para ser considerada
uma vida “verdadeira”, o indivíduo necessita compreender em que sociedade ela se
encontra e achar uma solução intermediária, que seria uma vida que encontrou algumas
verdades, um equilíbrio em ter e acreditar em valores transcendentes e em não acreditar
nesses valores, pois Badiou analisa a democracia imposta como um “semblante”, ou seja,
um tipo de aparência falsa que se dá como real, que ofusca a realidade brutal do
capitalismo. A “ideia” seria exatamente esse intermediário entre as verdades, e, segundo
o autor, sem “ideia” toda a existência é vazia.
Entretanto, a teoria do comunismo do qual o autor se refere não faz parte de uma
discussão que se localiza no campo das relações econômicas, interior ao campo da
economia política, no sentido de pensar no fim da propriedade privada burguesa e na
revolução do proletariado. Mas sim na Ideia Comunista de resgate à emancipação da
maioria, do povo, das massas, a vistas de uma sociedade igualitária.
A ideia, como diz o autor, pertence à fronteira entre indivíduo e processo político.
Entre o evento, correspondente às possibilidades, e o fato, referente àquilo que é real. A
Ideia do Comunismo situa-se nesse meio, corresponde à uma possibilidade em um futuro
no qual o indivíduo pertencente a um “corpo” coletivo, a um corpo político que luta pela
coletividade, pensa e reflete sobre a organização social, o “viver com ideias”. E o fato, que
reforça, em termos práticos, a dificuldade em pensar nessa possibilidade, dado a formação
dos Estados capitalistas e do sistema econômico como um todo que suprime a existência
de novas possibilidades, políticas, sociais e econômicas, e com isso, sobretudo, de uma
possibilidade comunista.
O objetivo é ampliar as reflexões daquilo que é possível e impossível para além da
esfera do Estado, e “[...] de que não estamos fadados à formatação de nossa existência
pelas exigências do Estado” (BADIOU, 2015, p.75). O indivíduo, participante de um
processo de verdade, deve levar esse pensamento tido como uma exceção, para o debate
comum, para as massas, partilhar essa ideia, a fim de difundir exceções fora do Estado.
Esse compartilhamento de ideias possibilitará a emergência de novos possíveis, de
uma Ideia que é historicamente possível. E como todo esse movimento é dado pelo
afastamento de direções, possíveis e impossíveis, do âmbito estatal, o autor afirma a
importância de manter constante esse movimento. O enfraquecimento do Estado, a partir
desse movimento, é primordial para o surgimento de novos possíveis e de novas ideias,
16
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
porque, “Sem Ideia, a desorientação das massas populares é inelutável.” (BADIOU, 2015,
p.76).
Daí, presume-se a possibilidade de emancipação proletária, para além do que é
posto no sistema capitalista, o trabalho como uma atividade alienante e exaustiva, que não
permite e abre espaços para reflexão no dia a dia, a necessidade de pensar reflete o
conceito de Ideia por Badiou, pois apresenta uma possibilidade de superação desse
sistema de produção. Entrar num corpo coletivo, posteriormente, dará uma dimensão de
luta, de mudanças sociais emancipatórias, realizadas pelo salto ontológico da classe em si,
para classe para si.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
REFERÊNCIAS
BADIOU, Alain, 1937- . A hipótese comunista / tradução Mariana Echalar São Paulo:
Boitempo, 2012. (Estado de Sítio).
BADIOU, Alain. De quoi Sarkozy est-il le nom ?, Paris, Éditions Lignes, 2007.
18
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Martin Claret, 2001. 198p.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Tradução de Álvaro Pina. São
Paulo: Boitempo Editorial, 2005.
19
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 2
FATORES INSTITUCIONAIS E SOCIOECONÔMICOS DO
SISTEMA AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO NO
MARANHÃO
Juliana Arouche Costa
Eliene Cristina Barros Ribeiro
Cleber Augusto Pereira
Rodrigo Gustavo de Souza
20
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral analisar os impactos das pressões
institucionais sobre o Sistema Agroindustrial Sucroalcooleiro nos
municípios maranhenses. Para isso foram analisados, sob enfoque da
Teoria Institucional e do Sistema Agroindustrial – SAG, o ambiente e as
pressões institucionais. O processamento dos dados foi realizado pelo
software IRAMUTEQ e para identificar as influências das pressões
institucionais no setor, utilizou-se o modelo de Oliver (1991). Os
resultados apontaram que quanto às pressões institucionais as usinas
buscam a legitimidade legal. Isso, optando por aceitar as pressões
governamentais e estarem em conformidade com as normas e
regulamentos exigidos em todo processo produtivo, como licenças de
operação emitidas pelos órgãos ambientais, federais e estaduais.
21
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
ABSTRACT
The general objective of this work is to analyze the impacts of
institutional pressures on the Agroindustrial Sugar and Alcohol System
in the municipalities of Maranhão. For this, the institutional environment
and pressures were analysed, under the focus of the Institutional Theory
and the Agroindustrial System - SAG. Data processing was performed
using the IRAMUTEQ software tool. To identify the influences of
institutional pressures in the sector, Oliver's model (1991) was used. The
results showed that regarding institutional pressures, it was found that
the plants seek legal legitimacy, opting to accept government pressures,
having as their main cause the need for their operation and profit to be
in compliance with the rules and regulations required in the entire
production process, such as operating licenses issued by federal and
state environmental agencies.
Keywords: Institutional theory. Institutional pressures. Sugar and
alcohol plant. Sugar cane
1 INTRODUÇÃO
22
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
23
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
à responsabilidade social e à ética das empresas são cada vez maiores, o que pode motivar
as empresas a tomar medidas para melhorar sua imagem pública e proteger seu legado
(CASTRO; GILIO E MACHADO, 2022).
Além disso, a regulamentação da indústria e a pressão da concorrência também
são importantes fontes de pressão institucional. A regulamentação da indústria
estabelece padrões para a qualidade dos produtos e serviços, enquanto a concorrência é
uma força motivadora para as empresas se destacarem e se diferenciarem de seus
concorrentes. Em suma, as pressões institucionais são importantes para garantir que as
empresas operem de forma responsável e ética, protegendo os interesses públicos e
mercadológicos (OLIVER, 1991).
As respostas das organizações às pressões institucionais em relação a
conformidade vão depender do porquê essas pressões estão sendo exercidas, quem está
exercendo, quais são essas pressões, por qual meio estão sendo exercidas e onde
acontecem. Oliver (1991) relacionou cinco fatores que definem a natureza das pressões
institucionais, úteis para dar suporte às organizações quanto a formulação de respostas
estratégicas a essas pressões, sendo eles: causa, constituinte, conteúdo, controle e
contexto.
A causa pode ser de origem social ou econômica e refere-se aos desejos e
expectativas racionais que dão sustentação às pressões. O constituinte é o agente das
pressões institucionais, que pode ser o estado, entidades de classes e a sociedade em geral,
e que impõe um conjunto de normas, leis e expectativas sobre a organização. O conteúdo
representa os requisitos necessários para alcance da legitimação por parte das
organizações (OLIVER, 1991).
Já o controle diz respeito aos meios pelos quais as pressões são impostas às
organizações. O controle pode ser exercido por coerção legal ou por difusão voluntária,
sendo a influência sobre as ações das organizações, direcionando-as conforme os
interesses dos constituintes. Sobre o contexto ambiental, este condiciona as respostas das
organizações que sofrem as pressões. No contexto, duas variáveis são relevantes, a
incerteza e o nível de interconectividade das relações entre as organizações.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
26
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
3.1.1 Causa
A causa foi identificada através dos seguintes questionamentos: Por que as usinas
de etanol estão sujeitas às pressões institucionais, e se elas acham que alcançar a
conformidade com essas pressões aumenta o status ou o prestígio?
As agroindústrias sucroalcooleiras estão sujeitas a uma série de normas e
regulamentos que condicionam a atividade.
28
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
3.1.2 Constituinte
Nesse caso, o conteúdo foi identificado nesse estudo da seguinte forma: quais
normas as usinas estão sendo pressionadas a se conformarem?
29
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
34
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
REFERÊNCIAS
_______. Dados Estatísticos, 2022. Disponível em: www.anp.gov.br. Acesso em: 14 nov.
2022.
Bardin L. Análise de conteúdo. Edição revista e ampliada. São Paulo: Edições 70 Brasil;
[1977] 2016.
OLIVER, C. Strategic responses to institutional processes. Acad. Manag. Rer.16 (1), 145–
179, 1991.
35
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
36
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 3
A DIVISÃO ASSIMÉTRICA DO TRABALHO ENTRE OS
SEXOS: A (IM) PRODUTIVIDADE DAS MULHERES EM
DEBATE
Katiane Moraes da Silva
Elvira Simões Barretto
37
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
Traz-se uma reflexão crítica feminista acerca da divisão assimétrica do
trabalho entre os sexos e sua relação com a questão da produtividade. O
recorrido teórico e histórico, à luz do pensamento crítico, conduz ao
entendimento de que a superação da ordem do capital implica no
reconhecimento do trabalho produtivo das mulheres e na superação da
divisão assimétrica do trabalho entre os sexos em âmbito público e
privado.
Palavras-chave: Trabalho produtivo; Mulher; Capitalismo.
ABSTRACT
It presents a critical feminist reflection on the asymmetrical division of
labor between the sexes and its relationship with the issue of
productivity. The theoretical and historical journey, in the light of critical
thinking, leads to the understanding that overcoming the order of capital
implies recognizing the productive work of women and overcoming the
asymmetrical division of labor between the sexes in the public and
private spheres.
Keywords: Productive work; Woman; Capitalism.
1. INTRODUÇÃO
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
da natureza. Em diálogo com Marx (1988), Mies (2019) alerta para o fato de que é preciso
considerar que homens e mulheres agem na natureza com um corpo qualitativamente
diferente e o trabalho das mulheres, em âmbito público e/ou doméstico, é produtivo. Esse
pressuposto é norteador da presente reflexão em torno da divisão assimétrica e
hierárquica do trabalho entre os sexos. Assim, não é possível esclarecer questões
relacionadas a divisão sexual do trabalho a partir de um lógica regida pela natureza cuja
autoridade de explicação do real cabe ao “homem”, enquanto ser genérico e abstrato.
1 Sociedades cuja organização de seus povos se baseava no culto à deusa, visto que e a linhagem e
descendência eram contadas em linha materna.
40
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Vê-se, portanto, que o período Neolítico traz consigo um marco na divisão social
do trabalho e no desenvolvimento das forças produtivas (ENGELS, 2012). Mies (2019),
por sua vez, salienta que nesse contexto ascende à hierarquização do trabalho entre
homens e mulheres, e critica o determinismo biológico nos estudos sobre as origens da
divisão assimétrica do trabalho entre os sexos:
41
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
2 A sobrevivência da humanidade deve muito mais à “mulher coletora” do que ao “homem caçador”. As
mulheres são as verdadeiras provedoras da maior parte da alimentação diária. Nessa perspectiva os
homens caçadores, para fazer uma boa expedição, dependiam da contribuição alimentar de suas
companheiras, e esta não era produzida na caça (Leacock,1978; Brown, 1970 apud Mies, 2019, p. 128).
3 Ao nos reportamos à era escravista, Netto (2012) relata que, tal o modo de produção estruturou-se no
Ocidente por volta de 3.000 anos antes de Cristo mantendo-se até a queda do Império Romano. Le Goff,
(2013) acrescenta que o declínio do Império Romano trouxe grandes transformações que desencadearam
um novo mundo, muito diferente do vivenciado até então. Esse processo causou a maior parte das mutações
da história da humanidade até hoje.
4 Mercadoria que funciona como medida do valor e, também, corporalmente ou por intermédio de
representantes, como meio circulante, é dinheiro, um equivalente universal para trocas (MARX, 1985).
5 “O conceito de propriedade privada tem dois significados. Um deles é a privação dos meios de produção;
o outro é uma atitude geral para com a vida caracterizada pelo desejo de possuir um objeto (ou uma pessoa
reduzida à coisa) para poder desfrutar dele, apropriar-se dele” (BOTTOMORE, 2012, p. 536). .
42
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
da riqueza e do poder nas mãos de uma pequena parcela dos indivíduos, causando um
empobrecimento da maioria que não fazia parte deste grupo.
A partir da evolução das forças produtivas até a crise do Império Romano, o
sistema escravista começou a enfraquecer. Diante desse contexto de transição, institui-se
o modo de produção feudal, cuja estrutura social se funda na posse da terra e nas unidades
econômico-sociais, desse período histórico, os feudos.
No feudalismo mantinha-se a produção de mercadorias para troca, baseada
principalmente no trabalho artesanal, o que tornou a estrutura social feudal mais
complexa. Os comerciantes e mercadores começaram a ganhar importância e a buscar
mecanismos associativos, dando um novo rumo ao período feudal por meio da posse da
terra, a única fonte de riqueza, implicando no poder de governar para o clero e a nobreza.
O crescimento do comércio, a introdução de uma economia monetária e o crescimento das
cidades proporcionaram ao camponês o rompimento dos laços que o prendiam tão
fortemente ao senhor feudal (HUBERMAM, 1981). O capital mercantil atraiu uma nova
forma de riqueza, que antes privilegiava a riqueza da propriedade da terra, e agora a
riqueza mobiliária, expressa pela acumulação de dinheiro. A sociedade feudal entrou em
declínio, e os comerciantes foram tornando-se protagonistas importantes, agora os seus
interesses chocavam-se diretamente com os da nobreza feudal (NETTO, 2012). Em
paralelo, esse processo fundou suas bases na assimetria entre mulheres e homens. As
vantagens que o capital extraiu através da exploração de riquezas, atenuaram-se em
comparação às extraídas da degradação do trabalho e da posição social das mulheres
(FEDERICI, 2017).
O Feudalismo foi um marco histórico de validação da supremacia dos homens a se
consolidar no capitalismo. Se torna fato consumado a separação entre produção e
reprodução e, por decorrência, a hierarquização da divisão sexual do trabalho.
Ideoculturalmente institui-se que os homens estão “destinados” a trabalhos remunerados
nos espaços ditos públicos, enquanto as mulheres propensas “naturalmente” ao lar ou
condenadas como “bruxas”. A política sexual da caça às bruxas é revelada pela relação
entre a bruxa e o diabo medieval. Esse fenômeno não só santificava a supremacia
masculina, como também induzia os homens a temer as mulheres, e a vê-las como
destruidoras do sexo masculino. A linguagem da caça às bruxas “produziu” a mulher
pervertida por natureza, esse foi o primeiro passo na transformação da atividade sexual
das mulheres em um trabalho a serviço dos homens e da procriação. Sendo fundamental
43
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Nesse sentido, Wood (2001) ressalta que a dinâmica do capitalismo foi instaurada
na agricultura inglesa antes mesmo da proletarização da força de trabalho. Isso significa
dizer que a base material da economia emergente da Inglaterra do século XVI era a
agricultura e pode-se acrescentar que, com isso, o trabalho produtivo das mulheres tinha
a devida importância. Destarte, a dinâmica do capitalismo a que se refere a autora contou
com um “fator preponderante na promoção da proletarização do trabalho, na Inglaterra.
O fator crucial foi a dependência dos produtores e, também, dos apropriadores em relação
ao mercado, além dos novos imperativos sociais criados por essa dependência” (WOOD,
2001, p. 103).
Tais imperativos sociais são tratados por Marx (1988), mas Federici (2017)
amplia o espectro quando destaca que a acumulação capitalista não implicou
exclusivamente na expropriação da terra do campesinato e na formação do trabalhador
independente “livre” mas, também, acarreta profundas transformações na reprodução da
força de trabalho e na posição social das mulheres. Pode-se afirmar que a chamada
acumulação primitiva não foi apenas uma acumulação e uma concentração de
trabalhadores/as exploráveis e de capital. Mas foi, sobretudo, uma acumulação de
diferenças e divisões dentro da classe trabalhadora, em que as hierarquias construídas
sobre o gênero, raça e idade se tornaram constitutivas da dominação de classe e da
formação do proletariado moderno. É fato que as bases da chamada acumulação primitiva
englobam “o roubo dos bens da Igreja, a fraudulenta alienação dos domínios do Estado, o
furto da propriedade comunal, a transformação usurpadora e executada com terrorismo
inescrupuloso da propriedade feudal e clânica em propriedade privada moderna…”
(MARX, 1988, p. 264-265). Esses foram alguns dos métodos para transformar o campo em
agricultura capitalista e incorporar a base fundiária ao capital e, assim, ofertar à indústria
urbana uma parcela necessária de proletários livres. Cabe destacar, entretanto, que as
45
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
46
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
8Ver: FRANÇOISE. Vergès. Uma Teoria feminista da violência. Ubu editora, 2020; BORGES, Juliana. O que é
Encarceramento em Massa? Belo Horizonte – MG:Letramento: Justificando, 2019; GONZALEZ, Lélia;
HASENBALG, Carlos Alfredo. Lugar de Negro. Editora Marco Zero, 1982.
47
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
ao emprego. Elas tentaram resistir a este fato, mas diante das táticas opressoras e
intimidatórias que usaram contra elas, fracassaram (FEDERICI, 2021).
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BARRETTO, Elvira Simões; TIMBÓ, Regina. “Não faça do seu carro uma arma. A vítima
pode ser você”: onde está o gênero nas notícias jornalísticas sobre acidentes de
trânsito? MARTINS Moisés de Lemos e PINTO, Manuel (2008) Comunicação e Cidadania
- Actas do 5º Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação 6 - 8
Setembro 2007, Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Universidade do
Minho) ISBN 978-989-95500-1-8
48
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
CHAPMAN, Anne. Los Selk’nam, la vida de los Onas, Buenos Aires, Emecé
Editores,1989.
EISLER, Raine. O cálice e a espada: a nossa história, o nosso futuro. Imago editora. Rio
de Janeiro. 1987.
GEVEHR, Daniel Luciano; SOUZA, Vera Lucia de. As mulheres e a Igreja na Idade
Média: misoginia, demonização e caça às bruxas. Revista Acadêmica Licencia&acturas·
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HARRISON, J. E. Prolegomena to the study of Greek Religion. Cambridge UP. 1903. In:
https://archive.org/details/prolegomenatostu00harr. Acesso em: 15 fev. 2023.
HARTMANN, Heidi. Capitalism, Patriarchy, and Job Segregation by Sex. Signs, Vol. 1,
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LINS, Regina Navarro. A cama na varanda: Arejando nossas idéias a respeito de amor e
sexo. Ed. Ver. E ampliada. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: BestSeller, 2007
49
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
(Economistas, v. 1).
______________. O capital: crítica da economia política. 3 ed. São Paulo: Nova Cultural,
1988. (Economistas, v. 2).
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. 8 ed. São
Paulo: Cortez, 2012. (Biblioteca Básica, v. 1).
SANTOS, Milena. Estado, Política e Controle do Capital. Maceió: Col. V, 2016. p. 11-78.
50
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 4
O SERVIÇO SOCIAL, A QUESTÃO SOCIAL E A
LGBTQIA+FOBIA
Eliana Gondim Sampaio
Paula Julia Rodrigues Barbosa
Pedro César Pereira Faria Santos
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
A LGBTQIA+fobia é uma problemática extremamente presente na
sociedade brasileira. Isto é evidenciado nos dados relacionados ao tema.
O Brasil é o país que mais registra assassinatos de pessoas LGBTQIA+s
no mundo. Assim, o presente artigo tem como objetivo analisar a
LGBTQIA+fobia como expressão da questão social, o que a torna
diretamente relacionada ao campo de atuação do assistente social. Além
disso, busca compreender como as políticas sociais abordam a população
LGBTQIA+ no Brasil. Desta forma, conclui-se que muitos indivíduos
LGBTQIA+s têm dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, entre
outros campos, os quais são promotores da dignidade humana, devido à
LGBTQIA+fobia, sendo necessária a aplicação de políticas sociais por
parte de equipe multiprofissional, dentre outras categorias, do serviço
social, para ao menos amenizar a problemática.
Palavras-chave: LGBTQIA+fobia; questão social; políticas sociais.
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
ABSTRACT
LGBTQIA+phobia is an extremely present problem in Brazilian society.
This is evidenced in the data related to the topic. Brazil is the country
that records the most murders of LGBTQIA+ people in the world. Thus,
this article aims to analyze LGBTQIA+phobia as an expression of social
issues, which becomes directly related to the social worker's field of
activity. Furthermore, it seeks to understand how social policies address
the LGBTQIA+ population in Brazil. Therefore, it concluded that many
LGBTQIA+ individuals have difficulty accessing the job market, among
other fields, which promote human dignity, due to LGBTQIA+phobia,
requiring the application of social policies by the multidisciplinary team,
among other categories, of social services, to at least alleviate the
problem.
Keywords: LGBTQIA+phobia; social issue; social policies.
1 Introdução
9 A questão social diz respeito a um conjunto de expressões das desigualdades sociais, econômicas, políticas
e culturais acarretadas pelo modo de produção capitalista (Iamamoto; Carvalho, 2014).
10 As fake news são um agravo à aquisição de conhecimento na atualidade, pois têm como principal
característica a distorção da realidade e modificação do teor verossímil das informações (Cardoso, 2021).
53
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
que determinadas intimidades um pai não pode ter com um filho, delegando-se
exclusivamente à mãe, como um abraço ou um beijo no rosto. Trevisan (2018, p. 487)
corrobora esse fato ao relatar que:
11 O período higienistafoi um período brasileiro iniciado na terceira década do século XIX baseado nos altos
índices de mortalidade infantil e nas péssimas condições sanitárias do lar patriarcal então existentes no
país. Em virtude da ideia de que se devia fazer filhos mais saudáveis para a pátria que a independência
recém-inaugurara, impôs-se a convicção de que a velha família patriarcal não era capaz de zelar pela vida
dos seus membros, havendo a necessidade de modernizar esse lar, abarrotando-o com prescrições
científicas e cuidados mais satisfatórios, do ponto de vista da educação e da saúde (Trevisan, 2018).
55
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
O médico higienista passou a impor o seu fazer profissional para além das questões
de enfermidade, passando a intervir também nas emoções e na sexualidade das pessoas.
Era colocado que o prazer sexual poderia e deveria acontecer somente nos
relacionamentos conjugais e heterossexuais, pois se acreditava que existiria mais
segurança física e moral, melhorando os padrões reprodutivos para garantir filhos
melhores e saudáveis à pátria. Tudo o que fugia desse padrão regulador era considerado
anormal, dando margem à perseguição de celibatários, homossexuais e os chamados
libertinos (Trevisan, 2018).
Isto posto, percebemos que, em diversos momentos da formação sócio- -
histórica do Brasil, a diversidade sexual representou uma abominação, sendo vítima dos
mais diversos tipos de preconceitos. O período higienista empenhou-se em combater
qualquer desvio sexual daquilo que considerava ser o correto para apresentar um Brasil
“limpo”. Passados alguns séculos, é possível perceber forte reflexo do Brasil colonial e
higienista no Brasil contemporâneo. Um exemplo, na atualidade, de controle das
identidades sexuais e de gênero tidas como desviantes é o projeto de lei chamado de
“Escola sem Partido”12.
O próprio Foucault (1988) já declarava que diversos dispositivos, como a
psiquiatria e a justiça penal a partir do século XVIII e/ou do século XIX, passaram a ser
utilizados como forma de coação para a manifestação da sexualidade, principalmente a
homossexual. Entretanto, o tabu gerado em torno do sexo apenas serviu para inquietar as
pessoas quanto ao tema e produzir uma sociedade adoecida. Exemplo disso é a pandemia
da Aids, a qual poderia ter sido menos impactante caso as pessoas discutissem mais sobre
questões sexuais.
Dados estimam que, entre 2021 e 2022, o número de mortes violentas desta
comunidade cresceu cerca de 33,3% de acordo com o dossiê de mortes e violências contra
LGBTQIA+ no Brasil. O país é atualmente, pelo quarto ano consecutivo, o que mais mata
essa população (Bohrer, 2022). Trata-se de um índice alarmante, o qual demonstra que é
necessário, de fato, um trabalho de uma rede de profissionais capacitados, entre eles
assistentes sociais, para diminuir este número trágico.
12 Escola sem Partido (EsP) é um movimento criado pelo jurista Miguel Nagib, em 2004, inspirando
posteriormente um Projeto de Lei (PL) com o mesmo nome. O referido coletivo inspirou diversos PLs pelo
Brasil, os quais visavam a impedir professores de lecionarem com criticidade sobre temas como gênero,
sexualidade, religião e política em colégios (Chagas; Souza, 2018).
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Outro exemplo importante de política pública para essa população foi a instituição
dos Centros de Referência LGBTQIA+. Esses centros possuem a difícil missão de enfrentar
as situações de violências que são vivenciadas por essa população e potencializar o
desenvolvimento e emancipação dos indivíduos por eles atendidos (Dantas; Souza;
Pinheiro, 2021). Seu funcionamento é similar aos Centro de Referência Especializados de
Serviço Social e busca atender à população LGBTQIA+ em situação de violência ou de
vulnerabilidade.
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
13 A moral trata-se de um conjunto de regras sociais baseadas em valores e juízos de valor, as quais irão
nortear as condutas sociais dos indivíduos pertencentes a determinada sociedade (Cardoso, 2013).
60
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
3 Conclusão
61
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Referências
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Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, São Paulo, v. 7, n. 6,
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CFESS. O amor fala todas as línguas: assistente social na luta contra o preconceito:
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CHAGAS, Inara; SOUZA, Isabela. Escola sem Partido: entenda a polêmica. Politize, [S.l.],
29 nov. 2018. Disponível em: https://www.politize.com.br/escola-sem-partido-
entenda-a-polemica/. Acesso em: 10 jan. 2024.
62
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
DANTAS, Michel Hudson; SOUZA, Luana Vanessa Soares Pinto de; PINHEIRO, Samya
Katiane Martins. Atuação do Serviço Social com população LGBT em contexto
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Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 41. ed. São Paulo: Cortez,
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MELLO, Luiz; BRITO, Walderes. Políticas públicas para a população LGBT no Brasil:
notas sobre alcances e possibilidades. Cadernos Pagu, Campinas, n. 39, p. 403-429,
2012.
NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez,
2011.
63
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 5
É POSSÍVEL HAVER BEM-ESTAR NO TRABALHO NO
CAPITALISMO? CRÍTICA MARXISTA A CONCEITOS
BURGUESES
Emilly Bezerra Fernandes do Nascimento
Edir Vilmar Henig
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
A busca por produtividade no trabalho levou o sistema capitalista a criar
mecanismo que contribuam para que o trabalhador desempenhe suas
funções de maneira mais eficiente para a acumulação de capital. O bem-
estar no trabalho é uma destas ferramentas que possibilita que os
trabalhadores se dediquem cada vez mais ao trabalho. De perspectiva
multidisciplinar, o bem-estar no trabalho utiliza o conhecimento de
várias áreas para produção de “felicidade” aos trabalhadores no
ambiente de trabalho. Sendo assim, o objetivo deste estudo é realizar um
debate sobre o bem-estar vinculado ao trabalho na sociedade capitalista
contemporânea e compreender quais as suas limitações diante ao
cenário de degradação do trabalho em sentido ontológico frente às
modificações realizadas na reestruturação produtiva do capital.
Palavras-chave: Bem-estar no trabalho. Trabalho. Capitalismo.
ABSTRACT
The search for productivity at work led the capitalist system to create
mechanisms that contribute to the worker performing his functions
more efficiently for the accumulation of capital. Well-being at work is one
of these tools that enables workers to dedicate themselves more and
more to their work. From a multidisciplinary perspective, well-being at
work uses knowledge from several areas to produce “happiness” for
workers in the work environment. Therefore, the objective of this study
is to carry out a debate on the well-being linked to work in contemporary
capitalist society and to understand what are its limitations in the face of
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
1 INTRODUÇÃO
O termo bem-estar possui uma perspectiva holística, está muito presente nos
discursos acadêmicos, nos setores organizacionais responsáveis pela gestão de pessoas.
De perspectiva multidisciplinar o bem-estar no trabalho (BET) está ligado a estudos em
áreas como a Saúde Coletiva, Psicologia, Administração, Medicina, Serviço Social tendo
principal foco as questões relacionadas aos debates como saúde mental e das perspectivas
da saúde no trabalho de forma geral.
Neste sentido, o trabalho é um ato da sociabilidade humana, tendo como
fundamentos a relação com a natureza e sua transformação. Sendo assim, é possível
destacar que os sujeitos são condicionados as sujeições do ambiente de trabalho e este
influenciar o comportamento nas outras dimensões da vida humana, uma vez que a até
mesmo a identidade do sujeito pode ser influenciada pelas imposições do trabalho.
Conforme destaca Marx (2008, p. 47) “Não é a consciência dos homens que determina o
seu ser; ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.”
Importa destacar que os trabalhadores passam significativa parte de suas vidas em
função do trabalho, isso leva as organizações a pensarem maneiras de tornar este
ambiente mais acolhedor, oferecendo condições que garantam certo nível de conforto aos
trabalhadores. A percepção do bem-estar no trabalho torna o sujeito mais produtivo e
consequentemente, poderá contribuir com os objetivos empresariais de maximizar sua
acumulação com maior satisfação, sem questionar inclusive sua posição de explorado no
sistema capitalista.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo é realizar um debate sobre o bem-estar
vinculado ao trabalho na sociedade capitalista contemporânea e compreender quais as
suas limitações diante ao cenário de degradação do trabalho em sentido ontológico frente
às modificações realizadas na reestruturação produtiva do capital.
Na esteira do que foi exposto, a nossa análise parte do que está aparente, ou seja,
a preocupação do capital com o bem-estar do trabalhador no ambiente de trabalho, para
uma crítica à essência dos interesses que não são percebidos pelo imediato. Neste sentido,
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
partimos da análise da concretude, tal qual Marx propõe, se deve começa pelo real e pelo
concreto, aprofundando a percepção pelas abstrações que surgem como um processo
natural.
A escolha metodológica para a interpretação do BET é então, o materialismo
histórico e dialético que tem por prerrogativa a interpretação da realidade concreta do
objeto, levando em conta sua construção histórica sem perder de vista suas contradições,
nomeadamente, a contradição capital x trabalho.
67
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
empresa para a qual vendem sua força de trabalho com o objetivo de nela permanecerem
para o alcance dos seus próprios objetivos (SIQUEIRA; OREGON; PEIRÓ, 2014).
Contrapondo esta perspectiva, Lukács (2013, p. 465) destaca que “A ideologia é,
sobretudo, a forma de elaboração ideal da realidade que serve para tornar a práxis social
humana consciente e capaz de agir” sendo assim, a afetividade se apresenta como
expressão subjetiva dos seres humanos, resultado da atividade social desenvolvidas que
se demonstram da sensação de prazer, bem-estar, satisfação, entre outros sentimentos
naturais da humanidade.
Sendo assim, o trabalho na perspectiva marxista é compreendido em seu sentido
ontológico, sendo assim, Marx (2017) estabelece a categoria trabalho como sendo um
processo relacional existente entre o indivíduo e a natureza. Sendo que, por meio de sua
ação, o sujeito pode mediar, regular e controlar o fluxo da sua relação com a natureza,
sendo o único ser capaz de realizar tal atividade.
A sua exclusividade em realizar tal feito está relacionada à sua capacidade
teleológica14, a qual possibilitou o salto ontológico, ou seja, momento de transição da
animalidade para a sociabilidade. É a partir da construção e complexificação do ser social,
que as necessidades de satisfação surgem no cotidiano dos sujeitos, oriundos do
desenvolvimento e complexificação das próprias relações humanas - por exemplo, através
da linguagem (LUKÁCS, 2013).
No entanto, o modo de produção capitalista que tem no trabalho sua centralidade
se manifesta nas relações diretas com o seu desenvolvimento. O trabalho em sentido
ontológico sofre alterações e ocupa um novo espaço nesse modelo de produção,
adquirindo lugar central.
Ao analisarmos o bem-estar psicológico no trabalho a partir do que já foi discutido,
recorremos a Ferraz (2020, p. 78) para apontar uma das tendências que Marx apresenta
ainda no século XIX para o capitalismo tardio, onde “o indivíduo concreto pode vir a
sucumbir objetivamente e subjetivamente”, chegando ao ponto onde ele não reconhece a
si mesmo dentro do processo produtivo e nem ao que de fato produziu. Neste sentido, o
indivíduo perde sua capacidade de se reconhecer no processo produtivo, implicando na
obrigação dos trabalhadores e trabalhadoras de entregar a riqueza produzida por eles
para os compradores de sua força de trabalho.
14expressão utilizada para apresentar o fato de que o ser humano é o único ser da natureza a pensar no
resultado do seu trabalho, de elaborá-lo no plano ideal antes de vir a reproduzi-lo no plano real
70
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Nesse sentido, como seria possível então se identificar? Ser preenchido por um
trabalho que visa a produção de objetos onde o valor de troca assume maior importância
do que o valor útil e receber uma parte apenas do que produziu, pois fez um acordo
desigual com os proprietários dos meios de produção sem ao menos estar ciente disso?
Siqueira e Padovam (2008) destacam que quando os trabalhadores e
trabalhadoras estão altamente envolvidos no trabalho, eles irão encontrar satisfação
sendo absorvidos na realização de suas atividades. Quando envolvidos em um cenário de
completa absorção, os trabalhadores irão ter um desgaste imenso (físico e mental) e,
mesmo que recebam um salário acima da média, não conseguirão usufruir da sua
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
produção, pois precisam de até mesmo de tempo para a reprodução da força de trabalho,
tornando impossível o enriquecimento de suas capacidades humanas.
O enriquecimento pertence apenas aos proprietários dos meios de produção, aos
que vendem a força de trabalho cabe a ilusão de superação da pobreza, contudo cabe
apenas o empobrecimento - a perda de suas capacidades mentais e subjetivas. Assim,
perde a si a partir do momento em que sua vida não é mais de sua posse, mas pertence ao
objeto, neste sentido Engels (2010, p. 143) salienta que “(...) a responsabilidade cabe aos
que fizeram do trabalhador um simples objeto (...)”.
Tal movimento impossibilita o trabalho de ocupar seu lugar ontológico como
produção emancipada da humanidade, afastando-o de sua perspectiva de transformação
e sendo considerado apenas uma forma de subsistência (FERRAZ, 2020). Os novos
modelos de gestão associados às teorias organizacionais que se desenvolveram através
do tempo, buscam mascarar a exploração da força de trabalho e a apropriação da mais-
valia pelos capitalistas.
Neste sentido, de acordo com Marx (2006, p. 25) “está na natureza de nossa
sociedade gerar muitos suicídios [...]”. N’O capital, Marx faz uma análise econômica e
social, onde a partir destas apresenta a condição de sofrimento da classe trabalhadora
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
O capital não tem, por isso, a mínima consideração pela saúde e pela
duração da vida do trabalhador, a menos que seja forçado pela sociedade
a ter essa consideração. Às queixas sobre a degradação física e mental, a
morte prematura, a tortura do sobretrabalho, ele responde: deveria esse
martírio nos martirizar, ele que aumenta nosso gozo (o lucro)? (MARX,
2013, p. 342).
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
COSTA, P. H. A. da. Marx sobre a loucura. Revista Dialectus, v. 26, n. 26, 2022, pp. 11-31.
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013.
MARX, Karl. Contribuições à Crítica da Economia Política. 2. ed. São Paulo: Expressão
Popular, 2008.
NETTO, José Paulo. Economia Política: Uma introdução crítica. 5. ed. São Paulo: Cortez,
2009. (Biblioteca Básica do Serviço Social).
75
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
OLIVEIRA, Áurea F.; GOMIDE JUNIOR, Sinésio; POLI, Bânia V. S. Antecedentes de Bem-
estar no Trabalho: Confiança e política de gestão de pessoas. RAM. Revista de
Administração Mackenzie, v. 21, n. 1, p. eRAMD200105, 2020.
76
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 6
INTEGRAÇÃO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL E
REDE SOCIOASSISTENCIAL PARA FORTALECIMENTO
DO SUAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PROJETO DE
INTERVENÇÃO NO MUNICÍPIO DE LAGARTO/SE
Kathleen Pimentel dos Santos
Wallison Hipólito de Meira
Milena Fernandes Barros
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
O presente artigo apresenta reflexões acerca da Vigilância
Socioassistencial enquanto eixo da Política de Assistência Social capaz de
potencializar as ações do Sistema Único de Assistência Social em
integração com a rede socioassistencial. Trata-se de um relato de
experiência do projeto “Vigilância Visita: tecendo estratégias de
aproximação com a rede socioassistencial” desenvolvido no setor da
Vigilância Socioassistencial do município de Lagarto/SE junto a rede
15 Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Bolsista CAPES. Integrante do
Grupo de Estudos e Pesquisas em Fundamentos, Formação e Políticas Sociais (GEPSSO). Membro do Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Marxismo e Serviço Social (NEPMASS). E-mail: [email protected].
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6539-6056.
16 Assistente Social. Mestrando em Serviço Social pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail:
[email protected]
17 3 Docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutora em
Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: [email protected].
78
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
ABSTRACT
This article presents reflections on the Socio-Assistance Surveillance as
an axis of the Social Assistance Policy capable of enhancing the actions of
the Unified Social Assistance System in integration with the social
assistance network. This is an experience report of the project
"Surveillance Visits: weaving strategies of approximation with the social
assistance network" developed in the sector of the Socio-Assistance
Surveillance of the municipality of Lagarto/SE together with the social
assistance network of the municipality in 2022. The analyses carried out
show that Social Surveillance, when fulfilling the function of producing
territorialized information, recognizes the importance of social
equipment in the identification and transfer of territorial information, in
addition to evidencing how this construction makes it possible to
formulate strategies with a view to social protection and improvement
of the quality of life of the population, favoring the programs, projects
and benefits offered by these equipments.
Keywords: Socio-Assistance Surveillance. Socio-assistance Network.
Territorialized information.
INTRODUÇÃO
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
80
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
18 De acordo com o Manual Censo SUAS (2022), caracteriza-se como formal “a existência da área em questão
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4 CONCLUSÃO
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
REFERÊNCIAS
BRASIL. Censo do Sistema Único de Assistência Social 2019 (Censo SUAS). Brasília:
Secretaria Nacional de Assistência Social, 2020. (Banco de dados). Disponível em:
http://aplicacoes.mds.gov.br/snas/vigilancia/index2.php. Acesso em: 10 mai. 2023.
88
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
KOGA, Dirce Harue Ueno; NAKANO, Kazuo. Perspectivas territoriais e regionais para
políticas públicas brasileiras. Revista Serviço Social e Sociedade, v. 85, p. 98-108,
2005.
SANTOS, Kathleen Pimentel dos; MEIRA, Wallison Hipólito de. A atuação do assistente
social na gestão da Política de Assistência Social: contribuições à função da Vigilância
Socioassistencial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 17., 2022,
Brasília. Anais [...]. Brasília: CFESS; ABEPSS; ENESSO, 2022.
89
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 7
GERIATRIA, GERONTOLOGIA E A SISTEMATIZAÇÃO DA
PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO À
PESSOA IDOSA
Roberto Santos da Cunha
Soraia da Silva Rondão do Nascimento
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESUMO
O Serviço Social atua no campo do envelhecimento pautado na
perspectiva da gerontologia social crítica. Reverbera como um esforço no
cotidiano da prática do assistente social, visto a escassez das produções
teóricas e frente as expressões da questão social. A prática reflexiva no
âmbito da saúde faz parte do escopo da atenção integral a pessoa idosa
em face ao processo do envelhecimento humano e orientações sobre o
exercício dos direitos da pessoa idosa. Objetivos: apresentar a
sistematização do fazer profissional de assistentes sociais inseridos no
Programa de Geriatria, localizado em um hospital universitário na cidade
do Rio de Janeiro. Metodologia: revisão teórico-bibliográfica, pesquisa
documental, historicização do programa, apresentação dos instrumentos
utilizados na geriatria, identificação das frentes de trabalho dos
assistentes sociais, reflexão sobre possibilidades do fazer profissional, a
partir dos instrumentos do programa. Resultados: sistematização do
fazer profissional no programa, criação de projeto de intervenção do
serviço social na geriatria, contribuição para o debate do envelhecimento
humano na perspectiva da gerontologia social crítica. Considerações
Finais: O escopo da experiência profissional apresentada no trabalho,
alinham-se à preocupação e a necessidade de ampliar o debate sobre a
atenção integral à saúde do idoso no cenário das práticas de saúde e de
atenção às famílias, compreender a complexidade da construção de um
plano de cuidados para a pessoa idosa, vai muito além do cabível nos
protocolos de avaliação utilizados em Geriatria e Gerontologia. Espera-
91
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
se, dessa forma oferecer uma visão panorâmica quanto a princípios que
orientem aos profissionais da saúde a abordagens integrais, explorando
diferentes dimensões do envelhecimento e situando, criticamente, o
campo das políticas públicas que norteiam essa área.
Palavras-chave: Gerontologia; Serviço Social; Saúde.
ABSTRACT
Social Work operates in the field of aging based on the perspective of
critical social gerontology. It reverberates as an effort in the daily
practice of social workers, given the scarcity of theoretical productions
and expressions of the social issue. Reflective practice in the field of
health is part of the scope of comprehensive care for older people in the
face of the human aging process and guidance on the exercise of older
people's rights. Objectives: to present the systematization of the
professional work of social workers inserted in the Geriatrics Program,
located in a university hospital in the city of Rio de Janeiro. Methodology:
theoretical-bibliographical review, documentary research,
historicization of the program, presentation of instruments used in
geriatrics, identification of social workers' work fronts, reflection on
possibilities of professional practice, based on the program's
instruments. Results: systematization of professional work in the
program, creation of a social service intervention project in geriatrics,
contribution to the debate on human aging from the perspective of
critical social gerontology. Final Considerations: The scope of the
professional experience presented in the work aligns with the concern
and need to expand the debate on comprehensive health care for the
elderly in the scenario of health practices and care for families,
understanding the complexity of building A care plan for the elderly goes
far beyond what is applicable in the assessment protocols used in
Geriatrics and Gerontology. In this way, we hope to offer a panoramic
view of principles that guide health professionals towards
comprehensive approaches, exploring different dimensions of aging and
critically situating the field of public policies that guide this area.
Keywords: Gerontology; Social service; Health.
INTRODUÇÃO
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
dos 60 anos, devido às condições de vida e de acesso aos bens e serviços produzidos pela
classe trabalhadora em sociedades fundamentalmente neoliberais.
No Brasil, o fenômeno do envelhecimento humano tem se constituído frente a um
cenário ultraconservador, em um contexto de redução do Estado e de direitos sociais com
o aumento do desemprego, da violência e da desproteção das famílias. Principalmente, em
meio ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), destacando-se como
importante desafio da saúde pública, principalmente pela alta morbidade entre os idosos,
exigindo dos serviços uma escuta especializada como forma de atender às múltiplas
necessidades de saúde desse segmento, trabalho interdisciplinar correspondente à
integralidade da atenção e a intersetorialidade como facilitador para o acesso aos direitos
previstos para a população idosa.
Segundo a OMS (2015) as DCNT podem ser definidas como patologias de origem
não contagiosa, que precisam de cuidados constantes, controle e o monitoramento da
doença. No entanto, os determinantes sociais que se configuram nas desigualdades
sociais, nas diferentes formas de acesso aos bens e serviços, na baixa escolaridade, na falta
de acesso à informação, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo
de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada potencializam o
acometimento da população idosa por essas doenças (BRASIL, 2011).
O outro fator importante para o acometimento do agravo no estado de saúde da
pessoa idosa é o processo causado pelas doenças neurodegenerativas, identificadas como
demências. Segundo a OMS (2015), em 2012, mais de 35 milhões de pessoas no mundo
apresentavam algum grau de demência. Para Burlá et al. (2013), um exemplo típico são
as síndromes demenciais, cuja prevalência cresce com a idade, embora não seja um
componente normal do envelhecimento. As demências consistem numa síndrome cujo
efeito é acometer o funcionamento cerebral. Têm natureza crônica e progressiva,
comprometendo várias funções cerebrais, incluindo memória, raciocínio, orientação,
compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.
São doenças que comprometem a integridade física, mental e social do idoso de
maneira gradativa nas diferentes fases: inicial, moderada e avançada. Na fase avançada,
normalmente o indivíduo idoso apresenta perda total de funcionalidade causando a
dependência integral e exigência de cuidados cada vez mais complexos (LUZZARDO;
GORINI; SILVA, 2006), requerendo a presença constante de um cuidador.
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
seção tem pontuação específica que perfazem um valor máximo de 40 pontos. Quanto
mais alto o valor obtido, maior é o risco de vulnerabilidade clínico-funcional do idoso,
sendo este o critério para a inserção no Programa.
O referido instrumento é aplicado pela equipe de enfermagem e discutido com a
equipe médica quanto a sua elegibilidade no referido Programa. Todavia, o idoso que não
for absolvido será contra referenciado à unidade básica de saúde ou a sua especialidade
de origem. Ele pode vir encaminhado por demanda interna (através de um parecer de
uma clínica médica do próprio HUCFF) ou por demanda externa (via SISREG).
Após avaliação e atendendo os critérios do programa, os idosos avaliados que
forem inseridos no serviço são agendados para a Avaliação Multiprofissional no
Ambulatório de Cognição ou Ambulatório Geral de Geriatria, onde será realizada a
Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) que engloba a avaliação do Serviço Social, da
Enfermagem e da Medicina, ou a Avaliação Cognitiva pela equipe multiprofissional.
Destarte a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, estimula ações com ênfase
em uma abordagem global, interdisciplinar e multidimensional, levando em consideração
a interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que interferem na saúde do
idoso. Assim, o atendimento destinado ao idoso requer uma abordagem multidisciplinar
e a intervenção deve ser sempre precedida de uma avaliação abrangente, levando em
consideração que, na maioria das vezes, somente uma equipe multidisciplinar integrada
é capaz de reabilitar a capacidade funcional de uma pessoa idosa.
Segundo o documento oficial do Ministério da Saúde, a Resolução – RDC nº 283, de
26 de setembro de 2005, existem diferentes necessidades e graus de dependência da
população idosa, e dividem-se da seguinte forma: a) Grau de Dependência I b) Grau de
Dependência II – idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a
vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento cognitivo
ou com alteração cognitiva controlada; c) Grau de Dependência III – idosos com
dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida
diária e ou com comprometimento cognitivo.
Um método para avaliar o grau de dependência desse perfil de pacientes e que tem
sido usado na área de geriatria é chamado de avaliação funcional e também:
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Sanches (2009) destaca que, para que uma avaliação dessa natureza forneça
subsídios para um plano terapêutico adequado, faz-se necessário que as informações
colhidas apresentem um retrato de todos os aspectos clínicos, além de uma avaliação das
condições sociais do indivíduo. Neste sentido, a avaliação social é parte importante neste
96
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Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
acesso aos direitos sociais. Todavia, as questões apresentadas são discutidas com equipe
multiprofissional e acompanhadas à curto, médio e longo prazo pelos assistentes sociais.
Ambulatório de cognição: aumento do número de pacientes idosos acometidos por
doenças neurodegenerativas atendidos no ambulatório geral de geriatria, apresentou-se
relevante para a equipe que considerou a importância de realizar uma avaliação mais
conclusiva com objetivo de fundamentar a etiologia dos diagnóstica dos referidos casos.
Deste modo, surgiu a priori, o projeto de cognição, atualmente denominado ambulatório
de cognição, onde são realizados os atendimentos aos pacientes idosos que apresentam
algum comprometimento cognitivo. A equipe composta por duas médicas, uma assistente
social, uma enfermeira e uma neuropsicóloga, além dos estagiários e residentes de Serviço
Social, residentes de geriatria e psiquiatria, como também os alunos de especialização em
neuropsicologia.
O fluxo de atendimentos, segue a mesma rotina de acesso ao ambulatório geral de
geriatria, via SISREG e/ou pedido de parecer de outras especialidades, porém há idosos
encaminhados também, do próprio ambulatório geral para o ambulatório de cognição. As
demandas apresentadas, normalmente são: perda da funcionalidade, quadro de
esquecimento, lapsos de memória, alterações de comportamento, luto mal elaborado,
humor entristecido, choro fácil e depressão.
A avaliação acontece por meio de instrumento multiprofissional específico
utilizado pelos referidos profissionais, que registram através das entrevistas, dos testes,
dos exames clínicos e de imagens, informações sobre o quadro biopsicossocial e fatores
que possibilitam compreender as causas que impactam no envelhecimento. Como
também, a aplicabilidade do teste neuropsicológico nos casos de difícil diagnóstico. As
condutas interdisciplinares são definidas em reuniões de equipe que acontecem logo após
aos atendimentos realizados.
O objetivo do trabalho da equipe multiprofissional neste ambulatório é avaliar a
cognição e os comprometimentos apresentados, como também, a inserção do idoso na
comunidade e as redes de suporte, apoio e assistência pré-estabelecidas com familiares
e/ou colaterais. A definição de cognição é compreendida como o processo de aquisição de
conhecimento que envolve fatores diversos, tais como: o pensamento, a linguagem, a
percepção, a memória e o raciocínio, que fazem parte do desenvolvimento intelectual.
Cabe ressaltar a importância da participação de um informante na avaliação, objetivando
a fidedignidade das informações, visto o prejuízo cognitivo apresentado pelo idoso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Sul, 2010.
103
Ciências Sociais e Políticas: Sociedade em Debate
Capítulo 8
ATUAÇÃO DO NÚCLEO PSICOSSOCIAL DA DEFENSORIA
PÚBLICA DO ESTADO DO MARANHÃO NO
ATENDIMENTO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
EM SÃO LUÍS/MA
Maria de Guadalupe Furtado Barros
Lheticia de Freitas Gomes
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RESUMO
Este trabalho aborda sobre a atuação do Núcleo Psicossocial da Defensoria Pública do
Estado do Maranhão, através do assistente social no atendimento à população em situação
de rua em São Luís, capital do Estado do Maranhão. Como metodologia foi utilizado o
materialismo histórico-dialético, a pesquisa bibliográfica referenciando sobre a temática
abordada. Como empiria foi utilizado o cotidiano profissional do assistente social na
atuação e atendimentos realizados à população em situação de rua em São Luís. Como
resultados destacam-se as principais demandas atendidas pelo Núcleo Psicossocial ao
público em questão, assim como os procedimentos técnicos e instrumentais utilizados de
acordo com as demandas apresentadas.
Palavras-chave: População em situação de rua. Atuação do Assistente Social. Núcleo
Psicossocial.
ABSTRACT
This work deals about the performance of the Psychosocial Nucleus of the Public Defender
of the State of Maranhão, through the social worker in assisting the homeless population
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1 INTRODUÇÃO
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2022, que trata sobre registro tardio extrajudicial da pessoa em situação de rua e o ofício
assinado pela 1ª DDH/DPE-MA. Após estas providências, o assistido acompanhado das
testemunhas, dirigem-se, com esta documentação, ao cartório de plantão, estabelecido
pela Corregedoria do Tribunal de Justiça para a emissão gratuita da 1ª certidão de
nascimento.
Além de atendimentos de registro público, a atuação do assistente social no Núcleo
envolve principalmente a orientação sobre a oferta de serviços especializados no âmbito
das políticas públicas. Em relação às principais demandas recebidas neste núcleo pela
população em situação de rua destacam-se abrigamento institucional, recâmbio, auxílio
moradia, atendimento de saúde, tratamento de substâncias psicoativas, entre outros.
Para as demandas mencionadas acima, a DPE/MA não se configura como
instituição executora, por isso a assistente social adota como procedimentos técnicos a
escuta qualificada, com a orientação e elaboração de encaminhamento para os órgãos
executores da política, para a população em situação de rua.
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3 CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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SILVA. Maria Lúcia Lopes da. Trabalho e População de Rua no Brasil. São Paulo:
Cortez Editora, 2009.
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Capítulo 9
EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NA POLÍTICA
ESPECIAL PARA MULHERES: UMA EXPERIÊNCIA NO
CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER EDNALVA
BEZERRA
Carolina Martins do Vale
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RESUMO
O artigo aborda a experiência no Centro de Referência da Mulher Ednalva
Bezerra, através do Estágio Supervisionado Obrigatório do curso de
Serviço Social da Universidade Federal da Paraíba. Apresenta-se, a
priori, as expressões da questão social encontradas na Política Especial
para as Mulheres; contextualizando também o campo de estágio,
abordando a atuação do Serviço Social na instituição e trazendo a
perspectiva sobre as atividades realizadas e as demandas encontradas
no espaço sócio-ocupacional, em uma abordagem teórico-prática
reflexiva.
Palavras-chave: Serviço Social. Estágio. Centro de Referência da Mulher.
ABSTRACT
The article addresses the experience at the Centro de Referência da
Mulher Ednalva Bezerra, through the Mandatory Supervised Internship
of the Social Service course at the Federal University of Paraíba. It is
spoken, at first, the expressions of the social issue found in the Special
Policy for Women; also contextualizing the internship field, addressing
the role of Social Work in the institution and bringing a perspective on
the activities carried out and the demands found in the socio-
occupational space, in a reflective theoretical-practical approach.
Keywords: Social Service. Internship. Centro de Referência da Mulher.
INTRODUÇÃO
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promovendo autonomia, com uma atuação que viabiliza a garantia dos direitos das
mulheres.
Conforme a Norma Técnica de Uniformização Centros de Referências de
Atendimento À Mulher em Situação de Violência (BRASIL, 2006), a atuação profissional
possui como princípios: atentar-se às demandas da mulher em situação de violência;
defender os direitos e os deveres, acolhendo e orientando às mulheres, bem como
atribuindo a culpa ao agressor, realizando os devidos encaminhamentos e
monitoramento; considerar a heterogeneidade das mulheres, entendendo que a violência
de gênero é democrática, sendo assim, independe de classe social, de raça, de orientação
sexual, de cultura; identificar o contexto em que a violência ocorre; preservar a segurança
da mulher; articulação multiprofissional; gestão, planejamento e avaliação do
equipamento com participação de mulheres que sofreram violência.
O CRMEB exerce um trabalho multiprofissional, composto por assistentes sociais,
advogadas e psicólogas. Esse serviço municipal é direcionado a mulheres cis, trans,
travestis e lésbicas que estão no ciclo de violência doméstica, familiar e/ou violência
sexual. Além disso, atua juntamente com a Delegacia da Mulher; Patrulha Maria da Penha
(serviço estadual) e Ronda Maria da Penha (serviço municipal)22; Casas Abrigo; ONG’s;
SINE; CRAS e CREAS; CAPS; hospitais e maternidades, destacando o Instituto Cândida
Vargas, referência em caso de violência sexual; Conselho Tutelar; Defensoria Pública; e
Ministério Público.
O perfil das usuárias atendidas no CRMEB, são mulheres em situação de violência
doméstica, familiar e/ou sexual, a partir dos 18 anos. Muitas usuárias estão em
vulnerabilidade socioeconômica23 e são mulheres pretas, contudo, a violência contra a
mulher não possui delimitantes. Sendo assim, não há distinção de classe social, raça, etnia,
gênero, orientação sexual e religião.
Além disso, nota-se que muitas mulheres possuem dependência emocional e/ou
financeira, o que é um fator agravante para o desvencilhamento da mulher em situação
de violência.
22 A Ronda Maria da Penha é uma das principais articulações do CRMEB. É acessada somente com o boletim
de ocorrência e com medida protetiva. O programa atua na busca ativa, com triagem, visitas de intervenções
e tranquilizadoras e realiza o monitoramento da medida protetiva. O serviço conta uma equipe com
assistentes sociais, advogadas e com a guarda municipal.
23 A vulnerabilidade socioeconômica é caracterizada através de uma política de proteção social fragilizada
e focalizada, mas também pela precarização das formas de trabalho, conforme Kowarick (2002) apud
Cançado, Souza e Cardoso (2014, p. 14).
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disso, tem-se a luta contra a sociedade opressiva e luta contra a violência da diversidade
de gênero um fator importante acerca do aspecto ético-político.
As demandas sociais das mulheres em situação de violência são: atendimento
individualizado; orientação acerca dos direitos sociais; encaminhamentos para
programas de transferência de renda e/ou outros benefícios sociais, bem como para Casa
Abrigo, quando necessário. Ademais, as especificidades dos atendimentos e as
vulnerabilidades das mulheres em situação de violência doméstica, familiar e sexual são
desafios a serem enfrentados e vivenciados pelas assistentes sociais, principalmente
dentro de uma política neoliberal de desmonte de políticas públicas.
Dessa forma, o Serviço Social dentro do equipamento encontra dificuldades de
articulação em rede, pois trata-se de uma ação intersetorial, contudo, muitas demandas
não são repassadas para o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra ou ao serem
encaminhadas do Centro para outro setor, não há andamento do processo, o que se torna
um empecilho para a garantia dos direitos das usuárias. Dentre esses serviços, a garantia
de abrigamento e o auxílio-aluguel são os que encontram maiores dificuldades para
efetivação.24
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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