Primcap Obama
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Primcap Obama
Editor Responsável
Nataniel dos Santos Gomes
Supervisão Editorial
Clarisse de Athayde Costa Cintra
Tradução
Nathalia Molina
Copidesque
Omar de Souza
Capa
Valter Botosso Jr
Foto de capa
EFE/Michal Czerwonka
Revisão
Margarida Seltmann
Magda de Oliveira Carlos Cascardo
Joanna Barrão Ferreira
Projeto gráfico e diagramação
Julio Fado
Agradecimentos 175
Notas 179
Bibliografia 187
Sobre o autor 189
A vida de Barack Obama: cronologia
1961
Nasce em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto. Filho de Ann
Dunham, então com dezoito anos, e de Barack Obama Sr., o pri-
meiro estudante africano da Universidade do Havaí.
1964
Barack tem dois anos de idade quando os pais se divorciam.
1966
Ann casa-se com Lolo Soetoro.
1967
Barack muda-se com a mãe para a Indonésia.
1971
Volta a viver em Honolulu, onde passa a estudar na Escola
Punahou.
Ann e Lolo Soetoro se divorciam.
1979
Ingressa na Universidade Ocidental, em Los Angeles.
10 Cronologia
1981
É transferido para a Universidade de Columbia, em Nova York.
1982
Barack Obama Sr. morre em um acidente de carro no Quênia, aos
52 anos.
1983
Forma-se pela Universidade de Columbia e começa a trabalhar para
a Business International Corporation como escritor e analista.
1985
Passa a trabalhar no Projeto para Comunidades em Desenvolvi-
mento, em Chicago.
Passa a freqüentar a Trinity United Church of Christ (Igreja de
Cristo Unida da Trindade).
1987
Lolo Soetoro, padrasto de Barack, morre na Indonésia em decor-
rência de uma doença no fígado.
Barack Obama entra para a Faculdade de Direito da Universidade
de Harvard.
1990
Torna-se o primeiro afro-americano eleito presidente da Harvard
Law Review.
1991
Forma-se em Harvard e volta para Chicago.
1992
Casa-se com Michelle Robinson.
Morre Stanley Dunham, avô de Barack.
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1993
Começa a trabalhar para o escritório de advocacia Miner, Barn-
hill & Galland, em Chicago.
1995
Publica o livro A origem dos meus sonhos com sucesso, que chama
atenção e é elogiado.
No dia 7 de novembro, Ann Dunham Soetoro morre de câncer
no ovário.
1996
É eleito para o senado regional de Illinois por Hyde Park.
2000
Perde as primárias na disputa por uma vaga no Congresso contra
o favorito Bobby Rush.
2004
Em 27 de julho, faz discurso na convenção do Partido Democrata
e ganha projeção nacional.
Em 2 de novembro, vence a eleição em Illinois e se torna senador
dos Estados Unidos.
A origem dos meus sonhos é relançado sob grande aclamação.
2006
Publica o livro A audácia da esperança, que se torna best seller.
2007
Em 10 de fevereiro, anuncia sua candidatura para a presidência
dos Estados Unidos.
Apresentação
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A fé que alimenta essa visão é moldada pelas verdades duramen-
te conquistadas por Obama durante sua jornada espiritual. Ele foi cria-
do pelos avós, que eram céticos em relação à religião, e pela mãe, que
encarava a fé sob o ponto de vista antropológico — a religião é uma
força importante na história do homem; você deve procurar conhecê-
la, independentemente de ter ou não uma crença. Educado, quando
criança, em meio à tolerância religiosa das ilhas havaianas e ao multi-
culturalismo da Indonésia durante o fim da década de 1960 e o início
dos anos 1970, ele cresceu como um jovem para quem os momentos
de crise tinham mais a ver com raça do que com religião. Sendo filho
de uma norte-americana branca com um africano negro que deixou
a família quando Barack tinha apenas dois anos, ele se sentia branco
demais para ficar à vontade entre seus amigos negros e negro demais
para se encaixar com facilidade no mundo branco dos avós e da mãe.
Era um homem sem país.
Sentia-se sempre emocionalmente exilado e foi assombrado pelo
fantasma de uma sensação de deslocamento ao longo dos anos de fa-
culdade e na complicada experiência de líder comunitário em Chicago.
Somente depois de se firmar na Igreja de Cristo Unida da Trindade, na
zona sul de Chicago, Obama começou a encontrar a cura para sua so-
lidão e respostas para seu modo incompleto de ver o mundo. Pela pri-
meira vez, experimentou, ao mesmo tempo, a sensação de se conectar
com Deus e se afirmar como um filho do continente africano. Também
teve contato com uma teologia passional que enfatizava a importância
da África e com um preceito cristão que pregava ação social, o que
moldou para sempre seu modo de fazer política. Por meio da Igreja
da Trindade, ele encontrou o país místico que sua alma desejara por
tanto tempo.
O Deus de Barack Obama 17
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Quando a campanha presidencial de 2008 foi lançada, a direita
religiosa — coalizão de conservadores baseados na fé que havia pau-
tado o debate sobre religião na política norte-americana durante três
décadas — estava desarticulada, se não em declínio. Jerry Falwell e D.
James Kennedy, reverenciados como pais do movimento, haviam fale-
cido pouco antes. Outros líderes foram execrados como conseqüência
de escândalos e trapalhadas. Ted Haggard, presidente da influente Na-
tional Association of Evangelicals (Associação Nacional de Evangéli-
cos), havia caído em desgraça por causa de uso abusivo de drogas e
imoralidade sexual.
18 Apresentação
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Obama também não deixou passar as possibilidades decorren-
tes de sua surpreendente popularidade, que projeta tanto seu modo de
O Deus de Barack Obama 21
fazer política quanto sua visão religiosa na psique do povo dos Estados
Unidos. Ele era tratado na cultura norte-americana da forma como
Mark Nesbitt sugeriu naquela tarde em Boston, antes do agora famoso
discurso na convenção democrata: como “um astro de rock”. Obama
arrasta algumas das maiores e mais entusiasmadas multidões na his-
tória da política norte-americana, recebe apoio de celebridades como
Tom Cruise e Oprah Winfrey e é considerado o toque de Midas para
qualquer candidato que venha endossar.
“Nós havíamos programado ter os Rolling Stones neste evento”,
disse, em tom de brincadeira, o governador de New Hampshire, John
Lynch, durante um rally. “Mas depois cancelamos a vinda deles porque
nos demos conta de que o senador Obama venderia mais ingressos.”
Seus muitos feitos se tornaram as peças fundamentais para a constru-
ção da lenda em que ele se transformou. Estranhamente, o texto de um
livro de sua campanha até lembra os leitores que Obama ganhou mais
prêmios Grammy (foram dois, pelas gravações de seus livros A origem
dos meus sonhos e A audácia da esperança) que Jimi Hendrix e Bob
Marley juntos (nenhum).4
Há também aquelas conexões que os fiéis tomam como sinais
do destino. Obama preencheu os papéis da Comissão Federal Eleitoral
com a expectativa de se tornar o primeiro presidente negro do país, um
dia depois da data em que Martin Luther King Jr. completaria 78 anos.
Ao ser eleito senador dos Estados Unidos, Obama foi designado a usar
a mesma mesa de trabalho que Robert Kennedy utilizou, o ponto alto
de uma jornada política iniciada quarenta anos antes, quando Kennedy
fez seu juramento, no dia 4 de janeiro de 1965.
Um toque do destino é igualmente sugerido pela narração de
seu passado atípico e da busca espiritual que inspira. Barack Obama
contou essa história nos seus dois best-sellers, A origem dos meus so-
nhos e A audácia da esperança, ambos a confirmação de que Obama
22 Apresentação
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