Emanuela Mattos
Emanuela Mattos
Emanuela Mattos
FORTALEZA-CE
2008
2
FORTALEZA-CE
2008
3
Banca Examinadora:
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por todas as maravilhas que fez durante todo o
meu percurso acadêmico, para que eu pudesse chegar onde estou hoje;
a meus pais, José Torres Barbosa e Ivanira Maria Bezerra Torres, pelo apoio e
incentivo e por acreditarem em meu potencial;
a minha irmã, Anna Paula Bezerra Torres, pela presença forte e fiel em todos os
momentos de minha vida;
ao meu marido, Ricardo Sousa Mattos, que com poucas e sinceras palavras me
incentivou nos momentos em que o caminho parecia estreito e encorajou-me a alçar
vôos mais altos;
aos meus amigos de turma, que partilharam junto a mim momentos de crescimento,
superação de obstáculos, sabedoria e companheirismo;
DEDICATÓRIA
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................09
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................15
2.1 Grupos sociais ........................................................................................................15
2.2 Os Grupos de Convivência .....................................................................................16
2.3 Os grupos de convivência como espaços sociais promotores de saúde ...............21
3 TRAJETÓRIA TEÓRICO- METODOLÓGICA ..........................................................24
3.1 Local da Pesquisa ..................................................................................................26
3.2 Participação dos sujeitos ........................................................................................27
3.3 Procedimentos éticos .............................................................................................28
3.4 Procedimentos de coleta de dados ........................................................................28
3.5 Entrevistas ..............................................................................................................30
3.6 A análise dos dados ...............................................................................................31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..............................................................................32
4.1 Caracterização do Grupo .......................................................................................32
4.2 Apresentação dos núcleos de interpretação ..........................................................35
4.2.1 Núcleo 1. Motivação ao procurar o grupo de convivência ...................................35
4.2.2 Núcleo 2. Expectativa em relação ao Grupo de Convivência ..............................44
4.2.3 Núcleo 3. Avaliação quanto às mudanças percebidas pela participação no grupo ....47
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................53
REFERÊNCIAS ............................................................................................................55
APÊNDICE ...................................................................................................................61
ANEXOS ......................................................................................................................63
9
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Estudo realizado por Cervato et. al. (2005) dá conta de que as universidades
abertas à terceira idade, de muitas formas, estão mantendo as pessoas ativas e
saudáveis, contribuindo, assim, para sua maior autonomia, seu direito ao trabalho,
ao lazer, à informação e à educação. É uma estratégia importante para preparar a
sociedade para uma realidade cada vez mais emergente: o aumento da população
idosa no mundo, em especial, nos países subdesenvolvidos.
19
Para Zimerman (2000), a definição de “grupo” parece ser muito vaga, pois
pode se estender desde um conjunto de três pessoas como abranger uma nação
unificada no simbolismo de um hino. Existem grupos de vários tipos, sendo
necessária uma distinção entre grupo propriamente dito e agrupamento.
interpretar um significado pode ser comparada a um objeto que pode ser visto de
todos os lados, mas nunca de todos os lados ao mesmo tempo (RICOUER, 1976).
Quem sabe com certeza o que se passa na alma do outro, quando ele
expressa esta ou aquela sentença? Na convivência prática sempre devemos
pressupô-lo, mas tal penetração no ‘verbum interius’ do outro nunca pode ser obtida
perfeitamente (GRONDIN, 1999, pg.104).
que vinham ser necessárias, durante o desenvolvimento das atividades, voltou sua
proposta para implantação de cursos de capacitação profissional a fim de formar
mecânicos, eletricistas, bombeiros hidráulicos, pintores, cozinheiras, faxineiras,
costureiras, jardineiros, manicures, vendedores, zeladores, serigrafistas e outros;
socialização por meio de várias atividades socioculturais e promoção de condições
para inserir no mercado de trabalho a mão-de-obra treinada pela Associação, sendo
o grupo de convivência para idosos agregado aos serviços após a implantação do
projeto.
A Associação Viva Vida chegou ao bairro com ótima estrutura física, trazendo
diversas propostas para toda a comunidade, envolvendo atividades na área de
educação infantil e profissionalização de adolescentes e adultos, tendo passado a
oferecer o grupo de idosos, a partir da idealização e sonho de um dos
patrocinadores da instituição no intuito de torná-los participativos e ativos. Para isso,
cedeu desde a estrutura até materiais e equipamentos de qualidade a profissionais
capacitados para cada área proposta. A estrutura física do prédio destacava-se no
ambiente, despertando em muitos o interesse de “fazer parte”. Pertencer à
Associação Viva Vida passou a ser, para aqueles idosos, motivo de orgulho e
sensação de valorização como seres humanos.
O grupo era formado por clientes e uma terapeuta ocupacional, sendo esta a
coordenadora do grupo, que era realizado três vezes por semana, no período da
manhã, nesta comunidade carente, com assistência básica precária e alto índice de
violência na cidade de Fortaleza.
Para divulgar o início das inscrições para o grupo de convivência, foi feito
contato com a Igreja Católica do bairro, líderes comunitários e a própria terapeuta
ocupacional realizou uma visita ao Centro Comunitário onde havia grande número
de idosos, pois era dia de encontro semanal neste local, para explicar sobre o Grupo
de Convivência da Associação Viva Vida, as datas das inscrições, como iria
funcionar e quando iniciava.
familiar e dados sobre a saúde, referindo alguma doença crônica, bem como o uso
de medicamento contínuo ou controlado.
Para a realização das entrevistas, foi feita uma solicitação à participação dos
sujeitos da pesquisa. Após o aceite, foram marcados o local e o horário para sua
realização. A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 2007.
30
3.5 Entrevistas
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Centro Suporte à
de saúde
Convivência
Pela leitura dos discursos, foi possível perceber que, para alguns idosos, o
grupo de convivência como suporte à saúde é um dos valores de grande
importância. Embora, algumas vezes, eles não se refiram especificamente à
expressão saúde, é o que eles querem situar indiretamente em suas falas. É válido
ressaltar que o surgimento de doenças não é algo intrínseco à velhice, mas
conseqüências de alterações fisiológicas do envelhecimento, estilo de vida, situação
socioeconômica e cultural.
37
Esse suporte à saúde parece ser entendido, por estes idosos, não apenas
como o atendimento médico freqüente ou indicação e/ou utilização de
medicamentos, mas com programas de saúde voltados para o corpo e a mente.
“... procurei o grupo por causa da minha doença né, que eu não ia poder mais
trabalhar, aí eu não posso viver só dentro de casa, aí eu procurei esse grupo para
me distrair...”.
“... olha, eu procurei esse grupo porque eu soube que aqui a gente fazia muito
exercício, tem exercício e eu gosto muito de fazer exercício né...”.
“... para mim ter mais um pouco. Eu achava que eu me envolvendo mais com
essas pessoas, eu ia ter mais uns anos de vida. Quando eu não venho eu fico
triste... ”.
“... procurei porque eu gostei porque a saúde da gente. Eu tinha problema nas
pernas e eu gostei porque fazia ginástica”.
“... porque a gente tem que ficar, procurar alguma coisa para fazer, a mente...,
ocupar a mente. Porque a mente desocupada, minha filha não dá”.
Centro
de Suporte à
Convivência saúde
Suporte
material
Esta categoria diz respeito a uma suposição inicial nossa de que os idosos
daquela comunidade encontrassem naquele grupo de convivência a possibilidade de
receber alguma ajuda; cesta básica, como é comum nesses bairros carentes do
Município de Fortaleza.
De acordo com estudo realizado pelo IBGE (2000) sobre o perfil dos idosos
responsáveis pelos domicílios, o rendimento médio do idoso responsável pelo
domicílio na região Nordeste é de R$ 386.00, retratando a difícil realidade
encontrada na população idosa desta pesquisa.
Muitos idosos inscreveram-se para participar deste grupo, visto que são
comuns programas com objetivos assistencialistas (doações) voltados para este
público, mas não deram continuidade, talvez por ver frustrada essa perspectiva.
Dentre os entrevistados, uma idosa confirmou essa expectativa. Demonstra em sua
fala, a busca por um suporte material de forma passiva, quando referiu:
“... procurei atrás de uma ajuda, porque eu necessito, eu sou pobre. Tenho 5
pessoas na minha casa que vive só de um salário”.
Afastamento Centro
de problemas de Suporte à
cotidianos e Convivência saúde
materiais
Suporte
material
Esta categoria surgiu da fala expressa por grande parte dos idosos. Muitos
vêem no grupo a possibilidade de esquecer os problemas diários. Por mais que eles
não especificassem em seus discursos os reais problemas, o vínculo criado conosco
e a necessidade de desabafar a cada encontro sobre suas vidas tornou-se possível
expor o que eles estavam falando entre linhas. As principais queixas são a falta de
dinheiro para sustentar toda a família, a preocupação com filhos e netos envolvidos
com álcool, drogas, roubos, prostituição, o desemprego de membros em idade
economicamente ativa, dentre outras. O grupo de convivência é certamente o local
onde eles se sentem protegidos desses problemas que os afligiam mais que
constantemente, o refúgio (grifo nosso).
40
“... o pouquinho que eu tiro para vir pra cá para mim já é ótimo. Grande coisa.
Alivia minha cabeça. Quando eu chego em casa, meus problemas já se foram.
Tenho problemas, mas to mais esquecida um pouquinho. É muito bom a gente
participar desse grupo”.
“... foi muito maravilhoso né, porque às vezes a gente tá dentro de casa só se
preocupando com as lutas, as lutas de casa do dia-a-dia aí a gente fica com a
cabeça muito quente”.
Centro Suporte à
Vinculação de
saúde
Social Convivência
Afastamento
de problemas
cotidianos e Suporte
materiais material
“... eu não tinha para onde eu sair. Para eu não ficar em casa escutando nada
de ninguém, eu gostei de participar do grupo”.
“... eu me sinto tão bem de vir pra cá. Chega aquele dia, e eu to com aquela
alegria de sair”.
“... eu procurava mais amizade, fazer amizade, eu gosto de todo mundo, para
eu não ficar muito em casa”.
“... eu era muito solitária dentro de casa, não saia para canto nenhum”.
“... eu vivia triste dentro de casa, sem saber o que fazer porque nem toda vida
tem costura para gente fazer neh. E aqui no dia que chega o dia, aí eu digo: aí eu
tenho que ir; e eu vou e deixo tudo lá. Não quero nem saber”.
Vinculação Suporte
Afastamento de material
social
problemas
cotidianos e
materiais
Estudo realizado por Araújo et. al. (2005) mostra que os idosos
representaram ‘grupo de convivência’ como um espaço no qual elas encontram
‘solidariedade’, de modo que consideram de fundamental importância a
‘participação’ dos idosos, uma vez que estes contribuem para desenvolver uma rede
psicossocial e afetiva que possibilita uma prática para melhor enfrentamento da
velhice.
“... eu procurei o grupo para melhorar a situação da minha cabeça; para fazer
uma terapia na minha cabeça”.
“... mudou muito porque eu fiquei mais alegre, tive mais paz. Tive mais assim,
a minha cabeça mudou um pouco mais; eu era triste agora sou alegre”.
“... mudou porque eu tenho assim uma paz quando tô aqui. Eu me sinto muito
feliz”.
“... tive mais vontade de viver. Quando eu chego aqui que eu saio, eu saio
muito feliz, eu saio leve daqui”.
“... para eu me divertir porque eu tenho a vida assim meia pra baixo, para eu
ter mais com quem eu converse para mudar as minhas idéias; e me dou muito bem”.
“... eu sofro muito com a solidão. Viver sozinha na minha casa, mas aqui tô
me alegrando muito e me divertindo com a minha professora e a s minhas amigas”.
qual proporciona ajuda aos indivíduos que a ela pertencem, beneficia a saúde e o
bem-estar de todos (LEITE et. al., 2008).
Centro
de Aprendizado
convivência manual
“... procurava aprender muitas atividades... olha apesar de eu não saber ler
nem escrever muito, eu gosto de aprender. Eu acho que eu nasci na arte”.
“... eu não sabia fazer nada. Não me ocupava em nada. Passava o dia dentro
de casa só deitada. Fazendo só as coisas de casa. Aí aqui, graças a Deus, eu já
aprendi a fazer muita coisa e vou aprender mais ainda”.
Acreditamos ser no grupo o espaço onde eles realizavam algo por prazer, por
escolha própria, longe das obrigações domésticas e rotineiras de seus lares, ao
mesmo tempo em que tinham sua privacidade no contato com a oportunidade de
fazer algo que despertava seus interesses. Isto reforça a idéia da fenomenologia, ao
assinalar a necessidade de contato do ser com o seu plexo de referências, com seu
contexto de funcionalidade para que ele possa chegar a ser o que é e como é.
46
Centro
de Aprendizado
convivência manual
Suporte à saúde
emocional
A saúde foi externalizada por eles também, não dizendo respeito à motivação
inicial, mas ao bem-estar e saúde emocional que a participação no grupo os trazia.
O fato de ir ao grupo, encontrar amigos, conversar, trocar experiências, fazer algo
novo, ter perspectivas em relação ao quer fazer amanhã, carregava consigo efeito
positivo na saúde emocional daquelas pessoas que, talvez, nunca tiveram
oportunidades de fazer escolhas, pois tudo foi imposto a elas.
“... eu procurei o grupo para melhorar a situação da minha cabeça; para fazer
uma terapia na minha cabeça”.
“... eu me sinto tão bem de vir pra cá. Chega aquele dia, e eu to com aquela
alegria de sair”.
significados das coisas fazem sentido. Esse sentido de ser e das coisas começa a
se abrir e fechar, a se deixar ver, a se definir pelas nossas emoções, estando em
constante transformação e renovação. Nesse momento, em que se sente algo
concreto, o eu chega, pelos estados de ânimo, a mais plena realidade de si mesmo.
Os grupos de idosos têm uma peculiaridade: exigem uma reestruturação.
Centro Aprimorar e
de
desenvolver
convivência
talentos
A realidade em que viviam não lhes permitiu investir nenhum tempo ou não os
despertava para outras atividades que lhes davam prazer e despertavam interesse.
As condições socioeconômicas escassas e o baixo nível de escolaridade
direcionaram, para muitos dos idosos, a vida para o trabalho forçado e pesado,
simplesmente como forma de obter uma fonte de renda que lhes permitisse o básico
da vida. Assim, os prazeres que estavam até então adormecidos começaram a
brotar no grupo de convivência.
“... e hoje em dia, é que eu posso dizer que eu tenho muita paz porque tudo o
que eu tinha dentro, assim, o talento, botei pra fora agora. Realmente, esse meu
tempo de terceira idade, pra mim é melhor do que o tempo que eu era mais nova”.
“... já aprendi várias coisas mas, por exemplo; o fuxico tá no meu sangue, na
minha lama, eu faço muito em casa, eu faço muito tapete, eu gosto de fazer, tô
49
Centro
de
convivência
Aprimorar e
desenvolver
Fonte de talentos
juventude
“...O grupo de convivência me faz eu ser mais nova, mais jovem. Porque no
grupo a gente ta aprendendo muitas coisas como se seje jovem”.
“...Porque agora mesmo na minha idade que eu tenho é que eu tenho assim
mais liberdade né de viver, fazendo as coisas, aprendendo... e o que eu aprender
aqui eu faço para outras pessoas e eu ensino pra outras pessoas. Que é para uma
aprender com as outras”.
Ainda em sua pesquisa, Camarano (2003) refere que a maior parte das
idosas de hoje passou a vida adulta desempenhando papéis tradicionais femininos,
e que chama a atenção para a importância da contribuição da renda da idosa no
orçamento familiar visto que representa 46,4%, sendo, em muitos casos, o beneficio
social a única fonte de renda das famílias que, como já vimos, não são famílias
compostas apenas por idosos.
Houve grande mudança nos últimos vinte anos, ou seja, ao se chegar ao final
da vida ativa e à viuvez, não necessariamente haverá o isolamento social. Para a
maioria de pessoas pode significar uma nova fase no ciclo de vida, a qual Laslet
(1996) denomina de a "fase do preenchimento" (CAMARANO, 2003).
51
Centro Aprimorar e
Compromisso de desenvolver
social convivência talentos
Fonte de
juventude
“... só basta eu dizer que eu tenho a responsabilidade toda hora, todo dia de ir
praquele canto. É uma boa pra mim. Eu me sinto bem quando saio de casa e venho
para cá”.
Assim, podemos perceber por meio dos núcleos e categorias expostas que o
grupo de convivência colabora com várias possibilidades na vida dos idosos ao dar
suporte à saúde, suporte material, afastamento de problemas cotidianos e materiais,
vinculação social, esvaziamento emocional, aprendizado manual, suporte à saúde
emocional, aprimorar e desenvolver talentos, estimular a fonte da juventude e o
compromisso social, favorecendo a promoção da saúde.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Freitas et. al. Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de
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Atividades em grupo - uma alternativa para minimizar os efeitos do envelhecimento.
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LEITE, M.T., BATTISTI, I.D.E., BERLEZI, E.M., SCHEUER, A.I. Idosos residentes no
meio urbano e sua rede de suporte familiar e social. Texto e Contexto-
Enfermagem. V.17, n.2, abr-jun, Florianópolis, 2008.
MACHADO, O.G.; FIALHO, F.A.P. A escola do futuro para a reinserção das pessoas
da terceira idade. Revista Univille. Joinville, v.7, n.2, p.24-30, 2002.
APÊNDICE
62
APÊNDICE A:
ROTEIRO DE ENTREVISTA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. NOME:
2. ENDEREÇO:
3. IDADE:
4. ESTADO CIVIL:
5. ESCOLARIDADE:
6. PROFISSÃO:
7. RELIGIÃO:
8. RENDA FAMILIAR:
9. Nº DE PESSOAS/DOMICÍLIO:
ENTREVISTA
1. COMO VOCÊ PERCEBE SUA SAÚDE ATUALMENTE?
2. POR QUE VOCÊ PROCUROU UM GRUPO DE CONVIVÊNCIA?
3. O QUE BUSCAVA ENCONTRAR NO GRUPO DE CONVIVÊNCIA?
4. VOCÊ JÁ CONVIDOU ALGUÉM PARA PARTICIPAR DO GRUPO?
5. VOCÊ JÁ APRENDEU ALGUMA HABILIDADE ARTESAL OU MANUAL NO
GRUPO DE CONVIVÊNCIA?
6. ATUALMENTE, O QUE CAUSA PREOCUPAÇÕES NA VIDA?
7. O QUE MUDOU EM SUA VIDA PELO FATO DE PARTICIPAR DO GRUPO
DE CONVIVÊNCIA?
63
ANEXOS
64
ANEXO I
_________________________________________________
Assinatura do paciente ou representante legal
_________________________________________________
Assinatura da pesquisadora
_________________________________________________
Assinatura da pesquisadora orientadora
__________________________________________________
Maria Vieira de Lima Saintrain – Orientadora
___________________________________________________
Emanuela Bezerra Torres Mattos- Pesquisadora
_________________________________________________
Assinatura do fiel depositário
_________________________________________________
Assinatura da orientadora
_________________________________________________
Assinatura da pesquisadora
ARTIGO
RESUMO
1
Mestranda do Programa de pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza –
UNIFOR
2
Docente do Centro de Ciências da Saúde. Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade de
Fortaleza - UNIFOR.
3
Docente da Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo.
70
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Espera-se com o estudo obter dados que possam combater programas sem
finalidades voltadas ao crescimento e valorização das competências do idoso. É
oportuno contribuir para elaboração e direcionamento de programas e políticas
públicas diferenciadas e específicas para grupo de idosos, dependendo de todo um
74
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
necessário para investigar se estes idosos eram valorizados, mas não reconheciam
ou realmente eram explorados. Com a caracterização deste grupo, pôde-se supor
que características encontradas justificam uma habilidade voltada para o mundo
concreto, demonstrando um afastamento do mundo simbólico; ou seja, o ato de
fazer algo concreto, em vez de atividades mais abstratas, podia trazer a eles o
sentimento de valorização por parte da família e da sociedade.
“... para mim ter mais um pouco. Eu achava que eu me envolvendo mais com
essas pessoas, eu ia ter mais uns anos de vida. Quando eu não venho eu fico
triste... ”.
Muitos idosos inscreveram-se para participar deste grupo, visto que são
comuns programas com objetivos assistencialistas (doações) voltados para este
público, mas não deram continuidade, talvez por verem frustrada essa perspectiva.
Dentre os entrevistados, uma idosa confirmou essa expectativa. Demonstra em sua
fala a busca por um suporte material de forma passiva, quando referiu:
“... procurei atrás de uma ajuda, porque eu necessito, eu sou pobre. Tenho 5
pessoas na minha casa que vive só de um salário”.
sobre suas vidas com a mesma, tornaram possível se expor o que eles estão
falando entre linhas. Querem expressar sobre a falta de dinheiro para sustentar toda
a família, a preocupação com filhos e netos envolvidos com álcool, drogas, roubos,
prostituição, o desemprego de membros em idade economicamente ativa. Seria o
grupo de convivência o local onde eles se sentiam protegidos desses problemas que
os afligiam mais que constantemente, o refúgio (grifo nosso).
“... foi muito maravilhoso né, porque às vezes a gente tá dentro de casa só se
preocupando com as lutas, as lutas de casa do dia- a- dia aí a gente fica com a
cabeça muito quente”.
“... eu era muito solitária dentro de casa, não saia para canto nenhum”.
Araújo et. al. (2005) concordam com a idéia de que os idosos buscam
espaços de convivência que permitam a ‘escuta’, uma vez que, na maioria dos
ambientes familiares, não é permitida a sua participação nas decisões. A
representação desses grupos de convivência como espaço de escuta só vem
reforçar a negação da participação de diálogos no seio familiar para com os idosos,
levando-os a viver sentimentos de desvalorização, isolamento, depressão e auto-
imagem negativa.
Estudo realizado por Araújo et. al. (2005) mostra que os idosos representaram
‘grupo de convivência’ como um espaço no qual elas encontram ‘solidariedade’, de
modo que consideram de fundamental importância a ‘participação’ dos idosos, uma
vez que estes contribuem para desenvolver uma rede psicossocial e afetiva que
possibilita uma prática para melhor enfrentamento da velhice.
83
“... eu sofro muito com a solidão. Viver sozinha na minha casa, mas aqui tô
me alegrando muito e me divertindo com a minha professora e a s minhas amigas”.
“... eu não sabia fazer nada. Não me ocupava em nada. Passava o dia dentro
de casa só deitada. Fazendo só as coisas de casa. Aí aqui, graças a Deus, eu já
aprendi a fazer muita coisa e vou aprender mais ainda”.
“... eu me sinto tão bem de vir pra cá. Chega aquele dia, e eu to com aquela
alegria de sair”.
“... e hoje em dia, é que eu posso dizer que eu tenho muita paz porque tudo o
que eu tinha dentro, assim, o talento, botei pra fora agora. Realmente, esse meu
tempo de terceira idade, pra mim é melhor do que o tempo que eu era mais nova”.
86
“... só basta eu dizer que eu tenho a responsabilidade toda hora, todo dia de ir
praquele canto. É uma boa pra mim. Eu me sinto bem quando saio de casa e venho
para cá”.
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAMARANO, A.A. (org). Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60? IPEA,
Rio de Janeiro, 2004. Acesso: http://www.ipea.gov.br, em 17 /11/ 2008.
CAMPOS, G.W.S (org.) Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec, Rio de
Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006.
GARCIA, M.A.A., YAGI, G.H., SOUSA, C.S., ODONI, A. P.C., FRIGÉRIO, R.M.,
MERLIM, S.S. Atenção à saúde em grupos sob a perspectiva de idosos. Revista
Latino-Americana de Enfermagem. V.14, n.02, mar-abr, Ribeirão Preto, 2006.
LEITE, M.T., BATTISTI, I.D.E., BERLEZI, E.M., SCHEUER, A.I. Idosos residentes no
meio urbano e sua rede de suporte familiar e social. Texto e Contexto-
Enfermagem. V.17, n.2, abr-jun, Florianópolis, 2008.