Dominique
Dominique
Dominique
Fábio: Lacan dos Escritos: negatividade. Lacan dos Outros Escritos; positividade. O que
muda, na clínica, pensar em “subversão” do sujeito e pensar em “insurreição” do
sujeito? O que fica depois? Fica uma singularidade? Mas o que é isso?
Dominique: Sim. Estamos nesse caminho. Junto com Lacan. A palavra “subversão” do
sujeito, associo à “sub-posicão”. Associo essa palavra ‘subversão’ em relação ao
discurso do Mestre. O sujeito como dividido, como castrado. E a gente sabe que nessa
dimensão da análise como exploração da castração, ela é infinita. Porque é ... [em
torno?] ... do centro da castração: tá faltando, tá faltando, tá faltando... Usei hj a
expressão “outro Lacan”. É expressão de Jacques-Alain Miller. Ele estava espantando
todo mundo falando isso na década de 60. Na verdade, não gosto muito pq parece que
invalida o Lacan da estrutura, do significante etc. E eu não quero de jeito nenhum dizer
isso. Qdo eu falo “um outro Lacan”, falo nas fichas que caem sobretudo na sua
formalização. Tem tb, na formalização de Lacan, um pouco do que acontece no
percurso de uma análise: “não é isso”/”não é bem isso”. A precipitação do dispositivo
do passe, em 67, que marca o início do fim, que marca um início disso: a análise tem
um fim / não é infinita / e ele pode ser verificado, não é inefável / pode ser falado. E
ele vai prosseguindo pq, namaneira como ele fala do final de análise, no momento da
instituição do dispositivo do passe, em 67, ele ainda está nesse momento da
destituição subjetiva. Ou seja: da destituição desse sujeito que se procura num
significante e que se reduz ao resto que ele é. Mas “não é isso” (“c’est pas ça”). Esse
prosseguimento da formalização lacaniana vai em frente para tentar apreender ‘o real
da coisa’ do tratamento analítico.
Nesse caminho, eu queria chegar no ponto do L’etourdit: ”o que se diz permanece
esquecido atrás do que se diz no que se ouve”. Isso promete não uma positivação, mas
uma extração: não de uma falta, mas de um dizer. Talvez não esteja muito correto
falar de uma ‘positivação’ mas, sim, falar de uma extração não de uma falta-a-dizer
mas a extração da ex-sistência do dizer. E é aí que tem uma mudança tb, nesse
momento, na formalização do conceito de Real pelo Lacan. Pq, se o Real pode se
demonstrar como “o impossível de ser dito”, topar com esse impossível e demonstrar
a incompletude pode