Atividade Avaliativa Módulo VII - Ana Carolina U. C. de CarvalhoTurma A

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Módulo VII

Acompanhamento e avaliação da aprendizagem no


processo de alfabetização e o replanejamento da
ações: orientações para análises e intervenções

TURMA A

Aluna: Ana Carolina U. Cintra de Carvalho


Número do tema: 03
Nome do tema: Planejamento diversificado como
disponibilidade à diversidade dos modos de aprender
Descrição e fundamentação teórica do tema:
Observa-se um crescente interesse por parte dos educadores em propostas que
venham a colaborar para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem
atendendo à heterogeneidade das classes de alfabetização. Aproveitando o
retorno presencial das aulas muitos professores buscam propostas de atividades
embasadas em pressupostos teóricos que considerem o conhecimento como
algo a ser construído especialmente através da interação do indivíduo com o
meio social e físico.
Dentre os teóricos interacionistas que defendem tais pressupostos, destacamos
aqui L.S. Vygotsky pela sua contribuição sobre o desenvolvimento e a
aprendizagem. Vygotsky nos fala dos níveis de desenvolvimento do indivíduo a
partir do nível real que ele se encontra ao nível potencial que ele poderá atingir
ao desenvolver atividades que atuem sobre a zona de desenvolvimento
proximal. O autor estabelece o conceito de zona de desenvolvimento proximal
como “a distância entre as práticas que uma criança já domina e as atividades
nas quais ela ainda depende de ajuda. Para Vygotsky, é no caminho entre esses
dois pontos que ela pode se desenvolver mentalmente por meio da interação e
da troca de experiências. Não basta, portanto, determinar o que um aluno já
aprendeu para avaliar seu desempenho.” (NOVA ESCOLA Edição 242, 01 de
Maio | 2011)
Emília Ferreiro, psicóloga e pesquisadora que também trouxe contribuições
significativas à essa discussão, estudou por vários anos a teoria de Piaget e
buscava entender como um determinado sujeito aprende. O principal foco de
suas pesquisas era descobrir se para aprender a escrever, o indivíduo utiliza dos
mesmos recursos ativos e criativos estudados por Jean Piaget.
Os estudos dela demonstram que as crianças constroem hipóteses a respeito da
escrita e da leitura. Nessa construção, a criança passa por etapas importantes
consideradas muitas vezes “erradas” do ponto de vista convencional, mas
“certas” para ela, porque são lógicas e, sobretudo, necessárias – são os “erros
construtivos”. Neste processo é muito importante que o professor faça
intervenções partindo da devolutiva do que o aluno escreveu, ou seja, que o
autor da escrita seja convidado a ler e a refletir sobre sua escrita através da
intervenção do professor.
Tais autores trouxeram contribuições importantes para entendermos o
processo de construção da escrita pela criança. Mesmo antes de aprender
convencionalmente, a criança tem suas próprias idéias de como ler e escrever.
Ao compreendermos que a criança chega à escola trazendo muitos "saberes"
sobre leitura e escrita, construídos a partir das suas vivências, estamos
possibilitando que ela faça leituras e escritas segundo suas possibilidades e de
acordo com os conhecimentos que foram construídos até aquele momento,
respeitando suas particularidades e diferenças, que as tornam única.
Assim, a escola deverá desenvolver estratégias que valorizem os saberes dos
alunos mas que também possam desafiá-los a, através da interação com o
professor, os colegas e o meio, avançar em suas hipóteses construindo novos
conhecimentos.
Neste sentido, usar como estratégia a atividade diversificada considerando-se a
heterogeneidade da turma, poderá contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem de muitas formas: valorizando e respeitando o conhecimento
inicial dos alunos (avaliação diagnóstica), propiciando a construção de novos
conhecimentos através da reflexão e da problematização, potencializando o
contato com pares que estejam em nível próximo de conhecimento e ainda
proporcionando o confronto com o conhecimento científico ora trazido pela
intervenção do professor e ora através do próprio contato com textos e materiais
impressos.
Outrossim trabalhar considerando a heterogeneidade não é realizar um trabalho
individualizado que pressupõe planejar para cada aluno uma atividade diferente,
mas é fundamental para o progresso da aprendizagem interagir com seus
companheiros, confrontar com eles suas ideias sobre os problemas que tentam
resolver, oferecer e receber informações pertinentes.
Planejar situações didáticas em que os alunos estejam agrupados
criteriosamente e possam trocar pontos de vista, negociar e chegar a um acordo
é imprescindível no cotidiano da sala de aula.
Nos próximos parágrafos passarei a explicar e exemplificar como pode
acontecer a atividade diversificada no contexto da alfabetização de crianças.
A atividade diversificada é uma das modalidades organizativas dos conteúdos
que desenvolve o estudo em grupo prestando atendimento individual aos alunos
e com respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem. Desta forma proporciona
uma sala de aula mais dinâmica, que pode favorecer o desenvolvimento de
habilidades específicas e desenvolver a autonomia.
Para desenvolverem esta atividade os alunos precisam ser orientados e
conhecerem a dinâmica proposta pelo professor com objetivo de que saibam o
que vão fazer e também de que utilizem correta e autonomamente os materiais
necessários à realização das atividades.
O professor poderá utilizar um tema em comum para as diferentes áreas da
atividade diversificada e precisará partir da avaliação diagnóstica que deverá ser
periódica visto que os alunos avançam em suas hipóteses e o trabalho precisa
ser constantemente revisto e repensado para atender a esta especificidade.
Ressalto ainda que é papel do professor diagnosticar o que as crianças já
sabem sobre o que ele pretende ensinar e ao longo do processo é necessário
identificar o que elas não aprenderam, mas principalmente o que elas
aprenderam, e valorizar suas conquistas.
“O diagnóstico sobre o que as crianças sabem ou não sabem
deve servir para o planejamento das estratégias didáticas e não
para exclusão das crianças.” (PNAIC- Unidade 7 – Ano 1- página 11)
Para a realização da avaliação diagnóstica dos níveis de escrita das crianças, o
professor poderá partir da leitura de um livro de literatura com a turma e
previamente separar palavras chaves da leitura para realizar a avaliação
diagnóstica.
Há que se observar a escolha do que será escrito pelas crianças de modo a
contemplar palavras de um mesmo campo semântico e seguir uma ordem
determinada. Alguns autores indicam iniciar com uma palavra polissílaba, depois
uma trissílaba e uma dissílaba, para então finalizar com uma monossílaba.
Escolha ainda uma frase simples que envolva ao menos uma das palavras
ditadas para observação de manutenção de estabilidade da escrita. Entretanto,
se os alunos estiverem em um nível mais avançado, poderá ser escolhido um
trecho do livro para fazer a avaliação diagnóstica.
O professor deverá conhecer os níveis de escrita e observar individualmente a
escrita do aluno analisando como ele a construiu. Para isso é importante que
dite as palavras pausadamente mas sem silabar e convide o aluno a ler logo
após a realização da escrita, apontando com o dedo o que está lendo. O
professor pode ainda fazer algumas marcas que o ajudem na avaliação posterior
da hipótese de escrita que o aluno se encontra.
A atividade diversificada como modalidade organizativa, precisa então seguir
algumas etapas: avaliação diagnóstica; planejamento das atividades;
preparação os alunos para a proposta ( instruções, recomendações,
combinados); arrumação da sala para as atividades; distribuição dos alunos
pelos grupos, determinando o que vai ser dirigido e o que vai ser livre (as
divisões já feitas previamente pelos objetivos propostos).
A partir daí então passa-se à proposta da diversificada em si, através da
realização do trabalho na mesa dirigida e nas outras áreas.
Para que o trabalho possa fluir de forma organizada e de fato favorecer a
autonomia, a iniciativa e a responsabilidade dos alunos, é necessário que eles
sejam sempre orientados a respeito do material destinado a todas as atividades
no que se refere à: onde apanhá-los, onde usá-los, limpeza do material utilizado
(pincel, tinta, cola, etc...) e onde guardá-los ao final da atividade.
A sala de aula pode ser organizada em “espaços” ou “mesas” de acordo com os
tipos de atividades que forem planejadas e de acordo com características do
espaço físico.
Aqui sugerimos a seguinte organização para as áreas da atividade diversificada:
1. - Jogos
2. - Raciocínio / psicomotricidade
3. - Arte
4. - Mesa alternativa ou cantinho da leitura
5. - Atividade dirigida
Observamos que estas são apenas sugestões possíveis mas o professor junto à
equipe técnica da escola poderão estabelecer outras de acordo com seus
objetivos específicos.
De acordo com essa organização o professor deverá planejar atividades para as
diferentes áreas e de modo que divida os alunos entre elas, pensando em
agrupamentos planejados, intencionais e criteriosos que levem em consideraçaõ
os níveis de escrita e características pessoais das crianças.
Todos os grupos irão ficar em cada área por determinado período de tempo que,
assim como todas as atividades a serem propostas, deverão levar em
consideração os objetivos e a faixa etária das crianças. Todos passarão por
todas as áreas ao final da atividade diversificada.
A atividade diversificada deve então “girar” para que todos os alunos realizem as
propostas de cada área ou mesa. A organização desta troca de grupos entre as
áreas poderá ser feita diariamente, prevendo tempo de permanência em cada
área e totalizando como tempo final da atividade este, multiplicado pela
quantidade de áreas propostas. Há ainda a possibilidade da troca de área ser
realizada de acordo com os dias da semana e, neste caso, o professor destina
menos tempo por dia para a diversificada mas prevê sua duração ao longo de
todos os dias da semana na rotina diária.
Abaixo a descrição mais detalhada de propostas possíveis em classes de
alfabetização de acordo com a organização supra descrita.
1) Jogos que os alunos tenham autonomia (sem interferência direta do
professor). Sugestões:
 Jogo da memória;
 Quebra cabeça;
 Dama;
 Uno;
 Jogos de trilha;
 Outros.

2) Raciocínio / psicomotricidade. Sugestões:


 Tangram;
 Dobraduras;
 Atividades de montagem com manuais (tipo lego);
 Outros.

3) Arte. Sugestões:
 Desenho (técnicas variadas: desenho de observação, desenho com
interferência, livre, diversificação o tipo de suporte, diversificação do
tipo de material, etc.);
 Recorte e colagem;
 Ilustrações de partes de história;
 Modelagem;
 Pintura (ténicas variadas: guache, aquarela, diversificação de suporte,
etc);
 Outros.

4) Mesa alternativa ou Cantinho da leitura. Sugestões:


 Mesa alternativa (atividades lúdicas de reforço, atividades inacabadas,
cópia de pequenos trechos ou bilhetes, etc.);
 Cantinho da leitura (leituras diversas: livros de literatura, poemas,
jornais, gibis, panfletos, livros de receita, etc.).

5) Atividade dirigida. Sugestões:


 O professor alfabetizador deverá contemplar seus objetivos de ensino
planejando as atividades desta área de acordo com os diferentes
níveis de escrita/leitura que existem em sua sala de aula.
 Esta será a área de maior atenção do professor durante a atividade
diversificada;
 Ele fará as intervenções e problematizações às atividades propostas
desafiando os alunos em seus conhecimentos através de perguntas
dirigidas e também através dos próprios materiais propostos;
 O professor pode usar jogos de alfabetização, atividades estruturadas,
fichas plastificadas e outras infinitas possibilidades de atividades são
favoráveis a este momento onde o contato entre aluno e professor
pode ser mais próximo e individualizado.

Concluindo podemos pensar mais algumas vantagens no desenvolvimento das


atividades diversificadas em sala de aula. No que tange a competências e
hábitos estaremos desenvolvendo a atenção dirigida, habilidade de trabalhar
coletivamente sem atrapalhar o colega e movimentar-se quando necessário e a
capacidade de realização das atividades até o fim. A atividade diversificada
poderá estimular ainda o estudo dirigido e a pesquisa.
Algumas atitudes também poderão ser desenvolvidas como a iniciativa,
persistência, solidariedade, autonomia e companheirismo.
Os desafios para a alfabatização de todos os alunos são enormes e exigem do
professor um constante buscar e replanejar suas ações a fim de alcançar tal
objetivo. Neste contexto as atividades diversificadas podem ser um excelente
recurso para a efetivação desse processo trazendo oportunidades de um olhar
individualizado e da recuperação de conteúdos e habilidades não atingidos.
BIBLIOGRAFIA

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.


Fonte: Revista do professor. Ano XIII, nº 50, abr. A jun., Porto Alegre: CPOEC
1997. P. 26–27.

Vygotsky, Lev. A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos


Psicológicos Superiores, 182 págs., Ed. Martins, Publicado em NOVA ESCOLA
Edição 242, 01 de Maio | 2011

PNAIC- Unidade 7 – Ano 1- página 11


Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : currículo na alfabetização :
concepções e princípios : ano 1 : unidade 7 / Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC,
SEB, 2012.

Você também pode gostar