Distúrbios Do Sono em Idosos
Distúrbios Do Sono em Idosos
Distúrbios Do Sono em Idosos
IDOSOS
Quem não dorme bem….
Apresenta problemas de:
- Concentração
- Memória
- Relacionamento social
- Redução da qualidade de vida
- Ansiedade
- Depressão
- Acidentes automobilísticos
- Aumento da mortalidade em geral (<5 Horas/Dia)
Padrão do sono
Duas fases:
- REM (rapid eye movement)
- Não REM (75-80% do total do sono)
- N1: superficial (2-5%)
- N2: o sono se aprofunda (45-50%)
- N3: sono de ondas lentas (13 a 23%)
Obs: Em grau crescente de profundidade do
sono
Aproximadamente 90 minutos de sono NREM,
seguido de 10 a 15 min de sono REM (70 a 120 min - 4 a 6
vezes a noite).
Influenciado por fatores fisiológicos, psicológicos e
ambientais.
Características gerais do sono REM:
- Hipotonia ou atonia muscular
- Movimentos físicos e
mioclonias multifocais/
emissão de sons
- Movimentos oculares rápidos
- EEG com predomínio de
ritmos rápidos e de baixa
voltagem
- Respiração e
eletrocardiograma irregulares
- Sonhos
Obs: Privação: ansiedade,
excitabilidade, déficit de atenção, amnésia
Distúrbios do sono:
Insônia
Particularidades sobre a insônia em idosos:
- Ciclo sono-vigília é prejudicado: entre os idosos a temperatura corporal é
menor durante o dia. Produz-se portanto menos melatonina interferindo no
sono.
- Delirium ocorre mais em pessoas que produzem menos melatonina a noite.
- A insônia pode ser comórbida (declínio cognitivo, doença psiquiátrica, dor
crônica, catarata, noctúria, disfunção auditiva; condições ambientais, etc.)
Insônia primária versus insônia secundária:
- Insônia primária: não atribuída a outra doença (15% dos casos de insônia)
- Causas secundárias:
- Insônia aguda;
- Condições médicas, como dor crônica, doenças pulmonares, noctúria
- Doenças psiquiátricas (50%)
- Etc
Transtorno de insônia:
Diagnóstico clínico (DSM V - critérios):
1. Dificuldade de iniciar e/ou manter o sono ou despertar precoce.
2. Interferência/Impacto na funcionalidade diária (fadiga, sonolência diurna,
alteração de humor, propensão a erros no trabalho...)
3. Oportunidade para dormir (diferente de privação de sono).
4. Frequência de pelo menos 3 vezes por semana por um período de 3 meses
5. Alterações não devem ser justificadas por outro distúrbio do sono ou
transtorno mental.
É primária se não for identificada outra causa.
Consequências:
- Pior qualidade de vida
- Mais sintomas depressivos e ansiosos
- Maior risco de queda, dificuldade para deambular e perda de equilíbrio
- Declínio cognitivo
Tratamento
Multifatorial
A terapia inicial é não farmacológica!
Tratamento farmacológico:
- Antidepressivos (Trazodona - quando ansiedade
associada)
- Agonista do receptor de melatonina
(Ramelteon)
- Benzodiazepínicos*** (Critérios de Beers)
- Indutores do sono não benzodiazepínicos
(Zolpidem)***
- Medicamento inapropriado para idoso
Notas:
- Sempre usar a menor dose eficaz (por 3 a 4
semanas).
- Todos os medicamentos aumentam o risco de
quedas.
- Descontinuar os medicamentos gradualmente e
observar se há insônia de rebote após a retirada
da medicação (desmame)
SAOS:
- Hipopneia e/ou apneia (completa cessação da respiração) durante o sono,
repetidas vezes, com duração de, no mínimo, 10s.
- Leva a despertares noturnos e hipoxemia noturna, aumento das pressões
sistêmica e arterial pulmonar, e alteração do fluxo sanguíneo cerebral.
- Prevalência: 70 % em homens idosos e 56% em mulheres idosas.
- Sinais e sintomas mais comuns: roncos, apneia observada, sonolência
excessiva diurna, cefaleia ao acordar e noctúria.
- Doenças associadas:
- IC
- FA
- AVC
- Hipotireoidismo
- Fatores de risco: obesidade, pescoço largo e curto, alterações
estruturais das vias aéreas (Hipertrofia amigdaliana), gênero
masculino, ronco, história familiar, tabagismo, HAS.
- Diagnóstico:
- História clínica (ronco, perda de memória, déficit de
atenção, alteração de humor, disfunção sexual) +
exame físico
- Questionário Epworth Sleepiness Scale (ESS) – não é
validado para idosos, mas pode documentar
sonolência diurna.
- Polissonografia: IAH=5 (diagnóstico de SAOS), porém
tratamento se IAH > OU = 15 OU > OU =5 com
comorbidades. Idosos= valor de corte (?)
- Tipos de Apneia:
- Central
- Obstrutiva (90%)
- Mista
- Tratamento:
- Farmacológico: não é
eficaz
- Não farmacológico:
- CPAP (melhora
cognitiva em
idosos), BiPAP ou
auto-PAP
- Evitar álcool,
hipnóticos-sedativos e opioides
- Deitar de lado
- Perda de peso em obesos
- Cirúrgico (exceção): reconstrução nasal, uvulopalatofaringoplastia,
miotomia hioide, correção do genioglosso, traqueostomia
- Dispositivos Orais: exigem 8 dentes saudáveis na arcada superior e 8
dentes na arcada inferior
Nota: sempre avaliar SAOS no pré-operatório de idosos
Parassonia
- Distúrbio comportamental do sono REM
- Alterações físicas ou emocionais indesejáveis durante o sono ou durante os
despertares noturnos.
- Diagnóstico: história clínica e polissonografia com evidência de atividade
eletromiográfica durante sono REM
- Tratamento:
- Medicamentoso:
- Clonazepam 0,5 a 1 mg antes de dormir;
- Levodopa; agonista da dopamina ou melatonina
- Precauções (benzodiazepínicos)
Caso clínico:
ALS, masculino, 63 anos, casado e pai de dois filhos saudáveis. Vai ao consultório a
pedido da esposa, que se queixa com frequência do ronco do marido. Os dois estão
dormindo em quartos separados, pois a esposa não consegue dormir ao lado do paciente.
Há cerca de uma semana, quando estavam viajando, ela testemunhou uma pausa
respiratória que terminou em engasgo durante o sono do marido. Esse evento se repetiu,
mas por medo, todas as vezes que ocorreu, a esposa movimentou o marido, que voltou a
respirar.
Antecedentes pessoais: hipertenso há 5 anos, pré-diabético, obeso e sedentário.
Nega tabagismo. Etilista.
Medicações em uso: enalapril 20mg (duas vezes ao dia), hidroclorotiazida
25mg/dia, atenolol 50mg/dia
Hábitos de sono: geralmente acorda com despertador e levanta-se às 9h. Sente-se
um pouco cansado, com a boca seca e, às vezes, um pouco de cefaleia frontal pela manhã.
Após almoço, cochila. No final da tarde, dorme ao assistir TV. No jantar bebe uma ou duas
latas de cerveja. Deita-se às 23h e dorme imediatamente. Desperta de madrugada 1 ou 2
vezes para urinar
Escala de EPWORTH: 13 pontos
Exame físico:
- Peso: 83kg
- Altura: 1,63m
- IMC: 30,48kg/m²
- Circunferência cervical: 46cm.
Hipótese diagnóstica: SAOS
Quais os fatores de risco para SAOS
Quais os achados do exame físico corroboram a hipótese diagnóstica
Conduta a ser tomada?