Lgarcia, Os Processos de Rualização e Sua (Des) Conexão Na Vigilância Socioassistencial

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7º Encontro Internacional de Política Social

14º Encontro Nacional de Política Social


Tema: Contrarreformas ou Revolução: respostas ao
capitalismo em crise
Vitória (ES, Brasil), 3 a 6 de junho de 2019

Eixo: Analise, avaliação e finaciamento das politicas públicas.

OS PROCESSOS DE RUALIZAÇÃO E SUA (DES)CONEXÃO


NA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL

Rodrigo dos Santos Nunes1

Resumo
Trata-se de um estudo misto, com uso da técnica de triangulação. Vincula a origem atual dos processos de
rualização, assim como da situação de rua, ao atual modo de produção, capitalista. A realidade contraditória
onde se inserem as políticas sociais são destacadas e, diante disso, analisa-se no âmbito da política de
Assistência Social, como ela dá conta da função de Vigilância Socioassistencial direcionada a este
segmento populacional, na região metropolitana de Porto Alegre. Demonstra, assim, a (des)conexão entre
as múltiplas manifestações de desproteção social, que deveriam ser priorizadas no processo de Vigilância
Socioassistencial, e a combinação de indicadores construída de forma processual e coletiva, que permita
sua transformação.
Palavras-chave: Processos de rualização; Situação de rua; Política de Assistência Social; Vigilância
Socioassistencial.

The processes of rualização and its (dis)connection


in Social Assistant Vigilance

Abstract
It is a mixed study, using the triangulation technique. It links the current origin of the processes of
“rualização”, as well as of the street situation, to the present mode of production, capitalist. The
contradictory reality in which social policies are inserted are highlighted and, in the light of this, it is
analyzed within the scope of the Social Assistance policy, as it accounts for the function of Social Assistant
Vigilance directed to this population segment, in the metropolitan region of Porto Alegre. It shows,
therefore, the (dis)connection between the multiple manifestations of social deprotection, which should be
prioritized in the Socio Assistant Vigilance process, and the combination of indicators constructed in a
procedural and collective way, that allows its transformation.
Keywords: Process of “rualização”; Street life situation; Social Assistance policy; Social Assistant
Vigilance.

Introdução
Este texto, fruto de uma tese de doutorado em Serviço Social, apresenta o
fenômeno rualização 2 constituído como um processo que se conforma a partir de

1
Doutorando em Serviço Social, PPGSS/PUCRS. E-mail: <[email protected]>.
2
“Ver essa situação como estado e não como processo é um modo de reiterá-la, sem reconhecer a
perspectiva do movimento de superação – e essa parece ser uma questão central. [...] O termo processo de
rualização parte de uma concepção oposta, na medida em que se reconhece como processo social, condição
que vai se conformando a partir de múltiplos condicionantes” (PRATES, et al. Temporalis, Brasília/DF, n.
22, p. 191-215, jul./dez, 2011). Em Trabalho de Conclusão (2010), o autor do presente artigo, também
apresentava a rualização como expressão da questão social, processos combinados de “mudanças no mundo
do trabalho e o aprofundamento das desigualdades sociais, o que torna cada vez mais expressiva a presença
2

múltiplos condicionantes e que pode iniciar na esfera doméstica, esfera das relações
primárias, resultando na utilização da rua como espaço de sobrevivência e/ou moradia e
como referência identitária. Destaca-se o processo de rualização como manifestação da
questão social3, fruto do modo de produção capitalista. Analisa, no âmbito da política de
Assistência Social, como ela dá conta da função de vigilância das desproteções e dos
serviços direcionados a esse segmento populacional. Assim, o estudo que resultou neste
texto parte do seguinte problema: o que fundamenta e como se processa a Vigilância
Socioassistencial 4 na Proteção Social Especial 5 em relação a população adulta em
situação de rua na região metropolitana de Porto Alegre6?
A perversa lógica do capital e a realidade contraditória, onde se inserem as
políticas sociais são destacadas, assim como as desigualdades e resistências e diante disso,
problematizadas as agendas municipais relativas à situação de rua, seu atendimento e sua
possível prevenção. Assim, a proposta da referida pesquisa surgiu como resultado de uma
trajetória de contato direto com a realidade concreta, “dinâmica entre razão e
experiência”, na busca pela abordagem científica em relação aos processos de rualização
e a situação de rua contemplados, ou não, pela função de Vigilância Socioassistencial.
Parágrafo único. A Vigilância Socioassistencial constitui como uma área
essencialmente dedicada à gestão da informação, comprometida com:
I - o apoio efetivo às atividades de planejamento, gestão, monitoramento,
avaliação e execução dos serviços socioassistenciais, imprimindo caráter
técnico à tomada de decisão; e
II – a produção e disseminação de informações, possibilitando conhecimentos
que contribuam para a efetivação do caráter preventivo e proativo da política
de assistência social, assim como para a redução dos agravos, fortalecendo a
função de proteção social do SUAS (BRASIL, 2012, art. 90).

de pessoas em situação de rua nos centros urbanos do país” (NUNES, 2010, p. 13 ). Percebe-se um processo
muitas vezes iniciado na esfera doméstica, esfera das relações primárias (NUNES, 2019).
3
A questão social é apreendida como expressão das desigualdades sociais: o anverso do desenvolvimento
das forças produtivas do trabalho social. Sua produção/reprodução assume perfis e expressões
historicamente particulares na cena contemporânea (IAMAMOTO, 2004, p. 10-11).
4
Vigilância Socioassistencial é uma das três funções da política de Assistência Social.
5
A Proteção Social Especial refere-se a programas e serviços da Política de Assistência Social, mais
especializados, dirigidos a família e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social. Há
duas modalidades de proteção social especial, média e alta complexidade.
6
Com 34 municípios em mais de 10 mil km e densidade populacional de 389,7 hab/km², totalizando 96,93%
de população urbana, contendo 9 dos 18 municípios do RS com mais de 100 mil habitantes (IBGE,
METROPLAN, 2010; SEPLAN/RS, 2016).

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A Vigilância Socioassistencial torna-se “referência institucional pública em


informar a sociedade sobre a presença de desproteções sociais7 na população” (SPOSATI,
2017, p. 4).
No sentido do desvendamento das contradições histórico-estruturais, Iamamoto
(2014, p. 452) sobre a pós-graduação em Serviço Social e os rumos da pesquisa, afirma
que “quando compromissada em libertar a verdade de seu confinamento ideológico, é
certamente um espaço de resistência e de luta”. O real em movimento permanente e
contraditório, portanto, histórico precisa ser capturado pela pesquisa para que seja
possível, como diz Marx (1989), depois desse processo mostrar “a vida da realidade”.
Com enfoque misto, articulando dados quantitativos e qualitativos, o estudo também se
caracteriza pelo uso da técnica da triangulação, contemplando a escuta de sujeitos, a
análise do contexto e a análise de documentos. “Parte de princípios que sustentam que é
impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social [...]” (TRIVIÑOS, 2007,
p.138). A escolha do método dialético, portanto, tem este caráter transformador,
preocupação com a relação teoria-prática e com a superação do instituído.
O superado não deixa de existir [...]. E isso porque ele serviu de etapa, de
mediação para a obtenção do resultado superior; certamente, a etapa
atravessada não mais existe em si mesma, isoladamente como ocorria num
estágio anterior; mas persiste no resultado, através da sua negação
(LEFEBVRE, 1983, p. 231).

O presente estudo é composto por mapeamento e diagnóstico e, ainda, contempla


entrevistas com gestores, técnicos, conselheiros. As entrevistas foram realizadas com
técnicos e gestores que trabalham tanto com a vigilância como os que atendem
diretamente a população em situação de rua. Também se entrevistou gestores ou
representantes da vigilância socioassistencial e conselheiros da Assistência Social.
Além das coletas realizou-se a análise de 8 (oito) documentos a partir de roteiro
de análise. O terceiro ângulo contemplado é a análise dos “processos e produtos
originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social no qual
está inserido o sujeito”, o que inclui a luta de classes, o modo de produção, as forças
produtivas e relações de produção (TRIVIÑOS, 2007, p. 139).

7
Utilizar-se-á neste estudo, os termos vulnerabilidade e desproteção social, ainda que a professora Aldaíza
Sposati chame a atenção para a vulnerabilidade sendo uma descompensação do indivíduo e de que
desproteção social vincula-se a uma ação desprotetora (coletiva). Vulnerabilidade é o termo utilizado nos
documentos da política.

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A relação da origem atual da Situação de Rua com o modo de produção capitalista


Choca-se com o fado de que “A renda dos 10% mais pobres aumentou cerca de
US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a do 1% mais rico aumentou cerca de US$ 11.800,
ou seja, 182 vezes mais” (OXFAM, 2016, p. 2). Como disse István Meszáros (1998,
tradução de Alvaro Bianchi), vivemos a era de uma crise histórica sem precedentes. “Uma
crise estrutural, profunda, do próprio sistema do capital”. O sistema do capital é
essencialmente antagônico devido à estrutura hierárquica de subordinação do trabalho ao
capital.
A crise estrutural do capital impacta a todos os sujeitos, contudo impacta
profundamente determinados grupos sociais, segmentos populacionais expropriados dos
meios de produção e manifestam algumas consequências do desemprego estrutural.
Embora populações com características de circulação e ocupação do espaço “da
rua”, como os sem habitat fixos, andarilhos e mendigos, fizessem parte da história da
humanidade, na contemporaneidade é que se apresentam como manifestação da questão
social, na relação de sua origem atual com o modo de produção capitalista. Diante disso,
pode-se afirmar que:
A história do fenômeno população em situação de rua remonta ao surgimento
das sociedades pré-industriais da Europa, no contexto da chamada acumulação
primitiva, em que os camponeses foram desapropriados e expulsos de suas
terras [...] as condições histórico estruturais que originaram e reproduzem
continuamente o fenômeno na sociedade capitalista são as mesmas que deram
origem ao capital e asseguram até hoje a sua acumulação (SILVA, 2009, p.
25).

“A relação-capital pressupõe a separação violenta entre os trabalhadores e a


propriedade das condições da realização do trabalho” (MARX, 1989, p. 262).
Noutra passagem (p. 145), no capitulo IV d’O Capital, Marx diz que:
O antigo possuidor de dinheiro marcha adiante como capitalista, segue-o o
possuidor de força de trabalho como seu trabalhador; um, cheio de
importância, sorriso satisfeito e ávido por negócios; o outro, tímido,
contrafeito, como alguém que levou a sua própria pele para o mercado e agora
não tem mais nada a esperar, exceto o – curtume.

“Nosso capitalista quer produzir não só valor de uso, mas uma mercadoria, não só
valor de uso, mas valor e não só valor, mas também a mais-valia.” Neste contexto, Silva
(2009) sinalizou o excedente à capacidade de absorção pelo capitalismo, da produção de
uma superpopulação relativa no processo de acumulação do capital, em que se vincula a
reprodução do fenômeno população em situação de rua. Parte deste considerado exército
industrial de reserva pode se cronificar e no atual estágio do capitalismo rentista,

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percebido pela crescente dos indicadores do chamado desemprego estrutural


(MÉSZÁROS, 2003).
Carcanholo (2008, p. 17) afirma contundentemente: “A teoria de Marx nos ensina
que precisamos, mais do que nunca, lutar contra o capitalismo, pela humanidade” 8 .
Conforme Luana Siqueira, (2013, p. 163) há a necessidade de se conhecer as
determinações impostas que “constituem a realidade concreta na qual os sujeitos
históricos se movem”. Complementa afirmando que “a pobreza só pode ser explicada na
sociedade capitalista em relação à contradição de classes”.
No bojo deste “jogo” contraditório surgem as políticas sociais, entre concessão de
capitalistas e conquistas de trabalhadores. Assim, evidencia-se que “as políticas públicas
não configuram ações neutras, mas reproduzem discursos ideológicos presentes na
conjuntura da sociedade capitalista, e se materializam de forma contraditória no âmbito
da reprodução do capital e garantia de direitos” (SCHERER, 2015, p. 186).
Um diagnóstico socioterritorial analisado revela, a partir do IBGE (2010), uma
taxa de 10,91% referente a extrema pobreza. Na “zona rural a taxa de analfabetismo era
de 12,9%” (Panorama Municipal MDS, 2012, p. 3).
Compreende-se que a construção de indicadores não caracteriza um
diagnóstico socioassistencial. É preciso mediá-los com teorias explicativas, o
estabelecimento de relações, comparações, destaques realizados nos processos
de interpretação e análise é que irão produzir conhecimento [...] busca
evidenciar múltiplas determinações que conformam um fenômeno e as
perspectivas de transformação, abarcando causas interconectadas e múltiplos
impactos delas decorrentes, processo só possível via pesquisa. [...] a análise é
o seu ápice (LAZZARI, 2018, p. 113).

É preciso estar vigilante em relação ao discurso que busca a integração dos


“excluídos” na sociedade que os exclui; que culpabiliza a família pelas violações vividas
por seus membros, e os “marginaliza”. Trata-se, segundo José Martins (2002, p. 37), de
“uma expressão de conservadorismo porque orientada pela valorização da inclusão no
existente, no que permanece, e não no que muda e, sobretudo, no que pode mudar”.
Com a ótica de mercado ou livre iniciativa as atribuições do Estado ficam
limitadas à garantia da propriedade privada e de contratos, basicamente. Assim aumentam
as desigualdades sociais e com elas o contingente de destituídos de direitos.

8
Trecho extraído do artigo escrito pelo autor em julho de 2007 para a “Apresentação” do livro Contribuição
à Crítica da Economia política de Karl Marx (Expressão Popular, 2ª edição, São Paulo: 2008).

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Seguindo Iamamoto (2001, p. 12), é fundamental desocultar “a natureza do valor


de troca e os fetichismos que o acompanham, não os destituindo de sua historicidade”,
com vistas a dar visibilidade aos componentes materiais da riqueza.

A atualização do conservadorismo no contexto contemporâneo especulativo


Na atual fase do modo de produção capitalista, o capital “especulativo e
parasitário”9 nasce na esfera produtiva,
sob as formas de lucros não reinvestidos na produção, de salários, de
rendimentos retidos pela via fiscal ou sob as agiotagens do crédito ao
consumidor, salários guardados nos fundos de aposentadoria. Esses, ao
ingressarem na esfera financeira, buscam maior rentabilidade. [...] Paralisam
a economia e penalizam o conjunto da população para o qual é transferido o
ônus desses processos (IAMAMOTO, 2014, p. 124).

Giovane Scherer (2018) chama a atenção também para a importância dos últimos
acontecimentos no cenário político brasileiro. Aponta para a manutenção dos interesses
das elites do país, “por meio do avanço ultraneoliberal presente, especialmente, nos
últimos dois anos, após a quebra daquilo que se convencionou chamar de
Neodesenvolvimentismo10” (SCHERER, 2018, NR. 4). Por outro lado, Anthony Giddens,
(1996, p. 31) rotula os socialistas contemporâneos de conservadores, uma vez que, no
confronto com o neoliberalismo 11 , “descobrem-se tentando preservar instituições
existentes – de modo mais notável o Welfare State – em vez de tentar abalá-las”.
Segundo Herrera (2015, p. 11), “outro capitalismo, ‘com aparência humana’, sem
crise sistêmica e nem guerra imperialista, não é possível”. O neoconservadorismo busca
legitimação pela repressão dos trabalhadores ou pela criminalização dos movimentos
sociais, da pobreza e da militarização da vida cotidiana. “La atrofia del Estado social y la
hipertrofia del estado penal son dos tranformaciones correlativas y complementarias que
participan de um nuevo gobierno de la miséria” (WACQUANT, 2007, p. 318). Formas

9
Mais em: GOMES, Helder (Org.). Especulação e lucros fictícios: Formas parasitárias da acumulação
contemporânea. São Paulo: Outras Expressões, 2015.
10
Consiste como reflexão central para Sampaio Junior (2012, p. 673 et, seq.), onde o autor critica a proposta
de neodesenvolvimentismo por chamar de “solução burguesa para a trajetória do subdesenvolvimento e da
dependência [...] pela utopia de um capitalismo domesticado, subordinado aos desígnios da sociedade
nacional”. Diminuição da miséria, redistribuindo renda ao mesmo tempo em amplia o mercado de consumo.
11
O neoliberalismo dirige uma ofensiva avassaladora contra os trabalhadores, reduzindo seus direitos e
suas possibilidades de acesso a bens e serviços socialmente reduzidos revelando claramente que a velha e
injusta base em que se sustenta o sistema capitalista, a extração da mais-valia, continua a mesma (PRATES,
2011).

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mediadas moralmente. “Quando o objeto do medo é tratado moralmente, torna-se


sinônimo do ‘mal’” (BARROCO, 2011, p. 210).
A mudança do quadro nefasto em que se encontra o Brasil só poderá ser alterada
com a participação de toda a sociedade para o aprimoramento da qualidade da política
pública, em especial ao processo da Vigilância Socioassistencial a fim de tornar
novamente positiva a expectativa negativa em tempos de Emenda Constitucional 95/16
que institui o novo regime fiscal e de seguridade social, em que se congelaram gastos
públicos pelos próximos 20 anos.
Nesta alternativa, a base da desigualdade não é atingida, medidas de cunho mais
radical, tais como a reforma agrária, a taxação progressiva de fortunas, entre outras
iniciativas ainda estão longe de serem implementadas, por fim a ampliação de empregos
em muitos casos precários, mascaram a chamada inclusão precária. Diante disso, “os
investimentos especulativos são favoráveis em detrimento da produção, o que se encontra
na raiz da redução dos níveis de emprego, do agravamento da questão social e da
regressão das políticas sociais públicas” (IAMAMOTO, 2014, p. 143). Realidade
reafirmada na fala do conselheiro (suj. da pesq.): “Ao longo desses últimos anos o que a
gente tem percebido é que o município tem de alguma forma, executado políticas que são
capazes apenas de fazer a manutenção das pessoas em situação de rua nessa condição”.
Cabe à vigilância social prover o conhecimento das expressões de desproteção
social vividas pela população efetivando-se não só por estudos e dados
secundários, mas, também, pela sistematização dos conhecimentos advindos
da relação dos serviços socioassistenciais com a população. [...] Pela vigilância
social é que pode dar visibilidade a inúmeras situações como a invisibilidade
nos Censos do IBGE da população em situação de rua no meio urbano ou os
sem-terra no âmbito rural pois não contados nos censos oficiais por não serem
domiciliados. (SPOSATI. 2016, p. 21).

Aldaíza Sposati (2018), aponta como aspecto positivo na qualificação do estudo


que resultou no presente artigo, a referência a uma demanda coletiva, ou seja, a
“População em Situação de Rua como uma manifestação de exploração humana” que se
alastra no meio urbano das cidades brasileiras, uma população que vive em um território
de chão inconstante, que “alterado no destino de sua ocupação redesenha o chão urbano,
demandando referências de localização que não são identificáveis pela propriedade, pelo
IPTU, pelo número e nome da rua”.
O que não é exatamente uma novidade, pois “no momento de desintegração da
economia camponesa há dispersão da família, migração para aglomerados urbanos, às
vezes distantes, e proletarização” (MARTINS, 2002, p. 69).

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A vigilância socioassistencial sob a égide de ampliação do acesso aos direitos


de cidadania tem a exigência em produzir, para a sociedade, informe sobre as
múltiplas e reincidentes situações de desproteção social sofridas e impingidas
a segmentos da população, e que estas são resultantes também da ausência e/ou
do modo residual e precário de presença das respostas protetivas públicas
(SPOSATI, 2017, p. 3).

No Estado social, a resposta às necessidades das classes trabalhadoras, vem em


forma de políticas sociais. Esse processo se caracteriza pela manutenção da acumulação
e reprodução da força de trabalho e, contraditoriamente, dá visibilidade às demandas dos
trabalhadores e sua disputa por ampliar direitos sociais. Como observa Sposati, o Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) tem “a perspectiva de responder à universalidade de
um direito de cidadania” (2006, p. 111). É o fortalecimento da Vigilância
Socioassistencial para responder, para denunciar, estar atento.
Segundo Lazzari (2018), a Vigilância Socioassistencial contém em sua gênese a
potencialidade de que se concretize como estratégia que possibilite agregar cientificidade,
denunciando o descompasso existente entre a insegurança social vivida por indivíduos e
por famílias e o que vem sendo feito para combatê-la. É “fundamental que sejam
realizadas análises que não se limitem ao plano da aparência, mas desfetichizem o real,
dando visibilidade à sua estrutura e dinâmica (como se conforma e como se movimenta)”
(PRATES, 2014, p. 352). É também fundamental a valorização do diagnóstico com base
territorial12.
Denuncia-se, desta forma, os vazios de atendimento existentes nos municípios e a
ausência ou incapacidade em efetivar as seguranças sociais, entendidas como o “conjunto
de ações coletivas financiadas ou administradas pelo Estado a superar desproteções
sociais [...]” (SPOSATI, 2016, p. 11). Um gestor (suj. da pesquisa n. 6) se acusa: “sobre
a população em situação de rua ainda não fiz nenhum levantamento, ainda não produzi
nenhuma informação”.
Entre as pessoas que vivenciam a situação de rua na metrópole, “verificamos que
32,5% das motivações explicitadas pelos entrevistados para terem ido para a rua
envolveram questões e conflitos familiares”. [...] 25,2% da população investigada está há
menos de 1 ano na rua. (UFRGS, 2016, p. 99).

12
Território entendido não apenas como área geográfica, mas como espaço de relações, vivências, produção
simbólica, apropriações e interações, conflitos e laços de solidariedade.

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O SUAS define como funções da Assistência Social a proteção social


hierarquizada entre proteção básica e especial, a vigilância socioassistencial e a defesa
dos direitos socioassistenciais. “Os indicadores a serem construídos devem mensurar, no
território, as situações de riscos sociais e violação de direitos” (PNAS, 2004, p. 39). Na
Política Nacional de Assistência Social a função de vigilância social é definida como
aquela que se refere à produção, sistematização de informações, indicadores e índices
territorializados das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social e vigilância sobre
padrões de serviços de assistência social.

Desproteções sociais e a gestão da informação


As marcas da crise estrutural do capital se evidenciam nos mapas das cidades,
podendo ser percebidas por meio da segregação espacial nas dinâmicas territoriais.
A partir de Robert Nisbet (1987) Leila Escorsim Netto (2011, p. 106) nos chama
atenção quanto à liberdade e à igualdade: diz que “a finalidade permanente da liberdade
é a proteção do indivíduo e da propriedade da família [...]. O objetivo inerente da
igualdade [...] é a redistribuição ou nivelamento dos valores imateriais de uma
comunidade”. Marcuse refletindo pela ótica de Kant sobre liberdade resume que “a
limitação multilateral e voluntária da liberdade individual em um sistema geral de
dominação e subordinação recíprocas é necessária à garantia peremptória da sociedade
burguesa constituída sobre a relação de propriedade privada” (1972, p. 99).
Mais formulações adequadas à explicação da evolução do conservadorismo ao
longo do século XIX se fazem necessárias, como segue:
A teoria da contrarrevolução luta, de início, a favor dos grupos feudais e
clericais contra a burguesia como portadora da revolução. A mudança de
função da teoria acompanha a história da burguesia a partir da luta de uma
classe em ascensão contra os restos de uma organização social que se
transformou em obstáculo até a dominação absoluta de algumas camadas
privilegiadas contra o ataque de todas as forças progressistas [...] (MARCUSE,
1972, p. 116).

No tempo presente o ataque continua: “o pensamento conservador continua até


hoje a chamar desdenhosamente de “utópicas” as tentativas “racionais” de criar uma nova
ordem social”. Tendo-se em vista que o conservadorismo se constitui de uma unidade de
diversidades podemos observar a tendência do “atual neoliberalismo no sentido de negar
sua natureza conservadora e de afirmar-se como reformista [...]” (COUTINHO, prefácio
de ESCORSIM NETTO, 2011, p. 9). Em que pese a sociedade de raízes conservadoras e

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autoritárias como a brasileira (CHAUI, 2000) e constituir-se em um constructo ideológico


fundamental para ocultar as raízes da reprodução do capital, os registros da demanda e da
cobertura da rede socioassistencial devem contemplar o esforço em ser contínuos, atentos
a captar a heterogeneidade dos territórios, suas particularidades e da caracterização
efetiva sobre com que a população conta em seu cotidiano (SPOSATI, 2017).
A partir da NOB-SUAS/2005 a Vigilância responsabiliza-se pela identificação de
“territórios de incidência” (BRASIL, 2005, p. 26) de desproteções sociais, ou seja, é
“parte do escopo da Vigilância Socioassistencial a necessidade de conhecer o cotidiano
das famílias a partir das condições concretas do lugar onde vivem, e não só as médias
estatísticas ou números gerais” (PIRES, 2016, 40).
Reconhece-se “a relevância que ocupa a gestão da informação no conjunto do
processo de gestão”.
A informação e a gestão da informação são de fundamental importância para a
democratização do conjunto das políticas públicas, mas a sua efetiva
socialização e decodificação são essenciais para que possam subsidiar a
tomada de decisão pelo coletivo dos participantes [...] (PRATES, 2018, p. 8).

Para o processo de Vigilância Socioassistencial há dificuldades sinalizadas pelos


entrevistados. Destarte, ficam ocultas raízes estruturais que escancarariam as
contradições de um modo de produção em crise (SCHERER, 2018).
Na mesma direção do pensamento de Scherer (2018), enfatizando o atendimento
das necessidades sociais, pergunta a si mesmo um conselheiro da política de assistência
social: “Quantos desligamentos a gente consegue por ter concluído o PIA dentro do
serviço? Quantos são desligamentos por outros motivos?”.
As ações desenvolvidas na política de assistência social devem integrar-se às
demais políticas públicas de modo a compor um conjunto de ações de promoção de
direitos, que possam conduzir a impactos mais efetivos no fortalecimento da autonomia
e potencialidades das populações. Do contrário, “a consequência é a formação de uma
grande parcela da população que vive no limite da necessidade” (LAZZARI, 2018, p. 95).
A informação, sua produção, acesso e socialização são de extrema importância
para viabilizar processos sociais emancipatórios. A Vigilância Socioassistencial é um
processo que se constitui como parte a gestão da informação. “A gestão da informação é
fundamental para que se possa efetivar a gestão do conhecimento, que pressupõe a
mediação de teorias explicativas” (PRATES, 2018, p. 6).

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“A apreensão fragmentada da realidade e a percepção de que as relações sociais


são efêmeras e instáveis decorrem de vivências objetivas, num contexto de
empobrecimento e de instabilidade e desregulamentação das relações de trabalho”
(BARROCO, 2011, p. 206). Martins (2002, p. 111) observa, também, que do ponto de
vista social e imediato, “das pessoas que o vivenciam, o processo de expansão capitalista
difunde sofrimento, pobreza e humilhação, difunde um certo sentimento de privação, de
perda, de expropriação”. Dado que para ser desvendado exige profissionais capacitados e
outros recursos, como as redes e softwares para armazenamento e cruzamento de dados.

Considerações finais
Mesmo que alguns direitos sejam garantidos e materializados, o que seria sem
dúvida um grande progresso, “não constitui, porém a forma final de emancipação
humana, porque se pauta não na ‘essência da comunidade’, mas na ‘essência da
diferenciação’ (MARX, s/d, p. 30). A cidadania conforme a concepção liberal se
caracteriza como direito de posse, de propriedade e de contratos.
A burguesia passou a lutar pela manutenção do capitalismo e o liberalismo que,
no discurso, ressaltava valores de liberdade e igualdade e passou a aceitar a existência de
instâncias para o funcionamento das instituições que garantem a reprodução do capital.
Tal reatualização do conservadorismo é favorável “[...] pela fragilização de uma
consciência crítica e política e que pode motivar a busca de respostas pragmáticas e
irracionalistas, a incorporação de técnicas aparentemente úteis em um contexto
fragmentário e imediatista” (BARROCO, 2011, p. 212). “O protagonismo revolucionário
da burguesia cede lugar a um desempenho defensivo, voltado para a manutenção das
instituições sociais que criou” (ESCORSIM NETTO, 2011, p. 46). “Nos primeiros
conservadores, a recusa da revolução expressa um repúdio à revolução burguesa [...] no
pós-48, com a evidência da inviabilidade da restauração, o conservadorismo passa a
expressar o repúdio a qualquer revolução [..] (Ibidem, p. 49).
Como resistência à ordem burguesa consolidada, surgem os movimentos
operários chocando-se com valores ideo-político-culturais burgueses, de outrora
revolucionária. Na atual conjuntura de especulação e busca predatória por lucros, a luta
por direitos e por políticas sociais transforma-se na alternativa para a classes trabalhadora.
Esta luta não transforma a sociedade de classes, mas materializa a minimização das
perversas expressões da questão social na contemporaneidade.

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Parafraseando Vanessa Pannozzo (2018) em parecer de qualificação do presente


estudo: A Vigilância Socioassistencial requer um trabalho “propositivo, não da forma que
o pensamento conservador fetichiza, mas sempre com esperança de elucidar a contradição
para superar os limites”. Uma sociedade polarizada entre carências extremas de um lado
e o privilégio absoluto de uma camada dominante de outro. No outro extremo da
desigualdade, “nesta base econômica por onde se organiza o modelo societário (a
estrutura) e sua sustentação ideológica (a superestrutura)” (SCHERER, 2018, p. 259),
encontra-se a parcela de rentistas.
O pouco conhecimento dos gestores da política social e a falta de reconhecimento
em relação à importância e complexidade da função vigilância socioassistencial; o caráter
informal da estruturação; a falta de estrutura e pessoal; a ausência de devolutivas; a
rotatividade de pessoal e o domínio restrito de processos de diagnóstico, indicadores,
monitoramento e avaliação são pontos negativos apontados por Aldaíza Sposati (2017) e
que convergem diretamente com os achados do presente estudo.
As populações em situação de rua, dada a sua condição deveriam ser um dos
primeiros segmentos a serem priorizados por essa função, em razão das profundas
desigualdades a que estão expostas, mas o que se verifica é sua invisibilidade, para a
proteção, desde a prevenção (NUNES, 2019).
Infere-se que, considerando a complexidade dos processos de rualização e a
morosidade na obtenção de resultados, pela Vigilância Socioassistencial, embora
apresentem resultados em termos de alcance/metas, e considerando que a Vigilância
Socioassistencial ainda se limita a mostrar resultados quantitativos exitosos no
atendimento à população, talvez um dos fatores determinantes da (in)visibilidade13 das
Populações em Situação de Rua possa ser explicado pelo resultado dessa possível
(des)conexão. Resultado conectado a alguns resultados de alcance, morosos, que
aparecem geralmente em metas quantitativas, como indicadores de êxito e; desconectado
de processos viáveis somente a partir da combinação de indicadores, construídos de forma
processual e coletiva, que permita a percepção das desproteções e sua transformação
(NUNES, 2019).

13
Explica-se a partir de Mione Sales (2004), a (in)visibilidade onde a partir de alguns elementos que
apontam, de um lado, a invisibilidade do sofrimento e da dor, da miséria, e por outro, sinalizam o tipo de
malhas simbólicas que permitem a visibilidade intensificada a partir do preconceito e medo da violência,
valores conservadores. Ver: SALES, Mione Apolinário. (In)visibilidade Perversa: adolescentes infratores
como metáfora da violência. Tese de Doutorado em Sociologia. USP. São Paulo, 2004.

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“A sociedade do capitalismo tardio é a sociedade do poder da ideologia onde se


disseminam os valores-fetiches, sonhos, expectativas e valores de mercado” (ALVES,
2013, p. 9). Cabe dar destaque para o fato de que o segmento população em situação
de rua carrega em si quase todos os marcadores sociais que são rechaçados pelo
conservadorismo, entre os quais se destaca a conformação de família, trabalho e moradia.
Assim, potencialmente a população em situação de rua está, sem dúvida, mais exposta à
coerção e processos de estigmatização e discriminação, processos de higienização e
interdição, mas como contraponto pode ser um segmento populacional que enfrenta e faz
movimento de resistência ao sistema simbolizado pela mercadoria e a propriedade
privada. Há um conservadorismo que busca legitimar-se pela repressão dos trabalhadores
e pela criminalização dos movimentos sociais, da pobreza e através da militarização da
vida cotidiana.
Marx em Glosas Críticas Marginais destaca:
Napoleão queria acabar de um golpe com a mendicância. Encarregou as suas
autoridades de preparar planos para a eliminação da mendicância em toda a
França. O projeto demorava: Napoleão perdeu a paciência, escreveu ao seu
ministro do interior, Crétet, e lhe ordenou que destruísse a mendicância dentro
de um mês, dizendo: "Não se deve passar sobre a terra sem deixar traços que
relembrem à posteridade a nossa memória. Não me peçam mais três ou quatro
meses para receber informações; vocês têm funcionários jovens, prefeitos
inteligentes, engenheiros civis bem preparados, ponham ao trabalho todos eles;
não fiquem modorrando no costumeiro trabalho de escritório". Em poucos
meses tudo estava terminado. No dia cinco de julho de 1808 foi promulgada a
lei que reprime a mendicância. Como? Por meio dos depósitos, que se
transformaram em penitenciárias com tanta rapidez que bem depressa o pobre
chegava aí exclusivamente pela estrada do tribunal da polícia correcional 14.

Napoleão parecia querer imediaticidade em obter resultados, o que não garantiu a


superação de situações de desproteção no caso específico da ‘mendicância’ da época, ao
contrário, (in)visibilizou, reprimiu e criminalizou os sujeitos.
Resta-nos saber: nestes tempos em que “o Brasil voltará a ser um País livre das
marras ideológicas [...]” e onde “as regras, os contratos e as propriedades, serão
respeitadas [...]” 15 se a função da Vigilância Socioassistencial, no que diz respeito à
Situação de Rua, superará a visão Napoleônica de 1808?

14
MARX, Karl. Glosas Críticas Marginais ao Artigo “O Rei da Prússia e a Reforma Social”. De um
prussiano. Jornal Vorwärts, nº 63, 7 (sete) de agosto de 1844. Tradução de Ivo Tonet. Revista Praxis, n. 5,
Belo Horizonte: Projeto Joaquim de Oliveira, 1995.
15
Trechos do discurso de posse do atual presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, 2019.

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